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Linguagem Fotográfica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Rita Garcia Jimenez Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Análise da Imagem – Nível Técnico • Análise da Imagem – Nível Técnico; • Anexo. · Conhecer os elementos básicos para a leitura de uma imagem fotográfica no nível técnico; · Identificar em fotografias os elementos que compõem o nível técnico de análise de uma imagem; · Realizar análise de imagem fotográfica a partir do uso de fichas específicas para o nível técnico. OBJETIVO DE APRENDIZADO Análise da Imagem – Nível Técnico Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico Introdução Figura 1 – Paul Lowe. Sem título, s/d. “Ao analisar imagens noticiosas é fácil esquecer que os fotógrafos não são invisíveis. Na verdade, eles são tão protagonistas na situação como as pessoas que são o tema de sua reportagem” Fonte: Lowe, 2017 Não são apenas as imagens que são importantes – também é importante estar em sintonia com o momento da sociedade que as fotos mostram. Se você entender isso, não haverá limites para você. Sebastião Salgado (Lowe, 2017, pagina 219) As teorias linguísticas atuais vêm ampliando o conceito de texto como sendo uma produção verbal, sonora, gestual, imagética, em qualquer situação de comunicação humana, estruturada com coerência e coesão. A partir dessa premissa, passamos a entender que as imagens se estruturam na forma de um texto visual, que pode ser lido. A questão passa a ser, então, como é possível lermos esse texto imagético? Os textos visuais, como a fotografia, por exemplo, são resultado de um conteúdo que envolve, necessariamente, três componentes básicos: o autor, o texto visual propriamente dito (imagem) e o leitor/espectador. De acordo com Mauad (2005), Cada um desses três elementos integra o resultado final à medida que todo o produto cultural envolve um locus de produção e um produtor, que manipula técnicas e detém saberes específicos à sua atividade; um leitor ou destinatário, concebido como um sujeito transindividual cujas respostas estão diretamente ligadas às programações sociais de comportamento do 8 9 contexto histórico no qual se insere; e, por fim, um significado aceito socialmente como válido, resultante do trabalho de investimento de sentido (MAUD, 2005),. A fotografia comunica-se, portanto, por meio de mensagens não-verbais, cujo signo que a constitui é a imagem. Como resultado de um trabalho humano de comunicação, ela está associada a códigos convencionalmente aceitos nos contextos em que está inserida como mensagem. É inquestionável, também, que somos reféns de nossos próprios olhos e de nosso referencial teórico e repertório cultural. Analisar uma imagem é muito mais do que simplesmente reconhecer seu traço. Durante anos privilegiou-se o autor, em seguida, a obra e, por fim, o espectador. Todos estes conceitos, na verdade, podem ser resumidos em um único: ler imagem é atribuir significados. Em relação ao autor, temos, além do olhar – elemento fundamental – o dispositivo de caráter tecnológico (câmera) que intermedia a relação entre o sujeito que olha e a imagem elaborada. Sobre o produto resultante se processada em uma dada temporalidade, que conta histórias (fatos/acontecimentos), registra memórias, inventa, imagina... E, na parte final desse processo está a recepção, o leitor/ espectador, que, em geral, tem uma relação simplesmente estética com a imagem, atribuindo-lhe valor informativo, artístico, pessoal, etc. Entretanto, para aqueles que vão além desses aspectos, existem as questões de análise da imagem, como, por exemplo, os níveis técnico e morfológico, compositivo e narrativo. Figu’ra 2 – Wang Qingsong. Siga-me, 2003. Fotografi a encenada pelo artista chinês Wang Qingsong (1966-) Fonte: Hacking, 2012 Nesta unidade, estudaremos a análise de imagem com base no nível técnico; posteriormente, nos níveis morfológico e compositivo; e, adiante, no nível narrativo. O material tem como base o método proposto por Felici (2004), a partir de dados disponíveis como, por exemplo, nome do autor, título, data de sua produção, etc. Na verdade, esta última informação não é, segundo Felici, estritamente necessária – embora não seja a circunstância ideal –, uma vez que uma análise de imagem pode ser realizada sem serem conhecidos a autoria, o título ou o ano da fotografia. 