Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA ENGENHARIA CIVIL HUGO LÓS MELCHIADES DE SOUZA ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DE FUNDAÇÃO PROFUNDA EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL DE TRÊS PAVIMENTOS. TRABALHO DE CONCUSÃO DE CURSO (ARTIGO TÉCNICO CIENTÍFICO) Rio de Janeiro – RJ 2020 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO Rio de Janeiro – RJ Tel.: (21) 2574-8888 Ficha Catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UVA Bibliotecária Adriana R. C. de Sá – CRB-7/4049 S729 Souza, Hugo Lós Melchiades de. Estudo de caso: análise do projeto de fundação profunda com estacas raiz em edifício residencial de três pavimentos / Hugo Lós Melchiades de Souza. – 2020. 71 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Júlio César da Silva. Monografia apresentada como artigo científico (graduação) – Universidade Veiga de Almeida, Curso de Graduação em Engenharia Civil, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, 2020. 1. Fundações profundas. 2. Fundações (Engenharia). 3. Estacas raiz. 4. Estacaria (Engenharia civil). I. Silva, Júlio César da (orientador). II. Universidade Veiga de Almeida. Curso de Graduação em Engenharia Civil. III. Título. CDD 624.15 USP CDD 2 HUGO LÓS MELCHIADES DE SOUZA ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DE FUNDAÇÃO PROFUNDA COM ESTACAS RAIZ EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL DE TRÊS PAVIMENTOS. Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Artigo Técnico-Científico, apresentado à coordenação de Engenharia Civil da Universidade Veiga de Almeida como parte dos requisitos necessários para a aprovação do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Júlio César da Silva Rio de Janeiro – RJ 2020 HUGO LÓS MELCHIADES DE SOUZA ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DE FUNDAÇÃO PROFUNDA COM ESTACAS RAIZ EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL DE TRÊS PAVIMENTOS. Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade Artigo Científico, apresentado à coordenação de Engenharia Civil da Universidade Veiga de Almeida como parte dos requisitos necessários para a aprovação do Título de Bacharel em Engenharia Civil. APROVADO EM 11 de Dezembro de 2020 BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Júlio César da Silva, D.Sc (Orientador) ____________________________________________ Moacir Porto Ferreira, M.Sc (Examinador Interno) ____________________________________________ Alex de Oliveira Silva, Esp. (Examinador Interno) Dedico este trabalho a todos os professores que acompanharam minha carreira acadêmica e principalmente à minha família, que muito me apoiou e proporcionou todo suporte para realiza-lo. Muitíssimo obrigado a todos que contribuíram para o meu crescimento e aprendizagem. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à minha mãe Claudia Lós, pelo exemplo de coragem e dedicação a suas metas, sempre conquistando seus objetivos com muita justiça, honra e suor. Sou muito grato por todas as oportunidades que me foram dadas, a sabedoria, o carinho e as puxadas de orelha! Agradeço ao meu pai Marcelo Souza, por me passar muita experiência, ensinar as pancadas da vida e ter me proporcionado uma infância maravilhosa. Muito obrigado por almejar meu sucesso e se orgulhar de mim. Agradeço aos meus avós: Aloir Melchiades, meu amigo, meu querido, meu velho pelo retrato altruísta, amoroso e zeloso de um avô que se preocupa com o desenvolvimento profissional e bem estar de todos seus entes queridos; Irene Lós, por ser a avó mais fofa e carinhosa do mundo, sempre cuidando da família, reluzindo amor e esperança. Gratidão é um sentimento muito pequeno perto de todo o carinho e amor que vocês me deram, tenho muito reconhecimento e admiração por vocês. Muitíssimo obrigado por serem meus amigos, meus queridos, meus velhinhos, meus Avós! Agradeço à minha noiva Elita Lacerda, por ser uma companheira inigualável: amorosa, compreensiva e inteligente, sempre incentiva e apoia meu crescimento. Obrigado por essa mulher maravilhosa, essa conquista é um passo a mais rumo a nossos sonhos. Agradeço também a todos os familiares não citados, que sem dúvidas contribuíram para a formação da pessoa que sou hoje. Muito obrigado Família, amo muito vocês! Agradeço ao meu orientador e amigo D.Sc Júlio César da Silva, por advir meu interesse na área de fundações. Além de passar conhecimentos acadêmicos excepcionais sobre o assunto, com ele também aprendi o que é caráter e responsabilidade. Agradeço ao meu coorientador e amigo Eng. Civ. Pedro Machay por aturar minhas enxurradas de perguntas e sempre as responder com muita propriedade e bom humor. Você me investiu tempo e conhecimento inestimável, com muita humildade e competência. Obrigado por ser um parceiro não só de trabalho, mas também um amigo a se levar para a vida. Agradeço a Universidade Veiga de Almeida e a todos os docentes que passaram e contribuíram em todos os meus anos de formação, desde o ensino básico. Vocês foram indispensáveis e memoráveis, então divido essa conquista com vocês, muito obrigado. “Para uma tecnologia de sucesso, a realidade deve ter prioridade sobre as relações públicas, pois a Natureza não pode ser enganada.” Feynman, Richard P. ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DE FUNDAÇÃO PROFUNDA COM ESTACAS RAIZ EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL DE TRÊS PAVIMENTOS. Hugo Lós Melchiades de Souza Júlio César da Silva RESUMO: O presente artigo inicia-se apresentando o projeto de um edifício residencial de três pavimentos no Recreio dos Bandeirantes, no estado do Rio de Janeiro, o qual utilizou estacas raiz em suas fundações. Em seguida será feito um estudo semi-empírico partindo das informações adquiridas pelos resultados dos testes de sondagem, havendo uma comparação com o projeto real executado. Com isso, abrir-se-á uma discussão de análise prático-econômica buscando elucidar as decisões tomadas no projeto. A fim de agregar novas informações e alternativas que poderiam ser implementadas ou substituídas, contribuindo de forma técnica e econômica para os próximos empreendimentos da SPE. Palavras-chave: Fundação profunda. Estaca raiz. ABSTRACT: This article begins presenting the project of a residential building of three floors in Recreio dos Bandeirantes, in the state of Rio de Janeiro, which used root piles in their foundations. After that, a semi-empirical study will be carried out based on the information acquired by the results of the drilling tests, with a comparison with the actual project carried out. Thereby a discussion of practical-economicanalysis will be opened seeking optimizations. In order to add new information and alternatives that could be implemented or replaced, contributing technically and economically to the next SPE’s (Specific-Purpose Entity) projects. Keywords: Deep foundation. Root pile. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Locação dos furos de sondagem ............................................................................. 11 Figura 2 – Início da perfuração com tubos metálicos ............................................................... 12 Figura 3 – Inserção das armaduras ........................................................................................... 13 Figura 4 – Injeção da argamassa, retirada dos tubos e arrasamento da cabeça da estaca ......... 13 Figura 5 – Eficiência de grupo das estacas ............................................................................... 16 Figura 6 – Eficiência de grupo das estacas do TIPO A ............................................................ 24 Figura 7 – Eficiência de grupo das estacas do TIPO B ............................................................ 25 Figura 8 – Eficiência de grupo das estacas do TIPO C ............................................................ 26 Figura 9 – Eficiência de grupo das estacas do TIPO D ............................................................ 27 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Valores do coeficiente K e razão de atrito 𝛼. ......................................................... 11 Tabela 2 – Valores dos fatores de correção 𝐹1 e 𝐹2 .................................................................. 12 Tabela 3 – Pior cenário das sondagens ..................................................................................... 13 Tabela 4 – Área de aço da seção em relação ao número de barras........................................... 13 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 https://d.docs.live.net/8fc62e8373aaaefa/Faculdade/Engenharia%20Civil/1.TCC/4ºTCC%20-%20PRÉDIO%20GLAUCO/TCC%20-%20ALEX%20VILA%20NOVA%20(20172102745).docx#_Toc57125611 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12 1.1 Objetivo ............................................................................................................................ 12 2 EMPREENDIMENTO ..................................................................................................... 12 2.1 Terreno.............................................................................................................................. 12 2.2 Decisão da Fundação ........................................................................................................ 13 3 MÉTODO EXECUTIVO ................................................................................................. 