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História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 1 
História do Brasil 
1.1 Expansão Marítima XV - XVI 
O processo de consolidação e formação da exploração Colonial tem como 
base, respectivamente, um longo processo de formação dos chamados 
Estados Nacionais na Europa e por uma relação de aliança entre a Nobreza, 
já constituída desde os tempos feudais, e da Burguesia, como classe em 
ascensão que contribuiu para a aceleração da Modernidade e da 
desintegração dos laços de dependência, típicos do Feudalismo e da 
relação entre servo e Senhor Feudal. 
É perceptível que a partir do século XIII, a partir de uma série de Batalhas e 
conflitos foram definindo-se as atuais fronteiras da Europa. Dentro desses 
espaços definidos foram surgindo paralelamente ao Estado uma 
organização política centralizada, cuja figura do Rei ou do Príncipe, 
apoiava-se na burocracia e na legitimação da Monarquia e da Nobreza. 
Lembre-se do caso desse sistema, designado de Absolutismo, o exemplo 
do Rei-Sol Luís XIV, na França, que se personifica como a própria existência 
do Estado, declarando-se: “O Estado Sou Eu”. Nesse sentido, podemos falar 
ainda em uma aliança entre nobreza e burguesia, no entanto, esta última 
dependente da primeira, sem que houvesse ainda relações com as 
Revoluções Burguesas que irão marcar os séculos XVII e XVIII. 
Faz-se necessário, portanto, determinar que o ápice desse processo de 
centralização e formação das Monarquias Nacionais, base da existência do 
Absolutismo, ocorreu entre 1450 e 1550, com algumas consideráveis 
diferenças entre Portugal (a pioneira), Espanha (em 1492 com o episódio 
denominado de Reconquista), França (com a dinastia dos Bourbons de Luís 
XIV em diante) e a Inglaterra (com a dinastia dos Tudor e dos Stuart). 
Há de considerar-se salutar a partir desse momento que houvesse uma 
necessidade de superar a crise que a Europa enfrentava desde o início do 
séc. XIV (anos 1300) e que consequências como essas teriam impulsionado 
a expansão geográfica no além-mar e a exploração de matéria-prima e 
mão-de-obra indígena ou escrava. 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 2 
Ao passo de reduzirmos a simplicidade da crise enfrentada pela Europa à 
necessidade da expansão marítima, se faz necessário destacar elementos 
importantes para o processo de consolidação da Fase dos Descobrimentos 
ou, como se referência atualmente, o “achamento” das Américas. É deste 
modo que os historiadores consideram uma série de fatores que expliquem 
esse processo, mas acima de tudo, o papel da Monarquia Portuguesa nesse 
processo. 
A Dinastia de Avis pode ser considerada a precursora desse movimento 
expansionista. Sempre de tendência a voltar-se para fora da Europa, os 
portugueses já haviam acumulado experiência necessária ao longo dos 
séculos para ultrapassar o comércio então dominado por genoveses e 
venezianos. Aja vista o próprio Cabral ter sido genovês e trabalhar a serviço 
dos interesses portugueses. Lisboa, portanto, transformava-se já num 
poderoso centro de distribuição mercantil ligado ao comércio da península 
Itálica. O constante contato com o mundo islâmico, o avanço das trocas e 
da utilização de moedas, a posição geográfica portuguesa foram sem 
dúvida fatores que impulsionaram o comércio e a sua expansão. Em todos 
os aspectos, no entanto, Portugal percebeu melhores condições para a 
unificação de seus Reinos do que outros modelos europeus. Sem dúvida a 
menor suscetibilidade de instabilidades, invasões, disputas contou a favor 
desse processo. A somar-se a isso a Revolução designada de Avis foi 
importante na sucessão da dinastia em Portugal. Diferente das revoltas 
camponesas do resto da Europa, a revolução apresentou um caráter 
especialmente burguês. Burguês no sentido ainda distante das revoluções 
que irão assolar a Europa no futuro, mas possibilitando setores essenciais 
da sociedade portuguesa a desafiar os mares, colocar seus interesses a 
frente do Estado e impulsionar a arre 
cação de impostos para a Monarquia. Para tanto, a burguesia 
disponibilizaria o espírito aventureiro e o Rei os meios necessários para 
alcançá-los, criando a perspectiva de um bom negócio para a burguesia; e 
para o rei a oportunidade de novas receitas, onde a nobreza apoiava seu 
prestígio, a Igreja expandia seus limites e a Metrópole consumia produtos 
manufaturados vindos da Colônia. Somado a todos esses fatores, o declínio 
do comércio com as Índias, o fechamento do Mar Mediterrâneo em 1453 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 3 
teriam sido pontos favoráveis para o desenvolver do espírito aventureiro 
do séc. XV. 
 
O Império Ultra-marino Português 
Acima de tudo, a coroa Portuguesa obteve largos interesses em buscar a 
expansão de seus mercados. A Europa tornava atraente a busca, 
principalmente, por especiarias e ouro. O alto valor das especiarias 
explicava-se pelos hábitos cultivados na Europa. Derivado de substância, o 
termo especiaria era associado a produto raro e usado em pequenas 
quantidades, geralmente para disfarçar o gosto estragado de alimentos e 
produtos. Desde a canela, o cravo, a noz-moscada, o gengibre e até o 
açúcar foram produtos usados com objetivo de alimentar os mais 
diferentes gostos, daí a expressão “caro como pimenta” para designar 
especiarias tão procuradas na Europa. 
Nesse sentido, a exploração ultramarina Portuguesa tem início no séc. XV. 
Corriqueiramente associada a conquista de ilhas no Atlântico e na costa da 
África, Ceuta foi a primeira cidade tomada por portugueses já em 1415. 
Localizada no Norte da África, é associada a busca do Ouro no Sudão, 
incursões piratas, saques e até gosto pela aventura. 
Ao longo de 53 anos a costa da África foi aos poucos sendo tomada pelo 
interesse de desbravadores e até o alcance das Índias por Vasco da Gama 
em 1498. Sem explorar intensamente o território africano, os comerciantes 
portugueses usaram-se da instalação de feitorias na costa da África e do 
cultivo da cana-de-açúcar nas Ilhas Canárias, da Madeira e de Cabo Verde. 
As feitorias tornavam mais rápidas e baratas a exploração e agilizavam a 
comercialização de matéria-prima. Era uma troca comercial considerada 
precária e que recorria somente às armas e a segurança dos espaços 
delimitados. Geralmente, os feitores tinham a função de estabelecer 
mercadorias que seriam transportadas e estocá-las nas feitorias na costa 
do continente. Já eram perceptíveis controles burocráticos que obrigavam 
a cunhagem de Moedas pela exploração do Ouro, do Marfim, da pimenta 
malagueta e, sobretudo, já de escravos que eram comercializados. 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 4 
Nas ilhas do Atlântico, as primeiras experiências já demonstravam o plantio 
em larga escala, da mesma maneira que será usada no Brasil. Implantaram, 
depois da perda das Canárias para espanhóis, por volta de 1471 dois 
sistemas agrícolas paralelos: o trigo produzido por camponeses 
portugueses; e produção de cana-de-açúcar, investidas por comerciantes 
genoveses e judeus que usavam do trabalho escravo do negro que vinha 
da costa da África. O comércio não durou muito, já que sofreu concorrência 
do açúcar brasileiro. 
Já o descobrimento e a efetiva colonização do Brasil irão ocorrer só com a 
chegada das 13 naus de Cabral em 1500. A experiência da África e o 
contato com o comércio das Índias irão atrasar a produção no Brasil, que 
só ocorrerá efetivamente em 1549 com o governo geral. Isso nos leva a 
constituir que o Brasil nesse momento já era alvo de interesses europeus, 
que consideraram nesse momento a exploração pura e definida, sem levar 
em consideração a cultura do indígena e a disputa com a coroa Espanhola 
da separação dos territórios na América, que sofreram mediação da Igreja 
em Roma, levando a assinatura do Tratado de Tordesilhas em 1494. 
Colombo, que descobriu a América em 1500, achava ter chego as Índias e 
irá creditar esse feito atéa sua morte. Somente com Américo Vespúcio em 
1505 teremos a certeza de termos alcançado um novo Continente. 
 
1.2 Brasil Colônia 
Comumente associamos a colonização do Brasil em 3 fases distintas: a fase 
de Reconhecimento e Instalação das Capitanias Hereditárias até 1549; a 
fase que vai da instalação do Governo-Geral até a eclosão de movimentos 
como a Inconfidência Mineira em 1789-90; e a crise do Sistema Colonial 
que irá compreender a chegada da Família Real em 1808 e a Independência 
do Brasil em 1822. 
As primeiras tentativas de exploração do território brasileiro irão se dar a 
partir do primeiro contato do elemento colonizador com os indígenas 
brasileiros. Nesse sentido, essa primeira tentativa, pois ela irá apresentar-
se com uma série de problemas a coroa, representa um esforço que irá 
dispender, ou seja, desconsiderar a necessidade de muitos investimentos 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 5 
na América. A extração do pau-brasil foi nesse período a primeira matéria-
prima que gerou interesse material e comercial em terras brasileiras. Usada 
para tingimento de tecidos e na fabricação de móveis, navios e outros 
instrumentos, a madeira já era comercializada na Ásia. Foi, portanto, nesse 
momento de poucos investimentos que o mesmo sistema de feitorias 
adotado na costa da África serviu melhor ao contexto da exploração. 
Somado a isso, algumas expedições particulares receberam o monopólio 
do Rei para exploração das terras. Ainda desconhecidas e sem muito 
respaldo, a mais famosa expedição teria sido a de Fernão de Loronha ou 
Noronha (nome das Ilhas). Essa forma de exploração durou até 1505, 
quando a coroa retomou a exploração das terras. 
A extração do pau-brasil era realizada através do escambo com os 
indígenas, uma forma de comércio mais simples e que dispendia o uso de 
cédulas ou moeda. Desse período não demoraria em assumir outras formas 
de exploração, como a da escravização do indígena. Denominadas de 
guerra justa, a escravização era usada como forma de defesa ao “ataque” 
de tribos indígenas, usado de desculpa para subordinar em trabalho 
compulsório escravo o indígena. 
Nesse momento, a fase de reconhecimento, irá despertar interesses de 
outras potências sobre o Brasil, como a Inglaterra e a França, que não 
reconheciam a legitimidade do Tratado de Tordesilhas assinado por 
mediação da Igreja em 1494. Segundo os preceitos da época, só era 
conhecido verdadeiro legítimo da terra aquele que a ocupasse, dentro do 
preceito do uti possidetis. Nesse contexto, que Franceses e Holandeses 
tomarão conta do espaço brasileiro em períodos distintos. Franceses 
chegaram a invadir a cidade do Rio de Janeiro e a região do Maranhão, 
antes de serem expulsos definitivamente pelos portugueses. 
 
