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Nei Pereira Jr. Professor Emérito Laboratórios de Desenvolvimento de Bioprocessos Escola de Química-CT/UFRJ nei@eq.ufrj.br mailto:nei@eq.ufrj.br Aumentar taxas de transferência de nutrientes do seio do líquido para as células. Aumentar as taxas de remoção de metabólitos excretados pelas células, de sua vizinhança para o seio do líquido. Aumentar as taxas de transferência de oxigênio da fase gasosa para a fase líquida. Evitar deposição de células no fundo do reator, ou formação de agregados microbianos, aumentando a superfície de contato sólido-líquido. Promover a dissipação de calor das células para o meio de cultivo e deste para a superfície de troca térmica. Funções da Agitação em Bioprocessos Características básicas de um Biorreator agitado mecanicamente Formação de vórtice em biorreatores não dotados de chicanas Flat bladed Rushton Turbines Vaned Disk Turbine Curved bladed Smith Turbine Down-pumper stirrer Sawtooth stirrer Up-pumper stirrer Paddle with 6 blades Paddle with 2 blades Down- and UP-pumping propellers Pitched bladed turbine .......... Types of stirrers Principais componentes de velocidade em função do tipo de impelidor radial tangencial axial Wi DT Di HL WB Hi N Potência de Agitação em Processos Não Aerados PT = PPM + PTRANS + PEF ND ND DN F F N i i i avis inérica 2 2 42 cos Re (ligado ao ESCOAMENTO) Re < 10 escoamento laminar Re > 104 escoamento turbulento g ND gD DN F F N i i i campo inércia Fr 2 3 42 (ligado à VORTICIDADE) Equação de Rushton baseada na lei homogeneidade dimensional: uma equação analiticamente deduzida, representando um fenômeno físico, deve ser válida para todos os sistemas de unidades; Teorema de Buckingham: define o número de variáveis em função do número de dimensões básicas. MLT: 3 dimensões básicas (M, L, T) e uma derivada (F) MFLT: 4 dimensões básicas (M, L, T, F) e nenhuma derivada necessidade do emprego do fator de conversão (gc) P = f (N, Di, DT, , , g, HL, Hi, Wi, WB etc) Análise dimensional Sistemas de unidades Onde: P: potência de agitação [Kgf.m/s] N: velocidade de agitação do impelidor [1/s] Di: diâmetro do impelidor [m] : densidade do meio [Kg/m3] : viscosidade do meio [Kg/m.s2] g: aceleração da gravidade [9,81 m/s2] gc: fator de conversão [9,81 Kg.m/Kgf.s 2] K: constante (fator de Rushton) n i m i i c g NDND K DN gP 22 53 Sistema MFLT nFr m P NNKN Re Equação de Rushton NRe NFr NP n i m i i c g NDND K DN gP 22 53 ... .. . nFr m P NNKN .. Re 0.1 1 10 100 NRe N P 10 610 4 10 3 10 210 1 10 5 Laminar Transição Turbulento Turbina 6 lâminas Pá Propulsor maritmo Avaliação do Grau de Agitação em Biorreatores STR através do cálculo da Potência Efetiva aplicada ao Meio de Cultivo SISTEMAS NÃO AERADOS Equação de Rushton Escoamento laminar m = -1 Escoamento turbulento m = 0 Biorreatores dotados de chicanas n=0 P = P(µ) P ≠ P(µ) 1Re. NKNP Relnlnln NKNP KN P Com auxílio deste gráfico, conhecendo-se a velocidade de agitação, o tipo de agitador e as propriedades físicas do meio de cultivo, determina-se o número de Reynolds e na sequência o número de Potência. De posse destes valores, calcula-se a Potência requerida para agitação em sistemas não aerados. Para biorreatores dotados de chicanas, K pode ser determinado pelo coeficiente linear da porção reta no regime laminar: 1Re NKNP Relogloglog KNP 0.1 1 10 100 NRe N P 10 610 4 10 3 10 210 1 10 5 Laminar Transição Turbulento Turbina 6 lâminas Pá Propulsor maritmo Potência de Agitação em Processos Aerados borbulhamento de ar agitação do líquido (decorrente do trabalho de ascensão realizado pelas bolhas de ar) bolhas de ar densidade aparente do meio REDUÇÃO DA POTÊNCIA REQUERIDA À AGITAÇÃO DO MEIO AERADO trabalho ascensional das bolhas gasosas diminuição da densidade aparente do meio + 1. Através de correlações gráficas ou analíticas que determinam a potência para o sistema aerado (Pg) em função da potência requerida para meio não aerado (P) e o número de aeração (Na) Cálculo da potência sob condições aeradas 3 i a ND Q N onde: Q: vazão de ar N: velocidade do agitador Di: diâmetro do