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AULA 5 GESTÃO E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS Profª Andréa Arruda Vaz 02 CONVERSA INICIAL Seja bem-vindo(a) a este módulo! Neste módulo o objetivo é trabalhar os principais modelos e procedimentos de sucesso no que concerne à mediação e solução de conflitos. Serão abordadas a mediação e sua prática comunitária como método de inclusão social e efetivação da democracia. A prática da mediação comunitária proporciona à sociedade um exercício concreto da cidadania e, consequentemente, uma efetiva participação democrática. Serão apresentados brevemente os princípios que regem os métodos de mediação e negociação praticados pela instituição de ensino mais famosa do mundo – a Universidade de Harvard – no que diz respeito à solução pacífica de controvérsia. Em uma abordagem inovadora e pautada na teoria do equilíbrio de Jonh Nash, trabalharemos a teoria dos jogos como facilitadora na construção de soluções de conflitos. Ademais, faz-se necessária para um mediador de sucesso essa visão interdisciplinar e avançada no que concerne aos conflitos e seus contextos na sociedade atual. Ainda, necessário se faz a verticalização dos preceitos éticos e morais, uma vez que frequentemente o mediador se deparará com dilemas nesses aspectos. A contextualização e a consciência de um proceder pautado em um patamar mínimo de preceitos de ordem ética e moral farão do mediador um ícone raro na condução de um procedimento, especialmente quando o conflito pairar sobre tais questões éticas e morais. Por fim, apresentar-se-á um rápido estudo a respeito dos procedimentos para condução e elaboração de uma sessão de mediação ou conciliação. Excelente módulo! CONTEXTUALIZANDO A mediação e a conciliação de conflitos demandam qualificação frequente e constante; ademais, os métodos, assim como os conflitos, sofrem alterações frequentemente. Conforme já se viu até aqui, na Era do Conhecimento e da Tecnologia, a todo tempo surgem novos conflitos que, por vezes, demandam novas ferramentas para se resolver. 03 Um exemplo clássico são as exposições e os denegridores de pessoas ou empresas em redes sociais. Tais situações decorrem da democratização da informação e da tecnologia, sem a devida conscientização e capacitação das pessoas a respeito das qualidades e riscos que a envolvem. Assim, faz-se necessária a elaboração de legislação e procedimentos específicos para se solucionar conflitos daí decorrentes. Assim, eis a questão: como reduzir e evitar conflitos, em tempos de propagação de conflitos? Algumas ferramentas tradicionais e de sucesso mundial já existem como, por exemplo, as ferramentas apresentadas pela famosa Escola de Harvard para solucionar conflitos. Enfim, nesta área, o sucesso do mediador se dá por meio do seu esforço e qualificação diários! TEMA 1 – MÉTODOS DE MEDIAÇÃO E NEGOCIAÇÃO UTILIZADOS PELA UNIVERSIDADE DE HARVARD Alguns princípios desenvolvidos foram pela Escola de Harvard para a prática de uma negociação cooperativa – como as posições, técnicas de criação de opções para a satisfação de interesses identificados, necessidade de observação dos dados de realidade ou padrões técnicos, éticos, jurídicos ou econômicos, e a importância de separar o conflito subjetivo (relação interpessoal) do conflito objetivo (questões concretas) (Vasconcelos, 2017, p. 181-182). Tais conceitos foram utilizados em conflitos e negociações da Guerra Fria, somados a conceitos de psicanálise e linguística a respeito da comunicação e construção do discurso. A Escola de Harvard utiliza o que se denomina mediação facilitativa ou satisfativa. A negociação, segundo tal escola, deve ser cooperativa, num modelo integrativo ou distributivo, considerando as fases de análise, planejamento e discussão. O modelo integrativo pressupõe uma preservação dos relacionamentos, e o modelo distributivo é aquele em que o conflito é resolvido, porém não há a preocupação com a manutenção de laços. A Escola de Harvard prioriza a abordagem em que os interesses comuns são identificados e priorizados (Vasconcelos, 2017, p. 183). Ainda, para a Escola de Harvard é importante o planejamento, a execução e o controle da negociação. Além, claro, da prática de se colocar no lugar do outro. 