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A nova realidade da economia global e a aplicação do Direito nas relações entre o Setor Público e o Setor Privado

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ARTIGO 
A nova realidade da economia global e a aplicação do direito nas 
relações entre os setores público e privado 
 
 
A globalização consiste em um fenômeno que provocou diversas e 
recentes transformações no mundo. Tais mudanças são percebidas na esfera 
social, econômica, ambiental, cultural, entre tantas outras, sem que haja 
precedentes na história. No desenrolar desse fenômeno, o impacto sobre a 
atividade empresária se fez sentir a ponto de transformar a forma como 
ocorrem as relações entre os agentes econômicos. 
Boaventura de Souza Santos relata que as interações ocorridas no 
limiar do século XXI com a queda das barreiras nacionais e todos os seus 
efeitos levaram os mais variados autores a admitir um fenômeno novo 
designado por globalização.1 Assim surgiu o termo, uma palavra ignorada 
que passou a ser conhecida em toda parte.2 
As causas desse fenômeno consistem nas mais variadas formas de 
interação global que podem ser verificadas em diversos meios, mas, 
sobretudo, na ambiciosa integração econômica, cujo alerta foi dado em 
1848: “[...] a necessidade de um mercado constantemente em expansão 
impele a burguesia a invadir todo o globo. Necessita estabelecer-se em toda 
parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda parte [...]”3. 
Por sua característica eminentemente econômica, compreende-se a 
globalização como uma decorrência da força da expansão econômica. 
                                                            
1 SANTOS, Boaventura de Souza. Os processos da globalização. In: SANTOS, Boaventura de Souza 
(Org.). A globalização e as ciências sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002. p. 25. 
2 GIDDENS, Anthony. A terceira via: reflexões sobre o impasse político atual e o futuro da social-
democracia. Tradução de Maria Luiza Borges. 4. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.p.38. 
3 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Instituto José Luis e 
Rosa Sundermann, 2003.p. 29. 
Seriam as forças do mercado liberadas das amarras fronteiriças e 
ideológicas.4 
Analisando o referido processo globalizatório, Zygmunt Bauman 
afirma se tratar do destino irremediável e irreversível do mundo, além de 
um processo que afeta a todos na mesma medida e da mesma maneira.5 
Alguns autores entendem que as dimensões da globalização exigem 
uma percepção multifacetada, em que todo o processo seja concebido, de 
modo que todas as áreas afetadas estejam presentes no seu conceito e em 
sua análise.6 Por consequência, todos os conceitos que tendam a ser 
monocausais, assim como todas as interpretações que venha a ser 
monolíticas, relativamente à globalização, não são adequadas. 
Na perspectiva de um processo que afeta a todos e que deve ser 
explicado de forma plural, sua abordagem não pode fugir das dimensões 
econômicas, sociais, políticas, culturais, religiosas e jurídicas,7 sem se 
perder de vista que as empresas, tema central da presente pesquisa, estão no 
bojo de todas essas dimensões. 
Na sua dimensão econômica, o processo globalizatório representa de 
início, a busca incansável por novos mercados, especialmente quando os 
países industrializados enxergaram a possibilidade de produzir e 
comercializar para além das fronteiras, o que provocou a queda destas, pois 
para o capitalismo cada limite, seja ele qual for, constitui como uma 
barreira a ser superada.8 No mesmo sentido, o fenômeno globalizante pode 
ser entendido como uma nova etapa da economia capitalista, pois a 
                                                            
