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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
rodada 2
dire itos humanos, D ire ito penal, informática,
e D ire ito admin istrativo
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Material: Direits humanos, Direito Penal, Informática e Direito administrativo.
DELEGADO DE POLÍCIA
pcpr2020
RODADA 2
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OLÁ, AMIGO(A) DELEGADO(A), a caminhada para o desafi o aos que vencerão no Paraná 
continua. Essa é a rodada 02, onde selecionamos quatro disciplinas importantíssimas: 
Direitos Humanos, Direito Penal, Informática e Direito Administrativo. Seguimos 
orientando no sentido de que a leitura completa da rodada é o mínimo (além da lei seca) 
que você deve realizar semanalmente. 
Acompanhe a evolução do curso no mural de recados e fi que ligado na nossa seção de 
materiais. Além disso, é muito importante para nossa equipe que não deixe de avaliar os 
materiais e as videoaaulas, esse feedback é essencial para nosso trabalho. 
Não deixe de verifi car o material de súmulas por assunto que fi zemos especifi cadamente 
para esse concurso.
Faça a sua parte e estude com dedicação! 
O melhor resultado vem logo mais. 
“Quando não se pode fazer tudo o que se deve, deve-se fazer 
tudo o que se pode.” 
(Terêncio) 
Atenciosamente,
Equipe Mege.
OBSERVAÇÕES INICIAIS 
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04
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SUMÁRIO
PARTE I - DIREITOS HUMANOS ........................................................................................5
PARTE II - DIREITO PENAL ..............................................................................................74
PARTE III - INFORMÁTICA .............................................................................................131
PARTE IV - DIREITO ADMINISTRATIVO ........................................................................147
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05
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PARTE I - DIREITOS HUMANOS 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DO EDITAL DPCPR – 
DIREITOS HUMANOS
1. Constituição Federal Brasileira (1988).
2. Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU - 1948).
3. Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas 
ou Degradantes (1984).
4. Teoria Geral dos Direitos Humanos: conceito, terminologia, estrutura normati-
va, fundamentação.
5. Afirmação histórica dos direitos humanos.
6. Garantias processuais dos Direitos Humanos, Interpretação e Aplicação dos 
Tratados Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos.
7. A Natureza Jurídica da incorporação de normas internacionais sobre Direitos 
Humanos ao direito interno brasileiro.
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1.1 DOUTRINA
INTRODUÇÃO
Nesta primeira rodada serão analisados os seguintes tópicos do Edital DPCPR/2020. 
Os outros tópicos serão analisados em outra oportunidade.
1. Constituição Federal Brasileira (1988). 
( ...)
7. A Natureza Jurídica da incorporação de normas internacionais sobre Direitos 
Humanos ao direito interno brasileiro.
O foco desta rodada é a proteção interna e constitucional dos direitos humanos.
Vamos abordar especialmente, com objetivo de detalhar o tópico do edital, os 
seguintes assuntos: a incorporação dos tratados internacionais de proteção de direitos 
humanos ao direito brasileiro; a posição hierárquica dos tratados internacionais de Direitos 
Humanos em face do artigo 5º, e seus parágrafos, da Constituição Federal brasileira; o 
controle de convencionalidade; os mecanismos de proteção aos direitos humanos na 
Constituição Federal brasileira de 1988 e a federalização de crimes graves contra os 
Direitos Humanos.
A obra central desta rodada é: RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos 
humanos. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. Outros livros e autores foram citados para 
complementar o material.
Outras questões de concursos diversos de Delegado foram inseridas para ajudar 
na memorização e também por serem igualmente passíveis de cobrança em prova de 
carreira policial.
Esta rodada (e as seguintes) levou em consideração todas as questões pertinentes das 
últimas provas de Delegado do ano de 2018 e 2019 (DPCES; DPCRS; DPCMG; DPCGO, DPCSP). 
Vale registrar que a última prova para Delegado do Estado do Paraná não constou a 
disciplina Direitos Humanos de forma autônoma e com questões específicas como ocorre 
atualmente com o edital de 2020.
Este material encontra-se atualizado até 16/04/2020.
Para dicas na rede social, siga-me no Instagram: @odefensorpublico.
Bons estudos! E não deixe de fazer a leitura da lei seca. 
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•	 Direitos humanos na Constituição Federal de 1988. 
o A Constituição de 1988 representa um marco histórico na consagração dos 
Direitos Humanos em território brasileiro. Assim, a redemocratização do 
país permitiu a edição de uma Carta mais afinada ao Direito Internacional, 
especialmente no tocante aos direitos humanos, na medida em que nela 
consta um rol de direitos fundamentais mais extenso e pormenorizado 
que nos documentos anteriores, havendo ainda mais dispositivos acerca 
das relações internacionais brasileiras.
o Destaca a autora ainda que os textos constitucionais abertos a princípios, 
dotados de elevada carga axiológica e com destaque para o valor da 
dignidade da pessoa humana – como é o caso da CF/88, que possui alta 
densidade axiológica e atribui à dignidade da pessoa humana o status 
de Fundamento da República – devem ser compreendidos sob o prisma 
da reconstrução dos direitos humanos do pós-guerra.
o Assim, em consonância ao espírito humanista do direito internacional 
pós guerra, a Constituição de 1988, além de consagrar a dignidade da 
pessoa humana enquanto valor fundamental, tornou explícito em seu 
texto a existência de direitos sociais, coletivos e difusos, além dos direitos 
individuais, acolhendo a tese da indivisibilidade e interdependência dos 
direitos humanos, segundo a qual o “valor da liberdade se conjuga com o 
valor da igualdade, não havendo como divorciar os direitos de liberdade 
dos direitos de igualdade” (Piovesan, fl. 60). 
o Dessa forma, a expansão dos direitos humanos, enquanto fenômeno 
global, pode ser vista como uma reação às atrocidades cometidas na 
Segunda Guerra Mundial, em especial aos praticados pelas autoridades 
nazistas, que revelaram descaso aos direitos fundamentais e as normas 
internacionais sobre sua proteção. O período seguinte aos combates 
é, então, delineado pela expansão dos direitos humanos em âmbito 
internacional, fundamentados pelo valor da dignidade da pessoa humana 
e protegidos através da criação de sistemas e organismos internacionais 
(Sistemas Globais e Regionais).
o A dignidade da pessoa humana é prevista no artigo inaugural da 
constituição como fundamento da República Federativa do Brasil.
o Sobre a importância da Constituição de 1988 aos direitos humanos no 
Brasil, Flávia Piovesan escreve que:
	“A Carta de 1988 institucionaliza a instauração de um regime político 
democrático no Brasil. Introduz também indiscutível avanço na 
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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consolidaçãolegislativa das garantias e direitos fundamentais e na 
proteção de setores vulneráveis da sociedade brasileira. A partir 
dela, os direitos humanos ganham relevo extraordinário, situando-se 
a Carta de 1988 como o documento mais abrangente e pormenorizado 
sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil”1.
 
o Flávia Piovesan destaca a forma como eram concebidos os direitos 
humanos no histórico normativo-constitucional brasileiro a partir de 
uma análise comparativa entre a CR/88 e as constituições anteriores
	“Note-se que as Constituições anteriores primeiramente tratavam 
do Estado, para, somente então, disciplinarem os direitos. 
Ademais, eram petrificados temas afetos ao Estado e não a direitos, 
destacando-se, por exemplo, a Constituição de 1967, ao consagrar 
como cláusulas pétreas a Federação e a República. A nova topografia 
constitucional inaugurada pela Carta de 1988 reflete a mudança 
paradigmática da lente ex parte principe para a lente ex parte populi. 
Isto é, de um Direito inspirado pela ótica do Estado, radicado nos 
deveres dos súditos, transita-se a um Direito inspirado pela ótica 
da cidadania, radicado nos direitos dos cidadãos. A Constituição 
de 1988 assume como ponto de partida a gramática dos direitos, 
que condiciona o constitucionalismo por ela invocado. Assim, é 
sob a perspectiva dos direitos que se afirma o Estado e não sob a 
perspectiva do Estado que se afirmam os direitos. Há, assim, um 
Direito brasileiro pré e pós-88 no campo dos direitos humanos. O 
Texto Constitucional propicia a reinvenção do marco jurídico dos 
direitos humanos, fomentando”2.
1 PIOVESAN, Flávia.
Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., rev. e 
atual. – São Paulo : Saraiva, 2013. p. 84.
2 PIOVESAN, Flávia.
Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., rev. e 
atual. – São Paulo : Saraiva, 2013. p. 90.
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o Como se estrutura a os direitos fundamentais na CR/88? 
