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Batalha espiritual

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Prévia do material em texto

espiritual 
batalha 
Sha’ul Bentsion 
 
A T E N Ç Ã O : 
ESTE LIVRO NÃO É GRATUITO 
Como funciona? 
Trabalhamos com base na confiança, crendo que as pessoas serão íntegras 
perante o Criador dos céus e da terra. 
Esta obra funciona à base de doações. 
Você é quem decide quanto o livro vale, ou quanto deseja doar para manter a 
obra operante, e faz uma doação para a obra dentro das suas possibilidades. 
Para quem, por razões financeiras, não puder nos ajudar com doação, o livro é 
cedido gratuitamente. 
Para quem quiser nos ajudar, pode fazê-lo através das contas abaixo: 
Itaú (preferencialmente) 
Ag. 7062 C/C 26683-3 ou 
Caixa Econômica Conta Poupança: 1374.013.93399- 5 (este 
número já inclui conta, agência e operação) 
 
 
 
 
Copyright 2009 – Grupo Torah Viva – Todos os direitos reservados. 
É expressamente proibida a comercialização ou impressão em larga escala 
sem o expresso consentimento do autor da obra. 
 
 
 
página 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D E D I C A T Ó R I A 
 
 
Aos seguidores de Yeshua 
que vivem (ou viverão) nos tempos finais, 
pois em muito se intensificará a batalha espiritual 
nos dias que antecedem o retorno de nosso Mashiach 
 
 
 
 
 
página 3 
 
Í N D I C E 
Introdução ...................................................................................................................................... 05 
Conhecendo o Inimigo 
A Criação: Revendo nossos Conceitos .............................................................................................9 
Criação e Batalha Espiritual ..............................................................................................................12 
O Esgotamento da Luz .................................................................................................................... 20 
Outros Homens? .............................................................................................................................. 22 
Porque Satan Caiu ........................................................................................................................... 25 
A segunda queda dos anjos 
A Narrativa da Segunda Queda....................................................................................................... 37 
A Reação dos Arcanjos ................................................................................................................... 44 
A Punição da Segunda Queda ......................................................................................................... 47 
O Espírito do Falso Mashiach ..........................................................................................................50 
Satan e os Anjos da Segunda Queda ..............................................................................................56 
Os tipos de demonios 
Os Seirim ......................................................................................................................................... 64 
Os Shedim ........................................................................................................................................ 67 
Alukot .............................................................................................................................................. 69 
Mazikim ............................................................................................................................................ 72 
Irim (Sentinelas) .............................................................................................................................. 74 
Ruchot-Raot ..................................................................................................................................... 76 
Tipos de Ruchot-Raot ...................................................................................................................... 82 
 
 
 
página 4 
Confronto com as trevas 
Klipot ............................................................................................................................................... 85 
Entre Klipot e Sefirot ...................................................................................................................... 95 
Identificando as Klipot ....................................................................................................................97 
Conclusão ........................................................................................................................................ 116 
Estratégias 
Estratégias para confrontar o inimigo ........................................................................................... 119 
Armadura de Elohim ...................................................................................................................... 120 
Primeira Tática ............................................................................................................................... 128 
Segunda tática ................................................................................................................................ 131 
Terceira Tática ................................................................................................................................ 132 
Quarta tática .................................................................................................................................. 133 
Os Servos de Satan ........................................................................................................................ 135 
A Ordem dos Ataques ................................................................................................................... 135 
Os sapatos das Boas Novas do Shalom. ....................................................................................... 137 
O Cinturão da verdade .................................................................................................................. 138 
A Couraça da Justiça ...................................................................................................................... 140 
O Capacete da Salvação ................................................................................................................. 141 
Armas na mão ................................................................................................................................ 143 
O Escudo da Fé............................................................................................................................... 145 
 
 
 
página 5 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
 
ara que nós possamos entrar no campo da batalha espiritual, é 
preciso conhecer muito bem o inimigo. Está é uma estratégia 
de guerra muito importante para qualquer batalha: se não se 
conhece seu inimigo, não se estuda o inimigo, é mais difícil combatê-lo. 
111 
P 
C O N H E C E N D O 
O I N I M I G O 
 
 
 
página 6 
O objetivo desta obra é nos aprofundarmos em nosso conhecimento 
sobre o nosso inimigo espiritual, para que possamos compreender 
“como é” o reino das trevas e também “quais s~o” e “porque s~o” os 
seus objetivos reino das trevas. Ao fazermos isso, seremos mais 
capazes de nos protegermos. 
Uma pequena introdução sobre o assunto pode ser encontrada em 
Guilyana/Apocalipse 12: 
07. Então houve guerra no céu: Micha'el e os seus anjos 
batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos 
batalhavam, 
08. mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. 
09. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se 
chama o Enganador e Satan, que engana todo o mundo; foi 
precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele. 
10. Então, ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegado 
o livramento, e o poder, e o reino do nosso Elohim, e a autoridade 
do seu Mashiach; porque já foi lançado para baixo o Acusador de 
nossosirmãos, o qual diante do nosso Elohim os acusava dia e 
noite. 
Observamos aqui que há uma guerra espiritual como pode ser visto 
nestes versos. Evidentemente que esta guerra espiritual verá a vitória 
de Micha’el, que é um dos chamados “príncipes dos anjos”, também 
popularmente conhecido como arcanjo. Ele é o arcanjo chefe das 
hostes celestiais dos anjos de guerra. Continuando no texto, temos: 
11. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu 
testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte. 
 
 
 
página 7 
Neste versículo n~o h| referência a Micha’el e as suas hostes pois os 
anjos n~o sofrem a morte física, e portanto s~o incapazes de “amar a 
vida até a morte”. Isto é algo tipicamente humano. 
Quem são estes então que preferem a morte a se dobrarem ao inimigo 
e que batalham contra o inimigo? A resposta está em: 
17. E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra aos 
demais filhos dela, os que guardam as Mitzvot (mandamentos) de 
Elohim, e mantêm o testemunho de Yeshua. 
Não é só ter o testemunho de Yeshua, mas também guardar os 
Mandamentos de Elohim. Estes são aqueles que prevaleceram contra o 
inimigo. 
Então existe também uma participação do ser humano nesta batalhas 
espiritual. É uma batalha entre Micha’el (acompanhado dos anjos do 
Eterno) e os anjos caídos, controlados por este dragão que os lidera. 
Veremos a seguir quem é este dragão. 
A primeira pergunta que nos fazemos é: Como seria o papel do ser 
humano nesta guerra? Se olharmos para Dani’el 10: 
12. Então me disse: Não temas, Dani’el, porque desde o primeiro dia 
em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te 
perante o teu Elohim, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por 
causa das tuas palavras. 
13. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu vinte e um dias, e 
eis que Micha’el, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, 
e eu fiquei ali com os reis da Pérsia. 
Vemos aqui o que acontece: Dani’el fez algo que influenciou esta 
guerra. Havia uma batalha entre o anjo que vinha trazer a resposta a 
Dani’el e uma potestade do reino da pérsia. 
 
 
 
página 8 
Mas o que foi afinal, que Dani’el fez? 
Se olharmos nos versos seguintes, temos: 
2. Naqueles dias eu, Dani’el, estive triste por três semanas. 
3. Alimento desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na 
minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as 
três semanas. 
O que Dani’el fez? 
Dani’el orou e jejuou! E est| é uma das fórmulas interessantes e 
importantes para que se combata o inimigo. Temos também em 
Zechariyah/Zacarias 3: 
2. Mas YHWH disse a Satan: YHWH te repreenda, ó Satan, sim, o 
YHWH, que escolheu Yerushalayim, te repreenda; não é este um 
tição tirado do fogo? 
Aqui Satan tinha vindo acusar ao Cohen Hagadol (o sumo sacerdote) 
da época. Podemos ver claramente o elemento “acusaç~o” na batalha 
espiritual. 
Vemos também mais um elemento desta luta em Yehudá/Judas 1: 
09. Mas quando Micha'el, chefe dos anjos, discutindo com o 
Acusador, disputava a respeito do corpo de Moshe, não ousou 
pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor te 
repreenda. 
Aqui fica clara a função de Satan enquanto acusador. Tudo isto será 
tópico do nosso estudo presente. Por enquanto, nos é importante 
compreendermos que: 
Existe um inimigo poderoso, e precisamos conhecê-lo. 
 
 
 
página 9 
A batalha espiritual é entre anjos, porém conta com a participação do 
ser humano. 
A Criação: Revendo nossos 
Conceitos 
Antes de entrarmos na quest~o “do que fazer”, é realmente necess|rio 
conhecer melhor o inimigo. E para isto, vamos ter que deixar de lado 
alguns conceitos que são comuns em nossa atual compreensão. 
Conceitos esses que muitas vezes se baseiam mais na nossa cultura do 
que em elementos bíblicos propriamente ditos. 
Neste estudo iremos aprender que muitas coisas e muitos conceitos 
têm de ser desafiados e mudados, a partir da melhor compreensão dos 
textos Bíblicos em questão. 
 
Temos alguns textos nos profetas que falam de Satan. Mas, antes de 
entrar nestes textos, vamos { Tor| para algo que “passa meio 
despercebido” das pessoas, em Bereshit/Gênesis 1: 
01. No princípio criou Elohim os céus e a terra. 
02. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do 
abismo; e a Ruach de Elohim se movia sobre a face das águas. 
 
