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TUTORIA 1 MÓDULO 2 1- Caracterizar os princípios, doutrinas e diretrizes do esf na medicina. princípios: ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: Há evidencias demonstradas em vários documentos que a ESF tem por princípios4 os mesmos que norteiam o SUS, os da Atenção Básica em saúde e os próprios da estratégia, que se constituem, no conjunto, como aspectos que visam à garantia da saúde como direito de todo cidadão e dever do Estado, buscando à qualidade dos serviços prestados e o acesso aos mesmos. A Atenção Básica em saúde, de acordo com a Política Nacional de Atenção Básica – PNAB de 2006 - é orientada pelos seguintes princípios: “[...] da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social” (p. 2). É válido salientar que os princípios da atenção básica enfatizam a questão do cuidado, do vínculo e da continuidade, que não são enfatizadas nos princípios do SUS. O princípio do vínculo e da continuidade refere-se à construção de “laços” entre os profissionais em saúde e a população usuária do SUS, garantindo a permanência no atendimento dos mesmos. Esse princípio tem relação com o da participação social, pois, a construção do vínculo também se dá através do incentivo aos usuários de participarem na melhoria do SUS. Isso acontece, principalmente, por meio das conferências e dos conselhos de saúde, que têm espaço reservado para a participação dos usuários. Na PNAB/2006 os princípios da ESF estão presentes, podendo ser interpretados como deveres da ESF. Eles são específicos da mesma, com características operacionais. De acordo com a PNAB (2006, p.20), a ESF deve: 4 De acordo com o Ministério da Saúde (1990) o SUS é orientado por princípios doutrinários, que são os da universalidade, da equidade e da integralidade, e organizacionais, que são os da regionalização e hierarquização, da resolubilidade, da descentralização e da participação da sociedade. I. ter caráter substitutivo em relação à rede de Atenção Básica tradicional nos territórios em que as Equipes Saúde da Família atuam; II. II. atuar no território, realizando cadastramento domiciliar, diagnóstico situacional, ações dirigidas aos problemas de saúde de maneira pactuada com a comunidade onde atua, buscando o cuidado dos indivíduos e das famílias ao longo do tempo, mantendo sempre postura pró-ativa frente aos problemas de saúde doença da população; III. III. desenvolver atividades de acordo com o planejamento e a programação realizados com base no diagnóstico situacional e tendo como foco a família e a comunidade; IV. IV. buscar a integração com instituições e organizações sociais, em especial em sua área de abrangência, para o desenvolvimento de parcerias; V. V.ser um espaço de construção de cidadania. Como se pode perceber os aspectos indicados na citação acima se coadunam com as diretivas gerais do SUS. Entretanto, as equipes da ESF atuam em territórios delimitados, o que significa que esse território terá características específicas e prioridades, que serão observadas a partir do diagnóstico situacional, o que contribuirá para a realização do planejamento e programação das ações e serviços de saúde também específicos, buscando a qualidade dos mesmos e o atendimento prioritário e direcionado aos problemas e necessidades de cada território. Nesses espaços as equipes de saúde da família têm o dever de substituir o modelo tradicional de atenção à saúde, focalizar o trabalho em equipe, estabelecer a família como objeto de trabalho, e desenvolver ações de promoção, prevenção e proteção a saúde. Desse modo, a ESF vem no sentido de afirmar um discurso de consolidação do proposto na Constituição Federal de 1988 e na Lei Orgânica de Saúde 8080/90, nos princípios, nas diretrizes, nos objetivos, ou seja, as bases do SUS. Diretrizes: As diretrizes da ESF (então PSF) foram definidas em 1997, pelo Ministério da Saúde (MS). São diretrizes de caráter operacional, ou seja, referentes à implementação da ESF. De acordo com o MS (1997) as diretrizes da ESF são: caráter substitutivo, complementaridade e hierarquização; adscrição da clientela; cadastramento; instalação das unidades de Saúde da Família; composição das equipes; e atribuições das equipes. A Unidade de Saúde da Família é uma unidade pública de saúde destinada a realizar atenção contínua no nível de proteção social básica, com uma equipe multiprofissional habilitada a desenvolver as atividades de promoção, proteção e recuperação à saúde (MS, 1997). Ela é o primeiro contato da população com o serviço de saúde e é a porta de entrada do sistema local. Ela tem um território de abrangência, ou seja, uma área sob sua responsabilidade. Uma unidade de Saúde da Família pode trabalhar com mais de uma equipe de profissionais, o que irá depender do número de famílias a ela vinculada, que é no máximo 4000 famílias, sendo que o recomendado é de 3000 famílias por equipe. Ela deve realizar o cadastramento das famílias através de visitas domiciliares e essa etapa é o início do vínculo da unidade de saúde/equipe com a comunidade. Elas devem ser instaladas nas UBS e existem alguns critérios5 necessários para a implementação dessas equipes. A