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Manual_de_saude_ambiental

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Prévia do material em texto

Higiene AmbientAl | i
República de Moçambique
Ministério da Saúde
Direção de Recursos Humanos
Departamento de Formação
Manual de ForMação
para Técnicos de Medicina
prevenTiva e saúde do Meio
saúde aMbienTal
ii | Higiene AmbientAl
© 2011. Ministério da Saúde.
Esta publicação do Ministério da Saúde de Moçambique (MISAU) foi realizada com apoio da Agência de Cooperação Inter-
nacional do Japão (JICA). É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. 
1.ª edição – Ano 2011
Elaboração, distribuição e informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Direcção de Recursos Humanos
Departamento de Formação
Repartição de Planificação e Desenvolvimento Curricular (RPDC)
Av. Eduardo Mondlane, 4.º andar
Maputo – MZ
Coordenação
Lucy Sayuri Ito (JBPP/DRH - Departamento de Formação)
Extra Chadreque (DRH - Departamento de Formação)
Créditos
Fidel Luis Paizone
 (Direcção Provincial de Saúde – Inhambane)
Colaboradores
Lucy Ramirez (DRH - Departamento de Formação)
Carlos Bambo (DRH - Departamento de Formação)
Revisor de português
Extra Chadreque (DRH - Departamento de Formação)
 Higiene AmbientAl | iii
PREfáCIO 
A melhoria da saúde ambiental é um elemento essencial do sistema de cuida-
dos de saúde primário, e coloca mais ênfase na prevenção do que na cura de 
doenças evitáveis. Existe uma relação essencial entre o ambiente no qual as 
pessoas vivem e a boa saúde mas, apesar dos progressos que tem vindo a ser 
registados, ainda há muito a ser feito.
Este manual foi elaborado com a colaboração de profissionais da área de Me-
dicina Preventiva, docentes e técnicos do departamento de formação. Nele 
contém uma compilação de informação com objectivo de orientar na actuali-
zação prática e padronizada os docentes e alunos sobre actividades de educa-
ção e promoção de saúde da comunidade. Cada um dos temas foi elaborado 
de maneira a permitir que os alunos encontrem nele informações sobre meto-
dologias de abordagem de higiene ambiental.
Dado que actualmente não existem ferramentas para facilitar a formação ade-
quada dos alunos em relação à higiene ambiental, acreditamos que este ins-
trumento poderá ser utilizado por eles para a promoção de actividades que 
ajudem a prevenir as enfermidades transmitidas através da água, dejectos, 
animais e outros vectores que poderão ter um impacto directo sobre a saúde 
da comunidade. 
O manual foi escrito numa linguagem simples e acessível para que seja de fácil 
compreensão para o aluno das Instituições de Formação em Saúde.
Maputo, Novembro de 2011
Alexandre J. L. Manguele
Ministro da Saúde
iv | Higiene AmbientAl
ObjECTIvOS DA APRENDIzAgEM
No final do tempo lectivo desta disciplina, o formando deverá ser capaz de:
1. Promover e participar em actividades de saneamento do meio na sua área de 
saúde (na unidade sanitária e na comunidade)
2. Promover a deposição adequada de dejectos 
3. Promover a gestão correcta de lixo
4. Reconhecer e divulgar a importância da estabulação de animais
5. Controlar artrópodes, roedores e outros vectores
6. Explorar problemas sanitários resultantes da existência de animais soltos e des-
controlados (ex: raiva) 
7. Promover o tratamento da água para o consumo humano
 Higiene AmbientAl | v
Índice
1. Higiene e sAúde - evolução HistóricA . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2. conceitos utilizAdos nA áreA de sAúde relAcionA-
dos Ao meio Ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.1. Saneamento do meio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2. Salubridade ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3. Saúde ambiental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.4. Meio ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.5. Saúde pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3. sAneAmento básico e sAúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.1. Conceito de saneamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
3.2. Importância do saneamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
3.3. Acções de saneamento do meio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4. A importânciA dA águA nA sAúde públicA . . . . . . . . . . . 11
4.1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
4.2. Ciclo da água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4.3. Aspectos sanitários da água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4.4. Requisitos de potabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
vi | Higiene AmbientAl
4.5. Quantidade de água — necessidades . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4.6. Fontes de água potável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.7. Categorias de fontes/origens de água potável . . . . . . . . . . 22
4.7. Sistemas de abastecimento de água . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.8. Sistema público de abastecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.9. Tratamento doméstico da água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.10. Controlo da qualidade da água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
5. doençAs infecciosAs relAcionAdAs com A águA . . . 32
6. esgoto, colHeitA e trAtAmento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
6.1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6.2. Definição e composição dos esgotos . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.3. O tratamento do esgoto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.4. Tipos de esgotos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
6.5. Tipos usuais de tratamento de esgoto . . . . . . . . . . . . . . . . 40
7. lAtrinAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
7.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
7.2. Especificações para construção de latrinas . . . . . . . . . . . . 46
7.3. Deposição e tratamento dos dejectos humanos . . . . . . . . 47
7.4. Uso de latrinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
7.5. Onde construir latrinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
7.6. Tipos de latrinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
7.7. Manutenção das latrinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
7.8. O que fazer se não houver latrina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
7.9. Latrinas ecológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
 Higiene AmbientAl | vii
7.10. Tipos de latrinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
8. deposição de excretAs / dejetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
8.1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
8.2. Soluções individuais para destino dos dejectos . . . . . . . . . 57
8.3. Importância sanitária dos dejetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
8.4. Importância econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
9. doençAs infecciosAs relAcionAdAs com excretAs 60
9.1. Doenças relacionadas com dejetos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
9.2. Modos de transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
9.3. Soluções individuais para o destino dos dejectos em Mo-
çambique . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
10. clAssificAção e gestão de resíduos sólidos . . . . . . . 65
10.1. Conceito de lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
10.2. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
10.3. Destino do lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 68
10.4. Os 3 rs para controle do lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
10.5. Doenças infecciosas relacionadas com o lixo . . . . . . . . . . 74
11. gestão do lixo HospitAlAr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
11.1. Conceito de lixo hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
11.2. Tipos de lixo hospitalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
11.3. Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
11.4. Gestão do lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
11.5. Descarte do lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
11.6. Incineração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
viii | Higiene AmbientAl
11.7. Enterramento do lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
11.8. Como descartar lixo perigoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
12. estAbulAção de AnimAis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
12.1. Importância da estabulação dos animais . . . . . . . . . . . . 95
13. controlo de Antrópodes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
13.1. Entomologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
13.2. Importância sanitária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
13.3. Importância económica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
13.4. Principais insectos vectores e causadores de doenças . 100
13.5. Doenças trasmitidas por insectos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
13.6. Controle dos insectos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
13.7. Medidas de controle dos artropodes . . . . . . . . . . . . . . . 106
14. controlo de roedores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
14.1. Classificação dos roedores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
14.2. Doenças transmitidas e patógenos veiculados . . . . . . . 108
14.3. Como evitar a proliferação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
15. práticAs HigiênicAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
15.1. Higiene . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
16. Higiêne AlimentAr . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
16.1. Higiene dos alimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
17. referênciAs bibliográficAs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
 Higiene AmbientAl | 1
1. HIGIENE E SAÚDE - EVOLUÇÃO HISTÓRICA
ObjETIvOS
1. Conhecer a evolução histórica da Higiene e Ambiente
RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/
APRENDIZAGEM
Conteúdo
Objectivos da 
Aprendizagem
Ensino/Aprendizagem
Actividades
Introdução a Higiene 
Ambiental
Conhecer a evolução 
histórica da Higiene e 
Ambiente
As aulas consistirão em exposições 
dialogadas e avaliação diagnóstica do 
conhecimento dos alunos sobre a matéria; 
Elas abordarão aspectos relacionados com 
a evolução histórica da higiena ambiental. 
Os recursos didáticos a serem utilizados 
constarão de projetor multimídia 
(datashow), quadro e canetas de filtro.
EvOluçãO HISTóRICA DA HIgIENE AMbIENTAl
O reconhecimento da importância do saneamento e de sua associação com a saúde do 
homem remonta das mais antigas culturas. Ruínas de uma grande civilização, que se desen-
volveu ao norte da Índia há cerca de 4.000 anos atrás, indicam evidências de hábitos sani-
tários, incluindo a presença de banheiros e de esgotos nas construções, além de drenagem 
nas ruas. É igualmente de grande significado histórico a visão de saneamento de outros 
povos, como o registro da preocupação com o escoamento da água no Egito, os grandes 
aquedutos e os cuidados com o destino dos dejetos na cultura cretomicênica e as noções 
2 | Higiene AmbientAl
de engenharia sanitária dos quíchuas.
O próprio Velho Testamento apresenta diversas abordagens vinculadas às práticas sanitá-
rias do povo judeu, como, por exemplo, sobre a importância do uso da água para limpeza: 
“roupas sujas podem levar a doenças como a escabiose”; “sujeira pode levar à insanidade”. 
Em função desta visão, cuidados como a garantia de que os poços fossem mantidos tam-
pados, limpos e distantes de possíveis fontes de poluição e de árvores, são mencionados 
naquela obra.
Existem relatos, do ano 2.000 antes de Cristo, de tradições médicas, na Índia, recomendan-
do que “a água impura deve ser purificada, pela fervura sobre um fogo, pelo aquecimento 
no sol, mergulhando um ferro em brasa dentro dela, ou pode ainda ser purificada por filtra-
ção em areia ou cascalho, e então resfriada”.
Alguns autores chegam a afirmar que a saúde pública iniciou quando o homem se aperce-
beu que da vida em comunidade resultavam perigos especiais para a saúde dos indivíduos 
e foi descobrindo, consciente e inconscientemente, meios de reduzir e evitar esses perigos. 
Assim, a experiência prática evoluiu para medidas e hábitos; estes para regras e leis e, fi-
nalmente, para a construção de um esboço, mesmo incipiente, de uma atuação coletiva, 
constituindo a saúde pública.