4 CHESNAIS, Fançois. A mundialização do capital. Tradução de Silvana FinziFoá. São Paulo: Xamã, 
1996.p. 25. 
5 ZYGMUNT, Bauman. Globalização: as conseqüências humanas. Tradução de Marcus Penchel. Rio 
de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.p. 7. 
6 SANTOS, Boaventura de Souza. Ob. cit.,p. 26. 
7 SANTOS, Boaventura de Souza. Ob. cit.,p. 26. 
8 MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Ob. cit.,p. 29. 
globalização refletiu uma nova fase de expansão do capitalismo, seja como 
modo de produção ou mesmo como novo processo civilizatório.9 Em 
contrapartida, existem críticas àqueles que apregoam apenas o viés 
econômico da globalização priorizando a valorização do capital privado, 
submetendo a este os diversos campos da vida em sociedade.10 
Nesse sentido, a interação mundial possui uma esfera social, 
evidenciando que a globalização no aspecto econômico consiste apenas em 
uma forma de se enxergar o fenômeno. Desse modo, do ponto de vista 
sociológico, o mundo é concebido como um espaço comum cujos vínculos 
sociais vão além das fronteiras, conforme nos ensina Ulrich Beck ao 
sustentar que por bastante tempo se vive em uma sociedade de 
característica mundial, de modo que a ideia de espaços fechados é fictícia.11 
Na dimensão política, a globalização corresponde aos processos por 
meio dos quais os Estados se imbricam e adotam políticas segundo 
orientações de atores transnacionais dotados de poder.12 As relações 
políticas internacionais, nesse contexto que vincula a ideia de capitalismo à 
democracia, são conduzidas pelos Estados desenvolvidos que exercem 
maior influência, sobretudo a bélica e a econômica, o que significa dizer, 
segundo Joseph Stiglitz, que a dimensão política da globalização reflete a 
prevalência dos anseios imperialistas das nações desenvolvidas sobre as 
subdesenvolvidas.13 
                                                            
9 IANNI, Octavio. A era do globalismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1997.p. 7. 
10 CHESNAIS, Fançois. Ob. cit., p. 25. 
11 BECK, Ulrich. Qué es la globalización: falacias del globalismo, respuestas a la globalización. 
Tradução de Bernardo Moreno e Maria Rosa Borras. Barcelona: Paidós, 1997.p. 28. Tradução livre: 
“Hace ya bastante tiempo que vivimos en una sociedad mundial, de manera que las tesis de los 
espacios cerrados es ficticia”. 
12 BECK, Ulrich. Ob. cit.,p. 29. 
13 STIGLITZ, Joseph E. Making globalization work. New York: Norton & Company, 2006.p. 
4.Tradução livre: “The rules of the game have been largely set by the advanced industrial countries - 
and particularly by special interests within those countries - and, not surprisingly, they have shaped 
globalization to further their own interests”. 
Nesse sentido, os Estados que não gozam de força econômica sofrem 
com a perda da autonomia e a relativização da soberania de que são 
dotados,14 sejam por parte de outros Estados desenvolvidos, ou até mesmo 
por entidades privadas, que são comumente organismos financeiros 
internacionais, além de outros atores, como as empresas multinacionais.15 
O crescimento desmedido de algumas empresas ou mesmo o 
desenvolvimento por fusões ou incorporações fez surgir verdadeiros 
aglomerados de capitais que assustam pelas quantias surreais. A 
consequência da concentração de capitais é consubstanciada no poder do 
qual ficam dotadas as sociedades empresárias sendo que, muitas vezes, 
alguns Estados se vêem à mercê do poderio daquelas organizações: 
Paradoxalmente, a contrarreforma neoliberal das 
últimas três décadas conformou um projeto de 
globalização protagonizada por não mais de 500 
grandes corporações transnacionais. Somente a soma 
do faturamento das três maiores empresas mundiais 
equivale ao PIB brasileiro, a 10ª economia do mundo. 
No Brasil, por exemplo, a Petrobras já é maior que o 
PIB argentino. (sic).16 
Em suas dimensões culturais e religiosas, o processo de globalização 
produz a massificação e a padronização do comportamento ao mesmo 
tempo em que revaloriza culturas locais e traz à luz outras civilizações.17 
Em que pese parecer um paradoxo, os movimentos são complementares, 
pois, à medida que se produz a padronização do consumo e hábitos globais, 
acentuam-se as diferenças regionais e locais como resistência em face do 
                                                            
