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Fotojornalismo: Teoria e Prática

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Fotojornalismo
Prof.ª Mariane Eggert de Figueiredo
Indaial – 2022
1a Edição
Elaboração:
Prof.ª Mariane Eggert de Figueiredo
Copyright © UNIASSELVI 2021
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
F475f
Figueiredo, Mariane Eggert de
 Fotojornalismo. / Mariane Eggert de Figueiredo – Indaial: 
UNIASSELVI, 2022.
 204 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-813-3
 ISBN Digital 978-65-5663-814-0
 1. Fotografia. - Brasil. 2. Jornalismo. – Brasil. II. Centro Universitário 
Leonardo da Vinci.
CDD 770
Acadêmico, é com satisfação que apresentamos os conteúdos da disciplina de 
Fotojornalismo. Você encontrará aqui, um conteúdo interdisciplinar, aliando conhecimentos 
da Fotografia e do Jornalismo, bem como de outras áreas do conhecimento, tais como: 
História, Antropologia e Sociologia, Ética e Análise do Discurso. A imagem impacta e 
pode marcar épocas. Com seu trabalho, o fotojornalista recorta realidades, impacta e 
conscientiza o público, dando a ver o mundo tal como ele é: guerras, misérias, civilizações, 
mas também solidariedade e empatia, tecnologia e sustentabilidade.
A partir da Unidade 1, você refletirá sobre as imagens e a fotografia ao longo do 
tempo. Aprenderá as primeiras noções do que significa e o que abrange o fotojornalismo. 
Verá que o fotojornalista é um filtro que digere a realidade; traduz o fato em foto para 
um público desejoso da experiência humana. Finalmente, verá que um olhar treinado é 
capaz de melhor traduzir e narrar os acontecimentos que são notícia.
Na Unidade 2, você conhecerá o seu equipamento de trabalho – a máquina 
fotográfica –, assim como as técnicas de fotografia e fotojornalismo. A partir desses 
conhecimentos, aliados à análise criteriosa de narrativas visuais, dos públicos e das 
circunstâncias, terá as bases necessárias para a prática do fotojornalismo.
Por isso, na Unidade 3, você será conduzido à prática do Fotojornalismo, levando 
em conta as condicionantes do exercício profissional. Os conteúdos contemplam os 
discursos contemporâneos, em que as mídias se transformam, os fazeres se renovam 
e os desafios são constantes. Você será confrontado a questionamentos, tais como: o 
que é ser fotojornalista hoje? Quais são os limites da prática? Que recursos permeiam 
o exercício nesta área, em um mercado de trabalho digital e em constante evolução? 
É sob esta ótica que você concluirá os seus estudos de Fotojornalismo: uma 
prática integrada aos fazeres das mídias e os dispositivos de comunicação das massas. 
Teoria e prática decorrem da observação, da reflexão crítica e do conhecimento desse 
amplo universo que alia imagem, notícia e comunicação em uma atualidade globalizada.
Bons estudos!
Prof.ª Mariane Eggert de Figueiredo
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA E DO FOTOJORNALISMO ................................... 1
TÓPICO 1 - HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA ................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 IMAGEM, CÂMARA ESCURA E FOTOGRAFIA: LUZ, TRAÇO E COR ...................................3
2.1 AS PRIMEIRAS IMAGENS E SUAS FUNÇÕES ..................................................................................4
2.2 A LUZ E AS IMAGENS: A INVENÇÃO DA CÂMARA ESCURA ........................................................ 9
2.3 DA CÂMARA ESCURA À FOTOGRAFIA ............................................................................................ 11
3 A FOTOGRAFIA ENTRE REALIDADE E INVENÇÃO DE REALIDADE ................................ 13
3.1 A FOTOGRAFIA COMO REPRODUÇÃO DA REALIDADE ............................................................... 13
3.2 A FOTOGRAFIA COMO CRIAÇÃO ..................................................................................................... 14
3.3 A FOTOGRAFIA COMO TESTEMUNHO DE UMA REALIDADE .................................................... 15
3.4 IMAGEM E LINGUAGEM VISUAL .......................................................................................................17
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 22
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 23
TÓPICO 2 - FOTOJORNALISMO: CONCEITO, HISTÓRIA E PRÁTICAS .............................. 25
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................25
2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO.................................................................................. 25
2.1 UMA NOÇÃO INTERDISCIPLINAR .....................................................................................................26
2.2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO..................................................................................................28
3 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA REPORTAGEM FOTOGRÁFICA ............................................... 31
4 NOVAS MÍDIAS E FOTOJORNALISMO ............................................................................. 36
4.1 PRINCÍPIOS DAS NOVAS MÍDIAS .....................................................................................................36
4.2 ATUALIDADE E FOTOJORNALISMO ................................................................................................ 37
5 FUNÇÕES DO FOTOJORNALISMO .................................................................................. 39
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 42
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 43
TÓPICO 3 - FOTOGRAFIAS E NARRATIVAS: ENTRE OLHAR E VER .................................. 45
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 45
2 O OLHAR FOTOJORNALÍSTICO: ANÁLISE DE IMAGENS ............................................... 46
2.1 MOMENTO OPORTUNO OU O INSTANTE DECISIVO DA FOTO ...................................................46
3 DOMÍNIO DA TÉCNICA E PRECISÃO ESTÉTICA .............................................................. 48
3.1 PRÁTICA DA SENSIBILIDADE ATRAVÉS DA IMAGEM ..................................................................49
4 CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA FOTOJORNALÍSTICA ................................................... 50
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 54
RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................................57
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 58
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60
UNIDADE 2 — EQUIPAMENTOS E DOMÍNIO DA TÉCNICA FOTOGRÁFICA ........................ 65
TÓPICO 1 — CONHECENDO O EQUIPAMENTO: CÂMERAS, LENTES E ACESSÓRIOS .......... 67
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................67
2 A MÁQUINA FOTOGRÁFICA PROFISSIONAL: DESCRIÇÃO E FUNCIONALIDADES ..........67
2.1 TIPOS DE MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS ...........................................................................................68
2.1.1 Máquinas de uso amador .........................................................................................................68
2.1.2 Máquinas para uso profissional ..............................................................................................70
2.2 MÁQUINA DSLR PROFISSIONAL: FUNCIONALIDADES E ACESSÓRIOS ................................70
2.2.1 Apresentação dos comandos ................................................................................................71
2.2.2 Funcionalidades da máquina fotográfica DSLR................................................................ 74
2.2.3 Regulagens de programas: modo manual, semiautomático, automático etc. ......... 76
2.3 ACESSÓRIOS PARA USO EM FOTOGRAFIA E FOTOJORNALISMO .......................................... 77
2.3.1 Um equipamento funcional ....................................................................................................78
3 ACESSÓRIOS E RECURSOS DE EDIÇÃO E TRATAMENTO DE IMAGEM ..........................79
3.1 LENTES: TIPOS E FUNCIONALIDADFES ........................................................................................ 80
3.2 A LUZ NA FOTOGRAFIA: TIPOS DE LUZES E USO DE FLASH .................................................. 81
3.2.1 Tipos de luzes ............................................................................................................................. 81
3.2.2 O histograma e a leitura dos gráficos ..................................................................................83
3.2.3 Parâmetros de configuração: ISO, diafragma, velocidade de obturação ...................85
3.3 RECURSOS DIGITAIS PARA EDIÇÃO ...............................................................................................87
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 91
TÓPICO 2 - O DOMÍNIO DA TÉCNICA FOTOGRÁFICA ........................................................ 93
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93
2 FOTOGRAFIA EM PRETO E BRANCO X FOTOGRAFIA EM CORES .................................. 93
2.1 AS FOTOGRAFIAS EM PRETO E BRANCO NA COMUNICAÇÃO .................................................94
2.2 O PRETO E BRANCO E AS CORES EM COMUNICAÇÃO .............................................................95
2.3 COMPARATIVO ENTRE O USO DA COR E O PRETO E BRANCO ............................................... 97
3 ENQUADRAMENTO E COMPOSIÇÃO DA IMAGEM .......................................................... 98
3.1 PLANOS DE ENQUADRAMENTO ......................................................................................................98
3.2 O ENQUADRAMENTO E O POSICIONAMENTO DO ASSUNTO NA IMAGEM ..........................102
4 NARRATIVAS VISUAIS: O REAL E O VEROSSÍMIL .........................................................106
4.1 REALIDADE: VERDADE OU ILUSÃO? ............................................................................................106
4.2 FOTOGRAFIA E REALIDADE ...........................................................................................................108
4.3 O REAL E O VEROSSÍMIL NO FOTOJORNALISMO ......................................................................110
4.3.1 Fotojornalismo: entre o texto e a imagem .........................................................................110
4.3.2 Recorte fotojornalístico: efeitos e desafios........................................................................111
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 114
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 115
TÓPICO 3 - NOVAS TECNOLOGIAS E FOTOJORNALISMO ................................................117
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................117
2 PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE IMAGENS NA ERA DIGITAL ...................................................117
2.1 TECNOLOGIAS DIGITAIS E FOTOGRAFIA DIGITAL .......................................................................118
2.1.1 A tecnologia digital ....................................................................................................................118
2.1.2 A fotografia digital ....................................................................................................................119
3 NOVAS TECNOLOGIAS E FOTOJORNALISMO DIGITAL ................................................. 121
4 GRANDES NOMES DO FOTOJORNALISMO ....................................................................123
4.1 Clássicos da fotografia internacional ...........................................................................................123