equipe de saúde da família é multiprofissional, e composta por no mínimo um médico, generalista ou de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde. Outros profissionais poderão fazer parte da equipe, isto dependerá da necessidade da população cadastrada. Doutrinas : Abordar a atuação medica na esf Ser médico no PSF: formação acadêmica, perspectivas e trabalho cotidiano-2009 Rebeca Jesumary GonçalvesI É função do médico participar com o profissional da Enfermagem no gerenciamento dos insumos e espaços para o adequado funcionamento da Estratégia Saúde da Família. Os médicos da família atendem em média quatro mil habitantes, podendo variar dos 2.400 aos 4.500, número fixado para cada unidade de saúde da família. O modelo da estratégia, voltado ao cuidado para a família e seus indivíduos e não para a doença, favorece o vínculo do médico com o paciente, pois o profissional atende em um território restrito que o permite conhecer o paciente e toda a sua família, seus hábitos e suas características que podem levar ao desenvolvimento de doenças, bem como os fatores hereditários e principalmente conhecer os fatores ambientais que podem ocasionar ou interferir na história natural da doença. Esse vínculo estreito exige do médico maior responsabilidade com a saúde do paciente e de sua família, exigindo, portanto, também o papel de cuidador, além de curador. O profissional da Medicina é extremamente importante dentro da equipe e consegue realizar trabalhos transformadores na realidade local quando trabalhando em grupo. O trabalho cotidiano do médico nas USF consiste em consultas clínicas, coordenação de grupos, visitas domiciliares, reuniões semanais com a equipe e campanhas educativas. Consultas clinicas As consultas médicas são citadas como a principal atividade do médico, que deve atender pessoas de todas as faixas etárias e gêneros (crianças, adultos, idosos e gestantes), numa sistemática de horários que intercala pacientes agendados com a demanda eventual. Para os médicos, o PSF, na prática, trabalha com excesso de demanda, o que prejudica a qualidade do atendimento prestado à população, com interferência na relação médico-paciente Apesar de haver uma proposta de rotina e organização do atendimento explicitada pelos entrevistados, percebe-se que em algumas unidades o trabalho médico é definido como pronto-atendimento ou como um modelo centrado nas queixas e condutas. Isto mostra, como em outro estudo, “a persistência do modelo tradicional, da qual é evidência ainda a predominância absoluta do trabalho medicocêntrico sem interação expressiva com o restante da equipe de saúde da família”1Atividade de grupo As atividades de grupos de pacientes (hipertensão arterial, alcoolismo, gestantes, diabetes, cuidados em higiene, oficina de flores, atividade física, puericultura, resultados de exames) são referidas pelos médicos como um trabalho que vai ao encontro da visão educativo-preventiva da ESF. No entanto, nem todos as realizam. Visita domiciliar visa atender aos pacientes impossibilitados de irem ao Posto de Saúde (acamados, deficientes físicos), bebês com menos de uma semana de vida, pessoas idosas ou que necessitem de cuidados especiais mais próximos, pessoas após hospitalização, mães “incapazes” de cuidar corretamente de seus filhos devido a problemas de higiene ou dificuldades diversas. As visitas domiciliares (VD) ocorrem uma vez por semana durante um período do dia. Um dos médicos não tem conseguido realizá-las, por falta de tempo: “na minha equipe, as visitas têm sido feitas pela enfermagem, que solicita a presença do médico apenas quando muito necessário”. As VD têm duração média de 10 a 30 minutos. Nesse período, são observadas as condições do domicílio (higiene, água encanada, presença de rede de esgoto, quantidade de cômodos em relação ao número de residentes) e dos moradores (idade, sexo, relacionamento entre eles, grau de parentesco, cuidadores e cuidados). Verificam-se também os problemas mais relevantes e que mais afetam a saúde de seus moradores. São efetuadas consultas médicas conforme as condições disponíveis – anamnese clínica, exame físico, coleta de exames complementares, fornecimento de medicação, realização de procedimentos como curativos, orientações gerais e educação em saúde. [...] a importância destas visitas é reconhecer os aspectos biopsicossociais que influem no processo de saúde-doença do indivíduo e permitir uma intimidade maior no estabelecimento do vínculo médico- paciente A relação multiprofissional na equipe Segundo os entrevistados, o trabalho em equipe contribuiu para racionalizar o atendimento ao paciente, permitindo ao médico abranger um contingente maior de pessoas, com diminuição relativa da sobrecarga. Segundo esta lógica, “as funções consideradas mais simples são delegadas a outros profissionais da saúde, a fim de permitir que algumas condutas básicas não tenham que necessariamente passar pelo médico”. Quase todos os médicos consideram ter um relacionamento excelente com a equipe, dando ênfase especial aos profissionais de enfermagem e agentes comunitários de saúde Os aspectos positivos do trabalho em equipe se referem à boa comunicação, que favorece