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Fotojornalismo Prof.ª Mariane Eggert de Figueiredo Indaial – 2022 1a Edição Elaboração: Prof.ª Mariane Eggert de Figueiredo Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: F475f Figueiredo, Mariane Eggert de Fotojornalismo. / Mariane Eggert de Figueiredo – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 204 p.; il. ISBN 978-65-5663-813-3 ISBN Digital 978-65-5663-814-0 1. Fotografia. - Brasil. 2. Jornalismo. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 770 Acadêmico, é com satisfação que apresentamos os conteúdos da disciplina de Fotojornalismo. Você encontrará aqui, um conteúdo interdisciplinar, aliando conhecimentos da Fotografia e do Jornalismo, bem como de outras áreas do conhecimento, tais como: História, Antropologia e Sociologia, Ética e Análise do Discurso. A imagem impacta e pode marcar épocas. Com seu trabalho, o fotojornalista recorta realidades, impacta e conscientiza o público, dando a ver o mundo tal como ele é: guerras, misérias, civilizações, mas também solidariedade e empatia, tecnologia e sustentabilidade. A partir da Unidade 1, você refletirá sobre as imagens e a fotografia ao longo do tempo. Aprenderá as primeiras noções do que significa e o que abrange o fotojornalismo. Verá que o fotojornalista é um filtro que digere a realidade; traduz o fato em foto para um público desejoso da experiência humana. Finalmente, verá que um olhar treinado é capaz de melhor traduzir e narrar os acontecimentos que são notícia. Na Unidade 2, você conhecerá o seu equipamento de trabalho – a máquina fotográfica –, assim como as técnicas de fotografia e fotojornalismo. A partir desses conhecimentos, aliados à análise criteriosa de narrativas visuais, dos públicos e das circunstâncias, terá as bases necessárias para a prática do fotojornalismo. Por isso, na Unidade 3, você será conduzido à prática do Fotojornalismo, levando em conta as condicionantes do exercício profissional. Os conteúdos contemplam os discursos contemporâneos, em que as mídias se transformam, os fazeres se renovam e os desafios são constantes. Você será confrontado a questionamentos, tais como: o que é ser fotojornalista hoje? Quais são os limites da prática? Que recursos permeiam o exercício nesta área, em um mercado de trabalho digital e em constante evolução? É sob esta ótica que você concluirá os seus estudos de Fotojornalismo: uma prática integrada aos fazeres das mídias e os dispositivos de comunicação das massas. Teoria e prática decorrem da observação, da reflexão crítica e do conhecimento desse amplo universo que alia imagem, notícia e comunicação em uma atualidade globalizada. Bons estudos! Prof.ª Mariane Eggert de Figueiredo APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confi ra, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 - HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA E DO FOTOJORNALISMO ................................... 1 TÓPICO 1 - HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA ................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 IMAGEM, CÂMARA ESCURA E FOTOGRAFIA: LUZ, TRAÇO E COR ...................................3 2.1 AS PRIMEIRAS IMAGENS E SUAS FUNÇÕES ..................................................................................4 2.2 A LUZ E AS IMAGENS: A INVENÇÃO DA CÂMARA ESCURA ........................................................ 9 2.3 DA CÂMARA ESCURA À FOTOGRAFIA ............................................................................................ 11 3 A FOTOGRAFIA ENTRE REALIDADE E INVENÇÃO DE REALIDADE ................................ 13 3.1 A FOTOGRAFIA COMO REPRODUÇÃO DA REALIDADE ............................................................... 13 3.2 A FOTOGRAFIA COMO CRIAÇÃO ..................................................................................................... 14 3.3 A FOTOGRAFIA COMO TESTEMUNHO DE UMA REALIDADE .................................................... 15 3.4 IMAGEM E LINGUAGEM VISUAL .......................................................................................................17 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 22 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 23 TÓPICO 2 - FOTOJORNALISMO: CONCEITO, HISTÓRIA E PRÁTICAS .............................. 25 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................25 2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO.................................................................................. 25 2.1 UMA NOÇÃO INTERDISCIPLINAR .....................................................................................................26 2.2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO..................................................................................................28 3 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA REPORTAGEM FOTOGRÁFICA ............................................... 31 4 NOVAS MÍDIAS E FOTOJORNALISMO ............................................................................. 36 4.1 PRINCÍPIOS DAS NOVAS MÍDIAS .....................................................................................................36 4.2 ATUALIDADE E FOTOJORNALISMO ................................................................................................ 37 5 FUNÇÕES DO FOTOJORNALISMO .................................................................................. 39 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 42 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 43 TÓPICO 3 - FOTOGRAFIAS E NARRATIVAS: ENTRE OLHAR E VER .................................. 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 45 2 O OLHAR FOTOJORNALÍSTICO: ANÁLISE DE IMAGENS ............................................... 46 2.1 MOMENTO OPORTUNO OU O INSTANTE DECISIVO DA FOTO ...................................................46 3 DOMÍNIO DA TÉCNICA E PRECISÃO ESTÉTICA .............................................................. 48 3.1 PRÁTICA DA SENSIBILIDADE ATRAVÉS DA IMAGEM ..................................................................49 4 CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA FOTOJORNALÍSTICA ................................................... 50 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................ 54 RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................................57 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 58 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 60 UNIDADE 2 — EQUIPAMENTOS E DOMÍNIO DA TÉCNICA FOTOGRÁFICA ........................ 65 TÓPICO 1 — CONHECENDO O EQUIPAMENTO: CÂMERAS, LENTES E ACESSÓRIOS .......... 67 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................67 2 A MÁQUINA FOTOGRÁFICA PROFISSIONAL: DESCRIÇÃO E FUNCIONALIDADES ..........67 2.1 TIPOS DE MÁQUINAS FOTOGRÁFICAS ...........................................................................................68 2.1.1 Máquinas de uso amador .........................................................................................................68 2.1.2 Máquinas para uso profissional ..............................................................................................70 2.2 MÁQUINA DSLR PROFISSIONAL: FUNCIONALIDADES E ACESSÓRIOS ................................70 2.2.1 Apresentação dos comandos ................................................................................................71 2.2.2 Funcionalidades da máquina fotográfica DSLR................................................................ 74 2.2.3 Regulagens de programas: modo manual, semiautomático, automático etc. ......... 76 2.3 ACESSÓRIOS PARA USO EM FOTOGRAFIA E FOTOJORNALISMO .......................................... 77 2.3.1 Um equipamento funcional ....................................................................................................78 3 ACESSÓRIOS E RECURSOS DE EDIÇÃO E TRATAMENTO DE IMAGEM ..........................79 3.1 LENTES: TIPOS E FUNCIONALIDADFES ........................................................................................ 80 3.2 A LUZ NA FOTOGRAFIA: TIPOS DE LUZES E USO DE FLASH .................................................. 81 3.2.1 Tipos de luzes ............................................................................................................................. 81 3.2.2 O histograma e a leitura dos gráficos ..................................................................................83 3.2.3 Parâmetros de configuração: ISO, diafragma, velocidade de obturação ...................85 3.3 RECURSOS DIGITAIS PARA EDIÇÃO ...............................................................................................87 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 90 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................. 91 TÓPICO 2 - O DOMÍNIO DA TÉCNICA FOTOGRÁFICA ........................................................ 93 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 93 2 FOTOGRAFIA EM PRETO E BRANCO X FOTOGRAFIA EM CORES .................................. 