No desenvolvimento da civilização greco-romana, por outro lado, são inúmeras as referên-
cias às práticas sanitárias e higiênicas vigentes e à construção do conhecimento relativo à 
associação entre esses cuidados e o controle das doenças. Significativos, nesse aspecto, 
constituem os escritos hipocráticos, a partir do século IV a.C., como o livro Ares, águas e 
lugares, considerado um tratado sobre ecologia humana. Nele, localiza-se o primeiro esfor-
ço sistemático para apresentar as relações causais entre factores do meio físico e doença. 
Essa obra forneceu o sustentáculo teórico para a compreensão das doenças endêmicas e 
epidêmicas, permanecendo suas postulações sem mudanças fundamentais até o século 
XIX. Segundo DUBOS (1968), “a importância das forças ambientais para os problemas da 
biologia, da medicina e da sociologia humanas nunca foi formulada com maior amplitude 
ou com visão mais penetrante do que na aurora da história científica”.
O avanço das práticas sanitárias colectivas, a par do aludido desenvolvimento conceitual 
do tema, encontrou sua expressão mais marcante na Antiguidade nos aquedutos, banhos 
 Higiene AmbientAl | 3
públicos, termas e esgotos romanos, tendo como símbolo histórico a conhecida Cloaca 
Máxima de Roma.
Na trajetória mais recente da saúde pública, John Snow já comprovava cientificamente a 
associação entre a fonte de água consumida pela população de Londres e a incidência de 
cólera. A despeito dessa demonstração, influentes sanitaristas, como Chadwick, já defen-
diam a importância do saneamento, fundamentados na teoria miasmática. A investigação 
de Snow ocorreu cerca de 20 anos antes do início da Era Bacteriológica, com Pasteur, Koch 
e outros cientistas.
Além de investigações pontuais, o próprio processo de implantação de sistemas colectivos 
de saneamento, iniciado no século passado, tem apontado para um progressivo reflexo 
positivo sobre a saúde, independente de um respaldo científico para as conclusões. No Es-
tado de Massachusetts (Estados Unidos), o decréscimo da mortalidade por febre tifóide e 
a diminuição da parcela populacional sem acesso ao abastecimento de água apresentaram 
uma tendência histórica, no período 1885-1940, com impressionante similaridade. Da mes-
ma forma, na França do século XIX, verificou-se um incremento na esperança de vida, nas 
cidades de Lyon, Paris e Marselha, em um período imediatamente posterior à melhoria dos 
serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário locais. Em Costa Rica, inferiu 
uma associação entre a involução da taxa de mortalidade por diarréia e por gastroenterite 
e a evolução da cobertura populacional por abastecimento de água, a partir da décadade 
40 (Fig. 1).
4 | Higiene AmbientAl
Figura 1. Taxa de Mortalidade por diarréia gastro intestinal pelo consumo de água não 
tratada
Somente no século passado é que se começou a dispensar maior atenção à protecção da 
qualidade de água, desde sua captação até sua entrega ao consumidor. Essa preocupação 
se baseou nas descobertas, quando diversos cientistas mostraram que havia uma relação 
entre a água e a transmissão de muitas doenças causadas por agentes físicos, químicos e 
biológicos.
 Higiene AmbientAl | 5
2. CONCEITOS UTILIZADOS NA ÁREA DE SAÚDE 
RELACIONADOS AO MEIO 
AMBIENTE
ObjETIvOS
1.	 Conhecer os principais conceitos utilizadas na área de saúde relacionados ao 
meio ambiente
RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/
APRENDIZAGEM
Conteúdo
Objectivos da 
Aprendizagem
Ensino/Aprendizagem
Actividades
Conceitos utilizados 
na área de saúde 
relacionados ao meio 
ambiente
Conhecer os principais 
conceitos utilizados 
na área de saúde 
relacionados ao meio 
ambiente
As aulas consistirão em breve exposições 
dialogadas sobre o conceito utilizado na área 
de saúde relacionados ao meio ambiente e 
sua generalidade onde o docente irá fazer 
uma avaliação diagnóstica do conhecimento 
dos alunos em relação a matéria.
Os recursos didáticos a serem utilizados 
constarão de projetor multimídia (datashow), 
quadro e canetas de filtro.
6 | Higiene AmbientAl
2.1. SANEAMENTO DO MEIO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os 
factores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre 
o bem estar físico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento carac-
teriza o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objectivo alcançar Salubridade 
Ambiental
2.2. SAlubRIDADE AMbIENTAl
É o estado de higidez (estado de saúde normal) em que vive a população urbana e rural, 
tanto no que se refere a sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de en-
demias ou epidemias veiculadas pelo meio ambiente, como no tocante ao seu potencial 
de promover o aperfeiçoamento de condições mesológicas (que diz respeito ao clima e/ou 
ambiente) favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar.
2.3. SAÚDE AMbIENTAl
Saúde ambiental aborda os aspectos da saúde e qualidade de vida humana determinados 
por factores ambientais, sejam estes físicos, químicos, biológicos ou sociais. Refere-se tam-
bém à teoria e prática de avaliação, correção, controle e prevenção daqueles factores que, 
presentes no ambiente, podem afetar potencialmente de forma adversa a saúde humana 
de gerações presentes ou futuras. (OMS – Organização Mundial de Saúde)
2.4. MEIO AMbIENTE
Meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
2.5. SAÚDE PÚblICA 
É a arte de promover e recuperar a saúde, orientando não apenas a pessoa doente mais 
também ao homem são, além de investigar as causas que existem no meio que o rodeiam. 
Saúde pública é acima de tudo uma medicina preventiva e tem como aliado principal o 
saneamento básico, o qual envolve a educação sanitária.
 Higiene AmbientAl | 7
3. SANEAMENTO BÁSICO E SAÚDE 
ObjECTIvOS
1. Definir saneamento
2. Descrever as acções de saneamento do meio
3. Reconhecer a importância do saneamento do meio na vida humana 
4. Planificar acções de promoção de saneamento do meio na sua área de saúde 
5. Programar intervenções específicas de saneamento para situação de emergên-
cia
8 | Higiene AmbientAl
RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/
APRENDIZAGEM
Conteúdo Objectivos da Aprendizagem
Ensino/Aprendizagem
Actividades
Saneamento do meio
a) Definir Saneamento;
b) Descrever as acções de 
saneamento do meio;
c) Reconhecer a importância do 
saneamento do meio na vida 
humana; 
d) Planificar acções de 
promoção de saneamento do 
meio na sua área de saúde; 
e) Programar intervenções 
específicas de saneamento para 
situação de emergência.
As aulas consistirão em uma 
breve exposição dialogada sobre o 
conceito do saneamento do meio 
e sua generalidade onde o docente 
em forma de um debate, fara uma 
avaliação do conhecimento dos 
alunos em relação a matéria.
Os recursos didáticos a serem 
utilizados constarão de projetor 
multimídia (datashow), quadro e 
canetas de filtro
a) Visitar locais públicos 
(escolas, mercados, residências) 
para avaliar o grau de higiene e 
saneamento de meio
b) Produzir um relatório com 
propostas de soluções dos 
problemas
As aulas práticas serão 
desenvolvidas em locais públicos 
como é o caso de (escolas, 
mercados, residências, pastelarias, 
restaurantes, hotéis, etc), com vista 
a se avaliar o grau do cumprimento 
das medidas preventivas das várias 
doenças relacionadas com a questão 
do saneamento do meio.
3.1. CONCEITO DE SANEAMENTO 
O verbo sanear quer dizer tornar são, habitável, sanar, remediar, restituir ao estado normal. 
A expressão SANEAMENTO BÁSICO trata dos problemas relativos ao abastecimento d’água, 
à colheita e disposição dos esgotos sanitários, ao controle da poluição causada por esses 
esgotos, à drenagem urbana (águas pluviais) e ao acondicionamento, colheita, transporte e 
destino final dos resíduos sólidos.
Saneamento básico é factor de protecção à qualidade de vida, sua inexistência comprome-
te a saúde pública, o bem-estar social e degrada o meio ambiente. 
 Higiene AmbientAl | 9
Sanear quer dizer, tornar são, sadio, saudável. Pode-se concluir, portanto, que Saneamento 
equivale à saúde. Assim sendo, parte-se do pressuposto de que um dos mais importantes 
factores determinantes da saúde são as condições ambientais.
O conceito de saúde entendido como um estado de completo bem-estar físico, mental e 
social, não restringe o problema sanitário ao âmbito das doenças. Hoje, além das acções 
de prevenção e assistência, considera-se cada vez mais importante atuar sobre os factores 
determinantes da saúde. É este o propósito da promoção da saúde, que constitui o ele-
mento principal das propostas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização 
Pan-Americana de Saúde (OPS).
3.2. IMPORTâNCIA DO SANEAMENTO
A utilização do saneamento como instrumento de promoção da saúde pressupõe a supe-
ração dos entraves tecnológicos políticos e gerenciais que têm dificultado a extensão dos 
benefícios aos residentes em áreas rurais, municípios e localidades de pequeno porte.
A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial, estão intrinsecamen-
te relacionados com o meio ambiente. Um exemplo disso é a diarréia que, com mais de 
quatro bilhões de casos por ano, é uma das doenças que mais aflige a humanidade (causa 
de 30% das mortes de crianças com menos de um ano de idade). Entre as causas dessa 
doença destacam-se as condições inadequadas de saneamento
3.3. ACçõES DE SANEAMENTO DO MEIO
A oferta do saneamento associa sistemas constituídos por uma infra-estrutura física e uma 
estrutura educacional, legal e institucional, que abrange os seguintes serviços: 
1. Abastecimento de água às populações, com a qualidade compatível com a pro-
tecção de sua saúde e em quantidade suficiente para a garantia de condições básicas 
de conforto
2. Colheita, tratamento e disposição ambientalmente adequada e sanitariamente 
segura de águas residuárias (esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrí-
cola)
10 | Higiene AmbientAl
Figura 2.