9 UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico Análise da Imagem – Nível Técnico “O primeiro problema que enfrentamos é a constatação de que o investigador projeta sempre sobre a imagem uma carga importante de ideias feitas e de convicções particulares, gostos e preferências” (FELICI, 2004, on-line). O alerta do autor é para que o analista da imagem reconheça a existência desse “condicionamento inevitável”, mas que trate de corrigi-lo para que este fator não distorça a análise. O nível técnico recolhe as informações necessárias sobre a(s) técnica(s) utilizadas(s), o(a) autor(a) da obra, o momento a que se reporta a imagem, a origem da imagem (livro, catálogo, internet, etc.), seu formato original, a câmera, objetivas, o movimen- to artístico ou escola fotográfica a que pertence, assim como a pesquisa de outros estudos críticos sobre o trabalho analisado, entre outros dados. Finalmente, a própria experiência vem demonstrando que, a cada novo tipo de fotografia e objeto a ser estudado a partir da imagem fotográfica, o pesquisador vê-se obrigado a atualizar o método de análise e adequá-lo à sua matéria significante, guardando os imperativos metodológicos apresentados. Nesse sentido, é sempre importante lembrar que toda a metodologia, longe de ser um receituário estrito, aproxima-se mais de uma receita de bolo, na qual, cada mestre-cuca adiciona um ingrediente a seu gosto. (MUAD, 2005) Dados Gerais Título e Data da Fotografia O título da fotografia costuma vincular o sentido da fotografia a partir da perspectiva do autor. Entretanto, devemos estar atentos em relação a refle- xões realizadas pelo autor da fotografia, uma vez que quase sempre a análise textual permite chegar muito além em significado que aquilo que o autor pos- sa dizer sobre a sua própria obra. Um exemplosão as fotografias de Duane Michals (1932-), nas quais as legendas se constituem em uma boa reflexão so- bre o sentido da imagem a partir da dimensão do autor. Em As coisas são es- tranhas (1973) (Fig. 3), o fotógrafo apresenta nove imagens sequenciais nas quais histórias são encenadas, registrando sua visão do mundo interior por meio de narrativas psicológicas. “Sempre afirmei que eu quero que minhas fotografias sussurrem. Enquanto um monte de fotografias grita para chamar a atenção”, relatou. Neste momento, também pode ser incluída a data em que foi tirada a fotografia. 10 11 Figura 3 – Duane Michals. As coisas são estranhas, 1973. Fotografi a Fonte: Hacking, 2012 Autor(a), Nacionalidade, Nascimento/Morte Estas informações registram a autoria da imagem, a nacionalidade do fotógrafo e o ano de produção da fotografia, o que permite situá-la geográfica e historicamente. Esses dados nos auxiliam no relacionamento da fotografia com o conjunto da obra do autor, se ele é conhecido, ou com outras produções artísticas do período e do país. O conhecimento prévio do autor e da sua obra é importante para possibilitar o reconhecimento de seu estilo. Neste item pode ser incluída uma foto do artista/fotógrafo. Entretanto, é frequente não dispormos dessas informações, especialmente no mundo digital onde as imagens são reproduzidas sem nenhum crédito ou informação sobre sua origem ou autoria. Mas, mais uma vez, nada disso deve ser obstáculo para analisarmos uma imagem. Fonte da Imagem Também é interessante especificarmos a fonte da imagem: museu, galeria, livro, catálogo ou documento eletrônico, etc. Nesse aspecto, é importante tentarmos encontrar uma origem (fonte) extremamente confiável para que tenhamos certeza da veracidade dessas informações. Com o advento da internet ficou muito mais fácil chegarmos a esses dados, entretanto, todo cuidado é pouco, será preciso confirmar as informações coletadas, sob pena de nossa análise ficar comprometida. Um exemplo é a fotografia Guerrilheiro heroico (1960) (Fig. 4), de Alberto Korda (1928-2001). A imagem, uma das mais reproduzidas no mundo, foi recortada pelo próprio Korda (Fig. 5). 