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História do HIV/AIDS: hoje vamos falar um pouco da história dessa infecção, e consequentemente situar um pouco na história dessa infecção, porque hoje pelo controle que temos da doença, muitas vezes pode parecer uma situação controlada, mas a situação vivenciada nos anos que a epidemia surgiu, mais ou menos como o covid, são de muita importância histórica para vocês poderem se situar de fato a onde a gente está no tratamento. Primeira transmissão; Macaco para o ser humano. 1930:- Primeiro caso em ser humano – Congo; Infecções de origem inexplicável - foi um caso de uma pessoa que tinha infecções generalizadas, de origem inexplicável; Tecidos e amostras analisados nos anos 90 > continham HIV - o cadáver ficou armazenado até os anos 90 para o estudo, porque na época não tinha tecnologia para o estudo. 1959:- Primeiro caso no Brasil, foi em SP, mas somente foi classificado em 1982. 1980:- Começou-se a descrever casos de HIV, principalmente por conta de uma série de pessoas que estavam com infecções raras - de novo chamando atenção para infecções que geralmente não são habituais, que normalmente não acometiam o ser humano; PCP - Pneumocytis Carini (Pneumocystis jiroveci que é um fungo unicelular) - ninguém escutava falar sobre Pneumocystis, que é uma infecção pulmonar por pneumocistose. Antigo Pneumocytis Carini e hoje é o Pneumocystis jiroveci; Sarcoma de Kaposi - vários pacientes com um câncer que é bastante maligno, que pode acometer tanto o muco-cutâneo quanto víscera. O sarcoma de Kaposi também está intimamente associado a infecção do Herpes do tipo 8; GRID – Gay related infection disease (Câncer Gay) - começaram analisar os casos em que as pessoas tinham infecções muito graves, e que essas pessoas tinham uma condição em comum, eram homens que faziam sexo com homens, e foi chamado de câncer gay (até 1983). 1981:- Center for Disease Control (CDC) definiu a doença como AIDS; Que definiu a doença como não só de Gays, mas acometia todos esses: Mulheres, homens heterossexuais, usuários de drogas, hemofílicos, transfundidos e bebês; Em 83 já haviam relatos de 14 países com a AIDS, e 2 casos em SP. 1983:- Obs. Primeira publicação sobre o HIV em 1981, no New England. Uns parênteses na história: Aqui uma fala de uma das pessoas que mais lutou contra o vírus HIV no Brasil, uma pessoa extremamente importante na História do HIV, que é o Betinho, o Herbert de Souza, ele definiu muito bem o surgimento do HIV: "E eis que surge um vírus, o Raissa Novelli T.67 Aula 12 HIV & AIDS quarta-feira, 24 de março de 2021 13:22 Página 1 de INFECTO Herbert de Souza, ele definiu muito bem o surgimento do HIV: "E eis que surge um vírus, o HIV, que se esconde no sistema imunitário, nas células que definem, articulam, constroem o sistema imunitário. E ao se instalar nesse sistema o desarma, fazendo com que as pessoas passem a ser absolutamente vulneráveis a qualquer ataque externo. E está produzido o pânico do século XX. Um sistema imunitário desarmado é a doença mais espetacular produzida ao longo da história da humanidade.” A AIDS vem marcada também por várias outras questões: os tabus da humanidade. Essa doença trouxe um abalo por esses 4 pilares: Racismo (o conceito associado), sexo (o comportamento sexual da sociedade), sangue e morte (que a doença poderia trazer). LAV – HTLV III - o vírus foi identificado pela primeira vez. Foi chamado de HTLV III, que é um vírus linfotrópicomono, que é um vírus que tem predileção pelo linfócito T, que normalmente causa ou câncer (leucemia das células T) ou uma doença medular. Mas até em tão 95% das pessoas que tinham o HTLV não adoeciam, até que veio então o vírus do HIV que começou a ser difundido, e passou a dizimar pessoas por conta do seu comportamento no sistema imune; 1º caso de AIDS em mulher no Brasil;○ 1º programa para controle - SP.○ Jornal do Brasil – Câncer Gay Gaetem Douglas – paciente zero - a doença só passou a ganha notoriedade quando inúmeras pessoas famosas passaram a expor seu diagnóstico, e mostraram o sofrimento com a doença; Então começou-se na época tentativas de medidas para tentar barrar a infecção, e uma delas foi o fechamento de saunas gays em São Francisco. 1984:- Morre ator americano Rock Hudson; 1º teste diagnóstico - era de alto custo; 1ª transmissão vertical no Brasil documentada. 