3. Acondicionamento, colheita, transporte e/ou destino final dos resíduos sólidos 
(incluindo os rejeitos provenientes das atividades doméstica, comercial e de servi-
ços, industrial e pública)
4. Colheita de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações
5. Controle de vectores de doença transmissíveis (insetos, roedores, moluscos, etc.)
6. Saneamento dos alimentos
7. Saneamento dos meios de transportes
8. Saneamento e planejamento territorial
9. Saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educaçãoe de recreação e 
dos hospitais e
10. Controle da poluição ambiental – água, ar e solo, acústica e visual
 Higiene AmbientAl | 11
4. A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NA SAÚDE PÚBLICA
ObjETIvOS:
1. Conhecer o ciclo da água
2. Distinguir os aspectos sanitários inerentes a água
3. Conhecer os tipos de fontes de água potável e suas categorias
4. Conhecer os diferentes sistemas de abastecimento de água
5. Conhecer os métodos de desinfecção de poços e depósitos de água
6. Conhcere os métodos de tratamento da água
7. Recolher amostras correctamente, transportar e enviar ao Laboratórios
8. Controlar a qualidade da água usando o kit portátil
9. Discutir formas de aproveitamento da água da chuva
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RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/
APRENDIZAGEM
Conteúdo Objectivos da Aprendizagem
Ensino/Aprendizagem
Actividades
Importância 
da água na 
saúde pública
a) Conhecer o ciclo da água
b) Distinguir os aspectos sanitários inerentes a 
agua
c) Conhecer os tipos de fontes de água potável e 
suas categorias
d) Conhecer os diferentes sistemas de 
abastecimento de água
e) Descrever as formas de tratamento de água 
(físico, químico e completo)
f) Conhecer o sistema de tratamento para 
abastecimento em meio urbano
g) Conhecer o mecanismo de desinfecção de poços 
e depósitos de água
h) Conhecer mecanismos de tratamento de água 
em situações de emergência e calamidades
i) Aplicar o regulamento sobre a qualidade da água 
para o consumo humano
j) Programar e implementar acções de promoção 
de consumo de água tratada na sua área de saúde.
As aulas consistirão em 
exposições dialogadas 
coadjuvada pela técnica 
de discussão em 
grupo. Elas abordarão 
aspectos relacionados 
a água, importância, 
fontes, tratamento e 
importância. 
Os recursos didáticos 
a serem utilizados 
constarão de projetor 
multimídia (datashow), 
quadro e canetas de 
filtro.
a) Desinfectar de poços e depósitos de água;
b) Visitar estacão de tratamento de água;
c) Recolher amostras correctamente, transportar e 
enviar ao Laboratórios;
d) Controlar a qualidade da água usando o kit 
portátil;
e) Discutir formas de aproveitamento da água da 
chuva
As aulas práticas serão 
desenvolvidas com a 
técnica de demostração 
tendo em consideração 
o desenvolvimento de 
técnicas e recursos que 
permitam ao aluno 
realizar as actividades.
4.1. INTRODuçãO
Nenhuma forma de vida, animal ou vegetal, é possível sem água, razão porque esta é consi-
derada um recurso de primeira necessidade. Sendo verdade que as primeiras comunidades 
 Higiene AmbientAl | 13
humanas da história se organizavam para viver nas proximidades dos cursos de água, tam-
bém não existem dúvidas que a água continua a constituir um dos factores mais importan-
tes para o progresso das sociedades contemporâneas. Nenhuma comunidade pode viver 
ou evoluir sem um abastecimento adequado de água, que permita aos seus habitantes 
viver de modo saudável e confortável, e que contribua para o desenvolvimento da sua 
economia.
Esta noção de evolução não pode ser concebida sem, simultaneamente, se considerar a sua 
salubridade. Além do abastecimento em quantidade suficiente, é requisito essencial que 
a água seja saudável e pura, uma vez que também é o veículo mais comum e importante 
na transmissão/veiculação de doenças. Assim, a salubridade da água deve ser considerada 
uma das principais preocupações dos cidadãos e técnicos de saúde, tendo em vista a salva-
guarda da saúde pública.
4.2. CIClO DA águA
A água existe na natureza em três estados (líquido, sólido e gasoso) e percorre um “ciclo 
eterno contínuo”. A evaporação lenta e incessante a partir dos rios, lagos e mares, origina a 
formação de nuvens na atmosfera superior que, por condensação, se transforma em chuva. 
Uma parte da água da chuva atinge a superfície terrestre e aumenta o caudal dos cursos de 
água e dos lagos, ficando sujeita à (a) evaporação e (b) infiltração no solo. A água infiltrada 
é parcialmente absorvida pela vegetação, que a alimenta antes de ser rejeitada para a at-
mosfera. A restante parte acumula-se no solo e pode formar lençóis subterrâneos que, ao 
emergirem, dão origem a fontes/nascentes de vários tipos. Na natureza é possível encon-
trar água nas seguintes formas: (a) subterrânea, (b) doce superficial, corrente e parada, (c) 
marítima, (d) estuária e (e) vapor atmosférico.
4.3. ASPECTOS SANITáRIOS DA águA 
A água pura não existe no estado natural. A água da chuva ao cair, engloba na sua cons-
tituição diversos tipos de poeiras, oxigénio e gás carbónico, podendo mesmo absorver os 
fumos que existem geralmente nas zonas urbanas e suburbanas. Atingindo a superfície do 
solo, a água fica exposta a diferentes formas de poluição e contaminação, nomeadamente 
por dejectos humanos e de outros animais, absorve o gás carbónico e produtos resultantes 
14 | Higiene AmbientAl
da decomposição da matéria orgânica, e incorpora uma grande variedade de partículas em 
suspensão nos cursos de água. A água subterrânea também não está isenta de impurezas, 
apesar da capacidade filtrante do solo, que retém sempre alguma quantidade de matérias 
poluentes, podendo ainda dissolver uma grande variedade de compostos químicos existen-
tes nos solos/terrenos que atravessa. Em resumo, as impurezas mais frequentes na água 
são:
 9 gases, como óxido de carbono, azoto, metano e anidrido sulfúrico
 9 sais minerais, como derivados de cálcio, magnésio, ferro, sódio e manganésio e
 9 agentes/matérias em suspensão, como bactérias, protozoários, algas, etc.
Relativamente àquelas impurezas, as mais importantes são os agente biológicos patogéni-
cos, que podem originar doenças diarreicas ou entéricas, como a cólera, as febres tifóide e 
paratifóide, as disenterias bacilar e amebiana, as hepatites A e E, etc.
A água também pode contribuir para a proliferação de parasitas e artrópodes vectores de 
doenças, como no caso do sezonismo (ou paludismo), febre amarela, dengue, filariose, tri-
panosomíase (doença do sono), chistosomíase (bilharsiose) e oncocercose.
Também podem existir doenças relacionadas com a qualidade química da água, por ex-
cesso ou deficiência de certos produtos na sua composição, como (a) saturnismo, devido 
a excesso de chumbo, (b) meta-hemoglobinemia, ou cianose, originada pelo excesso de 
nitratos, (c) fluorose, devida a excesso de flúor, (d) cárie dentária, devida a défice de flúor, 
(e) bócio endémico, originado por deficiência de iodo, etc. Algumas substâncias dão à água 
propriedades laxantes, como os sulfatos, ou tornam-na tóxica, como o zinco, o arsénio, 
o selénio, o mercúrio, o cádmio, o crómio hexavalente, o cianeto e o cádmio. Os catiões 
bivalentes, como o cálcio e o magnésio (que determinam a dureza da água), os compostos 
organoclorados, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, os detergentes aniónicos e os 
radionuclidos, são outros exemplos de produtos químicos e radioactivos que podem poluir 
a água.
As doenças transmitidas ao homem através da água são denominadas «doenças de veicu-
lação hídrica», pois a água serve de meio de transporte a (1) agentes patogénicos, como 
os eliminados pelo homem e outros animais, através dos seus dejectos, ou a (2) poluentes 
 Higiene AmbientAl | 15
químicos e radioactivos, como os existentes nos esgotos industriais. Os riscos para a saúde 
podem ser divididos em duas grandes categorias:
Riscos Directos:
 9 Pela presença de agentes biológicos adversos/patogénicos, que entram em contac-
to com o organismo humano por ingestão ou outros modos, inclusive através de 
insectos vectores
 9 Pela presença de substâncias poluentes químicas ou radioactivas, sobretudo resul-
tantes do lançamento de resíduos industriais, sólidos e líquidos
Riscos Indirectos:
Relacionados com a deterioração das características estéticas da água (organolépticas) 
como, por exemplo, nos seguintes parâmetros:
 9 cor, real e aparente, relacionada com a existência e quantidade de partícu-
las em dissolução
 9 turvação, relacionada coma existência e quantidade de partículas em sus-
pensão
 9 gosto e cheiro, natural ou artificial, como no caso de tratamentos com pro-
dutos químicos, ou devido à presença de algas
Relacionados com os problemas que podem surgir em sistemas de abastecimento e trata-
mento de águas, nomeadamente:
 9 obstrução de canalizações, redes de distribuição e estações de tratamento 
(sedimentos biológicos e moluscos) e
 9 perturbação dos processos de filtração da água (algas)
Tanto os agentes biológicos como os produtos poluentes, químicos e radioactivos, podem 
atingir o homem por (a) ingestão, directa ou através de alimentos, ou por (b) contacto com 
a pele e mucosas, através da higiene corporal, da preparação de alimentos, de práticas 
recreativas e desportivas, de actividades industriais e agrícolas (por exemplo, irrigação de 
terras).
16 | Higiene AmbientAl
Nos quadros seguintes apresentam-se as principais doenças veiculadas pela água e os res-
pectivos agentes etiológicos.