14 ZYGMUNT, Bauman. Ob. cit.,p. 69. 
15 SANTOS, Boaventura de Souza. Ob. cit.,p. 37.16 POCHMANN,Márcio.Inflaçãoglobaleostrabalhadores:devítimasavilões.SãoPaulo,07ago.2008.p.1. 
Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=5621>. Acesso em: 31 
ago. 2009. 
17 BECK, Ulrich. Ob. cit., p. 29. Tradução livre: “revaloriza culturas locales y trae a um primer plano 
terceras culturas”. 
modelo padrão global.18 
Nesse sentido, do ponto de vista religioso e cultural, a globalização 
se configura em um processo de homogeneização da cultura, no que 
interessa ao poder econômico, e de resistência, especialmente quanto aos 
valores regionais de sociedades tradicionais. 
Por fim, na dimensão jurídica da globalização ao direito foi relegada 
a truanesca tarefa de manter a ordem com a manutenção do poder exigida 
pelo capitalismo, ao custo de um inegável caos social, evidenciado pela 
pobreza e pela miséria da grande maioria da população mundial.19 Desse 
caos brota o direito em um cenário global de alta complexidade, cujas 
fontes são policêntricas e fragmentadas, de modo que o direito da 
globalização não tem muita afinidade com a ideia de sistema, que está em 
crise,20 razão pela qual sustentam alguns autores que a teoria do direito vem 
retomando a linha do pluralismo jurídico.21 
Quanto ao jurista em tempos de globalização, cabe destacar que seu 
papel não pode ser o de manter, no que toca à interpretação, o conteúdo 
normativo estabelecido por uma classe titular do poder. Deve o jurista, ao 
contrário, interpretar o direito posto conferindo a ele sentido que 
transforme, com justiça, a realidade social.22 
Com o impacto da globalização sobre exercício da atividade 
                                                            
18 SANTOS, Boaventura de Souza. Ob. cit.,p. 47. 
19 SANTOS, Boaventura de Souza. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na 
transição paradigmática. São Paulo: Cortez, 2000. v. 1, p. 119. 
20 AMARAL, Francisco. Uma carta de princípios para um direito como ordem prática. In: TEPEDINO, 
Gustavo; FACHIN, Luiz Edson. O direito e o tempo: embates jurídicos e utopias contemporâneas. 
Estudos em homenagem ao Professor Ricardo Pereira Lira. Rio de Janeiro: Renovar, 2008. p.131. 
21 CAMPILONGO, Celso Fernando. Teoria do direito e globalização econômica. In: SUNDFELD, 
Carlos Ari; VIEIRA, Oscar Vilhena (Coord.) Direito global. São Paulo: Max Limonad, 1999. p. 81. 
22 AMARAL, Francisco. O Código Civil brasileiro e o problema metodológico de sua realização. Do 
paradigma da aplicação ao paradigma judicativo-decisório. In: TARTUCE, Flávio; CASTILHO, 
Ricardo. Direito civil: direito patrimonial e direito existencial. Estudos em homenagem à professora 
Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka. São Paulo: Método, 2006. p.12. 
empresária, tem-se que um dos maiores choques sentidos pelas 
organizações empresariais foi o acirramento da concorrência, pois o caráter 
global e expansionista das grandes corporações e a queda das barreiras 
nacionais afetou agudamente o mercado. Segundo Milton Santos, a 
característica marcante desse tempo é que a concorrência hodierna não é 
mais a concorrência do passado, especialmente porque elimina toda forma 
de compaixão. Nesse cenário, a competitividade tem a guerra como 
norma.23 Além disso, a concorrência fez os preços caírem, as tecnologias 
aumentarem, além de provocar uma revolução nos transportes de pessoas e 
cargas em escala mundial, assim como a concentração do capital em 
grandes corporações,24 tanto no que diz respeito à produção, quanto no que 
toca às finanças e à informação. 
A concorrência força os empresários a se profissionalizarem cada 
vez mais, a adotarem uma postura técnica e a estarem preparados para 
enfrentar os concorrentes. Os riscos de uma atividade empresária não se 
esgotam no risco do próprio empreendimento, mas podem estar, também, 
na ameaça que a concorrência pode representar para quem pretende se 
inserir no mercado, pois há uma força que impele, a todo custo, a vencer o 
concorrente, esmagando-o, de modo a tomar o seu lugar.25 
A livre iniciativa, postulado de um estado democrático, fundamenta a 
possibilidade de se ter a concorrência como característica do mercado. Em 
um mercado livre a concorrência possui extrema relevância sendo salutar 
para economia, desde que a lealdade esteja presente. 
As sucessivas mudanças que ocorrem diariamente impressionam por 
modificarem o perfil do empresário global competitivo: 
                                                            