 
 
 
 
página 10 
Há alguns conceitos interessantes aqui: 
 Que “abismo” era este, que havia no principio da criaç~o? 
 Havia “trevas” no inicio da criaç~o? 
Repare que muitas vezes acabamos lendo mais do que a Bíblia nos diz, 
mesmo em textos simples. A Bíblia diz que o Eterno disse “haja luz, e 
houve luz”. A Bíblia diz apenas que “houve luz”. A maioria das pessoas 
logo pensa que toda a luz foi criada nesse momento. Mesmo se 
fôssemos supor que essa é uma interpretação válida, ela ainda assim é 
interpretativa, pois a Bíblia jamais afirma tal coisa! A Bíblia jamais 
afirma que toda a luz foi criada naquele momento único. A Bíblia jamais 
afirma que não havia luz antes daquele momento. 
Veremos a seguir essa hipótese, além de não ser a única possível, é a 
menos provável. Teoricamente, se absolutamente toda a “luz” tivesse 
vindo a existir apenas naquele momento, o texto de Gênesis/Bereshit 
teria seu sentido totalmente prejudicado. 
Para entendermos a raz~o, tomemos como exemplo o “frio”. O “frio” 
existe apenas com a “ausência do calor”. O frio só pode ser definido 
pela ausência do calor. Se o calor não existisse, não existiria o frio, do 
ponto de vista físico! Afinal, o frio é definido a partir da “ausência” de 
algo que “existe”, que é o calor. Se o calor n~o existisse - como o frio 
poderia ser a “ausência” de alguma coisa que “n~o existe”? 
Se uma coisa “n~o existe”, ela n~o pode estar “ausente”! 
Não é difícil percebermos, pela lógica mais elementar, que só pode 
estar “ausente” ou “presente” alguma coisa que “existe”, o que pelo 
menos já existiu um dia. 
 
A Bíblia fala que havia trevas. Como podemos definir trevas? 
 
 
 
página 11 
Como “ausência de luz”! Ou seja, as trevas também “existem” com 
base em um referencial. Da mesma forma que o “frio” existe com base 
no referencial “calor”; as “trevas” existem com base no referencial 
que é a “luz”. 
Se a “luz” n~o tivesse sido criada ainda, logo as “trevas” n~o poderiam 
existir, deixando o texto bíblico sem sentido, se a toda e qualquer que 
jamais existiu fosse criada ali naquele momento. 
Alguns podem alegar: “Ent~o você est| contradizendo o que diz a 
Bíblia?” N~o! 
Como foi dito anteriormente, o problema é que estamos desafiando 
um conceito que “embutimos” na Bíblia e que n~o percebemos que o 
fizemos. Quando olhamos para o versículo 3 de Bereshit/Gênesis 1, 
lemos assim: 
“E disse Elohim: haja [toda a] luz [do universo] e houve [toda a] 
luz [do universo]”. 
Ora, mas a Bíblia não diz isso – diz apenas “haja luz, e houve luz” – não 
h| a palavra “toda”, muito menos a express~o “do universo”! 
E mais: Sabemos ainda que o Eterno é luz. Ora, se Ele é luz, então isso 
confirma a tese de que alguma luz também já existia, pois Ele já existia. 
Repare que o relato de Bereshit/Gênesis é muito mais complexo do que 
parece. 
 
Outro texto frequentemente mal traduzido é: 
2. E a terra era sem forma [tohu] e vazia [vevohu]; 
Para os termos hebraicos utilizados originalmente, fazem com que as 
pessoas tenham muita dificuldade na traduç~o. “Tohu vevohu” 
 
 
 
página 12 
significa literalmente “caótica e disforme [ou desolada, destruída, 
acabada etc.]”. Com isto, “a terra era caos e desolaç~o” j| seria a 
melhor tradução. 
Porém, o termo “hait|”, usado para se referir { terra, n~o significa 
necessariamente “ser”. Pode significar também “estar” ou ainda 
“tornar-se”. 
N~o é difícil percebermos que uma leitura ainda melhor aqui seria “a 
terra estava em caos e desolaç~o”. 
Diante disso, começamos aentender porque é que alguns testes de 
carbono 14 e outras pesquisas geológicas noticiam que a Terra tem 
bilhões de anos. Não necessariamente isto contradiz a Bíblia, pois esta 
diz que “a terra estava caótica e desolada”. 
Criação e Batalha Espir i tual 
Qual a relação disto com o tema “batalha espiritual”? 
Vamos usar dois textos bastante conhecidos, bem como bastante 
interessantes, como Yeshayahu/Isaias 14: 
12. Como caíste desde o céu, ó brilhante [Heilel], filho da alva [ben 
Shachar]! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as 
nações! 
13. E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas 
de Elohim exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me 
assentarei, aos lados do norte. 
 
 
 
página 13 
14. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao 
Altíssimo. 
Devemos entender que frequentemente os profetas pronunciavam 
juízo sobre os “príncipes” das nações. Isto é, sobre as forças espirituais 
que estavam por detrás dos governantes. Pela própria seqüência do 
texto, vemos que este é um momento em que o profeta começa a falar 
para a potestade que estava por trás do rei de Bavel (Babilônia), pois 
evidentemente não era o rei humano de Bavel (Babilônia) que desejava 
subir acima das estrelas, acima do trono do Eterno, ou mesmo ser 
semelhante ao próprio Eterno. 
Da mesma forma que no texto de Yehezkel/Ezequiel 28, o profeta não 
está falando diretamente ao rei de Tiro, mas sim à potestade que 
estava por detrás dele. Afinal, o rei humano de Tiro jamais foi anjo, 
muito menos ainda esteve no Gan Eden (jardim do Éden): 
12. Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e 
dize-lhe: Assim diz o Adonai YHWH: Tu eras o selo da medida, cheio 
de sabedoria e perfeito em formosura. 
13. Estiveste no Éden, jardim de Elohim; de toda a pedra preciosa 
era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ônix, 
jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus 
tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram 
preparados. 
14. Tu eras o keruv ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte 
santo de Elohim estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. 
15. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste 
criado, até que se achou iniqüidade em ti. 
 
 
 
página 14 
Esses dois relatos se referem à Satan, ao inimigo. O primeiro deles 
chama o inimigo de Heilel Ben Shachar, que significa literalmente 
“portador de luz, filho da manh~”, embora alguns tenham traduzido 
equivocadamente como “estrela da manh~”. 
Mas, no hebraico, Heilel n~o é “estrela”. A palavra correta para estrela 
é cochav. A palavra Heilel é o “portador de luz” e Ben Shachar é “filho 
da manha”. Aqui vemos que a confus~o de se chamar tanto Yeshua 
quanto Satan de “estrela da manha” surge apenas devido a uma 
tradução equivocada. 
Vimos então que Satan era uma criatura, chamada de “portadora de 
luz”. Em Yov/Jó 38 temos uma “dica” interessante: 
4. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se 
tens inteligência. 
5. Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes? Ou quem estendeu 
sobre ela o cordel? 
6. Sobre que estão fundadas as suas bases, ou quem assentou a sua 
pedra de esquina, 
7. Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e 
todos os filhos de Elohim jubilavam?. 
Quando a Torá e o Tanach falam nos benei Elohim há uma referência 
aos seres celestiais, o que chamamos de “anjos”, embora quando 
assim o fazemos j| estamos designamos uma “funç~o” que n~o 
necessariamente todos eles o têm. “Anjo” vem do grego “angellos” 
que significa “mensageiro” – termo que aparece na Septuaginta como 
traduç~o do hebraico “malach” (enviado/mensageiro). 
Porém, a Bíblia não chama todos os seres celestiais de mensageiros. 
Outros termos s~o encontrados, como “b’nei Elohim” (filhos de 
 
 
 
página 15 
Elohim), “haelohim” (os poderosos), ou ainda “haeliyonim” (os 
elevados). Acabamos, por convenç~o, adotando o termo “anjo” para 
nos referirmos a todos esses seres. Porém, devemos entender que isso 
é apenas uma convenção, e que nem todos têm a função de 
mensageiros. 
Reparem na passagem bíblica acima que havia “estrelas da alva” 
mencionadas por Jó/Yov e que as mesmas cantavam, e os anjos 
louvavam e jubilavam. Então Jó/Yov faz uma distinção entre as 
“estrelas da alva” e o resto dos anjos. E se juntarmos isso com a 
referência a Heilel, percebemos que estes anjos _ alguns dos quais são 
chamados de “estrelas da manh~” _ s~o anteriores { criaç~o da terra, e 
que já louvavam ao Eterno nessa época. Vemos ainda, apenas a título 
de curiosidade, que havia estrelas antes da criação da terra. 
A referência {s “estrelas da manh~” se deve, como já vimos em nosso 
estudo sobre “Céu”, porque as estrelas s~o as habitações dos anjos. 
Eles ali habitam, e não em outro local metafísico. O chefe dos anjos 
seria identificado com as próprias estrelas, o que seriam uma 
referência aos chamados “arcanjos” ou “príncipes dos anjos”. 
Portanto, Heilel Ben Shachar seria um dos príncipes dos anjos, ou um 
dos chefes dentre os anjos. 
 
Retornando ao texto de Yeshayahu/Isaias 14 temos: 
13. E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas 
de Elohim exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me 
assentarei, aos lados do norte. 
14. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao 
Altíssimo. 
 
 
 
página 16 
Este arcanjo em particular quis ser maior do que os demais arcanjos. 
Ele quis ser especial, se achava maior. Ele muito certamente tinha 
algum tipo de função especial, caso contrário, ele não seria tão 
orgulhoso. 
Na express~o “exaltarei o meu trono” vemos que o trono j| existia, 
pois não foram usadas expressões como “criarei o meu trono” ou 
“organizarei o meu trono” que poderiam dar a entender o 
planejamento para um trono futuro. A expressão é clara ao afirmar que 
já havia um trono e, com isto, havia um reino implantado, onde ele já 
governava sobre alguma coisa. 
Isto é algo muito importante para que possamos entender o contexto 
existente. 
 
Em Yehezkel/Ezequiel 28 temos: 
14. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no 
monte santo de Elohim estavas, no meio das pedras afogueadas 
andavas. 
Na parte “Tu eras keruv”, ou “querubim” no português. Este termo 
significa “próximo”, pois está é talvez a categoria mais elevada dos 
anjos, por ser a mais próxima do Eterno. Dizem nossos sábios que eles 
s~o completamente feitos de fogo; e, por isto, ele era o “portador da 
luz”. 
 
Aonde era o trono de Heilel? 
 