11 UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico Figura 4 – Alberto Korda. Guerrilheiro heroico, 1960. Fotografia Fonte: Hacking, 2012 Figura 5 – Alberto Korda. Guerrilheiro heroico, 1960. Fotografia Fonte: Hacking, 2012 Gênero e Local Onde Foi Tirada a Fotografia Outro aspecto importante é a classificação do gênero da fotografia, um aspecto muitas vezes difícil porque uma mesma fotografia pode apresentar vários atributos genéricos ao mesmo tempo, o que pode causar alguma polêmica. Assim, podemos classificar as imagens em gêneros básicos como retrato, conforme a fotografia de Malick Sidibé (1936-2016), A most seul (1978) (Fig. 6); paisagem, natureza-morta e documental, além de fotografia de arte, publicitária, de eventos, gastronomia, entre tantos outros. Muitas fotografias contemplam simultaneamente vários gêneros e subgêne- ros, por isso, na análise da imagem é importante registrarmos esse aspecto. Frederick Sommer (1905-1999), em seu trabalho Max Ernest (1946) (Fig. 7), mostra claramente isso com o gênero retrato e o subgênero fotografia de arte, juntos. Ele imprimiu dois negativos em um só papel fotográfico. Neste mo- mento também pode ser incluída a informação sobre o local onde foi tirada a fotografia, se estiver disponível. 12 13 Figura 6 – Malick Sidibé. A most seul, 1978. Fotografi a. Gênero: retrato Fonte: Lowe, 2017 Figura 7 – Frederick Sommer. Max Ernest, 1946. Gênero retrato e subgênero fotografi a de arte. Fonte: Hacking, 2012 Estilo, Escola ou Movimento Artístico Em alguns casos, é possível inclusive situar a fotografia ou o autor da imagem em uma determinada corrente ou movimento artístico, escola fotográfica, etc., cujo conhecimen- to pode ser de grande utilidade para a análise textual da fotografia. Neste caso, é impor- tante apresentar, na análise, uma breve descrição dos principais pontos do movimento artístico e a sua época de ocorrência. Normalmente, características de um movimento artístico são observadas na fotografia, auxiliando o observador na leitura da imagem, a partir das características pertencentes a esses movimentos, no caso a ideia e o conceito. Entretanto, não é uma informação que impeça a realização da análise. 13 UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico Cena de perseguição (1969), de Vito Acconci (1940-2017) (Fig. 8), por exemplo, está ligada à arte conceitual – conjunto de práticas artísticas ocorrida nos anos 1960/1970, no qual o conceito e as ideias e não o meio (formalismo da arte) são a essência do movimento. Acconci trabalhou o papel da fotografia como um meio de vigilância e controle social. Em Cena de perseguição o artista seguia um estranho escolhido por acaso, em Nova York, até essa pessoa entrar em um espaço privado. As fotografias – que não foram tiradas por Acconci, que aparece de costas – documentam uma performance do artista. Figura 8 – Vito Acconci. Cena de perseguição, 1969. Fotografia conceitual Fonte: Hacking, 2012 Parâmetros Técnicos P/B, Cor A fotografia pode ser em preto e branco ou em cores; ser originalmente em preto e branco e ter sido colorizada posteriormente ou ser originalmente em cores e ter sido transformada em preto e branco. Nesses dois últimos casos, o ideal é que essas informações estejam disponíveis, pois, caso contrário, não teremos como concluir que essas técnicas foram utilizadas. Uma fotografia também pode ser, simultaneamente, em preto e branco e em cores, caso tenha algum elemento ou parte da imagem com essas características. Formato Original Outro aspecto igualmente importante é o tamanho original da imagem que analisamos. Por vezes, esta informação está presente na própria legenda da imagem. É obvio que as condições de recepção de uma fotografia por parte do espectador se alteram de forma substancial quando as imagens são de grandes dimensões ou quando apresentam dimensões muito reduzidas. Este aspecto apresenta importantes consequências na análise, quando se estuda a relação da imagem com o espectador. 