14 3.1 Perfuração ......................................................................................................................... 14 3.2 Fixação da armadura ......................................................................................................... 15 3.3 Injeção da argamassa e retirada dos tubos metálicos ....................................................... 16 4 DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO ........................................................................ 17 4.1 Método Aoki-Velloso ....................................................................................................... 18 4.2 Critério de Feld ................................................................................................................. 19 5 DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL ........................................................................ 19 6 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................ 20 6.1 Cálculo de dimensionamento geotécnico ...................................................................... 20 6.2 Cálculo de dimensionamento estrutural ........................................................................ 26 6.2.1 Cálculo das estacas de TIPO A .............................................................................. 27 6.2.2 Cálculo das estacas de TIPO B ............................................................................... 28 6.2.3 Cálculo das estacas de TIPO C ............................................................................... 29 6.2.4 Cálculo das estacas de TIPO D .............................................................................. 30 7 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 31 7.1 SUGESTÕES PARA TRABALHO FUTURO ................................................................ 31 8 ANEXOS .......................................................................................................................... 32 9 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 37 12 1. INTRODUÇÃO Tendo em vista a ampla diversidade da natureza dos solos brasileiros, existem infinitas formas de projetar fundações, o que abre um grande leque de opções no momento de decidir qual será a melhor a ser executada em cada projeto específico. Essa escolha leva em consideração não só os cálculos sobre o solo e a capacidade de carga das estacas como também a viabilidade de execução do serviço. Muitas vezes não se tem disponível certo material, transporte ou acesso físico devido às condições que o terreno e as redondezas proporcionam. 1.1 Objetivo Neste artigo iremos analisar o projetode fundação profunda com estacas raiz proposto e já executado, a fim de elucidar possíveis otimizações neste tipo de projeto, o que pode abrir possibilidade de economia e consequente lucro nos próximos empreendimentos dos societários. Todas as informações utilizadas para este estudo foram adquiridas sob conhecimento dos gestores e dos autores dos projetos da obra analisada. 2. EMPREENDIMENTO O grupo de sócios que compõem a SPE tem como objetivo investir em empreendimentos imobiliários, comprando terrenos, construindo edifícios residenciais e rentabilizando na venda das unidades. O projeto então proposto é a construção de um edifício residencial de três pavimentos, com nove unidades, no Recreio dos Bandeirantes – Rio de Janeiro. 2.1 Terreno Com aproximadamente 550 m², o terreno passou por três testes de sondagem a percussão (SP 01 ao SP 03), seguindo a recomendação da NBR-8036, que diz que para um edifício entre 400 m² e 1200 m² de área de projeção em planta, deve-se fazer 1 furo de sondagem para cada 200 m², sendo não inferior ao número mínimo de 3 sondagens. A locação dos furos foi feita de acordo com a figura seguir: 13 Figura 1: Locação dos furos de sondagem. Fonte: Empresa responsável pelos testes (adaptado). Para a realização dos serviços foram utilizados os procedimentos estabelecidos na NBR- 6484 e recomendações da ABGE. Os resultados dos testes (em anexo) indicaram o esperado, um solo homogêneo de depósitos de restinga, areia siltosa de granulometria fina a média, característico da região. 