1985: AIDS em todo planeta- Definição do vírus com o nome com que é chamado hoje: Human Immunodeficiency Virus (HIV) Ação global da OMS, com o objetivo de tentar barrar a expansão da doença; Programa DST/AIDS - notificação. 1986:- AZT (zidovudina) - primeiro antirretroviral no tratamento. 1987:- 1989: Cazuza anuncia publicamente que está com AIDS.- Laço vermelho - símbolo do HIV; O cantor Freddie Mercury, morre vítima da doença. 1991:- Filadélfia (filme) - Tom Hanks interpreta um advogado com HIV; AZT não tão eficaz para o controle da doença. 1993:- Tom Hanks ganha oscar; 1994: Epidemia atinge 1 milhão de casos- Página 2 de INFECTO Tom Hanks ganha oscar; IP’s – inibidores de protease - entender o controle do HIV é entender o ciclo de replicação viral, e ao entender melhor foi possível tentar controlar mais o vírus; TARV – SUS. Coquetel – 3 drogas ativas de duas classes diferentes - terapia de alta potência, nesse momento se entendeu que para controlar o vírus era necessário pelo menos 3 drogas ativas, de duas classes diferentes. Aqui iniciou um controle maior da doença; 80.000 casos no Brasil. 1995: (highly active antiretroviral therapy - HAART)- 1996: morre Renato Russo- Morre Herbert Jose de Souza (Betinho) - adquiriu o HIV no banco de sangue; Descoberta dos Santuários - são os locais em que o vírus fica em latência no organismo, principalmente os linfócitos no linfonodo do intestino. Então por mais que se utilize medicações, o vírus está integrado ao DNA e jamais vai sair dali. 1997: 30 milhões infectados no mundo- Busca por vacina > prioridade global na pesquisa contra o HIV; 90% dos casos em países em desenvolvimento - doença se espalhou pelo mundo todo; ONU – acesso à medicamento; Rede Nacional de Laboratórios de Genotipagem. 2000:- O laboratório VaxGen > falha da vacina. 2003: Cientistas comprovam que o HIV veio dos chimpanzés- Paciente de Berlim, chamado Timothy Brown teve uma leucemia, fez o tratamento com o TMO, e foi transplantado uma medula em que o vírus era incapaz de invadir os linfócitos, e aí o paciente ficou livre do HIV. Todos os casos de cura que existem do HIV estão associados a transplante de medula óssea, em paciente que tinham leucemia. 2007: - 2009-2013: São publicados os primeiros estudos sobre eliminação de reservatórios do HIV, apontando um caminho para a cura. A busca por vacinas continua. - No final de 2019, teve o primeiro Brasileiro curado sem o uso de TMO ou quimioterapia, ele usou um combo com estimulo de células T + terapia antirretroviral. Epidemiologia: Desde os primeiros casos diagnosticados na década de 80, o vírus se espalhou pelo mundo, com uma estimativa de 34 milhões de pessoas vivendo com HIV e a estimativa de 2,7 milhões de novas infecções só em 2010. - No mundo, entre 2000 e 2014 o número de novas infecções por HIV diminuiu 35,5% (UNAIDS); - No Brasil os novos casos aumentaram, apesar de que em alguns locais do mundo os casos diminuíram. - 2000: estimava-se que o número de novos casos de HIV estava entre 29 mil e 51 mil; 2014: estimou-se entre 31 mil e 57 mil novos casos. Brasil: cada vez mais é possível observar a infecção se concentrando principalmente na população adulto-jovem e homens que fazem sexo com homens (HSH) - Epidemia HIV no Brasil: Página 3 de INFECTO ~ 40mil novas infecções/ano; ~ 70 mil novos tratamentos iniciados/ano; ~ 870.000 PVHIV (estimando). Taxa incidência média Brasil: 18,5/100.000 habitantes - issotem mudado um pouco. Em Barbacena no ano de 2020 tiveram 40 novos casos, e tem a população em média de 120/130 mil habitantes, tem-se o dobro da estimativa. Epidemia HIV no Brasil:- Obs.: 2 Gráficos mostrando a incidência: A doença tem sido mais frequente em homens. Principalmente em adulto jovem, 20 a 29 anos disparado na frente (muito pelo comportamento de risco sexual dessa faixa), e em HSH. Pacientes que tem infecção pelo HIV: são aquelas pessoas que tem o vírus, mas que sua imunidade não está depletada, seja porque a infecção é recente e sua imunidade não caiu, ou porque está em tratamento (que é a grande maioria das pessoas que fazem acompanhamento ambulatorial). Essas pessoas vivem normalmente, sem nenhuma restrição mas elas têm a infecção pelo HIV. É incorreto falar que uma pessoa que tem infecção pelo HIV tem AIDS ou que é Aidética. - Cuidado PVHA: Aqui chegamos em um ponto importante que é: como é o cuidado