23 SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de 
Janeiro: Record, 2003.p. 46. 
24 SANTOS, Boaventura de Souza. Ob. cit.,p. 29. 
25 SANTOS, Milton. Ob. cit.,p. 46. 
 
[...] empresário ‘schumpeteriano’, o visionário 
empreendedor, está sendo substituído ou pelos 
empresários que controlam alguma forma de saber 
especializado e inovador, ou ainda, pela figura do 
gerente, que baliza suas decisões por padrões de 
eficiência e competitividade. A tendência não é nova e 
vem sendo descrita desde os anos 50, mas certamente 
se reforçou muito nos últimos anos.26 
A concorrência exige não apenas inovações de ordem tecnológica 
para produtos e serviços,27 mas também uma inovação no espírito daqueles 
que exercem a atividade empresária. A competitividade exacerbada 
modifica até mesmo o comportamento ético do homem.28 Nesse cenário de 
complexidade, ainda que contem as empresas com toda a organização e 
arranjos, não ficam elas imunes aos riscos que o mercado e a concorrência 
oferecem, pois, em uma economia globalizada, qualquer desajuste de um 
segmento em alguma parte do globo pode significar uma reação em cadeia 
e provocar grandes crises.29 
Cumpre destacar que, em contraponto ao sistema capitalista em bases 
supostamente democráticas, ocorreu a insurgência de países de sistema 
comunista, que é de extrema importância e consiste em um momento 
histórico relevante da globalização em face da atividade empresária, pois 
                                                            
26 CARDOSO, Fernando Henrique. O impacto da globalização nos países em desenvolvimento: Riscos e 
oportunidades. Cidade do México, 1996. (Conferência do Senhor Presidente da República no Colégio 
do México). p. 2. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/GLOBA3.HTM>. Acesso em: 09 out. 2009. 
27 SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucro, 
capital, crédito, juro e ciclo econômico.Tradução de Maria Sílvia Possas. 2. ed. São Paulo: Nova 
Cultural, 1985.p.9. 
28 SANTOS, Milton. Ob. cit.,p. 46-47. 
29 CLEVELAND, Harlan. O jogo de confiança global. In: HARMAN, Willis; PORTER, Maya. (Org.). 
O novo negócio dos negócios: a responsabilidade compartilhada para um futuro global positivo. 
Tradução de Rosiléa Pizarro Carnelós. São Paulo: Culturix, 2008. p. 54. 
eliminando a propriedade privada,30 o brado a Revolução Russa se 
propagou no leste europeu. Não obstante ao comunismo, o mundo 
ocidental se tornou um único mercado, cuja evidência maior se verificou 
com o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT, o qual foi 
estabelecido em 1947, com vista a harmonizar as políticas aduaneiras dos 
Estados signatários.31 
Além disso, no decorrer do século XX, muitos países se uniram e 
formaram blocos econômicos, cujo objetivo principal foi aumentar as 
relações comerciais entre os membros. Neste contexto, surgiram a União 
Européia (UE), o Mercado Comum do Sul (Mercosul), o Conselho para 
Assistência Econômica Mútua (COMECON), o Tratado Norte-Americano 
de Livre Comércio (NAFTA), o Pacto Andino (CAN), e a Cooperação 
Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC),32 entre outros. Estes blocos se 
fortalecem cada vez mais e já se relacionam entre si. Desta forma, cada 
país, ao fazer parte de um bloco econômico, obtém mais força e 
competitividade nas relações comerciais internacionais. Com isso, o mundo 
saiu de uma bipolaridade certa e definida parauma multipolaridade 
indefinida.33 
Em 1994, com base no GATT, foi criada a Organização Mundial do 
Comércio (OMC), organização internacional que trata das regras sobre o 
comércio entre as nações.34 O surgimento da OMC veio coroar a montagem 
da arquitetura mundial da nova ordem internacional globalizada, que 
                                                            
