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Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL Pulmão Ross: Histologia texto e atlas BRÔNQUIOS A traqueia é dividida em dois ramos, que formam os brônquios principais (primários), os quais são anatomicamente denominados como brônquios principais direito e esquerdo – termos mais adequados, em virtude da diferença existente entre os dois. O brônquio direito é mais largo e significativamente mais curto que o esquerdo. Ao entrar no hilo do pulmão, cada brônquio principal divide-se em brônquios lobares (brônquios secundários). O pulmão esquerdo é dividido em dois lobos, enquanto o pulmão direito é dividido em três lobos. Por conseguinte, o brônquio direito divide-se em três ramos brônquicos lobares, e o esquerdo, em dois ramos brônquicos lobares, suprindo, cada brônquio, um lobo. O pulmão esquerdo é ainda dividido em oito segmentos broncopulmonares, e o pulmão direito, em 10 desses segmentos. Consequentemente, no pulmão direito, os brônquios lobares dão origem a 10 brônquios segmentares (brônquios terciários), enquanto os brônquios lobares do pulmão esquerdo dão origem a apenas oito brônquios segmentares. Um brônquio segmentar e o parênquima pulmonar por ele suprido constituem um segmento broncopulmonar. O significado do segmento broncopulmonar no pulmão humano torna- se evidente quando se considera a necessidade de ressecção cirúrgica, que pode ser necessária em certos estados patológicos. Os segmentos, cada um deles com seu próprio suprimento sanguíneo e septos de tecido conjuntivo, constituem subunidades anatômicas, que facilitam a ressecção cirúrgica. Na sua porção inicial, os brônquios apresentam a mesma estrutura histológica geral que a traqueia. A partir de sua entrada nos pulmões, onde irão se constituir os brônquios intrapulmonares, a estrutura da parede brônquica se modifica. Os anéis cartilaginosos são substituídos por placas de cartilagem de formato irregular. As placas cartilaginosas formam um cilindro que envolve toda a circunferência da parede bronquiolar, conferindo-lhes um formato circular ou cilíndrico, que difere do formato ovoide com uma parede posterior achatada, observado na traqueia. À medida que os brônquios se ramificam, seu diâmetro diminui. Consequentemente, as placas de cartilagem tornam-se também menores e menos numerosas. Por fim, as placas desaparecem das regiões onde as vias respiratórias alcançam um diâmetro de cerca de 1 mm. Esses ramos menores são denominados bronquíolos Os brônquios podem ser identificados pelas suas placas de cartilagem e por uma camada circular de músculo liso. A segunda mudança observada na parede do brônquio intrapulmonar é a adição de músculo liso, que forma uma camada circular completa em seu entorno. A camada de músculo liso torna-se cada vez mais evidente, à medida que a quantidade de cartilagem diminui. Na porção inicial dos brônquios, o músculo liso é disposto em feixes entrelaçados, formando uma camada contínua. Nos brônquios menores, a camada de músculo liso torna-se descontínua. A parede do brônquio é, portanto, composta de cinco camadas: A MUCOSA é composta de um epitélio pseudoestratificado similar ao da traqueia. A altura das células, no entanto, reduz à medida que os brônquios diminuem de diâmetro. Nas amostras coradas pela H&E, a “membrana basal” é evidente nos brônquios principais, mas diminui abruptamente de espessura e não mais é distinguida nos brônquios secundários. A LÂMINA PRÓPRIA assemelha-se àquela da traqueia, mas sua espessura é reduzida proporcionalmente ao diâmetro dos brônquios A MUSCULAR é uma camada contínua de músculo liso nos brônquios maiores. Torna-se mais atenuada e frouxamente organizada nos brônquios menores, em que pode aparecer descontínua, em virtude de sua organização espiralada. A contração do músculo regula o diâmetro da via respiratória A SUBMUCOSA permanece como tecido conjuntivo relativamente frouxo. Nos brônquios maiores, observa-se a existência de glândulas, bem como tecido adiposo A CAMADA CARTILAGINOSA consiste em placas de cartilagem descontínuas, que se tornam menores à medida que o diâmetro do brônquio diminui A adventícia consiste em tecido conjuntivo moderadamente denso, que é contínuo com o das estruturas adjacentes, tais como a artéria pulmonar e o parênquima pulmonar. Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL BRONQUÍOLOS Os segmentos broncopulmonares são ainda subdivididos em lóbulos pulmonares. Cada lóbulo é suprido por um bronquíolo. Septos delicados de tecido conjuntivo que separam parcialmente os lóbulos adjacentes podem estar presentes na superfície do pulmão como áreas poligonais de limites imprecisos. Os ácinos pulmonares são pequenas estruturas presentes nos lóbulos. Cada ácino consiste em um bronquíolo terminal, nos bronquíolos respiratórios e nos alvéolos (Figura 19.11). Por conseguinte, a unidade bronquiolar respiratória é a menor unidade funcional da estrutura pulmonar. Consiste em um único bronquíolo respiratório e nos alvéolos que ele supre. ESTRUTURA DOS BRONQUÍOLOS Os bronquíolos são ductos condutores de ar, medindo 1 mm ou menos de diâmetro. Os bronquíolos maiores representam ramos dos brônquios segmentares. Esses ductos ramificam-se repetidamente, dando origem aos bronquíolos terminais menores, que também se ramificam. Por fim, os bronquíolos terminais dão origem aos bronquíolos respiratórios Não há placas de cartilagem nem glândulas nos bronquíolos. Os bronquíolos de maior diâmetro têm inicialmente um epitélio pseudoestratificado colunar ciliado, que é gradualmente substituído por um epitélio simples colunar ciliado à medida que o ducto se estreita. As células caliciformes ainda estão presentes nos bronquíolos maiores, mas já não são encontradas nos bronquíolos terminais. Uma exceção ocorre nos fumantes e em outros indivíduos expostos a irritantes no ar. Não existem glândulas subepiteliais nos bronquíolos. As placas de cartilagem, que são características dos brônquios, estão ausentes nos bronquíolos. Na verdade, é possível observar pequenas porções de cartilagem, particularmente nos pontos de ramificação. A parede de todos os bronquíolos apresenta uma camada relativamente espessa de músculo liso. Os bronquíolos pequenos exibem epitélio simples cuboide. Os bronquíolos condutores menores, os bronquíolos terminais, são revestidos por um epitélio simples cuboide, no qual são encontradas células de Clara intercaladas com células ciliadas (Figura 19.12). As células de Clara aumentam em número à medida que as células ciliadas diminuem ao longo da extensão do bronquíolo. Observa-se também a existência ocasional de células em escova e células de pequenos grânulos. Há uma pequena quantidade de tecido conjuntivo subjacente ao epitélio, além de uma camada de músculo liso disposta circularmente, subjacente ao tecido conjuntivo nas porções condutoras. Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL As células de Clara são células não ciliadas, que exibem uma projeção característica arredondada ou em formato de cúpula na superfície apical. No MET, apresentam características de células secretoras de proteína (Figura 19.13). Contêm um RER de localização basal bem desenvolvido, um complexo de Golgi lateral ou supranuclear, grânulos secretores de proteína e numerosas cisternas de REL no citoplasma apical. As células de Clara secretam um agente tensoativo, uma lipoproteína que impede a adesão luminal em caso de colapso das paredes das vias respiratórias, particularmente durante a expiração. Além disso, as células de Clara produzem umaproteína de 16 kDa, conhecida como proteína secretora das células de Clara (CC16), que é um componente abundante da secreção das vias respiratórias. As doenças pulmonares crônicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a asma, estão associadas a alterações na quantidade da CC16 no líquido das vias respiratórias e no soro. A CC16 é utilizada como marcador pulmonar mensurável no líquido do lavado broncoalveolar e no soro. A secreção de CC16 na árvore bronquial diminui durante a lesão pulmonar (devido ao dano das células de Clara), enquanto os níveis séricos de CC16 podem aumentar, devido ao extravasamento através da barreira hematoaérea FUNÇÕES DOS BRONQUÍOLOS Os bronquíolos respiratórios constituem a primeira porção da árvore bronquial que possibilita a troca de gases. Os bronquíolos respiratórios constituem uma zona de transição no sistema respiratório; eles estão envolvidos tanto na condução de ar quanto na troca gasosa. Apresentam um pequeno diâmetro e são revestidos por epitélio cuboide. O epitélio dos segmentos iniciais dos bronquíolos respiratórios contém tanto células ciliadas quanto células de Clara (Figura 19.12). Distalmente, há um predomínio de células de Clara. Ocasionalmente, observa-se também a existência de células em escova e células granulares de centro denso ao longo da extensão do bronquíolo respiratório. Os alvéolos, que consistem em evaginações de paredes finas, estão dispersos e estendem-se a partir do lúmen dos bronquíolos respiratórios (Figura 19.11). Os alvéolos