04 Tal técnica deve ser realizada já na fase de planejamento, pois assim evitam-se possíveis juízos de valor e até pré-julgamentos. A mencionada escola desenvolveu algumas técnicas de negociação, também utilizadas nas mediações. São elas (Vasconcelos, 2017, p. 184-188): a. Separar a pessoa do problema: a ideia é separar as pessoas e sua relação em si da substância e do problema material. Deve-se dar atenção às emoções e aos sentimentos, porém é necessário separá-los do ego e dos problemas relacionais. A sugestão é tratar a todos como seres humanos, de modo digno e respeitoso, e dar a devida atenção aos problemas e lutar por sua solução. b. Concentrar-se nos interesses e não em posições: a sugestão aqui é se concentrar nos interesses e não nas posições, ou seja, tratar o problema de maneira objetiva, sendo amável com as pessoas e rigoroso com o conflito. c. Identificação de ganhos mútuos: tal preceito prescinde uma análise apurada do problema, com a identificação de possibilidades de solução que ofereçam ganhos para ambas as partes. Para tal, há a necessidade de superar a possibilidade de julgamento precipitado, assim como a busca por uma única resposta, além de aprender a agregar valor e possibilidades, bem como agir com imparcialidade, de modo a entender o problema como comum às partes e jamais unilateralmente. d. Insistir em critérios objetivos: é importante identificar os critérios objetivos que levam mais facilmente a um acordo equilibrado e podem restabelecer a paz duradoura. Para se trabalhar com critérios objetivos é necessário considerar que os negociadores devem estar abertos a reflexões e para olhar o todo, de forma que a solução seja pautada em preceitos, jamais em um desequilíbrio que cause danos a uma das partes. e. Conhecer as chances de retirada/hora de encerrar as tentativas: ao negociador cabe ter em mente uma lista de providências e possibilidades, caso a negociação não seja exitosa. É importante saber a hora de se retirar e encerrar as negociações, ainda que por tempo determinado. Ademais, não se pode prosseguir se, em certo momento, houver um risco, por algum fator específico, de o conflito aumentar. 05 Essas são as principais premissas desenvolvidas e disseminadas pela Escola de Harvard que são utilizadas na condução e solução de conflitos em todo o planeta, inclusive em conflitos como a Guerra Fria, mencionada no início deste tópico. TEMA 2 – PRINCIPAIS ASPECTOS E A APLICABILIDADE DA TEORIA DOS JOGOS (TEORIA DO EQUILÍBRIO DE JOHN NASH) “Teoria dos jogos é o estudo das tomadas de decisões entre indivíduos quando o resultado de cada um depende das decisões dos outros, numa interdependência similar a um jogo” (Barrichello, 2018). Para Vasconcelos (2017, p. 189) teoria dos jogos é entender que sua decisão depende de combinação de ações em cadeia, até se atingir um equilíbrio. A conhecida teoria de Jonh Nash, matemático americano que conquistou o Prêmio Nobel de Economia em 1994, prega esse equilíbrio em que para ser um jogo vantajoso o resultado deve agradar a ambos os jogadores. Para Jonh Nash, resumidamente, o jogo ideal é aquele em que ambas as partes saem vencedoras. Tal teoria é bem representada no filme Uma mente brilhante (com estreia em 2001). Esse filme é aqui recomendado para se conhecer um pouco da vida desse importante matemático, assim como a sua interessante teoria. Trata-se de um filme bastante inteligente e pautado em fatos reais. Assista, você vai gostar! No contexto corporativo, a teoria de Jonh Nash é retratada na ilustração abaixo, vejamos: 06 Figura 1– Estratégia Fonte: Google: teoria do equilíbrio de John Nash Assim, é possível encontrar um ponto convergente e comum, ainda que partindo de pontos de vistas diferentes e interlocutores diversos. Trazendo essa lógica para o Departamento de RH na condição de interlocutor de conflitos empresariais, é possível perceber que apesar de o mediador por vezes trabalhar com conflitos em setores diferentes ao seu, pode-se buscar aproximar os interesses e mediar a ponto que ambas as partes estejam satisfeitas, produtivas e em total consonância com os propósitos empresariais. Isso pode acontecer com empregados, fornecedores, terceiros e até mesmo clientes. O que se deve buscar é