 
 
 
página 17 
Quando um judeu lesse a passagem “no monte santo de Elohim, 
estavas”, a interpretaç~o judaica correta sobre a localizaç~o do monte 
kadosh só pode ser o monte Sião, que é conhecido como monte do 
Senhor. O trono de Heilel era no monte santo do Eterno naquela 
época. 
Claramente a Terra já existia em Gênesis/Bereshit 1; e esta Terra tinha 
um governante que era um representante do próprio Eterno, um anjo 
do próprio Eterno, chamado de Heilel Ben Shachar. 
Vejam que isto é um conceito muito diferente do que nós estamos 
acostumados. 
Ele era perfeito, por que foi criado sem pecado (versículo 12 “Tu eras o 
selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura”), cujo 
trono foi estabelecido pelo Eterno. 
Vemos sua ratificação desta posição em Curintayah Beit/2º Coríntios 
4:4: 
no qual o deus deste século [“alma” no aramaico] cegou os 
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz 
das Boas Novas da glória do Mashiach, o qual é a imagem de 
Elohim. 
A palavra aramaica “Alma” possui um conceito muito diferente do que 
estamos familiarizados. Normalmente, pode ser traduzida por: “século, 
mundo”. Isto é uma dificuldade tanto no hebraico como no aramaico, 
pois tanto o termo hebraico “Olam” ou o aramaico “Alma” pode ser 
referir ainda a: “totalidade da criação,totalidade do mundo ou a um 
tempo ou a um século”. 
Além da famosa expressão L’olam, abreviaç~o “L’olam vaed” que 
significa literalmente “até o mundo vindouro”. Atualmente, mesmo 
nos meios judaicos, tal expressão é traduzida como “eternidade”. 
 
 
 
página 18 
Porém, esse conceito atual de eternidade no pensamento semita 
primitivo não existia, e provém do contato com outras culturas. 
A razão para tal dificuldade está no fato de que, no pensamento 
semita, o termo “mundo” n~o era pensado sem que se fosse 
considerada a realidade presente. N~o se pensava em “um mundo, 
diferentes épocas”. Pensava-se em algo como “cada época tem o seu 
mundo”. Pensava-se que uma nova época representaria um novo 
“olam”/“alma”, isto é, o mundo era condicionado ao fator tempo. Este 
é um conceito um tanto estranho para nós que estamos acostumados 
com a estrutura de pensamento grego, e razão pela qual às vezes é 
difícil traduzirmos a expressão em questão. 
No versículo acima, Satan é denominado como o “deus deste século” 
ou, como algumas traduções tratam, como o “príncipe deste mundo”. 
Rav. Sha’ul está fazendo uma referência, uma alusão, justamente a 
este fato. 
Há inclusive outro jogo de palavras - pois um dos nomes pelos quais 
Satan é conhecido é Sama’el (veremos isso mais adiante), que significa 
literalmente “deus da cegueira” ou o “deus cego” - pois no jogo de 
palavras de Rav. Sha’ul este é o deus que cegou o entendimento. O 
nome Sama’el é usado extensamente na literatura judaica. 
Antes de Gênesis/Bereshit, antes do principio tal qual nós conhecemos, 
a Terra já existia e era governada por este arcanjo, assim como outras 
regiões, outros mundos, estrelas etc., eram governados por outros 
destacamentos por seres celestiais. Isto permite até a admissão da 
tese de vidas em outros planetas inclusive, embora não seja o escopo 
deste estudo. 
Muito provavelmente o que deve ter acontecido é que o homem era a 
criação mais especial do Eterno, como dizem os sábios judeus que os 
 
 
 
página 19 
homens, em uma série de questões, são superiores aos anjos, como é 
confirmado também pelos Ketuvim Netsarim (Novo Testamento). 
Havia seres humanos, com o governo de Heilel como representante do 
Eterno na Terra. Só que em um dado momento, ele se envaideceu com 
aquilo. E, muito provavelmente, conforme alguns indícios, este passou 
a ser adorado pelos habitantes primitivos da Terra. Tanto ele quis ser 
adorado, quanto também o quiseram os anjos que lhe haviam sido 
destacados. 
Certamente, se as Escrituras dizem que levou um terço dos anjos dos 
céus, havia um destacamento muito especial para nosso planeta, que 
era uma criação especial do Eterno. 
Dizem os sábios que Yerushalayim (Jerusalém), onde há o monte Sião, 
seria o centro do Universo. Se tomarmos isto como fato, podemos 
entender por que o arcanjo quer governar está região, pois é o centro 
do Universo. Seria o local onde o Eterno estabeleceria toda a sua 
glória. 
Em um dado momento, este ser decidi que ele não quer mais seguir a 
nada. Não quer mais ser representante de nada ou de ninguém. Ele 
passa a ser conhecido como um título de “aquele que é sem senhor”. 
Ele passa a se auto denominar como aquele que é sem senhor. Ele 
acha, então, que ele não precisa dar satisfações a ninguém e não há 
ninguém acima dele. Ele se envaidece com a quantidade de anjos que 
estavam servindo sob o comando dele e, provavelmente, se envaidece 
também com os homens que vinham e prestavam reverência nesta 
geração pré Adam, passando a receber adoração. 
Isto d| origem semita primitiva de um termo chamado “Beli’al”, o qual 
passa a ser conhecido como tal. O termo significa literalmente “aquele 
que n~o tem [Beli] acima [al]” 
 
 
 
página 20 
Como percebemos, a questão geográfica é de extrema importância. 
Pelo que vimos, podemos logo perceber que o culto a Beli’al surgiu na 
região de kena’an, em uma geração pré-adâmica. Isso explica o porquê 
de, dentro tantos lugares, dentre tantas possibilidades, Satan se 
importa tanto com aquele lugar. 
 
Por que é que ele se importa tanto ao ponto de estabelecer uma 
mesquita para ele próprio, naquele local? 
Justamente porque o principio da sua adoração era ali e ele sabe que 
ali é o centro do universo, espiritualmente falando. É naquele local que 
se estabelecerá o trono de Elohim em Seu retorno. 
O essencial da idéia de Beli’al é a negaç~o da sua miss~o dada através 
autoridade do Eterno a ele. 
O Esgotamento da Luz 
Num dado ponto, o que acaba acontecendo obviamente com qualquer 
“portador de luz” longe da Fonte da Luz? 
Obviamente temos as fontes da luz, o qual a Cabala chama de luzes 
supernais que seriam os ter pilares do Eterno, o qual é assunto para 
outro estudo. 
O que acaba acontecendo com uma sefirá que não brilha mais? Forma-
se uma kipl|, uma “casca”, sobre aquela fonte de luz ou aquele vazo 
que reflete a luz. Isto é, a sefirá começa a ficar opaca e perder luz. 
 
 
 
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É justamente por isto que ele é conhecido na literatura judaica por 
Sama’el, o deus da cegueira, ou deus cego. 
Em um dado momento, essa casca acaba gerando escuridão, 
obviamente. A luz se esvai e então temos a escuridão. Assim, 
conseguimos voltar a questão inicial de Gênesis/Bereshit 1 que fala que 
“a Terra estava caótica e desolada”. 
Isto dá a entender justamente que a Terra foi palco de alguma(s) 
guerra(s) espiritual(ais), culminando no destronar de Sama’el. E, 
certamente, ele não ficou nem um pouco satisfeito com a situação. 
E é interessante aqui, entrando um pouco no “ramo da especulaç~o”, 
quando lemos em Ezequiel 28: 
13. Estiveste no Éden, jardim de Elohim; de toda a pedra preciosa 
era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ônix, 
jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus 
tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram 
preparados. 
Aqui temos uma suposição acerca das pedras preciosas que existem na 
Terra – e a cito aqui claramente como hipótese da literatura judaica 
sem avaliar se a mesma é ou não verdadeira. Por esta hipótese, um dos 
motivos pelos quais a Terra é cheia de pedras preciosas é que tais 
pedras sejam um resquício, como que ruínas das gloriosas construções 
em pedras preciosas que havia durante o reinado de Sama’el. Ou 
talvez, a composição química e geológica da terra já tivesse o 
propósito de fornecer matéria-prima para os palácios que nela seriam 
construídos? 
Poderíamos imaginar, se continuarmos em tal suposição, que teriam 
havido templos, pátios, fontes, jardins etc., que o Eterno teria criado, 
ou dado a incumbência aos anjos e/ou aos homens de criarem e que, 
 
 
 
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no momento de uma guerra ou destruição de tudo aquilo, estes teriam 
se tornado uma “massa disforme” e, a partir desta, você teria est| 
origem relatada em Bereshit/Gênesis 1. 
Talvez possamos mergulhar ainda mais fundo na especulação - e não 
há nada de errado em especularmos, desde que saibamos os limites de 
uma especulação e não a transformemos em verdade absoluta. Será 
que as extinções em massa de algumas espécies poderiam ser um fruto 
no mundo material dessas batalhas espirituais ocorridas nos tempos 
antigos? Repare que a Bíblia revela muito pouco a respeito desse 
tempo primordial, e aí está o perigo do desenvolver uma visão religiosa 
que feche os olhos para os avanços do conhecimento científico – pois 
quase sempre essa visão religiosa estará pautada, na melhor das 
hipóteses, em uma possível leitura, dentre inúmeras ou, na pior das 
hipóteses, em meras especulações. 
Outros Homens? 
É fato que, por exemplo, como em Gênesis/Bereshit, através da 
cronologia temos: 
 O Eterno cria Adam, cria Chavá, estão no Gan Eden; 
 Depois são levados para fora do Gan Eden; 
 Em Gênesis/Bereshit 4, Chavá dá a luz a Havel e Cayin; 
 Quando Cayin mata Havel, temos em Gênesis/Bereshit 4 : 
14. Eisque hoje me lanças da face da terra, e da tua face me 
esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo 
aquele que me achar, me matará. 
 
