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Convenção americana de direitos humanos

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Convenção Americana de Direitos Humanos
	A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, também chamada de Pacto São José da Costa Rica, prevê que, os Estados-Partes, isto é, aqueles signatários do já citado tratado internacional, membros da Organização dos Estados Americanos (OEA), devem suscitar um regime de liberdade pessoal e de justiça social, pautado no respeito dos direitos essenciais do homem. O Pacto São José da Costa Rica se baseou na Declaração Universal de Direitos Humanos.
	Tal tratado fora subscrito durante a Conferência Especializada Interamericana de Direitos Humanos, em 22 de novembro de 1969, na cidade de San José da Costa Rica, daí porque a Convenção também pode ser chamada de Pacto de São José da Costa Rica. A proteção internacional do indivíduo se justifica pelo fato de que, os direitos essenciais do homem se baseiam nos atributos da pessoa humana, isto é, trata-se dos direitos de 1ª geração.
	No Brasil, o tratado foi subscrito por meio do Decreto Legislativo nº 27 de 26 de maio de 1992, aprovando o texto do instrumento, dando-lhe legitimação para o nosso país. A Convenção entrou em vigor a partir do Decreto presidencial nº 678 de 06 de novembro de 1992, publicado no DO de 09 de novembro de 1992, p. 15.562 e seguinte, que estabeleceu o cumprimento integral dos direitos disciplinados no Pacto São José da Costa Rica.
	A partir do momento em que o Brasil se torna Estado-Parte, o tratado é incorporado a Lei Maior. Contudo, é importante salientar que, quando o Brasil se tornou signatário do Pacto São José da Costa Rica, ainda não havia a possibilidade prevista pelo §3º do artigo 5º da Constituição Federal de incorporar os tratados como emenda constitucional. Portanto, a CADH foi incorporada como lei ordinária e não como emenda constitucional como prevê a nova redação do §3º do artigo 5º.
	O §3º do artigo supracitado prevê que, se forem cumpridos dois requisitos específicos, tais tratados poderão ser incorporados como emenda constitucional, são eles: requisito material, isto é, o conteúdo da norma deve discorrer estritamente sobre Direitos Humanos; requisito formal, a norma deve ser aprovada pelo mesmo processo legislativo das emendas constitucionais, ou seja, passar pelas duas casas do Congresso e ser aprovada em dois turnos de votação em cada casa por 3/5 dos membros.
	Em que pese a aplicação do Pacto, a jurisprudência tem se manifestado da seguinte maneira:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ADIMPLEMENTO CONTRATUAL. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. CABIMENTO. VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES. HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA DO CONSUMIDOR. ARTIGO 6º, VIII, DA LEI 8.078/90. PREQUESTIONAMENTO DO ARTIGO 6º, VIII, CDC; ART. 373, § ÚNICO, II, CPC; ART. 5º, LXII, CF; ART. 8º, § 2º, G, DO PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA E, ART. 373, I, CPC. DESNECESSIDADE DE MANIFESTAÇÃO EXPRESSA SOBRE TODOS OS ARGUMENTOS OU SOBRE TODOS OS DISPOSITIVOS INVOCADOS PELAS PARTES. MERA CONTRARIEDADE. AUSÊNCIA DE VÍCIO FORMAL PREVISTO NO ART. 1022 DO CPC. EMBARGOS REJEITADOS. 1. (TJPR – 18ª C.CÍVEL – EDC – 1706847 – 2/01 – Cascavel – Rel.: Juiz Helder Luis Henrique Taguchi – Unânime – J. 30.05.2018)
HABEAS CORPUS – PRISÃO CIVIL – DEPOSITÁRIO INFIEL. 1. A prisão civil que sofre restrições é a decretada em razão de descumprimento de cláusula contratual. 2. A prisão civil do depositário infiel, que no exercício de munus público não apresenta o bem sob sua guarda, enseja aplicação da Súmula 619/STF. 3. O Pacto de São José da Costa Rica, ao qual aderiu o Brasil, não reprova a prisão de quem descumpre ordem judicial. 4. Habeas corpus denegado. (STJ – HC: 23540 MG 2002/0085153-5, Relator: Ministra ELIANA CALMON, Data de Julgamento: 17/09/2002, T2 – SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: –> DJ 10/02/2003 p. 174)
	No que diz respeito ao último julgado, a prisão civil do depositário infiel tem previsão constitucional, mas seu detalhamento está em uma norma infraconstitucional e a norma infra, não pode colidir com a norma supra, que é o caso do Pacto São José da Costa Rica. Portanto, a partir do momento em que tal pacto promove um efeito paralisante nas normas infraconstitucionais, a prisão civil do depositário infiel deixou de ter aplicabilidade.
	Outra questão diz respeito a criminalização da conduta do desacato a funcionário público no exercício da função ou em razão dela. No julgamento do HC 379.269, em 2017, a maioria dos ministros da Terceira Seção decidiram que deveria continuar sendo crime, pois ao fazer esse controle de convencionalidade entre a norma legal brasileira e o pacto de São José não implicavam na CADH, quanto a liberdade de expressão.
	Por fim, pode-se concluir que, quando o tratado não adquire status de emenda constitucional ao ser incorporado pela Lei Maior, ele passa a ser lei ordinária e é considerado supralegal. É supralegal, pois está abaixo da Constituição Federal e acima das leis infraconstitucionais. O Pacto São José da Costa Rica é uma norma supralegal.

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