2.2 Decisão da fundação Alguns critérios devem ser considerados para a escolha de qual tipo de fundação será utilizada em função dos fatores físicos, geotécnicos e econômicos. Em uma obra é muito importante saber o espaço disponível para construção, acesso, sobrecargas, altura, tipo do solo a conter, lençol freático, solo de fundação, além do tempo para execução, processo construtivo, facilidade de materiais e custo. Como esse não foi o primeiro empreendimento dos sócios nessa região, eles seguiram experiências anteriormente bem sucedidas e decidiram pela fundação profunda com estacas raiz. 14 3. MÉTODO EXECUTIVO A estaca raiz é um elemento estrutural de fundação profunda, escavada e moldada in loco que se difere das outras estacas devido à sua alta capacidade de carga admissível, oriunda de seu característico atrito lateral. Podemos dividir seu processo executivo em 3 estágios: 3.1 Perfuração A perfuração pode ser feita em qualquer tipo de solo ou rocha e pode alcançar até 60 metros de profundidade. Utilizando uma perfuratriz pneumática, hidráulica ou mecânica, o objetivo é fixar uma sequência de tubos até a cota de assentamento da estaca, através do sistema de rotação ou rotopercussão, com circulação de lama bentonítica ou polímero sintético. O primeiro tubo metálico possui uma ponta com formato de faca ou coroa diamantada, que atuará como broca, a outra ponta é rosqueada, a qual será ligada o próximo segmento. A inserção dos tubos ocorre conforme a perfuração vai ganhando profundidade, todos esses segmentos ligados entre si, formam o que chamamos de camisa metálica. Figura 2: Perfuração com tubos metálicos. Fonte: https://sites.google.com/site/naresi1968/naresi/100-caso-de-obra-1---estaca-raiz---sitio-pimental-de-belo- monte/ 15 3.2 Fixação da armadura Ao fim da perfuração, deve-se limpar com jatos de água o interior da camisa metálica. Uma vez feito isso, podemos instalar por gravidade a armação em forma de gaiola no interior dos tubos. A utilização de espaçadores de plástico ao longo de toda a armação é importante para garantir o cobrimento do aço e facilitar sua inserção no tubo. A estaca raiz pode ser locada tanto de forma vertical como inclinada, podendo exercer esforços de tração em alguns casos, então deve-se ressaltar que seu dimensionamento deve seguir estritamente a norma ABNT NBR 6122/2019 – Projeto e Execução de Fundações, assim como será feita sua ligação com o bloco de coroamento. Figura 3 - Inserção da armadura. Fonte: https://sites.google.com/site/naresi1968/naresi/100-caso-de-obra-1---estaca-raiz---sitio-pimental-de-belo- monte 16 3.3 Injeção da argamassa e retirada dos tubos metálicos Posicionadas as armaduras, introduz-se uma mangueira até a ponta da estaca, a qual irá bombear a nata de cimento e areia; expulsando toda a água que havia dentro da camisa metálica. O macaco hidráulico da perfuratriz então começa a retirar lentamente os tubos, atuando de forma alinhada com o bombeamento da argamassa. Quando os tubos estão cheios, sua extremidade é fechada e golpes de pressão com ar comprimido são desferidos, assim a argamassa se expande horizontalmente interagindo com o solo. Tal processo cria vilosidades entre a estaca e o solo, o que favorece intensamente a contribuição da parcela de atrito lateral; um processo análogo ao enraizamento, o qual originou seu nome. Concomitantemente o tubo é desenroscado e o processo é repetido até sua conclusão. Figura 4: Injeção da argamassa, retirada dos tubos e arrasamento da cabeça da estaca. Fonte: Do autor – Caso estudado. 4. DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO O dimensionamento geotécnico desse elemento de fundação se dá pela combinação da resistência de ponta com a resistência de fuste. Podemos alcançar os valores de capacidade de carga através de métodos estáticos, provas de carga e métodos dinâmicos. Nesse estudo trabalharemos com o método de Aoki e Velloso, publicado em 1975 e bastante difundido até hoje. Vale ressaltar que as sondagens de reconhecimento à percussão são indispensáveis e obrigatoriamente devem ser executadas de acordo com a NBR 6484. 17 4.1 Método Aoki-Velloso Este método derivou da concepção de correlações entre os resultados dos ensaios de penetração estática (cone, CPT) com os ensaios dinâmicos (amostrador, SPT). Os autores apresentam uma maneira de correlacionar os dados de ensaio de sondagens com a capacidade de carga do sistema estaca-solo, através de um coeficiente K. Assim se justificou a escolha do método, devido à sua confiabilidade, facilidade e agilidade; uma vez que os ensaios SPT são mandatórios. A carga de ruptura de uma estaca isolada (R) se dá pela soma da resistência de ponta da estaca (𝑅𝑃) com a resistência por atrito lateral (𝑅𝐿) acumulada, logo temos: 𝑅𝑃 = 𝐴𝑝 ∙ 𝐾 ∙ 𝑁 𝐹1 (𝐸𝑞. : 1) 𝑅𝐿 = ∑ 𝑢 ∙ ∆𝑙 ∙ 𝛼 ∙ 𝐾 ∙ 𝑁𝑚 𝐹2 𝑛 1 (𝐸𝑞. : 2) 𝑅 = 𝑅𝑃 + 𝑅𝐿 (𝐸𝑞. : 3) Onde: 𝐴𝑃 = á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 [𝑚 2]; 𝐾 = 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑙𝑎çã𝑜 𝐶𝑃𝑇 𝑐𝑜𝑚 𝑆𝑃𝑇 [𝑀𝑃𝑎](𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 1); 𝑁 = í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑝𝑒𝑛𝑒𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑜 𝑛𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎; 𝑁𝑚 = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 