14 15 Câmera O tipo de câmara utilizada é outro aspecto igualmente relevante. Nas fotografias analógicas, caso não consigamos essa informação junto à imagem ou em bancos de dados, fica praticamente impossível identificar a câmera utilizada. Já nas imagens digitais, normalmente, essa informação está em “Informações do arquivo” ou em “Propriedades”, da fotografia. Suporte Em certas ocasiões, pode-se dispor de informação sobre o tipo de formato foto- gráfico empregado, como o universal ou 35 mm, o formato médio ou grande for- mato. Essas informações podem apresentar muitas alternativas, inclusive identificar a marca e o tipo de película utilizada, no caso de fotografia analógica. Estas informa- ções possibilitam a compreensão sobre como o autor conseguiu obter determinados efeitos visuais, mas, sobretudo, as condições de produção da fotografia. Objetiva(s) Esta informação, quando disponível, permite que conheçamos se foi utilizada uma teleobjetiva, uma lente grande-angular, uma objetiva normal, uma objetiva olho de peixe, etc. A seleção da objetiva produz importantes consequências na construção do ponto de vista físico da fotografia. Uma objetiva grande-angular, por exemplo, pode auxiliar o fotógrafo na inclusão de muitas informações no quadro ou destacar o primeiro plano, fazendo com que ele pareça enorme em comparação com o fundo. Já uma teleobjetiva pode compactar uma imagem e dar a impressão de que objetos aparentemente distantes estejam próximos um do outro. Henri Cartier-Bresson (1908-2004), por exemplo, fotografou quase todos os seus trabalhos com uma objetiva padrão de 50 mm. Foco Dentro das questões técnicas, o foco é um elemento que deve ser analisado. O fotógrafo tem a possibilidade de controlar a localização do foco e também os objetos que ficarão nítidos. Um elemento da fotografiapode ser destacado sobre os demais como ponto de maior nitidez dentro do quadro. A força da mensagem se deve muito ao foco. Conforme Feijó (2018), uma “pequena falta de foco de todos os elementos que compõem a imagem pode servir para a suavização dos traços, o contrário acontece quando há total nitidez que demonstra a rudeza ou brutalidade da realidade”. Paolo Pellegrin (1964-), em Civis chegando a Tiro depois de fugir de suas aldeias no sul do Líbano (2006) (Fig. 9), mostra uma imagem sob condições precárias de luz, proporcionando desfoque e embaçamento devido à vibração da câmera causada por longas exposições. Ele procura intensificar o drama e a expressividade da cena. 15 UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico Figura 9 – Paolo Pellegrin. Civis chegando a Tiro depois de fugir de suas aldeias no sul do Líbano, 2006. Fotografia Fonte: Lowe, 2017 Ângulo/Ponto de Vista A câmera pode ser situada na mesma altura do sujeito ou objeto a ser fo- tografado, como também abaixo ou acima dele. Feijó (2018) observa que, ao fotografarmos com a máquina de um ângulo superior (de cima para baixo) ou de um ângulo inferior (de baixo para cima) temos que nos preocupar com a impres- são subjetiva causada por esta visão. Segundo ele, a máquina na posição de um ângulo superior (Fig. 10) tende a diminuir o sujeito em relação ao espectador e pode significar derrota, opressão, submissão, fraqueza do fotografado; enquanto que em um ângulo inferior (Fig. 11) pode ressaltar a sua grandeza, sua força, seu domínio. Evidentemente, que essa análise vai depender do contexto em que a altura da câmera for usada. Figura 10 – Cindy Sherman. Sem título nº 92 (série Centerfolds), 1981. Fotografia Fonte: Lowe, 2017 16 17 Figura 11 – Dmitri Baltermants. Ataque, 1941. Fotografi a Fonte: Hacking, 2012 Dados Biográficos e Comentários Críticos Sobre o Autor Também é importante dispormos de informações sobre o fotógrafo como, por exemplo, uma pequena biografia e de comentários críticos e técnicos realizados por especialistas – e também realizados pelo próprio autor da