agitador aladimension 31 3 LTT L Na Os métodos a serem aplicados consistem nas seguintes etapas: 1. Cálculo da potência requerida para o sistema não aerado (P) [Rushton] 2. Cálculo do número de aeração (Na = Q/NDi 3) 3. Utilização de uma correlação gráfica ou analítica, determinar o fator de redução de potência (Pg/P) e, consequentemente, a potência para o sistema aerado (Pg) 1.1. Relação gráfica de Ohyama: Pg: potência necessária para agitar um biorreator aerado, o qual com o mesmo volume de líquido não aerado consome uma potência P 1.2. Relação analítica de Calderbank a g N P P 6,121 a g N P P 85,162,0 p/ Na < 0,035 p/ Na 0,035 1.3. Relação analítica de Mitchel & Miller (1962): 45,0 56,0 32 Q DNP CP ig Onde “C” é fç da geometria do impelidor 56,0 32 log45,0loglog Q NDP CP ig Descreve o comportamento da potência requerida para um sistema aerado com a vazão de ar (Q), velocidade de agitação (N), diâmetro do impelidor (Di) e potência requerida para sistema não aerado (P) log Pg tg=0,45 log (P2NDi 3/Q0,56) C1 C2 C3 C4 Correlação Michel e Miller para estimação da Potência em meios de cultivo não Newtonianos em biorreatores aerados de diferentes tamanhos Essa correlação se mostra extremamente útil para a predição da potência efetiva transferida ao meio líquido em sistemas aerados não só em meios com reologia Newtoniana, mas também para aqueles com comportamento não Newtoniano Fonte: Richards (1961) apud Wang et al. (1979) Validade da equação de Cooper: HL/DT = 1 Pg/VL > 0,1 HP/m3 1 jogo de turbina do tipo ‘vaned disk’ vs até 90 m/h 2 jogos de turbina do tipo ‘vaned disk’ vs até 150 m/h 2.1. Equação de Cooper e colaboradores: Onde: Kv=Kga: coeficiente volumétrico de absorção de O2, Kg mol/h.m 3.atm Pg : potência de agitação, HP VL : volume de meio líquido, m 3 vs : velocidade do ar através da seção reta do biorreator, m/h 2. Utilizando relações empíricas entre potência e aeração vaned disk turbine Fonte: Cooper (1944) 67,0 95,0 1 0635,0 s L g TD LHv v V P K 2.1. Relação de Cooper 5,05,0 4,0 Nv V P KaK s L g L 2.2. Equação de Bartholomew 2.3. Equação de Fukuda 37,07,0 56,0 108,20,2 Nv V P naK s L g g 2.4. Equação de Hospodka 11,0 72,0 s L g L v V P KaK 2.5. Equação de Taguchi 56,0 33,0 s L g L v V P KaK …… Bingham Casson Newtoniano Dilatante Pseudoplástico Taxa de deformação () T en sã o d e ci sa lh am en to ( ) Reograma de fluidos com diferentes propriedades Fonte: Stanbury, P.F., Whitaker, A., Hall, S.J. (1995); Montalvo-Salinas, D., Cantú-Lozano, D. (2018). Dilatante Newtoniano Pseudoplástico Casson Correlações para KLa em fluidos de baixa viscosidade KLa = (Pg/V) (vs) Correlações para KLa em fluidos viscosos Potência Absorvida em Biorreatores com Escoamento Pneumático Considerações: • condições isotérmicas, desprezando-se o atrito, que provoca variação de U; • variação de energia potencial do gás irrelevante quando comparada com os outros termos, ou seja a diferença z2-z1 é numericamente muito pequena; • condições adiabáticas,o que leva q=0 • u2 <<< u1 Potência Absorvida em Biorreatores com Escoamento Pneumático velocidade do ar, pela diminuição do orifício de entrada; vazão de ar, ou seja, o produto PV = RT/mol A profundidade do biorreator, P1/P2 O W executado no sistema aerado e, portanto, a energia transferida ao meio líquido, aumentará no caso de se aumentar: Extrapolação de Escala Escala Laboratorial Escala Piloto Escala Industrial Ampliação de Escala Redução de Escala (reengenharia, revisão de processo) Efeitos que impactam bioprocessos em qualquer escala: [Nutrientes], Densidade celular; Agitação/ Homogeneidade, Cisalhamento; Transferência de massa (O2); Controles (pH, T, F, espuma); Operação (BS, BA e Contínuo); We’ve got a few problem going from lab scale to full commercial scale Desafios: Manutenção do crescimento celular; Obtenção de [Produto] ótima; Rendimentos máximos e perdas mínimas; Garantia da capacidade de produção; Reprodutibilidade do bioprocesso; Aumento de escala (Scale up) significa reproduzir em escala industrial os resultados de um bioprocesso otimizado (bem sucedido) realizado em escalas laboratorial