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UNIVERSIDADE ZAMBEZE FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANIDADES CURSO DE ECONOMIA FALÁVIO AMONE VILANCULO IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA NO ACESSO AO CRÉDITO (2010.1-2014.12) Beira 2019 FALÁVIO AMONE VILANCULO IMPACTO DA POLÍTICA MONETÁRIA NO ACESSO AO CRÉDITO (2010.1-2014.12) Trabalho de conclusão do Curso apresentado na Universidade Zambeze como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Economia. Orientadora:dra. Custódia Manhanga Lourenço Beira 2019 Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) I DECLARAÇÃO Eu FalávioAmoneVilanculo, Estudante do curso de Economia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades da Universidade Zambeze, põe este meio declaroque, o trabalho do fim do curso intitulado Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1- 2014.12), sob a supervisão da dra.Custódia Manhanga Lourenço, como requisito no cumprimento da culminação.Excepto para citações que aqui foram referenciadas. Declaro ainda que o trabalho não foi submetido anteriormente a qualquer Instituto/Universidade para a obtenção de qualquer grau ou diploma. Nenhuma parte deste trabalho devera ser reproduzida sem a permissão do autor ou da Universidade Zambeze. O autor Falávio Amone Vilanculo _____________________________ Setembro de 2019 O orientador dra. Custódia Manhanga Lourenço _________________________________ Setembro de 2019 Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) II DEDICATÓRIA Dedico este trabalho, em especial aos meus pais AmoneQuipissoVilanculo e Leonora NecelaVilanculo, eles são a razão da minha existência; Aos meus irmãos: Minalda, José; Adélia; Raimundo; Renato; Quitéria; Florentinas, estes são a minha forca motriz, as pessoas que me transmitem energia positiva. A todos meus sobrinhos, dedico-lhes este trabalho. A minha dedicatória, estende-se a toda família Vilanculo. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) III AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, pela forca e companheirismo que transmitiram ao longo da caminhada, neles, encontrei o motivo de continuar sonhar alto até chegar este momento. Aos meus irmãos, vai o meu especial agradecimento, foram verdadeiro suporte da minha caminhada, são a minha fonte de inspiração. Agradeço, a todos os docentes da Universidade Zambeze em especial a minha supervisora dra. Custódia Manhanga, pelo acompanhamento durante a missão de realização deste trabalho. Agradeço aos meus colegas da formação, em especial: Domingos campira; Rogério Jone; Barreto Chimoio; Francisco Sebastião; Cavada Manjoro; LidónioLuís; Adilton Bendita; Dirson Cândido; Palmira Ganje; Bento Cuamba; Bernado Reich; Nelson Muchanga; Josefa Sitoe; Naira Cristina; Andreia Aljofre. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) IV ABSTRACT In order to understand the extent to which monetary policy influences access to credit, this document was written. Throughout the investigation, issues related to monetary policy and bank credit were addressed. We sought to relate the monetary policy instruments, interest rates and the volume of credit granted in the period under to review, in order to understated how monetary policy influences the volume of credit granted. The evolution of the monetary policy variable was analyzed in the light of the monetarist current. Thus to represent the monetarist thinking in execution of monetary policy, the monetary base was used because they defend a monetary policy based on the money supply. To represent the interbank market, interest rates on treasury bills were used for this investigation, through which the central bank negotiates government bonds in the monetary market. In addition to the variables already presented, the interest rates were also variable .Thus, in order to proceed with the objective, econometric methodology was used, which consisted in estimating an econometric model, with bank credit in logarithmic form (Ln Credit), as a dependent variable. The explanatory variables are also in logarithmic form (Ln Rate j, Ln TBT and LnBaM), respectively, are interest rates of credit; rates of treasury bills and the monetary base. The results show that both variables are significant. Interest rates have a negative sign and are in line with the theory, with a coefficient of -1%. The monetary base shows a positive signal with a coefficient of 0.98% and the rates of treasure tickets appear with a positive sign, contrary to theory and with a coefficient of 0.15%. Thus, what one can see is that monetary policy influences credit by 0.97% in each unit of variation of the monetary base target. KEY WORDS: Monetary policy; Bank credit; Interest rates. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) V RESUMO Com objectivo de perceber até que ponto a política monetária influencia o acesso ao crédito, escreveu-se a presente monografia. Ao longo da investigação, abordou-se questões ligadas a política monetária e o crédito bancário. Procurou-se relacionar os instrumentos de política monetária, as taxas de juros com o volume do crédito concedido no período em análise, com vista a perceber, como a política monetária influencia o volume de crédito a conceder. Analisou- se a evolução das variáveis de política monetária, a luz da corrente monetarista e keynesiana. Assim para representar o pensamento monetarista na execução da política monetária, usou-se a base monetária, pois estes defendem uma política monetária baseada na oferta de moeda. Para representar o lado keynesiano, empregou-se para esta investigação as taxas de bilhetes de tesouro, através das quais o banco central negoceia títulos públicos no mercado monetário. Para além das variáveis já apresentadas, também foi variável de interesse a taxas de juros de crédito. Assim, para se prosseguir com o objectivo, socorreu-se da metodologia econométrica, que consistiu em estimar um modelo econométrico, com o crédito bancário na forma logaritmica (Ln Crédito), como variável dependente. As variáveis explicativas estão também na forma logaritmica (Ln Taxa j; Ln TBT e LnBaM), são respectivamente taxas de juros de crédito; taxas de bilhetes de tesouro e a base monetária. Os resultados, mostram que ambas as variáveis são significantes. As taxas de juros apresentam um sinal negativo e esta em conformidade com a teoria, com um coeficiente de -1%. A base monetária apresenta um sinal positivo e com o coeficiente de 0.98% e as taxas de bilhetes de tesouro aparecem com um sinal positivo, contrariando a teoria e com um coeficiente de 0.15%. Assim, o que se pose ver é que, a política monetária influencia o crédito em 0.97% em cada unidade de variação da meta de base monetária. PALAVRAS-CHAVE: Política monetária; Crédito bancário; Taxas de juros Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) VI Índice DECLARAÇÃO .......................................................................................................................................... I DEDICATÓRIA ......................................................................................................................................... II AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................. III ABSTRACT .............................................................................................................................................IV RESUMO .................................................................................................................................................. V ÍNDICE DE TABELAS ......................................................................................................................... VIII LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................................ IX SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................................................................................. XI CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 13 1.2 Justificativa ..................................................................................................................................... 14 1.3 Problematização .............................................................................................................................. 15 1.4 Objectivos de estudo ....................................................................................................................... 15 1.4.1Objetivo geral............................................................................................................................ 15 1.4.2 Objectivos específicos .............................................................................................................. 15 1.5 Hipóteses......................................................................................................................................... 15 1.6 Delimitação do estudo ..................................................................................................................... 16 CAPÍTULO 2: REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 17 2.1 Literatura teórica ............................................................................................................................. 17 2.1.1Mercado monetário ................................................................................................................... 