o ponto em que essa relação atinge o equilíbrio. Para tanto, é importante refletir a respeito do que é e quando é atingido o ponto de equilíbrio para cada caso. Tal definição demanda uma reflexão cautelosa por parte do mediador ou conciliador. TEMA 3 – A TRANSFORMAÇÃO PELA MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS: A PRÁTICA DA MEDIAÇÃO COMUNITÁRIA Conforme já mencionamos em tópicos anteriores, o ideal para uma sociedade é o exercício da cidadania plena e a participação direta na democracia. A sociedade em seu maior ponto de desenvolvimento consegue por si só resolver 07 seus conflitos e problemas cotidianos. Tal capacidade é um elemento fornecido pela educação e pela cultura de participação social. O exercício da cidadania é uma sedimentação da democracia, ou seja, quando a sociedade tem condições de participar ativamente e direcionar seu próprio futuro. Ademais, a vida em sociedade demanda decisões e a participação de todos, tanto para a solução de problemas individuais quanto para avaliar questões que afetam toda a coletividade. O exercício da cidadania e da participação democrática demanda prestações de direitos e garantias fundamentais, bem como o acesso a direitos sociais. Essa participação e manifestação social por parte do cidadão por si só já geram demandas, dúvidas e conflitos, necessitando, por vezes, de um agente mediador que interfira nessa comunicação e colabore para a solução ou para que as partes cheguem a uma solução. Sob esse viés, o Brasil tem desenvolvido técnicas e procedimentos de solução de controvérsias extrajudiciais e comunitárias, buscando pacificar, descongestionar o judiciário e até mesmo impedir (ou pelo menos reduzir) a quantidade de conflitos levados ao Poder Judiciário anualmente, nas mais diversas esferas. A mediação comunitária demanda a participação ativa da comunidade, uma vez que as próprias partes são responsáveis pela solução do conflito. A elaboração de modelos de solução de conflitos por meios consensuais promove a inclusão social e uma maior participação da comunidade, tudo isso atrelado a técnicas educativas, serviços de atendimento e inclusão em programas de cidadania, o que torna o cidadão integrante de um sistema de exercício da democracia. A inclusão de sistemas comunitários de solução de conflitos auxilia na promoção da igualdade, uma vez que tais sistemas em geral são voltados ao atendimento de pessoas com menor potencial financeiro ou de baixa renda. Possuir um local com pessoas capacitadas para auxiliar na solução de conflitos dentro do próprio ambiente comunitário em que se vive realmente promove um acesso concreto à justiça, na forma do texto constitucional de 1988, assim como é a sedimentação da cidadania. Espaços de participação concretizam a democracia e o exercício da cidadania. No Brasil, atualmente existem inúmeros projetos de mediação comunitária, nas mais diversas esferas e com objetivos bem diversificados 08 também, sendo o elementar a contribuição para a concretização da democracia, inclusão social e, enfim, a promoção do protagonismo social. Assim, prefeitura, escolas, entidades públicas e privadas têm desenvolvido e praticado a mediação comunitária. Tanto que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem incentivado a promoção de solução de controvérsias por meios pacíficos e restaurativos como meta para inclusão social, promoção do acesso à justiça e descongestionamento do Poder Judiciário. Alguns exemplos de mediação comunitária podem ser presentados aqui: a. Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), lançado em julho de 2007. Entre vários outros segmentos de integração social, possui núcleos de justiça comunitária e acesso a serviços essenciais. Para mais informações a respeito do projeto, acesse: <http://www.observatoriodeseguranca.org/seguranca/pronasci>. b. Núcleos de mediação e cidadania do Programa Polos de Cidadania, vinculados à Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, que integram o projeto Polos de Cidadania, o qual possui diversos vieses de atuação, conforme esquema a seguir: Figura 2 – Atuação dos polos de cidadania Fonte: <http://polosdecidadania.com.br/institucional/linhas-de-atuacao/>. 