a troca de experiências em favor de uma visão integral dos pacientes, e à multidisciplinaridade, que permite incorporar diversos pontos de vista na implementação de melhores estratégias de ação nas áreas de abrangência de cada USF. Para tanto, cita-se a realização de reuniões semanais em cada unidade, momentos também utilizados para a capacitação profissional Esta riqueza e especificidade do trabalho em equipe na ESF, comacomposiçãodetrabalhadoresdediferentesformaçõeseescolarização, podem ser consideradas inovadoras tanto pela forma de participação de cada ator, como na complementaridade no agir, e pode ser reconhecida como um dos pilares da estratégia Diferencia o profissional medico especializado do geral Formação médica generalista: percepção do profissional e do estudante-2014 José Antônio Chehuen Neto Na formação generalista, em concordância com as novas diretrizes, o médico precisa praticar a medicina utilizando procedimentos diagnósticos e terapêuticos com base em evidências científicas, aplicar adequadamente recursos semiológicos e tratamentos contemporâneos, hierarquizados para atenção integral, ampla e em todos os níveis de atenção a saúde. Necessita ainda, estar apto à realização de procedimentos clínicos e cirúrgicos indispensáveis para o atendimento ambulatorial e para o atendimento inicial das urgências e emergências (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001). Dentro dessas propostas, percebem-se os generalistas como profissionais que contemplam ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, considerando o indivíduo como um ser biopsicossocial, personalizando a relação médico-paciente. Devem fazer a utilização racional das tecnologias, levando em consideração o custo-benefício e ter a capacidade de liderança e interdisciplinaridade (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001). O médico especialista, por sua vez, possui um entendimento aprofundado sobre um conhecimento médico fragmentado segundo a área do corpo ou em relação ao tratamento de doenças específicas. São qualificados para realizar diagnósticos e procedimentos terapêuticos que não estão no repertório do generalista, com considerável acesso tecnológico (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2001). Discorrer sobre a mudança do mercado de trabalho nas ultimas décadas Formação médica generalista: percepção do profissional e do estudante-2014 José Antônio Chehuen Neto A especialização começou a ser observada como uma imposição para inserção no mercado de trabalho, como forma de gerar uma maior qualificação do serviço que promova melhores vínculos empregatícios e melhor remuneração (SOBRINHO; NASCIMENTO; CARVALHO, 2005). Assim o título de especialista pode garantir mais segurança e possibilidade de sucesso na prática liberal da profissão (MACEDO; BATISTA, 2011). Dessa forma, a medicina adquiriu um caráter de transação comercial, com o passar dos anos e da valorização da superespecialização. Sendo assim, as atividades de saúde coletiva não são tão sedutoras para o profissional, já que não trazem o status social e científico (RONZANI; RIBEIRO, 2003). Além disso, a maioria dos profissionais de saúde e acadêmicos em medicina se identifica mais com práticas especializadas (RONZANI, 2007). Segundo o Ministério da Saúde, o PSF enfrenta uma dificuldade de fixação dos recursos humanos e a alta rotatividade dos profissionais. Uma das justificativas plausíveis situa-se no conflito de expectativas e realidades que envolvem tanto os médicos quanto os empregadores. Em relação aos médicos nota-se desalinho entre perspectivas profissionais e a condição existente, que não engloba um plano de carreira adequado. Já no que diz respeito ao empregador há um desencontro entre as características esperadas do profissional, baseadas nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais, e a realidade em que se percebe insuficiência em quantidade e efetividade (GUGLIELMI, 2006). Diante do exposto pode-se perceber que há, aparentemente, uma dicotomia entre dois grupos: o primeiro, constituído pelo perfil profissional desejado pela reforma do ensino médico; e o segundo, que contempla as regras de mercado de trabalho e a percepção pela qual o médico generalista é visto pela sociedade. A contradição existente entre esses grupos pode ser observada na própria graduação médica. Na maioria das faculdades de medicina o curso está tradicionalmente estruturado em departamentos com divisão dos currículos em ciclos básico e profissionalizante, fragmentando a abordagem pedagógica em disciplinas separadas e com pouca interação, retratando caracteristicamente a forma como as especialidades prestam assistência à saúde (LAMPERT, 2005). A maioria dos acadêmicos se sente insegura quanto a proposta de uma formação generalista (NETO; CHEUEN 2004). Parcela significativa de docentes, por sua vez, demonstrou não concordar com a implantação da reforma curricular, apesar de apoiá-la (NETO; CHEUEN 2004). A explicação para os sentimentos de estudantes e professores são provenientes do estereótipo veiculado pelos meios de comunicação da imagem do médico. Esse cenário
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