4.1.1 Henri Cartier-Bresson (1908-2004) ..................................................................................... 123
4.1.2 Steve McCurry (1950, Pensilvânia, EUA) ............................................................................ 124
4.1.3 Robert Capa, nome verdadeiro Ernö Friedmann (1913-1954) ...................................... 125
4.2 Fotojornalistas brasileiros ............................................................................................................. 125
4.2.1 Sebastião Salgado (1944, Minas Gerais, BR) ..................................................................... 126
4.2.2 Araquém Alcântara (1951, Florianópolis, SC) ................................................................... 127
4.2.3 Evandro Teixeira Almeida (1935, Irajuba, BA) ................................................................... 127
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................129
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 131
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................132
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................134
UNIDADE 3 — PRÁTICA DO FOTOJORNALISMO ............................................................... 137
TÓPICO 1 — A PRÁTICA DO FOTOJORNALISMO ...............................................................139
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................139
2 PRODUÇÃO E EMISSÃO DA FOTOGRAFIA NA MÍDIA IMPRESSA..................................139
2.1 A PRODUÇÃO EM FOTOJORNALISMO: DA PAUTA À PUBLICAÇÃO .......................................140
2.1.1 A pauta ........................................................................................................................................140
2.1.2 Produção, edição, publicação ...............................................................................................141
2.2 FOTOJORNALISMO INFORMATIVO .............................................................................................. 142
2.2.1 Fotojornalismo informativo objetivo ................................................................................... 143
2.2.2 Fotojornalismo informativo subjetivo ................................................................................ 145
2.3 FOTOJORNALISMO PERFORMATIVO ...........................................................................................148
3 RELACIONAMENTO COM O FATO E O VEÍCULO – A VERDADE E A 
 VEROSSIMILHANÇA .......................................................................................................150
3.1 VERDADE E VEROSSIMILHANÇA NO FOTOJORNALISMO CONTEMPORÂNEO ...................150
3.1.1 Ver para lembrar: o fotojornalismo mnemônico ...............................................................150
3.1.2 Fotojornalismo independente de contestação .................................................................151
3.1.3 Fotojornalismo autoral e artístico ....................................................................................... 152
3.2 CRITÉRIOS DE VEROSSIMILHANÇA NO FOTOJORNALISMO .................................................. 152
3.2.1 A fotografia como construção de verdades ...................................................................... 153
3.2.2 Critérios de verossimilhança no fotojornalismo .............................................................. 155
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 157
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................158
TÓPICO 2 - GÊNEROS DE FOTOJORNALISMO DA IMPRENSA E DAS MÍDIAS ATUAIS .......... 161
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................161
2 GÊNEROS DO FOTOJORNALISMO ......................................................................................161
2.1 FOTOGRAFIAS DE NOTÍCIAS ........................................................................................................... 162
2.2 FEATURES .........................................................................................................................................164
2.3 FOTOGRAFIA ESPORTIVA ...............................................................................................................164
2.4 RETRATO ............................................................................................................................................. 165
2.4.1 Mug shots ou fazer faces ...................................................................................................... 165
2.4.2 Retratos ambientais ............................................................................................................... 165
2.5 ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS ..................................................................................................... 166
2.6 HISTÓRIAS EM FOTOGRAFIAS OU PICUTURE STORIES .......................................................... 166
3 FOTOJORNALISMO, SENSACIONALISMO E CONSUMO DE IMAGENS .........................168
3.1 FOTOJORNALISMO SENSASIONALISTA .......................................................................................168
3.1.1 A evolução na experiência do(s) fato(s) e acontecimento(s) do mundo real ............ 169
3.2 A IMAGEM COMO PRODUTO DE CONSUMO ............................................................................... 172
3.2.1 Bancos de imagens ............................................................................................................... 172
3.2.2 WordPress ................................................................................................................................. 174
4 FOTOJORNALISMO E CIBERMÍDIA ................................................................................ 174
4.1 INFOESTÉTICA E FOTOJORNALISMO (GJOL) ............................................................................. 175
4.2 FOTOJORNALISMO NA ERA DA CONVERGÊNCIA .................................................................... 175
4.2.1 Conceito de convergência .....................................................................................................176
4.2.2 Fotojornalismo em cenários de convergência .................................................................177
4.2.3 Storytelling: narrativas para redes sociais ....................................................................... 178
4.2.4 Roteiro para elaboração de storytelling ............................................................................ 179
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 181
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................182
TÓPICO 3 - O REPÓRTER FOTOGRÁFICO, O FATO E O TEXTO .........................................185
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................185
2 FOTOJORNALISMO NA ATUALIDADE ............................................................................185
2.1 O MERCADO DE TRABALHO ...........................................................................................................186
2.2 O TRABALHO PARA AGÊNCIAS INTERNACIONAIS ................................................................... 187
3 ÉTICA E FOTOJORNALISMO ..........................................................................................188
3.1 OS CONCEITOS E A SUA EVOLUÇÃO ............................................................................................1883.1.1 Fotojornalismo analógico .......................................................................................................188
3.1.2 Atualidade convergente e fotojornalismo .........................................................................189
3.2 ÉTICA E DEONTOLOGIA EM FOTOJORNALISMO .......................................................................190
3.3 A INTERNET E AS TENDÊNCIAS NAS MÍDIAS .............................................................................191
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................193
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................198
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................199
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 202
1
UNIDADE 1 -
HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA E 
DO FOTOJORNALISMO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender a relação da humanidade com as imagens e a sua integração como 
ferramentas de comunicação e interação da experiência vivda e transmitida nas 
relações humanas;
• apreender as imagens como estruturas constituídas por unidades mínimas 
signifi cativas caracterizando-as como linguagens intencionalmente orientadas e 
adequadas às situações específi cas de uso comunicativo;
• integrar os conceitos de fotografi a e fotojornalismo, a partir de uma abordagem 
histórica dos mecanismos que conduziram à implantação e ao aperfeiçoamento de 
ambas as práticas sociais;
• observar exemplos práticos de fotojornalismo ao longo do tempo;
• analisar elementos constitutivos de fotografi as jornalísticasque caracterizam a 
linguagem visual, relacionando exemplos práticos aos conteúdos teóricos abordados.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará 
autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA
TÓPICO 2 – FOTOJORNALISMO: CONCEITO, HISTÓRIA E PRÁTICAS
TÓPICO 3 – FOTOGRAFIAS E NARRATIVAS: ENTRE OLHAR E VER
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA
1 INTRODUÇÃO
Vivemos em uma sociedade em constante evolução. Como seres sociais 
inseridos nessa sociedade, comunicamos e interagimos com os outros, com o meio, 
com o nosso próprio eu interior. Cada período da história difere em questionamentos, 
estilos, formas de ser e agir. 
A sociedade atual vive sob o predomínio da imagem. Por todos os lados, 
desenhos, grafismos, fotografias dominam a comunicação e as interações entre os 
indivíduos. Provavelmente, você também é adepto do consumo de imagens em redes 
sociais, nas mídias digitais e os seus gêneros. 
Fotos tornaram-se algo tão presente em nossa vida que sua existência parece 
óbvia. No entanto, você já parou para pensar em como seria o mundo sem a invenção 
da fotografia? Sem selfies, sem contemplar o retrato e a imagem das pessoas que ama? 
O surgimento da fotografia revolucionou a sociedade, instaurando uma nova era: a 
era da imagem. Por isso, vamos dedicar este tópico à história da fotografia e sua evolução 
até os nossos dias. Desde a origem, a técnica não cessa de ser aprimorada, acompanhando 
a sociedade em suas práticas e registrando a história e as memórias da humanidade. 
Assim, em primeiro lugar, você será levado a percorrer uma longa reflexão sobre 
as imagens e sua importância ao longo do tempo. Em seguida, percorrerá a história da 
fotografia como técnica de captura e fixação de imagens. Trata-se do princípio físico da foto. 
A partir de uma introdução, a semiótica da imagem abordará a fotografia como 
linguagem dotada de significados que podem ser propositadamente construídos. Para 
concluir, a fotografia será abordada pela relação que estabelece entre uma realidade 
mostrada e uma realidade criada.
2 IMAGEM, CÂMARA ESCURA E FOTOGRAFIA: LUZ, TRAÇO 
E COR
Desde tempos remotos, o ser humano foi sensível às imagens e contornos que 
percebia ao seu redor despertam. A tal ponto que o assunto despertou a curiosidade e o 
interesse, tanto em termos de captação, percepção, reprodução etc. 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
4
Tanto no contato direto com o fato quanto por transmissão, a imagem 
é o veículo pelo qual uma realidade chega rápida e diretamente ao nosso 
conhecimento. É por isso que desde tempos remotos conhecemos o ditado: 
“uma imagem vale mais que mil palavras” (FIGUEIREDO, 2005).