Capitanias Hereditárias 
Temendo o risco de perder a efetiva posse das terras, a coroa portuguesa 
irá testar a primeira tentativa real de colonização do Brasil com a divisão 
de 15 lotes de terras, distribuídos entre Capitães donatários. Estes 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 6 
receberiam a posse da terra, mas não a sua propriedade. Os 12 donatários 
teriam funções de instalar vilas com intuito de ocupá-las e protegê-la. Os 
donatários teriam suas funções determinadas pela Carta de Foral e de 
Doação. Asseguravam-se assim deveres desde a arrecação de impostos e 
tributos, criação de vilas e aplicação da Justiça. No entanto, não podiam 
vender, arrendar ou alugar as terras. Podiam distribuir sesmarias, que na 
prática ‘doava’ porções de terras com intuito de produzi-las num prazo 
máximo de 5 anos. 
Apesar de amplas tentativas de efetivar a colonização as capitanias 
enfrentaram problemas desde a sua instalação em 1535, vindo a ser re-
estatizada pela coroa Portuguesa e substituída pelo Governo-Geral em 
1549. Coincidindo com a descoberta de Prata pela Espanha em Potosí, na 
atual Bolívia, e com o declínio do comércio com as Índias, o governo-geral 
seria a solução para a substituição do modelo de capitanias. Esse modelo 
de substituição iria aproximar os laços entre Metrópole e Colônia, 
aumentando a capacidade de organização e de rendimentos dos 
territórios. 
Tomé de Souza, 1º governador-geral do Brasil chegou até a Baía de todos 
os Santos em 1549, fundando a cidade de Salvador e a elevando a Capital 
da Colônia, que duraria até 1763. Vinham com ele os primeiros jesuítas e 
as primeiras determinações do Rei de Portugal. 
Essas determinações permitiam uma centralização política, diminuindo o 
poder dos donatários e criando Câmaras Municipais nas vilas. De fato, na 
prática, esse fator irá desencadear em toda a história da Colônia os 
principais conflitos entre os homens-bons, grandes latifundiários, que 
entrarão em constante conflito com o abuso e o autoritarismo do Rei sobre 
a Colônia. Em toda a história da colonização, inclusive segundo as regras 
do Pacto Colonial e do Mercantilismo, deveria ocorrer um monopólio sobre 
a exploração, que na prática também relegava a Portugal um sistema de 
relativa flexibilidade e incapacidade de investimentos e produção, 
deixando em diferentes momentos a cargo da Holanda e da Inglaterra a 
comercialização de Produtos. 
 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 7 
O ciclo do açúcar 
As dificuldades enfrentadas pela administração portuguesa foram sentidas 
em vários aspectos. Desde o ataque de índios repercutindo em falta de 
mão-de-obra, escassos investimentos, falta de metais preciosos em 
território brasileiro. Essa ausência de bons rendimentos gera como 
consequência a aproximação entre Metrópole e Colônia. 
O Governo-Geral nesse sentido começa por estabelecer os primeiros 
núcleos de produção agrícola para abastecer de especiarias o mercado 
europeu. A produção estabelecida em latifúndios irá acompanhar o sistema 
de Plantation: uma monocultura, agro-exportadora e baseada no uso do 
trabalho escravo. 
É, portanto, na produção açucareira que irá se dar a transição da mão-de-
obra escrava indígena pela escrava negra. Inicialmente, os índios proibidos 
de escravização pelos jesuítas irão marcar uma alternativa para a força de 
trabalho que, por inúmeros motivos, impossibilita a vinda de força de 
trabalho livre, mas encontra alta rentabilidade no escravo negro. Isso 
porque o negro era visto como mercadoria, esta que gerava lucros, 
circulação de mercadorias, cobrança de impostos, interessada a todas as 
partes envolvidas, além de uma capacidade produtiva muito superior a do 
indígena. Apesar de ter sido deixada de lado, a mão-de-obra do índio 
nunca deixou de ser usada, inclusive em períodos de escassez do negro 
(uma brecha de escravização pelo fato da guerra justa). 
A sociedade açucareira foi o grande motor da economia da colônia nos 
primeiros tempos. A Coroa até relegava a propulsão da produção a 
parceiros econômicos. A Holanda tinha, acima de tudo, a responsabilidade 
do investimento, do refino, do transporte e da comercialização do produto 
na Europa. Isso irá possibilitar que a Holanda enquanto parceira comercial 
da coroa portuguesa permaneça com amplos interesses até o controle dos 
territórios metropolitanos e coloniais por parte da Espanha. Era o início da 
União Ibérica ou Hispania, período relacionado a crise de sucessão do trono 
português pelo desaparecimento de dois Reis D. Sebastião (que 
desaparece numa batalha no Marrocos sem deixar herdeiros) e seu 
sobrinho D. Henrique (que também deixa o trono sem herdeiros) 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 8 
O período da Hispania, de 1580 a 1640, representa para o Brasil e Portugal 
um período bastante conturbada que afeta diretamente os privilegiados na 
produção do açúcar e gera como consequência a tomada dos territórios 
brasileiros pela Holanda (Invasões Holandesas) e o declínio da produção 
do açúcar e sua respectiva substituição pela economia aurífera, como 
descobrimento do Ouro em 1693 na região das Minas Gerais. 
Nesse aspecto, podemos afirmar que a consolidação da estrutura 
açucareirarestringe a colonização ao Nordeste do Brasil, numa faixa de 
terra bastante litorânea e essencialmente agrícola. Isso repercutia nos 
pesados investimentos e na realização de acordos comerciais e, acima de 
tudo, numa estrutura social completamente dependente do elemento 
africano. A dinamização da sociedade, portanto, era baixa, caracterizando-
se por uma sociedade extremamente fechada, com pouca mobilidade 
social, baixos índices de alforria para escravos e alto índice de Status social 
baseado na propriedade da terra e do número de escravos. Essa foi por 
excelência a típica forma de organização social que vigorou até o 
descolamento do eixo Sudeste entre a região da Capitania de São Vicente 
(atual Estado de São Paulo), Rio de Janeiro e a elevação de Minas Gerais a 
Vila. 
A sociedade açucareira foi baseada no modelo tradicional Patriarcal, forte 
religiosidade, adesão aos ritos católicos. As mulheres brancas eram 
escassas e a ausência de núcleos urbanos caracterizavam uma sociedade 
permeada pelas relações de trocas de favores, o clientelismo. 
 
A expansão territorial e interiorização da Colônia 
Podemos efetivamente perceber que até os séculos XVII a colonização do 
Brasil esteve determinada pela sociedade eminentemente agrária e 
concentrada nas faixas litorâneas da colônia. Nesse sentido, não havíamos 
ainda percebido o desenvolvimento do que hoje caracteriza-se pelo 
interior do Brasil. 
Esse deslocamento para o eixo RJ=SP, só estará relacionado a presença de 
dois importantes eventos: a fase de Restauração Portuguesa em 1640, com 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 9 
o fim do domínio espanhol sobre os portugueses e a expulsão dos 
Holandeses do Brasil em 1654; e de outro lado, isso não teria sido possível 
sem a presença do desbravador, do aventureiro paulista na capitania de 
São Vicente: estamos nos referindo ao papel do Bandeirante. 
Dentro desse contexto, o bandeirante foi importante no sentido que 
permitia o aumento das fronteiras da colônia e ao mesmo tempo em que 
impulsionava uma nova estrutura econômica: o Ouro. Esse processo se deu 
pela concorrência do açúcar brasileiro com o açúcar holandês produzido 
nas Antilhas e pela definição das fronteiras a partir de 3 grandes Tratados: 
o de Madri (1750), o de Santo Ildefonso (1777) e o de Badajós (1801). A 
partir deste último e de outras determinações, ficava acertado que o 
território dos Sete Povos das Missões passasse ao controle de Portugal e a 
Colônia de Sacramento no Uruguai ao controle da Espanha. 
 
1.3 Brasil Colônia e economia Aurífera 
Entre meados do séc. XVI pode-se perceber uma relativa distância entre a 
estrutura de produção do nordeste e as do sul, longes dos interesses dos 
feitores e senhores de Engenho. Por esse motivo a região sul da Colônia 
ficou imortalizada até esse período como uma terra sem Lei e nem Rei. 
Decorrente tanto das Missões Religiosas quanto da presença de 
Bandeirantes Paulistas esparramados pelo território brasileiro percebeu-se 
um relativo desenvolvimento das fronteiras territoriais da colônia. 
A pecuária teria sido a primeira atividade econômica que possibilitou 
amplas concentrações de pessoas. Inicialmente acompanharam o curso 
dos rios e foram adentrando ao interior com o objetivo de abastecer as 
regiões dos engenhos. Ao decorrer do tempo foram possibilitando a 
expansão ao Norte do Brasil, principalmente região do Maranhão e 
Amazonas, e também a região Sul do Brasil, em Santa Catarina e Rio Grande 
do Sul com grandes investidas no mercado de charque e couro. 
Na região central da colônia a função das expedições de bandeiras e 
entradas buscaram conter invasões estrangeiras, recuperar escravos negros 
fugidos, apresar indígenas (apesar da resistência dos jesuítas) e encontrar 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 10 
ouro. O que as diferiam era de que as entradas tinham organizações 
oficiais, ou seja, financiadas pela coroa até o período da Restauração não 
ultrapassaram o limite de Tordesilhas; já as Bandeiras foram expedições 
particulares organizadas a partir de São Vicente. 
De caráter desbravador, as bandeiras e a figura do bandeirante 
enalteceram no séc. XIX os interesses dos Paulistas e sua relativa 
superioridade. Orgulhava-se de demonstrar que a presença fraca do negro 
na região sudeste havia possibilitado um melhor desenvolvimento para a 
capitania, constituindo quase uma raça especial que do cruzamento do 
branco e do índio provocou o êxito da empreitada expansionista. Tudo 
fantasias e mitos usados com pretensões científicas. 
Em muitos aspectos, a presença do indígena na sociedade paulista implicou 
numa sociedade mais miscigenada, claro, mas longe de ser mais 
“desenvolvida” que o nordeste brasileiro. A exaltação do bandeirante foi 
estabelecida de fato por uma sociedade mais rústica, de fraca agricultura, 
solo pobre e que prevaleceu o costume e a língua indígena. Vestígios 
disso? O fato das bandeiras terem sido representadas por mais 3 mil 
homens que percorriam milhares de quilômetros Brasil adentro, mas em 
sua maioria indígenas que apresavam outros indígenas, de tribos rivais ou 
inimigos, contaminados pelo interesse do comércio, do abastecimento da 
atividade agrícola. Estima-se que 300 mil indígenas tenham sido 
capturados com intuito de abastecer a lavoura no momento de carência de 
escravos africanos, isso entre 1625 e 1650. 
 