de uma Pessoa que vive com a infecção pelo HIV. Primeiro ponto importante é a diferenciação do termo infecção pelo HIV e AIDS. É muito importante isso ficar bem claro! AIDS: significa que a pessoa está com a imunodeficiência adquirida instalada, em termos objetivos significa ter contagem de linfócitos TCD4 menor do que 350. É um paciente que está com vulnerabilidade, já está em situação de risco para infecção oportunista; - Página 4 de INFECTO Aqui é a cascata do acompanhamento. Como se tem um gargalo enorme para as infecções sexualmente transmissíveis. Do universo das pessoas que tem a infecção pelo HIV (1), apenas 70-80% tem o diagnóstico (2). Das pessoas que tem o diagnóstico, uma parcela menor ainda, foi lincada a algum serviço, ou fez algum tipo de acompanhamento (3). E ai vai nessa cascata, de menor ainda. Uma parcela menor ainda está em terapia antirretroviral (4), e uma parcela menor ainda chega ao alvo do tratamento que é a carga viral indetectável (5). O TARV tem a capacidade de impedir a replicação do vírus, uma vez que o vírus não vai ser capaz de circular na corrente sanguínea, ele vai continuar no organismo (não tem cura, ele integra no DNA). Mas uma vez que está em terapia antirretroviral, eu impeço o vírus circule na corrente sanguínea, então quando está em tratamento o alvo é a carga viral indetectável, ou seja, o vírus está no linfócito mas ele não está na corrente sanguínea se replicando. Vírus da Imunodeficiência Humana: Gênero: Lentivírus;- HIV-1 e HIV-2 (Homologia: 40-50%, HIV-2 menos patogênico, mais encontrado no continente africano). ○ Tipos: Homologia entre HIV-2 e SIV: 75-80%; Grupos HIV-1 (M, N, O, P); Classificação filogenética:- Vírus esférico: 100-120nm de diâmetro; - RNA vírus de cadeia simples;- Família: Retroviridae - os retrovírus quando infectam células humanas tem a capacidade de traduzir seu RNA em DNA, incorporando o genoma da célula hospedeira. Então faz parte da história natural as mutações. Por isso tem tantos subtipos; - Página 5 de INFECTO Grupos HIV-1 (M, N, O, P); A, B, C, D, F, G, H, J, K.○ Subtipos do grupo M: A (A1-A5), F (F1 e F2).○ Sub-subtipos: Formas recombinantes (mistura genética de 2 subtipos diferentes). Obs1.:Porque tamanha diversidade viral? Por conta dessa mutação na replicação. Quando o vírus do HIV entra na célula do hospedeiro ele precisa de uma enzima chamada transcriptase reversa (TR), essa enzima que vai fazer a mutação e a transdução do RNA em DNA, daí o DNA se integra no núcleo da célula do hospedeiro. Toda vez que tem essa transcrição, pode-se fazer uma proteína diferente, daí a grande capacidade de mutação e diferenciação da replicação viral. Obs2.: Gráfico mostrando a Distribuição mundial dos subtipos do HIV-1 e HIV-2: Na região africana o HIV-2. No Brasil o mais importante é o HIV-1 do tipo B. Estrutura do HIV-1:- Ele tem uma cápsula, com proteínas de superfície. Seu núcleo com material genético, o RNA. As proteínas de superfície são extremamente importantes, primeiro para o diagnóstico, porque através da identificação dessas proteínas de superfície que se faz o diagnóstico (seja por teste rápido ou por sorologia). Página 6 de INFECTO Aqui está o ciclo viral do HIV que é muito importante de se entender, porque entendendo isso é possível compreender a onde a terapia antirretroviral atua. 1 para entrar na célula o vírus do HIV precisa de um dos dois receptores, ou ele entra pelo receptor X4 ou CCR5, cerca de 1% da população não tem esses receptores, ou seja, esse 1% da população se entrar em contato com o HIV não vai se infectar, porque não tem como o vírus entrar no linfócito. 2 Ao entrar na célula esse vírus vai liberar o seu material genomico no citoplasma, 3 e através da transcriptase reversa ele vai transformar o seu RNA em DNA. 4 Uma vez que ele já está em DNA, o seu material genético adentra o núcleo do linfócito T, e lá ele é incorporado ao genoma da célula do hospedeiro, e aqui ele precisa de uma enzima chamada integrase (que integra o DNA do vírus com o DNA do hospedeiro, resultando em uma infecção permanente, pelo o resto da vida). 