e piloto Fonte: Geraats (1994) Resultados da Ampliação de Escala para a Produção de Lipase Causas mais prováveis: Concentração de CO2 dissolvido aumentada pelo aumento da pressão hidrostática no biorreator industrial; Depleção local de oxigênio decorrente de ineficiente grau de mistura; Baixo grau de mistutra em escalas maiores que resulta em gradientes de nutrientes (óleo de soja), amônia e controle de pH Tamanho da Escala depende: Tipo de substância que se esteja produzindo; Fatores econômicos ligados à demanda do produto pelo mercado; Valor agregado do produto. Via de regra, quanto MENOR o valor agregado do produto, MAIOR a escala de produção, a fim de se garantir o êxito econômico (rentabilidade) da empresa em relação ao capital nela investido. Escala de produção de Bioprocessos Bioprocesso Tamanho do Biorreator (m3) álcool; antibióticos; amino-ácidos e leveduras 50 a 500 cerveja 2.000 tratamento de efluentes 20.000 novas biomoléculas (m.os recombinantes, células animais ou vegetais) algumas centenas de litros (máx) Fonte: Galindo (1996) SIMILARIDADE GEOMÉTRICA: relação constante entre as dimensões lineares correspondentes nas duas escalas; SIMILARIDADE CINEMÁTICA: manutenção da velocidade do fluido em pontos equivalentes nas duas escalas; SIMILARIDADE DINÂMICA: manutenção das forças aplicadas nas duas escalas; SIMILARIDADE TÉRMICA: manutenção da temperatura em pontos equivalentes nas duas escalas; SIMILARIDADE QUÍMICA: manutenção da composição química do meio em pontos equivalentes nas duas escalas. Critérios para escalonamento Critérios mais usados Similaridade geométrica; Coeficiente volumétrico de transferência de oxigênio (KLa); Potência por unidade de volume (Pg/V); Velocidade periférica (ND). Escala Laboratorial Escala Piloto Escala Industrial Problemas/Mudanças que um Bioprocesso experimenta quando se amplia a escala de produção Ampliação Mudanças FA BL As condições estabelecidas em frascos agitados são, em geral, de difícil reprodução BL BP BI Ao ampliar-se a escala, há parâmetros que modificam necessariamente. Os mais evidentes são a relação área/volume e a pressão hidrostática Problemas ligados à homogeneidade do sistema, que se acentuam com o aumento da escala FA: frascos agitados BL: biorreator de laboratório BP: biorreator piloto BI: biorreator industrial Relação área:volume hRRAT 2 hRV 2 Transferência de oxigênio superficial mais importante nos biorreatores de laboratório, sendo praticamente desprezível em biorreatores de grande escala DV AT 1 Determina a transferência de calor e o nível de aeração superficial cte D h Pressão hidrostática Em BI, a pressão no fundo do tanque pode assumir várias atmosferas, enquanto que em BL ou BP, a diferença de pressão entre a superfície e o fundo do tanque é mínima Solubilidade do oxigênio e mesmo de gases do metabolismo celular, como o CO2 são importantes Homogeneidade Os biorreatores pequenos, em geral, podem ser considerados bem misturados, sendo as condições operacionais medidas com sensores e representativas do que ocorre em todo o equipamento, não sendo o caso de biorreatores industriais A regra básica na ampliação de escala em bioprocessos é procurar manter, nas diferentes escalas, as CONDIÇÕES AMBIENTAIS ÓTIMAS. Estaremos, assim, fornecendo as condições necessárias para a reprodutibilidade da atividade fisiológica da célula, responsável pela transformação química do substrato em produto. Escala Laboratorial Escala Piloto Escala Industrial A ampliação da escala é feita preservando-se, tanto quanto possível, a similaridade geométrica. Entretanto, a rigorosa similaridade entre a geometria das duas escalas raramente pode ser conseguida, devendo ser adotada parcialmente, a fim de não se alterar a ambiência, a qual o agente biológico esta submetido. Similaridade geométrica Similaridade geométrica )( 2 2 1 1 cteK D h D h TT 1 2 1 2 2 2 1 2 TT TT DKD DKD V V 1 2 3/1 1 2 1 2 h h V V D D T T Por esta relação, observamos que ao se duplicar o diâmetro de um biorreator cilíndrico, seu volume aumentará de 8 (23) vezes. A manutenção da similaridade geométrica implica em manter uma relação constante entre as dimensões lineares correspondentes nas duas escalas. 