E o Ouro? 
A economia da sociedade aurífera teria se diferenciado da estrutura de 
organização social estabelecida no Nordeste. Fatos que reforçam esse 
argumento demonstram uma sociedade muito mais dinâmica, de 
composição social diferenciada e, sobretudo, de classe média mais larga, 
devido ao aumento de atividades paralelas no circuito do Ouro. 
A sociedade aurífera foi de fato a grande contribuinte para o primeiro fluxo 
migratório (e imigratório) para o Brasil, tendo aproximadamente 600 mil 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 11 
pessoas chegando a região das Minas. Mas não pensemos que isso facilitou 
a exploração, justamente pela característica da sociedade ter sido marcada 
pela restrição e circulação de pessoas em Minas Gerais. A coroa portuguesa 
havia dispendido interesses no ouro e o contrabando deveria ser evitado. 
Para tanto se criou a Intendência das Minas, que administrava, fiscalizava e 
tributava a exploração do ouro. Toda descoberta deveria ser comunicada 
as autoridades que demarcavam os espaços e lotes, que passavam a 
chamar lotes. Deveria se comprovar um número de escravos para poder 
candidatar-se ao sorteio das minas. Posteriormente as Casas de Fundição, 
instaladas por toda a Coroa, deveriam tributar e selar o ouro que seguia 
para a Europa. Todo ouro natural ou em pepita era proibido de circular. 
A cobrança de impostos realizada pela Coroa deveria estabelecer o Quinto 
(20%) de tudo que se extraia da Mina, além da Capitação, impostos que 
deveria ser cobrado em cima das cabeças de escravos que trabalhavam nas 
Minas. No caso de extração em faisqueiras (ouro encontrado na margem 
das montanhas e dos rios, portanto mais barato) o explorador pagava 
imposto sobre ele mesmo e seus trabalhadores. Arrecadas impostos e 
organizar a sociedade das minas foi o objetivo da Coroa Portuguesa no 
Brasil. Para tanto, Ordens Militares foram criadas com intuito de cercear a 
circulação de indivíduos nas Minas. Foram estabelecidas juntas e ouvidores 
que poderiam intervir em determinados casos e milícias armadas que 
poderiam enfrentar casos de emergência. No entanto, isso não acabou com 
o contrabando. Caso das Ordens Religiosas, que mesmo impedidas de 
entrar nas regiões das Minas, conseguiam contrabandear ouro em Pó em 
imagens de Santos para a Europa. 
Esse contexto, portanto, nos leva a pressupor que a sociedade aurífera não 
tenha sido necessariamente mais rica que outras formas de exploração. 
Pelo contrário, o ouro gerava riqueza e aumento de preços, dado a sua 
amplitude e o seu aumento de produção agrícola e de comércio de 
produtos. Osprodutos chegavam a custar 50 vezes mais que em outras 
regiões da Colônia. Poucos enriqueceram, mas permitiram uma sociedade 
mais flexível e que, inclusive, importará ideias da Europa, ideais esses que 
serão essenciais para os movimentos de emancipação e independência. 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 12 
Fator principal que nos leve a constituir a região das Minas como uma 
sociedade mais dinâmica é o fator que propulsiona um número maior de 
movimentos de resistência e de contestação aos impostos cobrados pela 
coroa Portuguesa. Até o período de instituição da sociedade açucareira, 
séc. XVI, a coroa Portuguesa agora administrada pela dinastia dos Orleans 
e Bragança foi responsável por esgotar as formas de cobrança de impostos, 
levando a população a se revoltar contra o autoritarismo do Rei. Em nada, 
portanto, esses movimentos tiveram de ideais radicais, de movimentos 
ideológicos bem definidos. Essa série de movimentos será chamada de 
Nativistas por esse principal Motivo. Em muitos aspectos estiveram 
relacionados a revoltas de Quilombos, com escravos fugidos, e revoltas 
como a dos Beckman no Maranhão, em 1642; a dos Mascates entre Olinda 
e Pernambuco, em 1710-11; a Guerra dos Emboabas pelo controle das 
regiões das minas entre Paulistas de um lado e Estrangeiros de outro; e, 
por último, a Rebelião de Filipe dos Santos em 1720. Todos eles 
apresentam em comum o fato de terem se revoltado contra o abuso da 
cobrança de impostos e pela criação de Companhias de Comércio que 
monopolizavam a distribuição de produtos em certas regiões. 
O séc. XVIII e início do séc. XIX por outro lado foram marcados por rebeliões 
mais bem definidas com propostas bem sólidas. É o caso das Rebeliões de 
caráter Emancipacionista ou Separatista. A colônia até então havia sido 
definida pela ausência de uma elite letrada, o que agora em meados do 
séc. XVIII é possível por meio dos ideais iluministas e impulsionados pela 
independência dos EUA (1776). Grandes partes dos envolvidos na 
Inconfidência Mineira estavam matriculados na Universidade de Coimbra, 
10 dos 19 eram brasileiros de Minas Gerais. 
Isso acaba por justificar que o abuso na cobrança da Derrama tenha sido o 
estopim para a traição a Coroa (a Inconfidência). No entanto, observado a 
fundo os ideais iluministas percebemos que o levante em MG em 1789 não 
conseguiu ganhar contornos populares e distanciar-se das elites, à exceção 
de Joaquim José da Silva Xavier, o único julgado, condenado e 
esquartejado, representando que o limite para os Inconfidentes terminava 
onde começa a abolição da escravidão. Por esse motivo, a inconfidência 
não radicalizou seus ideais, apesar de defender a criação de uma República, 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 13 
pelo fato de a maioria de seus integrantes terem sido grandes 
latifundiários. 
A Conjuração Baiana ou dos Alfaiates em 1798 já apresentou outros 
interesses. Considerada a 1ª Revolução Social do Brasil, seus integrantes, 
na maioria, buscaram ideais mais igualitários, o que representa que 
estavam dispostos a alcançar tendências ainda mais libertárias, rompendo 
definitivamente com a condição de exploração que o Brasil até então se 
encontrava. 
 