Quadro 1. Doenças viróticas veiculadas pela água
Doença Agente etiológico
Enterite Coxsachie, Ecovirus e Poliovirus (1-2-3)
Faringite e rinofaringite Adenovirus e Renovirus
Hepatite infecciosa Vírus da hepatite A e da hepatite E
Poliomielite (rara) Poliovirus (1-2-3)
Quadro 2. Doenças bacterianas veiculadas pela água
Doença Agente etiológico
Cólera Vibrio colerae O1 e O139
Diarreia infantile Escherichia coli
Disenteria bacilar Shigella
Febres tifóide e paratifóide Salmonella typhi e paratyphi (A-B-C)
Gastrenterite Proteus, Shigella e Salmonella
Giardíase Giardia lamblia
Leptospirose * Leptospira
Tularémia (rara) Pasteurella turalensis
* doença adquirida por contacto (pele/mucosas)
 Higiene AmbientAl | 17
Quadro 3. Doenças parasitárias veiculadas pela água - por ingestão
Doença Agente etiológico
Abcesso hepático amebiano Entamoeba histolitica (protozoário)
Ascaridíase * Ascaris lumbricoides (helminta)
Disenteria amebiana Entamoeba histolitica (protozoário)
Dracunculose (dracontíase) Dracunculus medinensis (verme da Guiné - nemátodo)
Tricuríase (tricocefalíase) * Trichuris trichiura (nemátodo)
Fasciolíase Fasciola hepatica (tremátodo)
* a transmissão por partículas de terra é mais frequente
Quadro 4. Doenças parasitárias veiculadas pela água - por contacto
Doença Agente etiológico
Ancilostomíase Necator americanus e Ancylostoma duodenale (nemátodo)
Chistosomíase (bilharsiose)
Schistosoma (mansoni, haematobium e japonicum - 
tremátodo)
Estrongiloidose * Stronggyloides percolaris
Prurido dos nadadores Schistosoma (de aves e roedores - tremátodo)
* a transmissão por contacto com o solo é mais frequente
Quadro 5. Doenças transmitidas por vectores (com reprodução na água)
Doença Agente etiológico Vector
Febre amarela Arbovirus B (vírus) Mosquito (Aedes e Haemagogus)
Filariose Wuchereria brancofti (helminta) Mosquito (diversas espécies)
Malária Plasmodium (protozoário) Mosquito (Anopheles)
Oncocercose Onchocercavolvulus (helminta) Mosquito (Simulium)
Tripanosomíase Trypanosoma (protozoário) Mosca (Tsé-Tsé Glossina)
18 | Higiene AmbientAl
Os aspectos anteriores permitem concluir que a água utilizada com fins domésticos deve 
ser saudável, ou seja, isenta de riscos para a saúde (“água potável”). Para ser saudável, a 
água não pode conter agentes biológicos patogénicos, substâncias tóxicas, nem quantida-
des excessivas de substâncias orgânicas e minerais. Pelo contrário, ela deve ser límpida e 
incolor, e não deve apresentar sabor ou odor desagradável; se possível, deve ser insípida 
e inodora. A água potável deve preencher, portanto, certos requisitos físicos, químicos e 
bacteriológicos (“requisitos de potabilidade”).
4.4. REquISITOS DE POTAbIlIDADE
4.4.1. Qualidade Físico-Química. As impurezas físicas da água estão relacionadas 
com a sua cor, turvação, sabor, odor e temperatura. As impurezas químicas resultam 
da presença de substâncias dissolvidas e estão relacionadas com a dureza, alcalini-
dade, salinidade e agressividade da água. Uma água potável para consumo humano 
não deve ser turva nem apresentar coloração. Contudo, as águas brutas subterrâne-
as apresentam por vezes turvação e coloração, as quais só podem ser modificadas 
por processos específicos de tratamento. A água potável também não deve apre-
sentar odores ou sabor desagradáveis, pois indicam a presença de microrganismos 
e substâncias químicas, e a sua alteração pertence ao domínio do tratamento da 
água. Como se referiu no parágrafo anterior, considerando as características orga-
nolépticas, a água potável deve ser límpida, incolor e não deve apresentar sabor ou 
odor desagradável. No quadro seguinte apresentam-se os parâmetros químicos que 
permitem classificar uma água como potável.
Quadro 6. Parâmetros químicos de uma água potável
Parâmetro valor Máximo Recomendado valor Máximo Admissível
Substâncias que produzem 
coloração
5 U (colorimetria Pt-Co) 50 U (colorimetria Pt-Co)
Matérias em suspensão 5 U (turbidometria) 25 U (turbidometria)
Sólidos totais 500 mg/l 1500 mg/l
pH 7,0-8,5 6,5-9,2
 Higiene AmbientAl | 19
Oleos minerais 0,01 mg/l 0,30 mg/l
Compostos fenólicos 0,001 mg/l 0,002 mg/l
Dureza total 2 mEq/l (100 mg/l CaCO3) 10 mEq/l (500 mg/l CaCO3)
Cálcio 75 mg/l 200 mg/l
Cloretos 200 mg/l 600 mg/l
Ferro total 0,1 mg/l 1,0 mg/l
Fluoretos 0,6 mg/l 1,2 mg/l
Magnésio 30 mg/l 150 mg/l
Manganês (manganésio) 0,05 mg/l 0,5 mg/l
Sulfatos 200 mg/l 400 mg/l
Zinco 5 mg/l 15 mg/l
Arsénio -- 0,05 mg/l
Cádmio -- 0,01 mg/l
Chumbo -- 0,1 mg/l
Cianetos -- 0,05 mg/l
Mercúrio total -- 0,001 mg/l
Nitratos -- 45 mg/l
Selénio -- 0,01 mg/l
4.4.2. quAlIDADE bACTERIOlógICA
A água contaminada por dejectos pode transmitir doenças gastrintestinais. Os agen-
tes destas doenças são contudo relativamente pouco numerosos, quando compa-
rados com a imensidão de microrganismos existentes no intestino humano. Devido 
à grande variedade de microrganismos, não é possível pesquisar individualmente a 
sua presença na água. Assim, a sua qualidade bacteriológica não se avalia directa-
mente, mas sim através da pesquisa de «microrganismos indicadores» de poluição/
contaminação, como as bactérias coliformes fecais, que habitam o intestino huma-
20 | Higiene AmbientAl
no. Os coliformes, geralmente não patogénicos, existem em grande quantidade nas 
fezes e a sua presença na água indica que a mesma foi contaminada por dejectos de 
origem humana ou animal, sendo provável a existência de outros microrganismos 
intestinais patogénicos.
No início dos sistemas da rede pública de abastecimento, se a água for desinfectada 
(com cloro ou outro produto) não deve conter organismos coliformes (numa amostra 
de 100 ml). Se a água não for desinfectada, não deverão existir mais que 3 (três) co-
liformes por mililitro. Embora a presença de coliformes não seja tolerada numa rede 
pública de abastecimento, os critérios de qualidade bacteriológica recomendados 
para classificar uma água potável são os seguintes:
 9 no período de um ano, a percentagem de amostras de 100 ml de água sem presen-
ça de coliformes, não deve ser inferior a 95%;
 9 em nenhuma amostra de 100 ml de água deve ser encontrada Escherichia coli;
 9 os coliformes não devem ser encontrados em duas amostras consecutivas de 100 
ml de água.
Nos sistemas de abastecimento rurais, ou sem rede pública de abastecimento, 
como, por exemplo, poços privados, minas e fontanários, não devem existir mais que 
10 (dez) coliformes por amostra de 100 ml de água. No caso contrário, e sobretudo 
se for encontrada Escherichia coli, o consumo de água deve ser interditado.
4.5. QuantIDaDe De Água — necessIDaDes
Além do aspecto qualitativo, é indispensável que o homem disponha de água em quan-
tidade suficiente para a satisfação de necessidades elementares. A escassez ou falta de 
água pode originar problemas graves de saúde, além de implicações a nível da salubridade 
ambiental, dos alimentos e da própria higiene individual. Em termos de consumo, as ne-
cessidades humanas em água dependemde vários factores como os hábitos, o poder de 
aquisição/compra, o nível de educação, as características climáticas, o meio onde reside 
(urbano, rural) e o sistema de abastecimento. Para o uso doméstico - bebida, cozinha, hi-
giene corporal, lavagem de roupa, instalações sanitárias etc. - o consumo diário médio de 
água está estimado em 80 litros por pessoa. De um modo geral, os responsáveis pelo plane-
 Higiene AmbientAl | 21
amento do abastecimento de água através de sistemas públicos, programam as necessida-
des de consumo diário por habitante (média), considerando também o consumo no âmbito 
da higiene ambiental, nos seguintes intervalos: 100-150 litros para as cidades pequenas, e 
200-500 litros para os grandes centros urbanos.
4.6. fONTES DE águA POTávEl
Na escolha das fontes/origens para abastecimento de água potável devem considerar-se 
determinados aspectos, como a salubridade, a quantidade, a regularidade e a economia. 