constituem os locais em que o ar entra e sai do bronquíolo para possibilitar a troca de gases CORRELAÇÃO CLÍNICA: ASMA lA asma é uma doença inflamatória crônica que acomete as vias respiratórias dos pulmões e é causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A doença afeta pessoas de todas as idades, raças e grupos étnicos no mundo inteiro. Caracteriza-se por obstrução do fluxo de ar recorrente, causada por uma associação de inflamação dos bronquíolos e constrição de seus músculos lisos (broncospasmo).Em consequência da obstrução das vias respiratórias, a saída de ar dos alvéolos pulmonares são dificultadas, causando sintomas como sibilos, tosse, dispneia e constrição torácica. Nos pacientes com asma, ocorre inflamação da mucosa respiratória, do tecido conjuntivo subjacente e dos músculos lisos dos bronquíolos. Caracteriza-se por infilltração da parede bronquiolar por eosinófilos (em alguns casos, neutrófilos), linfócitos (principalmente células T auxiliares Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL ativadas)e mastócitos. O epitélio bronquiolar é espesso, contém um número aumentado de células caliciformes (produzindo, portanto, maior quantidadede muco)e apresenta membrana basal espessa, devido ao aumento de fibras colágenas na lâmina reticular (Figura B.19.2.1). A camada de músculo liso também é mais pronunciada e contém várias camadas de células musculares lisas hiperplásicas. Tradicionalmente, os medicamentos utilizados para o tratamento de pacientes com asma foram classificados em broncodilatadores (que provocam relaxamento do músculo liso)ou anti-inflamatórios (que suprimem as reações inflamatórias). Os fármacos mais recentes (p. ex., modificadores dos leucotrienos) exercem efeitos duplos. Atualmente, os medicamentos para asma são classificados de acordo com o seu tempo de ação no manejo global dessa doença. Incluem medicamentos de alívio rápido, como os broncodilatadores agonistas beta- adrenérgicos, para reverter a constrição do músculo liso, ou medicamentos de controle prolongado, como os corticosteroides inalados, os broncodilatadores β- agonistas de ação longa e os modificadoresdos leucotrienos. ALVÉOLOS Os alvéolos constituem o local da troca de gases. A área de superfície disponível para a troca gasosa é aumentada pelos alvéolos pulmonares. Os alvéolos são os espaços aéreos terminais do sistema respiratório e constituem os verdadeiros locais de troca gasosa entre o ar e o sangue. Cada alvéolo é circundado por uma rede de capilares que coloca o sangue em grande proximidade com o ar inalado dentro do alvéolo. Existem cerca de 150 a 250 milhões de alvéolos em cada pulmão do adulto; sua área total de superfície interna é de aproximadamente 75 m 2 , ou seja, aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis. Cada alvéolo tem uma câmara poliédrica de parede fina, de cerca de 0,2 mm de diâmetro, confluente com um saco alveolar (Figura 19.14) Os DUCTOS ALVEOLARES são vias respiratórias alongadas, cujas paredes são formadas quase exclusivamente por alvéolos. Observa-se a existência de anéis de músculo liso nos septos interalveolares semelhantes a maçanetas (ver parágrafo seguinte) Os SACOS ALVEOLARES são espaços circundados por grupos de alvéolos. Os alvéolos circundantes abrem-se nesses espaços. Em geral, os sacos alveolares ocorrem na porção terminal de um ducto alveolar, mas podem, no entanto, ser observados em qualquer ponto ao longo de sua extensão. Os alvéolos são circundados e separados uns dos outros por uma camada de tecido conjuntivo extremamente fina, contendo capilares sanguíneos. O tecido entre os espaços aéreos alveolares adjacentes é denominado septo alveolar ou parede septal (Figura 19.15). O epitélio alveolar é composto de células alveolares dos tipos I e II e de raras células em escova. A superfície alveolar forma uma interface biológica vulnerável, que está sujeita a muitas forças de superfície desestabilizantes e à exposição contínua a partículas, patógenos e toxinas inaladas. O epitélio alveolar é composto de várias células especializadas e seus produtos – algumas das quais desempenham papel defensivo e protetor: As células alveolares do tipo I, também conhecidas como pneumócitos do tipo I, compreendem apenas 40% de todas as células de revestimento alveolar. Trata-se de células pavimentosas extremamente finas, que revestem Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL a maior parte (95%) da superfície dos alvéolos (Figura 19.15). Essas células são unidas entre si e com outras células do epitélio alveolar