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Livro Eletrônico Aula 10 Direito Administrativo p/ INSS 2017/2018 (Técnico do Seguro Social) - Com videoaulas Professor: Herbert Almeida Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 68 AULA 10: Processo administrativo Sumário PROCESSO ADMINISTRATIVO ......................................................................................................................... 2 NOÇÕES PRELIMINARES ............................................................................................................................................ 2 ABRANGÊNCIA E APLICAÇÃO ...................................................................................................................................... 2 PRINCÍPIOS ............................................................................................................................................................. 6 DIREITOS E DEVERES DOS ADMINISTRADOS .................................................................................................................. 12 INÍCIO DO PROCESSO E INTERESSADOS (INSTAURAÇÃO) .................................................................................................. 15 IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO ..................................................................................................................................... 18 FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO ....................................................................................................... 20 COMUNICAÇÃO DOS ATOS ....................................................................................................................................... 21 INSTRUÇÃO .......................................................................................................................................................... 23 DECISÃO .............................................................................................................................................................. 27 DA MOTIVAÇÃO .................................................................................................................................................... 27 DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCESSO ............................................................................................ 29 RECURSO ADMINISTRATIVO E REVISÃO ....................................................................................................................... 30 PRAZOS ............................................................................................................................................................... 36 DAS SANÇÕES ....................................................................................................................................................... 37 QUESTÕES EXTRAS ....................................................................................................................................... 37 QUESTÕES COMENTADAS NA AULA ............................................................................................................. 57 GABARITO .................................................................................................................................................... 68 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................ 68 Ol pessoal, tudo bem? Na aula de hoje vamos estudar o processo administrativo (Lei 9.784/1999). Vamos aula que o tempo est passando! Aproveitem! Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 68 PROCESSO ADMINISTRATIVO Noções preliminares O Estado realiza os seus fins por meio de processos. A elaborao de leis ocorre por meio do denominado processo legislativo. Da mesma forma, as decises judiciais so tomadas por meio do processo judicial. Finalmente, as decises ou atos administrativos so realizados por meio do processo administrativo. Nesse contexto, podemos definir processo administrativo como uma sucesso de atos coordenados entre si, tendo por fim uma deciso final a ser proferida pela Administrao. Por exemplo, o processo disciplinar formado por um conjunto de atos que tem por fim apurar os fatos e, se necessrio, aplicar uma penalidade ao agente infrator. Da mesma forma, o processo licitatrio tem como fim a seleo da proposta mais vantajosa para a Administrao. Esses dois exemplos so formados por vrios atos coordenados, que culminam com um ato ou deciso final. Nesta aula, vamos estudar a Lei 9.784/19991, conhecida como Lei do Processo Administrativo Federal2. Abrangência e aplicação A Lei 9.784/1999 uma lei administrativa federal e, portanto, sua aplicao restrita Unio. Nesse sentido, o art. 1¼3 da Lei dispe que ela estabelece normas bsicas sobre o processo administrativo no mbito da Administrao federal direta e indireta. 1 A Lei 9.784/1999, apesar de ser conhecida como Lei do Processo Administrativo Federal, estabelece normas que, na verdade, aplicam-se aos atos administrativos. Assim, alguns assuntos desta Lei, como, por exemplo, a competência, já foram abordados na aula sobre atos administrativos e, por conseguinte, não serão novamente explorados. 2 Por questões didáticas, vamos utilizar somente “Lei do Processo Administrativo”, mas entenda implícito o “Federal”. 3 Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 68 Por conseguinte, a Lei no obriga os demais entes da Federao, que devero dispor de lei prpria para regular os processos administrativos em seu mbito. A Lei 9.784/1999 é uma lei federal e, portanto, aplica- se somente à União no exercício de sua função administrativa. Todavia, o STJ já entendeu que ela pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios que não disponham de legislação própria sobre processo administrativo4. Além disso, no Distrito Federal, por força da Lei Distrital 2.834/20015, aplicam-se, no que couber, as disposições da Lei Federal 9.784/1999. Vale dizer, que essas situações são excepcionais. No primeiro caso, decorre de ausência de legislação própria, aplicando-se a legislação federal apenas de forma subsidiária. No segundo caso, foi o próprio Distrito Federal, por lei própria, editada no exercício de sua autonomia, que adotou as normas da Lei Federal. A Lei 9.784/1999 destinada ao exerccio da funo administrativa. Portanto, ela no se aplica ao exerccio das funes jurisdicional e legislativa. No entanto, as disposies da Lei do Processo Administrativo alcanam os rgos dos Poderes Legislativo e Judicirio da Unio, quando no desempenho da funo administrativa (art. 1¼, ¤1¼). Com efeito,mesmo que a Lei no seja expressa, ela tambm ser aplicada ao Tribunal de Contas da Unio e ao Ministrio Pblico da Unio quando estiverem no exerccio da funo administrativa. Ademais, a aplicao da Lei do Processo Administrativo de carter supletivo e subsidirio. Isso porque a norma no alterou nem revogou as leis especficas que disciplinavam processos administrativos determinados. Nesse contexto, o art. 69 da Lei 9.784/1999 estabelece que Òos processos administrativos especficos continuaro a reger-se por lei prpria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta LeiÓ. Assim, se existirem leis prprias disciplinando processos administrativos determinados, a aplicao da Lei 9.784/1999 ser subsidiria. Por exemplo, a Lei 8.112/1992 disciplina o processo disciplinar federal Ð PAD; a Lei 8.666/1993 estabelece normas gerais para o processo 4 REsp 1.148.460/PR: “10. A Lei 9.784/99 pode ser aplicada de forma subsidiária no âmbito dos demais Estados- Membros, se ausente lei própria regulando o processo administrativo no âmbito local”. 5 Disponível em Lei Distrital 2.834/2001. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 68 licitatrio; a Lei 9.430/1996 dispe sobre o processo tributrio federal de consulta. Dessa forma, nos casos em que existe lei especfica, a Lei 9.784/1999 ser aplicvel apenas em caso de omisso de suas leis principais. Por isso que se diz que a aplicao da Lei do Processo Administrativo subsidiria. O Tribunal de Contas da União fixou entendimento de que a Administração deve julgar e responder as impugnações feitas por licitante contra edital de licitação (art. 41, §2º6, da Lei 8.666/1993) em até cinco dias, conforme prazo previsto no art. 24 da Lei 9.784/19997. Nesse caso, o TCU aplicou a Lei 9.784/1999 de forma subsidiária, uma vez que a Lei 8.666/1993 não fixou prazo para o julgamento e resposta dessas impugnações. Por outro lado, para os casos no abrangidos por lei especfica, o processo administrativo dever ocorrer inteiramente nos termos da Lei 9.784/1999. 1. (Cespe - AJ/CNJ/2013) As normas básicas do processo administrativo não se aplicam ao Poder Judiciário da União, pois, no desempenho da função administrativa, devem ser observadas as regras dispostas nos regimentos internos de cada órgão integrante da sua estrutura. Comentário: a Lei 9.784/1999 aplica-se à administração direta e indireta da União, sendo que as disposições da Lei do Processo Administrativo alcançam os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho da função administrativa (art. 1º, §1º). Logo, o item está errado. Gabarito: errado. 6 Art. 41. [...] § 2o Decairá do direito de impugnar os termos do edital de licitação perante a administração o licitante que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos envelopes com as propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregularidades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comunicação não terá efeito de recurso. 7 Acórdão 1201/2006 – TCU/Plenário: “9.3. firmar entendimento de que o prazo para que a Administração julgue e responda à impugnação a edital feita por licitante, nos termos do art. 41, § 2º, da Lei n. 8.666/1993, é de 5 dias, segundo o art. 24 da Lei nº 9.784/1999”. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 68 2. (Cespe - AUFC/TCU/2013) As disposições da referida lei aplicam-se aos órgãos e às entidades que integram o Poder Executivo federal, mas não aos órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário, que dispõem de disciplina própria relativamente aos processos de natureza administrativa. Comentário: embora a Lei 9.784/1999 não se aplique ao exercício das funções jurisdicional e legislativa, as disposições da Lei do Processo Administrativo alcançam os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho da função administrativa (art. 1º, §1º). Com efeito, mesmo que a Lei não seja expressa, ela também será aplicada ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público da União quando estiverem no exercício da função administrativa. Gabarito: errado. 3. (Cespe - TJ/STJ/2012) A Lei n.º 9.784/1999 não se aplica aos órgãos dos Poderes Judiciário e Legislativo, ainda que no desempenho de funções de natureza administrativa. Comentário: para reforçar, vamos transcrever o art. 1º, caput e §1º, da Lei do Processo Administrativo Federal: Art. 1o Esta Lei estabelece normas bsicas sobre o processo administrativo no mbito da Administrao Federal direta e indireta, visando, em especial, proteo dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administrao. ¤ 1o Os preceitos desta Lei tambm se aplicam aos rgos dos Poderes Legislativo e Judicirio da Unio, quando no desempenho de funo administrativa. (grifos nossos) Portanto, a Lei aplica-se aos Poderes Judiciário e legislativo da União, quando no exercício da função administrativa. Gabarito: errado. 4. (Cespe - AJ/STJ/2012) Os preceitos dessa lei aplicam-se à administração pública direta e indireta no âmbito do Poder Executivo federal, mas não alcançam os Poderes Legislativo e Judiciário da União, que dispõem de autonomia para editar atos acerca de sua organização e funcionamento quando no desempenho de função administrativa. Comentário: parou! Mais uma questão como essa, professor? Veja que a banca repetiu um item quase igual pelo menos três vezes em um único ano. Apesar de ser uma questão bem fácil, é importante reforçá-la. A Lei do Processo Administrativo é uma lei federal, aplicável no âmbito da administração pública direta e indireta, de todos os Poderes da União, no exercício da função administrativa. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 68 Gabarito: errado. Princípios O art. 2¼ da Lei 9.784/1999 determina que a Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia. Alguns desses princpios constam expressamente na Constituio Federal, enquanto os demais so apenas implcitos. Segue um mnemnico para facilitar a memorizao dos princpios da Lei 9.784/1999: SER FçCIL Pro MoMo SERá Segurança jurídica Eficiência Razoabilidade FÁCIL Finalidade Ampla defesa Contraditório Interesse público Legalidade Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 68 Alm desses princpios que constam no art. 2¼ da Lei, a doutrina apresenta outros que decorrem implicitamente de suas normas ou que so aplicveisaos processos em geral. Vejamos alguns exemplos: a) princpio da oficialidade (ou da impulso de ofcio): o processo administrativo pode ser instaurado por iniciativa da prpria Administrao (de ofcio), independentemente de iniciativa dos particulares. Com efeito, uma vez iniciado, cumpre Administrao dar impulso ao processo, ou seja, moviment-lo at a deciso final. Alm disso, este princpio ainda permite que a Administrao faa a reviso de suas decises, exercendo a autotutela por iniciativa prpria. Vejamos alguns dispositivos da Lei que representam o princpio da oficialidade: o art. 2¼, pargrafo nico, inc. XII, estabelece como um dos critrios do processo administrativo a: Òimpulso, de ofcio, do processo administrativo, sem prejuzo da atuao dos interessadosÓ; o art. 5¼ determina que o processo administrativo pode se iniciar de ofcio ou a pedido de interessado; o art. 29 estabelece que as atividades de instruo destinadas a averiguar e comprovar os dados necessrios tomada de deciso devem se realizar de ofcio ou mediante impulso do rgo responsvel pelo processo, sem prejuzo do direito dos interessados de propor atuaes probatrias; por fim, o art. 65 determina que os processos administrativos de que resultem sanes8 podero ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofcio, quando surgirem fatos novos ou circunstncias relevantes suscetveis de justificar a inadequao da sano aplicada. b) princpio da gratuidade: no processo administrativo, vedada a cobrana de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei (art. 2¼, pargrafo nico, XI). 8 Apesar de a Lei limitar a revisão aos processos administrativos que resultem sanções, a Prof. Maria Di Pietro entende que ela se aplica a qualquer ato da Administração, sempre que for reconhecido que ele foi praticado com inobservância da lei (Di Pietro, 2014, p. 702). Pro MoMo Proporcionalidade Moralidade Motivação Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 68 c) princpio do informalismo: em regra, o processo administrativo no est sujeito a formas rgidas, limitando a exigncia de formas determinadas para quando houver expressa previso em lei. No entanto, isso no significa ausncia absoluta de forma, uma vez que, em geral, os processos administrativos devem ser escritos e documentados. Na Lei 9.784/1999, dois dispositivos representam este princpio: art. 2¼, pargrafo nico: ÒVIII Ð observncia das formalidades essenciais garantia dos direitos dos administradosÓ; ÒIX - adoo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurana e respeito aos direitos dos administradosÓ. d) princpio da razovel durao do processo: decorre do art. 5¼, LXXVIII, da Constituio da Repblica, que determina que Òa todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitaoÓ. Por conseguinte, o art. 49 da Lei 9.784/1999 determina que aps ser concluda a instruo do processo administrativo, a Administrao tem o prazo de at trinta dias para decidir, salvo prorrogao por igual perodo expressamente motivada. e) princpio da publicidade: o princpio da