Naturalmente que uma água que não necessita de tratamento prévio ao consumo, deve 
ser prioritária relativamente a outra que necessite de tratamento para satisfazer os requisi-
tos de salubridade. Também uma fonte capaz de fornecer continuamente a quantidade de 
água necessária para abastecimento, deve prevalecer sobre uma fonte de débito irregular 
ou instável. Na mesma linha de raciocínio, e considerando que os aspectos de salubridade, 
regularidade e quantidade são idênticos, uma fonte de exploração mais dispendiosa deve 
ser preterida em relação a uma exploração mais económica. A ordem de prioridades na 
selecção de uma fonte/origem para abastecimento de água potável, deve ser a seguinte:
 9 Primeira escolha: água sem qualquer tipo de tratamento, que satisfaça os critérios 
bacteriológicos, físicos e químicos de uma água potável, e que possa ser distribuída 
aos consumidores sem bombagem
 9 Segunda escolha: água sem qualquer tipo de tratamento, que satisfaça os critérios 
bacteriológicos, físicos e químicos de uma água potável, mas que necessite de ser 
distribuída aos consumidores através de bombagem
 9 Terceira escolha: água que requer processos simples de tratamento para satisfazer 
os critérios bacteriológicos, físicos e químicos de uma água potável, e que não ne-
cessite de bombagem para ser distribuída aos consumidores
 9 Quarta escolha: água que requer processos simples de tratamento para satisfazer os 
critérios bacteriológicos, físicos e químicos de uma água potável, mas que necessite 
de bombagem para ser distribuída aos consumidores
Os tratamentos simples referidos nas duas últimas hipóteses, limitam-se aos seguintes pro-
cessos, isoladamente ou em combinação:
22 | Higiene AmbientAl
 9 Aprovisionamento que assegure uma sedimentação satisfatória, bem como alguma 
redução na quantidade de bactérias existente
 9 Desinfecção por cloragem, sem necessidade de recurso a cloradores mecânicos
 9 Filtração lenta em areia ou saibro
4.7. CATEgORIAS DE fONTES/ORIgENS DE águA POTávEl
A água utilizada em diferentes sistemas de abastecimento pode ser dividida em duas gran-
des categorias:
 9 Águas subterrâneas, que incluem as águas existentes no subsolo e que podem atin-
gir a superfície sob a forma de “fontes” ou “emergências”
 9 Águas superficiais, que englobam a água da chuva (recolhida), do mar, dos rios, 
lagos, albufeiras, barragens e represas
Enquanto as águas subterrâneas podem ser captadas através de poços, bacias de captação, 
minas ou galerias de infiltração, as águas superficiais são geralmente recolhidas e acumu-
ladas em cisternas e reservatórios (sobretudo para a água da chuva), barragens e represas 
(para a água dos rios e outras águas superficiais).
Águas subterrâneas. Estas águas são constituídas por uma parte da precipitação atmos-
férica, sobretudo por água da chuva, que se infiltra no solo e forma lençóis subterrâne-
os denominados «formações aquíferas». Existem (a) «formações aquíferas não cativas», 
quando os lençóis se situam entre uma camada impermeável (rochosa), por baixo, e um 
terreno permeável, por cima, e (b) «formações aquíferas cativas» ou «lençóis artesianos», 
quando os lençóis de água se situam entre duas camadas impermeáveis; neste último caso, 
os poços existentes denominam-se «poços artesianos». A superfície de um lençol subter-
râneo, denominada “superfície livre”, está sujeita às flutuações do nível de água, que de-
pende sobretudo da frequência de períodos de seca (diminuição) e de chuva (aumento).
A pesquisa de águas subterrâneas faz-se habitualmente através de (1) estudos geológicos, 
(2) exame dos poços já existentes, em termos de perfil, débito, situação e qualidade da 
água, e (3) sondagens ou furos, que permitem recolher amostras e conhecer o perfil do 
 Higiene AmbientAl | 23
terreno, de modo a analisar a profundidade da formação aquífera e a qualidade da água. 
Os furos ou sondagens, por vezes transformam-se em poços permanentes.
Águas superficiais. Estas águas são provenientes, sobretudo, da chuva e a sua recolha, 
aprovisionamento e captação pode ser feita através de cisternas, reservatórios, represas, 
albufeiras e barragens. As águas superficiais podem, por vezes, ser consumidas no seu es-
tado natural, mas geralmente estão contaminadas ou poluídas necessitando de tratamento 
prévio. A utilização da água do mar como fonte de abastecimento de água potável é pos-
sível, embora se pratique em escala muito reduzida (alguns países árabes). Os dois pro-
cessos principais de “dessalinização” da água do mar são a (1) evaporação e condensação, 
utilizando a energia solar ou carburantes, e a (2) electrólise; estes processos são muito 
dispendiosos e necessitam de investimentos avultados, no que se refere à sua construção e 
manutenção. Os rios, lagos, barragens e represas constituem, geralmente, a principal fonte 
dos sistemas públicos de abastecimento de água.
4.7. SISTEMAS DE AbASTECIMENTO DE águA
O abastecimento de água pode ser feito através de (a) soluções individuais ou particulares, 
mais frequentes em zonas rurais, (b) sistemas semi-públicos e (c) sistemas públicos.
As soluções individuais mais utilizadas são (1) a recolha directa em rios, lagos, represas, 
fontes, etc., (2) a acumulação de água da chuva em cisternas, e (3) a captação a partir de 
poços e minas.
4.7.1. RECOlHA DIRECTA EM RIOS, lAgOS, REPRESAS E fONTES
Este tipo de abastecimento é mais usado em áreas rurais e áreas suburbanas sem 
sistema público de abastecimento, e a recolha de água é feita (a) manualmente, em 
vasilhames (potes, bilhas, latas) transportados para as habitações, ou (b) utilizando 
sistemas de bombagem. De modo a garantir-se uma qualidade satisfatória da água, 
devem adoptar-se os seguintes cuidados:
 9 Isolar o local de recolha, para evitar o acesso indiscriminado de pessoas e animais
 9 Não utilizar o local para outros fins, como banho, lavagem de roupa ou de animais
 9 Não construir fossas nas proximidades
24 | Higiene AmbientAl
 9 Não permitir o lançamento e deposição de resíduos sólidos ou líquidos, no manan-
cial e nas suas proximidades
 9 Efectuar o “tratamento caseiro da água”, como a filtração, a fervura e a desinfecção
Dois modelos possíveis de fontes/nascentes devidamente protegidas, que podem 
ser usadas como recurso de abastecimento individual ou colectivo. Preconizam-se os 
cuidados de higiene acabados de referir, bem como as medidas de segurança aplicá-
veis descritas adiante para o caso de poços, sendo ainda aconselhável a instalação 
de vedação adequada num diâmetro de 50 metros em redor da fonte, de modo a 
impedir a entrada e circulação de pessoas, que só deve acontecer para efeitos de 
limpeza da estrutura.
4.7.2. Recolha e acumulação Da Água Da chuva - cIsteRnas
Este tipo de abastecimento é mais usado em regiões onde há escassez de água, onde 
a água subterrânea não é acessível ou é imprópria para consumo humano. Constro-
em-se as cisternas para armazenar a água recolhida da superfície dos telhados dos 
edifícios durante os períodos chuvosos, com o objectivo de a consumirdurante os 
períodos de seca.
Na estimação da capacidade de uma cisterna (em pedra, tijolo ou betão), deve con-
siderar-se (a) a pluviosidade média anual, (b) a área da superfície colectora e (c) as 
necessidades de consumo. Para o cálculo da capacidade de uma cisterna, pode con-
siderar-se um consumo de 10 litros por pessoa, por dia, sendo 2 litros para ingestão 
e os restantes para consumo doméstico e outras aplicações. Assim, para uma família 
de quatro pessoas e para o período de um ano, o volume da cisterna deve ser de 
V = 4 x 10 x 365 = 14.600 litros, ou seja, é necessária uma cisterna com cerca de 15 
m3 de capacidade. Para se ter uma ideia da quantidade de água colectada a partir da 
superfície dos telhados, podem aplicar-se as seguintes considerações e cálculos: se 
área do telhado for de 40 m2, a pluviosidade anual de 500 mm (regiões secas: 500-
750 mm) e o coeficiente de aproveitamento da água de 0,75 (perdas por evaporação 
e limpeza: ±25%), a quantidade de água que se pode recolher num ano será de 
Q = 40 x 0,50 x 0,75 = 15 m3
 Higiene AmbientAl | 25
Observa-se assim, que um telhado pequeno, com 40 m2, é suficiente para recolher a 
água necessária para uma família de quatro pessoas, durante um ano, numa região 
com escassez de água. Em regiões de maior pluviosidade, o volume recolhido será 
maior. A construção de cisternas é portanto uma solução viável para o abastecimen-
to de água em regiões áridas e semi-áridas. Em pequenos aglomerados populacio-
nais, podem instalar-se cisternas maiores para utilização comunitária. 
Para se garantir uma qualidade satisfatória da água proveniente de cisternas, devem 
adoptar-se os seguintes cuidados:
 9 não recolher a água das precipitações iniciais, pois contêm impurezas residuais dos 
telhados, devendo instalar-se um dispositivo adequado para desviar as águas das 
primeiras chuvas
 9 a cisterna deve ser em material opaco e manter-se sempre fechada, para evitar 
a entrada de poeiras, detritos e insectos, e evitar a entrada de luminosidade, de 
modo a que não exista proliferação de algas
 9 a limpeza e desinfecção da cisterna deve ser efectuada uma vez por ano (pelo me-
nos)
 9 no interior da cisterna não devem existir ângulos ou quinas, devendo os cantos 
serem arredondados para facilitar a sua limpeza e desinfecção
 9 não devem ser utilizados baldes ou outros recipientes para retirar água do interior 
das cisternas (pois são veículos de contaminação e poluição), devendo ser instalado 
um sistema simples de canalizações e/ou uma torneira no seu nível inferior, para a 
saída de água (incluindo a água residual dos processos de limpeza e desinfecção)
 9 devem ser adicionados produtos desinfectantes à água, à base de cloro ou outros;
 9 como complemento das medidas preventivas anteriores, deve-se efectuar ainda o 
“tratamento caseiro da água”, como a filtração, a fervura e a desinfecção
26 | Higiene AmbientAl
4.7.3. CAPTAçãO DE águA EM POçOS E fuROS
A obtenção de água por este processo é mais frequente em zonas rurais e suburba-
nas não servidas pelo sistema público. Os poços podem classificar-se em (a) poços 
vulgares, escavados manualmente, (b) poços escavados mecanicamente, com esca-
vadora ou através de injecção de água, e (c) poços perfurados, que podem subdividir-
se em poços tubulares e furos. Enquanto que os poços vulgares e escavados mecani-
camente são geralmente “rasos”, os poços perfurados podem ser “rasos” (tubulares) 
ou “profundos” (furos). Para se garantir a qualidade da água de poços e furos, devem 
considerar-se os seguintes aspectos:
 9 poços e furos devem situar-se a uma distância mínima de 30 metros, de fontes 
potenciais de contaminação ou poluição, como sumidouros e valas de infiltração
 9 a parte superior de poços e furos deve encontrar-se a um nível mais elevado que as 
fontes de contaminação e poluição que eventualmente existam nas proximidades
 9 poços e furos devem ser cobertos com uma plataforma de betão com, pelo menos, 
um metro de largura, a qual deve apresentar um ligeiro declive para uma valeta, de 
modo a efectuar-se a drenagem de águas superficiais
 9 na plataforma de betão dos poços e furos, a passagem dos tubos de aspiração deve 
ser bem estanque, para impedir a penetração de águas superficiais
 9 na plataforma dos poços, a abertura de visita (para tarefas de inspecção, reparação 
e limpeza) deve apresentar uma saliência de, pelo menos, 8 centímetros de altura, 
e ter tampa impermeável
 9 a parede interior dos poços deve ser protegida com um revestimento impermeável 
até, pelo menos, 3 metros abaixo e 30 centímetros acima do nível do solo
 9 os poços devem ser sempre limpos e desinfectados após a sua construção ou repa-
ração:
1. lava-se com água as paredes interiores
2. seguindo-se a limpeza com uma solução clorada concentrada (100 mg/l de teor 
 Higiene AmbientAl | 27
de cloro activo)
3. efectua-se a cloragem da água, de modo que o seu teor em cloro atinja os 50 
mg/l
4. agita-se e deixa-se repousar a água cerca de 12 horas
5. esvazia-se a água do poço
6. aguarda-se o seu enchimento de novo
7. quando o teor de cloro residual descer para menos de 1 mg/l a água pode ser 
consumida
 9 a retirada de água do interior dos poços não deve ser efectuada com vasilhame, 
mas através de bombagem manual ou mecânica. Quando a bombagem não for pos-
sível, pode utilizar-se um sistema de roldana com manivela, devendo adoptar-se 
cuidados especiais de higiene e limpeza para evitar a contaminação do balde ou da 
corda.