à 𝑝𝑒𝑛𝑒𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎; 𝛼 = 𝑟𝑎𝑧ã𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑒 𝑒𝑚 𝑓𝑢𝑛çã𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑖𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑜 (𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 1); 𝑢 = 𝑝𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 [𝑚]; ∆𝐿 = 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑐𝑎𝑚𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑜𝑙𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖𝑑𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 [𝑚]; 𝐹1 𝑒 𝐹2 = 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒çã𝑜 𝑑𝑒𝑣𝑖𝑑𝑜 à 𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑟𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑎 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑐𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑡ó𝑡𝑖𝑝𝑜 𝑒 𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑑𝑒𝑙𝑜 (𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 2). 18 Tabela 1 – Valores do coeficiente K e razão de atrito 𝛼. SOLO K (MPa) 𝜶 (%) AREIA 1,00 1,4 AREIA SILTOSA 0,80 2,0 AREIA SILTOARGILOSA 0,70 2,4 AREIA ARGILOSA 0,60 3,0 AREIA ARGILOSILTOSA 0,50 2,8 SILTE 0,40 3,0 SILTE ARENOSO 0,55 2,2 SILTE ARENOARGILOSO0,45 2,8 SILTE ARGILOSO 0,23 3,4 SILTE ARGILOARENOSO 0,25 3,0 ARGILA 0,20 6,0 ARGILA ARENOSA 0,35 2,4 ARGILA ARENOSSILTOSA 0,30 2,8 ARGILA SILTOSA 0,22 4,0 ARGILA SILTOARENOSA 0,33 3,0 Fonte: AOKI N., CINTRA J. C. (2010) Tabela 2 – Valores dos fatores de correção 𝐹1 e 𝐹2. TIPO DE ESTACA 𝑭𝟏 𝑭𝟐 Franki 2,50 5,00 Metálica 1,75 3,50 Pré-moldada 1 + 𝐷 0,80⁄ 2 ∙ 𝐹1 Escavada 3,00 6,00 Raiz, Hélice contínua, Ômega 2,00 4,00 Fonte: AOKI N., CINTRA J. C. (2010) Com isso podemos concluir que a fórmula geral para a carga admissível de uma estaca raiz (𝑃), assentada a uma profundidade 𝑛 pode ser descrita como: 𝑃𝑛 = 𝐴𝑝 ∙ 𝐾 ∙ 𝑁 2 + 𝑢 ∙ ∑ 𝛼 ∙ 𝐾 ∙ 𝑁𝑚 4 ∙ ∆𝐿 𝑛 1 𝐹. 𝑆. (𝐸𝑞. : 4) Sendo não inferior a 2,0, o fator de segurança global mínimo (𝐹. 𝑆.) recomendado pela NBR 6122 para o cálculo de capacidade de carga de estacas sem prova de carga. No caso de estacas 19 escavadas, não mais que 20% da carga admissível deve ser suportada pela ponta da estaca, definindo um mínimo de 80% de resistência lateral. Cabe ao projetista respeitar tais valores na tomada de decisão. É desprezada qualquer resistência de ponta para estacas solicitadas a tração. 4.2 Critério de Feld A fim de determinar a eficiência de um grupo de estacas foi adotada a prática de Feld, muito utilizada por sua simplicidade e eficiência. Sua regra prática consiste em reduzir a carga em cada estaca em tantos 1 16⁄ quantas forem as estacas vizinhas, na mesma fila ou em diagonal. Além de estabelecer um espaçamento mínimo entre os centros geométricos das estacas, um valor não inferior a três vezes seu diâmetro. Vide exemplos na figura a seguir: Figura 5: Eficiência de grupo de estacas. Fonte: Autor desconhecido. 5. DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL A carga admissível como elemento estrutural para estacas escavadas com injeção, utilizando aço com resistência de até 500 MPa e com percentagem de aço menor ou igual a 6%, deve ser dimensionada como um pilar de concreto armado: levando-se em conta a verificação de flambagem; adotando coeficiente de minoração da argamassa (𝛾𝑐) igual a 1,6; e resistência característica do concreto (𝑓𝑐𝑘) compatível com as técnicas de controle e execução, não excedendo o valor de 20 MPa. 20 Ao utilizar aço com resistência maior que 500 MPa ou a área de aço seja superior a 6%, toda a carga deve ser resistida pelo aço. Caso a estaca seja solicitada a tração, a mesma terá de ser armada segundo a NBR 6118. Estacas submetidas somente a esforços de compressão, teoricamente não necessitam de armação, entretanto ela se torna necessária em virtude do método construtivo, com isso é recomenda-se adotar uma área de aço mínima, relativa a 0,5% da área da seção transversal da estaca. 6. ESTUDO DE CASO 6.1 Cálculo de dimensionamento geotécnico As estacas foram dimensionadas em TIPO A, B, C e D; cada Tipo recebe uma carga útil diferente. O método que aqui será desenvolvido consiste em analisar os piores casos em cada tipo de estaca. Estes piores casos serão escolhidos sob os seguintes critérios: maior solicitação de carga e efeito de grupo das estacas. De acordo com o projeto de estaqueamento, iremos verificar a capacidade de carga admissível do solo para cada tipo de diâmetro e profundidade das estacas. Os resultados das sondagens de simples reconhecimento SP1 a SP3 (em anexo) apresentaram índices de resistência à penetração do solo e parâmetros muito semelhantes, apontando seguramente para um solo