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RESUMO LIVRO: TRANSGÊNICOS: AS SENTES DO MAL Autores: Antônio Inácio Andrioli e Richard Fuchs VOLTA REDONDA 2019 1. FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO ANDRIOLI, Antônio Inácio; FUCHS, Richard (Orgs.). Transgênicos: As sementes do mal. A silenciosa contaminação de solos e alimentos. São Paulo, Expressão Popular, 2008, 280p. Crítica Marxista, São Paulo, Ed. Unesp, n.29, 2009, p.165-167. A obra "Transgênicos: as Sementes do Mal - a silenciosa contaminação de solos e alimentos", da editora Expressão Popular, organizado por Antônio Inácio Andrioli e Richard Fuchs. A obra insere- se no campo científico e da antropologia social. Os autores utilizam–se de fontes secundárias colhidas por meio de livros, revistas, depoimentos. A abordagem é descritiva e analítica. Aborda os efeitos destrutivos dos transgênicos à maioria da população e ao meio ambiente. 2. FICHAMENTO DE CONTEÚDO ANDRIOLI, Antônio Inácio; FUCHS, Richard (Orgs.). Transgênicos: As sementes do mal. A silenciosa contaminação de solos e alimentos. São Paulo, Expressão Popular, 2008, 280p. Crítica Marxista, São Paulo, Ed. Unesp, n.29, 2009, p.165-167. A obra apresenta estudos que apontam o aumento do uso de agrotóxicos, diminuição da produtividade e a impossibilidade da coexistência de cultivos transgênicos e não transgênicos, pela expansão de organismos modificados em laboratório de forma descontrolada. De acordo com um relatório dos EUA, a indústria de sementes Monsanto não se intimida com as acusações e usa de corrupção, lobbies, pressões, falsificação de contratos e de estudos científicos, bem como a eliminação de pequenos agricultores do processo produtivo, como forma de defesa. Para essas ações, a Monsanto emprega, somente em seu departamento jurídico, 75 advogados, que contam com um orçamento anual de 10 milhões de dólares. Deve a transgenia eliminar da mesa e das lavouras as plantas e os alimentos tradicionais? Em torno dessa questão se acendeu um caloroso debate na Europa. O acordo de coalizão do governo alemão promete o apoio à transgenia de acordo com os interesses da indústria química. Os consumidores, ao contrário, recusam a “comida de laboratório” e também os agricultores reagem desesperadamente. Nos EUA, no Canadá e na Argentina já há dez anos sementes transgênicas patenteadas foram utilizadas para cultivo em extensas áreas. Ali, tanto os riscos ecológicos e à saúde podem ser pesquisados como as falsas promessas da indústria química. O livro apresenta os seguintes casos: • A não esclarecida morte de 70 vacas leiteiras após terem sido tratadas por um longo período com milho trangênico. • O quanto é confiável a pesquisa encomendada a biólogos moleculares? • Qual é a influência de lobistas sobre a liberação de plantas transgênicas realizada em Bruxelas e Berlim? • Semente transgênica não rotulada em programas de combate à fome. • A eliminação de pequenos agricultores nos EUA e a crescente resistência. • Monsanto: com 75 advogados e um orçamento de 10 milhões de dólares contra os agricultores • Substâncias alérgicas na soja. • Alimentos transgênicos e seus efeitos. 3. RESUMO Progressista e experimentador de novas tecnologias como Gloekner era, já em 1997 plantou, como uns dos primeiros da Alemanha, sua lavoura com milho transgênico “Bt 176” da multinacional Suíça de sementes e de produtos químicos Syngenta, foi uma das primeiras plantas transgênicas liberadas para a produção de sementes, para comercialização, para importação e transformação em alimentos ração na Europa. Lisa era uma das 70 vacas saudáveis e bem cuidadas do estábulo Weidenhof, de propriedade de Gottfried Gloekner, em Wolfersheim, no Estado de Hessen, porém passaram–se os anos e Lisa se sente mal, suas articulações concentra água, ela tem sangue na urina e intensos distúrbios no metabolismo. Para o desespero de Gottfried Lisa morre e as outras vacas não estão melhores. O milho Bt (Bt=Bacillus thuringiensis) provoca em toda a planta a produção de uma toxina que a protege contra a “lagarta do cartucho”. O veneno não distingue entre a lagarta do cartucho e outros insetos, ameaçando outros insetos úteis, também foram incluídos genes para resistência antibiótica, resistência a agrotóxicos e outros que podem multiplicar o efeito dos genes tóxicos da planta. O geneticista Patrice Courvalin constatou que os genes de resistência a antibióticos podem ser transmitidos a humanos e a animais, causando assim resistência a antibióticos. Portanto, as vacas, não se contaminaram apenas pela alimentação com milho Bt 176, mas igualmente pela grama verde do pasto, bem como pela forragem ou o feno ensilado. Esse ciclo de envenenamento foi inicialmente negado pela Syngenta. A credibilidade da pesquisa encomendada revela-se o seguinte exemplo: enquanto Gloekner recebia do centro de pesquisa da Syngenta, Carolina do Norte, EUA, a informação de que suas amostras de ração não possuíam toxinas Bt, a Estação Estadual de Experimentação e Pesquisa, em Neustadt, na Rota do Vinho, pôde comprovar 8,3 miligramas de toxinas por Kg de massa do milho Bt 176 que foi sinalado no ano de 2000. Tanto adepto a crítico dos transgênicos, exige agora uma profunda pesquisa de riscos na tecnologia da transgenia, sinceridade e transparência, bem como a responsabilização dos causadores de danos daqueles que põem em circulação tais produtos. O professor Hans-Jorg Buhk, do instituto Robert Koch, não reconhece a relação entre o milho Bt e as vacas mortas, essa opinião é também defendida pelo Ministério Alemão de Educação e Pesquisa, já o professor da Universidade de GieBen, que analisou as vacas mortas, chegou a uma conclusão diferente à da Syngenta, no que se refere à ração do milho transgênico, não descartando a contribuição da ração na morte das vacas. O milho transgênico encontra-se, como o primeiro na lista das liberações, e está sendo negligenciada a questão da segurança, uma vez que os efeitos dessa planta sobre os processos dos complexos circuitos naturais não podem ser avaliados sequer aproximadamente. Se, por exemplo, for exterminada toda uma variedade de insetos, é provável que haja tanto perdas nas colheitas quanto o perigo de formação de resistências a inseticidas, o que, por sua vez, significaria maior uso de agrotóxicos. Pretende-se liberar o milho MON 863 como alimento e ingrediente de alimentos. “A comissão da União Europeia ignora a carência do consentimento do Conselho dos Ministros e os alertas de pesquisadores.” Apesar disso, na União Europeia podem ser comercializados tais alimentos transgênicos, desde que sejam tão seguros para o consumidor quanto os produtos convencionais similares. A MON 863 é um exemplo da prática irresponsável de liberação de transgênicos em Bruxelas e em Berlim. O problema em Bruxelas é que, na falta de unanimidade ou de maioria qualificada na votação do conselho de Ministros da Agricultura, a competência para a decisão do conselho de Ministros da Agricultura, retorna à Comissão Europeia e esta adota uma postura de crença na transgenia. Também em Berlim, os lobistas deixaram rastros. O órgão estatal local, subordinado ao ministério da agricultura, permitiu, em fevereiro de 2005, a liberação do plantio e comercialização de seis variedades de milho transgênico das empresas Pioneer, Monsanto (EUA) e KWS ( Alemanha), todos baseados na modificação transgênica MON 810. Com a liberação a comercialização a partir do Ministério da Agricultura foram comercializados 515 toneladas dessas variedades de milho, causando polêmica jurídica. Os produtores estão revoltados por considerar suas lavouras “zonas livres de transgênicos” e não e para menos, pois os transgênicos não foram suficientemente analisados e por isso a sua nocividade e os riscos dos alimentos configuramum abuso contra os consumidores, ao fazer deles cobaias involuntárias e desinformadas, sem contar que os processos de liberação desses produtos são manipulados até obter os resultados desejados, esses resultados, sem interpretação, são escondidos. O método mais seguro de credibilizar um estudo é através do selo de qualidade de um pesquisador, alegadamente independente e reconhecido, como estudos científicos para a importação da soja Roundup Ready, foi sintetizada por Jany e Gabriele E. Saechse, da BioAliance em Frankfurt. No mesmo ano o Governo Federal respondeu a uma interpelação do Partido Social- democrata: “Grãos de soja transgênica são tão inofensivos, em termos de saúde, quanto grãos tradicionais. Isso vale também para o risco alérgico. Por isso, não há necessidade de caracterizar grãos de soja como transgênicos”. A chamada coexistência dos dois sistemas de culturas (convencionais e transgênicos) seria negligência, por tentar convencer o cidadão de que um regulamento que prevê poucos metros de distância entre ambos os cultivos pudesse evitar uma contaminação de genes. O vento sopra para todos os lados e, com isso, os pólens atingem uma distância de muito mais de 100Km. Nos EUA e Canadá a agricultura ecológica foi quase que completamente extinguida em função da contaminação transgênica. Produtores inocentes, cujas lavouras foram contaminadas pela dispersão dos pólens transgênicos, são condenados nos Tribunais a pagar penas e royalies. Com um orçamento de 10 milhões de dólares e 5 funcionários na assessoria jurídica da Monsanto, produtores rurais são levados à falência. Por outro lado, produtores rurais a processam devido à tecnologia defeituosa. Apesar do marketing e das afirmações que os produtos transgênicos não causam danos cientificamente comprovados, experimentos com forragem mostram o contrário, contrariando as previsões contra as vantagens. Com a desapropriação de nosso alimento ou a tomada de posse dos genes, novamente nos deparamos com um tipo de tomada de poder e de ditadura. Uma