1.4 A crise do Sistema Colonial Brasileiro, 1790 - 1822 
A situação que se encontrava a Coroa Portuguesa até o descobrimento do 
Ouro em 1693 era precária. Suprimia apenas uma dívida que só tendia a 
aumentar à medida que sua dependência passava diretamente da Holanda 
para a Inglaterra. Em 1703, um Tratado entre Portugal e Inglaterra 
demonstrava bem isso. Estabelecido com o intuito de alavancar o comércio 
do Vinho do Porto (já em mão dos Ingleses), o Tratado de Methuen por 
outro lado obrigava o Brasil e a Coroa a importar tecidos das indústrias 
Inglesas. Já deu pra imaginar como pagaríamos pelas Manufaturas? Com 
Ouro! 
Portanto, de fato compreendemos que o nosso ouro serviu ao capital 
necessário para a Revolução Industrial inglesa. Com objetivo de um último 
suspiro, o rei D. José I estabelece medidas que serão necessárias a algumas 
reformas do sistema Mercantilista. Essas reformas serão de 
responsabilidade do secretário de Estado do Reino, Marquês de Pombal. 
Por um curto período de tempo, Portugal sofrerá respectivamente crises 
econômicas, um terremoto que irá destruir Lisboa, rebeliões que serão 
insustentáveis para a manutenção de sua colônia e invasões que serão 
desencadeadas por Napoleão, o conquistador da França. 
É nessa perspectiva, que em 1808, um acordo entre a coroa Portuguesa e 
a Monarquia inglesa transformarão a Colônia em sede da Coroa 
Portuguesa do dia para a noite. Aproximadamente 15 mil nobres chegarão 
a Salvador escoltados pela Marinha de guerra inglesa. Esse período, 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 14 
denominado de Joanino de 1808 a 1821, durará 13 anos de permanência 
da Família Real no Brasil e mudará o curso do Brasil, culminando com a 
Independência em 1822. 
A primeira grande mudança para o Brasil consistiu na abertura dos Portos 
para as Nações Amigas em 1808. A primeira lei promulgada pelo regente 
no Brasil, D. João VI, será a responsável pelo primeiro aumento da dívida 
externa brasileira, elevando o Brasil ao 3º maior mercando consumidor de 
produtos ingleses. Com essa medida, a Inglaterra tem 14 anos de abertura 
de mercados na América, discussões sobre a questão da gradativa abolição 
(que só ira se concretizar em 1888), além de extraterritorialidade a cidadãos 
ingleses e benefícios de 15% de tarifação sobre mercadorias inglesas 
exportadas para o Brasil. 
Esse processo representa um passo importante no sentido de elucidar 
melhor a capacidade de organização por parte dos primeiros Partidos 
Políticos no Brasil. Em 1815, findada a Era Napoleônica, o Brasil é elevado 
a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e a exigência do retorno do 
Rei a Portugal acontece com uma Revolução em Lisboa, a Revolução do 
Porto em 1820. 
De caráter Liberal, a Revolução do Porto implica numa condição irreversível 
para o Brasil: a recolonizarão do território brasileiro. Formado a partir dos 
principais interesses dos latifundiários, o Partido Liberal no Brasil será 
constituído com o objetivo de impedir esses objetivos da Coroa 
Portuguesa. D. João é obrigado a retornar ao país de origem, no entanto, 
a permanência de seu filho, D. Pedro I, representará a articulação das elites 
para privilegiar interesses da produção agrícola. Nascia assim um Novo 
Império, mais presente nas suas continuidades do que suas rupturas e a 
exemplo de outros modelos latino-americanos que irá demorar em se 
constituir República (1889) e para a sua efetiva abolição a escravatura. O 
Brasil nascia como um Império Liberal e ao mesmo tempo conservador por 
estar baseado nas tradições coloniais da plantation: monocultura, 
agroexportadora e escravocrata. 
 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 15 
1.5 Brasil Império – ascensão e queda 
De acordo com a historiografia brasileira, o período designado de Império 
no Brasil teve início com o processo de proclamação da Independência por 
D. Pedro I, filho de D. João VI que acabara de retornar a Portugal pelo fim 
da dominação Napoleônica. Ao exato dia de 7 de Setembro, portanto, as 
elites coloniais brasileiras interessadas em não retornar a condição do Brasil 
à Colônia impulsionam o processo de rompimento com a antiga 
Metrópole, Portugal. Os territórios do então Império do Brasil 
compreendiam parte dos territórios do atual país além da faixa do Uruguai. 
De antiga Colônia e sede do governo Monárquico Português entre 1808 e 
1821, o Brasil agora desmembrado irá coroar o Imperador D. Pedro I e 
garantir a legitimidade dos interesses das elites, bem como, da 
continuidade das características monocultoras, latifundiárias e baseadas no 
trabalho escravo que marcaram o período de abastecimento de matérias-
primas e produtos manufaturados o comércio exterior. 
O Período designado de Brasil Império irá compreender, portanto,3 fases 
políticas distintas: a fase do governo de D. Pedro I (1822 – 1831); uma fase 
intermediária de Regência, quando se governa em nome de uma 
autoridade ou Monarca, marcada por disputas de poder entre as principais 
facções políticas do país (1831 – 1840); e uma fase mais extensa marcada 
pelo governo de D. Pedro II, coroado antecipadamente aos 14 anos pelo 
Golpe da Maioridade articulado entre as elites do país (1840 – 1889); 
findando apenas com a Proclamação da República por um novo golpe 
militar em 15 de novembro. 
Os primeiros anos da Independência foram marcados por um período de 
bastante incertezas e divergências políticas no país. Haviam se formado 
grupos com diferentes interesses que, por ora, apoiaram o governo de D. 
Pedro, ora se colocavam como contrários às medidas tomadas na discussão 
da 1ª constituição que o Brasil terá como Império. 
Esses fatos levam a crer os historiadores que a figura do Imperador 
apresentasse distintas marcas de contradições. Foi um Imperador de 
tendências liberais (apoiou o rompimento com a Monarquia Portuguesa) 
mas com discursos autoritários, reflexos de um período de habilidades de 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 16 
governo ainda voltadas ao sistema colonial, as práticas mercantilistas e ao 
Absolutismo Monárquico. A Constituição outorgada em 1824 foi o melhor 
exemplo do autoritarismo de um governante, que fechou o Congresso 
Nacional, cancelou a Constituinte, rasgou uma constituição (a da Mandioca 
proposta em 1823 pelos latifundiários) e decretou o Poder Moderador, 
àquele que definia intervenção quando lhe interessasse em determinados 
assuntos. Resultado: foi obrigado a abdicar ao trono, deixar o filho com 
apenas 4 anos no poder, retomar o trono em Portugal afetado por 
problemas dinásticos e abrir precedentes para a crise política, apenas 
solucionada com a ascensão ao trono do futuro d. Pedro II. 
A fase Regencial (1831 – 1840) não havia sido diferente. Mostrava ainda os 
problemas e a falta de habilidade política deixada pelo Imperador D. Pedro 
I. Fora marcada por constantes disputas entre liberais e conservadores no 
poder, onde se elegiam regentes por períodos de 4 anos para governar em 
nome do Imperador. Temerosos que as Revoltas Regenciais pudessem 
trazer uma radicalização e fragmentação do poder, o partido Liberal 
consegue aprovar junto aos setores ultraconservadores uma antecipação 
da coroação do Imperador. Coroado aos 14 anos, o futuro Imperador 
enfrentará desafios a serem buscados pela conciliação e pacificação de 
Partidos Políticos. 
Hábil estrategista e político, D. Pedro II governa com maiores habilidades 
que fora o pai enquanto Imperador. Concede maiores títulos de nobreza 
(18 títulos de Barões/ano), permite o revezamento da composição do 
Parlamento (aproximadamente 33 governos diferente em 50 anos), e dá 
maior flexibilidade as escolhas de representantes no Congresso Nacional, 
como determinação da mesma Constituição de 1824. Agora, portanto, 
Conservadores e Liberais compreenderam que disputas políticas que 
colocavam o país em guerra não seria positivo aos negócios, firmando 
assim políticas de alianças ente os dois grupos antagônicos. Essa fase 
denominada de Parlamentarismo às Avessas é o maior legado do 2º 
Reinado, já que possibilitou acordos políticos mediados pela figura do 
Imperador. Às avessas, justamente, pois num Parlamentarismo tradicional 
(como a Inglaterra) a escolha das Câmaras cabe a própria votação de 
representantes, no Brasil, ao contrário, o Imperador pode mediar essas 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 17 
decisões pelo menos até meados de 1870, antes dos ares Republicanos 
afetarem decisivamente os rumos políticos do país. 
A participação do Exército na Guerra do Paraguai em 1865, a debilidade da 
saúde do Imperador, o fato de não possuir herdeiros masculinos para a 
sucessão de um 3º Reinado, somado aos fatores Abolicionistas da 
escravidão aceleraram a queda do Império no País. Por todos os cantos 
ecoavam sintomas de novas ideologias, regimes e modernização. Os 
cafeicultores do Oeste Paulista viam a necessidade de substituição da mão-
de-obra escrava por livre, perdendo assim, a base de sustentação dos 
latifundiários sob o regime Imperial. A chegada de imigrantes europeus 
será decisiva para acelerar a crise de um Império já em decadência, que se 
mostrava insustentável perante as rápidas mudanças do mundo industrial 
e capitalista. 
 
1.6 República Velha, da Espada a crise das Oligarquias e do Café, 1889 
– 1930. 
A República Velha é o período designado pelo modelo republicano 
adotado pelo Brasil após o fim do Império com a Proclamação em 15 de 
novembro. Articulado pelas camadas do exército e uma parcela da elite civil 
interessada em manter seus privilégios na produção agrícola, o golpe de 
Estado que colocou no exílio a Família Real foi fruto de uma falta de 
mobilização popular, que ocorreu sem muitos abalos, sem que houvesse, 
assim, rupturas com o Brasil agrário e latifundiário dos tempos da Colônia. 
Célebre ficou a frase do jornalista brasileiro Aristides Lobo, ao qual o país 
assistia ‘bestializado’ a proclamação da República, em que o exército que 
desferiu o golpe de estado mais parecia com um desfile militar do que 
qualquer outra coisa. Nesse sentido, os anos que sucederam a Proclamação 
foram de muita instabilidade e incerteza política, marcado pelos ares da 
antiga monarquia e pelo retorno da Família Real. 
Nas duas fases que sucederam a República Velha, a da Espada e a 
Oligárquica, houveram, portanto, articulações e acordos a serem feitos para 
garantir o desenvolvimento do novo regime político. Os Militares agora, 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 18 
eleitos indiretamente para a Presidência da República, Deodoro da Fonseca 
e Floriano Peixoto, se encarregariam de normalizar e garantir o 
funcionamento do país. De outro lado, a parcela civil se apressaria para 
promulgar a nova Constituição, a primeira republicana, de 1891. 
O modelo escolhido, de influência das grandes potências, fora o 
Federalismo. O Brasil se reconheceria pelo nome de Estados Unidos do 
Brasil, e suas antigas provinciais seriam elevadas a condição de Estados. 
Estes agora, poderiam ter relativa autonomia para criar leis, taxar impostos 
sobre produtos de exportação, delinear Tribunais de Justiça e, acima de 
tudo, para garantir os jogos eleitorais, compor milícias armadas. 
Estava organizada a base do Coronelismo, o sistema de arranjo político que 
estabelecia a figura do Coronel, grande proprietário de terras, como 
intermediário na captação e “compra” de votos para firmar alianças com o 
governo federal. Essa política, estabelecida no governo Campos Sales, 
1902, é a característica mais marcante da República Oligárquica. Essa 
aliança irá firmar um revezamento político no poder entre as mais 
importantes Oligarquias do país, a de São Paulo e Minas Gerais. Através 
dela os grandes produtores de café e gado (leite), tomariam um acordo 
definido como “Política dos governadores”, onde os governos dos estados 
elegeriam presidentes, que em troca possibilitaria a distribuição de 
recursos para áreas que tivessem apoiado sua campanha política eleitoral. 
Não obstante, o período da República Velha ter sido marcado, quase todo 
ele, por presidentes de origem civil, sem ligações com os meios militares, 
exceto em 1910 com a eleição de Hermes da Fonseca, sobrinho do ex-
presidente Deodoro. 
Em vários aspectos, portanto, essa política favorável ao protecionismo do 
setor cafeeiro foi responsável por privilegiar empréstimos que tornavam o 
Estado o grande articulador e gestor da exportação e regulação de preços 
do produto no mercado internacional. O Estado agia como um 
intermediário na aquisição do produto frente aos cafeicultores. Essa 
política, em vários, momentos responsabilizava o Estado por gerar dívidas 
com o café enquanto que o resto do Brasil dependia de sua própria 
produção e exportação. 
História | Rodrigo Doninfocusconcuros.com.br 19 
 No decurso da República Velha, no entanto, foram se formando grupos e 
ideologias contrárias ao desenvolvimento e proteção ao café. Esses grupos 
emergiram de um descontentamento dentro das estruturas do próprio 
exército. Denominado de Tenentismo, o movimento foi, sobretudo uma 
insatisfação sobre a política do café e as oligarquias. O movimento que 
tomou contornos armados e em vários momentos percorreu milhares de 
quilômetros Brasil adentro, foi responsável, simbolicamente, pela 
desintegração das oligarquias a partir da Revolução em 1930 que colocou 
Vargas no poder. O poder simbólico dos jovens tenentes foi primordial 
para engatilhar o movimento revolucionário e que, somado à crise 
internacional em 1929, tornou insustentável o governo brasileiro proteger 
e defender única e exclusivamente o café. 
 