 
 
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Como seria possível alguém matar Cayin, no versículo acima, se havia 
a Terra teria sido criada naquele momento? 
Por esta visão, não tínhamos apenas Adam (Adão), Chavá (Eva) e Cayin 
(Caim), pois Havel (Abel) havia sido morto? 
Se pensarmos no pressuposto anterior, quem mataria Cayin não seriam 
as criaturas celestiais, pois elas não precisariam achar a Cayin. Elas 
sabiam onde ele estava. 
O que se percebe é que não havia outros irmãos ainda naquela época. 
Pela leitura tradicional, não haveria mais ninguém além dos 4 
mencionados. 
Pelo paradigma da suposição de que toda a criação ocorreu no relato 
de Gênesis/Bereshit, só teríamos os pais para o assassinarem, pois 
seriam apenas os três existentes naquele momento. 
A única explicação que faz sentido é a de que havia outras pessoas 
nesta Terra. 
Adam foi o primeiro desta nova criação que o Eterno realizou. Não foi a 
primeira criação cronologicamente falando, ficando bem evidente 
neste texto bíblico. A literatura judaica tradicional vai na mesma 
direção, havendo ainda alguns que defendem um gap temporal em 
Gênesis/Bereshit 1 e 4. 
Portanto, como havia homens nesta Terra, com quem está claro que o 
Eterno não estabelecia relacionamento, concluímos que estes eram os 
antigos servos de Sama’el. Alguns chegam a dizer que poderiam ser 
seres sem a Ruach Elohim (o Espírito de Elohim), embora aí novamente 
caiamos no campo das suposições. Não é possível sermos dogmáticos 
quanto a esses outros homens que existiam na terra. 
É possível que haja outras explicações, mas não apenas é importante 
entendermos que eles existiam, como ainda entendermos que o relato 
 
 
 
página 24 
da criação em Bereshit (Gênesis) claramente não é um relato da 
totalidade das coisas, no que diz respeito à terra. 
Alguém poderia perguntar se isso contradiz Ruhomayah (Romanos) 
5:12, que afirma que o pecado entrou “no mundo” por meio de um 
homem. É preciso entender, como expliquei anteriormente, que o 
conceito de “mundo” no pensamento semita est| associado a uma 
época. Ali|s, como vimos anteriormente, a própria express~o “alma” 
pode ser traduzida como século. Não é difícil percebermos que 
Ruhomayah (Romanos) 5:12 não lida com a totalidade do pecado - 
explico: O versículo nada diz sobre, por exemplo, o pecado de Sama’el 
e de outros anjos. 
De forma análoga, o texto de Ruhomayah (Romanos) 5:12 se refere ao 
início do pecado nesta época. Isso também não é difícil de ser 
percebido uma vez que entendamos o conceito da palavra “alma”, que 
aparece no original aramaico. 
Repare quanta coisa é inferida dos textos bíblicos pela cultura 
normativa sem que de fato esteja escrita. Para nós, basta nos atermos 
exclusivamente à leitura do texto. Temos que tomar o cuidado de não 
partirmos para a eisegese, que é o inserir nossas próprias conclusões 
dentro do texto, fazendo-o dizer muito mais do que ele 
verdadeiramente diz. Podemos sim interpretar um texto, mas devemos 
separar o que é interpretação do que é escrito de fato. 
 
 
 
página 25 
Porque Satan Caiu 
Ora, qual foi o problema de Sama’el? O que poderia ter levado um 
arcanjo a se rebelar contra Elohim? 
O problema é muito mais simples do que poderíamos supor: O 
problema principal foi o orgulho, que foi seguido pelos ciúmes. 
Já vimos anteriormente como os relatos proféticos falam do desejo de 
Satan de ser maior do que todos os seus semelhantes, querendo 
superar até o próprio Elohim. Em Chochmat Shlomo (Sabedoria de 
Salomão), livro que figura dentre os chamados apócrifos judaicos 
(embora estejam nos cânons mais primitivos) diz que: 
“é por ciúmes ou inveja de Satan que a morte entrou no 
mundo e os que pertencem a Satan prová-la-ão”. 
A partir do ciúme de Satan, há o relato da tentativa dele de desvirtuar 
aquela nova criação do Eterno no Gan Eden. 
Até hoje temos nas religiões primitivas são encontrados livros que 
fazem invocaç~o de Beli’al como sendo senhor dos demônios. 
Na Enciclopédia Judaica, acerca de Beli’al, temos a seguinte 
contextualizaç~o, dentro do “testamento dos doze patriarcas” que 
estão nos comentários Talmúdicos: 
Nos testamentos dos doze patriarcas, Beli’al é o arquiinimigo 
do qual emanam os sete espíritos de sedução que afligem o 
homem no seu nascimento, que se apoderam do seu 
nascimento. (Reuven 2, Levi 3, Zevulum 9, Dan 1, Naftali 2, 
 
 
 
página 26 
Binyamin 6 e 7), a fonte da imundícia e da mentira (Reuven 4 
e 6, Shimon 5, Yissachar 6 e 7, Dan 5, Asher 1 e 3), o espírito 
das trevas (Levi 19, Yossef 7 e 20); Ele, assim como 
Azaze’l,será oposto e acorrentado pelo Mashiach (Levi 18); 
E será jogado no lago de fogo para sempre. (Yehudá 15) E as 
almas capturadas por ele, serão arrancadas do seu poder. 
 
Em outra obra, “A ascens~o de Yeshayahu”, Beli’al é identificado como 
o próprio Sama’el (Malkira [Dan 5], possivelmente Malach Ra = O Anjo 
Maligno [N. do T: Ou Melech Ra = Rei Maligno] e também chamado de 
“anjo da anomia” [N. do T: oposiç~o { Tor|]) 
 
Isto parece familiar? 
O Talmud Bavli falando sobre Sama’el em Bereshit Rab| 19 diz que 
Sama’el é o senhor dos satanim, os inimigos, e ele era um príncipe 
poderoso dos anjos do céu. A tradição judaica confirmando justamente 
isto. 
Há uma menção aqui a outro demônio que nós vamos falar depois, que 
seria Lilith, que seria a esposa de Sama’el. Lilith é mencionada na Bíblia 
bem como na cultura babilônica. 
Há no Judaísmo tradicional uma controversa questão sobre Lilith ser a 
primeira esposa de Adam, mas só algumas correntes do Judaísmo 
dizem isto. Particularmente não acreditamos nisto, pois seria uma 
abominação. Creio que a questão fuja ao objetivo deste livro. 
 
 
 
 
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Voltemos à questão do pecado primordial do orgulho. Como ele era o 
representante do Eterno e o governante da região mais importante de 
toda a criação, e como governava um terço dos anjos, se entendermos 
que havia homens na terra naquela época, certamente o cortejavam, 
assim como o faziam os seus anjos comandados. Não é difícil 
entendermos porque ele passa a se sentir importante demais. E a partir 
daí começa o grande problema. 
Justamente uma das praticas que ele incentivava, segundo Sefer 
Yovelim (Jubileus) que diz assim sobre eles: 
“...então eles fizeram para si imagens de fundidas, as quais 
adoraram, cada um o ídolo que havia fundido para si. Pois os 
espíritos malignos sobre seu príncipe Mastema, o desviaram para o 
pecado e para a imundice”. 
Ent~o foi Sama’el que começou a difundir a idolatria. Ele obviamente 
encorajava seus súditos a terem alguma forma de representação dele. 
Isto explicaria porque há, nas culturas primitivas da chamada pré-
história, várias tentativas do ser humano de representar os seres 
celestiais. 
E h| coisas interessantes, entrando novamente no “campo da 
especulaç~o”: v|rias culturas milenares têm representações de 
dragões, que nos levam a concluir que, das duas uma: ou num dado 
momento existiu, como alguns acreditam, um animal que era 
semelhante a um dragão, ou tais representações poderiam vir da 
tradiç~o de gerações e gerações representando Sama’el. 
Yovelim (Jubileus) afirma que esses anjos levaram o homem à idolatria. 
Com a destruição do reinado das trevas sobre o monte santo e sobre a 
Terra, Sama’el foi destronado e o Eterno começa a preparar o Seu 
Reinado. 
 
 
 
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É como se, após essa batalha na Terra nas suas gerações primitivas, o 
Eterno dissesse: “agora Eu mesmo governarei sobre a Terra.”. Assim, o 
Eterno estabelece o Gan Eden (Paraíso) e gera uma geração de 
homens à Sua própria imagem e semelhança (espiritualmente) para 
com Ele reinar a partir do Gan Eden. 
 
Aqui entramos, portanto, na segunda motivaç~o de Sama’el, que é o 
ciúme dessanova criação do Eterno. Vale ressaltar que até o momento, 
o homem não era uma criatura muito importante, do ponto de vista da 
conjuntura da oposição entre os poderes celestiais. 
Este ciúme de Sama’el pode ser por v|rios motivos: primeiro pode ser 
pela importância que o Eterno deu ao homem, que passou a ser o 
centro da criaç~o. Sama’el pode ter pensando: Que aud|cia do Eterno 
colocar como governante aqueles seres desprezíveis! 
Um segundo motivo de ciúme pode estar no fato de que este novo 
homem feito, espiritualmente, à imagem e semelhança do Eterno, 
adorava exclusivamente a Ele. Sama’el queria ser adorado também por 
aquela geração do Gan Eden. 
Um terceiro motivo pode ter sido por conta do fato do Eterno atribuir 
a outros anjos a tarefa de cuidar de sua nova criação especial, por 
exemplo. 
Pode ser que um dos motivos acima tenha sido o verdadeiro. Pode ser 
que fosse uma combinação de todos. Pode ser ainda algo muito 
diferente. Mas o importante é: Essencialmente, há o ciúme. 
Ele então passa, de geração em geração, a tentar destruir o homem de 
diversas maneiras. 
E, obviamente, o que ele quer é voltar a estabelecer seu trono no 
monte sagrado, e ser adorado pelos homens. O trono dele 
 
 
 
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anteriormente era o trono de um governo representativo, autorizado 
pelo Eterno aos seus arcanjos para governarem em Seu nome. A 
vaidade de Satan o consumiu, e evidentemente ele agora deseja um 
trono absolutamente desengajado de qualquer propósito. Ele quer ser, 
em termos bem simples, a maior autoridade do universo. 
H| um outro relato em Yovelim (Jubileus) que diz “o espírito de 
Mastema n~o reinara sobre eles”, falando da geraç~o de Avraham 
Avinu: 
O espírito de Mastema não reinara sobre eles, ou sobre a tua 
semente, para te fazer desviar do Eterno, que é teu Elohim agora e 
para sempre. E que seja o Elohim por ti um Pai e que tu possas ser 
como um primogênito para Ele e que Ele possa ser um Pai para teu 
povo para sempre. 
 