tomada de poder totalitário contra os direitos de propriedades das sementes, contra a liberdade de escolha de alimentos a serem consumidos, contra alimentos saudáveis, contra o direito à integridade física, contra a saúde humana, contra a saúde dos animais, contra as sementes nativas, contra a agricultura ecológica e convencional, contra a existência do agricultor e a paisagem natural. A ameaça atual faz crer que acontecerão novas composições entre agricultores ecológicos e convencionais, anteriormente encarado com certo ceticismo, devido à declaração do antigo comissário de agricultura, Franz Fischeler afirmando que a comissão não as permitiria, ao menos não quando forem declaradas para todo um país. Porém em muitas regiões da Europa declararam zonas livres de transgênicos existem movimentos de resistência, tais como o Faucheurs volontaires (ceifadores voluntários), cujos os integrantes destroem, por conta própria, lavouras experimentais de plantas transgênicas. Sobre o desenvolvimento político atual partidos democratas-cristãos em 2006 anunciou que pretende lutar pelo avanço definitivo dos transgênicos na Alemanha, mais moderado, Seehofer se pronunciou seis meses depois, afirmando que o contrato de coligação deveria ser implementado levando em conta a condição de garantia da proteção do ser humano e do meio ambiente(RP 27/07/2006). Diante da presidência do Conselho da União Europeia ocupado por Angela Merkel, novos perigos estão à vista, pois sua posição estratégica segue o plano de contribuição de uma “zona livre de comércio Transgênico” (União Europeia e Estados Unidos). Isso teria como consequência uma introdução ilimitada de plantas transgênicas dos Estados Unidos. O governo estadunidense aspira ao direito de dominar o mundo segundo sua vontade e de submeter os objetivos internacionais aos interesses particulares. Ainda que os EUA sofram de crônico déficit no comércio exterior, eles ainda oferecem alguns bens de exportação para o mercado global como carne contendo hormônios, softwares, “cultura” de Hollywood, Coca- Colae “democracia”. No setor da exportação agrária, os EUA detectam forte necessidade de recuperação, uma vez que a agricultura, fortemente subsidiada, produz excedentes que, quando contaminados por transgênicos” não despertam muita cobiça, mesmo assim, os EUA vendem, anualmente, produtos agrícolas no valor total de 9,2 bilhões de euros para países da União Europeia. Com a suspensão das restrições para produtos transgênicos na União Europeia, essa exportação deverá ser elevada consideravelmente, assim desejam os EUA. Com mais de 40 milhões de hectares de lavouras transgênicas, os EUA mantêm a liderança, seguidos da Argentina, do Canadá e da China. As contaminações ilegal pode ocorrer em diversas fases, atingindo os setores convencionais, no caso da soja, as variedades transgênicas têm quase superado as variedades convencionais, nos EUA e na Argentina a produção já atinge 90%, por outro lado agricultores da Zâmbia e outros países africanos preocupados em ameaçar as futuras exportações para a Europa recusaram doações de forragem transgênica estadunidense. Os EUA não mantêm apenas uma posição de liderança no cultivo de plantas transgênicas, mas também entre os fornecedores de sementes transgênicas e de agrotóxicos. Como a Monsanto, com participações, compras ou cooperações com diversas outras empresas como a DuPont/Pioneer Hi-Bred, a maior das indústrias de semente no mundo, e Dow Chemical (Dow AgroScience). Os EUA também foram líderes na hora de transformar os biólogos moleculares em produto comercial e de garantir direitos exclusivos de vendas dessa mercadoria e condições iniciais favoráveis à ocupação do mercado. Já em 1980, o Supremo Tribunal dos EUA decidiu que organismos vivos podem ser patenteados, e nisso encontra-se incluídas as plantas. Os interesses agroindustriais perseguem a utopia de poder dominar a alimentação mundial pelo controle da semente, por meio de uma nova forma de escravidão do agricultor até o supermercado. Para dar continuidade ao domínio mundial de algumas multinacionais sobre a agricultura e a alimentação, são necessárias cinco medidas: confiscar, manipular pela transgenia, patentear, monopolizar e globalizar. Com a monopolização dos recursos alimentares, são disponibilizados instrumentos geopolíticos para a condução do crescimento da população mundial. Persistindo a tendência atual, daqui a dez anos os EUA poderão controlar grande parte do abastecimento alimentar de nosso planeta, dispondo, assim, de um instrumento de poder que prevaleceria até sobre o poder militar. Nisso, não estão sequer esclarecidos os efeitos dos transgênicos sobre seres humanos e animais, nem suas consequências em longo prazo para os sistemas ecológicos. Para enganar agricultores utiliza- se de estratégias de marketing como: suspensão de royalties quando da introdução da semente transgênica; as sementes são doadas como apoio ao desenvolvimento humanitário; o programa de apoio alimentar mundial da ONU possibilita a aplicação de um método subversivo, que não identifica alimentos contaminados pela transgenia; estudantes e agrônomos do Terceiro Mundo são qualificados profissionalmente nos EUA, com a finalidade de favorecer o plantio de transgênicos em seus países de origem. Com relação ao exemplo da Argentina, através de argumentos atraentes de menos trabalho, custos reduzidos e produtividade maior em 1971 inicia a introdução da soja Roundup Ready (soja RR). Ao contrário do procedimento em outros países, a multinacional abriu mão do patenteamento da semente na Argentina. A Monsanto vendia o herbicida (glifosato) a um terço do preço normal, que resultou em uma ampliação da área de plantio da soja transgênica. A multinacional agora exige royalties pelas sementes. Uma vez que somente podem ser cobrados royaltiespara um quinto das áreas plantadas, a multinacional havia procurado um outro caminho para a cobrança: futuramente seria taxado um acréscimo de 2% sobre a exportação do produto. A Monsanto ameaçou as empresas europeias que exportam soja argentina à Europa com processos judiciais em Tribunais Europeus. Um agravante é que a promessa de redução na aplicação de herbicidas não pôde ser efetivada. Ao contrário, constatou-se que seu uso teve que ser aumentado em função da crescente resistência das ervas daninhas. Atualmente, na pampa, já existem oito ervas resistentes ao glifosato. A população nas áreas de plantação e, particularmente, os trabalhadores rurais sofrem enormes danos à saúde. No Paraguai os EUA ainda hoje podem fazer quase tudo o que quiserem: aterrissam com aviões militares quando e onde bem entendem, constroem bases de apoio à revelia, ocultas, toleradas e acobertadas por governos corruptos. Manobras conjuntas com os militares paraguaios servem para a exploração do país, são chamadas de “missões humanitárias”, com um pouco de saúde pública e distribuição de cesta básicas. Diante da cruel e violenta “cara” da indústria da soja na área do Mercosul, o Paraguai é um caso extremo, cada hectares de soja é pago com sangue das comunidades rurais. Para o agrobusiness, a propriedade rural familiar representa um obstáculo a ser superado para o bem da própria expansão. O Paraguai é um país que possui até hoje uma viva cultura indígena e de pequenos agricultores. Com tudo a distribuição de terras já no passado foi extremamente desigual, 70% do país pertence a menos de 2% dos habitantes. Olhando-se para o futuro Paraguai, delineia-se um panorama em que as empresas multinacionais controlam as terras, as sementes transgênicas e as florestas remanescentes. São inúmeras as consequências do modelo de monocultura da soja transgênica em expansão no Paraguai: mortes em função de intoxicação, expulsões de terras, alienação do território nacional e perda da soberania. A soja transgênica é comercializada, particularmente, por grupos brasileiros que atuam como quadrilhas paramilitares e métodos dos esquadrões da morte (prática corrente no Brasil). O Instituto Nacional de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert) tem-se comportado como uma imobiliária, os delegados do Indert aproveitam a precária situação dos agricultores oferecendo- lhes dinheiro pelo abandono de suas parcelas de terras, conseguindo–lhes uma venda de “derecheras”, uma certidão de direito de exploração para terceiros. As famílias são indenizadas monetariamente e migram para regiões mais pobres, acreditando terem lá melhor oportunidade de vida. Diante dessas graves violações de direitos humanos, urge a reação da comunidade internacional, enviando observadores de direitos humanos, questionando as ações do governo paraguaio pressionando-o. A Vía Campesianar o Movimento Agrário Popular del Paraguai (MAP), junto com os grupos argentinos Grupo de Reflexión Rural (GRR) e grupos de apoio jurídico por el Acesso ala Tierra (Gajat), com o apoio da ONG Base Investigaciones Sociales ( Base-Is), trabalham numa campanha internacional denunciando violações dos direitos humanos que aumentam e consequência da expansão da monocultura da soja. A agricultura do Iraque com seu cultivo de trigo, cevada, arroz, milho, grãos, tâmaras e algodão, continua sendo um dos setores de geração de renda mais importantes desse país. Cerca de 40% da população trabalha na agricultura. Para 1,4 bilhão de agricultores no mundo, não apenas nos países de Terceiro Mundo, a livre reprodução e troca de sementes é a base de sua sobrevivência. Somente desta maneira está se assegurando o desenvolvimento da diversidade biológica. Segundo estimativas, no mundo todo ainda se encontra 75% das sementes nas mãos de agricultores, por ora afastados do controle das multinacionais do setor agrário. Quando George W. Bush divulga que “estamos no Iraque para semear a semente da democracia”, na verdade deveria dizer: chegamos para disseminar a sementes da Monsanto, Dow e Pioneer. Com a perda de acervo do banco nacional de sementes iraquianas em Abu Grab, após diversos bombardeios e a destruição da infraestrutura agrária geral é um feliz acaso para os EUA. Através de 100 novos decretos convertidos em leis em 2004 instituído por Paulo Brener, dentre eles o decreto de n° 81foram elaborados para governos estadunidense pela Monsanto Corporation. Com isso, ficou praticamente interditada, através das leis estadunidense, a semeadura utilizando parte da colheita, em contrapartida, o mercado iraquiano deve absorver sementes patenteadas e protegidas de multinacionais como a Monsanto, Dow Chemical, DuPont/ Pioneer, Bayer ou Syngenta. O objetivo no Iraque é melhorar as condições de negócios para multinacionais de sementes e de produtos químicos, particularmente às empresas estadunidenses, a fim de criar mercados para produtos agrários e serviços no” além-mar”. O pagamento ocorre por meio de moeda do petróleo iraquiano que, contudo, não está disponível para o agricultor individual. Aos agricultores iraquianos, resta apenas o cultivo ilegal de sua própria semente tradicional, ou a compra das novas e caras variedades, para com isso iniciar o círculo vicioso do =endividamento. Os EUA também impuseram ao Sri Lanka, Camboja e a outros países do Sul, leis de proteção de cultivares que ultrapassam os padrões do direito da Organização Mundial do Comércio. O exemplo do México os EUA eliminam seus excedentes agrários, particularmente, de milho e soja através da ajuda alimentar do Programa Mundial de Ajuda Alimentar das Nações Unidas (WFP), que contaminou uma parcela considerável de semente tradicional de milho. A contaminação intencional é vista pela agroindústria como um método eficiente para difundir os produtos globalmente e, assim, acabar com as resistências da população. Já no Canadá a empresa alemã AgrEvo, começou com um “novo procedimento de gestão de plantas daninhas”, sob a marca “Liberty Link”. Assim, primeiramente, a empresa alemã AgrEvo preparou campo no Canadá, e as multinacionais estadunidenses, particularmente a Monsanto, ganharam terreno. Quem mais sofre com isto são os agricultores da colza tradicional, como demonstra o caso do agricultor orgânico e produtor de sementes Perey Schmeiser que foi condenado pelo Tribunal Superior Canadense pelo fato de estar crescendo colza transgênica da Monsanto em sua lavoura. Por não se manifestar diante de populações parentes selvagens, mas ser de fácil cruzamento, não existe uma coexistência entre transgênicas e convencionais da colza, tornando um risco de contaminação de regiões inteiras. No entanto o instituto alemão Robert Koch, simpático à liberação dos transgênicos, vê bem diferente o perigo da contaminação de genes. Todas essas medidas deixam improváveis uma sobrevivência ou dispersão de plantas transgênicas para além dos experimentos. A China detém o quarto lugar no ranking internacional. No entanto, menos com a produção de alimentos do que com a produção de variedades de algodão Bt. A vantagem da China é o fato de toda a corrente da produção, do plantio ao produto têxtil, se encontrar em mãos de produtores nacionais.Para a comercialização foram liberados somente tomates transgênicos, pimentão-doce e petúnias. De resto, a China ainda conserva cuidados e discrição na difusão ampla de plantas alimentícias transgênicas, inclusive pelas prováveis dificuldades de exportação. A Romênia, o segundo país agrícola, após a França, que precisa se submeter às diretrizes da União Europeia, oferece uma excelente posição de partida para conquistar o mercado europeu a partir do Leste, com frutas, verduras, grãos e azeites baratos. Por isso, é objetivo estratégico das multinacionais estabelecerem-se ali o mais rápido possível. Através de pesquisas e diversas entrevistas com agricultores e advogados oCentro de Segurança Alimentar (CFS) constatou que a Monsanto usa de grosseiros métodos de investigação e processa os agricultores inescrupulosamente, isso resulta em um ataque aos fundamentos dos costumes e tradições rurais, que sobreviveram centenas de anos nos EUA e milhares de anos no mundo. A posição de liderança da Monsanto na área dos transgênicos e seu sucesso em denunciar agricultores pelo uso de suas sementes transgênicas estão vinculados à forte intenção em assumir o controle de genes vegetais através de patentes sobre a tecnologia da transgenia e da utilização de suas sementes pelos agricultores. A multinacional inicia o processo de controle sobre os agricultores ao instiga-los a assinar o contrato das sementes no ato da compra da semente patenteada. Esse contrato proporciona à Monsanto o direito de fazer controles na propriedade particular dos agricultores; compromete-os com uma enorme responsabilidade financeira, vincula-os por vários anos a um direito de supervisão por parte da empresa impõe uma série de outras condições, pelas quais juridicamente determinados os direitos o agricultor com respeito à semeadura, à colheita e à venda de sementes transgênicas. A própria Monsanto admite estar promovendo investigações agressivas contra supostos violadores de contrato. O direito de patente deve ser alterado, de tal forma que as plantas transgênicas já não possam ser patenteadas e o replantio de semente não possa mais ser assumido como patenteável, ou que o replantio de sementes já não possa ser visto como violação de patente. Além disso, urge criar uma situação jurídica que proteja o agricultor de ser responsabilizado por violações de patentes em caso de contaminação biológica. A Monsanto é a primeira responsável pela existência de organismos transgênicos no meio ambiente. O fator mais importante do sucesso da Monsanto é sua capacidade de controlar a aplicação de sua tecnologia patenteada e fazer contratos com todos os agricultores que compram as suas sementes, proibindo o replantio da própria colheita. Além disso, ela força o agricultor a comprar, anualmente, novas sementes. Quando uma planta convencional é contaminada com genes patenteados, torna-se propriedade da Monsanto. No mercado, quase não há variedades convencionais de boa qualidade. O que torna a situação ainda mais grave é o fato de a pesquisa pública, gradativamente ter-se ocupado com a transgenia, em vez de desenvolver novas variedades de sementes convencionais. Em algumas partes dos EUA e do Canadá, tanto agricultores convencionais quanto agricultores ecológicos perderam seus principais mercados, porque tiveram que vender como transgênicas parcelas contaminadas de sua produção. A grave contaminação transgênica de material vegetal tem favorecido, até o presente momento, apenas a Monsanto. Diversas abordagens existem para explicar o atual domínio da Monsanto: de um lado, ela detém a posse de empresas de produção de sementes e, de outro, seu papel dominante é reforçado através da aquisição de patentes para processos e sementes transgênicas, a terceira peça do quebra- cabeça é o contrato das sementes que os agricultores precisam assinar ao comprar as sementes com a tecnologia protegida pela patente da Monsanto. Com esse contrato firmado, a empresa obtém o direito de controlar as sementes, mesmo depois de compradas, semeadas e colhidas pelo agricultor. De acordo com Jerry Armstrong (vice-presidente da Pioneer Hi-Bred) ´podem ter ocorrido contaminações durante o processamento ou cruzamento genético durante a polinização. Por isso, no momento atual, não é possível garantir uma pureza total com relação à composição genética ou com relação à exclusão de material estranho para qualquer produto agrícola, nem para as sementes de soja. O contrato de sementes da Monsanto exige dos agricultores que adquirem da prática de armazenamento de parte da própria colheita para o replantio. Com a assinatura do contrato das sementes, os agricultores consentem com a possibilidade de uma vasta intervenção em suas propriedades, bem como em suas anotações particulares,permite, particularmente à Monsanto, conferir as informações sobre relatórios de plantio das consultoras do Ministério da Agricultura (FSA) sobre toda área cultivada pelo agricultor. A tecnologia defeituosa da Monsanto leva os agricultores aos tribunais. Frequentemente, trata-se do algodão Bt, que seria resistente contra a praga do capulho do algodão, porém, mesmo assim, as plantas têm sido atacadas pelas pragas, de modo que os agricultores são forçados a investir tempo e dinheiro além do previsto. Centenas de agricultores que haviam plantado sementes defeituosas de algodão Bt foram representadas, em 1996, em dois processos contra a Monsanto. Por ser o milho uma planta alogâmica, uma pequena quantidade de movimento de seus pólens transgênicos entre lavouras vizinhas é um fenômeno normal, levando agricultores assumirem a responsabilidade de provar que seus cultivos correspondem a determinadas normas de pureza. A quebra de contrato frequentemente termina em falência para o agricultor devido ao fato de terem que buscar um advogado fora do Estado, já que muitos desses processos vão parar no Tribunal Regional estadunidense do Distrito Leste de Missouri e no Tribunal Distrital de Saint Louis. Sem contar ter que enfrentar uma equipe de advogados de uma grande multinacional. A multinacional instalou um departamento exclusivamente com a finalidade de investigação contra agricultores e de sua incriminação em função de violações de patentes. A Monsanto instalou um número telefônico gratuito que permite a agricultores e comerciantes a relatar supostas “atividades violadoras de patentes” por parte de vizinhos e clientes. A investigação de maior impacto, das quais a CFS tomou conhecimento, foi efetuada junto a um agricultor do Mississipi, proprietário de um comércio rural. A primeira vez em que Nitchell Seruggs percebeu que a Monsanto o tinha na