1.7 A Era Vargas, 1930- 1945 
 Contexto Internacional - Introdução 
Foi consenso entre as sociedades e grandes potências desde a Revolução 
Francesa que o regime democrático seria a melhor alternativa para decidir 
o destino da organização das sociedades, que, por meio de eleições, 
representantes seriam escolhidos para mudar os rumos da Nação. 
No entanto, os séculos XIX e XX permitiram ao lado da crise de 29 uma 
radicalização de ideologias que permitissem alcançar alternativas para a 
então crise do Liberalismo e do Sistema a Capitalista. Esses movimentos 
denominados de antidemocráticos e antiliberais surgiam para tomar o 
poder e ganhavam a simpatia pela Europa. Justificavam um autoritarismo 
de Estado para justificar a “defesa da democracia”, elevando a necessidade 
das pessoas creditarem a essas ideologias força e poder. Sendo assim, 
prenderam, censuraram, torturaram e mataram todos que se opunham a 
suas ideias. 
Esse período denominado na história geral de Entre-guerras (1918 – 1939) 
foi o período de maior suscetibilidade e fragilidade da democracia através 
dos Regimes Fascistas e Nazistas na Europa. Respingaram influências no 
regime de Francisco Franco na Espanha (Franquismo), no governo de 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 20 
Antônio Salazar em Portugal (Salazarismo) e influenciou o regime brasileiro 
sob a égide de um futuro Ditador, Getúlio Vargas. 
 
A Revolução de 30 e a Era Vargas 
A República do Café (1894 – 1930) que se encontrava no revezamento do 
poder político do país sofria um duro golpe de Estado em 24 de outubro 
de 1930. Começava assim a Revolução de 30 que findava a república das 
oligarquias e colocava no poder o início da Era Vargas, de 1930 a 1945. 
Os grupos ligados aos setores militares foram primordiais para colocar em 
curso as contestações ao protecionismo que o café recebia desde a 
Proclamação da República. O movimento então designado de Tenentismo 
(pois caracterizava militares de baixa ou média patente) foi responsável 
pela rebeldia contra o governo da República e, sobretudo, as oligarquias 
que usavam do poder militar para intervir na política local. 
Ligados aos setores médios, urbanos e democráticos os Tenentes 
conheceram duas fases de seu movimento: antes de 30 e depois de 30. Até 
1930, foi consenso que o exército deveria exprimir um papel de defesa dos 
interesses da nação, devendo “moralizar” a República, defendendo o fim 
das fraudes eleitorais, o fim do voto de “cabresto” e, principalmente, a 
centralização de poder. Economicamente, defendiam a estabilidade do 
país, criticavam empréstimos do capital estrangeiro e aumento da dívida 
externa, opunham-se a proteção econômica do setor cafeeiro, defendendo 
assim, que a política deveria ser de uma pluralidade econômica maior (café, 
algodão, cacau, açúcar (álcool), além de uma indústria expressiva). 
Esses interesses representam na prática, os novos rumos que o Tenentismo 
enfrentará depois de 1930. Nessa segunda fase, os antigos tenentes serão 
o sustentáculo da Era Vargas, importantes tanto na queda da República 
Velha e na deposição de Vargas em 1945. 
Portanto, em plena eleição de 1929 o café enfrenta uma situação delicada: 
a safra que esperava-se ser de produção reduzida, alcançou quase 30 
milhões de sacas. De outro lado, com a crise, os preços internacionais 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 21 
caíram bruscamente devido à alta oferta do produto no mercado. Houve 
retração do consumo e os fazendeiros agora endividados levavam o Estado 
também a ficar sem saída. Assim, os prejuízos deveriam ser compartilhados 
entre o governo e produtores. 
O presidente paulista em gestão, Washington Luís, deveria enfrentar a crise 
concedendo novos empréstimos e moratória de dívidas (quando se atrasa 
novos pagamentos) para os cafeicultores. O banco do Brasil deveria ser o 
credor da dívida do café. Estava aberto assim o desentendimento entre o 
setor cafeeiro e o governo federal. 
Os desentendimentos aumentaram ainda mais quando o presidente 
insistiu em uma candidatura paulista para sua sucessão, quando pelo 
acordo um presidente de MG deveria ser o próximo candidato nas eleições. 
É provável que a candidatura do então governador de São Paulo, Júlio 
Prestes, teria sido para garantir a permanência da proteção e o incentivo 
da produção cafeeira. 
Independente dos fatores, o mais importante é a formação da Aliança 
Liberal que forçou um novo acordo: agora entre Mineiros e Gaúchos. Nos 
arranjos eleitorais lançava-se Getúlio Vargas como candidato a presidente 
e João Pessoa a vice-presidente. Esse eixo RS-MG-PB reforçava assim o 
descontentamento e projetava o pano de fundo da Revolução de 1930. 
A Aliança Liberal tinha características bastante próximas das quais 
defenderam os Tenentes e não faltaram fraudes e apoio de “máquinas 
eleitorais” que produziam votos para os opositores da política do café. No 
entanto, o eixo São Paulo saía vencedor e Júlio Prestes fora eleito com o 
então reconhecimento e até apoio de parte da Aliança Liberal. 
 
O estopim da Revolução 
Outra parte da Aliança Liberal despontava com uma parcela que queria a 
resposta pelas armas, era o grupo dos “tenentes civis”. Embora derrotado 
em sua primeira fase, o movimento surgia através de uma nova geração de 
carreiras políticas que simpatizavam com a carreira no interior do Exército 
História | Rodrigo Donin 
focusconcuros.com.br 22 
e pela experiência militar. A única exceção dos acordos entre a AL fora Luís 
Carlos Prestes (líder da Antiga Coluna) que agora se declarara socialista 
revolucionário e condenava o apoio ás oligarquias dissidentes dos 
paulistas. Mais tarde, o mesmo Prestes aparecerá nos movimentos radicais 
perseguidos pelo Varguismo. 
Foi um acontecimento inesperado, no entanto, que abriu possibilidades 
para a revolução acontecer. O assassinato por motivos públicos e 
particulares de João Pessoa. Os primeiros foram aproveitados para colocar 
em prática a ação de mártir da Revolução. Fora assim, que um jovem 
Tenente-coronel, Goís Monteiro, cuja carreira tivera alianças com o Rio 
Grande do Sul permitiu desfechar o golpe que acabava com a Primeira 
República. Todos se preparavam para invadir São Paulo. Do Sul as tropas 
marcharam e garantiram a força a posse de Getúlio Vargas na presidência, 
marcando o início do Governo Provisório (1930 – 1934). 
 
O Governo Provisório, 1930 – 1934 
Empossado como presidente por uma junta provisória, Getúlio Vargas 
tomaria algumas decisões que viriam a radicalizar o descontentamento 
pela democracia e a aproximação de regimes de caráter autoritário como 
aqueles que ganhavam popularidade na Europa de Mussolini e Hitler. 
Getúlio deixaria isso bem claro em seu diário: “A política, o interesse político, 
as manobras políticas deturpam ou sacrificam quase tudo para vencer”. 
Getúlio tomou providências para rasgar a primeira, das duas Constituições 
que rasgaria a de 1891 e a de 1934. Dessa forma, fechava-se o Congresso 
Nacional, as assembleias estaduais e acabava-se com a República tal qual 
a conhecíamos. Nos governos estaduais (menos o de MG) os interventores 
foram nomeados, emsua maioria todos tenentes. A autonomia dos Estados 
determinada pelo Federalismo da Constituição de 1891 foi reduzida além 
da proibição de contração de empréstimos externos. Nos novos tempos, a 
política brasileira passaria por um processo de centralização política em 
detrimento da autonomia das federações. 
História | Rodrigo Donin 
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Para tanto, das 3 vertentes políticas do período (Alinhamento nazifascista, 
retorno do pacto oligárquico e ideais democráticos), Getúlio demonstrava 
aproximação e simpatia pelas medidas políticas e econômicas assumidas 
na Europa. Domesticado os opositores podemos sintetizar 3 grandes 
problemas passíveis de solução pelo governo. 
 
A Paz Social 
Foram criados de imediato 2 novos Ministérios: o da Educação e Saúde e o 
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Essa preocupação designada 
como social, visava estabelecer uma relação de cooperação entre os 
agentes produtores, investidores e estado. Dessa forma, acabava-se com 
conflitos entre classes, e minando qualquer resquício do movimento 
operário de inspiração anarquista e socialista. Para o Varguismo, o primeiro 
grande problema a ser enfrentado pelo Estado era alcançar a Paz Social, 
tendo o Estado como mediador de conflitos. 
Claramente de inspiração fascista, esse modelo imposto pelo Varguismo 
buscou criar mecanismos para solução de problemas trabalhistas numa 
primeira instância. Assim, a harmonia e a colaboração entre empregados, 
patrões era alcançada através da mediação do Estado e seus Ministérios 
através da regulação de profissões e de direitos como férias, 
aposentadoria, jornada de trabalho, etc. Esse sistema político denominado 
de Corporativismo atribuía a corporações a função de representar perante 
o governo os interesses de classe e da participação política. Diferente das 
ideologias comunistas, o corporativismo deixará marcas profundas na 
organização dos trabalhadores no sentido de coibir práticas de luta de 
classes. Getúlio despontava assim, como um líder que tornar-se-ia o 
emblema do “Pai dos Pobres”, que pela via autoritária transformava os 
trabalhadores em agentes de sustentação do Estado. 
 