imagem – sobre a obra fotográfica em análise. Esses dados podem auxiliar na melhor compreensão da imagem, ainda que uma crítica ou análise possam vir acompanhados de interpretações pessoais, mas, neste caso, é fundamental que fique claro sua intenção de personalizar a análise. Outras Informações Nesta seção, podem ser incluídos dados disponíveis como, por exemplo, a utilização de filtros fotográficos (ópticos ou digitais), utilização de imagens negativas, técnicas de revelação ou pós-produção, entre outras informações que podem estar disponíveis em catálogos ou nas fontes de origem da fotografia. Uma fotografia também pode incorporar inscrições de letras, palavras, textos, frases ou outros elementos verbais (Figs. 12 e 13) em duas dimensões diferentes: como objeto, resultado da presença de marcas, calendários, cartas, anúncios luminosos, etc., ou como componente conceitual relativamente à expressão direta de uma palavra ou frase sub ou sobreposta. A legenda da foto pode ter sido deliberadamente inscrita pelo autor em algum lugar do texto fotográfico como um título. Este espaço também fica reservado para a inclusão de outros conceitos que podem estar relacionados com o nível morfológico da análise da fotografia. 17 UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico De 1977 a 1985, o fotógrafo norte-americano Jim Goldberg (1953-) documentou a vida de pessoas afetadas pela crise econômica e social nos Estados Unidos, na época. Ele fotografou hóspedes temporários em um hotel onde famílias viviam em situação de pobreza e também casas de ricos. Ele questionou as pessoas sobre suas vidas, esperanças e medos, perguntando: “Se você morresse ou deixasse este espaço amanhã, e se esta foto fosse colocada na porta como uma lembrança de você, o que você diria?” (LOWE, 2017, p. 247). Na figura 12 lemos: “I love David. But he is to fragile for a rough father like me.” (“Eu amo David. Mas ele é frágil para um pai áspero como eu.”). E, na figura 13: “I wish I could see more softness within myself. Most of the time, as though in limbo, I feel caught between an iceberg and a desert.” (“Eu queria poder ver mais suavidade dentro de mim. Na maioria das vezes, como no limbo, eu me senti atrapalhada entre um iceberg e um deserto.”). Conforme Lowe (2017), “a justaposição do texto escrito à mão e da imagem faz a conexão com as pessoas parecer tangível e visceral; ela explora o espaço entre o que pode ser visto e o que está sendo dito”. Figura 12 – Jim Goldberg. Ricos e pobres, 1979. Fotografia Fonte: Lowe, 2017 Figura 13 – Jim Goldberg. Ricos e pobres, 1983. Fotografia Fonte: Lowe, 2017 Ex pl or 18 19 Anexos Ficha Para Análise Fotográfica – Nível Técnico Há uma grande quantidade de propostas de metodologias para a análise fo- tográfica, que contemplam várias etapas, desde a análise técnica até a narrativa. A partir do estudo de Felici (2004), e de sua proposta de fichas para esse tipo de análise, apresentamos, a seguir, a ficha 1 que contempla elementos do nível técnico, apresentados nesta unidade. A adaptação busca o desenvolvimento de uma análise fotográfica básica, por meio da identificação dos principais elemen- tos constantes nas imagens. ANÁLISE FOTOGRÁFICA FOTOGRAFIA Ficha 1 – Nível técnico ELEMENTO SIM / NÃO ANÁLISE 1. Dados gerais Título e data da fotografia Autor(a), nacionalidade, nascimento/morte Fonte da imagem Gênero(s) e local da fotografia Estilo, escola ou movimento artístico 2. Parâmetros técnicos P/B, cor Formato original Câmera Suporte Objetiva(s) Foco Ângulo/ponto de vista Dados biográficos sobre o autor Comentários críticos sobre o autor Outras informações: Análise realizada por: Fonte: ficha adaptada de Felici (2004) 19 UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico Análise Fotográfica – Nível Técnico – Exemplo ANÁLISE FOTOGRÁFICA FOTOGRAFIA Figura1 – Ansel Adams. Tempestade de inverno se dissipando, Yosemite Valley, c.1935. Fotografia Fonte: Lowe, 2017 Ficha 1 – Nível técnico ELEMENTO SIM / NÃO ANÁLISE 1. Dados gerais Título e data da fotografia Tempestade de inverno