17 2.1.2 Política monetária .................................................................................................................... 18 2.1.3 Oferta de moeda ....................................................................................................................... 20 2.1.4 Taxas de juros .......................................................................................................................... 21 2.1.5 Mercado de crédito ................................................................................................................... 22 2.2 Referencial teórico .......................................................................................................................... 23 2.2.1 Os Keynesianos ........................................................................................................................ 23 2.2.2 Monetaristas ............................................................................................................................. 24 2.3 Literatura empírica .......................................................................................................................... 24 2.4 Literatura Focalizada....................................................................................................................... 28 2.4.1 Política monetária em Moçambique ......................................................................................... 28 CAPÍTULO 3:METODOLOGIA ............................................................................................................. 33 CAPITULO 4:ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS .................................................... 39 Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) VII 4.1 evolução dos instrumentos da política monetária e sua relação com as taxas de juros e crédito bancário. ............................................................................................................................................... 39 4.2 Análise da estacionariedade das variáveis. ...................................................................................... 42 4.3 Estimação do Modelo...................................................................................................................... 42 4.4 Validação do modelo ...................................................................................................................... 43 4.2 Interpretação dos resultados ............................................................................................................ 47 CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................................ 49 5.1 Conclusões ...................................................................................................................................... 49 5.2 Recomendações. ............................................................................................................................. 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................... 51 ANEXOS .................................................................................................................................................. 54 Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) VIII ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1:Evolução da política monetária em Moçambique. ......................................................... 28 Tabela 2: Agregados monetários em Moçambique ...................................................................... 29 Tabela 3:Estacionariedade das variáveis. ..................................................................................... 42 Tabela 4:Modelo econométrico .................................................................................................... 43 Tabela 5: Teste de BreuschPagan-Gogfrey (autocorrelação) ....................................................... 44 Tabela 6:Teste de Durbin-Watson ................................................................................................ 44 Tabela 7: Teste de White .............................................................................................................. 45 Tabela8: Teste de estacionariedade dos resido (ADF) ................................................................. 46 Tabela 9: Teste de Engle Granger (cointegração)......................................................................... 47 Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) IX LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1:Evolução das taxas do mercado monetário interbancário em Moçambique. ............... 39 Gráfico 2:Relação entre FPC com as Taxas de juros. ................................................................... 40 Gráfico 3:Evolução do crédito bancário e taxas de política monetária. ....................................... 41 Gráfico 4: Evolução do crédito e taxas de juros ........................................................................... 41 Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) X LISTA DE FIGURAS Figura 1: Quadro operacional da política monetária em Moçambique......................................... 30 Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) XI SIGLAS E ABREVIATURAS BaM- (Base monetária) BM- (Banco de Moçambique) FPC- (facilidadepermanente de cedência de liquidez) MMI- (Mercado monetário interbancário) TBT- (taxa de bilhetes de tesouro) IESE- Instituto de Estudos Sociais e Económicos; IF- Instituições financeiras. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 13 CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO 1.1 Introdução. A política monetária é um vector fulcral para a estabilidade das economias mundiais. É de extrema importância perceber o seu funcionamento. Sendo para este trabalho, apresentado como tema a ser discutido dentro deste contexto: Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010-2014). Dentre os vários objectivos que os países possuem na perspectiva da política monetária, destaca-se principalmente para os países como Moçambique, o crescimento económico de forma que se traduza na melhoria das condições de vida da sociedade. Entre tanto, para se chegar a este objectivo é necessário que haja investimento na economia. Não podendo se auto financiar ou seja investir com recursos próprios, os agentes económicos, recorrem ao capital ou recursos alheios junto dos intermediários financeiros. Entre tanto, os intermediários financeiros suportam custos nas suas transacções no mercado interbancário, quando recorrem ao financiamento do banco central ou a outras instituições do mesmo sistema para fazer face a procura de crédito pelos seus clientes. Estes custos são transferidos para os agentes económicos, e são condição necessária para o acesso ao crédito. A passagem dos custos do mercado monetário interbancário para o mercado de crédito, é uma forma de transmissão da política monetária, associada a taxas de juros. Na conjuntura actual, em Moçambique, um dos principais entraves ao desenvolvimento do sector privado doméstico, de pequena e média escala, é o acesso a financiamento. Assim, o banco central opera principalmente através do mercado interbancário, pelo que este tem um papel fundamental a jogar na definição da quantidade e custo do dinheiro no mercado. Busca-se perceber este impacto da política monetária no mercado secundário de crédito. Também, procura-se dentro deste contexto, analisar como e que os instrumentos da política monetária afectam o crédito em Moçambique. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 14 1.2 Justificativa Dentre as várias funções do banco de Moçambique, desata-se de executor da política monetária, que tem em vista a promoção da estabilidade económico. Desde 2011, o Banco de Moçambique, tem vindo a reduzir de forma regular as taxas de juros no mercado interbancário, dentre as quais a da facilidade de permanência de cedência (FPC) e a da facilidade de permanência de depósito (FPD). Ao reduzir as taxas de referência, o banco de Moçambique da entender que pretende promover o crescimento económico, através de um maior acesso dos agentes económicos aos recursos, uma vês, dá maior possibilidade dos bancos comerciais disporem de recursos livres para por a disposição dos clientes que precisam deles para fazer face aos seus projectos de investimentos. Estes instrumentos representam custos e restrições de recursos aos bancos comerciais, pois, quanto maior forem as taxas directoras, menor será a disponibilidade de recursos por parte destas instituições. Assim sendo, é relevante perceber, se este esforço do banco de Moçambique em reduzir as taxas directoras ou de referência, tem proporcionado maior acesso ao crédito aos agentes económicos que dele procuram para o investimento, ou seja, perceber se é possível e em que medida, com recurso a estes instrumentos da política monetária o banco de Moçambique pode influenciar o acesso ao crédito. A escolha deste período, é pelo facto de ser um período em que o banco de Moçambique iniciou com esta tendência contínua de redução das taxas directoras e pelo facto de nos últimos anos a economia moçambicana mostrar algumas dificuldades e se falar tanto de altos custos de financiamento e que de certa forma condicionam os investimentos. Aliado a isso, o autor também escolheu o tema pelo facto de ao longo da formação ter se interessado bastante na área macro económica, sobre tudo a economia monetária. Ao se realizar o estudo do impacto da política monetária sobre o acesso ao crédito, é de certa forma uma actualização dos conceitos da economia monetária, contribuindo para uma maior percepção na prática sobre aplicabilidade destas teorias em Moçambique. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 15 1.3 Problematização Num contexto em que a economia passa dificuldades financeiras, a alternativa para sair do problema é através de investimentos, entre tanto, os agentes económicos em Moçambique vem reclamando dos elevados custos de financiamento, como estando por de traz do fraco investimento nacional. Uma forma do banco de Moçambique controlar e influenciar o sistema de crédito é através dos instrumentos da política monetária como o caso das operações de mercado aberto, reservas obrigatória e outras operações do mercado monetário interbancário. Sendo que no período em análise, o banco de Moçambique tem feito esforço no sentido de reduzir o custo do dinheiro ou financiamento, reduzindo as taxas do mercado primário de crédito ou simplesmente, mercado interbancário. Assim, a questão que se coloca é: “Em que medida mudanças na política monetária afectam o volume de crédito ao sector privado em Moçambique?” 1.4 Objectivos de estudo 1.4.1Objetivo geral Analisar como é que mudanças na política monetária influenciam no acesso ao crédito bancário em Moçambique. 1.4.2 Objectivos específicos Descrever a evolução dos instrumentos de política monetária (base monetária e as taxas de mercado interbancário); Analisar a evolução do crédito bancário no período compreendido ente Janeiro de 2010 e Dezembro de 2014; Estimar os impactos das taxas de juros, taxas do mercado interbancário e da base monetária sobre o crédito bancário. 1.5 Hipóteses H0: A política monetária em Moçambique, não tem poder para influenciar o acesso ao crédito, pois, o volume de crédito é insensível a variações da base monetária e das taxas de juros; Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 16 H1: A política monetária, é um mecanismo eficaz a disposição do Baco central para impulsionar o acesso ao crédito em Moçambique, pois, o volume do crédito concedido a economia é sensível a variações da base monetária e das taxas de juros. 1.6 Delimitação do estudo Pretende-se a análise do impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique no período compreendido entre os anos 2010 e 2014. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 17 CAPÍTULO 2: REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Literatura teórica Para analisar os impactos da política monetária sobre o crédito na economia moçambicana, cabe antes de mais nada, conceituar os principais termos que serão base de análise do estudo. 2.1.1Mercado monetário Segundo FERRAZ (2006), o mercado monetário é o conjunto de instituições que transaccionam entre si moeda. Neste mercado participam todos os agentes económicos que procuram ou oferecem moeda, assumindo as entidades financeiras (nomeadamente os bancos comerciais), o papel de intermediários. Estas instituições, transaccionam entre si somente títulos de divida de curto prazo. Neste mercado participam geralmente instituições com algum poder para criar moeda, seja por emissão ou através do crédito. Segundo FERRAZ (2002), o mercado monetário é a conjugação das forças de demanda e oferta de fundos emprestáveis de curto prazo (ate um ano), deste modo pode-se dizer que o mercadomonetário é a interacção da procura e oferta de fundos emprestáveis de alto grau de liquidez. Este segmento de Mercado é constituído por: Mercado monetário interbancário (MMI) e o Mercado interbancário de títulos. No MMI, transaccionam-se apenas excedentes de liquidez ou de tesouraria (moeda) entre as instituições financeiras monetárias, caso mais concretos os bancos. Estas transacções são geralmente de curto prazo no máximo até um ano. Neste segmento de Mercado monetário, o banco central intervêm tanto do lado da procura através das operações de absorção de liquidez, assim como do lado da oferta através de operações de cedência de liquidez. Estas operações podem ser através de uma taxa fixa ou por meio de leilões. Mercado monetário de título: é o mercado em que as instituições financeiras transaccionam entre si títulos financeiros de divida pública de curto prazo a taxas acordadas entre elas de acordo com as taxas em vigor no mercado. Neste mercado a intervenção do banco central tem por objectivo influenciar as taxas de juros e a liquidez do mercado financeiro, garantindo o equilíbrio Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 18 do mercado monetário de acordo com os objectivos da política monetária previamente estabelecidos. O banco central intervém neste segmento de mercado através de operações de mercado aberto, comprando ou vendendo títulos conforme os objectivos estabelecidos. Tais títulos podem ser: títulos da divida publica de carteira do banco central, títulos de regularização monetária, títulos de intervenção monetária e bilhetes de tesouro. Se o objectivo for de absorver a liquidez, o banco central vende títulos e o inverso, compra títulos. 2.1.2 Política monetária A política monetária, que é definida como o mecanismo através do qual o banco central como autoridade monetária intervém no mercado monetário. Objectivos da política monetária Conforme ABREU, etal. (2012), A política monetária, normalmente esta associa a seis objectivos: elevado nível de emprego; crescimento económico sustentado; estabilidade de preços; estabilidade da taxa de juro; estabilidade dos mercados financeiros e; estabilidade do mercado de câmbios. Estes objectivos não são alcançáveis de forma simultânea, dai que existe a necessidade do banco central definir as prioridades. Instrumentos da política monetária Segundo FERRAZ (2002), Para a execução da política monetária, o banco central conta com dois grupos de instrumentos: controlo monetário directo e o controlo monetário indirecto. O controlo monetário directo, é empregue através da fixação administrativa das taxas de juros e pelo estabelecimento de limites de crédito. Os instrumentos do método directo são: Taxas de juros fixadas administrativamente; limites directos ao crédito; orientação selectiva de crédito. O controlo indirecto ou sobre a base monetária, é a intervenção do banco central no mercado monetário com vista a estabilização do sistema através de instrumentos como: operações de mercado aberto, política de redesconto; reservas mínimas obrigatórias. Dentre todos os instrumentos de intervenção indirecta, as operações de mercado aberto são as mais aplicadas e mais flexíveis. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 19 No controlo indirecto, que é actualmente a forma mais aplicável ao nível mundial, ABREU, etal. (2012) e FERRAZ (2006), apresentam três instrumentos através dos quais o banco central como autoridade monetária influencia a liquidez da economia: Operações de mercado aberto (open market): através deste instrumento, o banco central faz operações de cedência de liquidez, quando o objectivo for promover o crescimento económico e maior nível de emprego, comprando títulos púbicos junto as instituições financeiras monetárias (IFM), geralmente os bancos comerciais. Se o objectivo for, controlar a inflação, o banco central vende títulos de tesouro nacional, retirando a moeda da economia; Política de redesconto ou refinanciamento: é um mecanismo tradicional através do qual os bancos comerciais, adquirem liquidez junto do banco central, como prestamista de última instância. Na actualidade, equivale as facilidades permanentes de cedência de liquidez em que o banco central geralmente fixa uma taxa acima das taxas do mercado, que geralmente serve como limite máximo das taxas do mercado monetário interbancário, e, As reservas mínimas obrigatórias, é uma percentagem dos depósitos dos clientes que os bancos comerciais são obrigados a guardar junto ao banco central para a salvaguarda dos direitos dos clientes em caso falência. Através deste instrumento, o banco central influencia a liquidez das IFM alterando o coeficiente das reservas obrigatórias. Estes instrumentos actuam sobre a base monetária (BaM), exercendo efeito quantidade sobre as reservas livres das instituições financeiras monetárias (IFM) e um efeito preço sobre as taxas de juros do mercado monetário. Os mecanismos de transmissão da política monetária. Aliteratura económica, aponta para cinco canais de transmissão da política monetária: A taxa de juros; a taxa de câmbio; o preço dos activos; o crédito e as expectativas. Segundo DE ALMEIDA (2014), o mecanismo de repercussão de cada um dos canais, depende da composição da economia. As decisões de consumo e do investimento, não se baseiam na taxa básica de juro da economia, mas sim das taxas de períodos mais longos. Neste trabalho, elegeu-se dois canais de transmissão em função dos objectivos traçados: canal da taxa de juros e o canal do crédito bancário. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 20 a. Canal da taxa de juros. Quando o banco central actua sobre a taxa básica de juros da economia, espera modificar o custo de moeda de períodos mais longos, e assim, conseguir promover maior ou menor acesso aos recursos, conforme a política seja expansionista ou restritiva, com finalidade de influenciar o comportamento da demanda agregada e da economia. Quanto maior for a taxa básica da economia maior o custo do dinheiro e menor o seu acesso; b. Canal do crédito bancário. Segundo De Almeida (2014), este canal é subdividido em dois sub-canais: O Sub-canal de empréstimos bancários: baseia-se na premissa de que os bancos, exercem um papel diferenciado no sistema financeiro, pois, estão equipados que as demais instituições para resolver os problemas de assimetria de informação, reduzindo os riscos na concessão de crédito e os custos envolvidos. Ao alterar o nível das reservas, a política monetária, modifica a capacidade dos bancos de ofertar crédito, limitando ou expandindo empréstimo. O Sub-canal de balanços: baseia-se na ideia de que, alterando o custo de moeda no mercado de reservas bancárias, promove o ajuste do portfólio dos bancos que modifica a relação entre os activos mais líquidos, variando a capacidade dos agentes ofertar garantias as operações de crédito. Assim, elevação na taxa de juro, reduz o preço dos activos e o valor das garantias ofertadas pelos tomadores. 2.1.3 Oferta de moeda Base monetária Na execução da política monetária, o banco central tem sob seu controlo a oferta da moeda na economia. Segundo o BANCO CENTRAL EUROPEU (2001), a base monetária é definida como a quantidade da moeda emitida pelo banco central para o sistema económico nacional, para fazer face a procura de moeda na economia. Por deter o monopólio da oferta de moeda, o banco central esta em condições de influenciar as condições do mercado monetário e por conseguinte conduzir as taxas do mercado monetário. Assim, alterações nas taxas do mercado monetário afectam outras taxas de juros do mercado. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 21 “As principais entradasde moeda na economia são via empréstimos que multiplicam depósitos, uso de instrumentos de política monetária e o impacto monetário do balanço de pagamentos” (COSTA, 1999). A base monetária e definida por: BaM= NMC+RB, onde: NMC, corresponde a quantidade de moeda em poder do público e RB, são as reservas bancárias totais, compostas por reservas obrigatórias e por reservas voluntárias. Massa monetária A massa monetária e a totalidade de moeda existente na economia num determinado período de tempo a disposição dos agentes económicos para fazerem face as transacções. M3=NMC+DT, onde: DT, são os depósitos totais nos bancos comerciais. 2.1.4 Taxas de juros COSTA (1999), afirma que na teoria neoclássica, as taxas de juros correspondem a compensação da abstenção do consumo presente em prol de um maior consumo futuro, ao deixar de dispor do dinheiro no presente. Na teoria Ricardiana, correspondem prémio de dispor do capital que investindo proporciona lucro. Pode-se afirmar que as taxas de juros representam o custo de oportunidade de deixar de consumir hoje para garantir maior consumo no futuro ou seja o preço do dinheiro no tempo. Segundo CUNHA&PAIVA (2008), a taxa de juros é um dos instrumentos chave para as economias capitalistas, as chamadas economias de mercado. Este instrumento pode ser analisado sob várias perspectivas. Na óptica de quem toma empréstimo, é vista como o custo de captação de recursos e ,do lado de quem concede o empréstimo, é vista como o preço a cobrar para abrir a mão de liquidez pela posse de moeda. Taxas de juros no mercado interbancário Segundo (COSTA p.216), as taxas de juro do mercado de reservas bancárias, podem ser: Taxa de facilidade de cedência: taxa de juros pela qual o Banco Central concede empréstimo de liquidez se as contrapartes precisarem, geralmente bancos comerciais. Esta representa a taxa máxima a ser aplicada no mercado interbancário; Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 22 Taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Públicos): taxa de juros pela qual o Banco Central negocia títulos do Tesouro Nacional junto aos bancos comerciais, por meio de sua mesa de operações de mercado aberto e define o custo do dinheiro no openmarket, esta é a taxa de bilhetes de tesouro; Taxa de facilidade de absorção: e a taxa de facilidade de depósitos overnight, representa o piso das taxas do mercado monetário interbancário, taxa pagas pelo banco central aos bancos comerciais pelos depósitos voluntários que estes fazem junto de si pelo prazo overnight. 2.1.5 Mercado de crédito O mercado de crédito atende as necessidades de financiamento de curto, médio e longo prazos respondendo a procura por crédito. A oferta dos recursos neste mercado e da responsabilidade das instituições bancárias. Crédito bancário Para SILVA (1997), apud BIZARRO, (2015), Crédito, é um processo de transferência de posse da moeda por parte de quem tem disponível (agente superavitário) para quem necessita dela (agente deficitário), por determinado prazo acordado, mediante o pagamento de juro, que corresponde o preço da apropriação do dinheiro alheio. Este processo de transferência é baseado na confiança. “A disposição bancária de fazer empréstimos, certamente, é afectada por diversas sensibilidades como: o estado de expectativas a longo prazo, face à lucratividade; as posições de balanços dos bancos; as preferências de portfólio do público; as políticas do banco central” (COSTA, P.101). CASTRO & SANTOS (2010), afirmam que, as decisões dos agentes económicos na procura do crédito bancário são determinadas em grande medida pelo custo de aquisição do crédito, de tal forma que quanto maior forem as taxas de juros menor será a capacidade dos agentes económicos contraírem e suportar crédito. Formação das taxas de juros no mercado de crédito. A formação das taxas de juros no mercado de crédito bancário, e influenciada por alguns parâmetros em que segundo COSTA (1999): Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 23 Desde que as taxas de juros de curto prazo são exogenamente administradas pelos bancos centrais, as taxas de longo prazo reflectirão as expectativas colectivas dos participantes dos mercados de capitais sobre as futuras taxas de juros de curto prazo que o banco central estabelecerá. A teoria da taxa de juros por markup, essencialmente, toma o comportamento do banco central como o determinante da taxa de redesconto, que referencia então a taxa de empréstimo de liquidez ou qualquer outra taxa de juros do mercado de atacado (interbancário), que é o maior componente dos custos operacionais. Dado esse custo dos fundos no atacado, os bancos adicionam um markup, para estabelecer a taxa de juros de empréstimos (e um markdownpara a taxa de juros para captação), no varejo (Pp.99-100) Do exposto no parágrafo acima, percebe-se que, o banco central ao definir as taxas do mercado interbancário, acaba de certa forma condicionando a formação das taxas no mercado de crédito. Os bancos comerciais, espelham-se das taxas do mercado interbancário, que de certa forma representam o custo de captação, para formarem as taxas do crédito aumentando a margem de lucro. Para CASTRO&SANTOS (2010), as taxas de juros do mercado de crédito, são determinadas tomando como base o custo de captação de fundos, que, na maioria da literatura é aproximado as taxas básicas de juros, ou seja a taxa básica de intervenção do banco central no mercado monetário. 2.2 Referencial teórico 2.2.1 Os Keynesianos Segundo CARVALHO (1994), os keynesianos representados por John Maynard Keynes, acreditam que a política monetária ocupa-se de objectivos secundários, ou serve a funções defensivas, à manutenção da ordem no sistema financeiro. A política monetária não tem poder para afectar o comportamento dos agentes económicos, por serem estes insensíveis a variações nas taxas de juros na formação de seus planos de dispêndio. Esta corrente de pensamento é apologista de que a política monetária só pode ser eficaz se os agentes económicos forem altamente sensíveis a alterações nas taxas de juros, pois afecta a capacidade dos bancos de concederem crédito aos seus clientes, em resultado de maior custo de captação de recursos e por conseguinte afecta as decisões de investimento e, consequentemente o nível de produto e emprego na economia. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 24 Fazendo uma análise comparativa, os keynesianos acreditam que a política monetária é menos eficaz comparado a política fiscal, pois a política monetária depende da sensibilidade dos agentes económicos em relação as taxas de juros em quanto a política fiscal afecta directamente a capacidade dos agentes económicos realizarem despesas. 2.2.2 Monetaristas Segundo KREMER&CORAZZA (2003), a política monetária tem uma desfasagem de seis meses a dois anos para surtir efeitos. Assim a adopção da política monetária contra cíclica pelas autoridades monetárias pode acabar provocando flutuações económicas ao invés de estabilizar a actividade económica. Para esta corrente, a política monetária deve ser executada através do controlo da oferta de moeda, deforma a eliminar as fontes de distúrbios económicos e aproximar- se de um nível de preços constantes ao longo do tempo. Esta forma de execução da política monetária remove as incertezas dos investidores advindos de efeitos de uma política monetária discricionária. Para esta corrente, a autoridade monetária deve ter como objectivo o controlo da inflação, garantindo uma inflação perto do zero para que a taxa de juro real se aproxime da taxa de juro nominal. 