 
 
História | Rodrigo Donin 
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Criação do Conselho do Café 
Percebemos que o problema relacionado as forças de produção foi 
intensamente aplicado não apenas pelo Estado, mas em consonância com 
defensores dessa política na burguesia industrial e entre os militares. 
Porém, o problema primordial para ser solucionado foi em relação ao café. 
O Brasil deve-se lembrar, que era responsável por quase toda riqueza de 
exportações pautadas no café. O Café representava 69% das exportações 
de produtos e respondia ainda por 60% da produção mundial de café. 
Portanto, problemas de ordem internacional que atingiam o preço do 
produto deveriam merecer a atenção do governo brasileiro. 
Para proteger ainda o preço do café, o governo Varguista precisou comprar 
estoques dos agricultores e queimar o produto, esperando assim uma 
redução da oferta de café e forçando um aumento brusco de preços. De 
1930 a 1944 o governo queimou mais de 78 milhões de sacas de café, uma 
quantia necessária para abastecer o mercado por três anos. Impedia-se 
assim a falência do agricultor e uma desvalorização do preço da mercadoria 
no mercado internacional. Se os preços caíssem bruscamente isso poderia 
levar a falência desde os agricultores, bancos e governo que credenciava 
empréstimos para a produção. 
Para resolver o problema do café, o governo iniciou uma política de 
federalização do produto. Criava-se em 1931 o Conselho Nacional do Café 
(CNC) que vinha a substituir o Instituto Estadual de São Paulo, reiterando 
assim que o “monopólio” não era função do Estado e sim da União. Em 
1933, o CNC passou a ser o Departamento Nacional do Café. 
Para resolver o problema da dívida externa suspensa até 1934, o governo 
recorreu a medidas através de uma renegociação de dívidas através de um 
funding loan (reescalonamento da dívida). Aumentou-se taxas de juros, de 
importação, criou-se novos impostos e desvalorizou-se o câmbio no 
sentido de evitar falência de setores da cafeicultura. Isso incentivou em 
longo prazo uma transferência de setores da agricultura para a indústria. 
 
 
História | Rodrigo Donin 
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A diversificação da produção agrícola e a Indústria 
Cientes de que o problema econômico enfrentado pelo Brasil não seria 
apenas solucionado com o café, restava apostar na criação de novos 
mecanismos que pudessem incentivar a diversidade agrícola. Assim o 
Estado passava a facilitar o descolamento de recursos para outras áreas e 
regiões do país. Em 1932 foi criado o Instituto do Cacau, responsável pela 
política do produto no Nordeste. E em 1933 foi criado o Instituto do Açúcar 
e do Álcool, sob o qual o estado passava a incentivar a produção da cana, 
além de regular o controle de preços do açúcar e do álcool. 
Portanto, a crise de 29 possibilitava uma conjuntura desfavorável no 
mercado internacional, mas que serviu para revisar e impulsionar políticas 
internas de equilíbrio financeiro que se tornou um fator de crescimento e 
de diversidade agrícola. Fora assim que o Brasil na Era Vargas soube extrair 
consequências positivas para a economia num período de fragilidade dos 
mercados internacionais. Passava-se assim a uma produção agrícola que 
representava agora 57% de produtos, enquanto que a indústria subia de 
21% para 43% de representatividade econômica. 
 
O Governo Constitucional, 1934 – 1937 
Consequência de uma reação por parte dos Paulistas, a Revolução de 1932, 
o Governo Provisório inicia-se a partir da eleição indireta de Vargas para 
Presidente pelo Congresso Nacional. Seu mandato deveria durar até 1938. 
Para tanto, suas ações que descontentavam setores das oligarquias e 
forçavam uma reação por parte dos derrotados, o governo de São Paulo. 
A Revolução de 1932 em si não obteve os resultados desejados de depor 
o governo Varguista, no entanto, conseguiu ao menos a Constituinte. 
Designada de Revolução Constitucionalista de 1932, na prática alcançou 
repercussão a ponto de forçar, respectivamente, eleições para os cargos do 
Congresso (1933), abertura de uma Constituinte e a aprovação da 
Constituição em 1934 (a 2ª que Vargas rasgaria). 
 
História | Rodrigo Donin 
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Nas eleições de 1933 importantes mudanças foram alcançadas: 
- Inspirada na Constituição da República Federativa de Weimar na 
Alemanha; 
- Voto deixa de ser aberto e passa a ser secreto; 
- O voto feminino em eleições federais; 
- Inspiração Nacionalista no que relaciona economia; 
- Nacionalização de minas, jazidas, quedas d’água e desapropriação de 
empresas estrangeiras; 
- Leis trabalhistas; 
Pelo temor de que um novo arranjo entre as oligarquias pudesse ocorrer o 
governo antecipará o golpe de Estado, criando o Estado Novo em 1937. 
Período de intensas radicalizações ideológicas, o governo Constitucional 
marca uma fase de perseguições, estados de sítio, decretos de Lei de 
Segurança Nacional e do surgimento das mobilizações de Esquerda e de 
Direita. 
Representantes da Revolução Socialista irão se concentrar sob a sigla da 
ANL, A Aliança Nacional Libertadora. Formada por grupos radicais de 
tenentes e sob a liderança de Luís Carlos Prestes, compartilhavam a ideia 
de que somente uma Revolução poderia colocar em curso o Socialismo no 
País. Para Vargas, a ANL representava os ideais mais radicais da revolução 
de 1930 e, por isso, haviam traído o movimento quando rediscutiam a 
questão da reforma agrária e o fim da propriedade privada. O medo 
comunista assolava o país e para tanto deveriam ser perseguidos, 
O outro extremo concentrava os ideais da Direita, difundindo a ideia do 
anticomunismo a aumentando a paranoia contra uma nova revolução no 
país. Em 1932, vários grupos ligados ao fascismo funda a Ação Integralista 
Brasileira (AIB). Chamado de fascismo brasileiro, a AIB formava umgrupo 
paramilitar (de cidadãos armados e fardados, que não pertencem ao 
exército) que pregavam a permanência da propriedade privada, do regime 
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de ditadura com partido único e forte e comandado por um líder 
carismático (semelhante àqueles da Europa). 
Aprovada em 1935 uma Lei que previa perseguições a grupos radicais, 
Vargas abriu fogo contra a esquerda. Fortaleceu a direita enquanto pôde, 
acabou com adversários políticos e controlou enquanto pode a oposição. 
Em julho de 1935, um Manifesto que exigia o fim do governo justificou a 
ação de fechamento da ANL, que teve como consequência um levante 
militar nos principais quartéis do país que ficaria conhecida como a 
Intentona Comunista de 1935. As tropas legalistas (as do governo) 
reprimiram todo o levante, iniciado em Natal (RN), e foram rendidos. 
Aumentada à tensão política, a paranoia comunista havia se instalado no 
país. Constantes Estados de Sítio foram decretados e Vargas assumia uma 
tendência autoritária que justificaria outro golpe de Estado. Reprimidos 
tanto liberais quanto comunistas, haveria ainda uma esperança que as 
eleições de 1938 poderiam ocorrer. Não havia mais volta para o regime: 
estava preparado o Estado Novo (a ditadura de fato Varguista) 
 
O Estado Novo, 1937 – 1945 
Justificado a partir de um suposto plano, o Plano Cohen, que consistiria 
em um novo levante semelhante ao de 1935, Vargas justificava o golpe em 
11 de novembro de 1937. O suposto Plano na verdade descobriu-se fazer 
parte de um documento forjado por um capitão integralista que serviu de 
pretexto para realizar atitudes autoritárias e a abolição das liberdades 
democráticas. 
Fato disso é que o Estado Novo surgia gestado a partir de uma 
Constituição, a Polaca, de 1937. Inspirada nos ideais fascistas e na 
Constituição da Polônia anos antes do fascismo, ela legitimava o apoio a 
um ditador que era civil, mas com apoio dos Militares. Durante esse 
período uma ampla máquina estatal sustentada pela propaganda 
disseminava a imagem de um ditador que conciliava diferentes interesses 
na figura de líder do Estado. 
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Todos os partidos foram extintos além das Assembleias e das votações para 
Governos de Estado. A polícia política concentrada no DOPS 
(Departamento de Ordem Pública e Social) foi fortalecida. Praticava-se 
ampla espionagem, cerceamento das liberdades, prisões e até mesmo 
torturas piores que a do Regime de 64. 
A cultura de massa se popularizou a partir de 1940 com os meios de 
comunicação como o cinema e o rádio. Com o passar dos anos, o governo 
ampliava o acesso aos meios de comunicação, popularizando-os. 
Apoiando-se nesses meios de comunicação o Estado se fortalecia. Fora 
criado para esses fins o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), 
responsável por limitar desde a censura até a difusão da imagem e da 
propaganda pró-Vargas. Buscou se estatizar estações de Rádio, como o 
caso da Rádio Nacional, empresa até então de domínio privado. Além da 
criação da Voz do Brasil, programa de rádio para difusão de informações 
do governo, foi criado a Educação Moral e Cívica nas escolas para 
impulsionar uma identidade nacional em detrimento da língua de 
imigrantes que as preservavam quando aqui chegavam. Cartilhas 
difundidas nas escolas foram responsáveis por disseminar um culto a 
Getúlio, pintado ao mesmo tempo como “Pai dos Pobres” e “Mãe dos 
Ricos”, em alusão a defesa da indústria nacional e da propriedade privada 
da burguesia. Note, portanto, o caráter anticomunista e antidemocrático 
assumido pelo Estado Novo, que condenava as vias assumidas pelo 
Liberalismo norte-americano, mas que valorizava a capacidade do Estado 
regulamentar políticas de crescimento industrial, comercial, de 
subordinação de sindicatos sob o Estado (os sindicatos pelegos), o 
planejamento, etc. 
Para tanto, o Estado Varguista se definia pelo intenso: Intervencionismo, 
pelo nacionalismo exacerbado, que buscou agora produzir o que antes 
importávamos (a industrialização de substituição de importações), que 
soube aproveitar-se da situação e das oportunidades para valorizar aquilo 
que pensava ser o melhor para o Brasil, e por isso, provocando alinhamento 
por vezes com a Alemanha (1937), com os EUA e a II Guerra (1941) e, por 
último, com semelhanças com a esquerda (1945) pela figura do Camarada 
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Vargas e pelo Populismo, que é outra história de tantas faces de um líder 
como Vargas. 
 