por zônulas de oclusão (Figura 19.16). As junções formam uma barreira efetiva entre o espaço aéreo e os componentes da parede septal. As células alveolares do tipo I não têm capacidade proliferativa As células alveolares do tipo II, também denominadas pneumócitos tipo II ou células septais, são células secretoras. Essas células têm formato cuboide e estão intercaladas com as células do tipo I, mas tendem a se concentrar nas junções septais. As células do tipo II representam 60% das células do revestimento alveolar; no entanto, em virtude de seu formato cuboide, cobrem apenas cerca de 5% da superfície aérea alveolar. À semelhança das células de Clara, as células do tipo II tendem a fazer protrusão para dentro dos alvéolos (Figura 19.16). Seu citoplasma apical é preenchido com grânulos, que podem ser vistos ao MET (Figura 19.17) como pilhas de lamelas de membrana paralelas, denominados corpos lamelares. São ricas em uma mistura de fosfolipídios, lipídios neutros e proteínas, que é secretada por exocitose, formando um agente tensoativo de revestimento alveolar, denominado surfactante. Além da secreção de surfactante, as células alveolares do tipo II são células progenitoras das células alveolares do tipo I. Após lesão pulmonar, elas proliferam e restauram ambos os tipos de células alveolares. A hiperplasia das células alveolares do tipo II constitui um importante marcador de lesão alveolar e recuperação dos alvéolos As células em escovatambém estão presentes na parede alveolar, mas em pequeno número. Podem atuar como receptores que monitoram a qualidade do ar no pulmão. O surfactante diminui a tensão superficial alveolar e participa ativamente na depuração de substâncias estranhas. A camada de surfactante produzida pelas células alveolares do tipo II diminui a tensão superficial na interface arepitélio. O agente de maior importância para a estabilidade do espaço aéreo é um fosfolipídio específico, denominado dipalmitoilfosfatidilcolina (DPPC; do inglês, dipalmitoylphosphatidylcholine), responsável por quase todas as propriedades de redução da tensão superficial do surfactante. A síntese de surfactante no feto ocorre apenas após 35 semanas de gestação e é modulada por uma variedade de hormônios, incluindo cortisol, insulina, prolactina e tiroxina. Sem a secreção adequada de surfactante, os alvéolos iriam colapsar a cada expiração sucessiva. Esse colapso ocorre nos lactentes prematuros, cujos pulmões não tiveram tempo suficiente para se desenvolver adequadamente e produzir surfactante, causando a síndrome de angústia respiratória (SAR) neonatal. A administração profilática de surfactante exógeno por ocasião do nascimento a lactentes extremamente prematuros e a administração a recém nascidos sintomáticos diminuem o risco de SAR. Além disso, a administração de cortisol às mães com ameaça de parto prematuro diminui a mortalidade neonatal. As proteínas do surfactante ajudam a organizar a camada de surfactante e modulam as respostas imunes alveolares. Além dos fosfolipídios, as proteínas hidrofóbicas são necessárias para a estrutura e a função do surfactante. Essas proteínas são as seguintes: Proteína do surfactante A (SPA), a proteína mais abundante do surfactante. A SPA é responsável pela homeostasia do surfactante (regulação da síntese e da secreção do surfactante pelas células alveolares do tipo II). Além disso, modula as respostas imunes a vírus, bactérias e fungos. Proteína do surfactante B (SPB), uma importante proteína para transformação do corpo lamelar no delgado filme de superfície do surfactante. A SPB é uma proteína de importância crítica para a organização do surfactante, responsável pela sua adsorção e disseminação na superfície do epitélio alveolar Proteína do surfactante C (SPC), que representa apenas 1% da massa total da proteína do surfactante. Juntamente Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL com a SPB, a SPC ajuda na orientação da DPPC dentro do surfactante e na manutenção da fina camada de filme no interior dos alvéolos Proteína do surfactante D (SPD), principal proteína envolvida na defesa do hospedeiro. Ligase a vários microrganismos (p. ex., bactérias gramnegativas) e aos linfócitos. A SPD participa na resposta inflamatória local à lesão pulmonar aguda e, juntamente com a SPA, modula respostas alérgicas a vários antígenos inalados. O septo alveolar constitui o local da barreira hematoaérea. A barreira hematoaérea refere-se às células e a produtos celulares através dos quais os gases devem se difundir entre os compartimentos alveolares