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– PRINCÍPIOS BÁSICOS: O QUE É? O eletrocardiograma é um exame médico que registra as variações dos potenciais elétricos do coração, garantindo pelo automatismo cardíaco. Esse exame é habitualmente designado por ECG e oferece importantes informações a respeito da função do coração. A informação registrada no ECG representa impulsos elétricos do coração e esse impulsos representam as várias etapas de estimulação cardíaca, fases de repouso e recuperação. Quando se estimula o músculo cardíaco totalmente ele se contrai. As células cardíacas são carregadas ou polarizadas no estado de repouso, mas, quando eletricamente estimuladas se despolarizam e se contraem. A estimulação elétrica dessas células musculares especializadas se chama DESPOLARIZAÇÃO e gera a contração. Essa despolarização pode ser considerada uma onda de cargas positivas dentro das células. A onda de despolarização (interior das células positivo) e a de repolarização (células voltando a ser negativas) é registrada no ECG. Esses dois fenômenos são elétricos e, ao atravessarem o coração, podem ser captados por detectores externos (cutâneos) e registrados pelo eletrocardiograma. Quando a onda positiva de despolarização dentro das células cardíacas se move em direção a um eletrodo positivo (pele), registra-se no ECG uma deflexão positiva (para cima). Estado de repouso → células do coração polarizadas → interior da célula carregado negativamente. Estímulo/ contração → células miocárdicas carregadas negativamente se tornam positivas. - A repolarização é um fenômeno estritamente elétrico e o coração permanece fisicamente quieto durante essa atividade. Estimulação miocárdica = DESPOLARIZAÇÃO Fase de recuperação = REPOLARIZAÇÃO – O nódulo SA, localizado na parede posterior da aurícula direita, inicia o impulso elétrico para estimulação cardíaca das aurículas. À medida que essa onda de despolarização passa através das aurículas, produz uma onda simultânea de contração auricular. O impulso elétrico se difunde nas aurículas e produz a onda P no ECG. Logo, a onda P representa, eletricamente, a despolarização (estimulação) auricular. Onda P → atividade elétrica da contração de ambas as aurículas. Obs: na realidade, a contração se atrasa um pouco em relação a despolarização, mas considera-se ambas ocorrendo simultaneamente. A onda estimuladora de despolarização então alcança o nódulo AV, onde há uma pausa de 1/10 de segundo, permitindo que o sangue entre nos ventrículos através das válvulas AV. Terminada a pausa de 1/10 de segundo, o nódulo AV é estimulado iniciando-se um impulso elétrico que desce pelo feixe AV (feixe de His), para os seus ramos direito e esquerdo. À medida que o estímulo se propaga a partir do nódulo AV, inicia- se a despolarização ventricular. Obs: o feixe AV, que se estende para baixo a partir do nódulo AV, divide-se em Ramos direito e esquerdo no septo interventricular. O estímulo elétrico origina-se no Nódulo SA e prossegue para longe do nódulo, concentricamente, em todas as direções como se fosse uma pedra caindo em um lago de água parada. – O impulso elétrico caminha então do Nódulo AV para o feixe AV e daí para os Ramos direito e Esquerdo, terminando nas fibras de Purkinje. Obs2: o sistema de condução neuromuscular dos ventrículos compõe-se de material nervoso especializado que transmite o impulso elétrico do Nódulo AV e é formado pelo nódulo AV, feixe AV e ramos direto e esquerdo terminando nas fibras finas de Purkinje. Registra-se o complexo QRS no ECG à medida que o estímulo passa do nódulo AV para o sistema de condução ventricular, terminando nas células miocárdicas ventriculares, logo, o complexo QRS representa a atividade elétrica de estimulação dos ventrículos. Complexo QRS → representa o impulso elétrico que caminha do Nódulo AV para as fibras de Purkinje e células miocárdicas. O complexo QRS no ECG representa o início da contração ventricular causada pela despolarização dos ventrículos. - DESTRINCHANDO O COMPLEXO QRS: A onda Q é a primeira deflexão para baixo do complexo QRS. Pode ou não estar presente e é seguida pela onda R dirigida para cima. Obs: se tiver alguma deflexão para cima no complexo QRS que aparece antes da onda Q, esta não é uma onda Q já que esta OBRIGATORIAMENTE é para baixo e é sempre a primeira. A onda R, que se dirige para cima, é a primeira deflexão nesse sentido e é