CAPÍTULO I 
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º
CAPÍTULO II 
DOS DIREITOS SOCIAIS (Art. 6º ao 11)
CAPÍTULO III 
DA NACIONALIDADE ( Art. 12 e 13)
CAPÍTULO IV 
DOS DIREITOS POLÍTICOS ( Art. 14 ao 16)
CAPÍTULO V 
DOS PARTIDOS POLÍTICOS ( Art. 17)
o Crítica: Apesar desta divisão, não se deve esquecer que há outros 
direitos fundamentais que estão fora dos artigos constitucionais acima 
indicados, como acontece, por exemplo, com: 
	Direito à educação (art. 195)
	Direito à assistência social (art. 201)
	Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225).
o Pode-se afirmar que a CR/88 observou a divisão clássica dos direitos:
	Direito Civis e Políticos
	Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
	Direitos de Solidariedade
o Direito Civis e Políticos:
	Exemplos: igualdade, direito à vida, legalidade, liberdade de 
manifestação de pensamento e de expressão, liberdade de crença, 
direito à vida privada, liberdade de locomoção no território nacional, 
direito de reunião pacífica, liberdade de profissão, liberdade de 
associação, direito de propriedade, entre outros.
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o Direitos Econômicos, Sociais e Culturais:
	Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o 
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição.
o Direitos de Solidariedade:
	A CR/88 menciona o a autodeterminação dos povos (Art. 4º, 
II), a defesa da paz (Art. 4º, VI) e também o direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado (art. 225). 
O reconhecimento pelo STF do direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado como direito de terceira geração 
(ou de novíssima dimensão) não deve ser esquecido. Vide: 
(ADI 3540 MC, Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, 
julgado em 01/09/2005, DJ 03-02-2006 PP-00014 EMENT VOL-
02219-03 PP-00528)
o Abertura para novos direitos: Art. 5º  (...) § 2º Os direitos e garantias 
expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime 
e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que 
a República Federativa do Brasil seja parte.
o Nacionalidade: consiste no vínculo jurídico-político entre determinada 
pessoa, denominada nacional, e um Estado, pelo qual são estabelecidos 
direitos e deveres recíprocos. Além da CR/88, deve-se observas as 
normas internacionais. A Declaração Universal de Direitos Humanos 
(1948), que prevê que todos têm direito a uma nacionalidade e ninguém 
será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de 
mudar de nacionalidade (art. XV). A Convenção Americana de Direitos 
Humanos (Pacto San José da Costa Rica) dispõe que toda pessoa tem 
direito a uma nacionalidade e a ninguém se deve privar arbitrariamente 
de sua nacionalidade, nem do direito de mudá-la (art. 20).
o Dos direitos políticos. Para José Luiz Quadros de Magalhães: “Os 
direitos políticos são o quarto e o último grupo de direitos que compõem 
os Direitos Humanos. São direitos à participação popular no Poder 
do Estado, que resguardam a vontade manifestada individualmente 
pelo eleitor, sendo que a a diferença essencial em relação aos direitos 
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individuais é que nestes não se exige nenhum tipo de qualificação em 
razão da idade e nacionalidade para o seu exercício, enquanto para os 
direitos políticos determina a Constituição requisitos que o indivíduo deve 
preencher. Estes direitos, no texto brasileiro, são os direitos de votar e ser 
votado, do referendo, do plebiscito e da iniciativa popular das leis”3.
o Direitos econômicos: Para José Luiz Quadros de Magalhães: “Os 
direitos econômicos são aqueles contidos em normas de conteúdo 
econômico que viabilizarão uma política econômica. Classificamos entre 
os Direitos Econômicos, pelas suas características marcantes, o direito 
ao pleno emprego, o direito ao transporte integrado à produção, o 
direito ambiental e os direitos do consumidor. Os direitos econômicos 
contêm normas que estão protegendo interesses individuais, coletivos 
e difusos, (...)”4.
•	 Remédios constitucionais: compreendem garantias instrumentais que visam 
proteger o indivíduo do desrespeito a algum direito considerado fundamental, 
cabendo ao Poder Judiciário seu processamento e julgamento. Entre elas 
estão: Habeas Corpus, Habeas Data, Mandado de Segurança, Direito de 
Petição, Mandado de Injunção, Ação Popular e Ação Civil Pública.
o A CR/88 reproduz garantias tradicionais (habeas corpus já previsto 
Constituição de 1891; o mandado de segurança e a ação popular já 
previstos pela Constituição de 1934) e inova com a previsão de garantias 
no texto constitucional: o mandado de injunção, o  habeas data  e o 
mandado de segurança coletivo. A ação civil pública, com previsão na lei 
n. 7.347/85, teve seu objeto alargado pela CR/88, assim como ocorreu 
em relação à ação popular.
o Flávia Piovesan constata que “o texto de 1988 conjuga garantias típicas 
do modelo liberal, voltadas à proteção das liberdades (como o habeas 
corpus e o mandado de segurança), com garantias típicas do modelo 
social, voltadas à proteção da igualdade material e justiça social (como 
o mandado de injunção e a ação civil pública)”5.
3 http://joseluizquadrosdemagalhaes.blogspot.com.br/2011/04/direitos-humanos-1.html
4 http://joseluizquadrosdemagalhaes.blogspot.com.br/2011/04/direitos-humanos-1.html
5 http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/revistaspge/revista5/5rev4.htm
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•	 Federalização de Crimes envolvendo os Direitos Humanos. Tratados 
Internacionais de Direitos Humanos e as Obrigações assumidas pelo Brasil:
o Também conhecida como Incidente de Deslocamento de Competência 
(IDC), a federalização de crimes envolvendo os direitos humanos passou 
a ser prevista com a Emenda Constitucional n. 45/2004, possibilitando o 
deslocamento de processos sob a competência da Justiça comum para a 
Justiça Federal, quando se verificar a grave violação de direitos humanos.
o Previsão na Constituição: Art. 109 Aos juízes federais compete processar 
e julgar: V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º 
deste artigo;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (...) 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-
Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de 
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos 
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior 
Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente 
de deslocamento de competência para a Justiça Federal.  (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
o Da leitura da previsão constitucional do IDC, deve-se atentar para as 
seguintes informações:
	Quem pode suscitar? Procurador-Geral da República6.
	O que se suscita? O deslocamento da competência, de inquérito 
ou processo, independentemente da fase em que se encontram, 
da Justiça comum para Justiça Federal
	Quando? Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos 
e com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações 
decorrentes de tratados de direitos humanos nos quais Brasil seja 
parte.
	Onde se processa e quem decide? STJ.
	Pressupostos para procedência do IDC na jurisprudência do 
STJ: I) a existência de grave violação a direitos humanos; II) o risco 
de responsabilização internacional decorrente do descumprimento 
de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais; e 
III) a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer 
respostas efetivas. 
6 O STJ inclusive já julgou extinto incidente de deslocamento de competência (nº 4 – PE – 
2013/0278698-1), em razão de não ter sido suscitado pelo PGR.
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o Para Flávia Piovesan, “A federalização poderá ainda reforçar a 
responsabilidade em relação aos direitos humanos nos diversos entes 
federativos, particularmente nos Estados, sob o risco do incidente 
de deslocamento de competências. Além disso, resultará ampliada a 
responsabilidade da União em matéria de direitos humanos no âmbito 
interno, em consonância com sua crescente responsabilidade internacional, 
na medida em que é a União que tem a responsabilidade internacional na 
hipótese de violação de obrigação internacional em matéria de direitos 
humanos ¿ que se comprometeu juridicamente a cumprir”7. 
o Casos exemplificativos de deslocamento de competência:
	No caso Dorothy Stang (IDC 1), o STJ indeferiu o pedido em razão 
de as autoridades estaduais se encontrarem empenhadas na 
apuração de tais fatos, visando punir os eventuais responsáveis
	No caso Manoel Mattos (IDC 2), o STJ deferiu, sendo o primeiro 
deferimento da história, o pedido de deslocamento em razão 
da incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer 
respostas efetivas, reconhecida a limitação e precariedade dos 
meios por elas próprias.
	No caso Thiago de Faria Soares (IDC 5), o STJ deferiu o pedido 
deferiu o pedido de transferência do inquérito da Policia Civil para 
a Polícia Federal, alcançando também inquéritos.
•	 Incorporação de Normas Internacionais Gerais e de Direitos Humanos ao 
Direito Interno Brasileiro:
o A incorporação das normas internacional aos Direito interno de um país 
não é apenas um procedimento externo, internacional. É necessário que 
haja o trâmite interno. 
o O Executivo sempre exerceu ao longo da história dos Estados papel 
central nesse processo, sendo atualmente, porém, afastada sua atuação 
exclusiva, democratizando-se com a conjugação de vontade do legislativo. 