e capilares. A barreira hematoaérea mais delgada consiste em uma fina camada de surfactante, uma célula epitelial do tipo I e sua lâmina basal e uma célula endotelial capilar e sua lâmina basal. Com frequência, ocorre fusão dessas duas lâminas basais (Figura 19.18). As células e fibras do tecido conjuntivo que podem estar presentes entre as duas lâminas basais ampliam a barreira hematoaérea. Esses dois arranjos produzem uma porção delgada e uma porção espessa da barreira (Figura 19.19). Acredita-se que a maior parte da troca gasosa ocorra através da porção delgada da barreira e que a porção espessa constitua um local em que o líquido tecidual pode acumular-se e até mesmo atravessar o alvéolo. Os vasos linfáticos no tecido conjuntivo dos bronquíolos terminais drenam o líquido que se acumula na porção espessa do septo. Os macrófagos alveolares removem o material particulado inalado dos espaços aéreos e os eritrócitos do septo. Os macrófagos alveolares são especiais, pois atuam tanto no tecido conjuntivo do septo quanto no espaço aéreo do alvéolo (Figura 19.20). Nos espaços aéreos, varrem a superfície e removem o material particulado inalado (p. ex., poeira e pólen). Em decorrência dessa atividade, esses macrófagos são denominados células de poeira. Os macrófagos alveolares, assim como os demais do organismo, são derivados de monócitos sanguíneos e pertencem ao sistema mononuclear fagocítico (ver Capítulo 6). Fagocitam os eritrócitos que podem entrar nos alvéolos em situação de insuficiência cardíaca (Figura 19.20). Alguns macrófagos ingurgitados passam para a árvore bronquial e são eliminados por deglutição ou expectoração do muco. Outros macrófagos retornam ou permanecem no tecido conjuntivo septal, no qual, repletos de material fagocitado acumulado, podem permanecer durante grande parte da vida do indivíduo (Figura 19.21). Por conseguinte, na necropsia, os pulmões de habitantes das grandes cidades e os fumantes geralmente apresentam numerosos macrófagos alveolares e septais repletos de partículas de carbono, pigmento antracótico e partículas de sílica birrefringentes semelhantes a agulhas. Os macrófagos alveolares também fagocitam microrganismos infecciosos como Mycobacterium tuberculosis, que podem ser reconhecidos nas células em amostras adequadamente coradas. Esses bacilos não são digeridos pelos macrófagos; no entanto, outras infecções ou condições que danifiquem os macrófagos alveolares podem liberar bactérias e, assim, promover tuberculose recorrente. Além disso, evidências recentes sugerem que a apoptose dos macrófagos septais contribui para o desenvolvimento do enfisema. A circulação de ar colateral através dos poros alveolares possibilita a passagem de ar entre os alvéolos. Os estudos da estrutura alveolar com o microscópio eletrônico de varredura revelam aberturas nos septos interalveolares, que possibilitam a circulação de ar de um alvéolo para outro. Esses poros alveolares (de Kohn) podem ser de grande importância em algumas condições patológicas, nas quais a doença pulmonar obstrutiva bloqueia a via normal do ar para os alvéolos. Os alvéolos localizados distalmente ao bloqueio podem continuar a ser arejados através dos poros de um lóbulo ou ácino adjacente O pulmão apresenta circulações tanto pulmonar quanto brônquica. A circulação pulmonar supre os capilares do septo alveolar e provém da artéria pulmonar que deixa o Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL ventrículo direito do coração. Os ramos da artéria pulmonar seguem o seu percurso juntamente com os brônquios e bronquíolos e transportam sangue até os capilares dos alvéolos. Nos alvéolos, esse sangue é oxigenado e, em seguida, coletado pelos capilares venosos pulmonares que se unem para formar vênulas. Por fim, formam as quatro veias pulmonares que retornam o sangue ao átrio esquerdo do coração. O sistema venoso pulmonar está localizado a certa distância das vias respiratórias na periferia dos segmentos broncopulmonares Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL A circulação brônquica, por meio das artérias brônquicas que se ramificam a partir da aorta, supre todo o tecido pulmonar, exceto os alvéolos (i. e., as paredes dos brônquios e bronquíolos e o tecido conjuntivo do pulmão, exceto o septoalveolar). Os ramos mais finos da árvore arterial brônquica também se abrem nos capilares pulmonares. Por conseguinte, as circulações brônquica e pulmonar se anastomosam na junção entre as vias condutoras e respiratórias. As veias bronquiais drenam apenas o tecido conjuntivo