1 2 1 1 4 h D V T 2 2 2 2 4 h D V T D NSc : viscosidade do meio : densidade do meio D: difusividade do oxigênio no meio Q: vazão de ar h: altura da coluna líquida dB: diâmetro da bolha (KLa)2 = (KLa)1 5,0 1,1, 3/2 1 1 5,0 2,2, 3/2 2 2 ScBScB Nd h V Q Nd h V Q 1,2, BB dd 1,2, ScSc NN 3/2 2 1 12 h h V Q V Q 9/2 2 1 12 V V V Q V Q Extrapolação da aeração ou 5,0 3/2 ScB L Nd V Q h aK 3/1VDcte D h Extrapolação da aeração Influência do valor de KLa sobre o rendimento do Bioprocesso em escala de bancada e industrial R E N D I M E N T O KLa 10 L 60.000 L R E N D I M E N T O Q/V (vvm) piloto industrial Influência do valor de Q/V sobre o rendimento do Bioprocesso em duas diferentes escalas Fonte: Galindo (1996) Para se atingir o mesmo rendimento necessita-se, na escala industrial, de uma menor taxa de aeração específica. Excelente critério a ser mantido na extrapolação de escala. (Q/V)Piloto (Q/V)Ind 1. Potência aplicada por unidade de volume (P/V) nas duas escalas 53 DNP Extrapolação da potência Da equação de Rushton temos que: N: velocidade do agitador D: diâmetro do agitador Aplicando P/V ( P/D3) = constante (N3 D2)2 = (N 3 D2)1 N2 = N1 (D1/D2) 2/3 ou 2. Velocidade periférica (vp) igual nas duas escalas N2 D2 = N1 D1 N2 = N1 (D1/D2) ou A comparação entre as duas expressões mostra que é impossível fazer-se o “scale up” atendendo a mais de um critério, caso seja mantida a similaridade geométrica Sem aeração cg DNK P 53 vp= N D Da equação de Michel & Miller, temos que: Pg = C (P 2 D3 N / Q0,56)0,45 sendo: P N3 D5 Pg (N 3 D5) (D3/2 N1/2 / Q1/4) Como Pg/D 3 deve ser igual nas duas escalas: 4/1 1 2/7 1 2/7 1 4/1 2 2/7 2 2/7 2 Q DN Q DN 14/1 1 2 2 1 12 Q Q D D NN Pg C (P D 3/2 N1/2) / Q1/4 Extrapolação da potência Com aeração 0,5 0,5 Interdependência dos parâmetros de escalonamento ParâmetroSímbolo Biorreator de Laboratório (80 L) valores relativos Critério Biorreator de produção (10.000 L) P/V N ND Re Potência P 1,0 125 3125 25 0,2 Potência específica P/V 1,0 1,0 25 0,2 1,6x10-3 Velocidade de agitação N 1,0 0,34 1,0 0,2 0,04 Diâmetro do agitador D 1,0 5,0 5,0 5,0 5,0 Velocidade periférica ND 1,0 1,7 5,0 1,0 0,2 Número de Reynolds Re 1,0 8,5 25,0 5,0 1,0 Fonte: Oldshue (1986) Se mantivermos P/V constante, Re aumenta mais de 8 vezes no biorreator grande em relação ao pequeno; Claramente, N não pode ser um critério adequado, já que resulta em um aumento de 25 vezes na relação P/V; Ao escalonar mantendo-se constante a velocidade periférica (ND), Re no biorreator grande será 5 vezes maior do que no biorreator pequeno; Se quisermos usar o Re como critério de escalonamento, P/V será mais de 1000 vezes menor do que no biorreator pequeno. A realidade industrial Fonte: Einsele, A. (1976). Scaling up of bioreactors. 5th Int Fermentation Symposium, Berlin v e lo c id a d e p e r if é r ic a ( m / s ) 1 10 0,1 0,1 1 10 100 200 vp const Volume (m3) 0,1 10 Volume (m3) 1 P / V ( k W / m 3 ) P/V V-0,37 0,1 1 10 100 200 te m p o d e m is tu r a ( s ) 1 10 100 tmV 0,3 Volume (m3) 0,1 1 10 100 200 R e N D 2 ReV0,35 1 10 100 Volume (m3) 0,1 1 10 100 200 Um bom critério é manter a velocidade periférica (vP) constante; A igualdade do tempo de mistura e a constância do número de Reynolds nas diferentes escalas não devem ser critérios empregados na extrapolação de escala, tendo em vista que observações práticas mostram que tm e Re aumentam com a escala de produção. No entanto, o tempo de mistura, como medida qualitativa do grau de homogeneidade do biorreator, é um parâmetro importante nos biorreatores grandes; Na prática não se observa a similaridade geométrica absoluta; Embora amplamente utilizado, é falho o critério de igual potência por unidade de volume (P/V). A verificação prática é que o valor de P/V diminui com a escala de produção; É importante respeitar a regra básica: “Manter, nas diferentes escalas, as condições ambientais ótimas do bioprocesso, incluindo o suprimento de oxigênio ao biorreator” Conclusões:
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