30 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 14. ed. atual. e ampl. Belo Horizonte: Del 
Rey, 2008.p. 1234. 
31 LEMBO, Carolina Maria et al. Negociações multilaterais de comércio, o processo de integração 
econômica e a formação de blocos regionais. In: AMARAL, Antônio Carlos Rodrigues do (Coord.). 
Direito do comércio internacional: aspectos fundamentais. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Lex Editora, 
2006. p. 82. 
32 LEMBO, Carolina Maria et al. Ob. cit.,p. 104-107. 
33 ROSSETTI, José Paschoal. Ob. cit.,p. 362. 
34 LEMBO, Carolina Maria et al. Ob. cit.,p. 85. 
começara a ser delineada no fim da Segunda Guerra Mundial com a criação 
do Fundo Monetário Internacional, que consiste em uma organização 
internacional destinada a assegurar o bom funcionamento do sistema 
financeiro mundial, do Banco Mundial, que é uma agência do sistema das 
Nações Unidas criada para lutar contra a pobreza por meio de 
financiamentos e empréstimos aos países em desenvolvimento e, por fim, 
das Nações Unidas, que possui diversas finalidades, dentre elas promover o 
desenvolvimento econômico e social das nações. 
Ao longo do tempo, a sociedade se transforma e se torna cada vez 
mais complexa e plural. As relações sociais são demasiadamente ricas e 
refletem na construção do Direito que, por sua vez, é produto da cultura e 
da experiência social. Ao lado da evolução da sociedade, também evoluiu o 
Direito dela decorrente. 
Nesse sentido, surgem novos desafios para o empresário ante as 
dimensões do Direito e dos novos paradigmas jurídicos, sobretudo, novos 
valores sociais revestidos de institutos ou evidenciados por ramos do 
Direito surgiram em virtude da própria mudança deste como produto da 
sociedade. Esta, quando se modifica, altera o Direito, que não é estático.35 
 
 
 
                                                            
35 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, jurisprudência, glossário. 
6. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.p. 105. 
Referências 
 