IMPORTANTE
De pinturas rupestres a sombras e refl exos em superfícies lisas de lagos gelados, 
aos contornos de montanhas ou as pétalas rendilhadas de uma fl or, tudo foi motor para 
o desejo de eternizar as imagens e os momentos que as enquadram no desfi lar contínuo 
do tempo. 
Neste subtópico, vamos percorrer a trajetória da imagem até o desenvolvimento 
da técnica fotográfi ca, tornada possível por um fenômeno físico: a difração da luz.
2.1 AS PRIMEIRAS IMAGENS E SUAS FUNÇÕES
Somos seres sociais inseridos em grupos com os quais comunicamos e 
interagimos. Em nossa relação com o mundo, o conhecimento de um fato ou realidade 
pode ocorrer de dois modos (BOROSKI, 2020, p. 18). Seja por: 
• Experiência: quando tomamos conhecimento de um fato ou de uma realidade 
através da situação diretamente vivenciada. Somos testemunhas de um 
acontecimento, vemos uma paisagem, encontramos uma pessoa que amamos etc. 
• Transmissão: quando adquirimos um conhecimento por meio de uma fonte 
intermediária, que nos transmite o teor de um acontecimento, uma paisagem, um 
encontro etc. A transmissão ocorre por meio de linguagem, seja ela verbal – algo 
nos é contado com as unidades da língua oral ou escrita; seja visual ou gestual – 
por gestos e/ou imagens, desenhos, gravuras ou a fotografi a, que pode ser estática 
(uma foto) ou movente (um fi lme). 
A Figura 1 ilustra esses dois modos de percepção da realidade:
5
Segundo um conto tradicional indiano, sete sábios cegos encontraram, 
um dia, um elefante. Cada um dos sábios pôde tatear uma parte 
do elefante e, segundo a parte que tateava, imaginava o animal, 
seu tamanho, suas capacidades, seu porte. Cada um deles, porém, 
só obtinha uma compreensão parcial do animal, já que eram todos 
cegos e cada um deles tinha a sua própria percepção. Assim é a nossa 
vivência da realidade: o que percebemos são aspectos, mas é o todo 
e o modo como o percebemos que faz sentido. 
INTERESSANTE
FIGURA 1 – OS CEGOS E O ELEFANTE
FONTE: <https://ensinarhistoria.com.br/s21/wp-content/uploads/2015/01/cegos-e-o-elefante-768x432.jpg>. 
Acesso em: 10 jun. 2021.
Para transmitir o que percebemos, possuímos a linguagem. Em um tempo 
remoto, em que as relações eram predominantemente orais, as formas disponíveis 
para a transmissão da experiência e suas práticas eram gestos, no contato imediato, e 
imagens, na transmissão indireta. 
O desenvolvimento da escrita, em seguida, dá início ao longo processo de 
registro da História por meio de uma cultura bibliográfica ou registrada em livros. Esse 
processo acentuou-se marcadamente com o desenvolvimento da imprensa móvel no 
século XV e o Iluminismo, com o desenvolvimento subsequente das ciências. 
O Quadro 1 apresenta, de modo englobante, a evolução nas comunicações ao 
longo do tempo:
6
QUADRO 1 – PANORAMA EVOLUTIVO DAS COMUNICAÇÕES E LINGUAGENS
TIPO DE TECNOLOGIA SUPORTE ÉPOCA FINALIDADE
ERA DA ORALIDADE Voz Pré-história Comunicação
Cultura oral/visual Pinturas rupestres Há 30 mil anos Comunicação
Cultura oral/visual - 
escrita
Placas cuneiformes 2 mil a.C. Alfabeto Comunicação
Escrita Invenção do Papel 105 d. C. Registros Comunicação
Cultura oral/visual 
EscritaManuscritos, copistas 
Leitura oral coletiva
Até Id. Média
Produção Difusão da 
informação
ERA DA ESCRITA
Texto impresso
Livro, silencioso
Fim Idade 
Média
Ensino Comunicação 
Lazer
Cultura oral/visual/
escrita
IMPRENSA GUTTEMBERG
Manuscritos 
Livros
Século XV
Difusão do 
conhecimento
Primeiras universidades
Educação Pública
Textos escritos Século XVII-XIX Conhecimento Saber
IMPRENSA: 1ª MÍDIA
Nova prática
Artes/grafismos
Texto escrito: LIVRO 
hábito de leitura 
individual silenciosa
Século XVII, 
XVIII ...
Informação 
Conhecimento Lazer
Jornal/grafismo/
desenho
Texto escrito, gráfico Século XIX-XX
Informar, 
Conhecimento, Lazer
Telégrafo Fio/Cabo 1840
Informação 
Comunicação
ERA AUDIOVISUAL Ondas/Som/Imagem Século XX Ensino Notícia Lazer
Rádio (EUA)
Revista ilustrada 
Fotografia Cinema
Ondas/Voz/Música
1920
Em seguida
Notícias de guerra
Publicidade Notícias
Entretenimento
Televisão (EUA e 
Europa)
Pintura/arte abstrata
Ondas/Imagem em 
movimento
1940-1950
Informação com 
Imagens
Computador (Alemanha, 
Inglaterra, EUA)
Design, IMAGEM
Princípios 
eletromecânicos 
transistores
1940-1950
Realizar operações 
Cálculos
ERA DA INFORMAÇÃO
Gravador/
Computador/TV
1960
Comunicação 
Conhecimento 
Lazer
Internet (EUA) Rede 1960
Comunicação a 
distância
ERA DA INFORMÁTICA
Virtualização da imagem
Computador/Lousa 
Interativa
Anos 1990 Ensino Comunicação
Macintosh 128 
REVOLUÇÃO TEXTOS
Informática, mouse, 
Interface gráfica
1984 PC para uso pessoal
7
ERA DIGITAL Internet 1995 Interconexão
World Wide Web 
Coprodução
Rede integrada
Virtual
Anos 1990 Globalização
ERA DA 
INTERATIVIDADE
Consumo de imagem 
integração, virtual
Inteligência artificial
Conexão entre 
aparelhos
Século XXI
Ensino Comunicação
Lazer
Tecnologia digital Smartphones 2000 Comunicação Lazer
Redes Sociais, Google Smarphones, PC, I.A. 2000... Sociedade 4.0-5.0
FONTE: Adaptado de Nunes, Policarpo e Figueiredo (2021, p. 12)
O uso da imagem para a transmissão da experiência humana é, sem dúvida, a 
forma mais antiga de que se tenha conhecimento (SOARES, 2019). A pintura, a gravura 
ou o desenho, sem esquecer a escultura, são testemunhas das primeiras civilizações 
que registraram na pedra e outras superfícies as imagens de sua época. Veja o exemplo 
da pintura rupestre, que testemunha de práticas e de um meio existente: 
FIGURA 2 – A PINTURA RUPESTRE E A REPRODUÇÃO DO REAL
FONTE: <https://shutr.bz/3pQRR3W>. Acesso em: 11 jun. 2021.
Platão estabelece a primeira classificação das imagens em: contornos das 
sombras projetadas pelo sol; reflexos projetados em superfícies lisas de 
lagos; contornos do relevo geográfico (CASATI, 2017). Na obra A descoberta 
da Sombra, de Roberto Casati, você terá vários enfoques das imagens e das 
sombras ao longo do tempo.
ATENÇÃO
8
As sociedades, porém, não param de evoluir e, a partir de sua evolução, 
desenvolvem novas formas de comunicar. Assim, os primeiros alfabetos usam ícones 
ou imagens que mantêm uma relação analógica entre um desenho e um signifi cado. 
Com a evolução, os signifi cados passam a ser atribuídos aos sons e não mais às coisas 
que designavam. Veja, no Quadro 2, um exemplo de alfabeto icônico e sua evolução 
para o alfabeto fonético:
QUADRO 2 – EVOLUÇÃO DO ALFABETO ICÔNICO AO ALFABETO FONÉTICO
FONTE: Fiamoncini (2018, p. 10)
A imagem mostra como, da representação de uma realidade vivida, o meio em 
que viviam os autores dos desenhos, aos poucos, o alfabeto foi se transformando. Do 
signifi cado que transportava chegou aos signos ou unidades abstratas representativas dos 
sons usados na comunicação. Nasce, assim, o alfabeto fonético com que representamos 
até hoje os signifi cados das unidades usadas para a comunicação e a transmissão da 
experiência. Até a fase das imagens, a mão era a principal ferramenta para a realização da 
imagem, ajudada por utensílios capazes de gravar, pintar ou promover todos os tipos de 
técnicas que permitissem registrar um desenho em uma superfície dada.
Evidentemente, não podemos esquecer os propósitos estéticos 
ligados à imagem, seja como forma de expressão, seja como forma de 
representação. Você poderá aprofundar este conteúdo lendo obras que 
tratem a História da Arte. Um exemplo é: SOARES, R. História da Arte. 
Indaial: UNIASSELVI, 2021.
DICA
9
Até aqui você estudou dois tipos de imagens, as imagens naturais, em que 
não há intervenção humana na produção; e artificiais ou manufaturadas, que resultam 
da intervenção humana com ou sem uso de ferramentas. Essa distinção permitirá 
compreender o assunto a ser visto a seguir: a transformação entre as primeiras 
experiências com as imagens sem que a mão seja determinante. Vamos abordar o 
princípio que deu origem à fotografia: a escrita através da luz.