mira foi quando investigadores rodeavam sua loja. Suruggs relata que sua família, quando deixava sua casa, sempre tinha a sensação de estar sendo observada por câmeras. Para poder observar Suruggs mais de perto, a empresa comprou um terreno baldio do outro lado da rua, tornando possível observar a clientela de Suruggs. Após a realização das investigações, a Monsanto costuma enviar cartas registradas, ameaçando os agricultores suspeitos de replantio ou venda de sementes por eles reproduzidas. Geralmente, a carta contém a intimação de pagar um valor monetário determinado, para evitar outros processos. Apesar da frágil fundamentação, muitos dos agricultores incriminados decidem, por razões financeiras, aderir o acordo extra-judicial proposto, em vez de terem de suportar um processo caro e longo. Alguns agricultores aceitam o acordo que os obrigam a comprar seus produtos, por acharem que este lhes sairia muito barato. Esses exemplos mostram o seu verdadeiro objetivo: vincular agricultores a seu produto transgênico e a seus contratos. O agricultor Tom Wiley, de Dakota do Notte diz que “Agricultores são incriminados porque são encontrados em suas propriedades organismos transgênicos, que não compraram, não querem utilizar, não usarão e nem conseguem vender”. Em mais de uma década, os genes patenteados da Monsanto contaminaram, nos EUA, mais da metade do acervo de milho e soja convencional, e quase todo o acervo da semente de colza. As preocupações de que cruzamentos (cultivo transgênicos) são inevitáveis, foi confirmado em um relatório da British Royal Society, segundo o qual os cruzamentos entre as plantas acontecem em todo o lugar e sempre, não podendo ser impedidos por barreiras físicas, tais como as chamadas zonas intermediárias. Se em uma lavoura de outras variedades de milho se infiltrarem plantas que contenham genes patenteados pela Monsanto, os agricultores ficam, potencialmente,expostos a uma responsabilização por violação de patente. Um exemplo foi o que ocorreu com Hendrik Hartkamp, agricultor que emigrou para os EUA, após vender sua propriedade de produção de leite e comprou uma propriedade rural em Oklahoma que, ainda, tinha silo de grãos, com indeterminada quantia de soja Roundup Ready. Dizem que, após ter arrumado os milhões para a sua defesa contra a empresa, quase arruinado financeiramente, vendeu sua propriedade a um preço bem baixo ao da aquisição. Em ao menos seis dos 90 processos judiciais em que a Monsanto figura como autora, incluindo o processo de Stratemeyer, aparecem assinaturas falsificadas nos contratos de compra e venda de sementes. Na medida em que crescem o número de agricultores estadunidenses vítimas de incômodos, investigações e perseguições jurídicas, por suposta violação de patentes de sementes da Monsanto e de seus contratos de tecnologia, haverá um crescente movimento pela mudança da política governamental que permite abusos, porém diante do poder de lobby da indústria da transgenia, é muito improvável que, num futuro próximo, o Congresso dos EUA modifique a atual legislação. No ano de 2003, o Estado de Indiana ratificou uma lei que oferece aos agricultores uma proteção similar à de Dakota do Norte. Conforme essa lei, não é possível deduzir, de um contrato de compra e venda de sementes, o direito de um fornecedor de sementes entrar na propriedade rural para recolher amostras de plantas que se originem das sementes ou de outras plantas cultivadas na propriedade. Para o recolhimento dessas amostras, devem ser observados diversos requisitos previstos na lei. A vantagem de tais projetos de lei é de proporcionar alguma proteção aos agricultores, como a de possíveis fraudes nos resultados dos exames, no entanto, umas das desvantagens é o perigo de que o legislador veja esses projetos de lei como simples saída, sem ter que ocupar com a complexidade da contaminação biológica por plantas transgênicas. Em várias regiões administrativas da Califórnia, já foram impostas proibições de cultivo de plantas transgênicas pelo Departamento Administrativo, por meio de votações e decisões de administrações distritais. Diversos outros distritos administrativos se encontram em processo de preparação de tais propostas, e essas aspirações parecem ganhar força. MARIANA O termo Lobby significa atividade de pressão de um grupo organizado (de interesse, de propaganda etc.) sobre políticos e poderes públicos, que visa exercer sobre estes qualquer influência ao seu alcance. Os Lobistas são pessoas delegados pelas empresas, por sindicatos ou federações que juntam informações para influenciar em decisões europeias, estas são mal vistas, pois podem provocar uma adulteração em politicas públicas. As decisões sobre a transgenia na agricultura e na indústria são exemplos do que o lobismo pode fazer Europa. Os argumentos dos lobistas para a introdução dos transgênicos na Europa são: melhor instrumento para o combate a fome no mundo, para redução do uso de agrotóxicos na lavoura, para proteger o meio ambiente, para os agricultores alcançarem colheitas e lucros maiores. A mídia as adota estes discursos sem embasamento porque muitas organizações e institutos renomados já negaram todas estas teses defendidas pelos lobistas. Os argumentos da academia cientifica para não circulação dos transgênicos são: uma vez em circulação estes organismos não podem mais ser recuperados, por conta da dispersão de pólen, assim as culturas convencionais são contaminadas, a diversidade das variedades diminui e o uso de agrotóxicos nas lavouras vai aumentar a longo prazo porque “novas ervas daninhas ” surgem além disso podem surgir também embriões ainda mais resistentes até a antibióticos, ou seja, não se conhece ainda as consequências destes organismos a longo prazo para a saúde humana, para os animais e para o meio ambiente. Quanto ao problema da fome no mundo ele não é solucionado não por falta de alimentos mais sim por má distribuição deles. Na Europa, muito diferente do que ocorre nos EUA, a publicidade da transgenia não é bem vista, pois já houveram muitas discussões sobre o assunto, os próprios cidadãos, comerciantes e processadores os baniram das estantes. Mesmo assim a Monsanto e a Syngenta sugerem que o setor dos transgênicos esta em alta. Assim, são empurrados cada vez mais alimentos e rações ao mercado contra a vontade da maioria da população. Isso se explica pela pressão, feita pelos lobistas aos que decidem sobre as liberações ou aos demais envolvidos neste processo de criação de leis. A maioria das alterações na legislação sobre o meio ambiente é iniciada na união Europeia. A comissão da União Europeia (EU), por exemplo, propõem novas normas jurídicas e é o primeiro alvo destes lobistas para formular os projetos de lei conforme seus interesses, contudo o difícil é afirmar ate que ponto as autoridades da comissão são influenciadas pelos lobistas. Mais não resta dúvida que o lobby dos transgênicos promove seus interesses. A Direção Geral de meio Ambiente da comissão Europeia e quem apresenta a maioria das leis referentes à transgenia, às vezes em cooperação com a Direção de Agricultura ou de Saúde. A Direção do Comércio e da Indústria tenta influenciar o tempo todo o debate sobre o tema o que explica a tensão vivida na UE com sua interdependência internacional. O empenho dos lobistas muda após a elaboração de um projeto de lei, passa da comissão para o Parlamento (papel equivalente ao do conselho podem ate devolver um projeto de lei) e para o Conselho (representa os estados membros os governos dos 28 países da UE, em suas reuniões participam um ministro de cada governo, tem um papel determinante porque uma postura critica de um dos ministros pode ter efeito em todo andamento do processo.) onde é submetido o projeto. Os relatores e condutores são os interlocutores das empresas e da opinião publica. Legislações da transgenia são votadas em processo de co-decisão (Parlamento o Conselho da UE adotam em conjunto atos legislativos). Sendo assim é comum que os parlamentares recebam os lobistas. O lobismo é usado de forma direta para formação das legislações de transgenia, para isso as empresas interessadas na transgenia colocam pessoas certas em postos importantes na política. Regulamentações de impacto já criadas na EU relacionadas à transgenia: primeira delas foi a “diretriz da liberação” que regulamenta o processo de liberação de organismos transgênicos para fins experimentais e para entrada em circulação. Segunda foi a Portaria 1830/2003: que obriga a rotulagem para alimentos e rações animais transgênicos e rastreabilidade e rotulagem para organismos transgênicos. A pressão da opinião pública e o chamado partido verde foram determinantes para esta legislação como uma forma de proteção ao consumidor. Isso porque antes se exigia rotulagem apenas para alimentos em que a transgenia fosse detectável no produto final. Exe. um óleo produzido com milho transgênico não recebia e não era registrado porque não era possível comprovação. O valor limite de transgênico nos produtos é de 0,9%. Contudo, essa legislação é ainda falha, pois não obriga rotulagem de produtos de origem animal tais como: peixes, carne, ovos, leite e dessa forma as plantas transgênicas acabam sendo utilizadas para alimentar estes animais enganando o consumidor. Sendo assim a lacuna da rotulagem ainda carece de solução. O processo de liberação de organismos transgênicos na UE não é nada democrático, o Parlamento, a Comissão econômica e social e a Comissão das regiões ficam excluídos de decidir sobre as plantas transgênicas a serem liberadas para o mercado. Sendo assim a decisão cabe ao Conselho dos Ministros da Europa, que vota em maioria qualificada (maioria dos estados membros e só com 72,3% dos votos que podem ser negada uma liberaçãode organismos). É um atestado de incapacidade afirma o