2.3 Literatura empírica VINHADO (2016), analisando a transmissão das políticas monetária e macro prudencial naactividade bancária brasileira, encontra-se um reflexo negativo de aumentos nas taxas de juros e na alíquota de recolhimento compulsório sobre os níveis de exposição das instituições a riscos de crédito e de mercado, e também impactos em termos de liquidez e menores níveis de capital e estabilidade financeira. Ainda nesta linha de pensamento, nota-se que os bancos buscam maior preferência por liquidez como forma de reacção ao maior nível de risco. IANAZE (2011), analisando a economia brasileira, chega a conclusão que, um aumento da taxa SELIC, provoca uma redução no nível geral do crédito na economia, mostrando assim que de facto a política monetária tem um efeito sobre o volume de crédito na economia. Ainda com referência a variações na taxa básica de juros, verificou que a sensibilidade do volume de crédito ofertado a choques na SELIC é tanto maior quanto menor for o banco. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 25 Para HARBACHE (2009), Analisando a economia brasileira, chega a conclusão que um aumento do custo do crédito, representado pela taxa de juro a ele associado, tende inibir a procura por empréstimos bancários como forma de financiamento. A elasticidade do crédito em relação às taxas de empréstimos também mostrou que o volume de crédito, é extremamente impactado pelas taxas de empréstimos. PASSOS (2007), estudando a relação entre a taxa SELIC e o crédito bancário na economia brasileira, constatou que, no período de 2000 a 2006, a política monetária brasileira através da taxa SELIC, afectou o desempenho das operações de crédito significativamente no curto prazo, devido à curta maturidade destas operações e à rápida formação de expectativas dos agentes económicos, dado que, quanto maior for a taxa básica de juros, o crédito tende a decrescer, mostrando deste já, uma relação inversa com a taxa básica. Bernake e Blinder (1992) citado por Denardin (2007), procurando identificar o efeito da política monetária sobre alguns agregados do balanço patrimonial (depósitos; títulos e empréstimos) aplicando o modelo VAR, conclui que, um choque da política monetária adverso, observa uma imediata e significativa liquidação de títulos mantidos nas carteiras dos bancos comerciais, em quanto os empréstimos respondem lentamente as mudanças nas taxas de juros, permanecendo praticamente inalterado nos primeiros seis meses. Ainda constatam que depois do sexto mês, o crédito começa a declinar, porque, os bancos liquidam créditos antigos e se recusam a conceder nova linha de créditos. Kashyap , Stein e Wilcox(1993) citado por Dernardin (2007), num estudo em que procura verificar se o banco central pode afectar a oferta de empréstimos, examina um mix entre empréstimos bancários e comercial paper, mediante mudanças na politica monetária, concluem que, quando o banco central restringe a politica monetária, a emissão do comercial paper aumenta e a oferta dos empréstimos bancários esta declinando em relação as outras fontes de financiamento. No estudo de Kashyap e Stein (1994) citado por Dernardin (2007), testando o impacto da politica monetária sobre a concessão do credito, concluem que, o impacto da politica e mais intenso para os bancos menos líquidos, afectando intensamente a oferta de credito. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 26 Andreas Worms (2001) citado por Demardin (2007), no estudo realizado sobre a economia Alemã analisando dados do período de 1992-1998 aplicando painéis dinâmicos de modelo da oferta de crédito, chega a conclusão de que, os bancos médios reduzem seus empréstimos de forma agressiva em reacção de uma política monetária contraccionista e, esta reacção tende a ser tanto mais intensa quanto menor for a razão dos depósitos interbancários de curto prazo em relação ao activo total. Farinha & Marques (2001), num estudo aplicado para Portugal, usando uma abordagem estrutural aplicando variáveis em nível, conclui que, existe evidência de um canal de crédito bancário em Portugal. A incidência do canal de crédito mostrou-se mais intenso para os bancos que são menos capitalizados, onde o efeito da política monetária sobre as decisões do empréstimo mostrou-se mais significativo. Fuinhas (2006), num estudo realizado em Portugal com dados de período de 1989.1-2005.6, aplicando vectores auto regressivos VAR. O autor chega a conclusão de que choques de política monetária não antecipados, resulta em variações no crédito. Ou seja, quando há choque sobre as variáveis da política monetária, existe um impacto restritivo sobre o crédito. Morgan (1998) citado por Ianase (2011) considera que os bancos têm diversas alternativas que lhes permitem contornar a necessidade de reduzirem o crédito quando as suas reservas diminuem. Para este autor, eles podem emitir certificados de depósito ou outros passivos que não requeiram o recolhimento de depósitos compulsórios. Mesmo que o passivo se m contraia, os bancos podem diminuir os seus activos e manter o crédito concedido, vendendo títulos ou securitizando recebíeis. Dadas estas opções, a questão da política monetária reduzir ou não a oferta de crédito bancário torna-se um mero problema empírico. Morris e Sellon (1995) citado por Ianase (2011), analisam as grandes mudanças estruturais que ocorreram nos bancos entre 1970 a 1990 para verificar se realmente o canal de crédito bancário era um mecanismo eficaz na transmissão da política monetária, mais especificamente num eventual aperto monetário. Verificaram que os bancos conseguiam contra balancear a queda nos depósitos através da emissão de outros tipos de passivos, mantendo assim seus níveis de crédito, reforçando a ideia de que o nível de crédito depende mais da demanda por crédito do que da oferta. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 27 Takeda (2003) citado por Ianase (2003) mostra evidências da transmissão da política monetária para a economia real através do canal de crédito no Brasil. Concluiu que quanto maior a taxa de recolhimento de compulsórios, maior a contracção na oferta de crédito para bancos de maior porte. Neste estudo analisa dados desagregados de bancos brasileiros através dos balanços patrimoniais de 1999 a 2003 e identifica que as características específicas dos bancos relacionadas com apertos monetários (mais especificamente através de depósitos compulsórios) geram diferentes impactos na oferta do crédito. Dos estudos que constam acima, e possível notar que apesar de não ser consensual em todas as economias, a politica monetária tem sim um impacto sobre o aceso ao crédito. Os estudos mostram que, a intensidade do impacto da política monetária, varia de economia para economia. Neste estudo, partimos da ideia de que a politica monetária tem sim impacto nas condições de acesso ao crédito, entre tanto, procura-se perceber o nível de influência deste sobre o crédito. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 28 2.4 Literatura Focalizada 2.4.1 Política monetária em Moçambique A condução da política monetária e da responsabilidade do banco central de cada país, e Moçambique não foge a regra. Assim, a autoridade monetária em Moçambique, é o banco de Moçambique. Este com base nos instrumentos ao seu dispor, manipula o sistema financeiro nacional em função dos objectivos a alcançar. O quadro abaixo mostra a evolução histórica da política monetária em Moçambique. Tabela 1:Evolução da política monetária em Moçambique. Regime de política monetária Instrumentos Período Principais instrumentos Objectivo final Regime de metas da taxa de câmbio 1975-1987 Controlo das taxas de juros e limites de crédito por sector Emprego e produção Instrumentos directos1988-1989 Limite de crédito total Estabilidade de preços e promoção de exportações 1990-1993 Activo interno liquido centralizados e reservas obrigatórias Estabilidade de preços conta corrente Regime de metas monetárias Instrumentos directos 1994-1999 Activos interno líquidos descentralizados e reservas obrigatórias Prioritário: preservação do valor da moeda nacional; Secundários: Estabilidade do sistema financeiro; crescimento económico; Conta corrente (AILs) Instrumentos indirectos A partir de 2000 Metas dos agregados Monetários (Meta operacional, BaM e meta intermédia M3. Fonte: BM, 2017 Agregados monetários em Moçambique Segundo CHALE (2010), fazem parte de agregados monetários vigentes em Moçambique os que a seguir passamos a descrever na tabela abaixo. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 29 Tabela 2: Agregados monetários em Moçambique M1=NMC+DOMN NMC- Notas e moeda em circulação M2=M1+DP DOMN- Depósitos a ordem em moeda nacional M3=M2+DME DP- Depósitos a prazo em moeda nacional DME- Deposito em moeda estrangeira RB- Reserva bancária. BaM= NMC+RB Fonte: Chale (2010) Assim em Moçambique., segundoo autor supra citado, a variável operacional da política monetária, é a base monetária (BaM). Esta ideia é também reforçada com outro autor como se segue. Em Moçambique, como em muitos países em vias de desenvolvimento, a variável operacional de política monetária é a base monetária e não as taxas de juro de referência. Neste, caso as variações da taxa de juro de referência reflectem alterações de liquidez no mercado interbancário, que podem resultar de alguma medida de política monetária. Diferentemente, em economias mais avançadas, geralmente os bancos centrais manejam directamente a taxa de juro de referência como variável operacional de política. (IESE:CHIVULELE, 2017). O principal instrumento da politica monetária em Moçambique e a Base monetária, composta por (Moeda criada pelo banco central NMC e Reservas dos bancos comerciais junto do Banco central) este e instrumento sob controlo do banco central para afectar a quantidade do dinheiro na economia (Base monetária +Deposito total + Títulos do governo em poder do publico. A definição de metas monetárias, baseia-se nos postulados da equação de trocas no quadro da programação financeira (Equação da teoria Quantitativa da Moeda-TQM. (Castel-branco & Ossemane, 2012, p. 192) O quadro da política monetária no período em análise, visava especialmente aos agregados monetários. A base monetária e a massa monetária, são todos como a meta operacional e intermédia respectivamente. Assim, o multiplicador monetário e a velocidade de circulação da Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 30 moeda, implicitamente são assumidos estáveis e previsíveis. As operações de mercado aberto, são conduzidas através de emissão dos bilhetes de tesouro (BTs) para afectar a liquidez do mercado e, o corredor das taxas de juros (FPC e FPD) ajudava a comunicar a postura da política monetária (AISEN&SIMIONE, 2018) Figura 1: Quadro operacional da política monetária em Moçambique Fonte: BM (2017) Fonte: BM (2017) O mecanismo de transmissão da política monetária, permite que a intervenção da autoridade monetária, afecte o objectivo final, por meio da relação dos agregados monetários com as variáveis do sector real. A intervenção do banco central nos mercados interbancários, influenciam a base monetária, que através da relação com o multiplicador monetário, determina a oferta de moeda na economia. Assim, o equilíbrio ente a oferta e procura por moeda, será consistente com um determinado nível de taxa de juros, que influencia o investimento através da concessão de crédito (BM, 2017,pp.22-23) Segundo o Fundo Monetário internacional (FMI, 2013), a politica monetária neste período foi orientada contra pressões inflacionárias e apoio a expansão de crédito. Com esta medida, o Instrumentos de PM Variável operacional Objectivo intermédio Objectivo final Mercado Interbancários (MMI, MCI) interbanca Reservas Obrigatórias (MN, ME) Supervisão prudencial Persuasão Moral Base monetária ( BaM ) Massa monetária Multiplicador monetário Crescimento económico Inflação Posição externa (RILs) Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 31 crescimento anual do crédito que tinha caído para um dígito em 2011, retomou aos 2 dígitos em Julho de 2012. Para tal, o objectivo estabelecido para a base monetária foi crescimento da base monetária ligeiramente acima do crescimento do PIB nominal, apoiando o aprofundamento do sistema financeiro e a concessão do crédito a economia. Este abrandamento da política monetária em 2012, apoiou a expansão d credito ao sector privado e preservou o ambiente de baixa inflação. Na sua análise sobre a política monetária e a agricultura, Abbas (2015), constatou que, num contexto em que em Moçambique o objectivo da política económica do governo, o banco central de Moçambique, tem optado por uma política monetária expansiva, entretanto, cauteloso no estabelecimento das taxas de juros de referência, que embora decrescentes continuam altas. Também constatou que, as taxas de juros, não baixaram na proporção das taxas de referências pelas seguintes razões: Existência de sectores de economia com níveis de lucros que suportam custos de capital elevado, absorvendo a oferta de moeda; Manutenção de critérios de segurança ou riscos elevados a concessão do crédito; Financiamento da divida publica, reduzindo a capacidade creditícia para o sector privado. Machonisse (2009), aponta como questão crítica da política monetária em Moçambique a manutenção da estabilidade económica e a diminuição das taxas de juros reais no mercado. Entre tanto, aponta como objectivo monetário a melhoria da eficácia, de mondo a afectar positivamente a oferta da economia através da redução no nível de risco na economia e no acesso ao crédito. Segundo o FMI, relatório sobre a economia moçambicana, conclui que o crescimento do agregado monetário sob controlo da autoridade monetária se correlaciona com o crescimento do crédito, entre tanto, constata que a variável credito não apresenta uma correlação fraca com o nível de inflação. Por sua vez, o agregado monetário, e negativamente correlacionado com a taxa interbancária activa real embora haja uma forte transmissão desta ultima para as taxas retalhistas dos bancos comerciais. Segundo Machava (2017), num estudo realizado sobre a economia moçambicana, procurando analisar o credito bancário, com o objectivo de perceber se o sector publico expulsa o sector privado, chega conclusão que, não existe o efeito expulsão ou fenómeno de preguiça, o que mostra que os bancos comerciais, tanto concedem empréstimo ao sector privado, tanto ao sector Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 32 publico. Uma vez que o mecanismo de endividamento do estado e por via da venda de títulos, conclui-se que a politica monetária baseada na emissão de títulos não afecta o volume de crédito ao sector privado. Analisando a Teoria quantitativa da moeda em Moçambique, aplicando dados de 2000-2012, Fumo (2013), conclui que, a oferta de moeda influencia o nível de preços na economia. Assumindo o canal de credito bancário como o caminho de injecção de moeda na economia através do multiplicador bancário, baseado no empréstimo, pode concluir-se que , a politica monetária condiciona o acesso ao credito bancário em Moçambique. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 33CAPÍTULO 3:METODOLOGIA ‘’Método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objectivo, conhecimentos válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista ‘’(LAKATOS & MARCONI, p.82). Com base no postulado por LAKATOS& MARCONI, o trabalho caracteriza- se como uma pesquisa descritiva, pois baseia-se na análise da relação ou associação entre variáveis em estudo. 3.1 PROCEDIMENTOS ECONOMÉTRICOS Para a prossecução dos objectivos previamente estabelecidos, socorre-se das teorias da econometria sobre regressões. Segundo Gujarati& Porter (2011), um estudo baseado em procedimento econométrico, deve obedecer as seguintes etapas: Exposição da teoria ou hipótese Especificação do modelo matemático da teoria Especificação do modelo estatístico ou econométrico Obtenção dos dados Estimação dos parâmetros do modelo econométrico Testes de hipóteses Projecção ou previsão Uso do modelo para fins de controlo ou de política 3.2 MODELO EMPIRICO A economia moçambicana, no período em análise, baseia-se numa política monetária, virada para os agregados monetários, a mesma defendida pela corrente monetária. Esta constatação, deve-se ao facto de ter como variável operacional da política monetária, um agregado monetário (Base monetária) Para o presente estudo, baseia-se no modelo proposto por Benake& Blinder (1988), citado por Dernardin (2007) em que, consideram uma economia composta por três activos (moeda, títulos e empréstimos). Este modelo assume que, tanto os tomadores de Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 34 empréstimos, quanto os emprestadores, escolhem a composição entre títulos e empréstimos, de acordo com a taxa de juros dos dois instrumentos para optimizar o portfolio. Os autores, derivam a curva de crédito, enquadrando-a no mercado de bens e serviços (IS) 1. Quanto a demanda de crédito, o modelo matemático e definido nos seguintes termos: LD =L (P, i y), em que: LD – Demanda por crédito; P- Taxa de juro do credito, em que espera-se que tenha um sinal negativo em relação a procura por credito: P < 0; i –Taxa de juros dos títulos e espera-se que tenha um sinal positivo em relação a demanda por moeda : i > 0; Y- Nível de renda, com um sinal positivo em relação a demanda por crédito: y >0. 2. Quanto a oferta de crédito, o modelo matemático fica nos seguintes termos: LS =L (P, i D), em que: LS – representa a oferta de crédito. D – Representa as reservas livres das instituições bancárias, disponíveis para investimento. Espera-se que : D >0, mostrando relação positiva com a oferta de credito. As variáveis (P e i) são as mesmas da equação 1 apenas mudam de sinal, representando uma relação negativa para as taxas de bilhetes de tesouro e positiva para o crédito. 3.3 COLECTA DE DADOS E FONTES Os dados que suportam esse estudo, são colhidos nas estatísticas monetárias do banco de Moçambique. TBT (i)– São as taxas que remuneram os títulos públicos do governo, são indicadores para as taxas do mercado monetário interbancário. Foram extraídos no site do banco de Moçambique www.bancmoc.mz, nas estatísticas mensais. Crédito (L)- Corresponde ao volume de crédito concedido ao sector privado no período em análise, esta e a variável dependente. Extraído nas estatísticas monetárias do banco de Moçambique, na serie credito a economia, direccionado ao investimento; Taxa de juros (P) - Corresponde a taxas de juros praticadas pelas instituições de crédito na concessão de empréstimos de longo prazo. Extraído nas estatísticas mensais do Banco http://www.bancmoc.mz/ Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 35 de Moçambique (BM), representa o custo de acesso ao crédito junto dos bancos comerciais. Uma vez que esta é fixada baseando-se nas taxas directoras, representa o custo de acesso ao crédito. Base monetária (BaM) - é a variável de política monetária usada em Moçambique. É o indicador da política monetária, ou seja a variável operacional. Extraído nas estatísticas monetárias do Banco de Moçambique. A escolha destas variáveis, justifica-se pela disponibilidade das mesmas e pelo facto das outras como as facilidades permanentes serem instáveis ao longo do período. As reservas obrigatórias, não estão disponíveis nas estatísticas consultadas. 