93 2.1 AS FOTOGRAFIAS EM PRETO E BRANCO NA COMUNICAÇÃO .................................................94 2.2 O PRETO E BRANCO E AS CORES EM COMUNICAÇÃO .............................................................95 2.3 COMPARATIVO ENTRE O USO DA COR E O PRETO E BRANCO ............................................... 97 3 ENQUADRAMENTO E COMPOSIÇÃO DA IMAGEM .......................................................... 98 3.1 PLANOS DE ENQUADRAMENTO ......................................................................................................98 3.2 O ENQUADRAMENTO E O POSICIONAMENTO DO ASSUNTO NA IMAGEM ..........................102 4 NARRATIVAS VISUAIS: O REAL E O VEROSSÍMIL .........................................................106 4.1 REALIDADE: VERDADE OU ILUSÃO? ............................................................................................106 4.2 FOTOGRAFIA E REALIDADE ...........................................................................................................108 4.3 O REAL E O VEROSSÍMIL NO FOTOJORNALISMO ......................................................................110 4.3.1 Fotojornalismo: entre o texto e a imagem .........................................................................110 4.3.2 Recorte fotojornalístico: efeitos e desafios........................................................................111 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 114 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................ 115 TÓPICO 3 - NOVAS TECNOLOGIAS E FOTOJORNALISMO ................................................117 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................117 2 PRODUÇÃO E EDIÇÃO DE IMAGENS NA ERA DIGITAL ...................................................117 2.1 TECNOLOGIAS DIGITAIS E FOTOGRAFIA DIGITAL .......................................................................118 2.1.1 A tecnologia digital ....................................................................................................................118 2.1.2 A fotografia digital ....................................................................................................................119 3 NOVAS TECNOLOGIAS E FOTOJORNALISMO DIGITAL ................................................. 121 4 GRANDES NOMES DO FOTOJORNALISMO ....................................................................123 4.1 Clássicos da fotografia internacional ...........................................................................................123 4.1.1 Henri Cartier-Bresson (1908-2004) ..................................................................................... 123 4.1.2 Steve McCurry (1950, Pensilvânia, EUA) ............................................................................ 124 4.1.3 Robert Capa, nome verdadeiro Ernö Friedmann (1913-1954) ...................................... 125 4.2 Fotojornalistas brasileiros ............................................................................................................. 125 4.2.1 Sebastião Salgado (1944, Minas Gerais, BR) ..................................................................... 126 4.2.2 Araquém Alcântara (1951, Florianópolis, SC) ................................................................... 127 4.2.3 Evandro Teixeira Almeida (1935, Irajuba, BA) ................................................................... 127 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................129 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 131 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................132 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................134 UNIDADE 3 — PRÁTICA DO FOTOJORNALISMO ............................................................... 137 TÓPICO 1 — A PRÁTICA DO FOTOJORNALISMO ...............................................................139 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................139 2 PRODUÇÃO E EMISSÃO DA FOTOGRAFIA NA MÍDIA IMPRESSA..................................139 2.1 A PRODUÇÃO EM FOTOJORNALISMO: DA PAUTA À PUBLICAÇÃO .......................................140 2.1.1 A pauta ........................................................................................................................................140 2.1.2 Produção, edição, publicação ...............................................................................................141 2.2 FOTOJORNALISMO INFORMATIVO .............................................................................................. 142 2.2.1 Fotojornalismo informativo objetivo ................................................................................... 143 2.2.2 Fotojornalismo informativo subjetivo ................................................................................ 145 2.3 FOTOJORNALISMO PERFORMATIVO ...........................................................................................148 3 RELACIONAMENTO COM O FATO E O VEÍCULO – A VERDADE E A VEROSSIMILHANÇA .......................................................................................................150 3.1 VERDADE E VEROSSIMILHANÇA NO FOTOJORNALISMO CONTEMPORÂNEO ...................150 3.1.1 Ver para lembrar: o fotojornalismo mnemônico ...............................................................150 3.1.2 Fotojornalismo independente de contestação .................................................................151 3.1.3 Fotojornalismo autoral e artístico ....................................................................................... 152 3.2 CRITÉRIOS DE VEROSSIMILHANÇA NO FOTOJORNALISMO .................................................. 152 3.2.1 A fotografia como construção de verdades ...................................................................... 153 3.2.2 Critérios de verossimilhança no fotojornalismo .............................................................. 155 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 157 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................158 TÓPICO 2 - GÊNEROS DE FOTOJORNALISMO DA IMPRENSA E DAS MÍDIAS ATUAIS .......... 161 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................161 2 GÊNEROS DO FOTOJORNALISMO ......................................................................................161 2.1 FOTOGRAFIAS DE NOTÍCIAS ........................................................................................................... 162 2.2 FEATURES .........................................................................................................................................164 2.3 FOTOGRAFIA ESPORTIVA ...............................................................................................................164 2.4 RETRATO ............................................................................................................................................. 165 2.4.1 Mug shots ou fazer faces ...................................................................................................... 165 2.4.2 Retratos ambientais ............................................................................................................... 165 2.5 ILUSTRAÇÕES FOTOGRÁFICAS ..................................................................................................... 166 2.6 HISTÓRIAS EM FOTOGRAFIAS OU PICUTURE STORIES .......................................................... 166 3 FOTOJORNALISMO, SENSACIONALISMO E CONSUMO DE IMAGENS .........................168 3.1 FOTOJORNALISMO SENSASIONALISTA .......................................................................................168 3.1.1 A evolução na experiência do(s) fato(s) e acontecimento(s) do mundo real ............ 169 3.2 A IMAGEM COMO PRODUTO DE CONSUMO ............................................................................... 172 3.2.1 Bancos de imagens ............................................................................................................... 172 3.2.2 WordPress ................................................................................................................................. 174 4 FOTOJORNALISMO E CIBERMÍDIA ................................................................................ 174 4.1 INFOESTÉTICA E FOTOJORNALISMO (GJOL) ............................................................................. 175 4.2 FOTOJORNALISMO NA ERA DA CONVERGÊNCIA .................................................................... 175 4.2.1 Conceito de convergência .....................................................................................................176 4.2.2 Fotojornalismo em cenários de convergência .................................................................177 4.2.3 Storytelling: narrativas para redes sociais ....................................................................... 178 4.2.4 Roteiro para elaboração de storytelling ............................................................................ 