5 Toda proteína produzida por essa célula vai ter material do vírus, e consequentemente o vírus vai ser replicado, aqui explica porque que o HIV não tem cura. 7 Quando essas proteínas virais são produzidas elas voltam para o citoplasma, e lá vão precisar de Página 7 de INFECTO Quando essas proteínas virais são produzidas elas voltam para o citoplasma, e lá vão precisar de uma enzima chamada protease, que vai clivar os pedaços proteicos para formar um novo vírus e consequentemente esse vírus ser replicado em larga escala e ganhar novas células. Essas 3 enzimas (transcriptase, integrase e protease) são essenciais para replicação viral, e são nessas enzimas que vamos atuar com a terapia antirretroviral, inibindo o ciclo de vida do vírus. O tratamento antirretroviral: a quebra de um paradigma De uma forma mais simplificada, mostrando a forma com que o vírus se replica e já mostrando a cadeia a onde a terapia antirretroviral vai atuar. (1) Então temos a entrada do vírus, seja no receptor X4 ou no CCR5, (2) após a entrada do vírus ele libera seu conteúdo genomico de RNA, (3) e após a ação da transcriptase reversa esse material é transcrito em DNA. (4) Esse DNA viral através da enzima integrase vai se ligar ao conteúdo genomico da célula do hospedeiro, causando uma infecção permanente. (5) A partir daí toda síntese proteica, toda liberação de material para o citoplasma vão conter proteínas tanto de subsistência da célula tanto proteínas para replicação viral. (7) Ai entra a protease para poder formar novos vírus. Existem outras terapias antirretroviral que atual no ciclo, mas o mais importante de entendimento é que nessas 3 enzimas de replicação que vamos tentar parar esse ciclo de vida do vírus no hospedeiro. HIV/aids - História Natural: Essa figura é bastante ilustrativa porque ela mostra muito bem o início da infecção do HIV, 1 2 3 4 5 7 Página 8 de INFECTO Essa figura é bastante ilustrativa porque ela mostra muito bem o início da infecção do HIV, quem em questão de semanas após o contato com o vírus, tem-se um pico da carga viral, ou seja, há uma replicação viral muito intensa (o vírus replica em todos os linfócitos, macrófagos, em todas as células de defesa). Depois disso há um certo controle imune da doença, porque o vírus consegue se esconder dentro dos linfócitos mas ele não evade dos macrófagos, ele continua atuando e sendo eliminado pelos macrófagos. Depois temos o período de latência, que pode variar de semanas e anos, em que o paciente não apresenta nenhum sintoma, ele vai ter o vírus lá em sua latência, dentro de sua célula, principalmente no linfócito T se replicando, que vai paulatinamente diminuindo a população de linfócitos TCD4. A cada replicação ele vai matandoum linfócito TCD4, até que chega um ponto que a população de linfócito TCD4 fica crítica (<350), aqui o paciente tem a imunodeficiência adquirida instalada, aqui o paciente tem AIDS. Uma vez que tem esse ponto de vulnerabilidade a situação se acelera mais porque uma vez que tem poucos linfócitos TCD4 para defesa o vírus replica mais rápido e de uma forma mais voluptuosa, e imunidade cai drasticamente e o paciente chega ao estágio final da doença que é a morte. Na série histórica esse período dura de 2 a 5 anos após a infecção para chegar nesse ponto que o paciente tem AIDS. Queda rápida da contagem LT-CD4+ e carga viral elevada - evolução para aids 1 a 2 anos após a transmissão – cerca de 5 a 10% das pessoas. Os pacientes progressores rápidos são aqueles que após o contato com vírus, no máximo 1 a 2 anos já estão com aids, já estão com a imunodeficiência adquirida, já estão com vulnerabilidade. ○ Progressores rápidos: Queda mais lenta da contagem LT-CD4+ - evolução para Aids. 8 a 10 anos (média de 5 anos) após a transmissão - cerca de 80% das pessoas. ○ Progressão Intermediária: Discreta queda contagem LT-CD4+, associado a carga viral baixa - evolução para Aids em mais de 10 anos ou mesmo não progressão da doença – cerca de 10 a 15% das pessoas. ○ Progressores Lentos ou Não Progressores: mais raro Progressão da infecção pelo HIV para Aids: Como medicina não é matemática, existem 3 padrões de replicação viral - Obs.: Uma vez que a pessoa demora para ser identificada/diagnosticada ela continua transmitindo, por isso a importância de se falar sobre o HIV. Na maioria das vezes a doença vai demorar para apresentar sintomas, e muitas vezes quando apresenta já é tarde para se fazer alguma coisa, a gente não tem que esperar o CD4 cair ou a imunodeficiência instaurada, por isso é muito importante a política da testagem (ao menos 1 vez por ano na população que tem vida sexualmente