publicidade consta expressamente na Constituio Federal (art. 37, caput) e, portanto, deve ser aplicado Administrao em geral. Ressalvamos, no entanto, que ele no consta expressamente no art. 2¼, caput, da Lei 9.784/1999, mas igualmente aplicvel por fora constitucional ou de outros dispositivos da prpria Lei do Processo Administrativo, como o art. 2¼, pargrafo nico, inc. V, que exige a: Òdivulgao oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipteses de sigilo previstas na ConstituioÓ. Alm disso, o princpio da impessoalidade tambm no consta expressamente na Lei 9.784/1999, mas se apresenta em uma de suas facetas, que o princpio da finalidade. Nesse contexto, o art. 2¼, pargrafo nico, inclui como critrios a serem observados nos processos administrativos o Òatendimento a fins de interesse geralÓ (inc. II) e a Òobjetividade no atendimento do interesse pblico, vedada a promoo pessoal de agentes ou autoridadesÓ (inc. III). Adicionalmente, podemos falar ainda no princpio da verdade material, o que permite que se busque apurar os fatos que efetivamente ocorreram. Esse princpio permite, em regra, que se traga aos autos provas relevantes produzidas at mesmo depois da fase destinada apresentao Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 68 de provas9, desde que ajude a apurar a verdade material sobre os fatos. Com efeito, a Administrao Pblica tem o poder dever de produzir provas com o fim de atingir a verdade dos fatos, no devendo, por isso, ficar restrita ao que as partes demonstrarem no procedimento. Alm dos princpios previstos no caput do art. 2¼, o pargrafo nico do mesmo artigo apresenta os critrios a serem observados nos processos administrativos. Cada um desses critrios fundamento ou se relaciona com algum dos princpios do processo administrativo. Assim, emprestando- nos dos ensinamentos de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, vamos transcrever a lista de critrios, juntamente com os princpios relacionados10. Pargrafo nico. Nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de: I - atuao conforme a lei e o Direito [legalidade]; II - atendimento a fins de interesse geral [impessoalidade/finalidade], vedada a renncia total ou parcial de poderes ou competncias, salvo autorizao em lei [indisponibilidade do interesse pblico]; III - objetividade no atendimento do interesse pblico [impessoalidade/finalidade], vedada a promoo pessoal de agentes ou autoridades [impessoalidade]; IV - atuao segundo padres ticos de probidade, decoro e boa-f [moralidade]; V - divulgao oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipteses de sigilo previstas na Constituio [publicidade]; VI - adequao entre meios e fins, vedada a imposio de obrigaes, restries e sanes em medida superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico [razoabilidade e proporcionalidade]; VII - indicao dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a deciso [motivao]; VIII Ð observncia das formalidades essenciais garantia dos direitos dos administrados [segurana jurdica/informalismo]; IX - adoo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurana e respeito aos direitos dos administrados [segurana jurdica/informalismo]; X - garantia dos direitos comunicao, apresentao de alegaes finais, produo de provas e interposio de recursos, nos processos de que possam resultar sanes e nas situaes de litgio [ampla defesa e contraditrio]; XI - proibio de cobrana de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei [gratuidade dos processos administrativos]; XII - impulso, de ofcio, do processo administrativo, sem prejuzo da atuao dos interessados [oficialidade]; XIII - interpretao da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim pblico a que se dirige [impessoalidade e finalidade], vedada aplicao retroativa de nova interpretao [segurana jurdica]. 9 Alexandrinoe Paulo, 2011, p. 909. 10 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 909-910 – com algumas adaptações de conteúdo e forma. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 68 Vejamos como isso pode ser cobrado em prova. 5. (Cespe - AnaTA/MDIC/2014) Em razão da simetria com o processo judicial, vigora, no processo administrativo, o princípio do formalismo procedimental, em que se afasta a flexibilização na tramitação do processo para evitar os arbítrios das autoridades e garantir a legitimidade das decisões administrativas. Comentário: é o princípio do informalismo que vigora nos processos administrativos. Para tanto, os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. Contudo, esse informalismo não é absoluto, sendo que os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade responsável, além da paginação sequencial e rubricada. Gabarito: errado. 6. (Cespe - AJ/TRE MS/2013) No processo administrativo, a administração pública tem o poder dever de produzir provas com o fim de atingir a verdade dos fatos, não devendo, por isso, ficar restrita ao que as partes demonstrarem no procedimento. Esse pressuposto, conforme a doutrina pertinente, refere-se ao princípio da a) da gratuidade. b) oficialidade. c) lealdade e boa-fé. d) do informalismo. e) da verdade material. Comentário: pelo princípio da gratuidade, é vedada a cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei (art. 2º, parágrafo único, XI). O princípio da oficialidade, por outro lado, permite que a Administração inicie o processo de ofício, além de dar o devido impulso ao processo até a decisão final. Além disso, o princípio da oficialidade permite ainda que a Administração faça a revisão de ofício de seus atos administrativos. Segundo o princípio da lealdade e boa-fé, a Administração, em todo o transcurso do processo, deverá agir de maneira sincera, sendo vedado Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 68 Comentário: conforme consta no art. 2º, parágrafo único, XIII, da Lei 9.784/1999, um dos critérios que devem ser observados no processo administrativo é a “interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”. Esse dispositivo reforça os princípios da impessoalidade/finalidade e da segurança jurídica. Dessa forma, o item está correto. Gabarito: correto. 9. (Cespe - AJ/STJ/2012) Considerando-se que o processo administrativo gera ônus para a administração pública, a regra é a cobrança de despesas processuais, as quais somente poderão ser afastadas nos casos expressamente previstos em lei. Comentário: o art. 2º, parágrafo único, II, estabelece como critério dos processos administrativos a “proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei”. Trata-se de manifestação do princípio da gratuidade. Dessa forma, podemos perceber que o item inverteu o caso, sendo a regra a ausência de cobrança e a exceção a cobrança, só admitida nos casos expressamente previstos em lei. Gabarito: errado. 10. (Cespe - AA/IBAMA/2013) O administrado pode acompanhar os trâmites de processo administrativo que o envolva, com exceção de processos que tramitem em segredo de justiça. Comentário: o princípio da publicidade confere a todo particular que estiver envolvido com o processo o acesso a tramitação dos processos administrativos. Além disso, poderá ele ter vista aos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas. Logo, o item está errado. Gabarito: errado. Direitos e deveres dos administrados Direitos dos administrados O art. 3¼ enumera, a ttulo exemplificativo, sem prejuzo de outros que lhe sejam assegurados, os direitos dos administrados perante a Administrao Pblica. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 68 advogado constitudo ou defensor pblico nomeado. Portanto, o verbete da Smula Vinculante n¼ 5 no se aplica aos processos administrativos disciplinares para apurar faltas graves dos presos em estabelecimentos prisionais. Isso porque esses procedimentos podem influenciar na progresso do regime dos presos, de tal forma que haver impacto no direito de liberdade dos detentos. Dessa forma, nos processos administrativos por faltas graves, no mbito penitencirio, h necessidade de defesa por advogado, constituindo essa uma exceo aplicao da Smula Vinculante n¼ 5 do STF. Neste momento, podemos aproveitar para abordar o direito a regime de tramitao prioritria, que consta no art. 69-A, includo na Lei de Processo Administrativo pela Lei 12.008/2009. Segundo a Lei, tero prioridade na tramitao, em qualquer rgo ou instncia, os procedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado: a) pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; b) pessoa portadora de deficincia, fsica ou mental; c) pessoa portadora de doena grave13. Nesse ltimo caso, a Lei lista, no inc. IV, art. 69-A, como pessoas que possuem prioridade na tramitao as portadoras de tuberculose ativa, esclerose mltipla, neoplasia maligna, hansenase, paralisia irreversvel e incapacitante, cardiopatia grave, doena de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avanados da doena de Paget (ostete deformante), contaminao por radiao, sndrome de imunodeficincia adquirida. Ao final, o dispositivo outorga o direito de tramitao prioritria ao portador de Òoutra doena grave, com base em concluso da medicina especializadaÓ. Com efeito, a prioridade se aplica mesmo que a doena tenha sido contrada aps o incio do processo. Para usufruir da prioridade, a pessoa interessada na obteno do benefcio, juntando prova de sua condio, dever requer-lo autoridade administrativa competente, que determinar as providncias a serem cumpridas (art. 69-A, ¤1¼). Aps o deferimento da prioridade, os autos 13 Mais especificamente (art. 69-A): Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 68 recebero identificao prpria que evidencie o regime de tramitao prioritria (art. 69-A, ¤2¼). Deveres dos administrados Por outro lado, o art. 4¼ apresenta alguns dos deveres do administrado perante a Administrao: I - expor os fatos conforme a verdade; II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-f; III - no agir de modo temerrio; IV - prestar as informaes que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. Início do processo e interessados (instauração) Inicialmente, vale informar que o processo administrativo possui as seguintes fases: a) instaurao; b) instruo; c) defesa;d) relatrio; e e) deciso. Alguns doutrinadores consideram que a fase de defesa ocorre somente nos processos de carter punitivo. Entretanto, o art. 44 estabelece que, encerrada a instruo, o interessado ter o direito de manifestar-se no prazo mximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado. Dessa forma, ainda que no seja chamado de ÒdefesaÓ em casos no punitivos, a regra geral que o interessado dever receber o direito de se manifestar. Portanto, ao trmino do relatrio, o processo no ser encaminhado diretamente autoridade responsvel por decidir, devendo primeiro ser oportunizado o direito de manifestao do interessado. O processo administrativo poder ser iniciado de ofcio (pela prpria Administrao) ou a pedido do interessado (por provocao) (art. 5¼). Com efeito, o requerimento inicial do interessado, salvo casos em que for admitida solicitao oral, deve ser formulado por escrito e conter os seguintes dados (art. 6¼): Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 68 a) rgo ou autoridade administrativa a que se dirige; b) identificao do interessado ou de quem o represente; c) domiclio do requerente ou local para recebimento de comunicaes; d) formulao do pedido, com exposio dos fatos e de seus fundamentos; e) data e assinatura do requerente ou de seu representante. vedada a simples recusa imotivada do recebimento dos documentos, sendo que o servidor responsvel dever orientar o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas (art. 6¼, pargrafo nico). Ademais, para facilitar os pedidos dos interessados, os rgos e entidades administrativas devero elaborar modelos ou formulrios padronizados para assuntos que importem pretenses equivalentes (art. 7¼). Alm disso, a Lei permite que uma pluralidade de interessados formule um nico requerimento quando o pedido tiver contedo e fundamentos idnticos, salvo preceito legal em contrrio (art. 8¼). De acordo com o art. 9¼ da Lei, so legitimados como interessados no processo administrativo: a) pessoas fsicas ou jurdicas que o iniciem como titulares de direitos ou interesses individuais ou no exerccio do direito de representao; b) aqueles que, sem terem iniciado o processo, tm direitos ou interesses que possam ser afetados pela deciso a ser adotada; c) as organizaes e associaes representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; d) as pessoas ou as associaes legalmente constitudas quanto a direitos ou interesses difusos. Para fins de processo administrativo, so considerados capazes os maiores de dezoito anos, ressalvada previso especial em ato normativo prprio (art. 10). 11. (Cespe - AA/ICMBio/2014) Considere que, ao conferir o conteúdo de requerimento apresentado por um cidadão ao ICMBio, o analista responsável tenha Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 68 Impedimento e suspeição Tanto o impedimento quanto a suspeio reforam os princpios da impessoalidade e da moralidade, impedindo que pessoas sem a devida imparcialidade atuem no processo administrativo. O impedimento trata de hipteses objetivas, em que a lei j determina que a autoridade no possuir imparcialidade para decidir ou atuar e, por conseguinte, no dever atuar no processo administrativo. Conforme consta no art. 18 da Lei 9.784/1999, impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situaes ocorrem quanto ao cnjuge, companheiro ou parente e afins at o terceiro grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cnjuge ou companheiro. Nessa linha, a autoridade ou servidor que incorrer em impedimento dever comunicar o fato autoridade competente, abstendo-se de atuar no processo administrativo (art. 19). Eventual omisso do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares (art. 19, pargrafo nico). A suspeio, por sua vez, possui natureza subjetiva, relacionada com amizade ntima ou inimizade notria. Nesse caso, difcil de diagnosticar de pronto quais pessoas so amigas ntimas ou inimigas notrias, por isso o seu carter subjetivo. Por consequncia disso, a autoridade no obrigada a declarar sua suspeio. Vale destacar, no impedimento a autoridade possui o dever de se declarar impedida, coisa que no ocorre na suspeio. Nesse contexto, pode ser arguida a suspeio de autoridade ou servidor que tenha amizade ntima ou inimizade notria com algum dos interessados ou com os respectivos cnjuges, companheiros, parentes e afins at o terceiro grau (art. 20). O indeferimento de alegao de suspeio poder ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo (art. 21). Outra diferena do impedimento e da suspeio que o primeiro gera presuno absoluta de incapacidade, enquanto a suspeio produz d Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 68 membro do órgão responsável pela investigação servidor que tenha interesse direto na matéria ou que venha a participar como testemunha no processo. Comentário: de acordo com o art. 18 da Lei 9.784/1999, é impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Assim, o servidor que tenha interesse direto na matéria ou que venha a participar como testemunha no processo não poderá atuar como membro do órgão responsável pela investigação. Com isso, o item está errado. Gabarito: errado. 