4.8. SISTEMA PÚblICO DE AbASTECIMENTO
É o processo adequado de abastecimento de água à comunidade, principalmente nas zonas 
urbanas e suburbanas, devendo preencher todos os requisitos de potabilidade da água. 
De um modo geral, um sistema público de abastecimento é constituído pelos seguintes 
elementos/processos:
 9 Equipamento de captação, situado em poços, galerias de infiltração, nascentes, 
rios, lagos, albufeiras, represas, barragens, etc., para recolha de água bruta
 9 Condutas de adução, para transporte da água bruta, dos locais de captação às es-
tações de tratamento
 9 Estação de tratamento, cujas dimensões e complexidade depende da dimensão da 
população a servir e das características da água a tratar
 9 Equipamento para bombagem da água entre a estação de tratamento e um ou mais 
reservatórios
28 | Higiene AmbientAl
 9 Reservatórios em locais estratégicos, para que a água chegue ao consumidor com 
a pressão desejável. Os reservatórios também permitem acumular água com o ob-
jectivo de dar resposta a situações de emergência, ou atenuar eventuais défices de 
débito nos períodos de grande consumo
 9 Rede de distribuição, constituída por vários tipos de condutas e canalizações que 
terminam nos locais de consumo
O tratamento da água tem como finalidade reduzir as impurezas existentes na água bruta 
tornando-a potável. Dependendo da qualidade da água no manancial, o tratamento pode 
ser mais ou menos complexo. Numa estação de tratamento convencional (ETA), a água 
pode ser tratada pelos seguintes processos:
 9 arejamento (ou oxidação), que consiste em aumentar o contacto da água com o 
ar, com o objectivo de eliminar gases (como o anidrido carbónico) e substâncias 
voláteis indesejáveis, precipitar o ferro e o manganês, e oxidar alguns compostos 
orgânicos que dão gosto e sabor à agua
 9 mistura rápida, em que a água passa por um processo de agitação artificial intensa 
e recebe produtos coagulantes, como o sulfato de alumínio, com a finalidade de 
agregar as impurezas leves, que não sedimentam naturalmente
 9 floculação (ou coagulação), em que a água, após a adição de coagulantes, passa 
por câmaras de floculação onde são ligeiramente agitadas para facilitar a aderência 
das impurezas (microrganismos, etc.) ao coagulante, formando flocos (ou coágulos) 
facilmente sedimentáveis
 9 decantação (ou sedimentação), que ocorre em tanques decantadores, onde se ve-
rifica a sedimentação dos flocos formados na fase anterior
 9 filtração, que consiste em fazerpassar a água por um leito filtrante constituído por 
saibro, areia com granulometria variável, ou outras matérias porosas, com o objec-
tivo de reter microrganismos e impurezas que passaram os decantadores. O pro-
cesso de filtração pode ser lento, por acção da gravidade, ou rápido, se efectuado 
sob pressão
 9 desinfecção, tem como finalidade a eliminação dos microrganismos ainda existen-
 Higiene AmbientAl | 29
tes, e efectua-se através da adição de produtos químicos desinfectantes, geralmen-
te cloro por ser o processo mais prático e económico. Por esta razão, o processo de 
desinfecção é também denominado “cloragem”, e os produtos mais utilizados são 
os hipocloritos de cálcio (Ca O2Cl2) ou de sódio (Na OCl). O doseamento do desin-
fectante faz-se através de clorímetros e, de um modo geral, o teor da solução base 
não deve exceder o limite de solubilidade do cloro à temperatura ambiente, cerca 
de 0,65 gramas por 100 gramas de água
Nota: além do coagulante e do desinfectante, podem ser adicionados pro-
dutos para correcção do pH, e flúor (no âmbito da prevenção da cárie den-
tária).
4.9. TRATAMENTO DOMÉSTICO DA águA
Existem alguns métodos de purificação e desinfecção da água que podem ser aplicados no 
domicílio, quando houver suspeita de contaminação da água da rede pública, ou quando 
a água de consumo provier dos sistemas individuais de abastecimento referidos anterior-
mente (recolha em rios, cisternas, poços, etc.).
Os principais processos de tratamento doméstico da água são a ebulição (fervura), a desin-
fecção química (iodo, cloro e seus derivados) e a filtração.
Ebulição: A fervura da água a 100ºC, durante 20 minutos, é um processo de desinfecção 
simples de executar e eficaz, pois extermina a totalidade dos microrganismos. Como a ebu-
lição origina a libertação dos gases dissolvidos, podendo tornar a água um pouco desagra-
dável ao paladar, recomenda-se o seu arejamento, passando-a de um recipiente limpo para 
outro.
Desinfecção química: Os produtos mais utilizados são o iodo (solução e comprimidos) e os 
derivados do cloro (solução, pó, grânulos e comprimidos). A tintura de iodo a 2-8% é um 
bom desinfectante; duas gotas de tintura a 2% são suficientes para desinfectar um litro 
de água (4 gotas a 8% se a água estiver muito poluída), a qual deve ficar em repouso 30 
minutos, pelo menos, antes de ser ingerida. No mercado também existem comprimidos de 
compostos iodados, preparados especificamente para a desinfecção da água de consumo. 
30 | Higiene AmbientAl
Como se referiu antes, o cloro e seus derivados são desinfectantes eficazes e fáceis de apli-
car. O hipoclorito de cálcio concentrado (70% de cloro), sob a forma de grânulos, embora 
sendo um produto estável, não deve ser exposto à luz solar nem à humidade. A solução do 
mesmo químico a 1% (lixívia ou água de Javel) também é eficaz como desinfectante e mui-
to fácil de aplicar; três gotas de uma solução de hipoclorito de sódio a 1% são suficientes 
para desinfectar um litro de água, a qual deve ficar em repouso cerca de 30 minutos, antes 
de ser ingerida. No mercado existem comprimidos de cloro, para desinfecção da água de 
consumo (com dosagem recomendada na bula que acompanha as embalfiltração: É utili-
zada sobretudo para retenção de impurezas, devendo, portanto, ser o primeiro processo 
caseiro de tratamento da água. A sua capacidade de retenção de microrganismos é limitada 
e depende do tipo de filtro usado. No mercado existe uma grande variedade de filtros do-
mésticos, de cerâmica porosa (filtros de vela), de carvão vegetal, e de areia ou saibro, este 
último menos eficaz na retenção de microrganismos.
4.10. CONTROlO DA quAlIDADE DA águA
As características organolépticas da água não são suficientes para garantir a sua potabilida-
de. Assim, a água deve ser submetida a análises laboratoriais periódicas, com a finalidade 
de (a) determinar as suas características no estado bruto, para decidir a necessidade e tipo 
de tratamento, e (b) controlar a eficácia do tratamento e as características de potabilidade 
da água.
Considerando a água de consumo, as análises a efectuar são: (a) físicas, para determinar a 
temperatura, o gosto, o odor, a cor e a turvação, (b) químicas, para estimar a quantidade 
de substâncias químicas presentes, que podem ser perigosas para a saúde ou servir de 
indicadores de poluição, (c) bacteriológicas, para determinar o número total de bactérias, 
incluindo as bactérias de origem intestinal, e (d) microscópicas, para determinar as fontes 
prováveis de gostos e odores, bem como os efeitos dos microrganismos no processo de 
purificação.
A análise das características físicas e químicas deve ser efectuada trimestralmente, se a 
população servida pelo sistema for superior a 50.000 habitantes, ou duas vezes por ano, se 
a população for inferior. Nos quadros seguintes apresenta-se a periodicidade recomendável 
para avaliação das características bacteriológicas da água, consoante esta foi ou não trata-
 Higiene AmbientAl | 31
da antes de entrar no circuito de distribuição; para a água desinfectada deve-se efectuar 
ainda o controlo, várias vezes por dia, da concentração de desinfectante químico, tanto na 
estação de tratamento como em diferentes pontos da rede de distribuição.
Quadro 7. Periodicidade do exame bacteriológico da água não desinfectada.
População servida
(número total de habitantes)
Intervalo máximo
(entre duas análises consecutivas)
< 20.000 1 mês
20.000 - 50.000 2 semanas
50.000 - 100.000 4 dias
> 100.000 1 dia
Quadro 8. Periodicidade do exame bacteriológico da água desinfectada.