3.4 MODELO DE REGRESSÃO O presente estudo socorre-se na teoria econométrica de modelos de regressão. Segundo Gujarati & Porter (2011), A análise de regressão diz respeito ao estudo da dependência de uma variável, a variável dependente, em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis explicativas, visando estimar e/ou prever o valor médio (da população) da primeira em termos dos valores conhecidos ou fixados (em amostragens repetidas). Para fins deste estudo, baseia-se no modelo linear clássico de regressão (MCR): 𝑦𝑖 = 𝛽0 +⋯𝛽𝑛𝑋𝑛 + 𝜇 onde: yi- E a variável dependente em relação as outras, variável que pretende-se estimar o comportamento; 𝑿𝒏-Variável explicativa, um valor fixo já conhecido em que procura-se estimar a sua influência em relacao a variável dependente; 𝝁- Termo de perturbação estocástica, ou seja, a margem de erro da estimativa; 𝜷𝟎 - Trmo de intercepto, ou seja o paramtro da estimacao, valor médio da variável explicada ceterusparbus; 𝜷𝒏 – São os parâmetros de cada variável explicativa. O modelo clássico de regressão linear, baseia-se no método de mínimos quadrados (MQO) e obedece algumas premissas estabelecidas por Gaus Markovi: linearidade nos parâmetros; valores fixos de x em amostras repetidas; valor médio do termo de erro nulo; homocedasticidade; ausência de autocorrelação entre os termos de erro etc. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 36 3.5 PROCEDIMENTO DE ESTIMAÇÃO O primeiro passo no procedimento na análise de series é identificar a ordem de integração de cada variável para aferir se as propriedades de estacionariedade da variável subjacente. O passo seguinte consiste em investigar a existência de cointegração entre as variáveis, a fim de rastrear a relação de longo prazo entre as variáveis. Depois de observado este procedimento, pass-se a estimar o modelo e testar os pressupostos de MQO. Avaliação da ordem de integração. Como recomenda a metodologia econométrica, segundo GUJARATI &PORTER (2011), ao trabalhar com séries temporais e necessário primeiro analisar o seu comportamento de longo prazo. Importa referir que todas as séries foram tratadas em logaritmo de forma a padronizar os resultados. O modelo de mínimos quadrados ordinários (MQO), exige que as séries temporais sejam estacionárias ao mesmo nível, para que a sua relação de longo prazo seja valida. Para tal, o presente estudo, empregou o método de Dickey-fuller Aumentado (ADF), com as seguintes hipóteses: H0: a variável é não estacionária Ha: a variável é estacionária Regra de decisão: ADFestatístico> ADFcrítico, rejeitamos a H0 3.6 TESTES DE ROBUSTEZ DO MODELO Segundo Gujarati & Porter (2011), para que um modelo de regressão envolvendo series temporais seja valido para fins de projecções, e necessário que e necessário antes de mais nada obedecer as premissas do MQO: Ausência de autocorrelação; homocedasticidade e cointegração. TESTE DE AUTOCORRELAÇÃO Segundo GUJARATI (2011), a autocorrelação e definida como sendo a correlação entre integrantes de series temporais: E (μiμj) ≠ 0, i ≠ j. Se estimarmos um modelo de regressão linear na presença de autocorrelação, os parâmetros se tornarão ineficientes e darão conclusões Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 37 incorrectas.Existem vários métodos convencionais para testar a presença de autocorrelação, neste trabalho emprega-se dois métodos: Durbin-watson e Breusch Pagan-Gogfrey. a) Teste de Durbin Watson O teste de Durbin Watson é usado para a detecção da autocorrelação serial, somente para processos auto-regressivos de primeira ordem. De acordo com GUJARATI (2011) esse teste tem uma grande vantagem, ele se baseia nos resíduos estimados que costumam ser calculados na análise de regressão. H0: ausência de autocorrelação serial H1: presença de autocorrelação serial A regra de decisão para este método e : se d calculado estiver próximo de dois, não rejeitamos a hipótese nula; se estiver perto de zero ou 4, rejeitamos a hipótese nula, e há problema de autocorrelação. b) Teste deBreuschPagan-Godfrey Este teste, pressupõe que, sob condição de ausência de autocorrelação, (N-P) * R2, seguem uma distribuiçãoχ2p, em que (p), representa o grau de liberdade do modelo auxiliar. Assim, o resultado da primeira expressão, sob condição de ausência de correlação, não pode exceder o valor Q- quadrática (χ2). Caso contrário, os resíduos são correlacionados. TESTE DE HETEROSCEDASTICIDADE Uma hipótese fundamental do Modelo Clássico de Regressão Linear (MCRL) é que os termos de erro ( μi ) têm todos a mesma variância (σ 2). Se essa hipótese não for satisfeita haverá problema da variância desigual, ou seja a heteroscedasticidade. Há várias formas de detectar a heterocedasticidade, para o estudo em questão, emprega-se o teste de White. a. Teste White Este teste é de fácil implementação porque não requer a hipótese da normalidade como os outros testes de detecção da heterocedasticidade. Por meio da criação de uma regressão auxiliar, que toma o quadrado dos resíduos como variável dependente e as variáveis da regressão mãe como independentes, pode-se aplicar o teste de detecção. Ho: variância homocedástica Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 38 Ha: variância heterocedástica Regra de decisão: 𝑛 ∗ 𝑅2 < 𝑋2, não rejeitamos a hípotese nula TESTE DE COINTEGRAÇÃO Cointegração é um conceito que possibilita a análise e interpretação de modelos envolvendo séries temporais integradas de ordem um I (1). Castro & Murteira (2018), definem cointegração como o processo em que, estimando uma regressão integradas em um I (1), os resíduos da estimação sejam integrados no nível I (0). Se assim for, as variáveis gozam de um equilíbrio de longo prazo, ou seja, partilha uma tendência estocástica comum. Para testar a cointegração, aplica-se aqui dois métodos: ADF e Teste de EngleGranger aumentado (estacionariedade do resíduos) a. Teste de Engle Granger aumentado (estacionariedade do resíduos) Segundo CASTRO &MURTEIRA (2018), o teste de cointegração, baseado na análise de estacionariedade dos resíduos, recorrendo o modelo ADF, pode ser equivocado, pois tende a seleccionar os resíduos com menor variância possível, isto tende a fazer com que os resíduos serão mais estacionários possíveis. Para resolver esta limitação do ADF, os autores sugerem o teste de Engle-Granger. Para que as variáveis sejam estacionárias, o valor estatístico de Granger, deve ser mais negativo do que o valor crítico., Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 39 CAPITULO 4:ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS 4.1 evolução dos instrumentos da política monetária e sua relação com as taxas de juros e crédito bancário. Este subtitulo, tem em vista a apresentação de gráficos que mostram a tendência evolutiva das principais veriáveis que sinalizam a política monetária em moçambique. Aliado a isso , também é possível ver gráficos que relacionam os intrumentos de política monetária com algumas variáveis do mercado financeiro, como as taxas de juros, e o crédito . Gráfico 1:Evolução das taxas do mercado monetário interbancário em Moçambique. Fonte: Elaboração própria com base nos dados do BM Analisando a evolução dos indicadores de política monetária acima, pode se perceber a ideia de que, a taxa de FPC, é o teto das taxas praticadas no mercado monetário interbancário. Esta, indica claramente a direcção da política monetária pois, é o custo através do qual, as instituições financeiras (bancos comerciais) acedem aos recursos junto do banco central a curto período de tempo. Quanto as FPD, também, seguem o previsto pela ciência económica, uma vês, representam a taxa mais baixa do mercado interbancário. Esta remunera os depósitos voluntários que as instituições financeiras efectuam junto do banco central. Quanto as TBT, oscilam no intervalo entre as facilidades de depósito e as facilidades de cedência de liquidez. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Ja n ei ro 2 0 1 0 M a rc o 2 0 1 0 M a io 2 0 1 0 Ju lh o 2 0 1 0 S et em b ro 2 0 1 0 N o v em b ro 2 0 1 0 Ja n ei ro 2 0 1 1 M a rc o 2 0 1 1 M a io 2 0 1 1 Ju lh o 2 0 1 1 S et em b ro 2 0 1 1 N o v em b ro 2 0 1 1 Ja n ei ro 2 0 1 2 M a rc o 2 0 1 2 M a io 2 0 1 2 Ju lh o 2 0 1 2 S et em b ro 2 0 1 2 N o v em b ro 2 0 1 2 Ja n ei ro 2 0 1 3 M a rc o 2 0 1 3 M a io 2 0 1 3 Ju lh o 2 0 1 3 S et em b ro 2 0 1 3 N o v em b ro 2 0 1 3 Ja n ei ro 2 0 1 4 M a rc o 2 0 1 4 M a io 2 0 1 4 Ju lh o 2 0 1 4 S et em b ro 2 0 1 4 N o v em b ro 2 0 1 4 FPC FPD TBT Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 40 A FPC, e o espelho dos bancos comerciais para a definição das suas taxas de juros, segundo o previsto pela literatura económica. Gráfico 2:Relação entre FPC com as Taxas de juros. Fonte: Elaboração própria com base nos dados do BM O gráfico mostra a relação entre as FPC e as Taxas praticadas no mercado de crédito. As duas taxas de juros, seguem uma tendência crescente no período de 2010, mas a partir de 2011 seguem claramente uma tendência decrescente, indicando uma política restritiva no primeiro período e uma tendência expansionista no último período que vai desde 2011 ate 2014. A relação vai de acordo com a teoria económica sobre a definição das taxas de juros que encontra-se na parte da literatura deste trabalho. Claramente, as taxas de juros, seguem o ritmo das facilidades permanentes de cedência. 