ativa). Dentro da história natural temos a doença retroviral ou infecção retroviral aguda ou infecção aguda pelo HIV. Nada mais é que uma doença viral como todas as outras, inicialmente a replicação viral estimula muito a produção de citocinas e cascata inflamatória, então o paciente apresenta: dor de garganta, dor muscular, cefaleia, Página 9 de INFECTO Síndrome Retroviral Aguda:- Período em que o paciente apresenta melhora dessa síndrome retroviral aguda, e ele fica por muito tempo sem apresentar quaisquer sintomas, pode demorar até 10 anos para apresentar algum sintoma; 50 – 70% linfadenopatia - muitas das vezes o único sintoma que o paciente pode apresentar é uma linfadenopatia; Até que o HIV vai minando o organismo aos poucos, vai minando o TCD4, vai minando as reservas da medula óssea, o paciente começa a apresentar: Plaquetopenia, anemia, linfopenia; começa aparecer algumas infecções de difícil tratamento, como: Foliculite recorrente, molusco, dermatite seborréica, prurigo, amigdalites recorrentes, Infecções bacterianas (PNM, TB); e o paciente começa apresentar sintomas constitucionais, como: emagrecimento, sudorese noturna, febre vespertina. Até que se chega a aids instaurada. Latência Clínica:- muito a produção de citocinas e cascata inflamatória, então o paciente apresenta: dor de garganta, dor muscular, cefaleia, febre e adinamia. Dura no máximo 15 dias. Daí a grande dificuldade de fazer diagnóstico de HIV no período agudo porque se assemelha a todas outras doenças virais com o quadro monolike. 50 – 90% vão apresentar síndrome retroviral aguda; Início 2 – 4 sem após o contato com o vírus; Mononucleose simile - monolike; Sintomas 7 – 14 dias; Tem como principais sintomas: febre, linfadenopatia, faringite - ou seja sintomas de resposta inflamatória sistêmica; Diagnóstico clínico difícil se não tiver alta suspeição. Aqui são algumas fotos de lesões cutâneas típicas do HIV: 1 - Prurigo: paciente que tem um estremo prurido associado a essas lesões máculo-papulares difusas; 1 2 3 Página 10 de INFECTO Parâmetros utilizados no monitoramento do HIV: a doença é mais ou menos esse esquema aqui. O trem é a infecção pelo HIV que vai levar o paciente ao precipício. Quanto menor o - TCD4, ou seja, a distância até o precipício, mais rápido o paciente vai para os sinais de imunodeficiência. A velocidade dessa infecção está extremamente associada ao tamanho Sintomas de Aids: o paciente começa com os sintomas constitucionais sistêmicos (imagem dos sintomas lá de cima) CD4 < 350cel/mL - quando o paciente não tem mais defesa; Infecções oportunistas (pneumocistose, neurotoxoplasmose, TB disseminada ou extra pulmonar, meningite criptocócica, retinite CMV) - tema da próxima aula; Neoplasias (Sarcoma de Kaposi, linfoma não-Hodgkin, Ca colo útero) - uma vez que não tem mais defesa tem muito ca associado. O ca de colo de útero é um dos cânceres mais associados a infecção pelo HIV, não é relação de causa porque quem causa ele é o HPV, aqui é a questão da associação epidemiológica da frequência do ca de colo de útero com a infecção pelo HIV, ou seja, toda vez que faz diagnóstico de lesão de NIC ou lesão de colo de útero é obrigatório fazer exame de HIV; Miocardiopatia, nefropatia, neuropatia, artropatia. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida:- Transmissibilidade do HIV: Anal - é uma das principais formas de transmissão, porque a lubrificação é pior, o atrito é maior e é uma área muito mais vascularizada e consequentemente tem mais risco de transmissão; Vaginal; Oral - a transmissão é menor. Sexual: é a principal via de transmissão. Não é pelo fato de ser apenas pelo sexo, é que facilita o contato sanguíneo. É o atrito da relação sexual que causa micro lesões na vasculatura e favorece esse contato com o rompimento de barreira, que é a pele. - 1 - Prurigo: paciente que tem um estremo prurido associado a essas lesões máculo-papulares difusas; 2 - Dermatite seborreíca; 3 - Dermatite seborreíca e rosácea 1 1 dessa carga viral, quanto maior a carga viral do paciente mais rápido o paciente vai para o precipício. Então carga viral alta é igual a TCD4 baixo. Página 11 de INFECTO Oral - a transmissão é menor. Transfusão Sanguínea e de Hemoderivados - o HIV mudou muito a forma com que lidamos com os hemocomponentes; Compartilhamento de seringas - uso de droga injetáveis, que não é tão