Temos aqui também o texto de Lucas 10: 
18 Respondeu-lhes ele: Eu via Satan, como raio, cair do céu. 
19 Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e 
sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum. 
Como dissemos no estudo em Apocalipse/Guilyana, “serpentes e 
escorpiões” s~o “poderes espirituais” e nada tem a ver com o que é 
feito nos EUA, onde há igrejas e cultos de pessoas que trazem 
serpentes e escorpiões para pisarem em cima. 
O texto aqui é sobre poderes espirituais caídos, da mesma forma que 
Satan caiu como raio do céu. 
Voltando para a batalha espiritual, se formos para Apocalipse/Guilyana 
12: 
 
 
 
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07 Então houve guerra no céu: Micha'el e os seus anjos batalhavam 
contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, 
08 mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. 
09 E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se 
chama o Enganador e Satan, que engana todo o mundo; foi 
precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele. 
A express~o “antiga serpente” ou “antigo”, no aramaico e hebraico 
tem a expressão “becadmim”/“becadma” é entendido como “nos 
primórdios”. 
Após isto, há a grande vitória: 
10 Então, ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegado 
o livramento, e o poder, e o reino do nosso Elohim, e a autoridade 
do seu Mashiach; porque já foi lançado para baixo o Acusador de 
nossos irmãos, o qual diante do nosso Elohim os acusava dia e 
noite. 
11 E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu 
testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte. 
Após temos a expressão no aramaico Akel Kartsa, ondel Akel é 
“acusador” e Kartsa é “devorador ou destruidor”, que juntos formam 
a express~o “aquele que acusa para destruir” o qual seria 
figurativamente como um “advogado de acusaç~o”, ou um 
“promotor”. 
Esta é a dupla função dele: acusar para destruir. Acusar tanto no 
sentido de dizer ao Eterno o quanto o ser humano é falho, como temos 
em Jó/Yov; mas também a idéia de blasfêmia, como na carta Yehudá 
(Judas), onde não ousou preferir uma blasfêmia contra os filhos de 
Israel. Também há está idéia de blasfemar ou proferir maldições. 
 
 
 
página 31 
E esse devorador ou destruidor, aquele que está pronto para 
“arregaçar com tudo”, quer “vingança”. Ele entende que, uma vez que 
o reino dele foi arrasado pelo Eterno, ele também o direito ou o poder 
para fazer o mesmo com o reino do Eterno. 
Aqueles que venceram, diz o texto, venceram pelo sangue do Cordeiro 
e pela palavra do seu testemunho. O que é esta Palavra? Para os 
leitores do primeiro século, não haveria dúvida: a Torá. 
 
 
 
página 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
pesar da queda dos anjos ser assunto conhecido, pouca gente 
sabe que a narrativa bíblica nos dá a entender que houve uma 
“segunda queda”. 
222 
A 
A S E G U N D A 
Q U E D A D O S 
A N J O S 
 
 
 
 
página 33 
A Bíblia nos revela duas situações de pecado de anjos. A primeira 
refere-se { rebeli~o dos anjos com Sama’el, e que foi mencionada 
anteriormente. 
A segunda, menos conhecida, será abordada em duas partes: 
Primeiramente, os eventos que levaram à segunda queda e quem 
esteve na liderança desta, Mais adiante estudaremos sobre a natureza 
espiritual desses anjos caídos, para que possamos entender como eles 
agem e quais são os seus objetivos. 
Nós temos três fontes que falam muito fortemente desta segunda 
queda dos anjos: a fonte primaria é o Sefer Chanoch (Livro de Enoque) 
que é citado por Yehuda como sendo uma profecia, e era 
evidentemente citado com Escritura. Considerando suas abundantes 
citações e referências no chamado "Novo Testamento", hoje a maior 
parte dos acadêmicos entende que de fato esse livro tinha enorme 
importância no Judaísmo do primeiro século. Semelhantemente, o livro 
é citado entre as obras canônicas também por alguns líderes nazarenos 
históricos importantes, tais como com Hegésipo ou Clemente. 
Sabe-se então que era um livro que detinha autoridade de cânon e, por 
uma serie de questões, acabou caindo do favor de alguns grupos 
religiosos. Do ponto de vista do Judaísmo tradicional e normativo, 
apesar das histórias do Sefer Chanoch permanecerem em outras obras, 
caiu de popularidade por profetizar fortemente acerca do Ben Adan – 
o Filho do homem, e obviamente que isto trazia um desconforto, pois o 
Cristianismo já crescia e era uma ameaça exatamente na época em que 
o cânon judaico foi fechado. 
Para a Igreja Romana, o livro era desconfortável, pois o Sefer Chanoch 
é fortemente favorável à obediência à Torá e isto também não foi bem 
visto numa época em que a fé estava, por assim dizer, sendo 
“desjudaizada” e os mandamentos perdiam sua importância teológica. 
 
 
 
página 34 
Mas, como disse, a história desses anjos caídos também é preservada, 
em igual teor, mas não igual em detalhamento, em outras fontes. Por 
exemplo, existe uma obra muito importante que é a “Colet}nea de 
Hagadot” que foi organizada no inicio do século XX por um judeu 
chamado Louis Ginsberg, menciona o relato dos anjos caídos. 
Temos também o Midrash de Azaz'el e Shemichazah, encontrado no 
Zohar, onde praticamente há um relato paralelo a Chanoch, além de 
outras referências da literatura judaica. 
Em outras palavras: Mesmo que o Judaísmo tradicional não reconheça 
o Sefer Chanoch com um status de livro inspirado, como reconheciam a 
maioria dos judeus daquela época (o que é evidenciado pelos achados 
históricos e arqueológicos dos essênios e dos nazarenos, por 
exemplo), este relato em particular (acerca dessa queda dos anjos) é 
uma unanimidade em todos os círculos judaicos. Ou seja, a fonte pode 
ser diferente, mas a história é a mesma. 
 
Em Gênesis/Bereshit 6 temos: 
1. E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se 
sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, 
2. Viram os filhos de Elohimque as filhas dos homens eram 
formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que 
escolheram. 
3. Então disse YHWH: Não contenderá a minha Ruach para sempre 
com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias 
serão cento e vinte anos. 
4. Havia naqueles dias Nefilim habitavam na terra; e também 
depois, quando os filhos de Elohim entraram às filhas dos homens 
 
 
 
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e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na 
antiguidade, os homens de fama. 
5. E viu YHWH que a maldade do homem se multiplicara sobre a 
terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era 
só má continuamente. 
6. Então arrependeu-se YHWH de haver feito o homem sobre a 
terra e pesou-lhe em seu coração. 
7. E disse YHWH: Destruirei o homem que criei de sobre a face da 
terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos 
céus; porque me arrependo de os haver feito. 
8. Noach, porém, achou graça aos olhos de YHWH. 
Temos aqui uma clara associação entre a iniqüidade e maldade que 
crescia na terra com a existência dos nefilim. O termo “nefilim” 
significa literalmente “gigante”. A Tor| nos diz que os nefilim eram 
filhos dos “filhos de Elohim” [B’nei Elohim] com as mulheres da Terra. 
O terno “B’nei Elohim” é um termo que nas Escrituras é aplicado quase 
que exclusivamente aos anjos. Portanto, eram anjos que vieram à 
Terra, adquiriram forma física e se profanaram com as mulheres. 
O interessante é que até mesmo Yeshua comenta que aos anjos não foi 
dado esse tipo de união carnal, quando os tsedukim (saduceus) 
perguntam a Ele sobre a ressurreição e Ele diz que na ressurreição não 
seríamos dados em casamento porque todos “seriam como os anjos”. 
Ou seja, os anjos não foram criados com esta finalidade, e muito menos 
ainda com a finalidade de se contaminarem com outra espécie, a saber, 
com as mulheres dos seres humanos. 
Sabemos que os anjos eram capazes de assumir a forma física de 
homens e se comportarem como tais, conforme vemos, por exemplo, 
 
 
 
página 36 
no relato de Bereshit/Gênesis 18, onde os anjos comem com Avraham 
(Abraão). Mesmo assim, é uma habilidade dada com o propósito 
específico de interagir com a humanidade a pedido de Elohim, e não 
algo dado para que os anjos buscassem experimentar da carnalidade. 
Não é, portanto, difícil compreendermos a ira de Elohim para com 
esses anjos. Em sendo espirituais, trocaram sua glória pelo prazer 
carnal. 
Se olharmos para dois textos no Ketuvim Netzarim, os denominados 
"Novo Testamento", em Yehuda 1, no mesmo texto que fala de 
Chanoch fala: 
06. aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a 
sua própria casa, ele os tem reservado em prisões eternas na 
escuridão para o juízo do grande dia, 
Isto é uma referência direta a estes anjos, pois menciona os anjos que 
deixaram suas habitações, ou seja, deixaram as habitações nas regiões 
celestiais. N~o é o caso dos anjos que se rebelaram com Sama’el, mas 
sim anjos que se rebelaram nesse exato momento, tal como a Torá 
assim o descreve. 
Em 2ª Pedro/Kefah Beit 2: 
04 Porque se Elohim não poupou a anjos quando pecaram, mas 
lançou-os no Tach’ti e os entregou aos abismos da escuridão, 
reservando-os para o juízo; 
O Tach’ti seria o nível mais baixo do She'ol ou Lugar dos Mortos. 
Obviamente, a “Morte” significa um afastamento da “Fonte da Vida” 
que é o Eterno; e o local onde é a habitação do trono de Satan é 
chamado de Tach’ti, ou algumas traduções o chamam de t|rtaro. 
 
 
 
página 37 
É o ultimo nível do She'ol e onde os anjos foram jogados. Há, inclusive, 
uma referência a isto no Sefer Chanoch. 
A Narrativa da Segunda Queda 
Esses anjos que participaram na segunda queda faziam parte de um 
destacamento especial: eram conhecidos Sentinelas. Eles tinham por 
objetivo vigiar a Terra; haviam sido apontados com o objetivo de serem 
uma espécie de “supervisores” da criaç~o do Eterno. Seu objetivo era 
assegurar o shalom na Terra, cuidar dos seres humanos, como que 
pastores, zelando por seu desenvolvimento espiritual, conforme relata 
Yovelim/Jubileus 4:15-16: 
“... nos seus dias os anjos de YHWH desceram sobre a terra, 
aqueles que são chamados Sentinelas, para que pudessem instruir 
os filhos dos homens, e para que trouxessem justiça e retidão 
sobre a terra.” 
Porém, os anjos não cumpriram sua missão. Segundo o Sefer Chanoch, 
temos a partir do capitulo 6: 
1 E sucedeu que, quando os filhos dos homens haviam se 
multiplicado, naqueles dias lhes nasceram filhas belas e graciosas. 
2 E os anjos, os filhos do céu, as viram e cobiçaram, e disseram uns 
aos outros: "Vinde, escolhamos esposas para nós dentre os filhos 
dos homens e geremos filhos." 
 