Neste sentido, Valério de Oliveira Mazzuoli escreve que:
7 http://www.cartamaior.com.br/colunaImprimir.cfm?cm_conteudo_idioma_id=21928 
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	“Historicamente, dentro da doutrina absolutista, o Poder Executivo 
(então chamado de Soberano) sempre foi considerado o órgão 
supremo das relações internacionais. O Monarca, que encarnava 
em si a figura do Estado, possuía o chamado jus representationis 
omnimodae, ou seja, a personificação do poder estatal absoluto”8. 
o A Constituição de 1988 e a celebração dos tratados internacionais. 
Previsão do texto constitucional:
	Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da República: (...) 
VIII celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a 
referendo do Congresso Nacional; 
	Art. 49 É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver 
definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que 
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio 
nacional; 
o Nota-se, da previsão acima, que a participação do Poder Legislativo, numa 
espécie de competência ad referendum, também é contemplada. Mazzuoli 
escreve que “Enquanto cabe ao Executivo presidir a política externa, ao 
Legislativo cumpre exercer o controle dos atos executivos, uma vez que 
àquele incumbe a defesa da nação no cenário internacional”9.
o Síntese das Etapas internas para incorporação dos tratados 
internacionais em geral: 
8 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. Mazzuoli. -- 9. ed. rev., 
atual. e ampl. -- São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2015. p. 368.
9 https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/677/r150-03.pdf?sequence=4
ETAPAS
Primeira etapa: Negociações iniciais ou 
preliminares
Segunda etapa: Assinatura pelo 
Executivo
Terceira etapa: Aprovação do Congresso 
Nacional (Art. 49, I) por meio de Decreto 
Legislativo.
Quarta etapa: Promulgação por meio de 
Decreto do Presidente da República, 
publicado no Diário Oficial da União
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o Sobre os efeitos da aprovação pelo Legislativo, Mazzuoli destaca que 
“O Congresso Nacional não ratifica tratado; na verdade, por meio de 
decreto legislativo, o nosso parlamento federal autoriza a ratificação, 
que é ato próprio do Poder Executivo, a quem compete, nos termos 
da Constituição brasileira, celebrar tratados, convenções e atos 
internacionais. O Congresso apenas aprova ou não o texto convencional, 
de forma que a aprovação dada pelo Poder Legislativo, em relação ao 
tratado, não tem o condão de torná-lo obrigatório, pois o Presidente da 
República, após isso, pode ou não, segundo o que for mais conveniente 
aos interesses da Nação, ratificá-lo. Depois de ratificado o tratado pelo 
Presidente da República, ainda é necessário seja o mesmo promulgado 
por Decreto presidencial e publicado. Depois de publicado, o tratado 
tem intrinsecamente força normativa e revoga as disposições ordinárias 
em contrário. Vige, de resto, o princípio da publicidade”.
o Os tratados internacionais de direitos humanos podem seguir o rito acima 
indicado, com maioria simples ou com o rito das emendas constitucionais, 
quando terá status equivalente, como a seguir se explicará.
ETAPAS
Primeira etapa: Negociações iniciais ou 
preliminares
Segunda etapa: Assinatura pelo 
Executivo
Terceira etapa: Aprovação do Congresso 
Nacional (Art. 49, I) por meio de Decreto 
Legislativo.
Quarta etapa: Promulgação por meio de 
Decreto do Presidente da República, 
publicado no Diário Oficial da UniãoÉ proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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o Atos aprovados pelo rito do § 3º do art. 5º da Constituição:
ATOS EMENTA
Decreto Legislativo nº 
261, de 25.11.2015 
Publicado no DOU de  
26.11.2015
Aprova o texto do Tratado de Marraqueche para 
Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas 
Cegas, com Deficiência Visual ou com outras Di-
ficuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso, 
concluído no âmbito da Organização Mundial 
da Propriedade Intelectual (OMPI), celebrado 
em Marraqueche, em 28 de junho de 2013.
Decreto nº 9.522, 
de 8.10.2018 
Publicado no DOU de 
9.10.2018
Promulga o Tratado de Marraqueche para Fa-
cilitar o Acesso a Obras Publicadas às Pessoas 
Cegas, com Deficiência Visual ou com Outras Di-
ficuldades para Ter Acesso ao Texto Impresso, 
firmado em Marraqueche, em 27 de junho de 
2013.
Decreto Legislativo nº 
186, de 9.7.2008 
Publicado no DOU de 
10.7.2008
Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos 
das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo 
Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 
de março de 2007.
Decreto nº 6.949, de 
25.8.2009 
Publicado no DOU de 
25.8.2009
Promulga a Convenção Internacional sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro-
tocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 
30 de março de 2007.
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Não confundir a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com 
Defi ciência com a a  Convenção Interamericana  (status equivalente ao de 
emenda constitucional)para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra as Pessoas Portadoras de Defi ciência (supralegal).
•	 Posição Hierárquica das Normas Internacionais em Geral e dos Tratados 
de Direitos Humanos no Ordenamento Jurídico Interno Posições 
Doutrinárias. Jurisprudência do STF:
o “Com efeito, não é razoável dar aos tratados de proteção de direitos do ser 
humano (a começar pelo direito fundamental à vida) o mesmo tratamento 
dispensado, por exemplo, a um acordo comercial de exportação de 
laranjas ou sapatos, ou a um acordo de isenção de vistos para turistas 
estrangeiros. À hierarquia de valores, deve corresponder uma hierarquia 
de normas, nos planos tanto nacional quanto internacional, a serem 
interpretadas e aplicadas mediante critérios apropriados”10. 
10 CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Memorial em prol de uma nova mentalidade 
quanto à proteção dos direitos humanos nos planos internacional e nacional, In, Os Direitos Hu-
manos e o Direito Internacional, org. Carlos Eduardo de Abreu Boucalt e Nadia de Araújo, Rio de 
Janeiro: Renovar, 1999, p. 53.
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Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência
Protocolo Facultativa à Convenção acima indicada
Tratado de Marraqueche para Facilitar o Acesso a Obras Publicadas às 
Pessoas Cegas, com Deficiência Visual ou com Outras Dificuldades 
para Ter Acesso ao Texto Impresso
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o Para análise da posição hierárquica das normas internacionais no 
ordenamento jurídico brasileiro faz-se necessário o estudo da redação 
original da Constituição e a inovação trazida com a Emenda Constitucional 
n.45/2004.
o Até 2004, a previsão inicial constitucional destacava que os direitos e 
garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes 
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais 
em que a República Federativa do Brasil seja parte (Art. 5º, § 2º).
o A redação do parágrafo terceiro foi introduzida em 2004, com a EC n. 
45, passando a prever que: Os tratados e convenções internacionais 
sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos 
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
(Art. 5º, § 3º)
o Antes de 2004, vários autores destacavam o parágrafo segundo para 
afirmar o status constitucional (normas materialmente constitucionais) 
dos direitos humanos previstos em tratados internacionais, como 
cláusula aberta a admitir a entrada tratados internacionais de proteção 
dos direitos humanos em grau hierárquico idêntico aos das normas 
constitucionais. Neste sentido, Valério de Oliveira Mazzuoli: 
	“Com base nesse dispositivo, que segue a tendência do 
constitucionalismo contemporâneo, sempre defendemos que os 
tratados internacionais de direitos humano ratificados pelo Brasil 
têm índole e nível constitucionais, além de aplicação imediata, 
não podendo ser revogados por lei ordinária posterior. E a nossa 
interpretação sempre foi a seguinte: se a Constituição estabelece 
que os direitos e garantias nela elencados ‘não excluem’ outros 
provenientes dos tratados internacionais ‘em que a República 
Federativa do Brasil seja parte’, é porque ela própria está a autorizar 
que esses direitos e garantias internacionais constantes dos 
tratados de direitos humanos ratificados pelo Brasil ‘se incluem’ no 
nosso ordenamento jurídico interno, passando a ser considerados 
como se escritos na Constituição estivessem. É dizer, se os direitos 
e garantias expressos no texto constitucional ‘não excluem’ outros 
provenientes dos tratados internacionais em que o Brasil seja 
parte, é porque, pela lógica, na medida em que tais instrumentos 
passam a assegurar outros direitos e garantias, a Constituição ‘os 
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inclui’ no seu catálogo de direitos protegidos, ampliando o seu 
‘bloco de constitucionalidade’”.