179 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 181 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................182 TÓPICO 3 - O REPÓRTER FOTOGRÁFICO, O FATO E O TEXTO .........................................185 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................185 2 FOTOJORNALISMO NA ATUALIDADE ............................................................................185 2.1 O MERCADO DE TRABALHO ...........................................................................................................186 2.2 O TRABALHO PARA AGÊNCIAS INTERNACIONAIS ................................................................... 187 3 ÉTICA E FOTOJORNALISMO ..........................................................................................188 3.1 OS CONCEITOS E A SUA EVOLUÇÃO ............................................................................................1883.1.1 Fotojornalismo analógico .......................................................................................................188 3.1.2 Atualidade convergente e fotojornalismo .........................................................................189 3.2 ÉTICA E DEONTOLOGIA EM FOTOJORNALISMO .......................................................................190 3.3 A INTERNET E AS TENDÊNCIAS NAS MÍDIAS .............................................................................191 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................193 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................198 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................199 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 202 1 UNIDADE 1 - HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA E DO FOTOJORNALISMO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender a relação da humanidade com as imagens e a sua integração como ferramentas de comunicação e interação da experiência vivda e transmitida nas relações humanas; • apreender as imagens como estruturas constituídas por unidades mínimas signifi cativas caracterizando-as como linguagens intencionalmente orientadas e adequadas às situações específi cas de uso comunicativo; • integrar os conceitos de fotografi a e fotojornalismo, a partir de uma abordagem histórica dos mecanismos que conduziram à implantação e ao aperfeiçoamento de ambas as práticas sociais; • observar exemplos práticos de fotojornalismo ao longo do tempo; • analisar elementos constitutivos de fotografi as jornalísticasque caracterizam a linguagem visual, relacionando exemplos práticos aos conteúdos teóricos abordados. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA TÓPICO 2 – FOTOJORNALISMO: CONCEITO, HISTÓRIA E PRÁTICAS TÓPICO 3 – FOTOGRAFIAS E NARRATIVAS: ENTRE OLHAR E VER Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA 1 INTRODUÇÃO Vivemos em uma sociedade em constante evolução. Como seres sociais inseridos nessa sociedade, comunicamos e interagimos com os outros, com o meio, com o nosso próprio eu interior. Cada período da história difere em questionamentos, estilos, formas de ser e agir. A sociedade atual vive sob o predomínio da imagem. Por todos os lados, desenhos, grafismos, fotografias dominam a comunicação e as interações entre os indivíduos. Provavelmente, você também é adepto do consumo de imagens em redes sociais, nas mídias digitais e os seus gêneros. Fotos tornaram-se algo tão presente em nossa vida que sua existência parece óbvia. No entanto, você já parou para pensar em como seria o mundo sem a invenção da fotografia? Sem selfies, sem contemplar o retrato e a imagem das pessoas que ama? O surgimento da fotografia revolucionou a sociedade, instaurando uma nova era: a era da imagem. Por isso, vamos dedicar este tópico à história da fotografia e sua evolução até os nossos dias. Desde a origem, a técnica não cessa de ser aprimorada, acompanhando a sociedade em suas práticas e registrando a história e as memórias da humanidade. Assim, em primeiro lugar, você será levado a percorrer uma longa reflexão sobre as imagens e sua importância ao longo do tempo. Em seguida, percorrerá a história da fotografia como técnica de captura e fixação de imagens. Trata-se do princípio físico da foto. A partir de uma introdução, a semiótica da imagem abordará a fotografia como linguagem dotada de significados que podem ser propositadamente construídos. Para concluir, a fotografia será abordada pela relação que estabelece entre uma realidade mostrada e uma realidade criada. 2 IMAGEM, CÂMARA ESCURA E FOTOGRAFIA: LUZ, TRAÇO E COR Desde tempos remotos, o ser humano foi sensível às imagens e contornos que percebia ao seu redor despertam. A tal ponto que o assunto despertou a curiosidade e o interesse, tanto em termos de captação, percepção, reprodução etc. TÓPICO 1 - UNIDADE 1 4 Tanto no contato direto com o fato quanto por transmissão, a imagem é o veículo pelo qual uma realidade chega rápida e diretamente ao nosso conhecimento. É por isso que desde tempos remotos conhecemos o ditado: “uma imagem vale mais que mil palavras” (FIGUEIREDO, 2005). IMPORTANTE De pinturas rupestres a sombras e refl exos em superfícies lisas de lagos gelados, aos contornos de montanhas ou as pétalas rendilhadas de uma fl or, tudo foi motor para o desejo de eternizar as imagens e os momentos que as enquadram no desfi lar contínuo do tempo. Neste subtópico, vamos percorrer a trajetória da imagem até o desenvolvimento da técnica fotográfi ca, tornada possível por um fenômeno físico: a difração da luz. 2.1 AS PRIMEIRAS IMAGENS E SUAS FUNÇÕES Somos seres sociais inseridos em grupos com os quais comunicamos e interagimos. Em nossa relação com o mundo, o conhecimento de um fato ou realidade pode ocorrer de dois modos (BOROSKI, 2020, p. 18). Seja por: • Experiência: quando tomamos conhecimento de um fato ou de uma realidade através da situação diretamente vivenciada. Somos testemunhas de um acontecimento, vemos uma paisagem, encontramos uma pessoa que amamos etc. • Transmissão: quando adquirimos um conhecimento por meio de uma fonte intermediária, que nos transmite o teor de um acontecimento, uma paisagem, um encontro etc. A transmissão ocorre por meio de linguagem, seja ela verbal – algo nos é contado com as unidades da língua oral ou escrita; seja visual ou gestual – por gestos e/ou imagens, desenhos, gravuras ou a fotografi a, que pode ser estática (uma foto) ou movente (um fi lme). A Figura 1 ilustra esses dois modos de percepção da realidade: 5 Segundo um conto tradicional indiano, sete sábios cegos encontraram, um dia, um elefante. Cada um dos sábios pôde tatear uma parte do elefante e, segundo a parte que tateava, imaginava o animal, seu tamanho, suas capacidades, seu porte. Cada um deles, porém, só obtinha uma compreensão parcial do animal, já que eram todos cegos e cada um deles tinha a sua própria percepção. Assim é a nossa vivência da realidade: o que percebemos são aspectos, mas é o todo e o modo como o percebemos que faz sentido. INTERESSANTE FIGURA 1 – OS CEGOS E O ELEFANTE FONTE: <https://ensinarhistoria.com.br/s21/wp-content/uploads/2015/01/cegos-e-o-elefante-768x432.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2021. Para transmitir o que percebemos, possuímos a linguagem. Em um tempo remoto, em que as relações eram predominantemente orais, as formas disponíveis para a transmissão da experiência e suas práticas eram gestos, no contato imediato, e imagens, na transmissão indireta. O desenvolvimento da escrita, em seguida, dá início ao longo processo de registro da História por meio de uma cultura bibliográfica ou registrada em livros. Esse processo acentuou-se marcadamente com o desenvolvimento da imprensa móvel no século XV e o Iluminismo, com o desenvolvimento subsequente das ciências. O Quadro 1 apresenta, de modo englobante, a evolução nas comunicações ao longo do tempo: 6 QUADRO 1 – PANORAMA EVOLUTIVO DAS COMUNICAÇÕES E LINGUAGENS TIPO DE TECNOLOGIA SUPORTE ÉPOCA FINALIDADE ERA DA ORALIDADE Voz Pré-história Comunicação Cultura oral/visual Pinturas rupestres Há 30 mil anos Comunicação Cultura oral/visual - escrita Placas cuneiformes 2 mil a.C. Alfabeto Comunicação Escrita Invenção do Papel 105 d. C. Registros Comunicação Cultura oral/visual EscritaManuscritos, copistas Leitura oral coletiva Até Id. Média Produção Difusão da informação ERA DA ESCRITA Texto impresso Livro, silencioso Fim Idade Média Ensino Comunicação Lazer Cultura oral/visual/ escrita IMPRENSA GUTTEMBERG Manuscritos Livros Século XV Difusão do conhecimento Primeiras universidades Educação Pública Textos escritos Século XVII-XIX Conhecimento Saber IMPRENSA: 1ª MÍDIA Nova prática Artes/grafismos Texto escrito: LIVRO hábito de leitura individual silenciosa Século XVII, XVIII ... Informação Conhecimento Lazer Jornal/grafismo/ desenho Texto escrito, gráfico Século XIX-XX Informar, Conhecimento, Lazer Telégrafo Fio/Cabo 1840 Informação Comunicação ERA AUDIOVISUAL Ondas/Som/Imagem Século XX Ensino Notícia Lazer Rádio (EUA) Revista ilustrada Fotografia Cinema Ondas/Voz/Música 1920 Em seguida Notícias de guerra Publicidade Notícias Entretenimento Televisão (EUA e Europa) Pintura/arte abstrata Ondas/Imagem em movimento 1940-1950 Informação com Imagens Computador (Alemanha, Inglaterra, EUA) Design, IMAGEM Princípios eletromecânicos transistores 1940-1950 Realizar operações Cálculos ERA DA INFORMAÇÃO Gravador/ Computador/TV 1960 Comunicação Conhecimento Lazer Internet (EUA) Rede 1960 Comunicação a distância ERA DA INFORMÁTICA Virtualização da