 
 
página 38 
Aqui uma observação: alguém pode se perguntar: Afinal de contas, por 
que é que os anjos decidiriam, de uma hora para a outra, se unirem às 
mulheres? O que teria acontecido que eles se unissem as mulheres? 
Existem duas possíveis explicações a isto: uma delas, se olharmos 
apenas para a narrativa do Sefer Chanoch é de que as mulheres eram 
muito formosas e os anjos cobiçaram pelas suas belezas. 
Contudo, no livro de Louis Ginsberg, que comentamos anteriormente, 
chamado de “Lendas dos Judeus”, compreendemos que a tradiç~o 
judaica indica que quando a geração do dilúvio começou a praticar a 
idolatria, Elohim teria ficado profundamente entristecido. Então dois 
anjos, Shemichaza e Azaz’el, teriam dito: “Senhor do mundo, 
aconteceu exatamente como nós havíamos previsto na criação, que os 
homens se corromperam, como havíamos dito a Ti, de por que se 
ocupar com os homens”. A isto, Elohim teria respondido “o que ser| 
do mundo sem o homem?” Ao que os anjos teriam afirmado: 
“ocuparemos nós mesmos o mundo e o dominaremos e n~o haver| 
mais iniqüidade – conceda a nós permissão para habitarmos entre os 
homens e nós santificaremos o Teu Nome”. 
Por essa versão, o Eterno teria concedido o desejo desses anjos e, ao 
fazer isto, teria o próprio Eterno alertado que os anjos poderiam ser 
corrompidos. Eles, porém, não se preocuparam com isso – teriam 
descido e depois de ver a beleza das mulheres, teriam se enamorado 
delas. 
Embora o Sefer Chanoch não mencione este suposto detalhe prévio, 
ele também não o contradiz. Não há como dizermos o que realmente 
ocorreu com certeza. Só sabemos que essa segunda queda de alguma 
forma se associa aos anjos terem cobiçado as mulheres. 
Uma obra crist~, denominada “O Conflito de Ad~o e Eva com Satan”, 
aproximadamente do século V, oferece uma leitura curiosa sobre como 
 
 
 
página 39 
teria se processado o intercurso: Ao invés dos anjos terem tomado a 
forma de homens (embora pudessem fazê-lo, como vimos na Torá), 
eles teriam possuído os corpos dos descendentes de Cayim. A cópula 
em meio à possessão demoníaca não é idéia sem precedentes – 
sabemos que até os dias de hoje ocorrem em locais onde há prática de 
magia negra. Não podemos afirmar que foi necessariamente assim que 
ocorreu, mas certamente é uma idéia possível. 
E por fim temos este relato da tradição judaica que seria o próprio 
Eterno que teria os transformado em seres carnais. 
Qualquer dessas leituras seria possível de se encaixar com o relato do 
Sefer Chanoch. 
Como são detalhes muito incertos, estamos relatando as diferentes 
vertentes de pensamento sobre elas, e cada um pode entender da 
forma que lhe fizer mais sentido, pois não é algo que muda muita coisa 
dentro do contexto geral do estudo. Continuemos a leitura do Sefer 
Chanoch: 
3 E Shemichazah, que era o líder deles, disse a eles: "Temo que vós 
não concordeis de fato em fazer tal coisa, e que eu sozinho tenha 
que pagar a punição de um grande pecado." 
Aparece aqui já um segundo anjo que vamos falar, que é Shemichaza, 
que significa “o meu nome é forte”. O nome pode dar um indício de ser 
um anjo com um ego bastante inflado. 
Aqui, o texto diz que os anjos estãoreunidos querendo tomar para si 
mulheres e Shemichaza diz algo como: “tudo bem, mas eu n~o vou 
fazer isto sozinho”. Continuemos: 
4 E todos eles responderam a ele e disseram: "Nós faremos um 
juramente, e nos obrigaremos por maldições para não 
abandonarmos este plano, mas para fazermos tal coisa." 
 
 
 
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5 Então eles fizeram juramento juntos e se obrigaram por 
maldições sobre ele. 
6 E eles eram ao todo duzentos, eu desceram nos dias de Yared ao 
cume do monte Hermon, e eles o chamaram de monte Hermon, 
porque haviam jurado e se obrigado por maldições sobre ele. 
7 E estes são os nomes dos seus líderes: Shemichazah, o líder deles, 
Ar'tekif, segundo a partir dele, Ram'tel, terceiro a partir dele, 
Kokav'el, quarto a partir dele, Tami'el, quinto a partir dele, Ram'el, 
sexto a partir dele, Dani'el, sétimo a partir dele, Zik'el, oitavo a 
partir dele, Barak'el, nono a partir dele, 
8 Azaz'el, décimo a partir dele, Hermoni, décimo-primeiro a partir 
dele, Matr'el, décimo-segundo a partir dele, Anan'el, décimo-
terceiro a partir dele, Situa'el, décimo-quarto a partir dele, 
Shimsh'el, décimo-quinto a partir dele, Sahr'el, décimo-sexto a 
partir dele, Tam'el, décimo-sétimo a partir dele, Tur'el, décimo-
oitavo a partir dele, Yam'el, décimo-nono a partir dele, Zohari'el, 
vigésimo a partir dele. Estes são os seus chefes das dezenas. 
Eram vinte anjos, dispostos uma certa ordem (ranking), e o líder deles 
era Shemichaza. Já no capítulo 7, lemos: 
1 E todos os outros junto com eles tomaram para eles mulheres 
dentre todas, e cada um escolheu para si uma, e eles começaram a 
coabitar com elas, e a se profanarem com elas, e eles ensinaram a 
elas magia e encantamentos, e o cortar raízes, e as tornaram 
familiarizadas com as plantas. 
Aqui está a origem da bruxaria, que foi ensinada aos homens por esses 
anjos. É fato que alguns desses anjos eles começaram a ensinar às 
mulheres que tomaram por esposas alguns poderes espirituais. 
 
 
 
página 41 
Começaram a ensinar-lhes segredos, encantamentos e, obviamente, 
tudo que havia de maligno e proibido – visto que os anjos eram 
conhecedores tanto do bem quanto do mal. 
Os anjos têm um conhecimento do mundo espiritual que é muito 
distinto do nosso e absolutamente superior ao nosso. E eles sabiam, 
dentre outras coisas, como manipular o mundo espiritual. 
Ensinaram os anjos às mulheres a manipular o nosso mundo físico a 
partir do mundo espiritual. E aqui foi a origem da magia e da bruxaria 
nessa geração de homens criados após o Gan Eden: 
2 E elas engravidaram, e geraram grandes gigantes, cuja altura era 
de três mil cúbitos, e não havia nascido na terra filhos de força 
equiparável à deles. 
3 E eles devoravam tudo o que os homens produziam. E quando os 
homens não mais conseguiram lhes prover, 
4 os gigantes se voltaram contra eles e devoraram a humanidade. 
5 E eles começaram a pecar contra aves, e feras, e répteis, e peixes, 
e a devorar a carne um do outro, e a beber o sangue. 
6 E a terra apresentou acusação contra os transgressores da Torá 
acerca de todas as coisas que eram feitas sobre ela. 
Vale aqui uma observação: 
Estes cúbitos aqui evidentemente não são a mesma unidade de medida 
descrita na Torá. Devemos considerar não apenas as diferentes 
unidades de medida adotadas nos diferentes séculos, como também 
devemos considerar o fato de que a tradução do hebraico para o 
grego/aramaico e posteriormente para o etíope provavelmente é 
 
 
 
página 42 
responsável pela falta de clareza concernente à real altura dos 
gigantes. 
Felizmente, a Bíblia preserva a altura dos gigantes em outros relatos. 
Pela historia de David e Goliat (Golias), temos que os gigantes 
deveriam ter de três a seis metros de altura; Certamente que, por sua 
estatura, rapidamente os nefilim se tornaram extremamente 
poderosos sobre os homens. 
Esses filhos dessas mulheres com os “Sentinelas” se tornaram 
poderosos pela sua força física e começaram a demandar recursos das 
nações, sendo insaciáveis, o que acabou gerando toda a questão 
presente na narrativa acima. É provável que tenham dado origem, 
inclusive, a rituais de canibalismo naquela geração. 
A razão de sua insaciabilidade, fora o seu tamanho descomunal, não é 
dita. Podemos apenas especular. Meu palpite (e deixo claro ser esta 
apenas uma suposição) é de que talvez pela própria aberração de seu 
nascimento, sua vida possuísse certa fragilidade, visto que foi vida 
gerada por esses anjos, que não tinham todo o domínio sobre a vida e 
a criação da mesma, que o Eterno tem. 
É interessante observar que esse palpite não é seria estranho, 
considerando que até hoje vemos que espécies híbridas possuem 
algumas fragilidades e/ou limitações em sua constituição física. Talvez 
a dos nefilim estivesse no sentido da preservação da homeostase de 
seus corpos. Continuemos no capítulo 8: 
1 E Azaz'el ensinou aos homens a fazerem espadas de ferro, e facas, 
e escudos, e peitorais de bronze, e os fez conhecerem os metais 
que são escavados da terra, e a arte de trabalhar o ouro, e o 
conhecimento da prata, e braceletes, e ornamentos, e o 
conhecimento do antimônio, e da sombra dos olhos, e de todo tipo 
de pedras preciosas, e todas as tinturas coloridas. 
 