2.2 A LUZ E AS IMAGENS: A INVENÇÃO DA CÂMARA ESCURA
Durante muito tempo as imagens serviram para representar a realidade e como 
ferramenta de comunicação. Agora, vamos abordar a imagem a partir de sua produção 
a partir do fenômeno físico da difração da luz. Essa descoberta permitiu, num primeiro 
momento, o desenvolvimento da técnica da câmara escura e, posteriormente, da fotografia.
Os seres humanos, desde muito tempo, já haviam observado que a luz do sol 
produzia efeitos extraordinários: sombras, cores, difração de raios etc. 
A expansão das rotas migratórias entre Oriente e Ocidente, e a necessidade 
de inscrever rotinas e práticas comerciais em suportes contribuíram ao surgimento de 
novos produtos. De placas e suportes rígidos, no início, ao papel, a seguir, passando pelo 
couro e fibras diversas. Esses materiais, quando expostos à luz solar tinham impressas 
algumas formas indeléveis. Essa constatação motivou o surgimento de técnicas capazes 
de permitir a impressão de imagens sobre suportes portáveis (ROTH, 1983). 
Câmara escura ou câmara escura de orifício: é um “equipamento formado 
por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo que, no meio de 
uma das faces, existe um pequeno orifício. Ao se colocar um objeto, de 
tamanho ‘o’, de frente para o orifício, a uma distância p, nota-se que uma 
imagem refletida, de tamanho i, aparece na face oposta da caixa, a uma 
distância p', mas de forma invertida”. 
FONTE: <https://www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/Fundamentos/camaraescura.
php>. Acesso em: 19 out. 2021.
IMPORTANTE
A câmara escura ou obscura é atribuída ao chinês Mo Tzu, no século V a.C. Aristóteles 
(384-322 a.C.) também observa que a luz do sol, ao penetrar em recintos fechados através 
de furos, provocava um efeito de inversão da imagem exterior, e que esse efeito variava, 
segundo o diâmetro do furo. Por esse princípio, no século XV, é desenvolvido o estenótipo, 
de stenos (estreito), e opis (furo), em inglês, pinhole (buraco da agulha). 
10
Veja a imagem:
FIGURA 3 – A CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO, POR LEONARDO DA VINCI
FONTE: Maya (2008, p. 107)
O Quadro 3 fornece uma visão de algumas etapas que levaram à técnica da 
câmara escura, precursora da fotografi a. 
QUADRO 3 – O TEMPO PERENIZADO PELA IMAGEM
Ordem Imagem/técnica Período/época
1 Pinturas rupestres Paleolítico/Neolítico
2 Pinturas no Antigo Egito 4000 – 3000 a.C.
3
Mo Tzu / Aristóteles / Platão – papel e desenho por raio 
de luz
Século V a.C.
4 Alfabetos icônico e fonético 1500 – 100 a.C.
5 Ibn Al Haitan – Alhakem de Basora – furo na tenda e imagem Século X
6 Compartimento escuro com furo: câmara escura 1500 d.C.
FONTE: A autora
A imagem invertida se forma porque a luz é uma forma de energia 
eletromagnética que se propaga em raios em linha reta a partir de uma 
fonte. Quando um dos raios atinge uma superfície irregular ou opaca, 
é refl etido de forma difusa em todas as direções. Os raios que passam 
pelo buraco estreito da câmara escura projetam no interior da câmara, 
a imagem invertida do que há do lado de fora. Isso é possível porque 
cada raio se projeta de uma forma específi ca, e, assim, toda a cena 
tocada do lado de fora é projetada do lado de dentro. Veja mais em: 
https://bit.ly/3n9VwYk.INTERESSANTE
11
Ao longo do tempo foram necessários técnicas, materiais e talento para gravar, 
riscar e pintar as imagens que registrariam informações e serviriam para comunicar. 
Quando essa dificuldade é contornada pelo uso da câmara escura, a evolução dá um 
passo gigantesco em direção à invenção de materiais e superfícies que permitem 
impregnar e conservar as imagens sobre suportes duráveis. Esse é o tema do subtópico 
a seguir, em que você verá de que maneira, da câmara escura chegamos à fotografia. 
2.3 DA CÂMARA ESCURA À FOTOGRAFIA
A fotografia emprega o mesmo princípio de funcionamento que a câmara escura 
e também o olho humano. A Figura 4 demonstra essa semelhança:
FIGURA 4 – O OLHO HUMANO E A CAPTURA DE IMAGEM POR APARELHO
FONTE: <https://digartdigmedia.files.wordpress.com/2015/03/slide_28.jpg>. Acesso em: 8 jun. 2021. 
A invenção da fotografia ocorreu após a Revolução Industrial e a sucessão de 
invenções ocorridas desde então. 
O termo fotografia origina-se do grego phos, que significa luz, e graphein, 
que significa marcar, grafar, inscrever. Dessa morfologia surge o termo em grego 
phosgraphein, grafar ou inscrever através da luz. E daí, fotografia (FOTOGRAFIA, 2021). 
Trata-se, portanto, da inscrição de uma imagem através da luz. 
Embora o princípio já fosse conhecido, como você viu anteriormente, a técnica, 
porém, será desenvolvida no transcorrer das inovações surgidas em plena Revolução 
Industrial europeia. Desse modo, a fotografia surge como processo inovador de registro 
de uma experiência e/ou realidade, e torna-se vetor de informação e de conhecimento, 
instrumento de apoio às pesquisas científicas, além de forma de expressão artística. De 
acordo com Figueiredo (2005), destacam-se os seguintes nomes e fatos:
12
• Joseph Nicephore Niépce (fim do século XVIII): produz imagens com uma câmara 
escura e placas de papel cobertas com cloreto de prata. As imagens, porém, 
desapareciam com o tempo. Em 1826, então, cobre uma placa de estanho com 
betume e expõe ao sol durante oito horas, quando limpa da placa as partes não 
ensolaradas com uma solução de alfazema. É a primeira fotografia. Veja na figura:
FIGURA 5 – A PRIMEIRA FOTOGRAFIA (1828)
 FONTE: <http://twixar.me/wGjm>. Acesso em: 10 jun. 2021.
• Louis Jacques Mandé Daguerre (1839): como Niépce, fazia experiências com 
impressão de imagens sobre algumas superfícies. Criou o diaporama e registrou a 
primeira patente para um processo fotográfico – o daguerreotipo. A técnica consistia 
em aplicar uma folha de prata sobre uma superfície de cobre dentro da câmara 
escura. O resultado eram imagens fixadas. O governo francês aderiu à proposta, o 
que lhe garantiu sucesso e levou à popularização da fotografia.
Outros pesquisadores dedicaram-se ao invento que revolucionou as práticas 
sociais e contribuiu a fazer evoluir a sociedade. Dentre eles destacam-se John Goddard, 
químico inglês; William Henry Fox Talbot, também inglês; Jacques Clerk Maxwell, 
escocês; Ducos Du Hauron, francês; Richard Leach Madox, entre outros (FIGUEIREDO, 
2005). Porém, uma contribuição importante virá dos Estados Unidos:
• George Eastman: fundou a Kodak, o que popularizou a fotografia, pois a imagem 
se fixava sobre uma chapa seca. O processo tornou-se prático, com películas 
de celulose em rolos inseridos em câmaras escuras pequenas. Tornava, assim, a 
fotografia acessível ao público, que não era mais obrigado a transportar uma imensa 
câmara escura para efetuar a captura da imagem.
A partir de Eastman, a fotografia integra as comunicações, o lazer, as práticas 
mais variadas da sociedade, servindo como prova, testemunho, motivo para evasão e 
também identificação, pois documentos e registros passam a comportar o retrato das 
pessoas. Para a prática jornalística, como veremos mais tarde neste livro, ela se torna 
indissociável do texto escrito. 
13
Por ter surgido em uma época de pleno desenvolvimento tecnológico na 
Europa pós-Revolução Industrial, a nova técnica irrompe em plena era de efervescência 
teórica nas mais variadas áreas. Dentre elas, a Linguística, a Antropologia, a Sociologia 
e a Psicologia e suas aplicações discutirão a nova prática em estudos e aplicações. 
No subtópico a seguir, você aprenderá alguns aspectos teóricos da fotografia, sob as 
perspectivas da Semiótica europeia. 
3 A FOTOGRAFIA ENTRE REALIDADE E INVENÇÃO DE 
REALIDADE
Antes da fotografia, os estudos da imagem já eram objeto de questionamentos 
quanto a sua natureza e a relação que mantinham com o sujeito ou objeto retratado. 
Assim, na Antiguidade clássica, o objeto e a sua reprodução pela pintura ou pelo 
desenho, mantinham uma relação de identificação. 
Uma pintura religiosa era sagrada. Daí os ícones, as imagens santas, a interdição 
de reprodução de elementos humanos nas culturas muçulmanas (AUMONT, 2002). 
O surgimento da fotografia, capaz de reproduzir fielmente um assunto sem que 
haja um ato criativo intermediário de mão humana – assim como o pintor, o escultor e o 
ilustrador faziam – levantará um questionamento: o que é, afinal, a fotografia? 