autor, porque nenhuma proposta ainda foi negada, caso isso ocorra à decisão cai sobre a Comissão que se baseia em relatórios de especialistas da Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). A EFSA é quem normalmente avalia os riscos das plantas transgênicas para o meio ambiente e para saúde, contudo suas pesquisas são questionadas, pois ela é acusada de ser cumplice da indústria da transgenia, visto que estas têm grandes interesses em empresas de biotecnologia. Isso pode ser observado no fato de que só há recomendações e nenhuma negativa quanto às liberações já solicitadas, ou seja, ela consentiu todas as liberações. Além disso, essa agência contrata vários cientistas para suas analises que já trabalharam nas empresas de transgenia (Monsanto, Bayer). Outro motivo muito relevante é o fato de que esta agência já teve projetos para facilitar a introdução destes organismos no mercado e até 2006 a EFSA não tinha exigido nenhum teste em longo prazo para suas avaliações de risco, envolvendo organismos transgênicos. Não foram testados riscos em longo prazo para as pessoas e para o meio ambiente, sendo que algumas empresas europeias já tiverem seus estudos encerrados por problemas com animais em testes em longo prazo com alimentos transgênicos. Há muitas deficiências na avaliação dos riscos que é realizada pela EFSA antes da liberação de alimentos, dentre elas as já denunciadas pelo Greenpeace e alguns efeitos constatados com animais que são dados como irrelevantes. Além disso, alguns termos muito usados pela EFSA não são esclarecidos como “risco desconsiderável” e ‘biologicamente relevante’. Há ainda muitas argumentações baseadas em suposições e provas indiretas em lugar de se fundamentar em testes reais e diretos de toxicidade. Isso porque os conflitos de interesse são enormes, em prol da indústria biotecnológica, principalmente por parte de alguns membros da EFSA, isso tudo acaba produzindo uma imagem muito negativa do trabalho desta empresa. Neste processo de liberação são desconsideradas quaisquer posição de outros pesquisadores independentes quanto materiais enviados pelos estados membros e, além disso, a Comissão Europeia insiste em manter a EFSA por conta de sua importância politica. A comissão não confere a avaliação estatística dos documentos e não são exigidos nem conferidos os efeitos sobre outros organismos (principio da precaução). Solução para esta situação, segundo o autor seria uma reformulação da politica europeia sobre os transgênicos, as decisões de liberação não devem ser de portas fechadas e os dados toxicológicos devem ser públicos porque o consumidor tem direito a uma pratica de liberação baseada no principio da precaução. A esperança é que cada vez mais estados membros não estão mais aceitando calados os processos de testes em organismos transgênicos, alguns já declararam proibições nacionais de cultivo destas plantas mesmo liberados pela UE. A publicidade da indústria da transgenia esta a todo vapor, tanto que ela anuncia que ela seria um sucesso inegável para os agricultores de todo o mundo. Porém a aceitação internacional destas plantas transgênicas não é tão abrangente quanto afirmado. As plantas transgênicas não são cultivadas em todos os países apenas em 05 deles (EUA, argentina, Canadá, China e Brasil) que representam 5%das lavouras do mundo. Na UE a Espanha é o único país que tem representações consideráveis em plantios comerciais. O ISAA (Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agro biotecnologia) foi criado pelo maior grupo de transgenia do mundo e entre os financiadores estão: Monsanto, Syngenta, Bayer Crop Science, Pionceer e Dupont. Em Bruxelas essas empresas juntamente com a associação europeia de biotecnologia criaram a EuropaBio que representa o interesse de 1200 pequenas e médias empresas, assim como, o de grandes grupos. Essa fornece ao Conselho, a Comissão e ao Parlamento Europeu “informações” a fim de impor suas preferências defendendo o direito de escolha do agricultor europeu de cultivar transgênicos. A EPSO (Europen Plant Science Organisation) também tenta exercer sua influência, ela representa institutos de pesquisa e alguns países europeus e procura melhorar a defesa pública das ciências vegetais na Europa. A ESA (Federação da Indústria de Sementes) concentra interesses dos opositores e defensores a transgenia, contudo, defende mais os interesses da indústria do que dos consumidores, no que se refere à patenteabilidade, regulamentação no mercado, liberdade de opção dos consumidores. Mais sua atenção especial esta voltada para as sementes transgênicas não rotuladas, que podem contaminar as sementes convencionais. É difícil controlar quais e quantas sementes já foram contaminadas por transgênicos de forma involuntária. Ou seja, falta uma regulamentação obrigatória, que já é praticável e uma realidade na Áustria. O Grupo Genval é composto por muitos interessados de renome na transgenia, e ele se concentra em incentivar a pesquisa de “Plantas para o futuro”, juntos geraram um documento em favor da agroindústria e incentivando a transgenia, custeado pela UE e apoiado pela Comissão, a pesquisa crítica não esta prevista neste incentivo da Comissão e a proteção do meio ambiente é negligenciada, ou seja, ao invés de incentivarem pesquisas que busquem soluções para agricultores e consumidores esta sendo desenvolvido novos estudos para grandes empresas transnacionais. O partido verde tem contribuído muito para elaboração de leis acerca da politica da transgenia, teve papel determinante na obrigação da rotulagem e auxiliou na determinação de que os estados membros são obrigados a evitar a movimentação entre fronteiras involuntária de produtos. Além disso, eles insistem em alterações na lei para evitar a contaminação de sementes, para que se estabeleçam culturas biológicas, convencionais e transgênicas. Movimentos ambientalistas de ONGS como Greenpeace ou Friends os the Earth, e de consumidores tem uma importante função, pois trazem a discussão os perigos da transgenia. Estas dispõem de uma ampla rede de informações, entretanto seus recursos são escassos se comparados aos das grandes indústrias de biotecnologia. E assim elas ficam bastante dependentes de apoio em nível nacional (representantes de agricultores convencionais e biológicos, da rede de regiões europeias libres da transgenia, dos estados membros e de consumidores da UE). A Europa estava viveu uma onda de liberação de transgênicos (principalmente para ração animal), isso se deve em grande parte pelos lobistas. Porém estes tiveram a introdução destes organismos mais difíceis do que se era esperado devido à recusa da população e de diversos estados membros e por conta de diversos eventos que vieram acontecendo como a febre aftosa e escândalos de alimentos. E na ultima década essa indústria não buscou comprovar suas vantagens para combate à fome e a pobreza, nem para o meio ambiente e para os consumidores. Em 2006 teve que admitir grandes problemas com a coexistência entre plantas transgênicas e convencionais, porém é difícil ela reverter todo este quadro por conta própria. A mesmo prometeu interromper o processo de liberação caso algum estado membro levante importantes questões cientificas novas. O partido verde e os movimentos contra transgenia continuaram a se empenhar para construção uma politica segura, transparente que assegure a coexistência entre as diversas formas de cultivo. As organizações ambientais e os consumidores prometem um publico critico para que a transparência se efetive e para que os dados eco toxicológicos sejam publicados. O que falta segundo o autor é uma obrigatoriedade de manutenção da pureza para sementes. Os novos produtos desenvolvidos na área da biotecnologia e da transgenia, bem como sua utilização nemsempre são transparentes aos cidadãos, isso vale tanto para a aplicada na agricultura quanto para a aplicada na medicina. A função dos lobistas é popularizar as tecnologias entre lideranças politicas e evitar discussões fundamentais para defender os interesses dos mandatários (cerca de 15mil lobistas exercem estas influencias). Muitos deputados não escondem suas ligações com eles, que são vistos como especialistas, ou seja, nenhuma proposta da Comissão é tomada sem eles serem consultados. Algumas das grandes instituições lobistas são: EuropaBio (Associação Euro peia para Bioindústria) criada com objetivo de diminuir as restrições legais aos transgênicos, ela é composta dos 37 maiores grupos da indústria alimentícia e química dentre eles estão Nestlé, Bayer, Monsanto, Danone, Unilever, que juntos dispõem de 550 bilhões de dólares. Esta pretende convencer o consumidor de que a transgenia é uma “tecnologia inocente” que poderá fazer muita “coisa boa” se permitirmos que ela se desenvolva. E continua afirmando que essa agricultura oferece maiores colheitas, alimentos com maiores valores nutritivos, melhor sabor e durabilidade. Já a ABIC (Conferencia Internacional de Agricultura biológica) é uma das conferencias internacionais mais importantes do mundo sobre técnicas de biotecnologia vegetal dirigida a investidores, gestores de indústrias pesquisadores. Entre os expositores estavam Monsanto, Bayer, BASF, Syngenta e etc. Segundo a Agencia Alemã de Estatística um terço dos custos com saúde, estão ligados a alimentação. Se o programa de transgenia for liberado estes custos vão aumentar de forma considerável, pois aumentarão os resíduos nos alimentos e consequentemente os riscos de câncer. Segundo a Universidade da Califórnia um terço dos canceres são causados pelo hábito de fumar outros um terço estão ligados a alimentos que não estavam em condições de consumo. A variedade de alimentos de alta produtividade é carente de substâncias vitais, mais são à base da indústria transgênica. Alarmados pelas enfermidades