 
 
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2 E eis que se levantou grande iniqüidade, e sendo ímpios, foram 
desviados, e se tornaram corruptos em todos os seus caminhos. 
Aqui já temos uma menç~o a Azaz’el, que é o terceiro anjo sobre o qual 
vamos falar nesta parte do estudo. Azaz’el, que é mencionado inclusive 
na Torá (vide Lv. 16:8,10,26) juntamente com Heilel/Sama’el e 
Shemichaza, formam a tríade ou trindade do mal. 
O termo Azaz’el vem da raiz “az” que significa “força” ou “coragem”, 
o que poderia significar algo como “o El forte” ou “o El corajoso”, 
embora alguns interpretem como “arrogante contra El”. 
Todas essas referências se encaixam bem, pois Azaz’el era um 
comandante das forças angelicais, comandava muitas tropas de anjos, 
e certamente foi tomado pela arrogância de seu ego, a ponto de se 
insurgir contra o Eterno. 
Vimos até aqui que os três anjos, esses três chefes, tinham algo em 
comum: a arrogância, a mania de grandeza e o orgulho. Isto nos 
mostra qual pode ser uma das principais origens e fonte do mal, e nos 
alerta para estarmos em constante vigília de nossos próprios egos. 
Naquela geração pré-diluviana, Azaz’el ensinou os homens a 
guerrearem, e as mulheres a seduzirem, como forma de exercer algum 
tipo de domínio sobre os homens. Continuemos: 
3 Shemichazah ensinou encantamentos, e o cortar raízes, Hermoni 
o desfazer encantamentos, Barak'el ensinou os sinais de trovões, 
Kokav'el as constelações das estrelas, Zik'el os sinais de luz, Ar'tekif 
os sinais da terra, Shimsh'el os sinais do sol, e Sahri'el os sinais da 
lua. E eles começaram a revelar estes segredos às suas esposas. 
4 E como parte da humanidade estava perecendo na terra, eles 
pranteavam, e o seu pranto subiu até o céu. 
 
 
 
página 44 
Aqui vemos que esses anjos ensinaram a fazer e desfazer, isto é, 
essencialmente magia. 
Aqui vemos também a origem da astrologia, isto é, do imaginar que os 
astros poderiam ter alguma influencia sobre o destino dos homens, e 
as praticas de adivinhações correlatas. 
 
Vale ressaltar que, como vimos anteriormente, os 
corpos celestiais são governados pelos anjos. Assim 
sendo, a astrologia seria, de certa forma, uma 
idolatria indireta aos próprios anjos. 
Os sinais da terra representam a adoração aos 
elementos da terra, tais como o panteísmo, a 
bruxaria, entre outros. Isto também foi ensinado 
àquela geração por intermédio desses anjos caídos. 
A Reação dos Arcanjos 
O Sefer Chanoch, no capítulo 9, nos apresenta a reação dos demais 
arcanjos de Elohim: 
1 E então Micha'el, Uri'el, e Gavri'el olharam para baixo, desde o 
Santuário Celestial, e viram o quanto de sangue era derramado 
sobre a terra, etoda terra estava coberta de transgressão da Torá 
e de violência de modo que o pecado operava sobre ela. 
 
 
 
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2 E ao ouvirem [o pranto], os quatro foram e disseram entre eles: 
"A voz e o choro dos filhos dos homens perecendo alcança os 
portões do céu. 
3 E agora perante vós, os santos do céu, as almas dos homens 
fazem petição e dizem: "Levai nossa causa perante o El-Elyon." 
4 E Refa'el e Micha'el disseram ao Adon HaOlam: "Nosso Grande 
Adon, Tu és o Adon HaOlam, Adonei HaAdonim, Elohei HaElohim, 
Melech HaM'lachim, e Elohim HaOlam, o trono da Tua glória 
permanece por todas as gerações dos séculos, e o Teu Nome 
sagrado e glorioso e bendito por todos os séculos! 
5 Tu fizeste todas as coisas, e tu tens poder sobre todas as coisas: e 
todas as coisas são reveladas e abertas perante a Tua visão, e Tu 
vês todas as coisas, e nada pode se ocultar de Ti. 
Aqui cabe um pequeno parêntesis interessante: Reparem como esses 
anjos, que na verdade são arcanjos ou chefes de anjos das mais altas 
ordens celestiais, entram na presença do Eterno em profunda 
reverência e adoração a Ele. 
Isto é algo que chama nossa atenção, pois às vezes começamos a orar 
j| dizendo “Senhor, faz isto...” como se estivéssemos falando com um 
amigo da esquina, e não com o Senhor do Universo! 
Ora, se os anjos, com seu profundo relacionamento e proximidade com 
o Eterno, têm esta postura de profunda reverência ao falar com o 
Eterno, quão maior deve ser a nossa própria reverência a Ele. 
Não estamos aqui propondo fórmula de oração, mas procurando 
apenas aprender com a postura dos anjos sobre como podemos ter 
uma postura de maior humildade e reconhecimento perante Ele. 
Continuemos: 
 
 
 
página 46 
6 Tu vistes o que Azaz'el tem feito, e como ele ensinou toda 
iniqüidade na terra e revelou os segredos eternos que estão no 
céu, os quais os homens estavam praticando. 
Temos aqui um dos que mais aprontou, pois além da guerra e da 
sedução, Azaz’el ensinou aos homens a transgredirem o culto ao 
Eterno, buscando uma relação com o mundo espiritual que era 
diferente daquela que o Eterno havia determinado. 
7 E Shemichazah, a quem Tu concedeste autoridade para reinar 
sobre seus companheiros. 
Temos dois anjos mencionados aqui, Shemichaza como líder e Azaz’el, 
como o pior dentre os demais: 
8 E eles foram até as filhas dos homens sobre a terra, e dormiram 
com as mulheres, e se profanaram, e revelaram a eles toda sorte de 
pecados. 
9 E as mulheres conceberam gigantes, e toda a terra está portanto 
repleta de sangue e iniqüidade. 
10 E agora, eis que as almas daqueles que morreram estão 
pranteando e apresentando a sua causa aos portões do céu, e o seu 
lamento ascendeu, e não pode cessar por causa das obras de 
transgressão à Torá que são operadas na terra. 
11 E Tu conheces todas as coisas antes de ocorrerem, e Tu vês tais 
coisas e Tu sofres, e Tu não nos disseste o que devemos fazer 
acerca destas." 
Os anjos vão buscar do Eterno a instrução de qual seria a punição por 
esta segunda queda. 
 
 
 
página 47 
A título de curiosidade, vale mencionar que um dos pecados adicionais 
ensinados pelos Sentinelas às mulheres (citado no capítulo 68) é o 
ensinamento de como a matarem seus bebes antes de nascerem. 
A Punição da Segunda Queda 
Continuando no capítulo 10, temos o seguinte: 
1 Então disse o El-Elyon, o Grande e Sagrado falou, e enviou Uri'el 
ao filho de Lamech 
2 e disse a ele: "Vai até Noach e diz a ele em Meu Nome: 'Esconda-
te' e revela a ele que o fim se aproxima; que toda terra será 
destruída, e um dilúvio está por vir sobre toda a terra e destruirá 
tudo o que nela está. 
3 E agora instui ao homem justo para que ele possa escapar, e ao 
filho de Lamech para preservar a sua alma para a vida, e escapar 
permanentemente. E dele será plantada uma planta e a sua 
semente será preservada por todas as gerações do mundo." 
4 E novamente YHWH disse a Refa'el: "Amarra a mãos e o pé de 
Azaz'el, e lança-o na escuridão. E faz uma abertura no deserto, o 
qual é em Dudael, e lança-o lá dentro. 
5 E coloca sobre ele rochas duras e espinhosas, e cobre-o com 
escuridão, e que ele lá habite para sempre, e cobre a sua face para 
que não veja a luz. 
6 E no dia do grande juízo ele será lançado no fogo.Nesta passagem 
Azaz’el é amarrado por Refa’el e lançado no deserto. 
 
 
 
página 48 
Por que seria Refa’el encarregado de prender Azaz’el? 
Afinal, Refa’el, segundo n~o apenas o relato bíblico de Toviyah (Tobias) 
e a tradição judaica, mas também pela própria etimologia de seu nome 
(cura de El), é um arcanjo responsável por ministrar cura aos homens. 
Justamente porque a obra de Azaz’el gerou toda uma nova gama de 
enfermidades espirituais sobre os homens. Este lidar com o mundo 
espiritual por uma via tortuosa é diferente da questão da idolatria. 
Uma coisa é o falso culto, já praticado anteriormente pelos homens. 
Outra, todavia, é a manipulação das regiões e poderes celestiais por 
meio de magia e bruxaria, que Azaz’el ensinou. 
Essa nova fonte de doenças espirituais surgiu pela abertura de um 
canal espiritual tortuoso. Isto demandava uma cura. E esta é a razão 
pela qual a reação se deu através de Refa’el. 
Após isto, Azaz’el é colocado no deserto e coberto de rochas. É 
justamente deste fato que se origina o ritual do dia de Kipur. Nele, é 
atribuída a Azaz’el toda a iniqüidade que lhe seria imputada. O rito de 
Kipur, com o lançamento do bode para Azaz’el, que se despencava nas 
“duras rochas” é justamente no local onde Azaz’el fora preso. No 
ritual, o pecado do povo era imputado a Azaz’el através deste ato 
simbólico, pois foi ele o principal responsável pelo ensino da 
desvirtuação dos caminhos espirituais. 
O imputar o pecado a Azaz’el n~o era entendido como uma forma de 
livrar a responsabilidade do homem, nem tampouco era Azaz’el a fonte 
da expiação do pecado – o pecado de Kipur era expiado através do 
sacrifício do outro bode. Esse imputar o pecado a Azaz’el tem o sentido 
de reconhecer a co-responsabilidade de Azaz’el na culpa pela 
desvirtuação da humanidade. 
 