Neste subtópico, vamos abordar a relação que a foto mantém com o assunto – 
objeto ou pessoa – fotografado, e o modo pelo qual este assunto é concebido e expresso 
pelo fotógrafo.
3.1 A FOTOGRAFIA COMO REPRODUÇÃO DA REALIDADE
A efervescência industrial e no mundo das ideias que animava o continente 
europeu, encontrou na fotografia uma forma de observar e melhor compreender a 
realidade, os outros, o mundo nascente dos objetos da cultura contemporânea. Assim, 
tudo passa a ser assunto a ser fotografado, mas, num primeiro momento, privilegiam-
se os temas derivados das tradições pictóricas: retrato, paisagem, natureza morta. Até 
então o retrato, já praticado no Egito, na Grécia e em Roma, para finalidades diversas, 
e adquirindo gênero autônomo no século XVI, vigorava como símbolo de uma classe 
burguesa que se queria representada. Diversas escolas e gêneros desenvolvem, por 
técnicas diversas, retratos de membros das famílias abastadas perenizadas, antes, pela 
pintura e o desenho, agora, nas fotos. O fotógrafo adquire prestígio, e da prática cada 
vez mais aprimorada, surgem novas perspectivas e possibilidades (BARRADAS, 2013). 
Várias são as repercussões que animam os debates sobre a técnica a partir de então: 
14
• Arte ou técnica: questiona-se a natureza artística do processo em oposição à 
essência comercial. O mundo artístico, com efeito, vai oferecer uma forte resistência 
a aceitar a fotografia como arte. O poeta Charles Baudelaire atribui à fotografia uma 
natureza diabólica (MAUAD, 1996). 
• Identidade: a fotografia passa a integrar, de modo institucionalizado, documentos 
de identidade, passaporte, formulários de todo tipo, além do uso recreativo (FARHI 
NETO, 2018). 
• Prova jurídica: a fotografia é vista como cópia fiel da realidade e torna-se peça-
chave no campo forense – ela serve como prova pericial dos fatos em processos 
jurídicos e integra os diversos processos de legitimação pericial. 
• Publicidade: como fator de atração e venda, os jornais passam a ilustrar as 
matérias que, até então – como veremos mais adiante neste livro – recebiam poucas 
ilustrações e/ou desenhos feitos por artistas do desenho. A descoberta da fotografia 
vai, aos poucos, integrar os diversos gêneros do discurso jornalístico, aparecendo 
em jornais, revistas, panfletos etc.
• Memória: ao registrarem-se as celebrações que marcam passagens rituais dos 
processos da vida, como batizados, casamentos e morte, pela fotografia, sobressai-
se como registro histórico (MAUAD, 1996);
• O discurso reconfigurado: “a técnica fotográfica invade o imaginário popular e 
reconfigura a linguagem com frases do tipo: ‘Uma foto vale mais que mil palavras’, 
‘Mais vale uma foto que longos discursos’, ‘Não fotografou? Dançou!’” (FIGUEIREDO, 
2005, p. 204);
• A natureza humana: porque, subitamente, as pessoas perceberam a passagem 
inevitável do tempo e que todas coisas desaparecem, as fotografias sobreviveriampara reativar a memória. O mundo adotou-a como prática em todas as situações 
do cotidiano, em formas ortodoxas exibindo a sua crueza – fotografias de mortos 
no caixão e registro testemunhal de extermínios em larga escala (I Guerra Mundial).
Esses são alguns desdobramentos da fotografia como prática de reprodução 
da realidade. A seguir, vamos abordar um segundo aspecto da fotografia, estabelecido a 
partir de Dubois (1994): a fotografia como forma de criação e expressão.
3.2 A FOTOGRAFIA COMO CRIAÇÃO
O fato de que a fotografia se torna rapidamente o modo preferido de reprodução 
de pessoas abastadas, faz com que, aos poucos, surja também o desejo de retratar os 
mortos. Ao reproduzir com fidelidade um morto, logo, uma realidade ausente para quem 
contemplasse a foto, faz com que surjam interrogações sobre o real alcance da técnica. 
A fotografia torna-se, assim, uma forma de transformar a realidade, representando um 
objeto ou sujeito ausente (BARTHES, 1979). O pintor René Magritte irá afirmar, em uma 
de suas telas, que o cachimbo retratado não é um cachimbo (evidentemente que não, é 
a representação visual de um cachimbo). Veja na Figura 6:
15
FIGURA 6 – FOTOGRAFIA E PINTURA E A REPRESENTAÇÃO DE UM AUSENTE
LEGENDA: na primeira imagem, uma fotografia reproduz um objeto real; na segunda – reprodução da tela 
Ceci n’est pas une pipe, do pintor belga René Magritte –, há criação artística do objeto.
FONTE: <https://bit.ly/336Kw59>; <https://bit.ly/3kRVO3d>. Acesso em: 12 jun. 2021.
Além desses aspectos da fotografia, uma terceira característica é associada: 
a de vestígio ou testemunho de uma realidade ocorrida, não necessariamente que 
aparece na foto realizada, mas que, em um determinado momento, esteve diante da 
objetiva que a capturou. Veja a seguir.
3.3 A FOTOGRAFIA COMO TESTEMUNHO DE UMA REALIDADE
A foto constitui um vestígio do real, referindo-se a um tempo real passado. 
Não se trata do objeto-imagem e/ou do objeto-sujeito capturado na imagem, mas do 
instante obrigatoriamente necessário para que a foto viesse a ter existência real. Nessa 
ótica, para que uma imagem exista em um tempo X, obrigatoriamente antes existiu um 
instante X em que algo esteve diante da objetiva e foi por ela capturado. 
É assim que Roland Barthes (1979), semioticista francês, concebe a foto, como 
produto de um instante, índice de uma ocorrência passada, a que deu origem à captura 
materializada na foto. Este aspecto assume relevância para o fotojornalismo, na medida em 
que uma das finalidades da fotografia fotojornalística é dar a ver a realidade, ou, pelo menos, 
a prova de que uma realidade existiu em um dado momento. Veja a foto apresentada na 
Figura 7, do fotojornalista brasileiro, Sebastião Salgado, que evidencia a existência de uma 
realidade humana passada, em um determinado momento, diante da objetiva:
16
FIGURA 7 – SEBASTIÃO SALGADO EM SERRA PELADA (1996)
FONTE: <https://incrivelhistoria.com.br/app/uploads/2016/07/serra-pelada-05-sebastiao-salgado-vitrine.jpg>. 
Acesso em: 12 jun. 2020.
O desenvolvimento das mídias digitais, porém, alterou radicalmente esse 
pressuposto, na medida em que a fotografi a digital integra novas práticas e formas de 
produção numéricas, permitindo manipulações ao infi nito.
Até aqui, você viu que a fotografi a conheceu diferentes questionamentos desde 
a sua aparição, evoluindo em sua essência. De representação do real, a vestígio de um 
momento passado e instrumento de criação e expressão artística, ela traçou uma longa 
trajetória para chegar, atualmente, a constituir uma das práticas predominantes, em 
todos os setores sociais. 
Também no fotojornalismo, seus impactos serão sentidos, com uma crescente 
descentralização ou popularização das imagens, que passam a ser produzidas e enviadas 
às mídias, pelo público em geral, e não necessariamente por um fotógrafo orientado ao 
jornalismo.
A fotografi a e o fotojornalismo nas mídias digitais serão abordados no Tópico 
2 deste livro. Trata-se, aqui, de apenas situar a imagem sob uma perspectiva 
ontológica, ou o que é uma fotografi a digital.
ESTUDOS FUTUROS
17
Ao se tornar vetor de criação e expressão artística, a fotografia passa a ser 
abordada através de constituintes formais, estéticos e significativos em diferentes níveis 
ou áreas: quanto à percepção, às intenções, à estética da imagem. Esses aspectos serão 
tratados no subtópico a seguir.
3.4 IMAGEM E LINGUAGEM VISUAL
A fotografia é uma imagem fabricada pela intervenção humana, ao contrário das 
sombras, por exemplo, que são naturais, e os sonhos, que são imagens mentais. Sendo 
assim, apresenta os traços das imagens (JOLY, 2007): 
• Materialidade ou dimensionalidade: a imagem possui duas, três dimensões? É 
natural, é criada? É real, é virtual?
• Processo de elaboração: que ferramentas intervêm na criação da imagem? De 
que ordem são os recursos? Humana? Mecânica? Digital?
• Natureza da matéria de expressão: a imagem é em cores ou preto e branco? Tem 
brilho? Contrastes? Como serão/são as linhas? Há jogos de paralelismos? Há efeitos 
de escala? Onde está o foco?
• Funções icônicas ou relações entre a imagem e o(s) objeto(s) de representação: 
há representação de um objeto real? Se essa representação pertence ao campo dos 
simbolismos, é preciso relacionar a imagem a um significado abstrato? Ou ao campo 
das convenções socialmente estabelecidas, é fruto da convenção social? Alguém 
estabeleceu que deve ser/é assim?
• Aceitabilidade: este critério está diretamente relacionado ao anterior, pois os 
gêneros discursivos (fotografia, gráfico, caricatura, logotipo etc.) são dependentes 
das convenções sociais presentes.
