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Unidade 1 Aspectos gerais de microeconomia Flávio Benilton da Silva Medeiros © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. Conteúdo em websites Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros. mailto:editora.educacional@kroton.com.br http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 1 Aspectos gerais de microeconomia ............................................................. 7 Seção 1 Problema econômico fundamental e fluxo circular de renda .................................................................... 8 Seção 2 Conhecendo o mercado: demanda ................................................21 Seção 3 Conhecendo o mercado: oferta e equilíbrio .................................33 Palavras do autor Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Economia para Negócios! Começaremos nossa jornada fazendo uma pergunta: qual, entre as diversas características que um profissional de liderança precisa ter para obter sucesso na carreira profissional, é, na sua opinião, a mais importante? Você pode pensar em várias e, provavelmente, não existe uma única resposta para essa questão. Entretanto, observe: você concorda que todos os líderes de sucesso têm em comum a qualidade de saber tomar decisões? E o que é necessário para que um profissional tome boas decisões? Ainda que, no passado, aspectos subjetivos tenham tido muita importância, a realidade de hoje é muito diferente: a enorme quantidade de informação disponível e a velocidade e a intensidade das transformações no ambiente de negócios, entre outros fatores, requerem que o líder de uma organização consiga interpretar corretamente o ambiente de negócios em que atua. A essa altura, você já percebeu a importância da economia como ferra- menta de auxílio à tomada de decisões. Você não precisa se capacitar para ser um formulador de políticas econômicas, mas, certamente, o entendimento dos princípios econômicos lhe proporcionará ferramentas muito úteis na hora de tomar decisões relativas ao seu negócio. Dessa forma, o objetivo dessa disciplina será apresentar os assuntos estudados em uma abordagem aplicada, de forma que você consiga enxergar como os conhecimentos econômicos são diferenciais na hora de planejar e decidir o que fazer no mundo dos negócios. Além disso, você poderá entender como o governo atua para atingir as suas metas econômicas, bem como a forma como ele constrói cenários que serão úteis no seu processo de tomada de decisão Para isso, vamos começar entendendo o problema econômico funda- mental, aprendendo como o ser humano faz escolhas e o papel do custo de oportunidade. A partir, daí você terá condições de entender como os agentes econômicos se comportam, entendendo a demanda, a oferta e o equilíbrio de mercado. Na sequência, para entender melhor como o mercado funciona, você precisará compreender um conceito fundamental: a elasticidade. Em seguida, conheceremos as principais estruturas de mercado: monopólio, oligopólio e concorrência perfeita. Nosso passo seguinte será entender os aspectos principais da macroeco- nomia, que tem como foco analisar o comportamento da economia como um todo. Conheceremos a importância das relações econômicas com o exterior, veremos as duas principais correntes econômicas e os objetivos principais do governo ao intervir na economia. Para encerrar, conheceremos as principais políticas econômicas, a monetária e a fiscal, para podermos compreender a história econômica recente do Brasil, em especial, a estabilização da inflação após o Plano Real, os desequilíbrios recentes e os esforços para reequilibrar as contas públicas brasileiras. Para que nossa caminhada seja de sucesso, é preciso que o principal fator funcione: seu esforço! É necessário que você leia o material com atenção, acesse os links, procure outras leituras e leve as dúvidas para discutir com o seu professor. Você é o condutor desse automóvel possante que é o seu talento, e para explorá-lo ao máximo, a dedicação ao estudo é indispensável. Está pronto para dar o melhor de si? Unidade 1 Flávio Benilton da Silva Medeiros Aspectos gerais de microeconomia Convite ao estudo A economia se divide em duas grandes áreas: a microeconomia e a macro- economia. As duas oferecem abordagens diferentes, mas complementares: o foco da microeconomia é o comportamento dos agentes e suas interações no mercado, enquanto a macroeconomia analisa questões mais abrangentes e de foco mais amplo. Dessa forma, questões como crescimento e desenvol- vimento econômico, desemprego, inflação, câmbio, etc. são analisadas pela macroeconomia, enquanto o comportamento de compradores e vendedores, as escolhas dos agentes econômicos, as condições de concorrência, etc. são estudadas pela microeconomia. Nas aulas iniciais, veremos assuntos relacionados à microeconomia. A primeira será dedicada a apresentar os conceitos fundamentais da microeco- nomia, discutir o problema econômico fundamental (como utilizar recursos limitados para satisfazer necessidades infinitas) e responder às questões essenciais da economia (o que produzir, quanto produzir, como produzir e para quem produzir). Para completar, conheceremos as duas abordagens diferentes que foram tentadas para responder a essas perguntas: a economia centralizada e a economia de mercado. Na aula seguinte, começaremos a analisar o mercado e a formação de preços, e faremos isso estudando o comportamento dos consumidores, por meio da demanda. Você entenderá como ela é formada e sua representação gráfica, que é a curva de demanda. Além disso, analisaremos sua conformação e os deslocamentos da curva. Por fim, começaremos estudando o comportamento dos produtores/vendedores, que é a oferta, seus determinantes, a curva de oferta e seus deslocamentos, para, finalmente, podermos analisar como as forças de oferta e demanda que, apesar de antagônicas, completam-se e permitem que o mercado possa alcançar o equilíbrio por meio do ajuste dos preços. 