importante aqui no Brasil, é mais importante na Europa e nos EUA. Mas o uso de drogas inaláveis está muito associado a transmissão, o canudinho ou o cartão que é compartilhado no uso da cocaína, causa micro lesões na mucosa nasal com pequenos sangramentos que muitas vezes não são vistos a olho nu, e esse compartilhamento favorece cada vez mais a manutenção do vírus naquela superfície, lembrando que o vírus do HIV pode ficar vivo em uma superfície inanimada por até 7/8 horas. E isso também vale para o crack, a queimadura que o crack vai causando na mucosa oral e nasal também rompe vasculatura e também favorece a transmissão; Sangue em mucosa ou pele não íntegra (acidentes com material de risco biológico - principalmente os cirurgiões). Sanguínea:- Placentária; Aleitamento - o HIV é uma contraindicação para o aleitamento materno. Vertical (materno-infantil):- Tipo de exposição Risco de transmissão/exposição Penetração anal receptiva 0.1 – 3.0 Penetração vaginal receptiva 0.1 – 0.2 Penetração vaginal insertiva 0.03 – 0.09 Penetração anal insertiva 0.06 Sexo oral receptivo 0 – 0.04 Tipo de exposição sexual e risco de transmissão após contato com pessoa soropositiva para HIV.- O principal risco, em torno de 3%, é na recepção anal, por ser uma aula muito vascularizada e pouco lubrificada, o que favorece o atrito e a transmissão. Carga viral e Risco de infecções sexual:- Quanto maior a carga viral, ou seja, quanto mais vírus o paciente tem circulando na correntesanguínea, maior a chance de transmissão. Página 12 de INFECTO que tem infecção pelo HIV e trata, ela não passa mais para ninguém. Temos vários casos no ambulatório de casais sorodiscordantes, quando uma pessoa do casal tem HIV e a outra não tem, eles fazem sexo normalmente sem camisinha, e o parceiro continua soronegativo, porque não tem vírus circulando então não transmite. Daí a importância da TARV. Diagnóstico: Existem várias modalidades de diagnóstico, desde a identificação do vírus (PCR ou carga viral), imunológicos ou sorológicos (em que a gente vai ver a reação de anticorpo e antígeno). Aqui a ideia é de entender que: toda vez que identifica o vírus, vê o vírus, existe a pro HIV vai dar negativo, porque os anticorpos só vão começar ser produzidos em larga escala após o 20/25 dia da infecção. Então aqui que entra a diferenciação dos métodos diagnósticos. Quanto mais cedo (entre 7 e 15 dias) eu quero fazer o diagnóstico a forma é identificando o vírus, pela carga viral. E os testes sorológicos, existem os de 1, 2, 3 e 4 geração; existe uma grande diferença do de 4 geração para os outros, o de 1,2 e 3 geração enxergam apenas anticorpo, então eles só podem ser utilizados no mínimo 25/30 dias após uma situação de risco, já o Elisa de 4 geração enxerga além do anticorpo uma proteína do vírus que é o antígeno P24, encurtando mais a janela do diagnóstico (15 a 20 dias após a exposição). Esse raciocínio é muito importante para saber qual método utilizar. Por exemplo (caso de acidente com material biológico): ao puncionar um paciente, sem querer você espeta a agulha no seu dedo, o que fazer? Primeiro faz o teste sorológico da vítima (você) se o seu teste está negativo, quer dizer que 30 dias atrás você nunca tinha entrado em contato com o vírus do HIV, os últimos 30 dias e inclusive o dia do acidente não vai ser coberto pelo teste (justamente por conta dessa janela). Então nesse caso, ou tem que esperar 7 dias e fazer a Aqui que a gente entra em um dos maiores conceitos depois da terapia antirretroviral de alta potência, no final da década de 90. Que é o conceito de U igual a U (no inglês) ou I igual a I, que é: o paciente que não tem vírus circulando na corrente sanguínea, logo ele não vai transmitir. Esse conceito mudou a forma com que se lida com o HIV, chegou-se a conclusão que toda pessoa que tem a infecção pelo HIV tem que ser tratada, antes desse entendimento só iniciava o TARV em pessoas que tinham aids (TCD4 <350). Uma pessoa chance de fazer o diagnóstico mais cedo. Caso eu tenha uma exposição, e quero saber se eu me infectei pelo HIV, eu só posso tentar fazer o exame no mínimo 7 dias após a exposição, em que eu vou ter carga viral circulante no meu organismo para poder fazer o diagnóstico, se eu for em um laboratório fazer sorologia pro HIV ou teste rápido Página 13 de INFECTO (justamente por conta dessa janela). Então nesse