09 Esse projeto é a demonstração efetiva da integração social e de aproximação entre a cidadania e democracia e as pessoas que delas necessitam e, até por conta de limitações financeiras, são excluídas do acesso a tais serviços. O projeto é um exemplo de sucesso de mediação comunitária e integração social como um todo. A título de conhecimento, atualmente existem inúmeros núcleos de prática jurídica no âmbito das faculdades e universidades privadas que promovem a conciliação e mediação, projetos elaborados por tribunais de justiça (como é o caso do projeto Justiça nos Bairros promovido pelo Tribunal de Justiça do Paraná), e associações e núcleos de inclusão social e cultural, com propostas para ajudar na pacificação e inclusão social. TEMA 4 – ÉTICA, MORAL E A POSTURA ADOTADA NA SOLUÇÃO DE CONFLITOS CORPORATIVOS Segundo Vasconcelos (2017, p. 219), é importante que o mediador esteja consciente da moral que caracteriza o momento atual enquanto valores efetivamente praticados e costumes sociais. A moral se diferencia da ética, pois esta se encontra no plano da teoria e justificação dos valores morais. A moral está no comportamento efetivo das pessoas. Para o mesmo autor, atualmente desaparece a moral tradicional de conteúdo hierárquico e que é válida para as esferas de agir e vivenciar, assim, há uma fragmentação moral na sociedade (Vasconcelos, 2017, p. 220). No que concerne aos métodos de solução pacífica e extrajudicial de conflitos, todos necessitam de processos colaborativos, momentos e pessoas imparciais e despidas de qualquer preconceito ou pré-julgamento. Aqui se demandam pessoas aptas a construir elos comunicativos que se encaixem em cada situação específica. Para Vasconcelos (2017, p. 221), “a ética é o campo da filosofia que busca a compreensão do comportamento, da moralidade e da indicação do que deve ser praticado enquanto virtude e do que deve ser evitado, enquanto vício”. Vasconcelos (2017) continua “e assim, a ética contempla uma função normativa, pois, com fundamento nela, encontramos alguma orientação sobre o que pode ou deve ser permitido, obrigado ou proibido, nos comportamentos humanos”. 010 Enfim, a ética é o fundamento dos valores morais que direcionam o comportamento humano, especialmente em sociedade, e a moral está nos costumes, regras e convenções estabelecidos por determinada sociedade. A seguir apresentamos alguns exemplos para visualizarmos a prática da ética e da moral. 4.1 Caso 1: Jogar lixo na rua Este também é um exemplo onde a reflexão sobre a ética e a moral são postas em prática. Se ao caminhar por uma via pública, uma pessoa estiver com alguma embalagem que pretenda se desfazer, pela ética ela deve jogar esta embalagem no lixo, que seria o correto, inclusive pela moral. Entretanto ela decide jogar a embalagem na via pública, o que pela ética, apesar de não ser uma atitude punitiva, é tida como algo ruim, pois além de sujar a rua essa pessoapode estar dando um [mau] exemplo para que outros indivíduos possam vir a cometer este mesmo ato. Num sentido mais amplo, a finalidade das duas é muito semelhante, pois tanto a ética quanto a moral são responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem e a melhor forma de agir em sociedade. (Significados, 2018) 4.2 Caso 2: Prejudicar algum colega de trabalho No ambiente de trabalho, é comum que se tenha a chamada ética profissional, segundo a qual se supõe que todos os funcionários agirão de acordo com esse princípio. Entretanto, se por razões de crescimento pessoal dentro da empresa algum funcionário resolver prejudicar outro colega de trabalho, essa atitude, seja pela ética ou pela moral, não é considerada como algo correto. Além de esse funcionário não estar agindo de acordo com o código de ética profissional, moralmente falando não é algo que condiz com o que a sociedade considera correto. TEMA 5 – A MEDIAÇÃO E A NEGOCIAÇÃO DOS CONFLITOS ORGANIZACIONAIS: PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS DE MEDIAÇÃO Inicialmente, é importante esclarecer que não há um procedimento padrão para realização de mediações e conciliações em geral, mas, sim, algumas orientações a serem seguidas, o que pode variar de acordo com o caso concreto. Um procedimento comum é a realização da entrevista pré-mediação, que basicamente consiste no