despertou nos médicos o interesse pela medicina alimentar. Na indústria alimentícia trata-se primeiramente dos negócios que giram em torno dos produtos cujas embalagens prometem mais do que de fato existe. Os escândalos relacionados à alimentação desequilibrada durante a história: o primeiro iniciou-se com os cereais integrais que tinham sua camada externa separada dos grãos, perdiam-se com isso vitaminas que tiverem como consequência deficiências na população. Na Ásia, eles compraram maquinas para descascar o arroz e as deficiências ocorreram porque havia muitas vitaminas na casca do arroz. Com a produção de farinha refinada e açúcar, a vitaminas se perdem porque elas são necessárias para o organismo processar estes alimentos. O açúcar e a farinha então são caracterizados como ladrões de vitaminas e cálcio. O segundo escândalo aconteceu na Alemanha que estava arrasada e as próprias famílias produziam seus alimentos e os conservavam sem produtos químicos ou freezers, o que não se produzia buscava-se na natureza ou se trocava nas ruas. Tratava-se de uma dieta integral plena de substâncias vitais, até que em 1948 ocorre a reforma monetária e inicia-se a desnutrição. O terceiro escândalo: Para que a economia alemã pudesse enfrentar o mercado internacional criou-se a lei de reordenamento das áreas rurais que teve como consequências o êxodo rural, perdas de postos de trabalho, endividamento dos agricultores, dependência e etc. A crença no progresso e o crescimento nos moldes de superprodução industrial conduziram a saturação do mercado e a superprodução. Com uso de maquinas e produtos químicos inicia-se também o desequilíbrio do meio ambiente. Os pesticidas foram então aceitos nos alimentos, porém a agência Norte Americana de proteção ambiental, divulgou mais 50 impurezas nos pesticidas comercializados nitidamente tóxicos e causadores de câncer. O quarto escândalo: os alimentos transgênicos podem causar agressões ainda maiores à saúde bem maiores dos que as causadas por produtos químicos principalmente para pessoas alérgicas, podem tornar-se ate letais. Isso porque as proteínas da engenharia genética (de origem química ou transgênica) não têm equivalentes disponíveis na natureza e o organismo não está preparado para sua absorção, ou seja, eles contem genes de bactérias, vírus e outros organismos. Diante deste panorama fica claro que o uso contínuo de rações e alimentos que contém substancia transgênicas representa um teste incontrolado com severos risco a saúde animal e humana que os consomem. Tendo como fundamento razões econômicas, a indústria da transgenia tenta suprimir os riscos apresentados pelos produtores. E a avaliação de risco parte de uma “equivalência substancial” entre organismos transgênicos e convencionais, sendo que os genes são estudados de forma exclusiva os genes sem abortar os efeitos a partir do contexto em que estão inseridos. Os genes são inseridos de forma espontânea e sua atividade depende de sua posição exata no ambiente celular ou no meio ambiente e é improvável que ele tenha apensas uma função sendo difícil excluir efeitos colaterais como produção de novas substâncias tóxicas. Deve-se considerar que uma planta tem uma diversidade de interações com o meio ambiente que foi consequência da sua capacidade histórica de adaptação. O argumento das indústrias do ramo é que não foram comprovados nenhum acidente significativo em função do cultivo e consumo de plantas transgênicas. Isso porque não há obrigatoriedade nos países líderes de rotular estes alimentos, ou seja, não há um grupo comparativo para poder promover tais estudos. Fica a dúvida se os testes com ratos são aplicáveis em organismos humanos. Independente disso a questão dos resíduos de Roundup e de seus efeitos sobre a saúde humana, no caso da soja transgênica é de especial importância. Principalmente porque ele é aplicado no Brasil desde 1990 devido à possibilidade do plantio direto nas lavouras. Em função do surgimento de crescente resistência a ervas daninhas são utilizadas grandes doses e aumenta probabilidade de resíduos no grão. A UFPR já comprovou em estudos 14 miligramas de resíduo por kg de soja valor muito superior ao determinado na legislação. Até certo ponto isso não é tão alarmante, pois 80% desta soja destina-se a ração animal, porém é fundamental uma analise dos efeitos de resíduos de glifosato sobre os organismos animais especialmente para quem consome estes animais. Estudos já demonstraram efeitos na saúde de mamíferos e na destruição das funções do fígado e dos rins em animais. Além disso, foi constatado que a decomposição do herbicida no solo forma o formaldeído (cancerígeno), o glifosato em contato com nitratos do solo forma nitroso- glifosato (causador de câncer de fígado). Estes efeitos já são observados em animais porque afeta o sistema reprodutor de mamíferos, pode causar menor produção diária de espermatozoide, alterações no desenvolvimento de tecido testicular. O IBAMA alerta ainda para o aumento de suas vendas entre 1998 e 2001 e consequentemente o aumento nos casos de intoxicação. Os argumentos das indústrias de biotecnologia de que os transgênicos iriam acabar com a fome no mundo ou que diminuir o consumo de pesticidas e aumentar a produtividade já não convence mais. Agora o setor defende o uso da transgenia na medicina com promessas de saúde. A ideia surge de alimentos funcionais que conduziram a uma nova estratégia de marketing onde haveria uma nova geração de plantas transgênicas: batatas com mais fibras, ou com mais proteínas, com elevados teores de vitamina E, arroz dourado com betacaroteno para prevenir a deficiência de vitaminas. Esta é a chamada “agricultura molecular” ou “plantas farmacêuticas” que são plantas geneticamente modificadas para produzirem remédios e vacinas. No mercado, porém ainda nãoexiste nenhum destes produtos. Entre suas promessas estão à prevenção ao câncer, à profilaxia de enfermidades coronárias e circulatórias. Com esse marketing espera-se encontrar aceitação mais fácil e rápida entre a população, e esta mensagem já esta surtindo efeito e a crença na transgenia aplicada à medicina continua forte. O único grande problema e que já estão sendo cultivados campos de testes com plantas transgênicas que produzem remédios sem prescrição médica. Sendo assim os limites entre a transgenia agrícola e transgenia aplicada à medicina tendem a se mesclar. Valer destacar, porém que somente quatro plantas (milho, soja, algodão e colza) e duas características (resistência a herbicidas e a insetos) foram introduziram pela transgenia representam 99% da atualmente existente. Mais a solução como demonstram diversos estudos não consiste em acréscimo isolado de nutrientes como no arroz dourado a solução seria uma ampla oferta de plantas nutritivas, ricas em substancia vitais, isso porque a nutrição isolada ignora interações biológicas e não biológicas e não ataca o problema na sua raiz. A indústria agroquímica teve que desenvolver multas estratégias de lobby (incluindo corrupção) para despertar o interesse nas sementes transgênicas já no passado, prometeu aos agricultores que economizariam na aplicação de pesticidas, e tocou os consumidores para consciência humanitária de que eles iam resolver o problema de fome no mundo. Sygenta foi a ultima empresa biotecnológica com presença significativa na área da transgenia na Grã Bretanha, esta transferiu seus laboratórios para os EUA, em função das péssimas perspectivas de negócios para esta tecnologia. A Monsanto a DuPont e a Bayer já haviam deixado de ter suas filias na Inglaterra. Na Europa 160 regiões, milhares de municípios e agricultores declararam suas terras livres de transgênicos. A assembleia das regiões na Europa iniciou uma campanha de conscientização da população sobre as consequências da transgenia para a agricultura regional. Então governos de 36 estados federados de oito países da UE uniram-se em uma Rede de Zonas Livres de Transgênicos para garantir a agricultura livre e de transgênicos em seus territórios, estes enviaram a Comissão uma avaliação cientifica dos riscos a obtenção de sementes não transgênicas e a proteção de suas variedades regionais. Além disso, existem várias iniciativas em âmbitos nacionais em todo mundo e iniciativas isoladas de cientistas, pesquisadores, ONGS, Federações. Após a irresponsável liberação da soja e do algodão transgênico no Brasil chega à vez do milho entrar em debate. Houve uma liberação pela Comissão Técnica Nacional (CTNBio). Em junho de 2007 houve uma suspensão, e só iria liberar após a elaboração de normas de coexistência com variedades orgânicas e convencionais e a definição dos termos de monitoramento. Em janeiro de 2008 a suspensão foi interrompida e o governo Brasileiro convocou o Conselho Nacional de Biossegurança para tomar frente do caso, que manteve a liberação contrariando os recursos apresentados pelo IBAMA e pela ANVISA. Essa liberação é inconstitucional, pois não foram apresentados estudos de impacto ambiental como prevê a constituição Federal em seu ART.225, não há regras para a liberação ela ocorre por meio de uma comissão que não é competente na área de biossegurança, não tem representatividade da sociedade civil e é constituída por cientistas que estão diretamente interessados em pesquisas de transgenia com financiamentos das multinacionais. Além disso, essa liberação fere no mínimo três princípios do direito ambiental: precaução, sustentabilidade, e responsabilidade por danos. O caso do milho é o mais grave, pois é uma planta com polinização aberta e cruzada, a contaminação é então inevitável, impedindo a possibilidade de coexistência entre cultivos. Com o milho transgênico o glifosato poderá ser aplicado sobre a planta, resultando em um maior índice de resíduos do produto. Contudo esse milho não produz mais que