• Adequação: este critério é determinado pelo público para o qual a imagem se 
destina (grau de instrução, familiaridade, canal de divulgação etc.).
Quanto a sua essência, como imagem dotada de significado próprio e adquirido(s) 
em situação, a fotografia é constituída de signos que contribuem na construção dos 
significados que carrega. 
Os signos visuais, à maneira da linguagem verbal, articulam-se a partir de 
elementos mínimos de significação que ao serem associados, resultam em significados 
e sentidos inseridos nos processos de comunicação. 
Segundo Dondis (2007, p. 6): “É um corpo de dados constituído de partes, um 
grupo de unidades determinadas por outras unidades, cujo significado, em conjunto, é uma 
função do significado das partes”. Essas partes são fisiologicamente percebidas por cada 
indivíduo, que as identifica inconscientemente, em uma velocidade veloz, através da visão. 
18
As formas, porém, de perceber e interpretar elementos estruturantes que dão 
signifi cados às imagens, são socialmente determinadas. Por exemplo, sabemos que uma 
fotografi a possui apenas duas dimensões, altura e largura. Porém, conforme o agenciamento 
dos elementos contidos, dá-nos a noção de profundidade, através da perspectiva, dos 
jogos de luz e sombra etc. Logo, se é possível perceber informações e inferir sentidos pelas 
imagens, também é possível construir esses sentidos de maneira deliberada. 
Em seu livro Sintaxe da Linguagem Visual, Dondis (2007) classifi ca as unidades 
de comunicação visual elementares em:
• Ponto: unidade mais simples e mínima. Os eventos da natureza, ao serem formados, 
assumem um contorno arredondado – e não quadrado, por exemplo, formam um ponto. 
• Linha: compreende um conjunto de pontos tão próximos que o olho não consegue 
distingui-los em partes, mas identifi ca uma sequência uniforme – na verdade, de 
pontos. É a linha. A linha possui muita energia de atração, mesmo quando apenas 
sugerida, pois sua direção determina a direção que o olhar assumirá.
• Forma: uma linha ou conjunto de linhas criam a forma. As formas são básicas – o 
círculo, o quadrado e o triângulo; e derivadas – todas as formas obtidas a partir da 
combinação das três formas básicas. 
A partir das formas básicas, estabelece-se uma outra unidade:
• Direção: é construída a partir das formas básicas, como: quadrado – horizontale 
vertical; o triângulo – a diagonal; o círculo – a curva.
• Tom: é obtido a partir da maior ou menor quantidade de luz que se refl ete na imagem, 
dos elementos da imagem, no ambiente, ou seja: o tom resulta da combinação da(s) 
luminosidade(s) que intervêm na imagem. Através do tom, a imagem consegue 
restituir a bidimensionalidade dos objetos, recorrendo, por exemplo, à perspectiva e 
o direcionamento das linhas, a partir da localização desejada para o espectador, em 
pontos de fuga e direção. O relevo pode ser destacado mediante jogos claro-escuro, 
mediante o posicionamento dos raios de luz.
Essas noções teriam feito o professor e artista Paul Klee, da Bauhaus 
alemã, afi rmar que uma linha é um ponto que se pôs a passear. Para 
a visualização das fi guras, direções e construções signifi cativas obtidas 
a partir das unidades discutidas, consulte: DONDIS, D. Sintaxe da 
linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 34-51.
DICA
19
• Cor: complementa as mensagens visuais, despertando sensações e sentimentos, 
mas, diferentemente do tom, não é essencial (DONDIS, 2007). Porém, agrega uma 
grande quantidade de informação à imagem, pois tudo que se vê é visto em cores que 
estimulam mais ou menos os sentidos, produzindo signifi cados sócio-historicamente 
constituídos. Daí resulta o simbolismo atribuídos às cores: o vermelho que reenvia à 
paixão, o azul, à tranquilidade, e assim por diante.
Como veremos na Unidade 2, o Histograma, na fotografi a, permite 
verifi car os tons de cinza – logo, a quantidade de luz – que incide sobre a 
imagem. Por isso conhecer a técnica é importante: porque contribui não 
apenas para um resultado esteticamente perfeito, mas também a dar o 
tom da imagem, o que se torna signifi cativo. Dominar a técnica dos tons 
é ainda mais importante na medida em que somos sensíveis à imagem 
em preto e branco e também conseguimos relacioná-la, a partir de uma 
visão colorida, a signos distintos. Para o fotojornalista, esta habilidade 
determina o sucesso ou o fracasso das fotos realizadas.
NOTA
• Textura: a partir de diversos recursos gráfi cos, é possível restituir padrões que 
conferem a uma imagem, efeitos semelhantes aos obtidos através do tato. O tato, 
porém, percebe a imagem ou superfície de forma objetiva, enquanto o olho pode 
sofrer alterações – caso de listras, por exemplo, que surtem efeitos variados.
• Escala: na natureza, todas as formas estão dimensionadas e a percepção que se 
tem delas ocorre por meio de comparações. Assim, as grandezas só existem por 
meio da coexistência do que é pequeno. Segundo os efeitos desejados, porém, a 
escala pode ser alterada, o que provoca mudanças nos signifi cados produzidos. 
Algumas fórmulas permitem a visualização de proporções, e a escala se constrói 
a partir delas. A seção áurea grega, por exemplo, corresponde a uma proporção 
presente em todo o universo, sendo considerada como o extremo da elegância 
visual. Na matemática foi determinado por Leonardo Fibonacci, no século XIII, e 
corresponde ao número Phi (ϕ): 1.61803398875 (SANCHES, 2018). Veja a Figura 8:
Para um estudo das cores e os seus usos e signifi cados na área da 
comunicação, leia as obras a seguir, que ajudarão a determinar padrões 
cromáticos, estilizações:
• HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção 
e a razão. Tradução de: Maria Lúcia Lopes da Silva. São Paulo: 
Gustavo Gili, 2013.
• FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em 
comunicação. 5. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2006.
DICA
20
FIGURA 8 – A SEÇÃO ÁUREA OU NÚMERO DIVINO DA NATUREZA
FONTE: <https://bit.ly/3jiJvi9>; <https://shutr.bz/30A3XUZ>. Acesso em: 14 jun. 2021.
• Dimensão: resulta de uma ilusão ótica, tornada possível pela visão binocular 
ou estereótica. O recurso à perspectiva, permite introduzir em uma imagem 
bidimensional – altura e largura – a noção de profundidade, conferindo relevo ou 
destaque a elementos situados em planos. Este efeito é acentuado pelo uso de 
linhas e pontos destinados a fazerem convergir o olhar.
• Movimento: assim como a linha nada mais é do que uma sequência de pontos, 
o movimento resulta de uma sequência de instantes. Ao pé da letra, o movimento 
é uma ilusão criada pelos processos da visão; se ele existe no cinema, sabemos 
que se trata de sequências de imagens estáticas. Ao combinar elementos visuais 
nas imagens, um movimento pode ser sugerido apoiando-se na experiência que os 
indivíduos possuem do mundo ou da realidade ao seu redor. Na fotografi a, ângulos, 
linhas, jogos de luz e sombra, contribuem a criar um efeito móvel.
Através do agenciamento dos elementos integrantes da linguagem visual, 
a fotografi a efetua um recorte no real, ela congela um momento no tempo e uma 
disposição espacial pelo enquadramento realizado no instante da captura. 
Com essa refl exão, em que foram abordadas as unidades que estruturam a 
linguagem visual, encerramos este tópico sobre a história da imagem e da fotografi a, 
bem como da linguagem visual. Veja, a seguir, o resumo dos conteúdos abordados e 
realize, ao fi nal, as atividades propostas. 
Se você observar com atenção a Figura 8, verá que a linha em espiral 
parece sugerir uma impressão de movimento do interior ao infi nito. 
Muitos artistas e pintores souberam explorar a técnica, resultando em 
trabalhos dinâmicos e leves ao olhar. 
ATENÇÃO
21
No Tópico 2, você estudará o fotojornalismo, seus conceitos e transformações 
ao longo do tempo, até a sua incorporação pelas mídias digitais. Ao mesmo tempo, 
verá como a fotografia, ao integrar-se na prática jornalística, se manifesta como um 
verdadeiro acontecimento, a ação de mostrar algo. Bom trabalho!
22
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• As imagens são as primeiras formas de percepção da realidade e de comunicação. 
A experiência da realidade dá-se de duas maneiras: por contato direto ou por 
transmissão. Para transmitir a experiência, a humanidade desenvolveu linguagens 
verbais e não verbais.
• Uma trajetória evolutiva perpassa a percepção de imagens naturais, a criação e a 
fixação em suportes perenes de imagens fabricadas e representativas da realidade.
• A fotografia é uma técnica derivada da câmara escura, que explora fenômenos 
físicos de difração de raios de luz, inscrevendo imagens, procedimento este 
aprimorado por diferentes técnicas desenvolvidas ao longo do tempo.
• Como linguagem não verbal, a fotografia é constituída de elementos significativos 
que lhe permitem comunicar e expressar o abstrato por meio da sintaxe dos 
elementos básicos, que são o ponto, a linha e a forma.