acolhimento e oitiva da parte solicitante, com anotação dos dados e elementos que auxiliarão o mediador na condução da mediação em 011 si. Tal procedimento, se possível, deve acontecer com o solicitante e com o solicitado, o que facilita bastante a condução da mediação, uma vez que ambas as partes já expuseram separadamente seus pontos de vista. Importante a menção de que é possível solucionar alguns conflitos já na fase de pré-mediação, uma vez que, ao ouvir as partes, o mediador detecta que na realidade ambos convergem para um fator comum, porém não se aproximaram para conversar. Isso pode ensejar a elaboração de um termo e o encerramento do conflito ainda em fase de pré-mediação. Em não havendo a solução na fase de atendimentos, o procedimento a ser seguido, em regra, deve comportar alguns elementos essenciais, quais sejam: a remessa do convite para que ambas as partes compareçam em data, horário e local pré-definido para participação da mediação. Importante mencionar que em uma mediação extrajudicial, em que ainda não existe um processo judicial, as partes podem comparecer acompanhadas de um advogado de sua confiança. Essa comunicação pode acontecer por carta, e-mail, WhatsApp ou outro meio que proporcione às partes conhecer o procedimento e, se assim desejarem, comparecer. Proporcionar um ambiente acolhedor, com locais para se sentar e se acomodar confortavelmente, canetas, papéis e até mesmo uma recepção com café, por exemplo, pode auxiliar a solução do conflito, já que as partes se sentirão mais confortáveis com a situação e inclusive com a presença do árbitro ou conciliador. A existência de uma mesa redonda ou a distribuição das partes em círculo ajuda bastante na quebra de tabus e limitações inconscientes a respeito de barreiras e disputas. A abertura da sessão deve acolher a todos, incluindo o agradecimento pela presença, a explicação da função do mediador, imparcialidade, combinação da duração da sessão, os procedimentos e a apresentação do assunto. Deve-se esclarecer ainda a respeito do sigilo e a importância de as partes se respeitarem e tentarem resolver seus conflitos de forma amena. Em seguida, deve-se passar à oitiva das partes, às ponderações, aos esclarecimentos e às discussões efetivas do caso concreto. Na sequência, se houver a solução, é preciso lavrar o termo de mediação ou conciliação exitosa; caso contrário, lavra-se o termo de tentativa de mediação ou conciliação sem êxito. Ambas as partes devem receber a cópia da ata, devidamente assinada por todos os presentes. 012 A fase de narrativas e discussões a respeito do assunto se inicia quando o mediador ou conciliador pede para que cada uma das partes, cada uma a seu tempo, relate o problema/conflito, iniciando pelo solicitante e após passando a palavra ao solicitado, por igual tempo. Tal ordem pode ser alterada, por livre deliberação das partes; ademais, vige a informalidade no procedimento. Nessa fase é importante deixar claro que uma parte não deve interromper a outra, assim como o mediador ou conciliador não deve interromper, salvo se estritamente necessário (casos de ofensas graves, por exemplo). Em seguida, o mediador faz um apanhado dos itens que demandam resolução e que compõem o conflito, buscando identificar em conjunto com as partes as reais necessidades e os principais aspectos do conflito para ambas as partes. Na sequência, o interlocutor deve passar para a fase de diálogo e aproximação das partes, ouvindo, ponderando, silenciando, enfim, agindo dentro da sua experiência e habilidade para tornar viáveis as partes uma solução do conflito. Depois de satisfeitas as tentativas dialogais e esgotadas as possibilidades ou o tempo, existem algumas possibilidades a serem avaliadas. A primeira é a suspensão do procedimento para que as partes amadureçam as ideias e necessidades. Há também a elaboração de termo de conciliação ou mediação negativa, ou o ideal para o mediador ou conciliador: a elaboração do termo de composição pelas partes. Nesse termo, conforme modelo apresentado em aulas anteriores, além dos dados das partes e presentes é importante constar o objeto com conflito e a solução pelas partes encontrada, assim como os procedimentos, prazos e condições por elas estabelecidas. Ainda, deve