imagem Computador/Lousa Interativa Anos 1990 Ensino Comunicação Macintosh 128 REVOLUÇÃO TEXTOS Informática, mouse, Interface gráfica 1984 PC para uso pessoal 7 ERA DIGITAL Internet 1995 Interconexão World Wide Web Coprodução Rede integrada Virtual Anos 1990 Globalização ERA DA INTERATIVIDADE Consumo de imagem integração, virtual Inteligência artificial Conexão entre aparelhos Século XXI Ensino Comunicação Lazer Tecnologia digital Smartphones 2000 Comunicação Lazer Redes Sociais, Google Smarphones, PC, I.A. 2000... Sociedade 4.0-5.0 FONTE: Adaptado de Nunes, Policarpo e Figueiredo (2021, p. 12) O uso da imagem para a transmissão da experiência humana é, sem dúvida, a forma mais antiga de que se tenha conhecimento (SOARES, 2019). A pintura, a gravura ou o desenho, sem esquecer a escultura, são testemunhas das primeiras civilizações que registraram na pedra e outras superfícies as imagens de sua época. Veja o exemplo da pintura rupestre, que testemunha de práticas e de um meio existente: FIGURA 2 – A PINTURA RUPESTRE E A REPRODUÇÃO DO REAL FONTE: <https://shutr.bz/3pQRR3W>. Acesso em: 11 jun. 2021. Platão estabelece a primeira classificação das imagens em: contornos das sombras projetadas pelo sol; reflexos projetados em superfícies lisas de lagos; contornos do relevo geográfico (CASATI, 2017). Na obra A descoberta da Sombra, de Roberto Casati, você terá vários enfoques das imagens e das sombras ao longo do tempo. ATENÇÃO 8 As sociedades, porém, não param de evoluir e, a partir de sua evolução, desenvolvem novas formas de comunicar. Assim, os primeiros alfabetos usam ícones ou imagens que mantêm uma relação analógica entre um desenho e um signifi cado. Com a evolução, os signifi cados passam a ser atribuídos aos sons e não mais às coisas que designavam. Veja, no Quadro 2, um exemplo de alfabeto icônico e sua evolução para o alfabeto fonético: QUADRO 2 – EVOLUÇÃO DO ALFABETO ICÔNICO AO ALFABETO FONÉTICO FONTE: Fiamoncini (2018, p. 10) A imagem mostra como, da representação de uma realidade vivida, o meio em que viviam os autores dos desenhos, aos poucos, o alfabeto foi se transformando. Do signifi cado que transportava chegou aos signos ou unidades abstratas representativas dos sons usados na comunicação. Nasce, assim, o alfabeto fonético com que representamos até hoje os signifi cados das unidades usadas para a comunicação e a transmissão da experiência. Até a fase das imagens, a mão era a principal ferramenta para a realização da imagem, ajudada por utensílios capazes de gravar, pintar ou promover todos os tipos de técnicas que permitissem registrar um desenho em uma superfície dada. Evidentemente, não podemos esquecer os propósitos estéticos ligados à imagem, seja como forma de expressão, seja como forma de representação. Você poderá aprofundar este conteúdo lendo obras que tratem a História da Arte. Um exemplo é: SOARES, R. História da Arte. Indaial: UNIASSELVI, 2021. DICA 9 Até aqui você estudou dois tipos de imagens, as imagens naturais, em que não há intervenção humana na produção; e artificiais ou manufaturadas, que resultam da intervenção humana com ou sem uso de ferramentas. Essa distinção permitirá compreender o assunto a ser visto a seguir: a transformação entre as primeiras experiências com as imagens sem que a mão seja determinante. Vamos abordar o princípio que deu origem à fotografia: a escrita através da luz. 2.2 A LUZ E AS IMAGENS: A INVENÇÃO DA CÂMARA ESCURA Durante muito tempo as imagens serviram para representar a realidade e como ferramenta de comunicação. Agora, vamos abordar a imagem a partir de sua produção a partir do fenômeno físico da difração da luz. Essa descoberta permitiu, num primeiro momento, o desenvolvimento da técnica da câmara escura e, posteriormente, da fotografia. Os seres humanos, desde muito tempo, já haviam observado que a luz do sol produzia efeitos extraordinários: sombras, cores, difração de raios etc. A expansão das rotas migratórias entre Oriente e Ocidente, e a necessidade de inscrever rotinas e práticas comerciais em suportes contribuíram ao surgimento de novos produtos. De placas e suportes rígidos, no início, ao papel, a seguir, passando pelo couro e fibras diversas. Esses materiais, quando expostos à luz solar tinham impressas algumas formas indeléveis. Essa constatação motivou o surgimento de técnicas capazes de permitir a impressão de imagens sobre suportes portáveis (ROTH, 1983). Câmara escura ou câmara escura de orifício: é um “equipamento formado por uma caixa de paredes totalmente opacas, sendo que, no meio de uma das faces, existe um pequeno orifício. Ao se colocar um objeto, de tamanho ‘o’, de frente para o orifício, a uma distância p, nota-se que uma imagem refletida, de tamanho i, aparece na face oposta da caixa, a uma distância p', mas de forma invertida”. FONTE: <https://www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/Fundamentos/camaraescura. php>. Acesso em: 19 out. 2021. IMPORTANTE A câmara escura ou obscura é atribuída ao chinês Mo Tzu, no século V a.C. Aristóteles (384-322 a.C.) também observa que a luz do sol, ao penetrar em recintos fechados através de furos, provocava um efeito de inversão da imagem exterior, e que esse efeito variava, segundo o diâmetro do furo. Por esse princípio, no século XV, é desenvolvido o estenótipo, de stenos (estreito), e opis (furo), em inglês, pinhole (buraco da agulha). 10 Veja a imagem: FIGURA 3 – A CÂMARA ESCURA DE ORIFÍCIO, POR LEONARDO DA VINCI FONTE: Maya (2008, p. 107) O Quadro 3 fornece uma visão de algumas etapas que levaram à técnica da câmara escura, precursora da fotografi a. QUADRO 3 – O TEMPO PERENIZADO PELA IMAGEM Ordem Imagem/técnica Período/época 1 Pinturas rupestres Paleolítico/Neolítico 2 Pinturas no Antigo Egito 4000 – 3000 a.C. 3 Mo Tzu / Aristóteles / Platão – papel e desenho por raio de luz Século V a.C. 4 Alfabetos icônico e fonético 1500 – 100 a.C. 5 Ibn Al Haitan – Alhakem de Basora – furo na tenda e imagem Século X 6 Compartimento escuro com furo: câmara escura 1500 d.C. FONTE: A autora A imagem invertida se forma porque a luz é uma forma de energia eletromagnética que se propaga em raios em linha reta a partir de uma fonte. Quando um dos raios atinge uma superfície irregular ou opaca, é refl etido de forma difusa em todas as direções. Os raios que passam pelo buraco estreito da câmara escura projetam no interior da câmara, a imagem invertida do que há do lado de fora. Isso é possível porque cada raio se projeta de uma forma específi ca, e, assim, toda a cena tocada do lado de fora é projetada do lado de dentro. Veja mais em: https://bit.ly/3n9VwYk.INTERESSANTE 11 Ao longo do tempo foram necessários técnicas, materiais e talento para gravar, riscar e pintar as imagens que registrariam informações e serviriam para comunicar. Quando essa dificuldade é contornada pelo uso da câmara escura, a evolução dá um passo gigantesco em direção à invenção de materiais e superfícies que permitem impregnar e conservar as imagens sobre suportes duráveis. Esse é o tema do subtópico a seguir, em que você verá de que maneira, da câmara escura chegamos à fotografia. 2.3 DA CÂMARA ESCURA À FOTOGRAFIA A fotografia emprega o mesmo princípio de funcionamento que a câmara escura e também o olho humano. A Figura 4 demonstra essa semelhança: FIGURA 4 – O OLHO HUMANO E A CAPTURA DE IMAGEM POR APARELHO FONTE: <https://digartdigmedia.files.wordpress.com/2015/03/slide_28.jpg>. Acesso em: 8 jun. 2021. A invenção da fotografia ocorreu após a Revolução Industrial e a sucessão de invenções ocorridas desde então. O termo fotografia origina-se do grego phos, que significa luz, e graphein, que significa marcar, grafar, inscrever. Dessa morfologia surge o termo em grego phosgraphein, grafar ou inscrever através da luz. E daí, fotografia (FOTOGRAFIA, 2021). Trata-se, portanto, da inscrição de uma imagem através da luz. Embora o princípio já fosse conhecido, como você viu anteriormente, a técnica, porém, será desenvolvida no transcorrer das inovações surgidas em plena Revolução Industrial europeia. Desse modo, a fotografia surge como processo inovador de registro de uma experiência e/ou realidade, e torna-se vetor de informação e de conhecimento, instrumento de apoio às pesquisas científicas, além de forma de expressão artística. De acordo com Figueiredo (2005), destacam-se os seguintes nomes e fatos: 12 • Joseph Nicephore Niépce (fim do século XVIII): produz imagens com uma câmara escura e placas de papel cobertas com cloreto de prata. As imagens, porém, desapareciam com o tempo. Em 1826, então, cobre uma placa de estanho com betume e expõe ao sol durante oito horas, quando limpa da placa as partes não ensolaradas com uma solução de alfazema. É a primeira fotografia. Veja na figura: FIGURA 5 – A PRIMEIRA FOTOGRAFIA (1828) FONTE: <http://twixar.me/wGjm>. Acesso em: 10 jun. 2021. • Louis Jacques Mandé Daguerre (1839): como Niépce, fazia experiências com impressão de imagens sobre algumas superfícies. Criou o diaporama e registrou a primeira patente para um processo fotográfico – o daguerreotipo. A técnica consistia em aplicar uma folha de prata sobre uma superfície de cobre dentro da câmara escura. O resultado eram imagens fixadas. O governo francês aderiu à proposta, o que lhe garantiu sucesso e levou à popularização da fotografia. Outros pesquisadores dedicaram-se ao invento que revolucionou as práticas sociais e contribuiu a fazer evoluir a sociedade. Dentre eles destacam-se John Goddard, químico inglês; William Henry Fox Talbot, também inglês; Jacques Clerk Maxwell, escocês; Ducos Du Hauron, francês; Richard Leach Madox, entre outros (FIGUEIREDO, 2005). Porém, uma contribuição importante virá dos Estados Unidos: • George Eastman: fundou a Kodak, o que popularizou a fotografia, pois a imagem se fixava sobre uma chapa seca. O processo tornou-se prático, com películas de celulose em rolos inseridos em câmaras escuras pequenas. Tornava, assim, a fotografia acessível ao público, que não era mais obrigado a transportar uma imensa câmara escura para efetuar a captura da imagem. A partir de Eastman, a fotografia integra as comunicações, o lazer, as práticas mais variadas da sociedade, servindo como prova, testemunho, motivo para evasão e também identificação, pois documentos e registros passam a comportar o retrato das pessoas. Para a prática jornalística, como veremos mais tarde neste livro, ela se torna indissociável do texto escrito. 