se dissipando,Yosemite Valley, 1944. Autor(a), nacionalidade, nascimento/morte Ansel Adams, norte-americano, 1902-1984 Figura 12 – Malcolm Greany. Ansel Adams, 1950 Fonte: Wikimedia Commons Fonte da imagem LOWE, Paul. Mestres da fotografia. São Paulo: Gustavo Gili, 2017. Gênero(s) e local da fotografia Paisagem, Parque Nacional de Yosemite, Califórnia (Estados Unidos) Estilo, escola ou movimento artístico Não 20 21 2. Parâmetros técnicos P/B, cor P/B Formato original 39,5 x 48,5 cm Câmera Grande formato. Exposição 1/5 segundos e abertura f/16. Marca da câmera não identificada. Suporte Película negativa Isopan de 64 ASAde 8” x 10” (20 x 25 cm) Objetiva(s) Objetiva Cooke Series XV de 12 ¼ polegadas Foco Extremo Ângulo/ponto de vista Central Dados biográficos sobre o autor Após uma viagem ao Yosemite National Park, então com 14 anos, Adams começou a experimentar a fotografia. A partir de 1937, viveu por dez anos no parque onde conheceu profundamente sua geografia e condições meteorológicas de forma que sabia exatamente quando e onde fotografar para alcançar o resultado que queria. Ele era membro da organização ambiental Sierra Club, onde pode atuar pela preservação de áreas naturais americanas como um ativo ambientalista. Juntamente com Paul Strand e Edward Weston, fundou o influente Grupo f/64, nome referente à abertura mínima de uma objetiva que dá maior profundidade de campo. Comentários críticos sobre o autor Juntamente com o fotógrafo Fred Archer, Adams desenvolveu a ideia do Sistema de Zonas, método para exposição e revelação da fotografia em preto e branco, com dez zonas de densidade, de preto puro a branco puro com uma graduação sutil de tons de cinza no intervalo. Em algarismos romanos, 0 representa preto puro; X, branco puro; e V, cinza médio. Outras informações:Não Análise realizada por: Rita Jimenez Fonte: ficha e conteúdo adaptados de Felici (2004 e 2009) Figura 3 – Peter Fraser Fonte: Lowe, 2017 Com base na fi cha 1 – Análise fotográfi ca – Nível técnico, apresentada nesta unidade, analise a fotografi a de Peter Fraser (Figra 3), uma construção que parece estar viva. Dicas: confi ra o site do fotógrafo e também o livro Mestres da Fotografi a, de Peter Lowe (Gustavo Gili, 2017, p. 106-107). https://goo.gl/BMya65 Ex pl or 21 UNIDADE Análise da Imagem – Nível Técnico Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Calendário de concursos de fotografia https://goo.gl/S4u45c Vídeos Ansel Adams a documentary film Escrito e dirigido por Ric Burns, 2002. Documentário dedicado ao fotógrafo e ambientalista norte-americano Ansel Adams (1902-1984), mestre nos aspectos técnicos e estéticos da fotografia de paisagem em preto e branco. https://youtu.be/hNvMBvkmjvU Leitura Como descobrir informações técnicas de uma foto pelo PC https://goo.gl/Z6Wbo4 Da fotografia analógica à ascensão da fotografia digital https://goo.gl/X2QXn2 22 23 Referências FEIJÓ, Cláudio. Linguagem fotográfica. Universidade Estadual de Londrina/ Especialização em Fotografia [2018]. Disponível em: http://www.uel.br/pos/ fotografia/wp-content/uploads/downs-uteis-linguagem-fotografica.pdf. Acesso em: 13 mar. 2018. FELICI, Javier Marzal. Cómo se lee una fotografia – Interpretaciones de la mirada. Madri: Cátedra, 2009. ________, Javier Marzal. Proposta de modelo de análise da imagem fotográfica – Descrição dos conceitos contemplados. In: I Congresso de Teoria e Técnica dos Meios Audiovisuais, Castellón (Espanha), 2004. Disponível em: http://www. analisisfotografia.uji.es/root2/meto_por.html. Acesso em: 25 fev. 2018. HACKING, Juliet (ed.). Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. LOWE, Paul. Mestres da fotografia. São Paulo: Gustavo Gili, 2017. MAUAD, Ana Maria. Na mira do olhar: um exercício de análise da fotografia nas revistas ilustradas cariocas, na primeira metade do século XX. In: Anais do Museu Paulista. v. 13. n.1. Jan.-Jun. 2005. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ anaismp/article/view/5417/6947. Acesso em: 26 fev. 2018 23
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