constar o local e data, assim como a assinatura de todos os presentes. A entrega de uma via do termo assinada para um dos presentes é importante também e demonstra credibilidade e transparência no procedimento. Lembrando: a sessão de mediação ou conciliação pode ser retomada a qualquer tempo, a pedido das partes. FINALIZANDO Neste módulo apresentamos os preceitos valiosos da Escola de Harvard, com seus conceitos, métodos e princípios para a solução de conflitos. Exploramos 013 também a teoria dos jogos como elemento para se alcançar objetivos na mediação de conflitos. A comunicação e a compreensão do outro são elementos que se somam para o sucesso de procedimentos de mediação, conciliação e arbitragem enquanto institutos tradicionais de solução pacífica de conflitos. É importante mencionar a importância de novos e atuais métodos, inclusive praticados no Brasil, como a mediação comunitária de conflitos. Além de ser um elemento concretizador da democracia e de uma cidadania participativa, a mediação comunitária inclui, soluciona e integra o cidadão ao meio em que vive. Assim é possível compreender que se consegue reduzir e evitar conflitos (em tempos de propagação e de multiplicação de conflitos), porém a porta de entrada para tal ferramenta é o conhecimento e o aperfeiçoamento. Enfim, a sugestão é que o gestor esteja sempre aberto a novas possibilidades e atualizações quando o assunto é a solução construtiva de conflitos em suas organizações. Ademais, é no seio das empresas e no ambiente corporativo que os conflitos surgem e demandam soluções. Ao departamento de Recursos Humanos em geral cabe a tarefa de direcionar e solucionar conflitos, que por vezes sequer possuem alguma ligação com o departamento de Recursos Humanos. Assim sendo, importante ao profissional de RH é a compreensão do instituto da mediação e conciliação como elemento de restauração e pacificação social. Neste contexto, estudar e aperfeiçoar deve ser o lema do mediador ou do conciliador, afinal, como já dissemos aqui, conhecimento é o que nos move, especialmente no meio corporativo! É o conhecimento que nos libertará das amarras sociais, laborais, morais, financeiras, entre outras– logo, estude, estude sempre e sonhe alto! Espero que você tenha gostado deste módulo, vamos para o próximo! 014 REFERÊNCIAS BARRICHELLO, F. A ciência da estratégia: Insights da Teoria dos Jogos para competir e colaborar. Disponível em: <http://www.cienciadaestrategia.com.br/teoriadosjogos/capitulo.asp?cap=i2>. Acesso em: 18 abr. 2018. IBGC – INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA. Origens da Governança Corporativa. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/index.php/governanca/origens-da-governanca>. Acesso em: 17 abr. 2018. MATOS, G. G. de. Comunicação empresarial sem complicação: como facilitar a comunicação na empresa, pela via da cultura e do diálogo. 3. ed. rev. e ampl. Barueri: Manole, 2014. MENDES, I. Um pouco da história da violência. Disponível em: <http://www.ibamendes.com/2011/02/um-pouco-da-historia-da-violencia.html>. Acesso em: 18 abr. 2018. MCINTYRE, S. E. Como as pessoas gerem o conflito nas organizações: Estratégias individuais negociais. Análise Psicológica, n. 2, v. XXV, p. 295-395, 2007. Disponível em: <http://publicacoes.ispa.pt/index.php/ap/article/ view/447/pdf>. Acesso em: 17 abr. 2018. SOUZA, Z. A. de. Arbitragem: conciliação – mediação nos conflitos trabalhistas. São Paulo: LTr, 2004. FRIEDRICH, T. L.; WEBER, M. A. L. Gestão de conflitos: transformando conflitos organizacionais em oportunidades. CRA-RS, 14 jan. 2014. Disponível em: <http://crars.org.br/artigos_interna/gestao-de-conflitos-transformando-conflitos- organizacionais-em-oportunidades-41.html>. Acesso em: 17 abr. 2018. SIGNIFICADOS. 6 exemplos de ética e moral. Disponível em: <https://www.significados.com.br/exemplos-de-etica-e-moral/>. Acesso em: 17 abr. 2018. TERRA, J. C. Gestão do Conhecimento – O grande desafio empresarial: uma abordagem baseada no aprendizado e na criatividade. São Paulo: Negócio Editora, 2000. 015 VASCONCELOS, C. E. de. Mediação de conflitos e práticas restaurativas. 5. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Forense, 2017.
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