8 Seção 1 Problema econômico fundamental e fluxo circular de renda Diálogo aberto Olá, aluno! Muitas pessoas acreditam que economia é algo meio distante da realidade, mas, caso você pense parecido, vai ver que essa ideia é total- mente diferente da realidade. A economia está presente nas nossas escolhas diárias e mais ainda no dia a dia de um profissional que precisa tomar decisões em relação aos seus negócios. Para nos ajudar nesse entendimento, conheceremos o Douglas, que está terminando o seu curso de administração na faculdade e já está aplicando os conhecimentos adquiridos no seu trabalho. Seu desempenho chamou a atenção de seu gestor imediato, que tem sinalizado a possibilidade de uma promoção quando ele terminar sua graduação. Ao longo dos últimos anos, sua organização na administração dos gastos pessoais permitiu que ele conseguisse acumular uma reserva financeira razoável, dentro das limitações do salário de um jovem que estuda e trabalha. Com o final do ano se aproximando e as despesas de formatura já pagas, Douglas foi convidado por alguns colegas de sala paraacompanhá-los em uma viagem para a praia, no final do ano. Contudo, o valor que ele gastaria nessa viagem é o mesmo que ele precisaria pagar para aproveitar o desconto que a faculdade está oferecendo para alunos da instituição que se matricu- larem, antecipadamente, em um curso de pós-graduação. Um dos cursos oferecidos é na área que o gestor imediato de Douglas recomendou a ele, pois faz parte dos planos de expansão da empresa abrir novas vagas nessa área. Como o Douglas pode utilizar os conhecimentos de economia, em especial o de custo de oportunidade, para tomar a melhor decisão nesse cenário? Ao entender como os princípios de economia podem ajudar o Douglas a resolver essa questão, você verá o quanto eles podem ser úteis em problemas que você enfrenta nos negócios. 9 Não pode faltar Olá, seja muito bem-vindo à disciplina Economia para Negócios. Você já teve algum contato com a ciência econômica antes? É comum que as pessoas pensem que economia tem a ver com investimentos, mercado de ações e finanças, entre outras coisas. Elas não estão erradas, mas não se trata só disso. O termo economia vem da junção dos vocábulos gregos oikos (casa) e nomos (costume, lei ou também gerir, administrar). Daí “regras da casa” (lar) ou “administração da casa”. São Tomás de Aquino (1225-1274) descreveu ecônomo como o responsável por administrar bens, rendas e despesas do lar. Depois de algum tempo, o uso de oikos ampliou-se e incluiu o Estado, noção que dura até hoje. A definição clássica de economia a estabelece como a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A economia se diferencia em duas partes fundamentais: macroeconomia, que olha para o todo, e a microeconomia, que é mais específica. Podemos comparar a macroeconomia com uma visão panorâmica da floresta, enquanto a microeconomia estuda cada árvore, individualmente, ou um grupo de árvores de forma mais detalhada. Dessa forma, a microeconomia estuda aspectos como o comportamento dos agentes econômicos (o consu- midor e a empresa), bem como a formação dos preços dos bens e serviços nas diferentes estruturas de mercado. Por sua vez, a macroeconomia estuda o desempenho dos agregados e suas inter-relações (consumo, poupança, crescimento econômico, inflação, emprego, etc.), por isso foca no comporta- mento da economia como um todo, analisando aspectos como as contas do setor público, o desenvolvimento econômico e as relações econômicas com o exterior. Outro ponto muito importante a ser destacado é que a economia se preocupa com uma questão fundamental da humanidade: como utilizar recursos produtivos escassos para atender desejos ilimitados. Essa questão se apresenta como um grande desafio, mas certamente você verá o quanto ela é importante, tanto na sua vida pessoal e profissional, quanto na qualidade de vida da humanidade. Então, para entender os desafios que essa questão nos traz, precisaremos, primeiramente, falar de necessidades (que em economia são sinônimos de desejos), para, depois, tratarmos sobre recursos produtivos. Se você considerar com cuidado, constatará que as necessidades humanas são infinitas. Pense: o fato de você estar se dedicando a ter um diploma de curso superior significa que não está totalmente satisfeito com a sua atual condição e que quer ter uma qualidade de vida superior no futuro, certo? Ou seja, sua insatisfação está levando você a fazer algo bom. Isso comprova que 10 as pessoas sempre vão querer mais do que já têm, ou seja, o fato de as neces- sidades serem infinitas implica em que as pessoas sempre vão querer mais, em termos de bens e serviços. O que você acha que motivou as grandes invenções da humanidade? Exatamente! As pessoas estão dispostas a pagar por um produto ou serviço que aumente o seu nível de satisfação, e os inventores sabiam que seriam remunerados se