o Após 2004, com a Emenda Constitucional n. 45/2004 e, 
consequentemente, com a inserção § 3º ao art. 5º, pode-se descortinar 
as seguintes correntes sobre o status dos tratados internacionais sobre 
direitos humanos aprovados anteriormente (ou posteriormente) pelo 
rito de aprovação de uma lei ordinária, ou seja, maioria simples: 
	Reconhece a natureza supraconstitucional dos tratados e 
convenções sobre direitos humanos 
	Reconhece o caráter constitucional dos tratados e convenções 
sobre direitos humanos 
	Reconhece o status de legislação ordinária dos tratados e 
convenções sobre direitos humanos 
	Reconhece o status de supralegalidade dos tratados e convenções 
sobre direitos humanos – POSICIONAMENTO DO STF.
o Flávia Piovesan, no entanto, diverge da decisão do STF, dividindo os 
tratados de direitos humanos em duas categorias: 
	“Vale dizer, com o advento do § 3º do art. 5º surgem duas categorias 
de tratados internacionais de proteção de direitos humanos: a) os 
materialmente constitucionais; e b) os material e formalmente 
constitucionais. Frise-se: todos os tratados internacionais de 
direitos humanos são materialmente constitucionais, por força do 
§ 2º do art. 5º. Para além de serem materialmente constitucionais, 
poderão, a partir do § 3º do mesmo dispositivo, acrescer a qualidade 
de formalmente constitucionais, equiparando-se às emendas à 
Constituição, no âmbito formal”11 ( grifos nosso).
o O STF já reconheceu a supralegalidade da Convenção Americana de 
Direitos Humanos (ou Pacto São José da Costa Rica). 
	Desde a adesão do Brasil, sem qualquer reserva, ao Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art. 11) e à Convenção 
Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de San José da Costa 
Rica (art. 7º, 7), ambos no ano de 1992, não há mais base legal 
para prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses 
11 PIOVESAN, Flávia.
Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., rev. e 
atual. – São Paulo : Saraiva, 2013. p. 138/139.
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diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar 
específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, 
porém acima da legislação interna. O status normativo supralegal 
dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo 
Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele 
conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão. Assim 
ocorreu com o art. 1.287 do Código Civil de 1916 e com o Decreto-
Lei n° 911/69, assim como em relação ao art. 652 do Novo Código 
Civil (Lei n° 10.406/2002) (RE 349703, Relator(a):  Min. CARLOS 
BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão:  Min. GILMAR MENDES, Tribunal 
Pleno, julgado em 03/12/2008, DJe-104 DIVULG 04-06-2009 PUBLIC 
05-06-2009 EMENT VOL-02363-04 PP-00675)
•	 Controle de reservas. Denúncia dos tratados de Direitos Humanos.
o Conceito de reserva: O art. 2º, § 1º, alínea d, da Convenção de Viena de 
1969, conceitua reserva como: “uma declaração unilateral, qualquer que 
seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, 
aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou 
modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação 
a esse Estado”. A reserva é mecanismo que permite o ingresso de Estados 
que possuem uma divergência pequena ou mínima em relação ao tratado.
o Situações que não se permite a reserva, segundo a Convenção de 
Viena: Artigo 19 Um Estado pode, ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar 
um tratado, ou a ele aderir, formular uma reserva, a não ser que: a) a 
reserva seja proibida pelo tratado; b) o tratado disponha que só possam 
ser formuladas determinadas reservas, entre as quais não figure a 
reserva em questão; ou c) nos casos não previstos nas alíneas a e b, a 
reserva seja incompatível com o objeto e a finalidade do tratado.
	Exemplo: O Estatuto de Roma, por exemplo, veda reservas, nos 
termos do art. 120 (Não são admitidas reservas a este Estatuto).
o Denúncia dos tratados: Ato unilateral de uma das partes onde se desobriga 
de cumprir o tratado assumido internacionalmente. Em um tratado bilateral, 
a consequência lógica da denúncia é a extinção do tratado. Por outro lado, 
em se tratando de tratado multilateral, os efeitos do tratado ficam restritos 
àqueles que não denunciaram. V. art. 56 da Convenção de Viena.
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o É possível a denúncia em tratados de direitos humanos?
	André de Carvalho Ramos: SIM, mas com ressalvas quanto ao 
procedimento e também garantidos a inexistência de retrocessos. 
“Assim, não se nega a possibilidade de denúncia, até porque 
existente nesses tratados, mas se impõe uma aprovação congressual 
qualificada e ainda respeito à proteção geral de direitos humanos. 
Já os tratados aprovados pelo rito simples passariam pelo mesmo 
duplo crivo, mas o quórum de aprovação congressual da denúncia 
seria o da maioria simples e também seria indispensável a análise 
da vedação do retrocesso”12.
o Flávia Piovesan: Permite a denúncia para tratados materialmente 
constitucionais, mas inadmite para tratados materialmente e 
formalmente constitucionais.
	“Ainda que todos os tratados de direitos humanos sejam 
recepcionados em grau constitucional, por veicularem matéria 
e conteúdo essencialmente constitucional, importa realçar a 
diversidade de regimes jurídicos que se aplica aos tratados 
apenas materialmente constitucionais e aos tratados que, além 
de materialmente constitucionais, também são formalmente 
constitucionais. E a diversidade de regimes jurídicos atém-se à 
denúncia, que é o ato unilateral pelo qual um Estado se retira de 
um tratado. Enquanto os tratados materialmente constitucionais 
podem ser suscetíveis de denúncia, os tratados material e 
formalmente constitucionais, por sua vez, não podem ser 
denunciados”.
	“Ao se admitir a natureza constitucional de todos os tratados de 
direitos humanos, há que ressaltar que os direitos constantes 
nos tratados internacionais, como os demais direitos e garantias 
individuais consagrados pela Constituição, constituem cláusula 
pétrea e não podem ser abolidos por meio de emenda à 
Constituição, nos termos do art. 60, § 4º”. 
	“Atente-se que as cláusulas pétreas resguardam o núcleo material 
da Constituição, que compõe os valores fundamentais da ordem 
constitucional. Nesse sentido, os valores da separação dos Poderes 
e da federação — valores que asseguram a descentralização 
orgânica e espacial do poder político —, o valor do voto direto, 
universal e periódico e dos direitos e garantias individuais — valores 
12 RAMOS, André de Carvalho. Teoria geral dos direitos humanos na ordem internacional. 2. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2011. p.200.
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que asseguram o princípio democrático —, compõem a tônica do 
constitucionalismo inaugurado com a transição democrática. Os 
direitos enunciados em tratados internacionais em que o Brasil seja 
parte ficam resguardados pela cláusula pétrea “direitos e garantias 
individuais”, prevista no art. 60, § 4º, IV, da Carta”13.
•	 O Executivo pode denunciar tratados sem a participação do Congresso 
Nacional? 
	Há no STF a ADI n. 1625 em que Confederação Nacional dos 
Trabalhadores da Agricultura (Contag) questionou o Decreto 
2.100/1996. Por meio deste decreto, o presidente da República 
deu publicidade a denúncia à Convenção 158 da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), que trata do término da relação 
de trabalho por iniciativa do empregador e veda a dispensa 
injustificada. O julgamento encontra-se atualmente suspenso, em 
razão de pedido de vista.
	Valério de Oliveira Mazzuoli, manifesta-se contrariamente: “Assim, 
é de se perguntar: será que o povo brasileiro quer ver o país 
desengajado de tratados internacionais importantes para a proteção 
de direitos no plano interno e, também, para o desenvolvimento 
nacional? Será que o povo aceita a denúncia de tratados por meio 
da vontade discricionária do Presidente da República? Para nós, 
enfim, deixar ao presidente da República a faculdade de denunciar 
tratados internacionais, principalmente os de proteção dos direitos 
humanos, como é o caso das convenções da OIT, é fazer tábula 
rasa da vontade popular e dos princípios democráticos do texto 
constitucional de 1988”14.
•	 Responsabilidade internacional dos Estados;
o As sentenças proferidas pelos tribunais internacionais não são 
estrangeiras, dispensável, portanto, sua homologação pelo Judiciário 
brasileiro. Não são decisões de tribunais de outros Estados.
13 PIOVESAN, Flávia.
Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., rev. e 
atual. – São Paulo : Saraiva, 2013. p. 138/139.
14 http://www.conjur.com.br/2015-fev-23/valerio-mazzuoli-executivo-nao-denunciar-trata-
dos-congresso
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o Mazzuoli destaca então que:
	“As sentenças proferidas pela Corte Interamericana – assim como as 
de quaisquer tribunais internacionais – são sentenças internacionais, 
não estrangeiras. Tal significa que não necessitam passar pelo 
procedimento homologatório das sentenças estrangeiras previsto 
pela legislação nacional (CF, art. 105, I, i; CPC, arts. 483 e 484; LINDB, 
arts. 15 e 17) para que tenham exequibilidade doméstica. Em 
outros termos, as sentenças proferidas por tribunais internacionais 
dispensam, no Brasil, homologação do Superior Tribunal Justiça”15.