0 5 10 15 20 25 30 Ja n ei ro 2 0 1 0 M a rc o 2 0 1 0 M a io 2 0 1 0 Ju lh o 2 0 1 0 S et em b ro 2 0 1 0 N o v em b ro 2 0 1 0 Ja n ei ro 2 0 1 1 M a rc o 2 0 1 1 M a io 2 0 1 1 Ju lh o 2 0 1 1 S et em b ro 2 0 1 1 N o v em b ro 2 0 1 1 Ja n ei ro 2 0 1 2 M a rc o 2 0 1 2 M a io 2 0 1 2 Ju lh o 2 0 1 2 S et em b ro 2 0 1 2 N o v em b ro 2 0 1 2 Ja n ei ro 2 0 1 3 M a rc o 2 0 1 3 M a io 2 0 1 3 Ju lh o 2 0 1 3 S et em b ro 2 0 1 3 N o v em b ro 2 0 1 3 Ja n ei ro 2 0 1 4 M a rc o 2 0 1 4 M a io 2 0 1 4 Ju lh o 2 0 1 4 S et em b ro 2 0 1 4 N o v em b ro 2 0 1 4 FPC Taxas de juros Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 41 Gráfico 3:Evolução do crédito bancário e taxas de política monetária. Fonte: Autor O gráfico acima, mostra uma relação inversa entre as taxas de facilidade de cedência com o crédito bancário. Segue a trajectória prevista pela literatura económica, uma vez esta estabelece que a facilidade de cedência e o custo de recursos no mercado interbancário (MMI). Quando o banco central eleva esta taxa, os bancos comerciais ficam com menor poder de aceder aos recursos, logo, haverá escassez de crédito na economia. Gráfico 4: Evolução do crédito e taxas de juros Fonte: Autor 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 0 20000000 40000000 60000000 80000000 100000000 120000000 Ja n ei ro 2 01 0A b r 20 10 Ju lh o 2 01 0 O u tu b ro 2 01 0 Ja n ei ro 2 01 1 A b r 20 11 Ju lh o 2 01 1 O u tu b ro 2 01 1 Ja n ei ro 2 01 2 A b r 20 12 Ju lh o 2 01 2 O u tu b ro 2 01 2 Ja n ei ro 2 01 3 A b r 20 13 Ju lh o 2 01 3 O u tu b ro 2 01 3 Ja n ei ro 2 01 4 A b r 20 14 Ju lh o 2 01 4 O u tu b ro 2 01 4 Credito FPC 0 5 10 15 20 25 30 0 20000000 40000000 60000000 80000000 100000000 120000000 Ja n ei ro 2 01 0 A b r 20 10 Ju lh o 2 01 0 O u tu b ro 2 01 0 Ja n ei ro 2 01 1 A b r 20 11 Ju lh o 2 01 1 O u tu b ro 2 01 1 Ja n ei ro 2 01 2 A b r 20 12 Ju lh o 2 01 2 O u tu b ro 2 01 2 Ja n ei ro 2 01 3 A b r 20 13 Ju lh o 2 01 3 O u tu b ro 2 01 3 Ja n ei ro 2 01 4 A b r 20 14 Ju lh o 2 01 4 O u tu b ro 2 01 4 Credito Taxas de juros Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 42 A literatura mostra que, o crédito tem uma relação inversa as taxas de juros, no sentido em que, quanto maior o nível das taxas de juros, menor e capacidade dos agentes económicos aceder a este. Analisando o gráfico acima, pode-se encontrar evidente, este pressuposto, pois mostra que para maiores níveis de taxas de juros, menor o nível do crédito. Neste sentido, em termos de análise gráfica, e possível perceber que a evolução do crédito na economia, pode ter uma explicação na evolução das taxas de juros cobradas pelos bancos comerciais. A medida que os bancos vão aumentando o seu nível das taxas de juros, que pode resultar da política monetária do banco central, menor a capacidade dos agentes económicos aceder a este recurso e por sua vez menor o nível agregado do crédito na economia. Esta relação gráfica, ainda não é conclusiva, apenas mostra uma possibilidade, pois não quantifica a dependência do crédito em relação as taxas de juros. Para evidenciar a relação em termos quantitativos, recorre-se a metodologia econométrica, que ao longo do trabalho se evidencia. 4.2 Análise da estacionariedade das variáveis. Tabela 3:Estacionariedade das variáveis. Variáveis Nível de diferenciação ADF-estatístico ADF-Crítico (5%) Estacionariedade I(0) 0.314827 -2.912631 Nao I(1) -12.32345 -2.912631 Sim I(0) -0.20655 -0.91173 Nao I(1) -6.813015 -2.912631 Sim I(0) -1.959831 -2.1173 Nao I(1) -7.307458 -2.912631 Sim I(0) -1.133765 -2.912631 Nao I(1) -4.219691 -2.912631 Sim ln credito ln BaM ln Taxa J ln TBT Fonte: Autor A tabela acima, mostra o teste de estacionariedade das variáveis de Dickey-Fuller. Com base neste teste, uma série e estacionária se o valor estatístico, for mais negativo que o valor critico no nível de significância escolhido. Os resultados mostram que as séries são estacionárias na primeira diferença. Simbolicamente I (1). 4.3 Estimação do Modelo Depois de concluída a fase de procedimentos metodológico, Cabe nesta fase, A interpretação dois resultados do modelo econométrico estimado. Importa recordar que a literatura económica, Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 43 aponta para duas metas operacionais na execução da política monetária: metas da taxa de juros de curto prazo e o controlo de reservas. No quadro a seguir, encontram-se os resultados da estimação. Tabela 4:Modelo econométrico Variável Coeficiente Desvio padrão Estatística t Probilidade LnBaM 0,975798 0,061815 15,78569 0,000 *** LnTBT 0,151773 0,218030 5,749078 0,000*** LnTaxaJ -1,0023981 0,026400 -4,5987482 0,000*** C 10,32737 0,906718 11,38983 0,000*** R-square- 0,844776 F=101,58986 AjustedR-square0,836460 *** Significante a 1% 5% 10% e * significante apenas a 10%Fonte:Autor com base nos resultados econométricos. 4.4 Validação do modelo a) Teste de autocorrelação. A metodologia econométrica, impõe que os resíduos não sejam correlacionados, para que o modelo seja considerado valido. Esta e uma das hipóteses de Gaus Markov em que e necessária satisfazer no procedimento da estimação. Para testar esta premissa, dentre os vários testes existentes, escolheu-se dois, dentre eles: Durbin-Watson e Breusch-Godfrey. Teste deBreuschPagan-Godfrey Este teste, pressupõe que, sob condição deausência de autocorrelação, (N-P) * R2, seguem uma distribuiçãoχ2p, em que (p), representa o grau de liberdade do modelo auxiliar. Assim, o resultado da primeira expressão, sob condição de ausência de correlação, não pode exceder o valor Q- quadrática (χ2). Caso contrário, os resíduos são correlacionados. Como se pode ver na tabela abaixo, não rejeitamos a hipótese de ausência de autocorrelação pois 2,899, é inferior que os valores críticos em todos níveis de significância. Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 44 Tabela 5: Teste de BreuschPagan-Gogfrey (autocorrelação) Resido 1% 2.50% 5% 10% Nível de significância (N-p) *R2~ χ 2 k (60-2)*0.048855=2.899335988 R 2 =0.048855 p=2 N=60 Variável χ 2 c 9.2103 7.3778 5.9915 4.6052 Fonte: Autor com recurso aos resultados da estimação, pacote E-views 8.1 Teste de Durbin-Watson O teste de Durbin, serve para detectar apenas autocorrelação de primeira ordem. A detenção da presença de autocorrelação mediante a determinação de dl e du, valores tabelados. Quanto mais próximo de dois 2, Dw estiver, maior a probabilidade da hipótese nula da ausência de autocorrelação. Assim, se o Dw estiver no intervalo entre du e 4-du, não rejeitamos a hipótese nula de ausência de autocorrelação. O Durbin-Watson calculado, é de 1.744188. Conforme a tabela abaixo, e possível ver que não se rejeita a hipótese de ausência de autocorrelação. Na tabela a baixo, a zona pintada de preto, e de não rejeição da hipótese nula; a zona de amarelo e de rejeição da hipótese nula (ausência de autocorrelação) e a zona amarela e de indecisão. H0: Ausência de autocorrelação; H1: autocorrelação serial positiva ou negativa. Tabela 6:Teste de Durbin-Watson 0 1.247 1.548 2 2.452 2.753 4 Fonte: Autor com base nos resultados de estimação, pacote E-view 8.1 Impacto da política monetária no acesso ao crédito em Moçambique (2010.1-2014.12) 45 b) Teste de Heterocedasticidade. Uma das hipóteses ou premissas de Gaus Markov, sobre o MQO, e de não presença de heterocedasticidade nos resíduos, ou seja variância constante em todas observações. Assim, com a presença de heterocedasticidade, a probabilidade de rejeitar uma hipótese verdadeira é maior, o que torna as estimativas inconsistentes. Assim a seguir mostra-se o teste de heterocedasticidade, com as seguintes hipótese: H0: Homocedasticidade e H1: heteroscedasticidade. Rejeita-se a hipótese nula se: N* R2, for maior que os valores crítico da estatística (χ2 )no nível de significância escolhido, caso contrário, não se rejeita a hipótese nula e a variância é homocedástica. Para o caso em apreço, fica claro que não rejeita-se a hipótese nula, a reparar pelos resultados do gráfico abaixo. Tabela 7: Teste de White Variável Resído 1% 2.50% 5% 10% χ2 21.666 19.0228 16.919 14.6837 Nível de significância R 2 =0.187205 gl = 9 N= 60 N* R 2 =11.233 Fonte: Autor com base nos resultados de estimação, pacote E-view 8.1 c) Teste de cointegração Cointegração é um conceito que possibilita a análise e interpretação de modelos envolvendo séries temporais integradas de ordem um I (1). CASTRO& MURTEIRA (2018), definem cointegração como o processo em que, estimando uma regressão integradas em um I (1), os resíduos da estimação sejam integrados no nível I (0). Se assim for, as variáveis gozam de um equilíbrio de longo prazo, ou seja, partilham uma tendência estocástica
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