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Bioeletrogênese e sinapses Fisiologia Potencial de ação dos nervos: • Os sinais nervosos são transmitidos por potenciais de ação que são rápidas alterações do potencial de membrana que se propagam com grande velocidade por toda a membrana da fibra nervosa • Cada P.A. começa por alteração súbita do potencial de membrana normal negativo para positivo, e termina com o retorno para o negativo 1. Estágio de repouso: é o potencial de repouso da membrana, antes do P.A. Ela fica “polarizada” nesse estágio, no potencial de - 90 milivolts 2. Estágio de despolarização: a membrana fica subitamente muito permeável aos íons sódio, permitindo que eles se difundam para o interior do axônio. O potencial normal de - 90 milivolts aumenta para valor positivo por conta do influxo de íons Na+ com carga positiva. Nas fibras nervosas de maior calibre, o excesso desses íons provoca o overshoot, que é quando o potencial ultrapassa o 0 e se torna positivo 3. Estágio de repolarização: os canais de Na+ começam a se fechar e os canais de K+ se abrem mais que o normal. A difusão dos íons K+ para o exterior restabelece o potencial de repouso negativo da membrana ➢ Canal de sódio regulado pela voltagem: • Esse canal tem a comporta de ativação (abertura externa do canal) e a comporta de inativação (abertura interna do canal) • Em -90 milivolts a comporta de ativação fica fechada impedindo a entrada de Na+ para o interior da fibra • Quando o potencial de membrana se torna menos negativo, em torno de -70 a -5º milivolts o canal fica totalmente aberto e íons Na+ entram = estado ativado • O fechamento da comporta de ativação é mais lento que a abertura. Quando o canal é inativado e se fecha, Na+ não pode atravessar a membrana. Logo, ocorre a repolarização • A comporta inativada só reabre quando o potencial de membrana retornar ao repouso ➢ Canal de potássio regulado pela voltagem: • Durante o repouso a comporta do canal está fechada. Mas a condutância dos íons K+ nesse momento é maior por conta do maior vazamento desses íons pelos canais de vazamento • Quando o potencial aumenta de -90 milivolts para 0 a comporta se abre, permitindo a difusão do K+ para fora • Porém, devido ao retardo na abertura desses canais, a maioria só abre quando os canais de Na+ começam a se fechar. Logo, a repolarização é acelerada e o potencial de repouso é reestabelecido ➢ Início do potencial de ação: • Qualquer evento que aumente o potencial de - 90 para 0 milivolts causa a abertura de vários canais de Na+. O influxo desses íons aumenta ainda mais o potencial e, abre mais canais permitindo fluxo mais intenso de Na+ para o interior da fibra. Esse processo é o círculo vicioso de feedback positivo que continua até que todos os canais de Na+ sejam abertos • O desenvolvimento do potencial de ação ocorre quando o potencial atinge o limiar de estimulação ➢ Ânions no interior do axônio: • Nos axônios há ânions das proteínas musculares e de compostos orgânicos de fosfato e sulfato, por exemplo. Eles não saem de dentro da fibra ➢ Íons cálcio: • Os canais de cálcio regulados pela voltagem ao se abrirem em resposta à despolarização fluem para o interior da célula, visto que esse íon é mais concentrado no meio extracelular. Todavia, a regulação desses canais é lenta • São muito numerosos no músculo cardíaco e no músculo liso • Os íons de cálcio se ligam à superfície externa dos canais de sódio das moléculas de proteína. A carga positiva deles altera o estado elétrico da proteína do canal de sódio, alterando o nível da voltagem necessário para abrir o canal de sódio • Quando há déficit de íons Ca++ os canais de sódio são abertos por pequeno aumento do potencial repouso. Logo, a fibra nervosa fica muito excitável, algumas vezes descarregando sem que haja estímulo, em vez de permanecer no repouso. Quando a concentração de Ca++ fica 50% abaixo do normal, essa descarga espontânea em nervos periféricos causa a “tetania” muscular, que pode ser letal devido à contração tetânica dos músculos respiratórios Propagação do potencial de ação: • O impulso nervoso ou muscular é a transmissão do processo de despolarização, por fibra nervosa ou muscular • A membrana excitável não tem direção única de propagação, mas o potencial de ação trafega em todas as direções até que toda a membrana tenha sido despolarizada • Princípio do tudo ou nada: uma vez que o potencial de ação foi gerado em algum lugar da membrana, a despolarização trafega por toda a membrana (condições adequadas) ou não se propaga (condições inadequadas). Para que ocorra propagação contínua do impulso, a proporção entre o potencial de ação e o limiar de excitação deve ser maior que 1 (fator de segurança para a propagação) Restabelecimento dos gradientes iônicos após fim do P.A: • O restabelecimento das diferenças de concentração de sódio e potássio na membrana é feito pela bomba de Na+ -K+ • Essa bomba requer energia, logo, a “recarga” da fibra nervosa é um processo metabólico ativo, usando energia do ATP do sistema de energia da célula. Quando a frequência dos impulsos nervosos aumenta, a fibra nervosa produz excesso de calor durante a recarga, que é uma medida do consumo de energia • A atividade da bomba da Na+ -K+ ATPase é intensamente é estimulada quando ocorre acúmulo excessivo de íons sódio no interior da membrana celular O platô em alguns potenciais de ação: • Em alguns casos, o potencial permanece como platô perto do pico do potencial em ponta, e após isso a repolarização se inicia • O platô prolonga o período de despolarização • Esse tipo de potencial ocorre nas fibras musculares do coração, onde o platô dura de 0,2 a 0,3 segundo e faz com que a contração dos músculos do coração dure por esse mesmo período de tempo • No músculo do coração os canais rápidos (de Na+) e os canais lentos (de cálcio-sódio) atuam na despolarização. A abertura dos canais rápidos causa a parte em ponta (spike) do P.A., e a prolongada abertura dos canais lentos permite o influxo de cálcio para a fibra, sendo responsável, em grande parte, pelo platô. Além disso, outro fator que causa o platô é a lenta abertura dos canais de K+, que só se abrem completamente até o final do platô Ritmicidade de alguns tecidos excitáveis – descarga repetitiva: • Descargas repetitivas espontâneas ocorrem no coração, maior parte dos músculos lisos e em muitos neurônios do SNC. Elas causam batimento ritmado do coração, peristaltismo rítmico dos intestinos e eventos neuronais, como o controle ritmado da respiração • Para que a ritmicidade espontânea ocorra, a membrana, mesmo em seu estado natural, deve ser suficientemente permeável aos íons para permitir a depolarização automática. Logo, o potencial de “repouso” dessa membrana é de - 60 a -70 milivolts • Sequência: alguns íons sódio e cálcio fluem para o interior; aumento da voltagem da membrana = aumento da permeabilidade; mais íons fluem para dentro; permeabilidade aumenta até que o P.A. é gerado; após o P.A. a membrana se repolariza; após outro retardo de milissegundos ou segundos a excitabilidade espontânea autoinduzida causa nova despolarização e novo P.A. = ciclo ininterrupto • Perto do término de cada P.A. e persistindo por um breve período após, a membrana torna-se mais permeável aos íons potássio O aumento do efluxo desses íons deixa o interior da fibra mais negativo do que deveria, que é quando ocorre a hiperpolarização, e enquanto esse estado persistir a autorreexcitação não vai ocorrer • Mas a condutância excessiva de potássio para gradualmente, depois que cada P.A. termina, permitindo que o potencial aumente até seu limiar de excitação novamente, e o processo se repete Transmissão dos sinais nos troncos nervosos: ➢ Fibras nervosas mielinizadas e amielinizadas: • Fibrascalibrosas = mielinizadas e as mais delgadas = amielinizadas • Fibra mielinizada: axônio (sua membrana é a que conduz o P.A.) e em volta dele há a bainha de mielina que é dividida por nodos de Ranvier • As células de Schwann giram muitas vezes em torno do axônio, formando camadas de membrana celular de Schwann, contendo a substância lipídica esfingomielina., que é excelente isolante elétrico, reduzindo o fluxo iônico através da membrana • No nodo de Ranvier, área não isolada, os íons passam livremente através da membrana do axônio, do líquido extracelular para o intracelular, dentro do axônio ➢ Condução saltatória: • Potenciais de ação só ocorrem nos nodos de Ranvier. A corrente elétrica flui pelo líquido extracelular que circunda a parte externa da bainha, de nodo a nodo, excitando-os. Logo, os impulsos nervosos saltam ao longo da fibra • Esse mecanismo aumenta a velocidade da transmissão nervosa e conserva energia para o axônio, pois somente os nodos se despolarizam, logo, há perda menor de íons, o que requer metabolismo menos intenso para restabelecer as concentrações de sódio e potássio através da membrana, após série de impulsos nervosos Excitação: • Qualquer fator que promova a difusão de íons sódio para o interior da célula desencadeia a abertura dos canais de sódio. Isso pode resultar de: distúrbio mecânico da membrana, efeitos químicos na membrana, ou da passagem de eletricidade através da membrana • Pressão mecânica- excita terminações sensoriais nervosas na pele; neurotransmissores químicos- transmissão de sinais entre neurônios; corrente elétrica- transmissão de sinais entre células musculares no coração e no intestino ➢ Limiar para a excitação: • As alterações dos potenciais locais são referidas como potenciais locais agudos, e quando deixam de desencadear o P.A. são designadas como potenciais subliminares agudos • O P.A. só ocorre após o “período latente” que é atingido quando o potencial local atinge o nível limiar necessário para a produção do P.A. • Ou seja, os estímulos fracos causam alteração local do potencial de mebrana, mas a amplitude do potencial local deve aumentar até o nível limiar para que seja produzido o potencial de ação ➢ Período refratário absoluto: • Logo após o P.A. é desencadeado, os canais de sódio (ou cálcio, ou ambos) são inativados, e suas comportas não podem ser abertas até o retorno do potencial de repouso. Por isso, novo P.A. não pode ocorrer enquanto a membrana estiver despolarizada ➢ Inibição da excitabilidade: • Íons cálcio são fatores estabilizadores da membrana, pois diminuem sua excitabilidade quando altamente concentrados no líquido extracelular • Anestésicos locais: procaína e a tetracaína – agentes que atuam diretamente sobre as comportas de ativação dos canais de sódio, dificultando sua abertura, reduzindo a excitabilidade da membrana. Quando o fator de segurança fica reduzido para menos de 1, os impulsos nervosos deixam de passar pelos nervos anestesiados
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