 
o Mazzuoli alerta ainda que a grande dificuldade no cumprimento da 
decisão da Corte Internacional não se refere à obrigação que tenha por 
objetivoindenizar/reparar economicamente (que é e responsabilidade 
da União – passível de execução da Fazenda Pública), mas sim na 
execução interna da obrigação de investigar e punir. 
•	 Controle de Convencionalidade:
o Pelo controle de convencionalidade analisa-se a compatibilidade 
da legislação de uma país com os instrumentos jurídicos normativos 
internacionais (tratados e convenções), com os quais o Estado firmou 
compromisso. É um controle de validade das normas internas dos países 
diante das normas internacionais, que se tornam norma-parâmetro.
o Isso reforça o valor hierárquicos das normas internacionais de direitos 
humanos diante da legislação dos Estados signatários, ensejando o 
controle para aferir a compatibilidade. 
o O controle de convencionalidade das normas nacionais em face dos 
ratados de direitos humanos pode redundar em controle de legalidade 
(ou supralegalidade), caso o tratado não seja aprovado pelo rito das 
emendas constitucionais (§ 3º do artigo 5º, CR/88) ou em controle 
de constitucionalidade, caso o tratado tem sido incorporado com 
observância do rito das emendas constitucionais.
o O controle de convencionalidade deve ser realizado pelo legislativo, 
executivo e judiciário nas suas respectivas funções. Assim, o controle de 
convencionalidade não é apenas jurisdicional, devendo ser realizado 
também quando da aprovação e sanção de projetos de lei.
15 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direitos humanos. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
Método, 2014. p. 141.
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o Vale ressaltar que os tratados equivalentes às emendas constitucionais 
(com observância do procedimento do artigo 5º, parágrafo 3º, CR/88) 
integram o bloco de constitucionalidade, funcionando como parâmetro 
para o controle de constitucionalidade e de convencionalidade, 
diferentemente dos tratados de direitos humanos aprovados sem 
observância do procedimento do artigo 5º, parágrafo 3º, CR/88.
o Sobre o Controle de Convencionalidade, Valério Mazzuoli explica: 
	“Nesse sentido, entende-se que o controle de convencionalidade 
(ou o de supralegalidade) deve ser exercido pelos órgãos da justiça 
nacional relativamente aos tratados aos quais o país se encontra 
vinculado. Trata-se de adaptar ou conformar os atos ou leis 
internas aos compromissos internacionais assumidos pelo Estado, 
que criam para estes deveres no plano internacional com reflexos 
práticos no plano do seu direito interno. Doravante, não somente 
os tribunais internacionais (ou supranacionais) devem realizar esse 
tipo de controle, mas também os tribunais internos. O fato de serem 
os tratados internacionais (notadamente os de direitos humanos) 
imediatamente aplicáveis no âmbito do direito doméstico, 
garante a legitimidade dos controles de convencionalidade e de 
supralegalidade das leis no Brasil”16 
o Controle de convencionalidade e Crime de Desacato. 
(IN) COMPATIBILIDADE
Convenção Americana de Direitos Humanos ou Pacto 
San José da Costa
Código Penal
Artigo 13.  Liberdade de pensamento e de expressão
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e 
de expressão.  Esse direito compreende a liberdade de 
buscar, receber e difundir informações e idéias de toda 
natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente 
ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou 
por qualquer outro processo de sua escolha.
Art. 331 - Desacatar funcioná-
rio público no exercício da fun-
ção ou em razão dela: Pena - 
detenção, de seis meses a dois 
anos, ou multa.
16 MAZZUOLI, Valério. O controle jurisdicional da convencionalidade das leis. 2ª ed. v. 4. São Pau-
lo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, pp. 133-134.
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2. O exercício do direito previsto no inciso precedente 
não pode estar sujeito a censura prévia, mas 
a responsabilidades ulteriores, que devem ser 
expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para 
assegurar:
a. o respeito aos direitos ou à reputação das 
demais pessoas; ou
b. a proteção da segurança nacional, da or-
dem pública, ou da saúde ou da moral 
públicas.
 
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias 
ou meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais 
ou particulares de papel de imprensa, de freqüências 
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados 
na difusão de informação, nem por quaisquer outros 
meios destinados a obstar a comunicação e a circulação 
de idéias e opiniões.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura 
prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a 
eles, para proteção moral da infância e da adolescência, 
sem prejuízo do disposto no inciso 2.
 
5.  A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, 
bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou 
religioso que constitua incitação à discriminação, à 
hostilidade, ao crime ou à violência.
o No final de 2016, o STJ17 decidiu que o crime de desacato não era compatível 
com o ordenamento jurídico em razão do controle de convencionalidade 
(compatibilidade) entre a lei penal e a Convenção Americana de Diretos 
Humanos.
o No entendimento “antigo” (2016), o STJ, por sua Quinta Turma, 
destacou que:
	A Comissão Interamericana de Direitos Humanos - CIDH já se 
manifestou no sentido de que as leis de desacato se prestam ao 
abuso, como meio para silenciar ideias e opiniões consideradas 
incômodas pelo establishment, bem assim proporcionam maior 
17 REsp 1640084/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2016, 
DJe 01/02/2017.
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nível de proteção aos agentes do Estado do que aos particulares, 
em contravenção aos princípios democrático e igualitário.
	A adesão ao Pacto de San José significa a transposição, para a 
ordem jurídica interna, de critérios recíprocos de interpretação, 
sob pena de negação da universalidade dos valores insertos 
nos direitos fundamentais internacionalmente reconhecidos. 
Assim, o método hermenêutico mais adequado à concretização 
da liberdade de expressão reside no postulado pro homine, 
composto de dois princípios de proteção de direitos: a dignidade 
da pessoa humana e a prevalência dos direitos humanos.
	A criminalização do desacato está na contramão do humanismo, 
porque ressalta a preponderância do Estado - personificado em 
seus agentes - sobre o indivíduo.
	A existência de tal normativo em nosso ordenamento jurídico é 
anacrônica, pois traduz desigualdade entre funcionários e 
particulares, o que é inaceitável no Estado Democrático de Direito.
	Punir o uso de linguagem e atitudes ofensivas contra agentes 
estatais é medida capaz de fazer com que as pessoas se 
abstenham de usufruir do direito à liberdade de expressão, 
por temor de sanções penais, sendo esta uma das razões pelas 
quais a CIDH estabeleceu a recomendação de que os países 
aderentes ao Pacto de São Paulo abolissem suas respectivas leis 
de desacato.
	afastamento da tipificação criminal do desacato não impede 
a responsabilidade ulterior, civil ou até mesmo de outra figura 
típica penal (calúnia, injúria, difamação etc.), pela ocorrência de 
abuso na expressão verbal ou gestual utilizada perante o 
funcionário público.
o No entanto, o entendimento mais recente (Maio de 2017), e também 
prevalecente, em razão de ter sido proferido pela Terceira Seção18 do 
STJ, é que o crime de desacato permanece legalmente tipificado 
como crime no ordenamento brasileiro.
o As principais razões que fundamentaram a decisão seguem elencadas:
	Segundo o ministro Antônio Saldanha Palheiro, autor do voto 
18 A Terceira Seçãoé a reunião das quinta e sexta turma, responsáveis pelo julgamento dos 
Crimes em geral e também pela federalização de crimes contra direitos humanos. Cada Seção no STJ 
reúne ministros de duas Turmas, também especializadas. As Seções são compostas por dez ministros e 
as Turmas por cinco ministros cada.
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vencedor, a tipificação do desacato como crime é uma proteção 
adicional ao agente público contra possíveis “ofensas sem limites”.
	A figura penal do desacato não prejudica a liberdade de expressão, 
pois não impede o cidadão de se manifestar, “desde que o faça 
com civilidade e educação”.
	A responsabilização penal por desacato existe para inibir excessos 
e constitui uma salvaguarda para os agentes públicos, expostos a 
todo tipo de ofensa no exercício de suas funções.
	A exclusão do desacato como tipo penal não traria benefício con-
creto para o julgamento dos casos de ofensas dirigidas a agentes 
públicos. Com o fim do crime de desacato, as ofensas a agentes 
públicos passariam a ser tratadas pelos tribunais como injúria, 
crime para o qual a lei já prevê um acréscimo de pena quando a 
vítima é servidor público.