• A essas formas básicas, somam-se: direção, tom, cor, textura, escala, dimensão 
e movimento. A direção é obtida a partir do quadrado – horizontal e vertical; o 
triângulo – a diagonal; o círculo – a curva. O tom é obtido a partir da distribuição 
entre claro e escuro – a luminosidade. A cor já existe na natureza, e exerce funções 
simbólicas socialmente determinadas. A textura é obtida por meio de recursos 
gráficos – padrões que sugerem sensações táteis.
• Nas imagens e na fotografia, a proporção entre unidades pode ser alterada, 
resultando em escalas e relações de ênfase. Na imagem bidimensional, alguns 
recursos permitem criar uma impressão de planos, assim como de movimento, 
resultado de uma sucessão imagens e de formas básicas combinadas. 
• A natureza é proporcionalmente dosada, o que impacta na visão e torna as imagens 
esteticamente agradáveis: o número divino, proporção áurea ou o número de 
Fibonacci, escrito Phi (ϕ) corresponde a 1.61803398875. 
RESUMO DO TÓPICO 1
23
1 Considere a seguinte situação: um grande cotidiano de circulação nacional 
apresenta como manchete da primeira página: “Governo promete zerar evasão fiscal”. 
Segue-se à manchete, uma foto de membros do governo reunidos. Sabendo que o 
governo se reúne para prever novas medidas econômicas e que apenas autoridades 
legitimamente constituídas podem tomar parte dessas reuniões, qual é o modo de 
relaçãodo cidadão comum com o fato “decisão tomada em reunião”? Assinale a 
resposta CORRETA:
a) ( ) O fato é conhecido através de experiência.
b) ( ) O fato é conhecido por transmissão.
c) ( ) O fato é conhecido por experiência e transmitida.
d) ( ) O fato não é conhecido nem por experiência, nem por transmissão.
2 O desenvolvimento e o aprimoramento da técnica fotográfica – como modo de 
obtenção e fixação de uma imagem do mundo real sobre um suporte dado – causou 
uma transformação profunda no modo como nos relacionamos com a realidade. 
Em consequência, também com as imagens. Sobre a integração da fotografia na 
sociedade e suas práticas e fazeres, analise as sentenças a seguir:
I- A fotografia tornou-se uma técnica de representação da realidade, passando, 
inclusive, a servir de prova em alguns contextos.
II- Como na arte, em que a representação passa pelo talento do artista, a fotografia só 
reproduz fielmente a realidade que o talento permite.
III- Ao permitir a fixação de instantes em imagens perenes, a fotografia ampliou os 
processos de memória, memória coletiva, visibilidade de si mesmo e do mundo.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) I, apenas, está correta.
b) ( ) I e II estão corretas.
c) ( ) I e III estão corretas.
d) ( ) III, apenas, está correta.
3 A fotografia surgiu em um período movimentado da história. Embora a técnica de 
reprodução de imagens já fosse conhecida, no princípio da câmara escura, a fixação da 
imagem sobre suporte perene e a consequente conservação da realidade representada 
pela realização da foto, surge como um verdadeiro furacão na sociedade, nos meios 
intelectuais e artísticos. Sobre a fotografia como modo de criação e expressão, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsa:
AUTOATIVIDADE
24
( ) A foto de uma pessoa é aquela pessoa.
( ) Quando o pintor Magritte afirma que o cachimbo retratado não é um cachimbo, 
está, na verdade, afirmando que se trata de uma imagem representativa e não do 
objeto em si.
( ) A fotografia, surgiu como técnica arrojada, e é praticamente ilimitada quanto às 
possibilidades de criação e expressão.
( ) O fotógrafo interfere na produção de sentido(s) que o espectador possa tirar de 
suas fotos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – F – F – F.
b) ( ) F – V – V – F.
c) ( ) F – V – V – V.
d) ( ) V – V – F – F.
4 Leia o seguinte excerto, tirado de Dondis (2007, p. 9): “Qualquer sistema de símbolos 
é uma invenção do homem. Os sistemas de símbolos que chamamos de linguagem 
são invenções ou refinamentos do que foram, em outros tempos, percepções do 
objeto dentro de uma mentalidade despojada de imagens. Daí a existência de tantos 
sistemas de símbolos e tantas línguas, algumas ligadas entre si por derivação de uma 
mesma raiz, e outras desprovidas de quaisquer relações desse tipo”. A partir deste 
excerto, disserte sobre as unidades de comunicação elementares.
FONTE: DONDIS, D. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
5 A natureza é um manancial de formas e imagens que podem servir de inspiração 
aos mais diversos processos criativos. Pontos, linhas, formas, cores, tonalidades, 
vários tipos de efeitos podem ser obtidos a partir observação atenta da natureza e 
do mundo ao seu redor. A partir desse conhecimento, surgiram as várias teorias, seja 
nas linguagens, como na evolução de alfabetos pictóricos e alfabetos baseados nos 
sons. Diante disso, disserte sobre a proporção ou seção áurea, também conhecida 
como número de Fibonacci.
25
FOTOJORNALISMO: CONCEITO, HISTÓRIA 
E PRÁTICAS
1 INTRODUÇÃO
O surgimento da fotografia revolucionou os discursos e as práticas sociais. Gisèle 
Freund, fotógrafa nos anos 1930, foi uma das primeiras pesquisadoras a se interessar pelo 
impacto da fotografia sobre o ser humano e como a técnica influencia sua percepção do 
mundo (AVANCINI, 2017). A prática do retrato, que rapidamente se popularizou, dá origem 
a reflexões de ordem ontológica – sobre a essência, o que ocorre, o que é a fotografia: uma 
“visão falsa ou janela que se abre sobre o mundo?” (AVANCINI, 2017, p. 243). Afinal, embora 
represente um assunto real – a pessoa retratada – a fotografia também corresponde às 
escolhas e às possibilidades dadas pelo fotógrafo e sua técnica. "Essa prática instaura-se, 
assim, no início, como modo de observar e recortar realidades. O fotojornalista está presente 
e vive diretamente a realidade, a notícia, o fato a transmitir" (AVANCINI, 2017, p. 243).
A partir das considerações iniciais sobre a fotografia, neste tópico, você 
refletirá sobre o conceito de fotojornalismo, percorrerá sua história para acompanhar 
o surgimento e a evolução da prática fotojornalística e, ao final, conhecer a prática na 
atualidade tecnológica e digital. Essa atualidade em que comunicação e interações 
discursivas ocorrem pela internet e as tecnologias disponíveis, em processo em 
contínua transformação. Finalmente, através da observação e da análise de trabalhos 
realizados ao longo do tempo por grandes nomes do fotojornalismo, você refletirá sobre 
os momentos impactantes, as técnicas e os resultados que podem ser obtidos no 
fotojornalismo.
2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO
A palavra fotojornalismo refere-se a duas noções fundamentais: a fotografia, por 
um lado, e a prática jornalística ou o jornalismo, por outro. Trata-se, portanto, de uma 
área interdisciplinar indissociável da fotografia, da comunicação e do discurso, da história 
e as práticas sociais, entre outras áreas. Neste subtópico, vamos abordar o conceito de 
fotojornalismo como prática instaurada na imprensa escrita, subsequente ao uso de 
recursos gráficos – tais como o desenho e a gravura que eram fontes de informação 
complementares ao texto escrito – e coexistindo com outros tipos de fotografias 
da imprensa e das mídias. Primeiro, refletiremos sobre o carácter interdisciplinar do 
fotojornalismo e, em seguida, sobre o conceito e sua abrangência.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
26
2.1 UMA NOÇÃO INTERDISCIPLINAR
Antes de abordarmos o conceito de fotojornalismo, é preciso lançar um olhar 
para a fotografia, pressentida como condensado de informação pronta e imediatamente 
perceptível pelos sentidos, sobre os quais impacta. Uma imagem vale mais que mil palavras, 
diz o ditado. O jornalismo saberá tirar proveito da fotografia logo após o desenvolvimento 
da técnica, assim como a publicidade e a propaganda, práticas em que as escolhas de 
linguagem comunicam experiências de realidade, para o primeiro, imaginada, neste 
último. A fotografia, porém, é orientada para um fato que descreve. Veja a Figura 9:
FIGURA 9 – O FOTOJORNALISTA ENTRE O FATO E O PÚBLICO
• Experiência
• Realidade Vivida
Fato
• Recursos
• Recortes
• Escolhas
Fotojornalista
• Experiência
• Transmitida
Público
FONTE: A autora
Através da fotografia, o fotógrafo age como filtro que vive a experiência, tem 
contato direto com uma realidade. Dessa realidade, apreende traços que, ao serem 
selecionados, transmitem a um público – presente ou não na realidade percebida – 
informações do fato. Por meio da fotografia realizada pelo fotojornalista, o público é 
apresentado à realidade do fato. Para Monteiro (2016, p. 65): 
A fotografia faz parte da comunidade das imagens, mas também 
se distingue pela técnica de produção (mecânica), reprodutividade 
(produção de cópias) e ampla capacidade de circulação (imprensa, 
livro, outdoors etc.) e apropriação por diferentes grupos sociais. Ela 
realiza um corte na duração, o congelamento de um instante no 
tempo e um recorte no espaço através do enquadramento.