caso, ou tem que esperar 7 dias e fazer a carga viral ou esperar 21 dias e fazer o teste de elisa de 4 geração, ou esperar 30 dias e fazer os testes convencionais. ○ > 2 anos pesquisa de anticorpos - não adianta fazer dosagem de anticorpos para crianças menores que dois anos, porque há muita transmissão de anticorpos maternos; ○ < 2 anos quantificação carga viral. Dosagem em crianças (principalmente por causa da transmissão vertical): ○ Ensaios triagem: ↑ S (teste rápido, ELISA); ○ Ensaios confirmatórios: ↑ E (WB, IFI, IB); ○ ELISA 3ª. geração: 3 – 4 semanas; ○ ELISA 4ª. geração: antígeno p24 + anticorpos; ○ Western blot (gp 160/120, gp 41, p24). Quanto mais os ensaios foram progredindo mais sensíveis e específicos os testes foram ficando: tanto o elisa de 4 geração e o western blot (teste confirmatório) são mais específicos, porque eles têm proteínas da superfície viral (principalmente o western blot) Laboratorial:- Fluxograma do ministério da saúde de como é realizada a confirmação de um diagnóstico de HIV Nas UBS, nos centros de testagem e aconselhamento tem-se os testes rápidos (vê a reação do antígeno com o anticorpo), para o diagnóstico do HIV pelo menos 2 testes rápidos positivos. Existem outros fluxogramas exemplificando formas de diagnóstico(15 e 16), caso tenha feito o teste rápido ou teste sorológico primeiro. Ninguém precisa decorar isso não é só para fins de consulta. Página 14 de INFECTO consulta. Página 15 de INFECTO Tratamento antirretroviral (ARV): A terapia antirretroviral nada mais é que formas para tentar barrar a replicação do vírus, seja atuando na entrada do vírus na célula (1), existem algumas medicações que vão ocupar o receptor da célula do linfócito TCD4, ou ocupa o CCR5 (tem mais desse) ou o X4. para começar essa medicação é necessário fazer um teste de genotropismo para avaliar se esse paciente tem 1 ou 2 ou nenhum dos receptores, porque não adianta nada bloquear um receptor e o paciente ter outro. Os principais medicamentos vão atuar em: inibindo a transcriptase reversa (2), e aqui vai uma dica, a transcriptase reversa é uma enzima do organismo então quando inibo ela eu inibo ela em todo organismo, então todos os inibidores de transcriptase reversa estão associados a alta toxicidade, alto número de efeitos adversos; ou atuo inibindo a integrase (3), que é uma enzima específica do vírus, ou seja, menos efeitos colaterais; ou atuo inibindo a protease (4). História - se fez o diagnóstico recente; Exame físico - se já tem sinais de imunossupressão; Exames complementares - avaliar todos os sistemas, procurando sinais de doença oportunista; Investigação TB - diagnóstico de HIV é igual excluir o diagnóstico de TB, e vice versa. Se fez o diagnóstico de HIV tem que obrigatoriamente excluir o diagnóstico de tuberculose. Se o paciente está sintomático faz BAAR, teste molecular e raio x. Se o paciente está assintomático tem que investigar se teve contato prévio com a tuberculose, fazer o PPD ou IGRA; Investigação de risco cardiovascular; Rastreamento de neoplasias; Sinais / sintomas IO à intervenção imediata; Imunizações e profilaxia IO. Avaliação inicial:- 1 2 3 4 Página 16 de INFECTO Imunizações e profilaxia IO. - O início do TARV está recomendado para todos as PVHIV, independentemente do seu estágio clínico e/ou imunológico. Recomendações início TARV: caso o paciente não tenha sinais de doença oportunista, começa a TARV. Os pacientes que tem tuberculose, deve-se ter mais cuidado com início da terapia, porque eles podem manifestar uma síndrome chamada de reconstituição imune, o linfócito está tão diminuído, a defesa foi tão acabada que ele nem tem sinal da doença tuberculose, mas na hora que começa com a terapia, o paciente começa a melhorar e o TCD4 a subir, o paciente começa a ter sintoma e ele piora, porque começa a ter linfócito TCD4 reconhecendo a bactéria da tuberculose, causando mais inflamação. A outra situação especiação é a infecção pelo cryptococcus neoformans, vai se atrasar a TARV em algumas semanas para não ter a reconstrução imune. Nesses casos trata-se a doença e depois começa a TARV - Zidovudina (AZT), lamivudina (3TC), estavudina, didanosina (ddI), abacavir, emtricitabina, tenofovir (TDF). ○ ITRN: inibidores transcriptase reversa análogos nucleosídeos e nucleotídeos - tem mais efeitos colaterais Efavirenz, nevirapina, delavirdina, rilpivirina.