13 Por ter surgido em uma época de pleno desenvolvimento tecnológico na Europa pós-Revolução Industrial, a nova técnica irrompe em plena era de efervescência teórica nas mais variadas áreas. Dentre elas, a Linguística, a Antropologia, a Sociologia e a Psicologia e suas aplicações discutirão a nova prática em estudos e aplicações. No subtópico a seguir, você aprenderá alguns aspectos teóricos da fotografia, sob as perspectivas da Semiótica europeia. 3 A FOTOGRAFIA ENTRE REALIDADE E INVENÇÃO DE REALIDADE Antes da fotografia, os estudos da imagem já eram objeto de questionamentos quanto a sua natureza e a relação que mantinham com o sujeito ou objeto retratado. Assim, na Antiguidade clássica, o objeto e a sua reprodução pela pintura ou pelo desenho, mantinham uma relação de identificação. Uma pintura religiosa era sagrada. Daí os ícones, as imagens santas, a interdição de reprodução de elementos humanos nas culturas muçulmanas (AUMONT, 2002). O surgimento da fotografia, capaz de reproduzir fielmente um assunto sem que haja um ato criativo intermediário de mão humana – assim como o pintor, o escultor e o ilustrador faziam – levantará um questionamento: o que é, afinal, a fotografia? Neste subtópico, vamos abordar a relação que a foto mantém com o assunto – objeto ou pessoa – fotografado, e o modo pelo qual este assunto é concebido e expresso pelo fotógrafo. 3.1 A FOTOGRAFIA COMO REPRODUÇÃO DA REALIDADE A efervescência industrial e no mundo das ideias que animava o continente europeu, encontrou na fotografia uma forma de observar e melhor compreender a realidade, os outros, o mundo nascente dos objetos da cultura contemporânea. Assim, tudo passa a ser assunto a ser fotografado, mas, num primeiro momento, privilegiam- se os temas derivados das tradições pictóricas: retrato, paisagem, natureza morta. Até então o retrato, já praticado no Egito, na Grécia e em Roma, para finalidades diversas, e adquirindo gênero autônomo no século XVI, vigorava como símbolo de uma classe burguesa que se queria representada. Diversas escolas e gêneros desenvolvem, por técnicas diversas, retratos de membros das famílias abastadas perenizadas, antes, pela pintura e o desenho, agora, nas fotos. O fotógrafo adquire prestígio, e da prática cada vez mais aprimorada, surgem novas perspectivas e possibilidades (BARRADAS, 2013). Várias são as repercussões que animam os debates sobre a técnica a partir de então: 14 • Arte ou técnica: questiona-se a natureza artística do processo em oposição à essência comercial. O mundo artístico, com efeito, vai oferecer uma forte resistência a aceitar a fotografia como arte. O poeta Charles Baudelaire atribui à fotografia uma natureza diabólica (MAUAD, 1996). • Identidade: a fotografia passa a integrar, de modo institucionalizado, documentos de identidade, passaporte, formulários de todo tipo, além do uso recreativo (FARHI NETO, 2018). • Prova jurídica: a fotografia é vista como cópia fiel da realidade e torna-se peça- chave no campo forense – ela serve como prova pericial dos fatos em processos jurídicos e integra os diversos processos de legitimação pericial. • Publicidade: como fator de atração e venda, os jornais passam a ilustrar as matérias que, até então – como veremos mais adiante neste livro – recebiam poucas ilustrações e/ou desenhos feitos por artistas do desenho. A descoberta da fotografia vai, aos poucos, integrar os diversos gêneros do discurso jornalístico, aparecendo em jornais, revistas, panfletos etc. • Memória: ao registrarem-se as celebrações que marcam passagens rituais dos processos da vida, como batizados, casamentos e morte, pela fotografia, sobressai- se como registro histórico (MAUAD, 1996); • O discurso reconfigurado: “a técnica fotográfica invade o imaginário popular e reconfigura a linguagem com frases do tipo: ‘Uma foto vale mais que mil palavras’, ‘Mais vale uma foto que longos discursos’, ‘Não fotografou? Dançou!’” (FIGUEIREDO, 2005, p. 204); • A natureza humana: porque, subitamente, as pessoas perceberam a passagem inevitável do tempo e que todas coisas desaparecem, as fotografias sobreviveriampara reativar a memória. O mundo adotou-a como prática em todas as situações do cotidiano, em formas ortodoxas exibindo a sua crueza – fotografias de mortos no caixão e registro testemunhal de extermínios em larga escala (I Guerra Mundial). Esses são alguns desdobramentos da fotografia como prática de reprodução da realidade. A seguir, vamos abordar um segundo aspecto da fotografia, estabelecido a partir de Dubois (1994): a fotografia como forma de criação e expressão. 3.2 A FOTOGRAFIA COMO CRIAÇÃO O fato de que a fotografia se torna rapidamente o modo preferido de reprodução de pessoas abastadas, faz com que, aos poucos, surja também o desejo de retratar os mortos. Ao reproduzir com fidelidade um morto, logo, uma realidade ausente para quem contemplasse a foto, faz com que surjam interrogações sobre o real alcance da técnica. A fotografia torna-se, assim, uma forma de transformar a realidade, representando um objeto ou sujeito ausente (BARTHES, 1979). O pintor René Magritte irá afirmar, em uma de suas telas, que o cachimbo retratado não é um cachimbo (evidentemente que não, é a representação visual de um cachimbo). Veja na Figura 6: 15 FIGURA 6 – FOTOGRAFIA E PINTURA E A REPRESENTAÇÃO DE UM AUSENTE LEGENDA: na primeira imagem, uma fotografia reproduz um objeto real; na segunda – reprodução da tela Ceci n’est pas une pipe, do pintor belga René Magritte –, há criação artística do objeto. FONTE: <https://bit.ly/336Kw59>; <https://bit.ly/3kRVO3d>. Acesso em: 12 jun. 2021. Além desses aspectos da fotografia, uma terceira característica é associada: a de vestígio ou testemunho de uma realidade ocorrida, não necessariamente que aparece na foto realizada, mas que, em um determinado momento, esteve diante da objetiva que a capturou. Veja a seguir. 3.3 A FOTOGRAFIA COMO TESTEMUNHO DE UMA REALIDADE A foto constitui um vestígio do real, referindo-se a um tempo real passado. Não se trata do objeto-imagem e/ou do objeto-sujeito capturado na imagem, mas do instante obrigatoriamente necessário para que a foto viesse a ter existência real. Nessa ótica, para que uma imagem exista em um tempo X, obrigatoriamente antes existiu um instante X em que algo esteve diante da objetiva e foi por ela capturado. É assim que Roland Barthes (1979), semioticista francês, concebe a foto, como produto de um instante, índice de uma ocorrência passada, a que deu origem à captura materializada na foto. Este aspecto assume relevância para o fotojornalismo, na medida em que uma das finalidades da fotografia fotojornalística é dar a ver a realidade, ou, pelo menos, a prova de que uma realidade existiu em um dado momento. Veja a foto apresentada na Figura 7, do fotojornalista brasileiro, Sebastião Salgado, que evidencia a existência de uma realidade humana passada, em um determinado momento, diante da objetiva: 16 FIGURA 7 – SEBASTIÃO SALGADO EM SERRA PELADA (1996) FONTE: <https://incrivelhistoria.com.br/app/uploads/2016/07/serra-pelada-05-sebastiao-salgado-vitrine.jpg>. Acesso em: 12 jun. 2020. O desenvolvimento das mídias digitais, porém, alterou radicalmente esse pressuposto, na medida em que a fotografi a digital integra novas práticas e formas de produção numéricas, permitindo manipulações ao infi nito. Até aqui, você viu que a fotografi a conheceu diferentes questionamentos desde a sua aparição, evoluindo em sua essência. De representação do real, a vestígio de um momento passado e instrumento de criação e expressão artística, ela traçou uma longa trajetória para chegar, atualmente, a constituir uma das práticas predominantes, em todos os setores sociais. Também no fotojornalismo, seus impactos serão sentidos, com uma crescente descentralização ou popularização das imagens, que passam a ser produzidas e enviadas às mídias, pelo público em geral, e não necessariamente por um fotógrafo orientado ao jornalismo. A fotografi a e o fotojornalismo nas mídias digitais serão abordados no Tópico 2 deste livro. Trata-se, aqui, de apenas situar a imagem sob uma perspectiva ontológica, ou o que é uma fotografi a digital. ESTUDOS FUTUROS 17 Ao se tornar vetor de criação e expressão artística, a fotografia passa a ser abordada através de constituintes formais, estéticos e significativos em diferentes níveis ou áreas: quanto à percepção, às intenções, à estética da imagem. Esses aspectos serão tratados no subtópico a seguir. 