População servida
(número total de 
habitantes)
Intervalo máximo
(entre duas análises 
consecutivas)
Número mínimo de amostras
(nº amostras / nº habitantes 
por período)
< 20.000 1 mês 1 / 5.000 por mês
20.000 - 50.000 2 semanas 1 / 5.000 por mês
50.000 - 100.000 4 dias 1 / 5.000 por mês
> 100.000 1 dia 1 / 10.000 por mês
32 | Higiene AmbientAl
5. DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM A ÁGUA
ObjETIvOS
1. Conhecer as doenças relacionadas com a água 
2. Identificar as medidas de controle e prevenção na comunidade
RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/
APRENDIZAGEM
Conteúdo
Objectivos da 
Aprendizagem
Ensino/Aprendizagem
Actividades
Doenças 
relacionadas com 
a água
a) Conhecer as doenças 
relacionadas com a água;
b) Identificar as medidas 
de controle e prevenção na 
comunidade
Para a abordagem das aulas usar-se-á 
a técnica de discussão sobre o tema 
relacionado as doenças ligadas a água e as 
medidas para o seu controle. 
Os recursos didáticos a serem utilizados 
constarão de projetor multimídia 
(datashow), quadro e canetas de filtro.
Dos muitos usos que a água pode ter alguns estão relacionados, direta ou indiretamente, 
com a saúde humana como água para beber, para asseio corporal, para a higiene do am-
biente, preparo dos alimentos, para a rega, etc. Na relação água/saúde influenciam tanto a 
qualidade quanto a quantidade da água.
As doenças infecciosas relacionadas com a água podem ser causadas por agentes micro-
bianos e agentes químicos e de acordo com o mecanismo de transmissão destas doenças 
podem ser classificadas em quatro grupos:
 Higiene AmbientAl | 33
1o. GRUPO: Doenças cujos agentes infecciosos são transportados pela água e que são ad-
quiridos pela injestão de água ou alimento contaminados por organismos patogênicos, 
como por exemplo:
 9 Cólera ( agente etmológico: Vibrio Choleras)
 9 Febre tifóide (agente etmológico: Salmonella Typhi)
 9 Disenteria bacilar (agente etmológico: Shigella Spp)
 9 Hepatite infecciosa (agente etmológico: Vírus), etc.
MEDIDAS DE CONTROLE:
 9 Tratamento adequado das águas de abastecimento (medida de engenharia – ETA)
 9 Desinfecção caseira de água: Fervura: ferver durante 15 minutos e depois aerar.
Iodo : 2 gotas de solução iodo (7%) em 1 litro d’água.
Cloro: 1 gota de água sanitária (2%) em 1 litro d’água.
 9 Evitar ingestão de água de fonte desconhecida.
2o. GRUPO:Doenças adquiridas pela escassez de água para a higiene. Estudos realizados 
em várias comunidades comprovaram que a quantidade de água é mais importante que a 
qualidade. Quando se aumentou o volume de água utilizado pela comunidade verificou-se 
uma diminuição na incidência de certas doenças do trato intestinal porém a diminuição não 
foi significativa quando se melhorou a qualidade. A falta de água afeta diretamente a higie-
ne pessoal e doméstica propiciando principalmente a disseminação de doenças tais como:
 9 Diarréias, responsáveis por grande parte da mortalidade infantil
 9 Infecções de pele e olhos: sarnas, fungos de pele, tracoma (infecção nos olhos)
 9 Infecções causadas por piolhos, como a febre tifo
MEDIDAS DE CONTROLE:
 9 Fornecer água a população em quantidade suficiente para uma adequada higiene 
34 | Higiene AmbientAl
pessoal. Caso não haja sistema público de abastecimento, como no caso de zonas 
rurais, deve-se utilizar água subterrâneas ou águas meteóricas.
 9 Águas subterrâneas: Poços profundos ou artesianos
Poços rasos ou freáticos
Fontes
 9 Águas meteóricas: Cisternas aproveitando as águas que caem sobre os telhados.
3 GRUPO: Doenças adquiridas pelo contato com a água que contém hospedeiros aquáticos. 
São aqueles em que o patogênico passa parte do seu ciclo de vida na água, em um hospe-
deiro aquático (caramujo, crustáceo, etc.) Um exemplo clássico é a ESQUISTOSSOMOSE, 
em que, a água poluída com excretas e que contém caramujos aquáticos, proporciona o 
desenvolvimento dos vermes de SHISTOSOMA no interior dos caramujos. Depois os vermes 
são liberados na água na forma infectiva (cercarias). O homem é infectado através da pele, 
quando entra em contato com a água contaminada. Outras doenças deste grupo são con-
traídas pela ingestão de peixe mal cozidos e crustáceos contaminados.
MEDIDAS DE CONTROLE:
 9 Evitar o contato com água contaminada
 9 Controlar a população de caramujos
 9 Evitar a contaminação das águas superficiais através do tratamento adequado das 
excretas bem com sua disposição final
 Higiene AmbientAl | 35
Quadro 9. Confira abaixo as principais doenças relacionadas com a água contaminada
Grupos de 
Doenças
Formas de 
Transmissão
Principais Doenças Formas de Prevenção
Transmitidas 
pela via feco-
oral (ingestão 
de alimentos 
ou água 
contaminados 
com fezes)
O organismo 
patogênico 
(agente causador 
da doença) é 
ingerido.
Diarréia e disenteria, 
como a cólera e a 
giardíase, febre tifóide e 
paratifóide, leptospirose, 
amebíase, hepatite 
infecciosa e ascaridíase 
(lombriga)
Proteger e tratar as 
águas de abastecimento 
e evitar o uso de fontes 
contaminadas, fornecer 
água em quantidade 
adequada e promover a 
higiene pessoal, doméstica 
e dos alimentos.
Controladas 
pela limpeza 
com água 
(associadas ao 
abastecimento 
insuficiente de 
água)
A falta de água e 
a higiene pessoal 
insuficiente 
criam condições 
favoráveis à sua 
disseminação.
Infecções na pele e nos 
olhos, como o tracoma 
e o tifo relacionado com 
piolhos, e a escarbiose.
Fornecer água em 
quantidade adequada 
e promover a higiene 
pessoal e doméstica.
Associadas à 
água (parte do 
ciclo vital do 
agente infeccioso 
ocorre em um 
animal aquático)
O patogênico 
penetra pela pele 
ou é ingerido.
Esquistossomose.
Proteger os mananciais, 
adotar medidas 
adequadas para a 
disposição dos esgotos, 
combater o hospedeiro 
intermediário e evitar o 
contato de pessoas com a 
água poluída.
Transmitidas por 
vetores que se 
relacionam com 
a água.
As doenças são 
propagadas 
por insetos que 
nascem na água 
ou picam perto 
dela.
Malária, febre amarela, 
dengue e filariose 
(elefantíase).
Eliminar condições 
que possam favorecer 
criadouros, evitar 
contato com criadouros 
e combater os insetos 
transmissores.
4 GRUPO: Doenças transmitidas por insectos vectores relacionados com água. São aquelas 
adquiridas através de picadas de insectos infectados que se reproduzem na água ou vivem 
próximos a reservatórios de água (mananciais, água estagnadas, córregos, etc.), como por 
36 | Higiene AmbientAl
exemplo:
 9 Malária (vírus) transmitida por mosquitos do gênero Anopheles,
 9 Febre amarela e dengue (vírus) transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que se 
reproduzem em água limpa como, por exemplo, latas d’água, pneus com água, etc.
 9 Doenças do sono (causa sono mortal) que é transmitida pela mosca “tsetse” (Glos-
sino longipennis) que se reproduz e vive nas vegetações das margens de córregos, 
picando as pessoas que vivem em áreas próximas.
 9 Oncocercose (causa cegueira), transmitida pela mosca (Simulium) que põe seus 
ovos em córregos de fluxos rápidos e bem aerados.
MEDIDAS DE CONTROLE:
 9 Eliminação dos locais de reprodução dos insentos através de drenagem
 9 Proteção das habitações através de telas contra insectos
 9 Fornecimento de água a população para evitar visitas a córregos
 Higiene AmbientAl | 37
6. ESGOTO, COLHEITA E TRATAMENTO
ObjETIvOS
1. Conhecer os tipos de esgotos
2. Descrever o funcionamento do esgoto 
3. Reconhecer a importância dos esgotos no saneamento do meio
4. Conhecer os cuidados a ter com esgoto
RELACIONANDO CONTEUDO, OBJECTIVOS DA APRENDIZAGEM E ESTRATÉGIA DE ENSINO/
APRENDIZAGEM
Conteúdo
Objectivos da 
Aprendizagem
Ensino/Aprendizagem
Actividades
Esgotos
a) Conhecer os tipos de 
esgotos;
b) Descrever o 
funcionamento do esgoto; 
c) Reconhecer a 
importância dos esgotos 
no saneamento do meio;
d) Conhecer os cuidados a 
ter com esgoto;
As aulas consistirão em trabalhos em 
grupos e complementada pela discussão, 
onde a turma e os tópicos serão 
divididos em pequenos grupos, que após 
a investigação abrir-se-a uma sessão 
de discussão para a consolidação dos 
conhecimentos sobre a matéria em causa.
Os recursos didáticos a serem utilizados 
constarão de projetor multimídia 
(datashow), quadro e canetas de filtro.
38 | Higiene AmbientAl
6.1. INTRODuçãO
Dentro da atualidade em que vivemos, fundamentalmente, uma boa gestão pública se des-
taca por investimentos maciços nos sectores de saúde, educação e saneamento básico ba-
seada na qualidade de vida proporcionada aos seus habitantes.
Este objec tivo remete à execução de programas, acções, serviços e obras voltados para 
estas áreas. 