1.8 A República Populista, 1946 – 1964 
 
O Fim do Estado Novo e a Redemocratização, 1945 
Por que um Estado programado com tanta cautela durou apenas 8 anos? 
O problema em relação ao Fim do Estado Novo se encontra numa 
conjuntura externa desfavorável somada a divergências internas no interior 
do Governo. Os Alinhamentos do Brasil na II Guerra provocado pela 
pressão dos EUA repercutiram em um modelo de governo ditatorial que 
levou os pracinhas a Europa combater ditaduras. 
Sendo assim, os políticos liberais, inimigos do Varguismo, perceberam uma 
brecha para enfraquecer o governo, tendo como consequências a 
articulação de eleições e projeção de Partidos além do fato das Forças 
Armadas apoiarem a Redemocratização. 
Em 1945, Getúlio imerso nesse contexto de forças contrárias e forçado a 
renunciar. Reconhece o fim do Estado Novo e legitima a abertura de novas 
eleições. Presos foram anistiados e a liberdade de imprensa aprovada. 
As Forças Políticas se concentraram nos principais partidos desse período. 
A UDN formava a oposição liberal alinhada com os EUA. Eram os 
verdadeiros inimigos do Varguismo. E os Partido de aliança a Vargas 
formavam-se a partir do PTB e PSD. O primeiro representando 
trabalhadores e sindicalistas do governo e o segundo, dissidentes do 
aparato burocrático do Estado Novo, funcionários públicos. 
Foi nesse contexto que surgiu um movimento de apoio a Vargas no poder. 
Denominado de Queremismo, com o lema de ‘queremos Getúlio’, e 
apoiado pelo líder da antiga ANL, Luís Carlos Prestes, esse grupo 
representava os interesses da classe trabalhadora no poder, ao mesmo 
tempo que minava qualquer possibilidade de oposição fortalecer a 
hegemonia dos EUA no Brasil. 
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O Governo Dutra, 1946 – 1950 
O governo do General Dutra foi eleito pela ampla aliança com o PTB e o 
declarado apoio de Getúlio, que por não ter sido deposto não foi exilado 
do país. No aspecto econômico o governo Dutra foi marcado 
respectivamente por uma fase mais conservadora liberal, com ampla 
abertura de mercado e livre comércio; e uma segunda fase mais 
intervencionista, influência das consequências econômica que voltaram a 
permitir uma maior ingerência do Estado. Esse livre mercado permitiu que 
o governo esgotasse as reservas cambiais (montante de dinheiro 
estrangeiro acumulado pelo país durante a Era Vargas) com produtos 
supérfluos, de chicletes a cigarros. 
Segundo a nova constituição de 1946, amplos direitos constitucionais eram 
garantidos, mas a greve e o movimento sindical ainda ficavam sob a tutela 
do Estado e perdia grande parte de sua autonomia. Fato esse, que garantiu 
que a pouca representatividade do PCB fosse cassada e seus parlamentares 
tivessem seus direitos cessados. Apesar disso, salários foram congelados, a 
inflação esteve em alta. 
 
O 2º Governo Vargas, 1950 – 1954 (data do suicídio) 
Nessa fase de um novo governo Vargas irão se acentuar as diferenças 
presentes entre as Forças Armadas: ideologicamente estavam dividas entre 
“Nacionalistas e Entreguistas”. Os Nacionalistas creditavam ao papel do 
estado o de mantenedor da ordem, do crescimento, da relativa autonomia 
frente ao interesse estrangeiro no país, e da ‘nacionalização’ de setores 
estratégicos como indústrias. Portanto, eram os apoiadores do ideal do 
Varguismo, que sustentarão desde a Campanha pelo Petróleo, como a 
fundação do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimentoeconômico para 
financiar a indústria). 
Os Entreguistas estavam concentrados nos inimigos do Varguismo, aqueles 
que creditavam ao capital estrangeiro a iniciativa privada o ‘direito’ de 
explorar e investir no Brasil. Era a corrente dos adeptos do liberalismo 
econômico e da prática de livre comércio defendida por aqueles que 
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‘entregavam’ o Brasil ao eixo EUA. Nacionalistas, na sua maioria, 
apresentavam-se como direita ou esquerda, no entanto, entreguistas 
tendiam ser sempre mais ‘conservadores’ em relação a economia, liderados 
pela UDN. 
Vargas eleito pelo PTB e por setores do PSD buscou incentivar novamente 
o crescimento do país e o controle da inflação. Baseava-se na política 
trabalhista como proposta de governo, além do incentivo a indústria 
nacional. 
Nesse contexto surge a Campanha pelo “Petróleo é Nosso” em 1951, 
numa clara alusão a política de defesa dos interesses nacionais, baseado 
no monopólio da extração petrolífera e seguida de forte apoio popular. 
Surgia, assim, em 1953 a Petrobrás. 
 Aumentando investimentos nas áreas estratégicas, Vargas ainda 
monopolizou o setor energético com a criação da Eletrobrás em 1954 e 
que seria efetivada em 1962. Soma-se ainda o projeto de limitar remessas 
de lucros ao exterior por lei de caráter nacionalista. E por fim, em 1954, em 
alusão a comemoração do dia do trabalhador, o salário mínimo é 
amentado em 100%. 
Vargas através de medidas consideradas populares, aumentava sua 
capacidade de representante do povo e se aproximava ideologicamente de 
uma política comum e característica na América Latina, antecedendo a fase 
de intervenções Militares, o Populismo. 
Todo Populismo típico da América Latina poderia apresentar-se como 
tipicamente de esquerda ou direita, reforçando assim, uma ausência de 
Partidos definidos pelo Populismo. Vargas, Ademar de Barros, Jango (João 
Goulart) JK, Jânio Quadros, Brizola eram típicos populistas no Brasil. Na 
América há ainda forte presença do Peronismo na Argentina e do 
Cardenismo no México. 
 
 
 
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A queda e o suicídio de Vargas 
Rotulando as medidas tomadas por Vargas pelo Nacionalismo de 
Esquerda, a principal oposição representada na UDN por Carlos Lacerda 
tecia críticas e calúnias apresentadas no Jornal Tribuna da Imprensa. 
A corrupção e a associação ao comunismo denunciadas pela UDN, levaram 
o governo a tomar atitudes drásticas de tentativa de assassinato de Carlos 
Lacerda em agosto de 1954. O atentando, porém, matara o major da 
aeronáutica Rubem Vaz. O Atentado da Rua Toneleros, como ficou 
conhecido o episódio e tema de filme sobre os últimos dias de Vargas, foi 
um dos motivos mais perceptíveis da queda de Vargas. 
A investigação agora conduzida pela aeronáutica conseguira implicar, 
mesmo que indiretamente, a responsabilidade de Vargas pelo atentado. 
Veracidade ou não, a alta Cúpula das forças Armadas, a República do 
Galeão, agora implicara na saída e na renúncia de Vargas do Palácio do 
Catete no RJ. Diante disso, Vargas desfecha o suicídio e acusa, em sua carta 
testamento, a espoliação do Brasil e as difamações como responsáveis pelo 
ato. Uma clara alusão aos inimigos externos, como os EUA, são 
responsabilizados diretamente por Vargas em seu testamento. 
Dois episódios são importantes para caracterizar a sucessão de Vargas e a 
garantia das próximas eleições: o 1° impeachment do Brasil, do presidente 
da Câmara dos Deputados (que permanece por 4 dias no poder) Carlos 
Luz; e o Golpe Preventivo do General Lott, o primeiro caso político em 
que um golpe servirá para garantir a posse de um presidente eleito, 
Juscelino Kubitschek, e não para depô-lo. 
 
O governo JK, 1956 – 1960 
O presidente eleito JK surgia como uma esperança após um período de 
instabilidade política no país. Seguindo o discurso Nacionalista, pretendeu 
modernizar o país através de uma política que irá defini-la como 
desenvolvimentista ou nacional-desenvolvimentista. 
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Para tanto criou como Slogan de Campanha o crescimento do Brasil de 50 
anos em 5, representando os “Anos dourados” do crescimento brasileiro. 
Combinava, portanto, ações que se diferenciavam no Nacionalismo 
Varguista em alguns pontos, como a combinação do capital privado e 
estrangeiro ao capital Nacional. Esses três capitais conjuntos formariam o 
Plano de Metas que consistia em 30 objetivos mais 1, a construção de 
Brasília. Áreas como Saúde, Transporte, Energia, Alimentação, indústria de 
base seriam contempladas pelo Plano. 
Em meio a um moderado processo de desenvolvimento, JK buscara 
combinar o melhor de ambos os projetos: o de nacionalizar e modernizar 
o Brasil com apoio do capital estrangeiro. Amplos incentivos de 
Multinacionais se estabeleceram no Brasil ganharam repercussão no 
período, com destaque para a indústria automobilística. 
O crescimento cresceu significativamente até 1961, mas com um alto custo: 
grande quantidade de emissão de papel moeda, aumento significativo da 
dívida externa e de empréstimos, altos índices de inflação que repercutiram 
negativamente numa tentativa de reeleição de JK. Vários setores do 
Exército e da UDN eram contrários aos ideais desenvolvimentistas, mas 
foram controladas pela habilidade de General Lott, que conseguiu conter a 
oposição e as eleições para 1960. 
 