seguida de uma onda S, dirigida para baixo. Qualquer deflexão para baixo, precedida de uma deflexão para cima é uma onda S. – Obs: A distinção entre as ondas Q e S dirigidas para baixo (negativas) depende do fato de a onda aparecer antes ou depois da onda R. A onda Q surge antes da onda R e a onda S vem depois da onda R. Existe uma pausa após o complexo QRS denominado de segmento ST que é simplesmente a parte horizontal da linha de base entre o complexo QRS e a onda T. Essa onda T representa a repolarização dos ventrículos (que podem ser novamente estimulados). A repolarização ocorre de tal modo que as células podem recuperar a carga negativa dentro de cada célula e assim podem ser estimuladas novamente. O ciclo cardíaco é representado pela onda P, complexo QRS e pela onda T e se repete continuamente. Fisiologicamente, o ciclo cardíaco representa a sístole auricular, a sístole ventricular (contração ventricular) e a fase de repouso entre os batimentos. RECAPITULANDO: ECG NORMAL → composto por onda P, complexo QRS e onda T. Os ventrículos não têm resposta mecânica à repolarização. Trata-se de um fenômeno estritamente elétrico registrado no ECG. – LEITURA DO ELETROCARDIOGRAMA: Registra-se o ECG sobre uma longa fita de papel milimetrado. As menores divisões têm 1 mm de comprimento e 1 mm de altura. A altura e a profundidade das ondas podem ser medidas em milímetros e representam medida de voltagem. A elevação e a depressão de segmentos – da linha de base também são medidas em milímetros. As deflexões para cima se denominam deflexões “positivas” e as para baixo se chamam deflexões “negativas”. O eixo horizontal representa o tempo. O tempo representado pela distância entre as linhas mais escuras é de 0,2seg. Considerando que existem cinco linhas mais escuras, cada pequena divisão representa 0,04seg. Medindo-se o espaço sobre a linha horizontal, pode-se determinar a duração de qualquer parte do ciclo cardíaco. O ECG standart (padrão) se compõe de 12 derivações separadas sendo 6 precordiais e 6 periféricas (dos membros). ➢ DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS: Para a obtenção das derivações dos membros (periférica), colocam-se os eletrodos sobre os braços direito e esquerdo e sobre a perna esquerda, o que vai formar um triângulo (de Einthoven). Cada lado do triângulo formado pelos três eletrodos representa uma derivação (DI, DII, DIII), usando-se diferentes pares de eletrodos para cada derivação. Um par de eletrodos forma uma derivação e quando se considera um par, um é sempre positivo e o outro negativo. A derivação I é horizontal e o explorador do braço esquerdo é positivo enquanto o do braço direito é negativo. Quando consideramos a derivação III, o explorador do braço esquerdo é negativo e o da perna esquerda positivo. Quando a onda de estimulação (despolarização) avança em direção ao eletrodo positivo produz-se uma deflexão positiva (para cima) no ECG. Despolarização = progressão de um onda de carga positiva para dentro das células. – Deslocando-se essas três derivações para o dentro do triângulo, obtém-se a intersecção de três linhas de referência. O triangulo tem um centro e cada derivação pode ser movida para este ponto central em que ocorrerá o cruzamento. Mesmo deslocadas para o triângulo, elas permanecem no mesmo ângulo. - DERIVAÇÃO AVR:essa derivação utiliza o braço direito como positivo e todos os outros eletrodos dos membros como um fio terra comum (negativo). - DERIVAÇÃO AVL: também é uma derivação de membro e utiliza o braço esquerdo como positivo e os outros explorados dos membros são conectados a um fio terra como negativos. - DERIVAÇÃO AVF: o explorador positivo está no pé esquerdo. As derivações AVR, AVF e AVL se cruzam em diferentes ângulos e produzem intersecção de três outras linhas de referência. Além disso, são também derivações periféricas e se cruzam em ângulos de 60º como fazem as derivações I, II e III. As seis derivações I, II, III, AVR, AVL e AVF se reúnem para formar seis linhas de referência, que se cruzam com precisão num plano sobre o tórax do paciente cada uma sob um ângulo de 30º. Essas derivações periféricas podem ser visualizadas como um plano imaginário (frontal) sobre o tórax do paciente. Cada derivação dos membros se registra a partir de um ângulo diferente, de modo que cada uma delas representa uma visada diferente da mesma atividade cardíaca. AVR- BRAÇO DIREITO