18. (Cespe - AJ/STJ/2012) Estará impedido de atuar no processo administrativo o servidor que estiver litigando administrativamente com o interessado, hipótese em que a comunicação do fato deverá ser dirigida à autoridade competente, sob pena de configurar-se a prática de falta grave, para fins disciplinares. Comentário: nos termos do art. 18, III, da Lei 9.784/1999, estará impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que “esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro”. Com efeito, a autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deverá comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar no processo administrativo, sendo que eventual omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares (art. 19, caput e parágrafo único). Assim, a questão está perfeita. Gabarito: correto. Forma, tempo e lugar dos atos do processo Conforme observamos acima, vige no processo administrativo o princpio do informalismo. Nessa esteira, o art. 22 da Lei 9.784/1999 determina que Òos atos do processo administrativo no dependem de forma determinada seno quando a leiexpressamente a exigirÓ. Todavia, esse informalismo no absoluto, sendo que os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em vernculo, com a data e Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 68 o local de sua realizao e a assinatura da autoridade responsvel (art. 22, ¤1¼). Alm disso, o processo dever ter suas pginas numeradas sequencialmente e rubricadas (art. 22, ¤4¼). A Lei dispe que o reconhecimento de firma, salvo imposio legal, s poder ser exigido quando houver dvida de autenticidade (art. 22, ¤2¼). Ademais, a autenticao de documentos exigidos em cpia poder ser feita pelo rgo administrativo, dispensando a necessidade de reconhecimento em cartrio (art. 22, ¤3¼). Ainda de acordo com a Lei do Processo Administrativo, os atos do processo devem ser realizados em dias teis, no horrio normal de funcionamento da repartio na qual tramitar o processo. Contudo, sero concludos depois do horrio normal os atos j iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano ao interessado ou Administrao (art. 23, caput e pargrafo nico). Alm disso, os atos do processo devem ser realizados preferencialmente na sede do rgo, mas podem ser feitos em outro local, desde que o interessado seja cientificado (art. 25). No processo administrativo, inexistindo disposio especfica, os atos do rgo ou autoridade responsvel pelo processo e dos administrados que dele participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo motivo de fora maior (art. 24). Esse prazo poder ser dilatado at o dobro, mediante comprovada justificao (art. 24, pargrafo nico). Comunicação dos atos Para tomar cincia dos atos praticados no processo ou de alguma providncia que dever ser adotada, o interessado dever ser comunicado. Essa comunicao chamada de intimao. Nesse contexto, devem ser objeto de intimao os atos do processo que resultem para o interessado em imposio de deveres, nus, sanes ou restrio ao exerccio de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse (art. 28). O art. 26 da Lei 9.784/1999 dispe que o rgo competente perante o qual tramita o processo administrativo determinar a intimao do interessado para cincia de deciso ou a efetivao de diligncias. A intimao dever conter (art. 26, ¤1¼): (a) identificao do intimado e nome do rgo ou entidade administrativa; (b) finalidade da intimao; (c) data, hora e local em que deve comparecer; (d) se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se representar; (e) informao da continuidade do 9 Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 68 processo independentemente do seu comparecimento; e (f) indicao dos fatos e fundamentos legais pertinentes. Quando for exigido o comparecimento do interessado, a intimao observar a antecedncia mnima de trs dias teis (art. 26, ¤2¼). O ¤3¼ do art. 26 apresenta as formas que podem ser utilizadas para a intimao: a) por cincia no processo; b) por via postal com aviso de recebimento; c) por telegrama ou outro meio que assegure a certeza da cincia do interessado. Cumpre notar que a Lei no apresentou uma hierarquia de preferncia para os meios de notificao, podendo ser adotadas qualquer uma dessas. Especificamente no caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domiclio indefinido, a intimao deve ser efetuada por meio de publicao oficial (art. 26, ¤4¼). Em regra, as intimaes sero nulas quando feitas sem observncia das prescries legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade (art. 26, ¤5¼). Conforme ensinam os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, essa disposio tem fundamento imediato no princpio da instrumentalidade das formas, segundo o qual a forma de um ato processual destina-se a assegurar que ele cumpra os seus fins. Logo, se trata de mero instrumento, que tem por objetivo assegurar sua finalidade. Dessa forma, se a finalidade for alcanada mesmo sem observncia da norma prescrita, considera-se sanada a irregularidade15. De qualquer forma, devemos reforar que a regra a nulidade em decorrncia da ausncia de intimao. Sendo que ela s ser suprida de forma excepcional, com o comparecimento do administrado. Alm disso, o art. 27 da Lei 9.784/1999 afasta a possibilidade de a Administrao considerar como verdadeiros os fatos pelo simples motivo de o interessado desatender a intimao. Em outras palavras, se o interessado no apresentar nenhuma contestao, no significa que ele est concordando com o que foi alegado. Alm disso, ainda que no atenda intimao, ele no estar renunciando ao seu direito, podendo faz-lo em 15 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 946. 55 Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 68 Quando a matria do processo envolver assunto de interesse geral, a Lei permite que o rgo competente, mediante despacho motivado, abra um perodo de consulta pblica para manifestao de terceiros, antes da deciso do pedido, se no houver prejuzo para a parte interessada (art. 31). A abertura da consulta pblica dever ser divulgada pelos meios oficiais, a fim de que pessoas fsicas ou jurdicas possam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegaes escritas (art. 31, ¤1¼). O comparecimento consulta pblica no confere, por si, a condio de interessado do processo, mas confere o direito de obter da Administrao resposta fundamentada, que poder ser comum a todas as alegaes substancialmente iguais. Alm disso, tambm possvel a realizao de audincia pblica para debates sobre a matria do processo, antes da tomada de deciso, a juzo da autoridade, diante da relevncia da questo (art. 32). Tratando-se de matria relevante, os rgos e entidades administrativas podero estabelecer outros meios de participao de administrados, diretamente ou por meio de organizaes e associaes legalmente reconhecidas (art. 33). Os resultados da consulta, da audincia pblica e de outros meios de participao dos administrados devero ser apresentados com a indicao do procedimento adotado. O art. 35 da Lei 9.784/1999 permite tambm que seja realizada a audincia de outros rgos ou entidades administrativas em reunio conjunta, com a participao de titulares ou representantes dos rgos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos. Quanto ao nus da prova, a Lei do Processo Administrativo determina que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuzo do dever atribudo ao rgo competente para a instruo (art. 36). Todavia, quando o interessado declarar que fatos e dados esto registrados em documentos existentes na prpria Administrao responsvel pelo processo ou em outro rgo administrativo, o rgo competente para a instruo prover, de ofcio, obteno dos documentos ou das respectivas cpias (art. 37). Durante a fase instrutria e antes da tomada de deciso, o interessado poder juntar documentos e pareceres, requerer diligncias e percias, bem como aduzir alegaesreferentes matria objeto do processo (art. 38). Com efeito, somente podero ser recusadas, mediante Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 68 deciso fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilcitas, impertinentes, desnecessrias ou protelatrias (art. 38, ¤2¼). Alm disso, os elementos probatrios devero ser considerados na motivao do relatrio e da deciso. Se for necessria a prestao de informaes ou a apresentao de provas pelos interessados ou terceiros, sero expedidas intimaes para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condies de atendimento. Caso a intimao no seja atendida, o rgo competente poder, se entender relevante a matria, suprir de ofcio