 
 
página 49 
Vale ressaltar que a raíz “Az” também é usada para 
a palavra “bode”. Na cultura cananéia, e isso pode 
ser visto ao longo da Bíblia, havia os chamados 
seirim, que eram demônios que tinham aparência de 
bodes. 
É possível que na origem disso esteja o culto a 
Azaz’el. O interessante é que, quando os cruzados, 
que haviam estado na região de Israel na Idade 
Média, foram torturados para confessar seus supostos 
crimes contra a Igreja de Roma, além das confissões 
esperadas, todos mencionaram um nome curioso: 
Bafomet. 
Até hoje, alguns grupos que se dizem descendentes, 
dos cruzados, como maçonaria, o rosa-crucianismo, 
entre outros, fazem juramentos no altar de Bafomet, 
representado por um bode. Curiosamente, muitas das 
representações de Bafomet trazem em sua imagem um 
pentagrama, que é um dos principais símbolos da 
bruxaria. E como vimos, de fato a bruxaria é oriunda 
dos ensinamentos de Azaz’el. 
 
Continuando, o Eterno fala a Refa’el: 
7 E cura a terra que os anjos corromperam, e proclama a cura da 
terra, para que eles possam curar a praga, e para que nenhum dos 
filhos dos homens venha a perecer através de todas as coisas 
secretas que as Sentinelas revelaram e ensinaram aos seus filhos. 
8 E toda a terra se corrompeu através das obras que foram 
ensinadas por Azazel: a ele atribui todos os pecados." 
 
 
 
página 50 
9 E a Gavri'el, YHWH disse: "Procede contra os bastardos e contra 
os perversos, e contra os filhos da prostituição: e destrói os filhos 
das Sentinelas dentre os homens. Manda-os um contra o outro 
para que possam se destruir mutuamente em uma guerra de 
destruição: e eles não terão dias extensos. 
10 E nenhum dos pedidos que os pais deles fizerem será concedido 
em favor deles. Pois eles esperam viver uma vida eterna, e que 
cadaum deles viverá quinhentos anos." 
Uma das coisas que o Sefer Chanoch nos revela é que os Sentinelas 
tinham grande apreço por seus filhos, os Nefilim, e que tentaram pedir 
por eles, para que fossem livrados da destruição. Os pedidos, todavia, 
são negados. 
O Espír i to do Falso Mashiach 
O texto do Sefer Chanoch continua: 
11 E YHWH disse a Micha'el: "Vai, e informa a Shemichazah e a seus 
companheiros que se uniram às mulheres de modo a se 
profanarem com elas em toda a sua imundícia. 
12 E quando os filhos deles morrerem, e eles tiverem visto a 
destruição dos seus amados, amarra-os firmemente por setenta 
gerações nos vales da terra, até o grande dia do juízo e da 
consumação deles, até o juízo que é permanente for consumado. 
13 Naqueles dias eles serão conduzidos ao abismo de fogo, e ao 
tormento e a prisão na qual serão confinados permanentemente. 
 
 
 
página 51 
14 E todo o que existir, que será condenado e destruído, será então 
amarrado junto a eles até a destruição de toda a sua geração e, no 
momento do juízo que Eu proferirei, perecerão por todas as 
gerações. 
15 E destrói todos os espíritos dos perversos e dos filhos das 
Sentinelas, porque fizeram mal à humanidade. 
16 E destrói o mal da face da terra e que toda obra maligna cesse. E 
que a planta da justiça e da verdade apareça, e ela provará ser 
bendita. As obras da justiça e da verdade serão plantadas em 
verdade e júbilo para sempre. 
17 E então todos os justos escaparão, e eles viverão até gerarem 
milhares. E todos os dias de sua juventude e de sua idade avançada 
serão completados em shalom. 
18 E então toda a terra será preenchida de justiça, e será 
totalmente plantada de árvores e será plenamente abençoada. 
19 E todas as árvores serão plantadas nela, e eles plantarão videiras 
nela. E a videira que eles plantarem produzirão vinho em 
abundância; e quanto a toda semente que é semeada nela, cada 
medida gerará mil, e cada medida de oliva gerará dez porções de 
óleo. 
20 E limpa tu a terra de toda opressão, e de toda injustiça, e de 
todo pecado, e de toda iniqüidade. E destrói toda impureza que é 
operada, removendo-a de sobre a terra. 
21 E todos os filhos dos homens se tornarão justos, e todas as 
nações oferecerão reverência e Me louvarão, e todos Me adorarão. 
 
 
 
página 52 
22 E a terra será purificada de toda profanação, e de todo pecado, 
e de toda punição, e de todo tormento, e Eu nunca mais enviarei 
[um dilúvio] sobre ela de geração a geração para sempre.". 
Atentemos ao passuk (versículo) 12. O Sefer Chanoch diz que os demais 
Sentinelas também seriam amarrados, assim como Azaz’el. Portanto, 
Shemichaza e os demais também foram amarrados e aprisionados, por 
setenta gerações. Ora, se contarmos setenta gerações a partir de 
Chanoch, chegamos à conclusão que é exatamente uma geração após 
Yeshua e os Emissários! 
Depois disto, na septuagésima geração, foram soltos os Sentinelas, isto 
é, Azaz’el, Shemichaza e os demais anjos caídos. 
 
Mas será que temos alguma coisa que indique que, de fato, após 
aquele momento, a iniquidade aumentou sobre a terra? 
A resposta é afirmativa. Pois esse libertar dessa geração coincide 
exatamente coincide com a morte de Ya’akov HaTsadik, o fim da 
geração dos últimos emissários de Yeshua, e a destruição do Templo 
de Yerushalayim (Jerusalém). Vale até mesmo ressaltar que, desde tal 
momento, o ritual de envio do bode a Azaz’el n~o mais foi praticado, 
desde então. 
E mais, Hegésipo, um dos primeiros seguidores de Yeshua, diz que: 
“Até aquele período [o final da vida dos primeiros 
Emissários] a Assembléia permaneceu como uma virgem 
pura e incorrompida, pois se havia algumas pessoas 
dispostas a manipular a regra plena da proclamação da 
salvação, eles ainda andavam ocultados em lugares escuros 
de confinamento ou outros. 
 
 
 
página 53 
Mas quando o bando sagrado dos Emissários havia, de 
diversas formas, cessado de viver, então a geração de 
homens para quem havia sido confiado ouvir a sabedoria do 
Eterno com seus próprio ouvidos passou. Então esta 
confederação de iniqüidade se levantou através do engano de 
falsos mestres que, vendo que nenhum dos Emissários 
sobrevivia mais, tentaram largamente erguerem suas cabeças 
em oposição à proclamação da verdade, ao proclamarem um 
conhecimento que falsamente deram a si”. 
Isto coincide com 2º Tessalonicenses - Tessalonissayah Beit, 2 que diz 
assim: 
07 Pois o mistério da ira contra a Torá já opera; somente há um 
que agora o detém até que seja posto fora; 
Neste trecho, Sha’ul (Paulo) fala claramente de Ya’akov HaTsadik, 
apesar de alguns autores afirmarem erroneamente que seriam o 
Espírito Santo. Ya’akov HaTsadik, enquanto estava vivo, era respeitado 
como líder da kehilá (assembléia) e perseverava por manter pura a fé 
em Yeshua. O texto de Sha’ul (Paulo) continua: 
08 e então será revelado o inimigo da Torá, a quem o Senhor 
Yeshua matará como o sopro de sua boca e destruirá com a 
manifestação da sua vinda; 
09 a esse inimigo da Torá cuja vinda é segundo a eficácia de Satan 
com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, 
10 e com todo o engano da oposição a Torá para os que morrem, 
porque não receberam o amor da verdade para serem salvos. 
 
Quem é então este inimigo da Torá no Sefer Chanoch? 
 
 
 
página 54 
Ora, Yeshua nos revela em Matitiyahu (Mateus) 24 que os últimos dias 
seriam como nos dias de Noach: 
37 Pois como foi dito nos dias de Noach, assim será também a 
vinda do Filho do homem. 
Como vimos, nos dias de Noach, a própria Torá nos revela que as 
Sentinelas causaram estragos inimagináveis. E o Sefer Chanoch nos 
revela que havia um que era conhecido como “o iníquo”, aquele a 
quem a iniquidade fora imputada. Esse é exatamente Azaz’el! 
Não é difícil percebermos que o espírito do Falso Mashiach, o chamado 
anti-cristo, é exatamente o espírito de Azaz’el – aquele que, desde o 
princípio, ensinou os homens a desvirtuarem a Torá e os caminhos 
celestiais! 
Podemos, portanto, perceber que a discuss~o de se o “anti-cristo” virá 
literalmente como homem, ou é apenas a personificação de um poder, 
se torna secund|ria em relev}ncia. Afinal, Azaz’el, o espírito do falso 
mashiach, já está sendo adorado aqui e agora, e age em meio à 
humanidade desde que foi libertado pouco após a vinda de Yeshua. 
Será coincidência que Yeshua veio estabelecer um caminho de salvação 
para a humanidade imediatamente antes desses anjos serem 
novamente libertos de seus grilhões? 
Não sabemos – e nem é esse o foco de nossa obra - se de fato Azaz’el 
tomará novamente a forma de um homem, ou se permanecerá como 
uma espécie de “iminência parda” por traz de um sistema político-
religioso. Todavia, isto não muda a verdade que está por vir. A verdade 
é que muito em breve viveremos o domínio e a fúria de Azaz’el contra 
aqueles que se recusam a se dobrarem perante ele. 
Ser| que é igualmente surpreendente que Azaz’el esteja por traz da 
bruxaria, das guerras e da sedução – e que nos dias de hoje estejamos 
 
 
 
página 55 
vendo cada vez mais permear de bruxaria, cada vez mais guerras e que 
a sexualidade esteja hoje atingindo seus níveis mais perversos? Será 
coincidência, ou será um indício de que nos aproximamos do ápice do 
Reino de Azaz’el? 
No estudo dos Selos de Apocalipse/Guilyana, vimos como na ocasião da 
vinda de Yeshua até o final dos Emissários, foi oferecido o Reino do 
Eterno a Israel. Caso não aceitassem, como de fato não aceitaram, 
seria oferecido de novo para outra geração. 
Se Israel tivesse aceitado o Reino, o final do período das “setenta 
gerações” das sentinelas teria justamente coincidido com o Dia do 
Juízo, que antecederá o Reino de Yeshua. 
Se isso tivesse ocorrido, e se a oferta do Eterno tivesse sido aceita, 
então as sentinelas não teriam tido liberdade para agir, pois seriam 
imediatamente julgadas ao final do período estipulado das

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