AMARAL, Francisco. O Código Civil brasileiro e o problema 
metodológico de sua realização. Do paradigma da aplicação ao paradigma 
judicativo-decisório. In: TARTUCE, Flávio; CASTILHO, Ricardo. Direito 
civil: direito patrimonial e direito existencial. Estudos em homenagem à 
professora Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka. São Paulo: Método, 
2006. p. 12. 
AMARAL, Francisco. Uma carta de princípios para um direito como 
ordem prática. In: TEPEDINO, Gustavo; FACHIN, Luiz Edson. O direito e 
o tempo: embates jurídicos e utopias contemporâneas. Estudos em 
homenagem ao Professor Ricardo Pereira Lira. Rio de Janeiro: Renovar, 
2008. p. 131. 
BECK, Ulrich. Quéeslaglobalización: falaciasdelglobalismo, respuestas a 
laglobalización. Tradução de Bernardo Moreno e Maria Rosa Borras. 
Barcelona: Paidós, 1997. p. 28. Tradução livre: “Haceya bastante tiempo 
que vivimosen una sociedad mundial, de manera que lastesis de losespacios 
cerrados esficticia”. 
CAMPILONGO, Celso Fernando. Teoria do direito e globalização 
econômica. In: SUNDFELD, Carlos Ari; VIEIRA, Oscar Vilhena (Coord.) 
Direito global. São Paulo: Max Limonad, 1999. p. 81. 
CARDOSO, Fernando Henrique. O impacto da globalização nos países em 
desenvolvimento: Riscos e oportunidades. Cidade do México, 1996. 
(Conferência do Senhor Presidente da República no Colégio do México). p. 
2. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/publi_04/COLECAO/GLOBA3.HTM>. 
Acesso em: 09 out. 2009. 
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito constitucional. 14. ed. atual. 
eampl. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. p. 1234. 
CHESNAIS, Fançois. A mundialização do capital. Tradução de Silvana 
FinziFoá. São Paulo: Xamã, 1996. p. 25. 
CLEVELAND, Harlan. O jogo de confiança global. In: HARMAN, Willis; 
PORTER, Maya. (Org.). O novo negócio dos negócios: a responsabilidade 
compartilhada para um futuro global positivo. Tradução de Rosiléa Pizarro 
Carnelós. São Paulo: Culturix, 2008. p. 54. 
GIDDENS, Anthony. A terceira via: reflexões sobre o impasse político 
atual e o futuro da social-democracia. Tradução de Maria Luiza Borges. 4. 
ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 38. 
IANNI, Octavio. A era do globalismo. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização 
brasileira, 1997. p. 7. 
LEMBO, Carolina Maria et al. Negociações multilaterais de comércio, o 
processo de integração econômica e a formação de blocos regionais. In: 
AMARAL, Antônio Carlos Rodrigues do (Coord.). Direito do comércio 
internacional: aspectos fundamentais. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Lex 
Editora, 2006. p. 82. 
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São 
Paulo: Instituto José Luis e Rosa Sundermann, 2003. p. 29. 
MILARÉ, Édis. Direito do ambiente: a gestão ambiental em foco: doutrina, 
jurisprudência, glossário. 6. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2009. p. 105. 
POCHMANN, Márcio. Inflação global e os trabalhadores: de vítimas a 
vilões. São Paulo, 07 ago. 2008. p. 1. Disponível em: 
<http://www.ipea.gov.br/003/00301009.jsp?ttCD_CHAVE=5621>. Acesso 
em: 31 ago. 2009. 
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à economia. 20. ed. São Paulo: 
Atlas, 2003. 
SANTOS, Boaventura de Souza. Os processos da globalização. In: 
SANTOS, Boaventura de Souza (Org.). A globalização e as ciências 
sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002. p. 25. 
SANTOS, Boaventura de Souza. Para um novo senso comum: a ciência, o 
direito e a política na transição paradigmática. São Paulo: Cortez, 2000. v. 
1, p. 119. 
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à 
consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2003. p. 46. 
SCHUMPETER, Joseph Alois. Teoria do desenvolvimento econômico: 
uma investigação sobre lucro, capital, crédito, juro e ciclo econômico. 
Tradução de Maria Sílvia Possas. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985. p. 
9. 
STIGLITZ, Joseph E. Making globalization work. New York: Norton & 
Company, 2006. p. 4.Tradução livre: “The rules of the game have been 
largely set by the advanced industrial countries - and particularly by special 
interests within those countries - and, not surprisingly, they have shaped 
globalization to further their own interests”. 
ZYGMUNT, Bauman. Globalização: as conseqüências humanas. Tradução 
de Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. p. 7. 
 
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