Numa interface que coloca, juntos, saneamento, saúde e educação, como prioridade de 
extrema importância, encontra-se a de se ter um sistema de esgoto sanitário completo, 
devidamente planificado, de forma a atender a 100% da população urbana com colheita, 
transporte e tratamento para as águas residuárias domésticas.
O planeamento, bem como a construção de um sistema de esgoto sanitário eficiente, numa 
cidade seja ela de pequeno, médio ou grande porte é um desafio para os gestores, porém, 
necessário e urgente que aponta para estatísticas de elevado impacto social, uma vez que, 
em curto espaço de tempo, se alcança índices extremamente favoráveis dentro da área da 
saúde pública e a consequente melhoria da qualidade de vida da população.
A grande maioria das cidades conta actualmente com rede coletora de esgoto já implanta-
da em quase toda a extensão de sua área urbana, necessitando, no entanto de obras para 
o transporte e tratamento do esgoto doméstico. Este facto aponta para situações de grave 
agressão ao meio ambiente, pois cursos d’água que cruzam estas cidades são atingidos di-
rectamente por lançamentos “in natura” de esgoto bruto, causando além dos danos diretos 
ao corpo d’água, sérios focos de proliferação de doenças de veiculação hídrica.
Ainda que só 0,1% do esgoto de origem doméstica seja constituído de impurezas de nature-
za física, química e biológica, e o restante seja água, o contacto com esses efluentes e a sua 
ingestão é responsável por cerca de 80% das doenças e 65% das internações hospitalares. 
Actualmente, apenas 10% do total de esgotos produzido recebem algum tipo de tratamen-
to, os outros 90% são despejados “in natura” nos solos, rios, córregos e nascentes, consti-
tuindo-se na maior fontede degradação do meio ambiente e de proliferação de doenças.
 Higiene AmbientAl | 39
6.2. DEfINIçãO E COMPOSIçãO DOS ESgOTOS
Esgoto é definido como o resultado dos despejos hídricos de uma comunidade ou de uma 
indústria ou mesmo originados da coleta de águas pluviais.
Os esgotos são compostos por constituintes físicos, químicos e biológicos. Desde que não 
haja significativa contribuição de despejos industriais a composição do esgoto doméstico 
ou sanitário é razoavelmente constante. Este efluente contém aproximadamente 99,9% de 
água, e apenas 0,1% de sólidos. Os esgotos industriais além da matéria orgânica, podem 
carregar substâncias químicas tóxicas ao homem e outros animais.
É devido a essa fracção de sólidos que ocorrem os problemas de poluição nas águas, tra-
zendo a necessidade do tratamento. A fracção inorgânica dos efluentes corresponde a 30% 
da quantidade de matéria sólida existente. Seus principais componentes são os detritos 
minerais pesados, sais e metais.
6.3. O TRATAMENTO DO ESgOTO
O tratamento de esgoto consiste na estabilização da matéria orgânica de um certo efluente. 
Assim, o tratamento busca transformar a matéria orgânica em inorgânica (mineralização e 
consequente redução de DBO) e a remoção de microrganismos patogénicos. Muitas opções 
de tratamento se baseiam em processos que ocorrem normalmente na natureza, o qual é 
denominação de auto depuração ou estabilização. A auto depuração de um corpo aquático 
consiste na capacidade de receber e depurar, através de mecanismos naturais, uma certa 
quantidade de matéria orgânica. Este processo inclui toda assimilação, decantação e diges-
tão de compostos estranhos, inclusive os metais.
Não existe um sistema de tratamento padrão para ser utilizado. Vários factores irão influen-
ciar na escolha das opções tecnológicas, tais como, disponibilidade de área, clima favorável, 
características do esgoto, qualidade desejada para o efluente, capacidade do corpo recep-
tor de receber a carga poluidora e da legislação referente ao País.
40 | Higiene AmbientAl
6.4. TIPOS DE ESgOTOS
ESgOTOS DOMÉSTICOS
Inclue as águas contendo matéria fecal e as águas servidas, resultantes de banho e de lava-
gem de utencilios e roupa.
DESPEjOS INDuSTRIAIS
Compreende os resíduos orgânicos, procedentees de industriais de alimentos, matadouros 
etc; as águas residuais agrassivas, procedentes de indústrias de metais etc; as águas residu-
ais procedentes de indústrias de cerâmica, água de refrigeração etc.
águAS PluvIAIS
São as águas procedentes das chuvas.
águAS DE INfIlTRAçãO
São as águas do subsolo que se introduzem na rede.
6.5. TIPOS uSuAIS DE TRATAMENTO DE ESgOTO
6.5.1. fIlTROS bIOlógICOS
Os filtros biológicos ou leitos bacterianos são constituídos de cascalhos de pedra, ou 
pedra britada, enchimentos plásticos, ou ainda de tijolos, no qual, com a entrada do 
esgoto no sistema, ocorre a formação de uma colónia de microrganismos (bactérias, 
fungos, protozoários, etc). A presença de matéria orgânica, como alimento, e de oxi-
génio para respiração mantém o sistema.
6.5.2. REACTORES ANAERóbICOS
A biodigestão anaeróbica tem se tornada recentemente uma opção viável para cer-
tos tipos de despejos, principalmente os mais facilmente biodegradáveis, tais como 
despejos de indústrias alimentícias, agro-indústrias, etc. Este processo baseia-se em 
uma série de reacções em sequência, desencadeadas por microrganismos anaeróbi-
cos, os quais promovem a redução das moléculas orgânicas, como gorduras, aldeí-
 Higiene AmbientAl | 41
dos, álcoois, entre outras.
6.5.3. vAlORES DE OxIDAçãO
O Valor de Oxidação, 1976, pode ser definido como um processo de depuração bio-
lógica chamado de lodos activados modificado. Mas precisamente, ele está enqua-
drado dentro de um grupo de tratamento de mistura completa com aeração prolon-
gada. O processo consiste em combinar aspectos biológicos, tais como, a oxidação 
de moléculas complexas, pela respiração das bactérias, com a aeração constante do 
efluente.
6.5.4. fOSSAS SÉPTICAS
São adoptadas, quando há uma ausência total ou parcial, dos sistemas de tratamen-
to de esgoto em áreas rurais e ou urbanas. A presença destas fossas podem repre-
sentar um risco ao aquífero subterrâneo, tendo em vista, à infiltração no solo e os 
efeitos ofensivos provenientes da decomposição da matéria orgânica. Bem como, os 
efeitos maléficos possíveis, causados à saúde humana levando-se em consideração a 
presença de microrganismos patogénicos na água consumida pela população.
Esse sistema de tratamento, na verdade, é composto por duas unidades: o tanque 
séptico e uma unidade de disposição do seu efluente. 
A fossa séptica está destinada a receber contribuições de esgotos domésticos, pos-
suindo a capacidade de dar aos esgotos um grau de tratamento equivalente a sua 
simplicidade e custo.
Ela constitui um tratamento primário de esgoto, tipo biológico com eficiência de re-
moção de 70 a 80%, onde a velocidade e a permanência do líquido na fossa permi-
tem a separação da fração sólida do líquido, proporcionando digestão limitada da 
matéria orgânica e acúmulo dos sólidos.
Sumidouros
São unidades capazes de receber a parte líquida proveniente das fossas sépticas e 
têm a função de permitir sua infiltração no solo.
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tanques Imhoff
Unidades compactas, possuindo em um mesmo tanque, as unidades de decantação 
e digestão do lodo, dispostas de tal maneira que um processo não interfira no outro.
lagoas de Estabilização
As lagoas de estabilização constituem um processo de tratamento de esgoto que 
aproveita fenômenos naturais, sendo mais indicadas para regiões de clima tropical. 
As lagoas de estabilização constituem um processo biológico de tratamento de águas 
residuárias que se caracterizam pela simplicidade, eficiência e baixo custo.
Seu tratamento é feito através de fenómenos naturais: físicos; químicos e biológicos, 
sem a necessidade de energia externa, excepto a solar. Outras vantagens podem ser 
citadas como a simplicidade de operação e funcionamento, baixo custo de operação 
e manutenção. Conforme o processo biológico que nelas ocorre, as lagoas são clas-
sificadas como: 
lagoas Anaeróbias
Nelas ocorrem simultaneamente os processos de sedimentação e digestão anaeró-
bia, não havendo oxigênio dissolvido. No fundo permanece um depósito de lodo e 
na superfície formam-se bolhas de gás resultantes da fermentação do mesmo. Estas 
lagoas admitem cargas elevadas, reduzindo-as em cerca de 50%, sendo, portanto 
comumente utilizadas como lagoa primária de uma série de lagoas.
lagoas Aeróbias
Projetadas de maneira a existir oxigênio dissolvido em toda massa líquida, ocorrendo 
apenas o processo aeróbio. Ocupam áreas maiores que outros tipos de lagoas, sendo 
por isso, pouco utilizadas.
lagoas Facultativas
Operam em condições intermediárias entre as aeróbias e anaeróbias, coexistindo 
os processos encontrados em ambas. O princípio de funcionamento já foi descrito 
anteriormente.
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lagoas de Maturação
Sua finalidade principal é a remoção de organismos patogênicos, sólidos em suspen-
são e nutrientes. São utilizadas após o tratamento secundário dos esgotos, realiza-
dos em lagoas ou não, com o propósito de melhorar a qualidade do efluente.
lagoas Aeradas
O oxigênio a ser utilizado no processo biológico é introduzido mecanicamente atra-
vés de ventiladores, com a finalidade de manter a concentração de oxigénio dis-
solvido em toda ou parte da massa líquida, garantindo as reações bioquímicas que 
caracterizam o processo. 
tratamento por lodos activados
O processo dos lodos ativados é biológico e o nível e secundário, a eficiência de 
remoção de DBO é de 80 a 90%. Nele o esgoto afluente e o lodo ativado são intima-
mente misturados, agitados e aterados em unidades chamadas tanques de ateração, 
para logo após se separarem em decantadores.
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7. LATRINAS 
ObjETIvOS
1. Conhecer os diferentes tipos de latrinas
2. Descrever a constituição e funcionamento

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