homogêneo. A fim de maior segurança, as cargas solicitadas serão majoradas em 10% e para cada metro de profundidade foi escolhido o menor 𝑁𝑆𝑃𝑇, além de ignorar as resistências dos 3 primeiros metros de profundidade, devido ao método construtivo. Por o solo ser homogêneo, a tabela 𝑁𝑠𝑝𝑡 de pior cenário foi construída selecionando os menores valores de 𝑁𝑠𝑝𝑡 a cada metro entre os 3 resultados dos testes SPT. Segue tabela com valores e coeficientes utilizados: 21 Tabela 2 – Pior cenário das sondagens. PROFUNDIDADE (metros) 𝑵𝒔𝒑𝒕 MATERIAL 1 0 Solo composto por aterro de entulho diversos e areia de granulometria fina à média, cor variegado, compacidade fofa a pouco compacto. (RESISTÊNCIA DESCARTADA) 2 0 3 0 4 45 Solo de depósitos de restinga, areia siltosa de granulometria fina a média, cor cinza claro, mediamente muito compacto. 𝑲 = 𝟎, 𝟖𝟎 𝑴𝒑𝒂 𝜶 = 𝟐, 𝟎 % 5 26 6 12 7 21 8 26 9 44 10 41 11 35 12 50 13 50 14 50 15 50 Fonte: Do autor. A primeira camada de solo, composta por aterro de entulhos diversos e areia, foi descartada para efeito de cálculo, devido ao método construtivo (bloco de coroamento) e sua baixa influência e confiabilidade nos resultados devido à pouca resistência (𝑁𝑠𝑝𝑡 baixo). Toda as resistências calculadas são derivadas da segunda camada de solo, a partir de 4 metros de profundidade: solo de depósitos de restinga, areia siltosa de granulometria fina a média, mediamente muito compacto. Com tal informação, obtemos 𝐾 e 𝛼 com o auxílio da Tabela 1 (AOKI N., CINTRA J. C. (2010)): 𝐾 = 0,80 𝑀𝑃𝑎 = 800 𝑘𝑃𝑎 𝛼 = 2% = 0,02 22 Em relação à geometria das estacas, temos: 𝐴𝑝 = 𝜋 ∙ ( 𝑑2 4 ) 𝑢 = 𝜋 ∙ 𝑑 Para as estacas de TIPO A, B e C teremos os mesmos valores para 𝐴𝑝 e 𝑢, que serão: 𝑑 = 31 𝑐𝑚 = 0,31 𝑚 𝐴𝑝 = 𝜋 ∙ ( 0,312 4 ) = 0,07547 𝑚2 𝑢 = 𝜋 ∙ 0,31 = 0,9739 𝑚 Considerando o diâmetro das estacas de TIPO D temos: 𝑑 = 40 𝑐𝑚 = 0,40 𝑚 𝐴𝑝 = 𝜋 ∙ ( 0,402 4 ) = 0,1256 𝑚2 𝑢 = 𝜋 ∙ 0,40 = 1,2566 𝑚 A média do índice de resistência a penetração do solo ao longo da estaca 𝑁𝑚 vai variar com a profundidade de assentamento da estaca, teremos 3 casos: TIPOS A e B – 11 metros: 𝑁11 = (45 + 26 + 12 + 21 + 26 + 44 + 41 + 35) 8 = 𝟑𝟏, 𝟐𝟓 𝑵𝟏𝟏 ≅ 𝟑𝟏 TIPO C – 13 metros: 𝑁13 = (45 + 26 + 12 + 21 + 26 + 44 + 41 + 35 + 50 + 50) 10 = 𝟑𝟓 𝑵𝟏𝟑 = 𝟑𝟓 TIPO D – 14 metros: 𝑁14 = (45 + 26 + 12 + 21 + 26 + 44 + 41 + 35 + 50 + 50 + 50) 11 = 𝟑𝟔, 𝟑𝟔̅̅̅̅ 𝑵𝟏𝟒 ≅ 𝟑𝟔 23 Para as estacas de TIPO A, o pior caso é a solicitação do pilar P15 (15x200), onde teremos duas estacas que suportam entre 0 e 55 tf cada, para resistir a um esforço solicitante de 88 tf. Assentadas a 11 metros de profundidade e possuindo 31 cm de diâmetro, calculamos o valor da carga admissível pela fórmula de Aoki e Velloso (Eq.: 4): 𝑃𝑛 = 0,07547 ∙ 800 ∙ 50 2 + 0,9739 ∙ 0,02 ∙ 800 ∙ 31,25 4 ∙ 8 2 𝑃𝑛 = 1028,29 𝑘𝑁 Como as estacas trabalharão em par (𝑁𝑒 = 2) devemos considerar o efeito de grupo das estacas. Segundo o Critério de Feld, um bloco com duas estacas deve reduzir a eficiência das estacas em 1 16⁄ , logo: 𝑒 = 1 − 1 16⁄ = 15 16⁄ = 0,9375 = 93,75% Adotaremos o valor de 93% de eficácia a fim de maior segurança, com isso a tensão admissível do solo por estaca será: 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 𝑃𝑛 ∙ 𝑒 (Eq.: 5) 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 1028,29 ∙ 0,93 𝑃𝑎𝑑𝑚 ≅ 956,31 𝑘𝑁 Majorando a carga do pilar, alcançamos a carga aplicada em cada estaca: 𝑁𝑑𝐴 = 88 ∗ 1,10 𝑡𝑓 ≈ 949,3 𝑘𝑁 𝐶𝑎𝑝𝐴 = 𝑁𝑑 𝑛𝑒 = 949,3 2 = 474,65 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 956,31 𝑘𝑁 > 𝐶𝑎𝑝𝐴 = 474,65 𝑘𝑁 → 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑶𝑼! O solo atenderá a solicitação até mesmo com coeficiente global de segurança 3. 𝑃𝑛 = 0,07547 ∙ 800 ∙ 50 2 + 0,9739 ∙ 0,02 ∙ 800 ∙ 31,25 4 ∙ 8 3 = 685,53 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 685,53 ∙ 0,93 = 637,54 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 637,54 𝑘𝑁 > 𝐶𝑎𝑝𝐴 = 474,65 𝑘𝑁 → 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑶𝑼! 24 As estacas de TIPO B possuem carga útil de 56 tf a 75 tf; o pior caso foi no pilar P14 (30x30), exigindo 128 tf de carga admissível, duas estacas de 31 cm de diâmetro foram assentadas também a 11 metros de profundidade. Como os parâmetros do soloe das estacas são os mesmos, teremos a mesma capacidade de carga do solo, porém com outra solicitação. 𝑁𝑑𝐵 = 128 ∗ 1,10 𝑡𝑓 ≈ 1380,78 𝑘𝑁 𝐶𝑎𝑝𝐵 = 1380,78 2 = 690,39 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 956,31 𝑘𝑁 > 𝐶𝑎𝑝𝐵 = 690,39 𝑘𝑁 → 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑶𝑼! Por pouco o solo não atende com fator de segurança 3, indicando grande confiabilidade. 