o convencional, trata-se de um milho resistente a determinados insetos e a um herbicida e esse tipo de cultivo traz alguns prejuízos como uma menor produtividade, necessidade de aplicação maior de agrotóxicos e prejuízos enormes a saúde e ao meio ambiente. Em termos de competitividade não é vantagem utilizar o milho transgênico porque os consumidores estrangeiros recusam esse tipo de milho. Os custos em longo prazo são maiores e ao ser liberado no meio ambiente seus efeitos são irreversíveis, pois se alterou as características da reprodução da planta sobre as quais a ciência não tem controle. No caso da soja os produtos rotulados como transgênicos chegam cinco anos após sua introdução no mercado (em 2003), essa informação é exigida para produtos que contenham mais de 1% de transgenia. Seus defensores afirmam que sua rotulagem no Brasil não é um problema, pois há mais de 15 anos milhões de pessoas os consomem sem nenhum registro de dano a saúde humana. Contudo não foram realizados testes de médio e longo prazo nestas espécies, a metodologia usada tem pouca validade cientifica porque a usada nas coobais não havia sido pulverizada com glifosato. Os testes realizados com soja cultivada em condições normais com resíduos de glifosato alteram o fígado, nos rins e no sangue das cobaias, maior parcela de espermatozoides anômalos, menor produção diária de espermatozoide, e alterações no desenvolvimento do tecido testicular. Isso porque o principio ativo do glifosato foi recentemente classificado como altamente toxico no Brasil e nos EUA em função de seus efeitos cancerígenos, ação mutagênica, contaminação de alimentos e persistência no solo e em cultivos. Sendo assim os transgênicos são uma tecnologia de risco sem benefícios a maioria da população com enormes efeitos destrutivos sobre o meio ambiente. Sua liberação foi realizada de forma forçada a partir dos interesses de poucas multinacionais, interessadas na cobrança a de royalties (taxas sobre o uso dessa tecnologia apropriada em forma de patente) Essas multinacionais financiam institutos de pesquisa, cientistas políticos e própria imprensa. Os agricultores são enganados pelos mesmos argumentos propagados antigamente. Ou seja, é lamentável que muitas organizações e partidos contrários a esta tecnologia tenham silenciado ou modificado sua posição e que a sociedade civil brasileira (diferente de muitos outros países) esteja tão passiva diante de um escândalo politico de tamanha envergadura. Há muito tempo se defende na Alemanha a necessidade de uma ciência puramente objetiva, neutra, especializada, orientada por fator, livre de ideologias, valores e emoções. Embora na ciência se almeje uma aproximação da verdade, com essa compreensão de ciência a pesquisa cientifica é confundida com a verdade. O conhecimento especializado passa a ser aceito como fato consumado, como se o processo de pesquisa e a sua interpretação estivessem livres de influencias subjetivas. Nesse sentido, as opiniões que se desviam do conhecimento cientifico teriam um caráter exclusivamente político. Mesmo que isso pareça plausível a um grande publico, no processo de construção do conhecimento cientifico essa questão não é tão simples. Essas decisões são influenciadas pelas ideologias e cosmovisões do contexto no qual uma pesquisa é realizada. Por isso a ciência é contraditória, histórica e contextualizada, não está livre de valores. A ciência afirmou sua condição de procurar primeiramente compreender um contexto antes de acreditar nele. O debate sobre transgênicos, entretanto está mais dominado por crenças do que pela ciência, trata-se de um debate politico. Há poucos exemplos na história da ciência que demonstram de forma tão clara, o carácter ideológico da técnica como o dos transgênicos. A situação mais marcante é a dos pesquisadores que procuram construir uma base para a aceitaçãodos transgênicos, de forma a assegurar seus próprios empregos. Nessa situação é claro que não há como desconsiderar os interesses da indústria química e dos cientistas por ele financiados. A discussão sobre esse futuro está então baseada em crenças, pois as experiências dos agricultores demonstram que após poucos anos de cultivos com plantas transgênicas resistentes a herbicidas e a insetos surgem outras resistências e a técnica perde sua eficiência. Isso tudo pode ser explicado pelas tentativas de forçar a sociedade a usar uma técnica fundamentada ideologicamente, ou seja, através do medo de que futuramente faltaria comida para alimentar a crescente população. Contudo o autor destaca que o uso da técnica representa vantagens para uma minoria e causa prejuízos para a maioria, então essa decisão sobre a utilização cabe a toda a sociedade. Darwin foi o cientista responsável pelo desenvolvimento da teoria da evolução que afirma que a mutabilidade de espécies está baseada na adaptação dos seres vivo são ambiente, através da variação e da seleção natural. De acordo com essa concepção sobrevivem apenas aqueles que melhor se adaptam as condições ambientais. Bem mais tarde a teoria da seleção natural foi combinada às regras de hereditariedade de Mendel originando a teoria cinética da evolução que é a explicação mais atual para a diversidade de vida no planeta. Veio então à descoberta do DNA, e a constatação de que nele estavam genes dispostos numa determinada sequencia, sendo responsáveis pelas características hereditárias. Mais tarde se descobriu que ele é recombinante e que é possível isolar e recortar suas partes, porém esta intervenção em seres vivos está associada a diversos riscos. A transgenia é uma técnica de transferência de genes entre espécies, ou seja, uma planta recebendo genes de uma bactéria para estar protegida contra insetos. É basicamente um cruzamento entre espécies que na natureza não acontece ou que poderia acontecer daqui a milhares de anos é, portanto uma aceleração evolutiva, que ignora a base necessária à adaptação. As indústrias químicas trabalham com dois dogmas centrais: que a transgenia é objetiva (genes são isoláveis e transferíveis entre seres vivos) e que os genes inseridos são verificados apenas o efeito intencionado. Através deste método os genes inseridos espontaneamente permanecem desconhecida no local da inserção do organismo receptor e desconhecida sua frequência de interação. Com tudo isso se subestima o fato de que uma planta não consiste simplesmente da soma dos genes, que a regulam genética funciona em rede e que há uma diversidade de interações do organismo com meio ambiente consequência de sua capacidade histórica de adaptação. Ou seja, o gene não atua de forma isolada a sua ação é condicionada pela base genética e pelo ambiente onde ele situa, sendo assim fica claro que a “equivalência substancial” entre a soja transgênica e a convencional é avaliada meramente por um desejo econômico do que pela seriedade cientifica. A indústria da transgenia tenta então suprimir os riscos apresentados pelos produtos transgênicos tendo como fundamento razões econômicas. O grande problema relacionado a isso é que a na menor das hipóteses a interferência no DNA de um a planta pode interferir de tal forma na sua própria capacidade natural de se adaptar e que seu sistema imunológico seja prejudicado. Neste caso elas não conseguem se afirmar e não sobrevivem. Sendo assim a tecnologia carece de adaptação ao meio ambiente e não ao contrário como ocorre na indústria onde tenta adaptar o ambiente a produção e se espera separar o processo produtivo da natureza. Então no caso da transgenia enquanto não tiverem estudos científicos suficientes sobre seus efeitos à saúde e ao meio ambiente não se pode afirmar que teria os mesmos riscos dos cultivos convencionais. O que deveria nos fazer refletir é então o fato de muitas lideranças politicas estarem ignorando essa realidade, pois a maioria da população deseja e muitos cientistas aconselham que se evite o uso dessa técnica. Mediante a isso Darwin só ofereceu a base para o entendimento de muitos dos problemas da transgenia, porém carecemos de muito mais pesquisas criticas, independentes, sustentáveis e de comprovado uso social nessa área. TALITA O uso da transgenia representa além de questões éticas e ecológicas, um perigo de dependência dos agricultores em relação as multinacionais. E as consequências jurídicas e financeiras aos agricultores são terríveis. A forma desonesta de investigação da Monsanto e a incriminação dos agricultores, atacam seus princípios e os costumes ancestrais agrícolas, que é a da guarda de sementes da própria colheita para o replantio. Com isso a líder mundial de sementes começa um processo de controle sobre os agricultores, obrigando-os a assinar contratos de compra e venda de sementes patenteadas, o que possibilita a Monsanto o controle sobre as propriedades particulares, colocam sobre os agricultores uma enorme responsabilidade financeira, e controle sobre os direitos e formas de semeadura, colheita e a venda de sementes. É importante que antes de qualquer coisa o agricultor se informe das consequências jurídicas e financeiras da adoção do método de uso da transgenia. Ao longo da história da agricultura, a semente representa a parte guardada da última colheita, porém com o desenvolvimento capitalista, ela se tornou um insumo que necessariamente precisa ser comprado, com isso houve uma alteração no seu valor de uso, gerando cada vez mais relações dependentes dos agricultores com relação as multinacionais, elas determinam o que deve ser cultivado, que implementos devem ser usados e o quanto deve ser lucrado. Esse mercado de sementes transgênicas faz com sejam inseridas cada vez mais relações capitalistas na agricultura familiar, o que aumenta a exclusão de agricultores. A 10 anos atrás, inicia-se o processo de expansão do cultivo de plantas transgênicas, de acordo