	Apesar da posição da Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos ser contrária à criminalização do desacato, a Corte 
Interamericana de Direitos Humanos, órgão que efetivamente 
julga os casos envolvendo indivíduos e estados, já deixou claro 
em mais de um julgamento que o direito penal pode responder a 
eventuais excessos na liberdade de expressão
o A teoria da dupla compatibilidade vertical material alerta, desta 
forma, para que o controle de compatibilidade seja realizado tanto 
diante das normas constitucionais como das normas internacionais de 
direitos humanos.
o Conflito entre a jurisprudência da Corte IDH e o STF: Vamos apresentar 
abaixo o conflito entre a decisão do STF sobre a compatibilidade da 
lei da anistia com o ordenamento jurídico brasileiro e a decisão da 
Corte IDH sobre a incompatibilidade da lei da anistia com a Convenção 
Americana de Direitos Humanos.
o Primeiro Caso Concreto – ADPF: n. 153, sendo analisada a 
compatibilidade da Lei da anistia, lei n. 6683 de 28 de agosto de 1979. 
o Artigo da lei central da discussão: 
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	Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período com-
preendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 
1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes 
eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos 
e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de funda-
ções vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes 
Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e represen-
tantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais 
e Complementares (vetado).§ 1º - Consideram-se conexos, para 
efeito deste artigo, os crimes de qualquer natureza relacionados 
com crimes políticos ou praticados por motivação política.§ 2º - 
Excetuam-se dos benefícios da anistia os que foram condenados 
pela prática de crimes de terrorismo, assalto, seqüestro e 
atentado pessoal.§ 3º - Terá direito à reversão ao Serviço Público a 
esposa do militar demitido por Ato Institucional, que foi obrigada 
a pedir exoneração do respectivo cargo, para poder habilitar-se 
ao montepio militar, obedecidas as exigências do art. 3º.
	Síntese: A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), parte autora 
da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 
153), questionou a anistia aos representantes do Estado (policiais e 
militares) que, durante o regime militar, praticaram atos de tortura. 
A ADPF contestou a validade do primeiro artigo da Lei da Anistia 
(6.683/79), que considera como conexos e igualmente perdoados 
os crimes “de qualquer natureza” relacionados aos crimes políticos 
ou praticados por motivação política no período de 2 de setembro 
de 1961 a 15 de agosto de 1979.A OAB pediu ao Supremo uma 
interpretação mais clara desse trecho da lei de forma que a anistia 
concedida aos autores de crimes políticos e seus conexos (de 
qualquer natureza) não se estenda aos crimes comuns praticados 
por agentes públicos acusados de homicídio, desaparecimento 
forçado, abuso de autoridade, lesões corporais, estupro e atentado 
violento ao pudor contra opositores. Para a OAB, seria irregular 
estender a anistia de natureza política aos agentes do Estado pois, 
conforme a entidade, os agentes policiais e militares da repressão 
política não teriam cometido crimes políticos, mas comuns. Isso 
porque os crimes políticos seriam apenas aqueles contrários à 
segurança nacional e à ordem política e social (cometidos apenas 
pelos opositores ao regime)19.
19 Adaptado de: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=98024 
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	Decisão: O STF julgou improcedentes os pedidos da OAB, 
reconhecendo a validade e constitucionalidade da lei da anistia. 
o Segundo caso concreto: Gomes Lund e outros (Guerrilha do Araguaia) 
vs. Brasil 
	Síntese: Comissão Interamericana de Direitos Humanos submeteu 
à Corte IDH o esse caso, acusando o Estado brasileiro de 
“responsabilidade [do Estado] pela detenção arbitrária, tortura e 
desaparecimento forçado de 70 pessoas, entre membros do Partido 
Comunista do Brasil […] e camponeses da região, […] resultado de 
operações do Exército brasileiro empreendidas entre 1972 e 1975 
com o objetivo de erradicar a Guerrilha do Araguaia, no contexto da 
ditadura militar do Brasil (1964–1985) ”. Para A CIDH: “em virtude da 
Lei nº 6.683/79 […], o Estado não realizou uma investigação penal 
com a finalidade de julgar e punir as pessoas responsáveis pelo 
desaparecimento forçado de 70 vítimas e a execução extrajudicial 
de Maria Lúcia Petit da Silva […]; porque os recursos judiciais de 
natureza civil, com vistas a obter informações sobre os fatos, não 
foram efetivos para assegurar aos familiares dos desaparecidos e 
da pessoa executada o acesso a informação sobre a Guerrilha do 
Araguaia; porque as medidas legislativas e administrativas adotadas 
pelo Estado restringiram indevidamente o direito de acesso à 
informação pelos familiares; e porque o desaparecimento das 
vítimas, a execução de Maria Lúcia Petit da Silva, a impunidade dos 
responsáveis e a falta de acesso à justiça, à verdade e à informação 
afetaram negativamente a integridade pessoal dos familiares dos 
desaparecidos e da pessoa executada”. A Comissão solicitou ao 
Tribunal que declare que o Estado é responsável pela violação dos 
direitos estabelecidos nos artigos 3 (direito ao reconhecimento da 
personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à integridade 
pessoal), 7 (direito à liberdade pessoal), 8 (garantias judiciais), 13 
(liberdade de pensamento e expressão) e 25 (proteção judicial), da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em conexão com 
as obrigações previstas nos artigos 1.1 (obrigação geral de respeito 
e garantia dos direitos humanos) e 2 (dever de adotar disposições 
de direito interno) da mesma Convenção. Finalmente, solicitou à 
Corte que ordene ao Estado a adoção de determinadas medidas 
de reparação”20.
20 http://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_219_por.pdf
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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	Decisão: Em 24/11/2010, a CORTE IDH condenou o Estado brasileiro, 
considerando, dentre outros aspectos, a incompatibilidade da lei de 
anistia com a Convenção Americana de Direitos Humanos. A Corte 
IDH há havia se pronunciado anteriormente ao caso brasileiro sobre 
a incompatibilidade das anistias coma Convenção Americana em 
casos de graves violações dos direitos humanos (Barrios Altos e 
La Cantuta – Peru; Almonacid Arellano e outros - Chile). A C “Dada 
sua manifesta incompatibilidade com a Convenção Americana, as 
disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigação e 
sanção de graves violações de direitos humanos carecem de efeitos 
jurídicos. Em consequência, não podem continuar a representar 
um obstáculo para a investigação dos fatos do presente caso, nem 
para a identificação e punição dos responsáveis, nem podem ter 
igual ou similar impacto sobre outros casos de graves violações de 
direitos humanos consagrados na Convenção Americana ocorridos 
no Brasil
	Justiça de transição e suas dimensões: A justiça de transição 
possui conceito formulado pela ONU, qual seja:
	“A justiça de transição é conceituada como o conjunto de 
abordagens, mecanismos (judiciais e não judiciais) e estratégias 
para enfrentar o legado de violência em massa do passado, para 
atribuir responsabilidades, para exigir a efetividade do direito à 
memória e à verdade, para fortalecer as instituições com valores 
democráticos e garantir a não repetição das atrocidades” ( Conforme 
documento produzido pelo Conselho de Segurança da ONU – UN 
Security Council- The rule of law and transitional justice in conflict 
and post-conflict societies. Report Secretary-General, S/2004/616). 
	As dimensões consistem em: justiça, verdade, reparação e 
reformulação das instituições.
	André de Carvalho Ramos sintetiza o conceito e as dimensões: 
“A justiça de transição consiste em um conjunto de dispositivos que 
regula a restauração do Estado de Direito após regimes ditatoriais ou 
conflitos armados internos, englobando quatro dimensões (oufacetas): 
(i) direito à verdade e à memória; (ii) o direito à reparação das vítimas; 
(iii) o dever deresponsabilização dos perpetradores das violações 
aos direitos humanos e, finalmente; (iv) a formatação democrática 
das instituições protagonistas da ditadura (por exemplo, as Forças 
Armadas)”21.
21 RAMOS, André de Carvalho. Curso de direitos humanos. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p.836.
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	A palavra chave para esse conceito é a transição de um regime político 
a outro, onde há expectativa que se consolide valores democráticos. 
No caso brasileiro, é a passagem do regime ditatorial para o regime 
democrático. A sentença do caso “Gomes Lund” condena o Brasil 
em razão da ausência de punição/responsabilização daqueles que 
violaram gravemente os direitos humanos.