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 637,54 𝑘𝑁 < 𝐶𝑎𝑝𝐵 = 690,39 𝑘𝑁 → 𝑵Ã𝑶 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑶𝑼! Para as estacas de TIPO C, teremos os pilares P7 e P18, ambos com mesmas cargas (152 tf) e características geométricas (50x25); foram utilizadas duas estacas de carga útil de 75 tf a 83 tf. Elas também possuem diâmetro de 31 cm, mas desta vez assentadas a 13 metros de profundidade, logo: 𝑃𝑛 = 0,07547 ∙ 800 ∙ 50 2 + 0,9739 ∙ 0,02 ∙ 800 ∙ 35 4 ∙ 10 2 𝑃𝑛 = 1436,43 𝑘𝑁 Levando em conta o efeito de grupo: 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 1436,43 ∙ 0,93 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 1335,88 𝑘𝑁 𝑁𝑑𝐶 = 152 ∗ 1,10 𝑡𝑓 = 1639,67 𝑘𝑁 𝐶𝑎𝑝𝐶 = 1639,67 2 ≅ 820 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 1335,88 𝑘𝑁 > 𝐶𝑎𝑝𝐶 = 820 𝑘𝑁 → 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑶𝑼! Considerando o fator de segurança igual a 3, o solo também resistiu com 70 kN de folga. 𝑃𝑛 = 0,07547 ∙ 800 ∙ 50 2 + 0,9739 ∙ 0,02 ∙ 800 ∙ 35 4 ∙ 10 3 = 957,62 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 957,62 ∙ 0,93 = 890,59 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 890,62 𝑘𝑁 > 𝐶𝑎𝑝𝐶 = 820 𝑘𝑁 → 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑶𝑼! 25 Já as estacas de TIPO D, que resistem entre 84 e 110 tf, são as únicas com diâmetro diferenciado, elas não foram utilizadas em grupo e seus piores casos foram nos pilares P8 e P19, resistindo a 107 tf. Diferenciadas, as estacas de TIPO D são mais robustas, com 40 cm de diâmetro e cota de assentamento a 14 metros de profundidade. Sendo assim: 𝑃𝑛 = 0,1256 ∙ 800 ∙ 50 2 + 1,2566 ∙ 0,02 ∙ 800 ∙ 36, 36̅̅̅̅ 4 ∙ 11 2 𝑃𝑛 = 2261,28 𝑘𝑁 Tais estacas trabalharão isoladas, não é necessário levar em consideração o efeito de grupo, mas a minoração da carga mesmo assim será feita em favor de maior segurança. 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 2261,28 ∙ 0,93 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 2102,99 𝑘𝑁 𝑁𝑑𝐷 = 107 ∗ 1,10 𝑡𝑓 = 1154,24 𝑘𝑁 𝐶𝑎𝑝𝐶 = 𝑁𝑑𝐷 = 1154,24 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 2102,99 𝑘𝑁 > 𝐶𝑎𝑝𝐷 = 1154,24 𝑘𝑁 → 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑶𝑼! Com coeficiente de segurança igual a 3, ela também passa no teste com aproximadamente 150 kN remanescentes. 𝑃𝑛 = 0,1256 ∙ 800 ∙ 50 2 + 1,2566 ∙ 0,02 ∙ 800 ∙ 36, 36̅̅̅̅ 4 ∙ 11 3 = 1401,99 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 1401,99 ∙ 0,93 = 1303,85 𝑘𝑁 𝑃𝑎𝑑𝑚 = 1303,85 𝑘𝑁 > 𝐶𝑎𝑝𝐷 = 1154,24 𝑘𝑁 → 𝑷𝑨𝑺𝑺𝑶𝑼! É percebido que a carga admissível do solo é consideravelmente maior que a carga aplicada na estaca quando se é utilizado o fator global de segurança recomendado (igual a 2), essa e outras decisões tomadas serão discutidas na conclusão. 26 6.2 Cálculo de dimensionamento estrutural As estacas estão somente solicitadas a esforços de compressão, podemos determinar a expressão para dimensionamento da armadura, em conformidade com a NBR 6118 (ABNT, 2014), majorando-se a força normal na proporção de 1 + 6/ℎ, mas não menor que 1,1, sendo h a medida em centímetros do menor lado do retângulo mais estreito circunscrito à seção. Desta forma: 𝑁𝑑 ∙ (1 + 6 ℎ ) = 0,85 ∙ 𝐴𝑐 ∙ 𝑓𝑐𝑑 + 𝐴𝑠 ∙ 𝑓𝑦𝑑 (𝐸𝑞. : 6) Onde: 𝑁𝑑 = 𝛾𝑓 ∙ 𝑁 𝑓𝑐𝑑 = 𝑓𝑐𝑘 𝛾𝑐 𝑓𝑦𝑑 = 𝑓𝑦𝑘 𝛾𝑠 Sendo 𝑓𝑐𝑘 = 20 𝑀𝑝𝑎 e Aço CA50 (500 Mpa): 𝑓𝑐𝑑 = 20000 1,8 = 11111,1 𝑓𝑦𝑑 = 500000 1,15 = 434782,6 Com isso podemos simplificar a fórmula em: 𝐴𝑠 = 𝑁𝑑 ∙ (1 + 6 ℎ ) − 0,85 ∙ 𝐴𝑐 ∙ 11111,1 434782,6 (𝐸𝑞. : 7) A armadura mínima a ser adotada é 0,5% da área da seção transversal da estaca, sendo assim: 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 ≥ 0,005 ∙ (𝜋 ∙ 𝑑2 4 ) (𝐸𝑞. : 8) 27 6.2.1 Cálculo das estacas de TIPO A As estacas de TIPO A trabalham com carga útil de 55 tf, com diâmetro de 31 cm, logo: (1 + 6 ℎ ) ≥ 1,1 (𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜) (1 + 6 31 ) = 1,19 ≅ 1,20 𝑁𝑑 = 1,4 ∙ 550 = 770 𝑘𝑁 𝐴𝑐 = ( 𝜋 ∙ 0,312 4 ) = 0,0755 𝑐𝑚² Com isso podemos calcular: 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = 0,005 ∙ 0,0755 = 0,0003775 𝑚 2 → 3,775 𝑐𝑚² 𝐴𝑠 = 770 ∙ 1,2 − 0,85 ∙ 0,0755 ∙ 11111,1 434782,6 = 0,0004852 𝑚2 → 4,852 𝑐𝑚² 𝐴𝑠 > 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 ∴ 𝐴𝑠𝐴 ′ = 4,852 𝑐𝑚² Temos então para as estacas de TIPO A: 8 barras (6,40 cm²) de 10 mm. 𝟖∅𝟏𝟎 − 𝟏𝟏𝟎𝟎 𝒄𝒎. Figura 6: Planta de dimensionamento das estacas TIPO A. Fonte: Projeto em estudo (adaptado). 28 6.2.2 Cálculo das estacas de TIPO B Para as estacas de TIPO B teremos 75 tf de solicitação e 31 cm de diâmetro: 𝑁𝑑 = 1,4 ∙ 750 = 1050 𝑘𝑁 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = 0,005 ∙ 0,0755 = 0,0003775 𝑚 2 → 3,775 𝑐𝑚² 𝐴𝑠 = 1050 ∙ 1,2 − 0,85 ∙ 0,0755 ∙ 11111,1 434782,6 = 0,001258 𝑚2 → 12,58𝑐𝑚² 𝐴𝑠 > 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 ∴ 𝐴𝑠𝐵 ′ = 12,58 𝑐𝑚² Logo, para as estacas de TIPO B: 7 barras (14,00 cm²) de 16 mm. 𝟕∅𝟏𝟔 − 𝟏𝟏𝟎𝟎 𝒄𝒎. Figura 7: Planta de dimensionamento das estacas TIPO B. Fonte: Projeto em estudo (adaptado). 