○ ITRNN: inibidores transcriptase reversa não análogos nucleosídeos Darunavir, Lopinavir, atazanavir, Ritonavir, saquinavir, amprenavir, fosamprenavir.○ IP: inibidor protease - menos efeitos colaterais Efuvirtide.○ Inibidores de fusão (gp41) Maraviroc.○ Bloqueadores de co-receptores (CCR5): Raltegravir, Dolutegravir, Bictegravir, Cabotegravir.○ Inibidores de integrase: menos efeitos colaterais TARV: hoje no Brasil é composta por 2 ITRN e 1 Inibidor de integrase - Esquemas preferenciaisBrasil: é para consultar, não precisa decorar Obs.: pacientes que tem tuberculose - o dolutegravir tem Página 17 de INFECTO o Raltegravir (inibidor da integrase), o paciente com o TCD4 muito baixo precisa usar drogas potentes que atuem contra o vírus, pacientes com o TCD4 não muito baixo o Efavirenz não é uma droga tão potente então dá tempo de iniciar a terapia sem muitos riscos. Tratamento: Adesão - a grande dificuldade é fazer com que os pacientes entendam que vão ter que tomar o remédio o resto da vida; - CV < 400cópias/mL 24 sem; CV < 50 cópias/mL 48 sem. Resposta inicial: o alvo da terapia é chegar na carga viral indetectável em 6 meses após o inicio do tratamento. - Virológica - que é quando o paciente já adquire o vírus resistente, e consequentemente a terapia não vai funcionar. Nesses casos tem que fazer o exame de genotipagem, para avaliar a resistência do vírus; Imunológica (> 25%) - é uma paciente que controla a carga viral mas a imunidade não melhora, são pacientes que provavelmente tiveram a infecção a mais tempo. Paciente que demora muito a fazer o diagnóstico normalmente o TCD4 dele não melhora mesmo com a TARV; Clínica - que é quando o paciente não toma o medicamento. Falhas:- Síndrome de reconstituição imune - principalmente nos casos de TB e criptococose, nesses casos geralmente retarda o início do tratamento, e só começa depois que trata a doença. - Falha virológica; Genotipagem pré-tratamento se parceiro em uso de TARV ou gestante; CV > 1000cópias/mL; Uso regular TARV. Genotipagem: para fazer esse exame tem que ter certeza que o paciente está tomando o remédio, porque quando o vírus tem a mutação ele perde a capacidade de replicação, ele replica mais lentamente do que o vírus selvagem, se paciente para de tomar o remédio dele tem muito mais vírus selvagem circulando do que vírus resistente, e ai não é possível identificar pela genotipagem. - Obs. Imagem de um Trabalho que evidenciou o iniciar a TARV no mesmo dia que o paciente recebe o diagnóstico aumenta a adesão do paciente, mantem o paciente lincado ao serviço Obs.: pacientes que tem tuberculose - o dolutegravir tem interação com a rifampicina que é o principal medicamento do tratamento da tb, nesse caso a depender da contagem de TCD4 vai se usar o Efavirenz (inibidor não análogo da transcriptase reversa) ou Página 18 de INFECTO recebe o diagnóstico aumenta a adesão do paciente, mantem o paciente lincado ao serviço (fazendo acompanhamento e exames), consegue controlar o vírus dentro de 1 ano de uma forma mais rápida. E se não inicia o tratamento no dia, aumenta a chance de morte e aumenta o absenteísmo do paciente no acompanhamento. PEP: Profilaxia pós exposição, é quando a gente tem uma situação de risco e que temos até 72h para poder tomar o antirretroviral e impedir a infecção pelo HIV, isso é uma urgência infectologica. É como se fosse a "pílula do dia seguinte" - TDF + 3TC + DTG; A duração da PEP é de 28 dias. Esquema preferencial para PEP: PrEP: Profilaxia pré exposição, nada mais é do que a "pílula anticoncepcional", é para evitar que caso tenha uma situação de risco, aconteça a infecção. As indicações são: HSM, Pessoas trans, Profissionais do sexo e casai sorodiscordantes. Isso faz parte da estratégia de prevenção combinada. Página 19 de INFECTO combinada. Indica-se para a PrEP a combinação de tenofovir associado a entricitabina, em dose fixa combinada TDF/FTC (300/200mg) um comprimido por dia, via oral, em uso contínuo; - Para relações anais, são necessários cerca de 7 dias de uso de PrEP para alcançar a proteção. Para relações vaginais, são necessários aproximadamente 20 dias de uso. - Obs. Imagem de um Trabalho que evidenciou que a prática da utilização da PrEP por populações de risco diminuiu em até 4% o risco de infecção pelo HIV. Página 20 de INFECTO
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