POSITIVO AVL – BRAÇO ESQUERDO POSITIVO AVF – PÉ ESQUERDO POSITIVO DI, DII, DII → DERIVAÇÕES BIPOLARES AVR, ABL AVF → DERIVAÇÕES UNIPOLARES – Para obter as seis derivações torácicas (precordiais) coloca-se um eletrodo positivo em seis diferentes posições ao redor o tórax. As derivações precordiais se projetam do nódulo AV em direção ao dorso do paciente que é o polo negativo de cada derivação torácica. À medida que a posição de cada derivação varia há uma mudança gradual no ECG. As derivações V1 e V2 estão sobre o lado direito do coração, ao passo que a V5 e V6 ficam do lado esquerdo. assim, as derivações V1 e V2 são chamadas de derivações precordiais direitas enquanto V5 e V6 são chamadas de derivações precordiais esquerdas. As derivações V3 e V4 se localizam sobre o septo interventricular (parede comum do ventrículo direito e esquerdo, nessa área o feixe AV se divide em ramos direito e esquerdo). V1 – LINHA PARAESTERNAL DIREITA (4º EIC) V2 – LINHA PARAESTERNAL ESQUERDA (4º EIC) V3 – NO MEIO TERMO ENTRE V2 E V4 V4 – LINHA HEMICLAVICULAR ESQUERDA (5º EIC – PRÓXIMO AO MAMILO) V5 – LINHA AXILAR ANTERIOR ESQUERDA (5º EIE) V6 – LINHA AXILAR MÉDIA ESQUERDA (5º EIC) – Na montagem standart do ECG, as seis derivações precordiais e as seis periféricas são colocadas numa coluna formando o ECG de 12 derivações. Obs. O ECG padrão tem 6 derivações em ordem progressiva de V1 a V6. Todas as derivações periféricas ficam num plano que pode ser visualizado sobre o tórax do paciente (plano frontal) sendo que as derivações precordiais circundam, progressivamente, o coração num plano horizontal. ➢ LOCALIZAÇÃO: O que avaliar no ECG: FREQUÊNCIA, RITMO E EIXO • FREQUÊNCIA: - A frequência é lida em ciclos por minuto. - No estado normal, é o nódulo SA (marcapasso cardíaco) que determina a frequência dos batimentos cardíacos. - A frequência usual dada pelo marca passo do Nódulo AV é de 60 por minuto. - Frequência superior a 100/min → taquicardia; frequência inferior a 60/min → bradicardia; Como determinar a frequência: 1º Escolha uma onda R que coincida com a linha mais escura no papel milimetrado 2º Conte 300, 150, 100 para cada linha mais escura que se segue e posteriormente as linhas 75, 60, 50. A linha mais escura onde a próxima onda R cair é que determinará a frequência. Assim, conhecendo os conjuntos de três números “300, 150, 100” e “75, 60, 50”, poderá se olhar para o ECG e determinar a frequência aproximada. Ou: 1500/nº de quadradinhos (entre 2 QRS) = frequência – ➢ RITMO: - O Nódulo SA que inicia o estímulo para a atividade de comando enviando, regularmente, impulsos que fazem com que as aurículas se contraiam. Essa onda de estimulação, chamada de despolarização se difunde do nódulo SA em forma de onda e determina a onda P no ECG. - Ritmo Sinusal → 3 critérios: Morfologia e orientação da onda P normal, onda P com a mesma morfologia, onda P seguida de complexo QRS. DI, DII e AVF positivo e AVR negativo. No ritmo regular (normal) há uma constante distância entre ondas semelhantes. ➢ EIXO: - Avalia a posição do coração. - Padrão: - 30° (AVL) → + 90° (AVF) - Para o eixo avalia-se principalmente DI e AVF confirmando no AVR. Como avaliar? DI: positivo → eixo para esquerda Negativo → eixo para direita AVF: positivo → eixo para baixo Negativo → eixo para cima AVR: positivo → eixo para cima e para direita Negativo → eixo para baixo e para esquerda Observações: Artefato: alterações do próprio aparelho. Mesmo sem onda Q, o complexo se chama QRS. – ARRITMIAS: ➢ FIBRILAÇÃO ATRIAL: Ou auricular; QRS estreito e irregular. ➢ TAQUICARDIA VENTRICULAR: Não tem onda P; QRS largo e regular. ➢ FIBRILAÇÃO VENTRICULAR: Não tem onda QRS; totalmente irregular; sem onda P. – ➢ BAV GRAU 1 Bradiarritmia benigna. Frequência menor que 60 bpm. Todas as ondas P antecedem um completo QRS. O que existe é um atraso na condução, ou seja, o intervalo PR é maior que 200ms. ➢ BAV GRAU 2 MOBITZ I Prolongamento progressivo do PR até a onda P ser bloqueada. Bradicardia benigna. ➢ BAV GRAU 2 MOBITZ II – Intervalos PR fixos com repentino bloqueio da onda P. Bradicardia maligna. ➢ BAV GRAU 3: Bloqueio do AV total. Nenhuma onda P é conduzida podendo notar uma dissociação atrioventricular completa. ➢ FLUTTER ATRIAL: Ondas P em formato de serra. ➢ TORSADES DE POINTES: Taquicardia. Ondas irregulares. – ➢ TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR: Sem ondas P. QRS estreito.