	Não se deve olvidar, no entanto, que ações positivistas sob a 
perspectiva da justiça de transição foram adotadas pelo Brasil: 
a atuação da Comissão Especial de Mortos Desaparecidos (Lei no 
9.140/95); o trabalho da Comissão de Anistia, no âmbito do Ministério 
da Justiça (Lei no 10.559/02); a criação do Centro de Referência 
das Lutas Políticas no Brasil, denominado Memórias Reveladas, 
institucionalizado pela Casa Civil da Presidência da República e 
implantado no Arquivo Nacional; a instituição do 3o Programa 
Nacional de Direito Humanos – PNDH (Instituído pelo Decreto 
Presidencial no 7.037/09) tratando da Justiça de Transição, além 
da Comissão Nacional da Verdade (Lei no 2.528/11) e a Comissão 
Estadual da Verdade – Teresa Urban, do Paraná (Lei no 17.362/12).
	Por outro lado, há severas críticas à forma como se procedeu 
a justiça de transição no Brasil. Para a historiadora Maria Paula 
Araújo: “A justiça de transição no Brasil deu ênfase à questão da 
reparação, em detrimento de outros aspectos, como a verdade 
e a justiça; e uma reparação com um forte cunho indenizatório. 
Mas, apesar do esforço da Comissão de Anistia, este processo 
de reparação não foi suficiente para revelar a verdade (ou 
as verdades), promover justiça e permitir uma reconciliação 
nacional”22
STF CORTE IDH
ADPF n. 153 Gomes Lund e outros (Guerrilha do Ara-
guaia) vs. Brasil
Decisão: Contra a revi-
são da Lei da Anistia
Decisão: incompatibilidade da Lei da Anis-
tia com a CADH
o Soluções apresentadas diante da divergência entre o STF e a Corte IDH
22 http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/07/1304812-justica-de-transicao-priorizou-inde-
nizacoes-mas-nao-a-reconciliacao-diz-historiadora.shtml
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	André de Carvalho Ramos adota como premissa, nestes casos 
de divergência, o fato de que “não há conflito insolúvel entre as 
decisões do STF e da Corte de San José, uma vez que ambos os 
tribunais têm grave incumbência de proteger os direitos humanos. 
Eventuais conflitos são apenas conflitos aparentes, fruto do 
pluralismo normativo que assola o mundo de hoje, aptos a serem 
solucionados pela via hermenêutica”23. 
	Ramos aposta em dois instrumentos: o Diálogo das Cortes, que 
atua de forma preventiva, em que o STF utilizaria o entendimento de 
diversos órgãos internacionais sobre tratados de direitos humanos 
em que o Brasil se comprometeu. Contudo, destaca que os juízes 
brasileiros não estariam obrigados ao Diálogo das Cortes, em razão 
da independência funcional e do Estado Democrático de Direito.
	Caso o diálogo não aconteça, Ramos aponta o segundo 
instrumento, qual seja: a teoria do duplo controle ou crivo de 
direitos humanos, reconhecendo-se “a atuação em separado 
do controle de constitucionalidade (STF e juízos nacionais) e do 
controle de convencionalidade (Corte de San José e outros órgãos 
de direitos humanos do plano internacional). Os direitos humanos, 
então, possuem no Brasil uma dupla garantia: o controle de 
constitucionalidade nacional e o controle de convencionalidade 
internacional. Qualquer ato ou norma deve ser aprovado pelos 
dois controles, para que sejam respeitados os direitos no Brasil”24.
o Por fim, neste tópico de controle de convencionalidade, é válido ainda 
Sobre a Teoria do Trapézio: Flávia Piovesan apresenta, em corrente 
minoritária, a teoria do trapézio em com contraposição à pirâmide de 
Kelsen. Para a autora, a cultura jurídica latino-americana fundou-se por 
mais de um século na: “ pirâmide com a Constituição no ápice da ordem 
jurídica, tendo como maior referencial teórico Hans Kelsen, na afirmação 
de um sistema jurídico endógeno e autorreferencial (observa-se que, em 
geral, Hans Kelsen tem sido equivocadamente interpretado, já que sua 
doutrina defende o monismo com a primazia do Direito Internacional – 
o que tem sido tradicionalmente desconsiderado na América Latina)”25;
23 RAMOS, Andre de Carvalho. Processo Internacional de Direitos Huamnos. 2.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012. p.374.
24 RAMOS, André de Carvalho. Processo Internacional de Direitos Humanos. 2.ed. São Paulo: 
Saraiva, 2012. p.374.
25 PIOVESAN, Flávia.
Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., rev. e 
atual. – São Paulo : Saraiva, 2013. p. 19.
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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o No entanto, diante desse paradigma tradicional e a emergência de 
um novo paradigma, a figura emblemática e parâmetro deixa de ser 
a pirâmide, para destacar evidenciar “ o trapézio com a Constituição 
e os tratados internacionais de direitos humanos no ápice da ordem 
jurídica (com repúdio a um sistema jurídico endógeno e autorreferencial, 
destacando-se que as Constituições latino-americanas estabelecem 
cláusulas constitucionais abertas, que permitem a integração entre 
a ordem constitucional e a ordem internacional, especialmente no 
campo dos direitos humanos, ampliando e expandindo o bloco de 
constitucionalidade)26”;
26 PIOVESAN, Flávia.
Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 14. ed., rev. e 
atual. – São Paulo : Saraiva, 2013. p. 19.
É proibida a reprodução destematerial sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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1.2 LEGISLAÇÃO
Tratados e convenções sobre direitos humanos e a equivalência com emenda 
constitucional:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
 (...)
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes 
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a 
República Federativa do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem 
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos 
votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)  (Atos aprovados na forma deste parágrafo)
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha 
manifestado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
 Direitos humanos no rol de competência da Justiça Federal 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
(...)
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;         (Incluí-
do pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
(...)
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, 
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, 
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004)
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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Tratados e competência interna para celebração
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem 
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
(...)
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...)
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do 
Congresso Nacional;
(...)
Tratados e competência judicial:
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, 
cabendo-lhe:
(...)
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última 
instância, quando a decisão recorrida:
(...)
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 
(...)
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
(...)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos 
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territó-
rios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; (..._
Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais:
(...)
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou or-
ganismo internacional;
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(...)
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execu-
ção no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
A previsão literal da expressão direitos humanos na CR/88: A menção a expressão 
“direitos humanos” é realizada 7(sete) vezes na Constituição de 1988 e no Ato das Dispo-
sições Constitucionais Transitórias. Vejamos:
Como princípio regente das relações internacionais do Estado brasileiro.  Art. 4º A 
República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes 
princípios: II - prevalência dos direitos humanos;
Tratados e convenções sobre direitos humanos e a equivalência com emenda cons-
titucional: Art. 5º § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos 
que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três 
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucio
nais.             (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)         
Direitos humanos no rol de competência da Justiça Federal Art. 109. Aos juízes fe-
derais compete processar e julgar: V-A as causas relativas a direitos humanos a que se 
refere o § 5º deste artigo;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) § 5º 
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, 
com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante 
o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de 
deslocamento de competência para a Justiça Federal.          (Incluído pela Emenda Consti-
tucional nº 45, de 2004)
A Defensoria Pública como instituição responsável pelos direitos humanos. Art. 134. 
A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamental-
mente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos 
os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e 
gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Fede-
ral.           (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
O engajamento do Brasil na formação de um tribunal internacional dos direitos hu-
manos. ADCT: Art. 7º. O Brasil propugnará pela formação de um tribunal internacional 
dos direitos humanos.
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1.3 JURISPRUDÊNCIA
STF E O CRIME DE DESACATO:
Habeas corpus. 2. Crime de desacato a militar (art. 299 do Código Penal Militar). 
3. Controle de constitucionalidade (arts. 1º; 5º, incisos IV, V e IX, e 220 da Consti-
tuição Federal) e de convencionalidade (art. 13 da Convenção Americana de Direi-
tos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica). 4. Alegada ofensa à liberdade de ex-
pressão e do pensamento que se rejeita. 5. Criminalização do desacato que se 
mostra compatível com o Estado Democrático de Direito. 6. Ordem denegada. 
 (HC 141949, Relator(a):  Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 13/03/2018, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-077 DIVULG 20-04-2018 PUBLIC 23-04-2018)
AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. PENAL. CÓDIGO PENAL MILITAR. DESACATO. 
CRIMINALIZAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DA ALEGADA INCOMPATIBILIDADE DA TIPIFICAÇÃO 
DO CRIME DE DESACATO COM OS DIREITOS PREVISTOS NA DECLARAÇÃO INTERAMERICA-
NA DE DIREITOS HUMANOS – PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA. PREVALÊNCIA DO ES-
TADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E DA SOBERANIA NACIONAL. HIERARQUIA E DISCIPLINA 
COMO PILARES CONSTITUCIONAIS DA ORGANIZAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS (ART. 142 
DA CF/1988). RAZÕES RECURSAIS QUE NÃO COMBATEM OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO 
AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.(HC 143968 AgR, Rela-
tor(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 29/06/2018, PROCES-
SO ELETRÔNICO DJe-157 DIVULG 03-08-2018 PUBLIC 06-08-2018)
STF E A PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL:
A subscrição pelo Brasil do Pacto de São José da Costa Rica, limitando a prisão civil por 
dívida ao descumprimento inescusável de prestação alimentícia, implicou a derrogação 
das normas estritamentelegais referentes à prisão do depositário infiel.
[HC 87.585, rel. min. Marco Aurélio, j. 3-12-2008, P, DJE de 26-6-2009.]
A CR/88 E OS TRATADOS INTERNACIONAIS: 
Supremacia da Constituição da República sobre todos os tratados internacionais. O exer-
cício do treaty-making power, pelo Estado brasileiro, está sujeito à observância das limi-
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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tações jurídicas emergentes do texto constitucional. Os tratados celebrados pelo Brasil 
estão subordinados à autoridade normativa da Constituição da República. Nenhum valor 
jurídico terá o tratado internacional, que, incorporado ao sistema de direito positivo inter-
no, transgredir, formal ou materialmente, o texto da Carta Política.
[MI 772 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 24-10-2007, P, DJE de 20-3-2009.]
STJ E PRISÃO DO DEPOSITÁRIO INFIEL:
PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. 
ART. 543-C, DO CPC. DEPOSITÁRIO INFIEL. PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA. EMENDA 
CONSTITUCIONAL N.º 45/2004. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. NOVEL POSICIONA-
MENTO ADOTADO PELA SUPREMA CORTE.
1. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos, em seu art. 7º, § 7º, vedou a prisão 
civil do depositário infiel, ressalvada a hipótese do devedor de alimentos. Contudo, a ju-
risprudência pátria sempre direcionou-se no sentido da constitucionalidade do art. 5º, LX-
VII, da Carta de 1.988, o qual prevê expressamente a prisão do depositário infiel. Isto em 
razão de o referido tratado internacional ter ingressado em nosso ordenamento jurídico 
na qualidade de norma infraconstitucional, porquanto, com a promulgação da constitui-
ção de 1.988, inadmissível o seu recebimento com força de emenda constitucional. Nesse 
sentido confiram-se os seguintes julgados da Suprema Corte: RE 253071 - GO, Relator 
Ministro MOREIRA ALVES, Primeira Turma, DJ de 29 de junho de 2.006 e RE 206.482 - SP, 
Relator Ministro MAURICIO CORRÊA, Tribunal Pleno, DJ de 05 de setembro de 2.003.
2. A edição da EC 45/2.004 acresceu ao art. 5º da CF/1.988 o § 3º, dispondo que “Os trata-
dos e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados , em cada 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos 
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”, inaugurando novo panorama 
nos acordos internacionais relativos a direitos humanos em território nacional.
3. Deveras, “a ratificação, pelo Brasil, sem qualquer reserva do pacto Internacional dos Di-
reitos Civis e Políticos (art. 11) e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto 
de San José da Costa Rica, (art, 7º, 7), ambos do ano de 1992, não há mais base legal para 
prisão civil do depositário infiel, pois o caráter especial desses diplomas internacionais 
sobre direitos humanos lhes reserva lugar específico no ordenamento jurídico, estando 
abaixo da constituição, porém acima da legislação infraconstitucional com ele conflitante, 
seja ela anterior ou posterior ao ato de ratificação.
Assim ocorreu com o art. 1.287 do Código civil de 1916 e com o Decreto-Lei 911/1969, as-
sim como em relação ao art. 652 do novo Código Civil (Lei 10.406/2002).” (voto proferido 
pelo Ministro GILMAR MENDES, na sessão de julgamento do Plenário da Suprema Corte 
em 22 de novembro de 2.006, relativo ao Recurso Extraordinário n.º 466.343 - SP, da rela-
toria do Ministro CEZAR PELUSO).
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4. A Constituição da República Federativa do Brasil, de índole pós-positivista, e funda-
mento de todo o ordenamento jurídico, expressa, como vontade popular, que a Repú-
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do 
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como um dos seus 
fundamentos a dignidade da pessoa humana como instrumento realizador de seu ideário 
de construção de uma sociedade justa e solidária.
5. O Pretório Excelso, realizando interpretação sistemática dos direitos humanos fun-
damentais, promoveu considerável mudança acerca do tema em foco, assegurando os 
valores supremos do texto magno. O Órgão Pleno da Excelsa Corte, por ocasião do his-
tórico julgamento do Recurso Extraordinário n.º 466.343 - SP, Relator MIn. Cezar Peluso, 
reconheceu que os tratados de direitos humanos têm hierarquia superior à lei ordinária, 
ostentando status normativo supralegal, o que significa dizer que toda lei antagônica às 
normas emanadas de tratados internacionais sobre direitos humanos é destituída de 
validade, máxime em face do efeito paralisante dos referidos tratados em relação às nor-
mas infra-legais autorizadoras da custódia do depositário infiel. Isso significa dizer que, 
no plano material, as regras provindas da Convenção Americana de Direitos Humanos, 
em relação às normas internas, são ampliativas do exercício do direito fundamental à 
liberdade, razão pela qual paralisam a eficácia normativa da regra interna em sentido 
contrário, haja vista que não se trata aqui de revogação, mas de invalidade.
6. No mesmo sentido, recentíssimo precedente do Supremo Tribunal Federal, verbis: 
“HABEAS CORPUS” - PRISÃO CIVIL - DEPOSITÁRIO JUDICIAL - REVOGAÇÃO DA SÚMULA 
619/STF - A QUESTÃO DA INFIDELIDADE DEPOSITÁRIA - CONVENÇÃO AMERICANA DE DI-
REITOS HUMANOS (ARTIGO 7º, n. 7) - NATUREZA CONSTITUCIONAL OU CARÁTER DE SU-
PRALEGALIDADE DOS TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS? - PEDIDO 
DEFERIDO. ILEGITIMIDADE JURÍDICA DA DECRETAÇÃO DA PRISÃO CIVIL DO DEPOSITÁRIO 
INFIEL, AINDA QUE SE CUIDE DE DEPOSITÁRIO JUDICIAL. - Não mais subsiste, no sistema 
normativo brasileiro, a prisão civil por infidelidade depositária, independentemente da 
modalidade de depósito, trate-se de depósito voluntário (convencional) ou cuide-se de 
depósito necessário, como o é o depósito judicial. Precedentes. Revogação da Súmula 
619/STF. TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS: AS SUAS RELAÇÕES COM 
O DIREITO INTERNO BRASILEIRO E A QUESTÃO DE SUA POSIÇÃO HIERÁRQUICA. - A Con-
venção Americana sobre Direitos Humanos (Art.
7º, n. 7). Caráter subordinante dos tratados internacionais em matéria de direitos huma-
nos e o sistema de proteção dos direitos básicos da pessoa humana. - Relações entre o 
direito interno brasileiro e as convenções internacionais de direitos humanos (CF, art. 5º 
e §§ 2º e 3º). Precedentes. - Posição hierárquica dos tratados internacionais de direitos 
humanos no ordenamento positivo interno do Brasil: natureza constitucional ou caráter 
de supralegalidade? - Entendimento do Relator, Min. CELSO DE MELLO, que atribui hie-
rarquia constitucional às convenções internacionais em matéria de direitos humanos. 
A INTERPRETAÇÃO JUDICIAL COMO INSTRUMENTO DE MUTAÇÃO INFORMAL DA CONS-
TITUIÇÃO. - A questão dos processos informais de mutação constitucional e o papel do 
Poder Judiciário: a interpretação judicial como instrumento juridicamente idôneo de mu-
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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dança informal da Constituição. A legitimidade da adequação, mediante interpretação do 
Poder Judiciário, da própria Constituição da República, se e quando imperioso compati-
bilizá-la, mediante exegese atualizadora, com as novas exigências, necessidades e trans-
formações resultantes dos processos sociais, econômicos e políticos que caracterizam, 
em seus múltiplos e complexos aspectos, a sociedade contemporânea. HERMENÊUTICA 
E DIREITOS HUMANOS: A NORMA MAIS FAVORÁVEL COMO CRITÉRIO QUE DEVE REGER A 
INTERPRETAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. - Os magistrados e Tribunais, no exercício de sua 
atividade interpretativa, especialmente no âmbito dos tratados internacionais de direitos 
humanos, devem observar um princípio hermenêutico básico (tal como aquele

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