O Governo Jan-Jan: Jânio Quadros, UDN, e João Goulart (Jango), PTB, 
1960-60 
Jânio e Jango foram os primeiros presidentes a assumirem a presidência da 
República na recém-inaugurada Brasília. Agora, no entanto, presidente 
eleito pela UDN e vice eleito pelo PTB-PSD pertenciam a coligações 
diferentes (sim, isso era possível pela constituição de 1946), o que permitirá 
um vazio nos curtos 7 meses de Governo Jânio Quadros. 
Antecipado por motivo da renúncia, não muito bem explicada pelo próprio 
presidente, Jânio foi o governo mais curto de um presidente da República: 
7 meses! A sucessão de acontecimentos será inclusive contraditória, 
mesmo para um Populista como Jânio. 
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Internamente e externamente, uma ambiguidade política. Nem mesmo seu 
vice que estava na China no momento sabia da sua renúncia, abrindo 
possibilidades para um golpe de Estado em 1960. Jango era visto com 
desconfiança por encarnar um dos maiores herdeiros do Getulismo (Jango 
fora Ministro da Fazenda em 1954 de Getúlio). 
O Brasil passará, portanto, em pouco tempo, por uma política Janista que 
se definirá como uma Política Externa Independente; condecorará Che 
Guevara em solo brasileiro com a maior honraria que um civil possa receber 
em 1961; entregará Ministérios a UDN e permitirá um crise de sucessão 
que só será solucionada pela intervenção de Brizola com a Campanha da 
Legalidade para garantir posse de Jango (semelhante ao Golpe Preventivo 
de Lott). 
 
O governo Jango, 1961 – 63, e o Parlamentarismo 
Um breve período de sistema político Parlamentarista foi a condição entre 
o acordo dos setores militares e do governo para que Jango assumisse a 
presidência. O Período de Parlamentarismo durou pouco mais de 2 anos 
apenas, sendo revogado por uma antecipação de um plebiscito de caráter 
popular, sendo retomado o Presidencialismo e os poderes do Presidente. 
No sistema Parlamentarista, Jango teve seus poderes reduzidos e 
dificuldade de aprovação de projetos, tornando-se refém do Congresso 
Nacional e do 1º Ministro. 
As medidas que Jango defendia eram pautadas nas Reformas de Base, 
que compreendiam além da nacionalização de empresas e controle de 
remessas de lucro ao exterior a Reforma Agrária e Urbana. Num segundo 
momento, fora lançado ainda como programa de governo, já estabelecido 
o Presidencialismo, o Plano Trienal. No plano econômico, pretendia-se 
reduzir a inflação e estabelecer o índice de crescimento necessário ao país. 
No entanto, a preocupação em relação a medidas do governo aumentou 
quando se reveloua possibilidade de suspender a dívida externa 
(moratória) e a negociação de desapropriação de empresas estrangeiras 
de petróleo e de serviços públicos como telefonia e energia. 
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Pressionados pela parcela civil das Reformas de Base, trabalhadores 
iniciaram greves por todo o país e alertavam as Forças Armadas para uma 
possibilidade de golpe. No campo, as Ligas Camponesas, organizações 
formadas por trabalhadores rurais fortaleciam as medidas e reformas do 
governo juntando-se a sindicatos, trabalhadores e movimentos estudantis 
como a UNE. 
Não tendo êxito no Congresso Nacional pela aprovação de Reformas 
constitucionais, o governo convocava a população às ruas para pressionar 
as bases de oposição do governo. Foram realizados, no início de 1964, uma 
série de comícios que empunhavam bandeiras vermelhas e milhares de 
simpatizantes do governo. Em 13 de março a significativa presença de 150 
mil pessoas na estação Central do Brasil reforçava a ideia da aprovação 
de medidas consideradas populares. 
Pelo temor de que Jango proclamasse uma República Sindicalista no país 
apoiado por manifestações nas ruas e possivelmente armando a 
população, os setores conservadores reagiram convocando a população 
para a Marcha para a família com Deus, que reuniu 500 mil pessoas em SP. 
Faltava apenas o apoio da parcela favorável ao golpe para em 31 de março 
(madrugada de já 01 de abril) para os militares deflagrarem a deposição de 
Jango, exilado agora com a maioria dos populistas para evitar uma guerra 
civil. Era o início de um regime que duraria 21 anos, até 1985. 
 
1.9 O Regime Militar, 1964 – 1985 
 
Introdução 
Durante o período de vigência do Regime militar, na prática, houve pela 
primeira vez decisões que foram tomadas pela mais alta instância das 
Forças armadas para a indicação/votação de presidentes. 
No entanto, esses mesmos militares na sua maior parte do tempo 
dividiram-se entre correntes que divergiam quanto aos rumos tomados 
pelo regime. Era as alas dos militares mais moderados e mais radicais, a 
linha-dura do regime. Somados essas correntes os militares ainda 
História | Rodrigo Donin 
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contavam com a parcela civil interessada e privilegiada pelo golpe em 64. 
Essa parcela civil evidenciou seus interesses na formulação da economia e 
de medida que contribuíram para instaurar um liberalismo econômico de 
interesse dos EUA e do alinhamento político em plena Guerra Fria. De um 
lado, figuras como o ministro da Fazenda Delfim Netto e Mário Simonsen, 
privilegiaram setores do Estado que se associavam aos militares na tomada 
de decisões que favorecessem um associação ao capital internacional e aos 
ideias de livre-comércio. Não foi acaso que o país percebeu seus maiores 
ritmos de desenvolvimento e crescimento nesse período de associação ao 
Regime. 
De fato, percebe-se, portanto, que o período de desenvolvimento de 
regimes militares tanto no Brasil quanto na América Latina representaram 
interesses da política de boa-vizinhança imposta pelo governo norte-
americano. Não foram regimes que se apresentaram como fascistas, onde 
se organizaram as massas a favor do Estado; mas ao contrário, 
mantiveram-se as aparências de um regime semidemocrático, permeado 
pela presença da esquerda (mesmo que perseguida), onde o temor de 
perseguição levava a uma despolitização do indivíduo ou uma apatia 
política. Há de fato, setores que consideram que salvo o governo Médici, o 
Brasil se impôs a uma situação quase que autoritária para legitimar 
interesses do período pós-guerra do que por Totalitarismo ditatorial de 
fato. 
Para tanto, esse regime impôs um fim de fato ao Populismo, deixando de 
ser guiada pela classe operária e pelos programas assistencialistas, mas 
sem o desaparecimento dos sindicatos e dos movimentos sociais do 
período. Houve, claramente, um benefício a classe dominante (não 
exclusivamente), mas em grande parte permanecendo a presença do 
Estado na atividade e regulação econômica. O empréstimo e o estímulo ao 
capital estrangeiro desde JK tornar-se-ia fator propulsor do necessário 
crescimento e desenvolvimento. Chamado de desenvolvimento 
associado permitiu estímulos tanto a multinacionais quanto empresas 
estatais e privadas nacionais. 
História | Rodrigo Donin 
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Politicamente falando, não mais que um período onde o regime 
presidencialista continuou vigorando (com 5 presidentes) em períodos que 
variaram de 4 a 6 anos; pela existência, mas constantes fechamentos, do 
Congresso Nacional; pela eleição de deputados, senadores, em muitos 
casos prefeitos; pela existência, inicial, de vários partidos para um modelo 
Bi-partidarista; e, acima de tudo, um período em que Presidentes Militares 
foram escolhidos para governar o país divididos em duas cisões ideológicas 
distintas. 
 
O Governo Castelo Branco, 1964 – 67 
A partir do Golpe que depôs o presidente Jango, o poder automaticamente 
passava para o Congresso Nacional e, respectivamente, ao Comando 
Supremo da Revolução, uma junta provisória que teria dois objetivos: 
primeiro, afastar o perigo do comunismo e, segundo, restaurar a 
democracia, pelo menos na teoria. 
Nosso primeiro presidente, portanto, era classificado por uma linha mais 
moderada, que admitia uma democracia mais restringida, com perspectivas 
determinadas de intervenção para então restaurar o regime constitucional 
do país. Esse grupo ligado a ESG, representava a principal ligação do Brasil 
com os EUA e a CIA, doutrinados a defender o capitalismo e assumir o 
caráter de livre-mercado na América. 
Estabelecido o governo, os militares trataram de baixar os Atos 
Institucionais (AI´s), que funcionavam como decretos a serem cumpridos 
do Executivo pelo Congresso Nacional. Ao todo foram 17 AI´s e 104 atos 
complementares a Constituição outorgada em 1967. 
Os primeiros Atos vieram colaborar com o fortalecimento do Executivo. 
Fecharam o Congresso Nacional, cassaram deputados (AI-1). Logo em 
seguida, vieram o fim dos Partidos Políticos, ou seja, foi instituído o 
Bipartidarismo (ARENA dos militares e MDB da oposição pelo AI-2), a 
determinação das eleições indiretas para governos e prefeitos (AI-3) 
sintetizadas pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) e pela política de 
perseguição ao comunismo. 
História | Rodrigo Donin 
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No aspecto econômico, outros pontos foram relevantes para os interesses 
do grande capital. Se definiu políticas de privatizações, benefícios a 
grandes indústrias, revogação da Lei de Remessas ao Exterior e de quebra 
no monopólio de setores energéticos. De outro lado, medidas de 
austeridade (corte de gastos) foram perceptíveis. Suspendeu-se o direito 
a greve, reduziu-se salários com objetivo de reduzir preços e inflação além 
de acabar com estabilidade de emprego, mas pela criação do FGTS (Fundo 
de garantia para trabalhadores). Essas ações foram realizadas através do 
PAEG (Plano de Ação Econômica do Governo), sob responsabilidade dos 
ministros civis do Planejamento e da Fazenda. Na prática até surtiram um 
efeito desejado, pois aumentaram a arrecadação de reservas através de 
exportações que redirecionaram áreas de exploração estratégicas, como 
bens de consumo, produção agrícola e riquezas naturais. 
Em dezembro de 1966, era baixa o AI-4 com intuito de discutir uma nova 
constituição para o país, a de 1967. 
 
O Governo Costa e Silva e o enrijecimento da ‘Ditadura’ 
 
Movimentos de Resistência 
Nesse contexto da história do Brasil, o regime Militar entrava no seu 
período de maior perseguição politica que irá durar até o Governo de 
Médici (1969 -1974). 
Durante esse período, o ex-presidente Castelo Branco havia morrido em 
acidente de avião sob circunstâncias duvidosas, fortalecendo assim 
tendências autoritárias e repressivas sob o regime. As influências dessa fase 
da Ditadura forma impulsionadas pelo ano de 1968. Decisivo e 
particularmente definido por uma geração de pessoas

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