a omisso, no se eximindo de proferir a deciso (art. 39, caput e pargrafo nico). No entanto, quando dados, atuaes ou documentos solicitados ao interessado forem necessrios apreciao de pedido formulado, o no atendimento no prazo fixado pela Administrao para a respectiva apresentao implicar arquivamento do processo (art. 40). Nesse caso, o arquivamento s ocorre no caso de pedido formulado pelo interessado, mas que depende de informaes que no era possvel, ou no havia relevncia que justificasse, suprir de ofcio a omisso. Assim, a deciso tomada ser pelo arquivamento, que dever ser devidamente motivado e informado ao interessado. Os interessados devem ser intimados de prova ou diligncia ordenada, com antecedncia mnima de trs dias teis, mencionando-se data, hora e local de realizao. O art. 42 trata das situaes em que devem ser ouvidos rgos consultivos por meio de pareceres. Segundo o dispositivo, o parecer dever ser emitido no prazo mximo de quinze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo. Os ¤¤2¼ e 3¼ do art. 42 tratam das consequncias da no emisso de um parecer dentro do prazo fixado: a) se o parecer for obrigatrio e vinculante: o processo no ter seguimento at a respectiva apresentao, responsabilizando-se quem der causa ao atraso; Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 68 b) se o parecer for obrigatrio e no vinculante: o processo poder ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem prejuzo da responsabilidade de quem se omitiu no atendimento. Quando por disposio de ato normativo devam ser previamente obtidos laudos tcnicos de rgos administrativos e estes no cumprirem o encargo no prazo assinalado, o rgo responsvel pela instruo dever solicitar laudo tcnico de outro rgo dotado de qualificao e capacidade tcnica equivalentes (art. 43). Uma vez encerrada a instruo, o interessado ter o direito de manifestar-se no prazo mximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado (art. 44). No entanto, em caso de risco iminente, a Administrao Pblica poder motivadamente adotar providncias acauteladoras sem a prvia manifestao do interessado (art. 45). A Lei determina ainda que os interessados tm direito vista do processo e a obter certides ou cpias reprogrficas dos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo direito privacidade, honra e imagem (art. 46). Por fim, se o rgo de instruo no for competente para emitir a deciso final, ele dever elaborar relatrio indicando o pedido inicial, o contedo das fases do procedimento e formular proposta de deciso, objetivamente justificada, encaminhando o processo autoridade competente (art. 47). 20. (Cespe - AJ/CNJ/2013) As atividades desenvolvidas na fase instrutória do processo administrativo destinam-se a averiguar e a comprovar os dados necessários à tomada de decisão e são realizadas pela administração em observância ao princípio da oficialidade, não competindo ao administrado a proposição de atos probatórios. Comentário: quase isso. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão devem se realizar de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias (art. 29). Gabarito: errado. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 68 21. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Encerrada a instrução, o processo deverá ser imediatamente remetido à autoridade competente para julgá-lo, para decisão. Comentário: uma vez encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado e no caso previsto no art. 45 da Lei. Somente após esse procedimento é que o processo será remetido à autoridade para decisão. Gabarito: errado. Decisão A Administrao tem o dever de decidir nos processos administrativos e sobre solicitaes ou reclamaes, em matria de sua competncia (art. 48). O prazo para decidir at trinta dias aps a concluso da instruo do processo administrativo, salvo prorrogao por igual perodo expressamente motivada (art. 49). Da motivação De acordo com o art. 50 da Lei 9.784/1999 os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatrio; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofcio; VII - deixem de aplicar jurisprudncia firmada sobre a questo ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatrios oficiais; VIII - importem anulao, revogao, suspenso ou convalidao de ato administrativo. A motivao deve ser explcita, clara e congruente, podendo consistir em declarao de concordncia com fundamentos de anteriores pareceres, informaes, decises ou propostas, que, neste caso, sero parte integrante do ato (art. 50, ¤ 1¼) Ð o que a doutrina chama de motivao aliunde. A Lei dispe ainda que, ÒNa soluo de vrios assuntos da mesma naturezaÓ, poder ser utilizado meio mecnico que reproduza os Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 68 fundamentos das decises, desde que isso no prejudique direito ou garantia dos interessados (art. 50, ¤2¼). Por fim, a motivao das Òdecises de rgos colegiados e comisses ou de decises oraisÓ dever constar da respectiva ata ou de termo escrito (art. 50, ¤3¼). 22. (Cespe - Ag Adm/SUFRAMA/2014) Considerando que uma empresa tenha solicitado à SUFRAMA a concessão de benefícios fiscais previstos em lei para as empresas da ZFM que observassem o processo produtivo básico previsto em regulamento, julgue o item abaixo. O eventual indeferimento do referido pedido, assim como os demais atos que neguem direitos à empresa, deverá ser necessariamente motivado. Comentário:isso mesmo. O art. 50 da Lei 9.784/1999 determina que sejam motivados os atos que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses. Além disso, por imposição da Lei 9.784/1999 devem ser motivados os atos que: II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. Gabarito: correto. 23. (Cespe - AA/IBAMA/2013) De acordo com a Lei n.º 9.784/1999, serão sempre motivados os atos administrativos que decidam processos administrativos de seleção pública e recursos administrativos e revoguem ato administrativo anteriormente praticado. Comentário: vamos relembrar em quais situações os atos administrativos deverão ser motivados? Art. 50. Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica; Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 68 Comentário: e interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis (art. 51). Assim, o item está errado. Todavia, caso haja vários interessados, essa desistência é vinculada apenas àquele que a solicitou. Ademais, mesmo com o pedido de desistência ou renúncia do interessado, a Administração pode prosseguir com o processo se julgar que ele é de interesse público. Gabarito: errado. 26. (Cespe - TEFC/TCU/2012) O interessado pode renunciar ao processo administrativo ou dele desistir. Nesses casos, a administração poderá dar prosseguimento ao feito caso considere que o interesse público assim o exige. Comentário: o interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponíveis (art. 51). Porém, se a Administração considerar que o interesse público assim o exige, a desistência ou renúncia não prejudicará o prosseguimento do processo (art. 51, §2º). Gabarito: correto. Recurso administrativo e revisão O recurso administrativo ocorre quando a parte interessada, discordando com a deciso administrativa, pede a sua reforma ou reexame, dentro do prazo legal. A reviso, por outro lado, ocorre quando, a qualquer tempo, a pedido do interessado ou de ofcio pela Administrao, procede- se a adequao de sano imposta, em decorrncia do surgimento de fatos novos ou circunstncias relevantes suscetveis de justific-la. De acordo com a Lei 9.784/1999, das decises administrativas cabe recurso, em face de razes de legalidade e de mrito (art. 57). A Lei determina que o recurso ser dirigido autoridade que proferiu a deciso, a qual, se no a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhar autoridade superior (art. 56, ¤1¼). Percebe-se, portanto, que se trata de recurso hierrquico, uma vez que ser apreciado por autoridade hierarquicamente superior que proferiu a deciso objeto do recurso. O ¤2¼ do art. 56 determina que, salvo exigncia legal, a interposio de recurso administrativo independe de cauo (garantia de instncia). Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 68 e ¤1¼16). Acolhida pelo STF a reclamao fundada em violao de enunciado da smula vinculante, dar-se- cincia autoridade prolatora e ao rgo competente para o julgamento do recurso, que devero adequar as futuras decises administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilizao pessoal nas esferas cvel, administrativa e penal (Lei 9.784/1999, art. 64-B). O art. 58 trata de quem possui legitimidade para interpor recurso administrativo, so eles: I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela deciso recorrida; III - as organizaes e associaes representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; IV - os cidados ou associaes, quanto a direitos ou interesses difusos. Salvo disposio legal especfica, de dez dias o prazo para interposio de recurso administrativo, contado a partir da cincia ou divulgao oficial da deciso recorrida (art. 59). Quando a lei no fixar prazo diferente, o recurso administrativo dever ser decidido no prazo mximo de trinta dias, a partir do recebimento dos autos pelo rgo competente (art. 59, ¤1¼). Esse prazo poder ser prorrogado por igual perodo, ante justificativa explcita (art. 59, ¤2¼). Ressalva-se que o prazo para tomada de deciso (30 dias, prorrogveis por igual perodo) um prazo imprprio (no preclusivo), ou seja, se a deciso for tomada fora desse prazo, no ocorrer a nulidade da deciso. Nesse caso, a nica consequncia poder ser a responsabilizao funcional do agente que deu causa ao atraso. Por outro lado, o prazo de dez dias para interposio de recurso administrativo preclusivo, ou seja, trata-se de prazo prprio, uma vez que o recurso interposto fora do prazo no ser reconhecido. Aproveitando, o art. 63 dispe que no ser reconhecido recurso quando interposto: I - fora do prazo; II - perante rgo incompetente; 16 Art. 7o Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de impugnação. § 1o Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 68 III - por quem no seja legitimado; IV - aps exaurida a esfera administrativa. No caso de recurso interposto perante rgo incompetente, ser indicada ao recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso (art. 63, ¤1¼). Alm disso, o no conhecimento do recurso no impede a Administrao de rever de ofcio o ato ilegal, desde que no ocorrida precluso administrativa Ð impossibilidade de apreciar a matria novamente na via administrativa. O recurso interpe-se por meio de requerimento no qual o recorrente dever expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes (art. 60). Salvo disposio legal em contrrio, o recurso no tem efeito suspensivo (art. 61) Ð por consequncia, s possuir o denominado efeito devolutivo. Pelo efeito devolutivo, o recurso faz com que toda a matria seja ÒdevolvidaÓ para que a instncia superior anule, reformule ou mantenha a deciso. Entretanto, enquanto o recurso no for concludo, os efeitosda deciso continuam em vigor. Por outro lado, o efeito suspensivo faz com que a deciso deixe de ser executada at a anlise do recurso, ou seja, ele suspende os efeitos da deciso. Dessa forma, a regra que os recursos administrativos no possuam efeito suspensivo. Contudo, a Lei permite que, havendo justo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao decorrente da execuo, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior poder, de ofcio ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso (art. 61, ¤1¼). Interposto o recurso, o rgo competente para dele conhecer dever intimar os demais interessados para que, no prazo de cinco dias teis, apresentem alegaes (art. 62). O art. 64 confere os poderes para o rgo competente decidir o recurso, que poder confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deciso recorrida, se a matria for de sua competncia. O pargrafo nico do mesmo artigo permite ainda que a reforma de deciso Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 68 agrave a situao do recorrente (reformatio in pejus), desde que ele seja cientificado para que formule suas alegaes antes da deciso. Os processos administrativos de que resultem sanes podero ser revistos (reviso), a qualquer tempo, a pedido ou de ofcio, quando surgirem fatos novos ou circunstncias relevantes suscetveis de justificar a inadequao da sano aplicada. Nesse caso, todavia, no poder resultar agravamento da sano. Assim, a lei permite o agravamento da situao do recorrente (reformatio in pejus) somente nos recursos administrativos, mas veda expressamente no caso de reviso de processos que resultem sanes. A reformatio in pejus possvel nos recursos administrativos, mas vedada na reviso. 27. (Cespe - Ag Adm/SUFRAMA/2014) Considerando que uma empresa tenha solicitado à SUFRAMA a concessão de benefícios fiscais previstos em lei para as empresas da ZFM que observassem o processo produtivo básico previsto em regulamento, julgue o item abaixo. Em caso de indeferimento do pedido da empresa, caberá recurso administrativo, que será dirigido à autoridade que proferiu a decisão. Se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, a autoridade o encaminhará à autoridade superior. Comentário: o recurso administrativo ocorre quando a parte interessada, discordando com a decisão administrativa, pede a sua reforma ou reexame, dentro do prazo legal. Dessa forma, o art. 56 da Lei 9.784/1999 estipula que esse recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. Portanto, o item está correto. Gabarito: correto. 28. (Cespe - TEFC/TCU/2012) Cidadãos ou associações têm legitimidade para interpor recurso administrativo para a defesa de direitos ou interesses difusos. Comentário: segundo o art. 58 da Lei, têm legitimidade para interpor recurso (1) os titulares de direitos e interesses que forem parte no processo; (2) aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente afetados pela decisão Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 68 recorrida; (3) as organizações e associações representativas, no tocante a direitos e interesses coletivos; e (4) os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses difusos. Gabarito: correto. 29. (Cespe - AUD/TCE ES/2012) Com base na jurisprudência do STF e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), julgue o próximo item, que versa sobre direito administrativo. É permitido à administração pública exigir do administrado, para a admissibilidade de recurso administrativo, depósito prévio em dinheiro. Comentário: não é permitido à administração pública exigir do administrado, para admissibilidade de recurso administrativo, depósito prévio em dinheiro. Nesse sentido, o STF possui entendimento constante na Súmula Vinculante nº 21, nos seguintes termos: “É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo”. Portanto, o item está errado. Gabarito: errado. A respeito do processo administrativo no âmbito da administração pública federal, conforme disposições da Lei n.º 9.784/1999, julgue o item abaixo. 30. (Cespe - TA/ANCINE/2012) Se de processo administrativo resultar punição, o servidor punido poderá solicitar revisão do processo, desde que apresente novos fatos. Comentário: de acordo com o art. 65 da Lei 9.784/1999, os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção aplicada. Assim, o item está correto, pois o servidor punido poderá solicitar revisão do processo, desde que apresente novos fatos. Gabarito: correto. 31. (Cespe - AJ/STJ/2012) Os processos administrativos de que resultem sanções podem ser revistos a qualquer tempo, a pedido ou de ofício; dessa revisão pode resultar o agravamento da sanção, diferentemente do que ocorre na esfera judicial. Comentário: o art. 65, parágrafo único, não permite o agravamento da sanção em revisão. Ou seja, por meio de revisão não se admite a reformatio in pejus. Logo, o item está errado. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 68 Lembramos, porém, que, por meio de recurso administrativo, é possível agravar a situação do administrado, desde que ele seja cientificado para formular suas alegações antes da decisão. Gabarito: errado. 32. (Cespe – DP DF/2013) Considere que, negado o pleito de um indivíduo perante a administração pública, o chefe da respectiva repartição pública tenha inadmitido o recurso administrativo sob a alegação de que o recorrente não teria apresentado prévio depósito ou caução, exigidos por lei. Nessa situação hipotética, o agente público agiu de acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, visto que, segundo entendimento do STF, a exigência de depósito ou caução pode ser realizada desde que amparada por lei. Comentário: na situação apresentada, o agente público não agiu segundo os preceitos brasileiros, visto que o STF, por meio da Súmula Vinculante nº 21, considerou que é inconstitucional a exigência de garantia de instância para interposição de recurso administrativo. Logo, a cobrança não deveria ocorrer. Gabarito: errado. Prazos As regras sobre os prazos constam no art. 66, e seus pargrafos, e no art. 67 da Lei 9.784/1999, que, sinteticamente, estabelecem o seguinte: a) os prazos comeam a correr a partir da data da cientificao oficial, excluindo-se da contagem o dia do comeo e incluindo-se o do vencimento (art. 66, caput); b) considera-se prorrogado o prazo at o primeiro dia til seguinte se o vencimento cair em dia em que no houver expediente ou este for encerrado antes da hora normal (art. 66, ¤1¼); c) os prazos expressos em dias contam-se de modo contnuo (art. 66, ¤2¼); d) os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data. Se no ms do vencimento no houver o dia equivalente quele do inciodo prazo, tem-se como termo o ltimo dia do ms (art. 66, ¤3¼); e) os prazos processuais no se suspendem, salvo motivo de fora maior devidamente comprovado (art. 67). Vejamos como isso j foi cobrado em prova. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 68 a) pelo contrário, inexistindo competência legal específica, o processo administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierárquico para decidir (art. 17) – ERRADA; b) nos termos do art. 12 da Lei de Processo Administrativo, um órgão administrativo e seu titular poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. Portanto, a delegação pode ocorrer com ou sem subordinação hierárquica – CORRETA; c) a competência é irrenunciável. Contudo, são admitidas a delegação e a avocação, mas isso não representa renúncia de competência (art. 11). Ademais, um dos critérios aplicáveis ao processo administrativo é o atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei – ERRADA; d) é vedada a delegação em três situações (art. 13): (i) edição de atos de caráter normativo; (ii) decisão de recursos administrativos; (iii) matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade. Assim, não existe possibilidade de se delegar a atribuição de decidir recursos administrativos – ERRADA; e) o ato de delegação poderá conter ressalva de exercício da atribuição delegada. Ademais, o ato de delegação deverá especificar as matérias e poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível – ERRADA. Gabarito: alternativa B. 35. (Cespe – Analista Judiciário/TRE-PI/2016) No curso de um processo administrativo, poderá ser arguida a suspeição de servidor que a) tiver participado como perito. b) estiver litigando administrativamente com o companheiro do interessado. c) estiver litigando judicialmente com o interessado. d) tiver amizade íntima com o cônjuge do interessado. e) tiver interesse indireto na matéria. Comentário: a suspeição decorre de causas subjetivas, podendo ser arguida caso a autoridade ou o servidor tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau (art. 20). Assim, está correta a alternativa D. Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 68 As demais opções representam causa de impedimento, nos termos do art. 18 da Lei 9.784/1999. Gabarito: alternativa D. 36. (Cespe – Técnico Judiciário/TRE-PI/2016) A respeito das normas insertas na Lei n.° 9.784/1999, que disciplina o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, assinale a opção correta. a) O direito da administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que forem praticados, salvo comprovada má-fé. b) Quem é ouvido na qualidade de testemunha acerca de faltas disciplinares pode ser membro da comissão formada para apurá-las, se não for apresentada impugnação a tempo e modo. c) A participação de membro de comissão disciplinar na apuração de fatos que resultarem na pena de suspensão do servidor impedirá que esse membro integre nova comissão disciplinar em processo para apuração de outros fatos que possam resultar em nova apenação ao mesmo servidor. d) O ato administrativo de remoção de servidor público independe de motivação, pois envolve juízo de conveniência e oportunidade. e) As normas da lei em apreço não podem ser aplicadas de forma subsidiária no âmbito dos estados-membros, porque disciplinam o processo administrativo apenas no âmbito da administração pública federal. Comentário: a) de acordo com o art. 54 da Lei 9.784/1999, o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé – CORRETA; b) consoante o art. 18, II, da Lei 9.784/1999, é impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau – ERRADA; c) além da situação mencionada na alternativa anterior, também representa hipótese de impedimento, de acordo com o art. 18 da Lei 9.784/1999: (i) ter interesse direto ou indireto na matéria; (ii) estar litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Como se nota, a legislação não enumera como causa de impedimento o fato de Noes de Direito Administrativo p/ INSS Tcnico de Seguro Social Teoria e exerccios comentados Prof. Herbert Almeida Ð Aula 10 Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 68 já ter apurado em comissão anterior que ensejou a aplicação de alguma sanção disciplinar para o mesmo agente investigado – ERRADA; d) a remoção ocorre quando um servidor público é deslocado, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede. Com efeito, a Lei 9.784/1999 dispõe que os atos administrativos devem ser motivados, entre outras situações, quando negar, limitar ou afetar direitos ou interesses. No caso da remoção, em que o servidor está sendo deslocado, nitidamente estão sendo afetados os seus direitos ou interesses. Portanto, o ato de remoção deve ser motivado, mesmo quando praticado dentro da esfera discricionária da autoridade pública – ERRADA; e) de fato, a Lei 9.784/1999 é uma lei federal e, por conseguinte, aplica-se aos órgãos da Administração Pública federal. Todavia, o STJ possui entendimento pacífico de que é possível aplicara Lei 9.784/1999, de forma subsidiária, nos estados e municípios que não dispõem de legislação própria de processo administrativo. Exemplo da aplicação desse entendimento ocorreu no REsp 1.148.460/PR, em que se entendeu que “A Lei 9.784/99 pode ser aplicada de forma subsidiária no âmbito dos demais Estados-Membros, se ausente lei própria regulando o processo administrativo no âmbito local” – ERRADA. Gabarito: alternativa A. 37. (Cespe – Técnico Judiciário/TRE-PI/2016) Ainda à luz das disposições da Lei n.º 9.784/1999, assinale a opção correta. a) A administração, no exercício da atividade punitiva, submete-se à observância das garantias subjetivas consagradas no processo penal contemporâneo. b) Em atenção ao devido processo legal, no processo administrativo haverá testemunhas de defesa e testemunhas de acusação. c) A ciência dos atos praticados em processo administrativo, a ser dada ao interessado, deve ser pessoal, e o comparecimento voluntário da parte não suprirá a falta ou irregularidade da intimação. d) Não é admitida a instauração de ofício de processo administrativo disciplinar com base em denúncia anônima. e) É de cinco dias
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