da região hilar dos pulmões. A maior parte do sangue chega aos pulmões por meio das artérias brônquicas e o deixa através das artérias pulmonares. VASOS LINFÁTICOS O duplo suprimento sanguíneo é acompanhado paralelamente de uma drenagem linfática dupla dos pulmões. Um conjunto de vasos linfáticos drena o parênquima pulmonar e acompanha as vias respiratórias até o hilo. São encontrados linfonodos ao longo de todo o percurso dos vasos linfáticos maiores. Um segundo conjunto de vasos linfáticos drena a superfície do pulmão e segue o seu trajeto no tecido conjuntivo da pleura visceral, uma membrana serosa de tecido conjuntivo revestido por mesotélio superficial. NERVOS A maioria dos nervos que inervam os pulmões não é visível ao microscópio óptico. São componentes das divisões simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo e, por meio da contração do músculo liso em suas paredes, medeiam os reflexos que modificam as dimensões das vias respiratórias (e dos vasos sanguíneos). Além disso, o sistema nervoso autônomo controla a secreção glandular da mucosa respira Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL CORRELAÇÃO CLÍNICA: FIBROSE CÍSTICA A fibrose cística (FC, mucoviscidose) é uma doença pulmonar obstrutiva crônica que acomete crianças e adultos jovens. Trata-se de um distúrbio autossômico recessivo causado por mutação em um gene denominado regulador da condutância transmembrana da fibrose cística (CFTR), localizado nocromossomo7. O produto desse gene, a proteína do canal Cl – , está envolvido na alteração final do muco e das secreções digestivas, suor e lágrimas. Todas as mutações do gene CFTR resultam em transporte epitelial anormal do Cl – , que afeta a viscosidade da secreção das glândulas exócrinas. Quase todas as glândulas exócrinas secretam um muco anormalmente viscoso, que provoca obstrução das glândulas e seus ductos excretores. A evolução da doença é determinada, em grande parte, pelo grau de comprometimento pulmonar. Por ocasião do nascimento, os pulmões são normais. No entanto, a proteína defeituosa dos canais de Cl – no epitélio brônquico provoca diminuição da secreção de Cl – e aumento da reabsorção de Na + e de água a partir do lúmen (Figura B.19.3.1). Em consequência, a“escada rolante mucociliar” funciona inadequadamente, com consequente acúmulo de uma secreção mucosa viscosa e acentuadamente espessa. A lesão pulmonar é provavelmente iniciada pela obstrução dos bronquíolos. A obstrução bronquiolar bloqueia as vias respiratórias e leva ao espessamento das paredes bronquiolares e a outras alterações degenerativas nos alvéolos. Como os líquidos permanecem aprisionados nos pulmões, os indivíduos com fibrose cística apresentam infecções frequentes do trato respiratório. A clonagem do gene CFTR poderá, no futuro próximo, permitir a utilização da terapia gênica. CORRELAÇÃO CLÍNICA: ENFISEMA E PNEUMONIA O enfisema é uma condição anormal do pulmão caracterizada por aumento permanente dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal. Esse aumento é causado pela obstrução crônica do fluxo de ar, frequentemente promovido pelo estreitamento dos bronquíolos. É acompanhado de destruição da parede alveolar (Figura B.19.4.1). Por conseguinte, nessa doença, observa-se a perda de uma área significativa para a troca gasosa. O enfisema é relativamente comum; é encontrado em cercada metade de todas as necropsias e é facilmente reconhecido. Os patologistas identificam vários tipos de enfisema. No entanto, a gravidade da doença é clinicamente mais importante que a precisa identificação do tipo específico de enfisema.Com frequência, o enfisema é provocado por inalações crônicas de material particulado estranho, como poeira de carvão, fibras têxteis e poeira de construção. Contudo, a causa mais comum é o tabagismo. A destruição da parede alveolar pode estar associada a uma lise excessiva da elastina e de outras proteínas estruturais nos septos alveolares. A elastase e outras proteases originam-se de neutrófilos, macrófagos e monócitos pulmonares. Uma doença genética específica, a deficiência de α1 -antitripsina, provoca um tipo particularmente grave de enfisema em indivíduos tanto heterozigotos quanto homozigotos e/ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). É geralmente fatal nos homozigotos se não for tratada, mas é possível reduzir a sua gravidade pelo suprimento exógeno do inibidor da enzima. Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL Nivya Moraes P1/UC2 UNIT – AL
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