29 6.2.3 Cálculo das estacas de TIPO C Já as estacas de TIPO C, com 31 cm de diâmetro e 83 tf de carga útil, temos: 𝑁𝑑 = 1,4 ∙ 830 = 1162 𝑘𝑁 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = 0,005 ∙ 0,0755 = 0,0003775 𝑚 2 → 3,775 𝑐𝑚² 𝐴𝑠 = 1162 ∙ 1,2 − 0,85 ∙ 0,0755 ∙ 11111,1 434782,6 = 0,001567 𝑚2 → 15,67 𝑐𝑚² 𝐴𝑠 > 𝐴𝑠 ,𝑚í𝑛 ∴ 𝐴𝑠𝐶 ′ = 15,67 𝑐𝑚² Sendo assim, as estacas de TIPO C serão compostas por: 8 barras (16,00 cm²) de 16 mm. 𝟖∅𝟏𝟔 − 𝟏𝟑𝟎𝟎 𝒄𝒎. Figura 8: Planta de dimensionamento das estacas TIPO C. Fonte: Projeto em estudo (adaptado). 30 6.2.4 Cálculo das estacas de TIPO D No caso das estacas de TIPO D, teremos solicitação de 110 tf para seus 40 cm de diâmetro, com isso: (1 + 6 40 ) = 1,15 > 1,1 (𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜) 𝑁𝑑 = 1,4 ∙ 1100 = 1540 𝑘𝑁 𝐴𝑐 = 𝜋 ∙ 0,40² 4 = 0,1257 𝐴𝑠,𝑚í𝑛 = 0,005 ∙ 0,1257 = 0,0006285 𝑚 2 𝐴𝑠 = 1540 ∙ 1,15 − 0,85 ∙ 0,1257 ∙ 11111,1 434782,6 = 0,001343 𝑚² 𝐴𝑠 > 𝐴𝑠 ,𝑚í𝑛 ∴ 𝐴𝑠𝐷 ′ = 13,43 𝑐𝑚² A armadura das estacas de TIPO D será: 7 barras (14,00 cm²) de 16 mm. 𝟕∅𝟏𝟔 − 𝟏𝟒𝟎𝟎 𝒄𝒎. Figura 9: Planta de dimensionamento das estacas TIPO D. Fonte: Projeto em estudo (adaptado). 31 7. CONCLUSÃO A estaca raiz pode atravessar todo tipo de terreno e em diversas direções, resistindo também a esforços horizontais, caso haja necessidade. Com sua grande diversidade de aplicações e equipamentos de pequeno e médio porte, ela pode ser a solução ideal para obras com acessos limitados. Tem-se como vantagem também a ausência de vibração e poluição sonora, não prejudicando construções vizinhas; todavia há a ocorrência de alagamento na obra, devido ao alto consumo de água e lama bentonítica, o que gera considerável impacto ambiental. Pode-se afirmar que de acordo com os coeficientes de majoração, minoração e segurança da NBR-6122 seria possível otimizar seu dimensionamento em relação à profundidade de assentamento das estacas e/ou seus diâmetros nominais. Todavia tal otimização seria a custo de menor segurança e, assim como todas as decisões tomadas durante a concepção e execução do projeto, cabe ao profissional responsável ponderar suas necessidades e garantir viabilidade econômica e essencialmente segurança. É percebido que ao calcular a de capacidade de carga do solo, foi feita uma comparação entre dois coeficientes de segurança, a fim de proporcionar um dimensionamento mais conservador, concebendo um projeto substancialmente seguro. Em relação a NBR-6118, o dimensionamento estrutural foi adequado dando a devida importância ao método executivo. O estudo aqui apresentado indica que a escolha de tal fundação foi adequada e sobretudo segura, fica evidente que todas as normas foram respeitadas com consistência. Apesar do alto custo inicial de equipamento, materiale mão de obra; a alta produtividade, eficiência e principalmente sua imponente segurança tornam a estaca raiz viável para esse e futuros empreendimentos de mesmo padrão na região. 7.1 Sugestão para futuro trabalho Acredito que seja de grande valor dar continuidade a esse estudo, propondo novos dimensionamentos para as estacas aqui apresentadas, alterando suas cotas de assentamento e/ou diâmetro de fuste. Com um projeto menos conservador, será possível avaliar a economia presumivelmente gerada e balancear as vantagens e desvantagens. Por fim, abrir-se-á uma incitante comparação de viabilidade socioeconômica entre os projetos. 32 8. ANEXOS ANEXO A • Locação dos furos de sondagem 33 ANEXO B • Teste de sondagem SP1 34 ANEXO C • Teste de sondagem SP-02 35 ANEXO D • Teste de sondagem SP-03 36 ANEXO E • Tabela de área de aço da seção em relação ao número de barras 37 9. BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCINCAS – NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto – Procedimento – 2014 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT NBR 6122: Processo e execução de fundações – 2019 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCINCAS – NBR 6484: Solo – Sondagens de simples reconhecimento com SPT – Método de ensaio – 2001 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCINCAS – NBR 8036: Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios – 1983 CINTRA, José Carlos A. e AOKI, Nelson – Fundações por Estacas Projeto Geotécnico – Editora Oficina de Textos – 2010 DA CUNHA, Pedro Dias – Capacidade de carga em estacas de fundação – Comparação entre métodos de dimensionamento e resultados de provas de carga – Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – 2016 DE OLIVEIRA, Pedro Luiz Machay – Estaca Hélice Contínua – Método executivo, cálculo de dimensionamento estrutural e geotécnico – Monografia (Graduação) – Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM) – 2012
Compartilhar