Logo, é através das potencialidades técnicas e das habilidades fotojornalísticas 
do fotojornalista, que o recorte da experiência vivida – do fato – pode tornar-se possível. 
Vale lembrar que, de acordo com Sousa (2002), fotojornalismo não é pura e simplesmente 
o exercício da fotografia. Apenas as fotos que têm valor de notícia inscrevem-se no 
campo do fotojornalismo. São fotos que narramum fato.
Assim, o fotojornalismo inscreve na narrativa do fato ou da experiência de 
realidade, aspectos do fenômeno observado e não o fenômeno todo. Através da foto, 
o fotojornalista escolhe que aspectos deseja reter para informar o seu público do fato.
27
Um processo ocorre entre o fato e a recepção pelo público. A foto não é nem 
“um espelho do real” (DUBOIS, 1993, p. 61 apud MONTEIRO, 2016, p. 65), como também 
não é a sua transformação ou “redução e distorção” (MONTEIRO, 2016, p. 65). O que é, 
então, a fotografi a que o fotojornalista apresenta a seu público sobre um evento ou fato 
testemunhado? Que relação se estabelece entre realidade vivida e realidade percebida?
Para Monteiro (2016) é o caráter indicial, segundo o qual o fotojornalista designa 
aspectos perceptíveis do real por meio de uma técnica e um canal específi cos. De um lado 
estão a fotografi a e o fotógrafo, e de outro a mídia, capaz de construir eventos a partir de 
fatos comuns. A fotografi a contribui, assim, à construção do evento fotojornalístico na 
mídia. Para assentar essa afi rmação, recorre à Soulages (2010, p. 31-35 apud MONTEIRO, 
2016, p. 66): 
Um acontecimento existe não só em função de seu reconhecimento 
por uma testemunha, mas principalmente em função de sua 
constituição como acontecimento por essa testemunha, seja ela 
fotógrafo ou historiador. Não há acontecimento pré-existente a seu 
reconhecimento. Não há um objeto-realidade a ser fotografado nem 
um sujeito que transforma um fenômeno visível em signo de um 
objeto a ser fotografado.
Assim, podemos acrescentar ao esquema apresentado na Figura 10 um novo 
elemento ou fi ltro, que é a mída e que transforma o fato em evento:
FIGURA 10 – O FOTOJORNALISMO ENTRE FATO E PÚBLICO: A MÍDIA
• Experiência
• Vivida
Fato
• Recortes
• Escolhas
Fotojornalista
• Experiência
• Transmitida
• Evento
Público
Vamos lembrar que o fotógrafo olha através da objetiva que lhe permite 
capturar o acontecimento através de um agenciamento visual de planos, 
enquadramento, formas, linhas, luz e sombras etc. E esse recorte passa, em 
seguida, pelo meio ou canal que é a mídia, antes de chegar ao público.
IMPORTANTE
FONTE: A autora
Resulta, então, um conjunto de saberes e implicações que situam o fotojornalista 
num cruzamento de áreas. Além da técnica fotográfi ca, da arte, dos discursos, abraça o 
campo da História, na medida em que contribui à construção da narrativa e, pelo mesmo 
motivo, à inscrição de uma memória coletiva que tenderá a se instaurar no tempo, já que 
a imagem permanece. 
28
Essa construção narrativa integra em si um “padrão de verdade” (PICADO, 2013, p. 
31 apud MONTEIRO, 2016, p. 67) ligado não tanto ao caráter pictórico da imagem – a foto é 
bonita? A foto é bem-feita? –, mas a traços simbólicos ou bagagem simbólica, já que, tanto 
o fotojornalista quanto o seu público, apelam ao seu conjunto de representações, sua 
“iconoteca” ou “estoque próprio de imagens dentro do conjunto de imagens socialmente 
partilhadas em uma determinada época” (MONTEIRO, 2016, p. 67). Daí a proximidade 
com as Ciências cognitivas, as práticas sociais, a Antropologia, além das já citadas Artes, 
Comunicação, Semiótica, Linguística, Análise do Discurso, entre outras áreas. 
Vimos, então, que o fotojornalismo abrange conhecimentos e habilidades em 
um conjunto de áreas. Para Sousa (2002, p. 7): “o fotojornalismo é, na realidade, uma 
atividade sem fronteiras claramente definidas”. 
De modo global, porém, é, antes de tudo, um encontro entre a Fotografia e o 
Jornalismo, no qual uma foto narra um fato. No subtópico a seguir, nossa preocupação 
será delimitar o conceito de fotojornalismo e a abrangência desta prática atual.
2.2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO
Como vimos, o fotojornalismo integra o escopo das mídias e suas áreas. Como 
fruto da união entre a fotografia e o jornalismo, está estreitamente ligado à imprensa, 
às publicações, à circulação das notícias e acontecimentos das sociedades, porém, é 
preciso distinguir o fotojornalismo da fotografia de imprensa. 
Pela mídia e a mídia impressa, transita um conjunto de fotografias, tais como 
anúncios ou ilustrações em colunas de lazer, receitas etc. São as fotoilustrações. Estas 
são fotos de imprensa, mas não são fotojornalismo. 
A fotografia de imprensa integra um processo editorial próprio de planificação e 
produção com finalidades específicas a cada caso. Um desses casos é o fotojornalismo 
ou, em outras palavras, o fotojornalismo é uma das ramificações da fotografia de imprensa 
(MONTEIRO, 2016). Nessa posição, coexiste com a fotoilustração. Veja na Figura 11:
FIGURA 11 – FOTOGRAFIA DE IMPRENSA E FOTOJORNALISMO
Foto-ilustração Fotojornalismo
Fotografia de 
Imprensa
FONTE: A autora
O jornalismo visa “coletar, investigar, analisar e transmitir periodicamente ao 
grande público, ou a segmentos dele, informações da atualidade, utilizando veículos 
de comunicação (jornal, revista, rádio, televisão etc.) para difundi-las” (SIGNIFICADO, 
+ =
29
2021, s.p.). Por estar integrado ao conjunto das fotografi as de imprensa, o fotojornalismo 
compreende as noções específi cas à imprensa e ao jornalismo tais como: atualidade, 
notícia, acontecimento, política e sociedade, noções estas que tendem a corresponder 
às diversas seções de um jornal (MONTEIRO, 2016). É nesse aspecto que a fotografi a 
jornalística se distingue da fotoilustração, da foto publicitária, por exemplo. A foto 
jornalística é, obrigatoriamente, associada ao traço de verdade, enquanto aquelas 
permitem a combinação, a criação e múltiplas formas de edição.
A partir dessas distinções iniciais que excluem outros gêneros de fotografi a 
presentes na imprensa, o termo fotojornalismo refere-se tanto à “função profi ssional 
desenvolvida na imprensa quanto a um tipo de imagem utilizada por ela” (MONTEIRO, 
2016, p. 68). 
Fotojornalismo corresponde, então, à união entre as potencialidades 
oferecidas pela Fotografi a à informaticidade característica do Jornalismo. A imagem 
é imediatamente comunicante e englobante do ponto de vista signifi cativo e imprime 
novos signifi cados à notícia, ao fato relatado. Conforme Avancini (2017, p. 245): “A 
linguagem fotográfi ca deve se comunicar informativamente com o leitor no sentido 
do conhecimento. O fotojornalismo, como portador de signifi cados, tem condições de 
tornar a notícia mais humana e ampliada”.
Para Souza (2004, p. 12 apud MONTEIRO, 2016, p. 71-72) o fotojornalismo é:
uma atividade que visa informar, contextualizar, oferecer 
conhecimento, formar, esclarecer ou ‘opinar’ através da fotografi a de 
acontecimentos, e da cobertura de assuntos de interesse jornalístico. 
O fotojornalismo atende a demanda de produção de um veículo de 
comunicação e se fi lia a sua linha editorial, buscando apresentar de 
forma clara, nítida e objetiva um acontecimento voltado ao consumo 
imediato no jornal/revista para um público amplo. O fotojornalista 
trabalha com a atualidade, visando mostrar o que está acontecendo 
no calor da hora e com a “linguagem do instante”.
Nesse sentido, o fotojornalista possui um compromisso com a verdade e 
o real (MONTEIRO, 2016). Ao mesmo tempo, ao integrar os mecanismos da mídia em 
suas fi nalidades comerciais, ideológicas e culturais, o fotojornalismo integra o universo 
simbólico, trazendo para os leitores, por exemplo, as imagens que apelam à bagagem 
com a qual se identifi ca ou passíveis de provocar reação nas fotos impactantes e 
O termo fotojornalismo designa a função profi ssional – como prática – e o 
tipo de imagem utilizada nessa atividade (MONTEIRO, 2016).
• Fotojornalismo = Potencialidades comunicantes da fotografi a aliadas à 
informatividade signifi cativa do Jornalismo.
NOTA
30
sensacionalistas, sobretudo, quando publicadas na primeira página. Segundo Cartier-
Bresson (1981, p. 386 apud MONTEIRO, 2016, p. 72), “A câmera permite fazer uma espécie 
de crônica visual do presente”.
Integrado a uma equipe que se preocupa em divulgar o fato, o fotojornalista 
é

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