3.4 IMAGEM E LINGUAGEM VISUAL A fotografia é uma imagem fabricada pela intervenção humana, ao contrário das sombras, por exemplo, que são naturais, e os sonhos, que são imagens mentais. Sendo assim, apresenta os traços das imagens (JOLY, 2007): • Materialidade ou dimensionalidade: a imagem possui duas, três dimensões? É natural, é criada? É real, é virtual? • Processo de elaboração: que ferramentas intervêm na criação da imagem? De que ordem são os recursos? Humana? Mecânica? Digital? • Natureza da matéria de expressão: a imagem é em cores ou preto e branco? Tem brilho? Contrastes? Como serão/são as linhas? Há jogos de paralelismos? Há efeitos de escala? Onde está o foco? • Funções icônicas ou relações entre a imagem e o(s) objeto(s) de representação: há representação de um objeto real? Se essa representação pertence ao campo dos simbolismos, é preciso relacionar a imagem a um significado abstrato? Ou ao campo das convenções socialmente estabelecidas, é fruto da convenção social? Alguém estabeleceu que deve ser/é assim? • Aceitabilidade: este critério está diretamente relacionado ao anterior, pois os gêneros discursivos (fotografia, gráfico, caricatura, logotipo etc.) são dependentes das convenções sociais presentes. • Adequação: este critério é determinado pelo público para o qual a imagem se destina (grau de instrução, familiaridade, canal de divulgação etc.). Quanto a sua essência, como imagem dotada de significado próprio e adquirido(s) em situação, a fotografia é constituída de signos que contribuem na construção dos significados que carrega. Os signos visuais, à maneira da linguagem verbal, articulam-se a partir de elementos mínimos de significação que ao serem associados, resultam em significados e sentidos inseridos nos processos de comunicação. Segundo Dondis (2007, p. 6): “É um corpo de dados constituído de partes, um grupo de unidades determinadas por outras unidades, cujo significado, em conjunto, é uma função do significado das partes”. Essas partes são fisiologicamente percebidas por cada indivíduo, que as identifica inconscientemente, em uma velocidade veloz, através da visão. 18 As formas, porém, de perceber e interpretar elementos estruturantes que dão signifi cados às imagens, são socialmente determinadas. Por exemplo, sabemos que uma fotografi a possui apenas duas dimensões, altura e largura. Porém, conforme o agenciamento dos elementos contidos, dá-nos a noção de profundidade, através da perspectiva, dos jogos de luz e sombra etc. Logo, se é possível perceber informações e inferir sentidos pelas imagens, também é possível construir esses sentidos de maneira deliberada. Em seu livro Sintaxe da Linguagem Visual, Dondis (2007) classifi ca as unidades de comunicação visual elementares em: • Ponto: unidade mais simples e mínima. Os eventos da natureza, ao serem formados, assumem um contorno arredondado – e não quadrado, por exemplo, formam um ponto. • Linha: compreende um conjunto de pontos tão próximos que o olho não consegue distingui-los em partes, mas identifi ca uma sequência uniforme – na verdade, de pontos. É a linha. A linha possui muita energia de atração, mesmo quando apenas sugerida, pois sua direção determina a direção que o olhar assumirá. • Forma: uma linha ou conjunto de linhas criam a forma. As formas são básicas – o círculo, o quadrado e o triângulo; e derivadas – todas as formas obtidas a partir da combinação das três formas básicas. A partir das formas básicas, estabelece-se uma outra unidade: • Direção: é construída a partir das formas básicas, como: quadrado – horizontale vertical; o triângulo – a diagonal; o círculo – a curva. • Tom: é obtido a partir da maior ou menor quantidade de luz que se refl ete na imagem, dos elementos da imagem, no ambiente, ou seja: o tom resulta da combinação da(s) luminosidade(s) que intervêm na imagem. Através do tom, a imagem consegue restituir a bidimensionalidade dos objetos, recorrendo, por exemplo, à perspectiva e o direcionamento das linhas, a partir da localização desejada para o espectador, em pontos de fuga e direção. O relevo pode ser destacado mediante jogos claro-escuro, mediante o posicionamento dos raios de luz. Essas noções teriam feito o professor e artista Paul Klee, da Bauhaus alemã, afi rmar que uma linha é um ponto que se pôs a passear. Para a visualização das fi guras, direções e construções signifi cativas obtidas a partir das unidades discutidas, consulte: DONDIS, D. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 34-51. DICA 19 • Cor: complementa as mensagens visuais, despertando sensações e sentimentos, mas, diferentemente do tom, não é essencial (DONDIS, 2007). Porém, agrega uma grande quantidade de informação à imagem, pois tudo que se vê é visto em cores que estimulam mais ou menos os sentidos, produzindo signifi cados sócio-historicamente constituídos. Daí resulta o simbolismo atribuídos às cores: o vermelho que reenvia à paixão, o azul, à tranquilidade, e assim por diante. Como veremos na Unidade 2, o Histograma, na fotografi a, permite verifi car os tons de cinza – logo, a quantidade de luz – que incide sobre a imagem. Por isso conhecer a técnica é importante: porque contribui não apenas para um resultado esteticamente perfeito, mas também a dar o tom da imagem, o que se torna signifi cativo. Dominar a técnica dos tons é ainda mais importante na medida em que somos sensíveis à imagem em preto e branco e também conseguimos relacioná-la, a partir de uma visão colorida, a signos distintos. Para o fotojornalista, esta habilidade determina o sucesso ou o fracasso das fotos realizadas. NOTA • Textura: a partir de diversos recursos gráfi cos, é possível restituir padrões que conferem a uma imagem, efeitos semelhantes aos obtidos através do tato. O tato, porém, percebe a imagem ou superfície de forma objetiva, enquanto o olho pode sofrer alterações – caso de listras, por exemplo, que surtem efeitos variados. • Escala: na natureza, todas as formas estão dimensionadas e a percepção que se tem delas ocorre por meio de comparações. Assim, as grandezas só existem por meio da coexistência do que é pequeno. Segundo os efeitos desejados, porém, a escala pode ser alterada, o que provoca mudanças nos signifi cados produzidos. Algumas fórmulas permitem a visualização de proporções, e a escala se constrói a partir delas. A seção áurea grega, por exemplo, corresponde a uma proporção presente em todo o universo, sendo considerada como o extremo da elegância visual. Na matemática foi determinado por Leonardo Fibonacci, no século XIII, e corresponde ao número Phi (ϕ): 1.61803398875 (SANCHES, 2018). Veja a Figura 8: Para um estudo das cores e os seus usos e signifi cados na área da comunicação, leia as obras a seguir, que ajudarão a determinar padrões cromáticos, estilizações: • HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. Tradução de: Maria Lúcia Lopes da Silva. São Paulo: Gustavo Gili, 2013. • FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em comunicação. 5. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 2006. DICA 20 FIGURA 8 – A SEÇÃO ÁUREA OU NÚMERO DIVINO DA NATUREZA FONTE: <https://bit.ly/3jiJvi9>; <https://shutr.bz/30A3XUZ>. Acesso em: 14 jun. 2021. • Dimensão: resulta de uma ilusão ótica, tornada possível pela visão binocular ou estereótica. O recurso à perspectiva, permite introduzir em uma imagem bidimensional – altura e largura – a noção de profundidade, conferindo relevo ou destaque a elementos situados em planos. Este efeito é acentuado pelo uso de linhas e pontos destinados a fazerem convergir o olhar. • Movimento: assim como a linha nada mais é do que uma sequência de pontos, o movimento resulta de uma sequência de instantes. Ao pé da letra, o movimento é uma ilusão criada pelos processos da visão; se ele existe no cinema, sabemos que se trata de sequências de imagens estáticas. Ao combinar elementos visuais nas imagens, um movimento pode ser sugerido apoiando-se na experiência que os indivíduos possuem do mundo ou da realidade ao seu redor. Na fotografi a, ângulos, linhas, jogos de luz e sombra, contribuem a criar um efeito móvel. Através do agenciamento dos elementos integrantes da linguagem visual, a fotografi a efetua um recorte no real, ela congela um momento no tempo e uma disposição espacial pelo enquadramento realizado no instante da captura. Com essa refl exão, em que foram abordadas as unidades que estruturam a linguagem visual, encerramos este tópico sobre a história da imagem e da fotografi a, bem como da linguagem visual. Veja, a seguir, o resumo dos conteúdos abordados e realize, ao fi nal, as atividades propostas. Se você observar com atenção a Figura 8, verá que a linha em espiral parece sugerir uma impressão de movimento do interior ao infi nito. Muitos artistas e pintores souberam explorar a técnica, resultando em trabalhos dinâmicos e leves ao olhar. ATENÇÃO 21 No Tópico 2, você estudará o fotojornalismo, seus conceitos e transformações ao longo do tempo, até a sua incorporação pelas mídias digitais. Ao mesmo tempo, verá como a fotografia, ao integrar-se na prática jornalística, se manifesta como um verdadeiro acontecimento, a ação de mostrar algo. Bom trabalho! 