com os autores, são cinco os países que possuem a maior área de cultivo transgênicos, Estados Unidos, Argentina, Brasil, Canadá e China. Na América Latina são vanguardas na produção de transgênicos, o Paraguai e o Uruguai. O Brasil é o país que apresenta maior potencial de produção transgênica. De acordo com os autores, no mercado internacional, a soja é a líder com cerca de 60% da área total de plantas transgênicas, em seguida vem o milho com 24%, o algodão com 11% e a colza com 5%. Cerca de 70% são cultivos de plantas resistentes a herbicida, em 18% plantas resistentes a insetos, e 1% são plantas com resistência dupla. As pesquisas relacionadas aos transgênicos, se reduziu a essas duas características, o que invalida a promessa de levar um alimento melhor a mesa dos consumidores. O que se observa com a expansão da transgenia, é que além das pesquisas se concentrarem em apenas quatro plantas, o seu uso está cada vez maior em países especializados na exportação destes, o que confirma as duras críticas dessa tecnologia, em que a mesma tem por finalidade aumentar os lucros de um pequeno número de multinacionais, que controlam os tipos de cultivos e as características que serão desenvolvidas de acordo com seus interesses. O desenvolvimento de plantas transgênicas, levam até 12 anos de pesquisa e um investimento de até 760 milhões de dólares, o que para as multinacionais é mais simples e lucrativo investir nessas plantas, que vão permitir ganhos com a venda de outros insumos. As multinacionais veem na América Latina, condições ideais para aceitação por parte dos agricultores e sem medo de uma resistência organizada por parte dos consumidores e governos, elas vêm avançando cada vez mais no continente, observando assim uma estratégia de expansão a nível mundial. A expansão dos transgênicos na América Latina, acontece em um contexto de modernização capitalista da agricultura.A partir da década de 1950, a chamada Revolução Verde, propagou mundialmente a necessidade do aumento da produção agrícola para combater a fome, utilizando desse argumento para o melhoramento genético de semente, o qual poderia contribuir para desenvolver variedades de plantas adaptadas a determinados locais. Com isso surge as tecnologias modernas, como adubo químico e os defensivos agrícolas, e além disso com a chamada modernização agrícola, surgem a chance de expansão da venda de tratores, colheitadeiras. O pacote tecnológico, criado pelos EUA e executado pela Fundação Rockefeller, teve como piloto, projetos no México, Filipinas, Brasil e EUA. O projeto iniciou-se na década de 1930, e tinha o apoio de grandes multinacionais, que tinham como plano introduzir novas tecnologias na agricultura, onde se acreditava que o mundo sofreria uma grande guerra que iria desestabilizar a produção de alimentos. Com isso surge a necessidade de criar novas estratégias para alimentação do mundo com a integração da América Latina, África e Ásia. As multinacionais se aproveitaram do período pós II guerra, apara investir no setor agrícola, através da ideia de aplicação de venenos remanescentes da guerra na agricultura, como os defensivos agrícolas. A estratégia da “revolução verde se pautava em três elementos: a mecanização através da produção de tratores e outros equipamentos, a aplicação de adubo químico, pesticidas e medicamentos para animais, e o progresso na biologia, através do desenvolvimento de sementes hibridas e novas raças de animais com maior potencial reprodutivo. As máquinas tem o potencial de comprimir mais o solo devido ao seu peso, o que contribuiu para modificar a estrutura do mesmo, impedindo a circulação de água e ar, afetando a sua fertilidade, nesse contexto, eles introduziram mais adubos químicos como opção de melhorar o solo e o aumentar a produtividade. As plantas tiveram dificuldades de adaptação devido as condições climáticas, uso excessivo de adubos, e dos métodos baseados em monoculturas. Nesse contexto, as pragas e doenças se propagam sobre as lavouras, com isso se recorre aos agrotóxicos existentes com o objetivo de eliminar as perdas das novas variedades. De acordo com a teoria da trofobiose, para um parasita se desenvolver bem num hospedeiro, precisa haver na seiva da planta os nutrientes necessários, e na planta sadia o parasita morre. O parasita pode ser um indicador de que algo não está bem com a planta. Na plantação orgânica se observa que ela está sempre livre de algumas pragas especificas, enquanto na agricultura convencional, tratada com aditivos químicos, fica sempre enfestada e somente pode se combater o mesmo aplicando inseticidas. Para disseminar o pacote tecnológico aos agricultores, foi preciso criar uma estrutura. Os EUA, criaram centros de pesquisa e convidaram os países para conhecerem o novo tipo de agricultura dos países industrializados. Os melhores agrônomos foram selecionados e treinados nas novas tecnologias a fim de as propagarem aos agricultores através de eventos em escolas agrícolas e universidades. No Brasil, em 1965 foi institucionalizado o Sistema Nacional de Crédito Rural, incentivando a indústria agrária, através do crédito, os agricultores tiveram oportunidade de financiar sua produção e também receber subsídios dos governos. A facilidade ao credito levou a grandes desperdícios de implementos e insumos, pelo uso excessivo e compras supérfluas. Nesse contexto, a indústria de tratores, adubos e agrotóxico, cresceu entre 1970 e 1980, no auge da modernização da agricultura. No Brasil, os gastos com insumos comprados no exterior, são significativos, em 1979 o Brasil gastou 1,4 bilhões de dólares para importação de adubos e agrotóxicos, o que na época equivalia a 50% da dívida externa. Com isso enquanto os gastos com adubos subiam na faixa de 1.243,2%, o de agrotóxico 421,2% e com tratores 389,1%, a produtividade das plantas mais cultivadas no período subiu apenas 4,9%. O maior objetivo das multinacionais com a “modernização” da agricultura e na expansão da monocultora, era de dominar a exportação e controlar todo o mercado da soja. A partir desses interesses, essas multinacionais continuam exercendo influência no governo brasileiro, pois suas atividades são consideradas importantes no processo de desenvolvimento da indústria nacional. Com a crise crescente da monocultura da soja, inicia-se uma procura pelas multinacionais por possibilidades de continuar controlando o mercado e garantir a comercialização. O que gerou uma demanda por parte do agricultor no aumento da produtividade, diminuição dos custos e maior facilidade no trabalho, e melhoria nos produtos, de forma a torná-los mais atrativos ao consumidor. A biotecnologia está no centro das inovações nos países que dependem do aumento da produtividade e da diminuição de importações dos agroquímicos. O que se pretende criar, não é algo novo, mas que lembra a crença do progresso da “revolução verde”, repetindo os argumentos básicos da história da modernização da agricultura. A “revolução verde”, deixou como lição que a tecnologia em si não é reposta para determinados problemas, mas sim um instrumento. As multinacionais responderam a crise da soja, com o desenvolvimento dos transgênicos. O lema difundido era: “propagar herbicida em vez de capinar” como forma de cultivar soja em grandes áreas com pouca mão de obra. Com isso gera-se expectativas de aumentar o mercado mundial do herbicida e aumentar os lucros das multinacionais. Alguns autores, consideravam a transgenia como uma estratégia global, para controlar toda a produção de alimentos, caracterizavam como uma guerra do mundo ocidental utilizando armas biotecnológicas, contra a natureza e países pouco privilegiados. Os governos de países industrializados, incentivava através do apoio financeiro, as descobertas biotecnológicas no setor químico, pois eles consideram que se trata da manutenção da competitividade de sua indústria química, mesmo que seja um setor de menor intensidade de trabalho e que traz riscos à saúde e a natureza. O termo globalização poderia obter outros significados, se não fosse tão usado pelas características neoliberais de relações econômicas e políticas. A globalização pode ser associada a processos que tem como consequências a ligação transversal dos estados nacionais e sua soberania. Nesse cenário, existem posições a favor e críticas à globalização, o que na verdade se tornou uma disputa entre a consolidação desenfreada do capitalismo e em oposição a isso o combate a supremacia capitalista a favor de um mundo solidário e sustentável. Essa forma de globalização considera tudo como mercadoria, lucro e a exploração econômica. O trabalho dos globalizadores está em adaptar ao modelo ideal a uma realidade simples, e com a missão de eliminar as barreiras em favor do livre fluxo de mercadorias. Para entender a globalização da agricultura, a produção de soja para exportação é um bom exemplo, a Europa valoriza a soja como uma fonte barata de proteína para a criação animal, o que elevou a importação desse produto. Para que a soja seja cultivada em grandes áreas e com baixos custos, a transgenia é uma opção, e as consequências dos usos continuam sendo avaliadas apenas pelo aspecto técnico. O plantio da soja transgênica se iniciou nos EUA em 1996, como o acordo TRIPS, que possibilitava patentear as plantas, abrindo assim o caminho do mercado das sementes para as multinacionais. Em 1994, a Monsanto, obteve a licença para o plantio de soja resistente a herbicida, a soja Roundup Ready, que chegou a Europa em 1996, a partir daí surgiram vários protestos de ambientalistas e consumidores. O cultivo dessa soja também foi liberado no Japão, Canadá, Argentina e no México, e no Brasil, iniciaram-se as pesquisas em 1995 e em 1999, a empresa tentou introduzir o cultivo comercial.
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