22 Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como: • As imagens são as primeiras formas de percepção da realidade e de comunicação. A experiência da realidade dá-se de duas maneiras: por contato direto ou por transmissão. Para transmitir a experiência, a humanidade desenvolveu linguagens verbais e não verbais. • Uma trajetória evolutiva perpassa a percepção de imagens naturais, a criação e a fixação em suportes perenes de imagens fabricadas e representativas da realidade. • A fotografia é uma técnica derivada da câmara escura, que explora fenômenos físicos de difração de raios de luz, inscrevendo imagens, procedimento este aprimorado por diferentes técnicas desenvolvidas ao longo do tempo. • Como linguagem não verbal, a fotografia é constituída de elementos significativos que lhe permitem comunicar e expressar o abstrato por meio da sintaxe dos elementos básicos, que são o ponto, a linha e a forma. • A essas formas básicas, somam-se: direção, tom, cor, textura, escala, dimensão e movimento. A direção é obtida a partir do quadrado – horizontal e vertical; o triângulo – a diagonal; o círculo – a curva. O tom é obtido a partir da distribuição entre claro e escuro – a luminosidade. A cor já existe na natureza, e exerce funções simbólicas socialmente determinadas. A textura é obtida por meio de recursos gráficos – padrões que sugerem sensações táteis. • Nas imagens e na fotografia, a proporção entre unidades pode ser alterada, resultando em escalas e relações de ênfase. Na imagem bidimensional, alguns recursos permitem criar uma impressão de planos, assim como de movimento, resultado de uma sucessão imagens e de formas básicas combinadas. • A natureza é proporcionalmente dosada, o que impacta na visão e torna as imagens esteticamente agradáveis: o número divino, proporção áurea ou o número de Fibonacci, escrito Phi (ϕ) corresponde a 1.61803398875. RESUMO DO TÓPICO 1 23 1 Considere a seguinte situação: um grande cotidiano de circulação nacional apresenta como manchete da primeira página: “Governo promete zerar evasão fiscal”. Segue-se à manchete, uma foto de membros do governo reunidos. Sabendo que o governo se reúne para prever novas medidas econômicas e que apenas autoridades legitimamente constituídas podem tomar parte dessas reuniões, qual é o modo de relaçãodo cidadão comum com o fato “decisão tomada em reunião”? Assinale a resposta CORRETA: a) ( ) O fato é conhecido através de experiência. b) ( ) O fato é conhecido por transmissão. c) ( ) O fato é conhecido por experiência e transmitida. d) ( ) O fato não é conhecido nem por experiência, nem por transmissão. 2 O desenvolvimento e o aprimoramento da técnica fotográfica – como modo de obtenção e fixação de uma imagem do mundo real sobre um suporte dado – causou uma transformação profunda no modo como nos relacionamos com a realidade. Em consequência, também com as imagens. Sobre a integração da fotografia na sociedade e suas práticas e fazeres, analise as sentenças a seguir: I- A fotografia tornou-se uma técnica de representação da realidade, passando, inclusive, a servir de prova em alguns contextos. II- Como na arte, em que a representação passa pelo talento do artista, a fotografia só reproduz fielmente a realidade que o talento permite. III- Ao permitir a fixação de instantes em imagens perenes, a fotografia ampliou os processos de memória, memória coletiva, visibilidade de si mesmo e do mundo. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) I, apenas, está correta. b) ( ) I e II estão corretas. c) ( ) I e III estão corretas. d) ( ) III, apenas, está correta. 3 A fotografia surgiu em um período movimentado da história. Embora a técnica de reprodução de imagens já fosse conhecida, no princípio da câmara escura, a fixação da imagem sobre suporte perene e a consequente conservação da realidade representada pela realização da foto, surge como um verdadeiro furacão na sociedade, nos meios intelectuais e artísticos. Sobre a fotografia como modo de criação e expressão, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsa: AUTOATIVIDADE 24 ( ) A foto de uma pessoa é aquela pessoa. ( ) Quando o pintor Magritte afirma que o cachimbo retratado não é um cachimbo, está, na verdade, afirmando que se trata de uma imagem representativa e não do objeto em si. ( ) A fotografia, surgiu como técnica arrojada, e é praticamente ilimitada quanto às possibilidades de criação e expressão. ( ) O fotógrafo interfere na produção de sentido(s) que o espectador possa tirar de suas fotos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – F. b) ( ) F – V – V – F. c) ( ) F – V – V – V. d) ( ) V – V – F – F. 4 Leia o seguinte excerto, tirado de Dondis (2007, p. 9): “Qualquer sistema de símbolos é uma invenção do homem. Os sistemas de símbolos que chamamos de linguagem são invenções ou refinamentos do que foram, em outros tempos, percepções do objeto dentro de uma mentalidade despojada de imagens. Daí a existência de tantos sistemas de símbolos e tantas línguas, algumas ligadas entre si por derivação de uma mesma raiz, e outras desprovidas de quaisquer relações desse tipo”. A partir deste excerto, disserte sobre as unidades de comunicação elementares. FONTE: DONDIS, D. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 5 A natureza é um manancial de formas e imagens que podem servir de inspiração aos mais diversos processos criativos. Pontos, linhas, formas, cores, tonalidades, vários tipos de efeitos podem ser obtidos a partir observação atenta da natureza e do mundo ao seu redor. A partir desse conhecimento, surgiram as várias teorias, seja nas linguagens, como na evolução de alfabetos pictóricos e alfabetos baseados nos sons. Diante disso, disserte sobre a proporção ou seção áurea, também conhecida como número de Fibonacci. 25 FOTOJORNALISMO: CONCEITO, HISTÓRIA E PRÁTICAS 1 INTRODUÇÃO O surgimento da fotografia revolucionou os discursos e as práticas sociais. Gisèle Freund, fotógrafa nos anos 1930, foi uma das primeiras pesquisadoras a se interessar pelo impacto da fotografia sobre o ser humano e como a técnica influencia sua percepção do mundo (AVANCINI, 2017). A prática do retrato, que rapidamente se popularizou, dá origem a reflexões de ordem ontológica – sobre a essência, o que ocorre, o que é a fotografia: uma “visão falsa ou janela que se abre sobre o mundo?” (AVANCINI, 2017, p. 243). Afinal, embora represente um assunto real – a pessoa retratada – a fotografia também corresponde às escolhas e às possibilidades dadas pelo fotógrafo e sua técnica. "Essa prática instaura-se, assim, no início, como modo de observar e recortar realidades. O fotojornalista está presente e vive diretamente a realidade, a notícia, o fato a transmitir" (AVANCINI, 2017, p. 243). A partir das considerações iniciais sobre a fotografia, neste tópico, você refletirá sobre o conceito de fotojornalismo, percorrerá sua história para acompanhar o surgimento e a evolução da prática fotojornalística e, ao final, conhecer a prática na atualidade tecnológica e digital. Essa atualidade em que comunicação e interações discursivas ocorrem pela internet e as tecnologias disponíveis, em processo em contínua transformação. Finalmente, através da observação e da análise de trabalhos realizados ao longo do tempo por grandes nomes do fotojornalismo, você refletirá sobre os momentos impactantes, as técnicas e os resultados que podem ser obtidos no fotojornalismo. 2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO A palavra fotojornalismo refere-se a duas noções fundamentais: a fotografia, por um lado, e a prática jornalística ou o jornalismo, por outro. Trata-se, portanto, de uma área interdisciplinar indissociável da fotografia, da comunicação e do discurso, da história e as práticas sociais, entre outras áreas. Neste subtópico, vamos abordar o conceito de fotojornalismo como prática instaurada na imprensa escrita, subsequente ao uso de recursos gráficos – tais como o desenho e a gravura que eram fontes de informação complementares ao texto escrito – e coexistindo com outros tipos de fotografias da imprensa e das mídias. Primeiro, refletiremos sobre o carácter interdisciplinar do fotojornalismo e, em seguida, sobre o conceito e sua abrangência. UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 26 2.1 UMA NOÇÃO INTERDISCIPLINAR Antes de abordarmos o conceito de fotojornalismo, é preciso lançar um olhar para a fotografia, pressentida como condensado de informação pronta e imediatamente perceptível pelos sentidos, sobre os quais impacta. Uma imagem vale mais que mil palavras, diz o ditado. O jornalismo saberá tirar proveito da fotografia logo após o desenvolvimento da técnica, assim como a publicidade e a propaganda, práticas em que as escolhas de linguagem comunicam experiências de realidade, para o primeiro, imaginada, neste último. A fotografia, porém, é orientada para um fato que descreve. Veja a Figura 9: FIGURA 9 – O FOTOJORNALISTA ENTRE O FATO E O PÚBLICO • Experiência • Realidade Vivida Fato • Recursos • Recortes • Escolhas Fotojornalista • Experiência • Transmitida Público FONTE: A autora Através da fotografia, o fotógrafo age como filtro que vive a experiência, tem contato direto com uma realidade. Dessa realidade, apreende traços que, ao serem selecionados, transmitem a um público – presente ou não na realidade percebida – informações do fato. Por meio da fotografia realizada pelo fotojornalista, o público é apresentado à realidade do fato. Para Monteiro (2016, p. 65): A fotografia faz parte da comunidade das imagens, mas também se distingue pela técnica de produção (mecânica), reprodutividade (produção de cópias) e ampla capacidade de circulação (imprensa, livro, outdoors etc.) e apropriação por diferentes grupos sociais. Ela realiza um corte na duração, o congelamento de um instante no tempo e um recorte no espaço através do enquadramento. Logo, é através das potencialidades técnicas e das habilidades fotojornalísticas do fotojornalista, que o recorte da experiência vivida – do fato – pode tornar-se possível. Vale lembrar que, de acordo com Sousa (2002), fotojornalismo não é pura e simplesmente o exercício da fotografia. Apenas as fotos que têm valor de notícia inscrevem-se no campo do fotojornalismo. São fotos que narramum fato. Assim, o fotojornalismo inscreve na narrativa do fato ou da experiência de realidade, aspectos do fenômeno observado e não o fenômeno todo. Através da foto, o fotojornalista escolhe que aspectos deseja reter para informar o seu público do fato. 27 Um processo ocorre entre o fato e a recepção pelo público. A foto não é nem “um espelho do real” (DUBOIS, 1993, p. 61 apud MONTEIRO, 2016, p. 65), como também não é a sua transformação ou “redução e distorção” (MONTEIRO, 2016, p. 65). O que é, então, a fotografi a que o fotojornalista apresenta a seu público sobre um evento ou fato testemunhado? Que relação se estabelece entre realidade vivida e realidade percebida? Para Monteiro (2016) é o caráter indicial, segundo o qual o fotojornalista designa aspectos perceptíveis do real por meio de uma técnica e um canal específi cos. De um lado estão a fotografi a e o fotógrafo, e de outro a mídia, capaz de construir eventos a partir de fatos comuns. A fotografi a contribui, assim, à construção do evento fotojornalístico na mídia. Para assentar essa afi rmação, recorre à Soulages (2010, p. 31-35 apud MONTEIRO, 2016, p. 66): Um acontecimento existe não só em função de seu reconhecimento por uma testemunha, mas principalmente em função de sua constituição como acontecimento por essa testemunha, seja ela fotógrafo ou historiador. Não há acontecimento pré-existente a seu reconhecimento. Não há um objeto-realidade a ser fotografado nem um sujeito que transforma um fenômeno visível em signo de um objeto a ser fotografado. Assim, podemos acrescentar ao esquema apresentado na Figura 10 um novo elemento ou fi ltro, que é a mída e que transforma o fato em evento: FIGURA 10 – O FOTOJORNALISMO ENTRE FATO E PÚBLICO: A MÍDIA • Experiência • Vivida Fato • Recortes • Escolhas Fotojornalista • Experiência • Transmitida • Evento Público Vamos lembrar que o fotógrafo olha através da objetiva que lhe permite capturar o acontecimento através de um agenciamento visual de planos, enquadramento, formas, linhas, luz e sombras etc. E esse recorte passa, em seguida, pelo meio ou canal que é a mídia, antes de chegar ao público. IMPORTANTE FONTE: A autora Resulta, então, um conjunto de saberes e implicações que situam o fotojornalista num cruzamento de áreas. Além da técnica fotográfi ca, da arte, dos discursos, abraça o campo da História, na medida em que contribui à construção da narrativa e, pelo mesmo motivo, à inscrição de uma memória coletiva que tenderá a se instaurar no tempo, já que a imagem permanece. 28 Essa construção narrativa integra em si um “padrão de verdade” (PICADO, 2013, p. 31 apud MONTEIRO, 2016, p. 67) ligado não tanto ao caráter pictórico da imagem – a foto é bonita? A foto é bem-feita? –, mas a traços simbólicos ou bagagem simbólica, já que, tanto o fotojornalista quanto o seu público, apelam ao seu conjunto de representações, sua “iconoteca” ou “estoque próprio de imagens dentro do conjunto de imagens socialmente partilhadas em uma determinada época” (MONTEIRO, 2016, p. 67). Daí a proximidade com as Ciências cognitivas, as práticas sociais, a Antropologia, além das já citadas Artes, Comunicação, Semiótica, Linguística, Análise do Discurso, entre outras áreas. Vimos, então, que o fotojornalismo abrange conhecimentos e habilidades em um conjunto de áreas. Para Sousa (2002, p. 7): “o fotojornalismo é, na realidade, uma atividade sem fronteiras claramente definidas”. De modo global, porém, é, antes de tudo, um encontro entre a Fotografia e o Jornalismo, no qual uma foto narra um fato. No subtópico a seguir, nossa preocupação será delimitar o conceito de fotojornalismo e a abrangência desta prática atual. 2.2 CONCEITO DE FOTOJORNALISMO Como vimos, o fotojornalismo integra o escopo das mídias e suas áreas. Como fruto da união entre a fotografia e o jornalismo, está estreitamente ligado à imprensa, às publicações, à circulação das notícias e acontecimentos das sociedades, porém, é preciso distinguir o fotojornalismo da fotografia de imprensa. Pela mídia e a mídia impressa, transita um conjunto de fotografias, tais como anúncios ou ilustrações em colunas de lazer, receitas etc. São as fotoilustrações. Estas são fotos de imprensa, mas não são fotojornalismo. A fotografia de imprensa integra um processo editorial próprio de planificação e produção com finalidades específicas a cada caso. Um desses casos é o fotojornalismo ou, em outras palavras, o fotojornalismo é uma das ramificações da fotografia de imprensa (MONTEIRO, 2016). Nessa posição, coexiste com a fotoilustração. Veja na Figura 11: FIGURA 11 – FOTOGRAFIA DE IMPRENSA E FOTOJORNALISMO Foto-ilustração Fotojornalismo Fotografia de Imprensa FONTE: A autora O jornalismo visa “coletar, investigar, analisar e transmitir periodicamente ao grande público, ou a segmentos dele, informações da atualidade, utilizando veículos de comunicação (jornal, revista, rádio, televisão etc.) para difundi-las” (SIGNIFICADO, + = 29 2021, s.p.). Por estar integrado ao conjunto das fotografi as de imprensa, o fotojornalismo compreende as noções específi cas à imprensa e ao jornalismo tais como: atualidade, notícia, acontecimento, política e sociedade, noções estas que tendem a corresponder às diversas seções de um jornal (MONTEIRO, 2016). É nesse aspecto que a fotografi a jornalística se distingue da fotoilustração, da foto publicitária, por exemplo. A foto jornalística é, obrigatoriamente, associada ao traço de verdade, enquanto aquelas permitem a combinação, a criação e múltiplas formas de edição. A partir dessas distinções iniciais que excluem outros gêneros de fotografi a presentes na imprensa, o termo fotojornalismo refere-se tanto à “função profi ssional desenvolvida na imprensa quanto a um tipo de imagem utilizada por ela” (MONTEIRO, 2016, p. 68). Fotojornalismo corresponde, então, à união entre as potencialidades oferecidas pela Fotografi a à informaticidade característica do Jornalismo. A imagem é imediatamente comunicante e englobante do ponto de vista signifi cativo e imprime novos signifi cados à notícia, ao fato relatado. Conforme Avancini (2017, p. 245): “A linguagem fotográfi ca deve se comunicar informativamente com o leitor no sentido do conhecimento. O fotojornalismo, como portador de signifi cados, tem condições de tornar a notícia mais humana e ampliada”. Para Souza (2004, p. 12 apud MONTEIRO, 2016, p. 71-72) o fotojornalismo é: uma atividade que visa informar, contextualizar, oferecer conhecimento, formar, esclarecer ou ‘opinar’ através da fotografi a de acontecimentos, e da cobertura de assuntos de interesse jornalístico. O fotojornalismo atende a demanda de produção de um veículo de comunicação e se fi lia a sua linha editorial, buscando apresentar de forma clara, nítida e objetiva um acontecimento voltado ao consumo imediato no jornal/revista para um público amplo. O fotojornalista trabalha com a atualidade, visando mostrar o que está acontecendo no calor da hora e com a “linguagem do instante”. Nesse sentido, o fotojornalista possui um compromisso com a verdade e o real (MONTEIRO, 2016). Ao mesmo tempo, ao integrar os mecanismos da mídia em suas fi nalidades comerciais, ideológicas e culturais, o fotojornalismo integra o universo simbólico, trazendo para os leitores, por exemplo, as imagens que apelam à bagagem com a qual se identifi ca ou passíveis de provocar reação nas fotos impactantes e O termo fotojornalismo designa a função profi ssional – como prática – e o tipo de imagem utilizada nessa atividade (MONTEIRO, 2016). • Fotojornalismo = Potencialidades comunicantes da fotografi a aliadas à informatividade signifi cativa do Jornalismo. NOTA 30 sensacionalistas, sobretudo, quando publicadas na primeira página. Segundo Cartier- Bresson (1981, p. 386 apud MONTEIRO, 2016, p. 72), “A câmera permite fazer uma espécie de crônica visual do presente”. Integrado a uma equipe que se preocupa em divulgar o fato, o fotojornalista é
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