oferecessem isso às pessoas. Podemos, então, afirmar que a insatisfação é a origem do progresso da humanidade. Por outro lado, a maioria das guerras surgiu porque alguém (ou um povo, ou uma nação) que estava insatisfeito tentou tomar posse de algo que pertencia a outro, por meio da força, não é mesmo? Ou seja, a insatisfação humana não é intrinsicamente boa ou ruim, o problema é se ela é canalizada para o benefício ou para o prejuízo da humanidade. Vamos, agora, analisar os recursos produtivos disponíveis para satisfazer as necessidades humanas: eles não são inesgotáveis, são limitados, o que resulta em que nem todas as necessidades poderão ser satisfeitas. Vamos pensar um pouco na seguinte afirmação: “a escassez está presente tanto nos países ‘ricos’ quantos nos países ‘pobres’”. Você concorda? Mesmo nas sociedades mais ricas, os recursos disponíveis são limitados e encontra- remos desejos não atendidos. Depois que o consumidor compra uma moto, ele vai querer um carro, depois outro carro, depois um iate, um avião, e assim por diante. Perceba que, por maior que seja a quantidade disponível dos recursos produtivos, eles não conseguirão suprir todos os desejos do ser humano, pois ele sempre deseja mais (e nunca está totalmente satisfeito). E qual a implicação disso? Todos precisamos fazer escolhas, e a economia surge dessa necessidade, por isso também é conhecida como a ciência da escolha ou da escassez. Então, podemos dizer, de uma forma resumida: as necessidades infinitas frente aos recursos produtivos limitados fazem com que os agentes econômicos tenham que fazer escolhas em um ambiente de escassez. Assimile A economia surgiu como ciência a partir da constatação de duas reali- dades: as necessidades humanas são infinitas e os recursos produtivos para atendê-las são limitados. É importante que você perceba que, quando falamos sobre os recursos produtivos (ou fatores de produção), não estamos nos referindo ao dinheiro, pois ele é apenas um facilitador de troca utilizado para adquirir os recursos de produção, que são: o trabalho das pessoas, a energia, as máquinas, as 11 fábricas, a terra cultivável e para a criação de animais, os recursos minerais, entre outros. Outro termo usado em economia, fundamental para ser compreendido, é agente econômico: é toda entidade autônoma e capaz de realizar operações econômicas, o que pode incluir uma pessoa, uma empresa ou até um agente da administração pública, tanto dentro do país, como em outras nações. Atenção Quando falamos de agentes econômicos, normalmente nos referimos a quatro tipos de grupos: 1. as famílias; 2. as empresas; 3. o governo; e 4. O resto do mundo. As famílias são compostas pelas pessoas físicas que têm o papel de consumo dos bens e serviços, sendo elas as proprietárias de todos os fatores de produção (sim, em economia, os fatores de produção são de propriedade das famílias). As empresas são compostas pelas pessoas jurídicas que têm o papel de produção dos bens e serviços, por meio do uso dos fatores de produção (cedidos pelas famílias). O governo tem diversos papéis, dos quais fazem parte a regulação e a regulamentação do mercado (como famílias, empresas e resto do mundo se relacionam uns com os outros). Por fim, o resto do mundo é composto pelos outros países com os quais as famílias, empresas e governo do seu país mantêm transações econômicas. Os agentes econômicos são considerados racionais, ou seja, espera-se que eles sempre tomarão a melhor decisão. Esse processo é condicionado por uma característica específica do gênero humano que é o egoísmo racional, o que implica que as pessoas buscarão a melhor forma de satisfazerem suas necessidades, utilizando a menor quantidade possível de recursos produtivos (fatores de produção). Por isso, a maximização será sempre o alvo no compor- tamento dos agentes: a busca do maior ganho, maior renda, maior satisfação, etc. Com isso, espera-se que o consumidor sempre escolha o menor preço, o trabalhador o maior salário, o vendedor o maior lucro. Agora, podemos voltar à nossa proposição inicial: os agentes econômicosprecisão tomar decisões de como utilizar os recursos produtivos limitados para satisfazerem os seus desejos infinitos. Por isso, um dos diferentes conceitos de economia é que ela é o estudo dos agentes e das razões pelas quais eles tomam decisões, tanto de consumo quanto de produção. Para escolher uma boa forma de utilizar os recursos produtivos é preciso conhecê-los melhor; vamos fazer isso? Existem duas características funda- mentais dos recursos de produção: a primeira é que eles podem ser utilizados para produzir mais de um tipo de bem ou serviço, ou seja, são versáteis. 12 Observe como o petróleo pode ser utilizado para vários tipos de combus- tíveis ou para produção de plásticos. A segunda é que os recursos podem ser combinados em proporções variáveis no processo produtivo. A produção de feijão pode utilizar mais mão de obra ou mais maquinário, por exemplo (SILVA, 2018). Para facilitar o entendimento, os fatores de produção são agrupados em quatro tipos: recursos naturais, trabalho, capital e capacidade empresa- rial, vamos conhecê-los mais? Os recursos naturais (também chamados de recurso “terra”) são obtidos diretamente da natureza. A água (da superfície ou do subsolo), minerais, sol, vento, etc. Por sua vez, o trabalho (ou recursos humanos) refere-se à atividade humana (esforço físico e mental) empregada na produção de bens ou serviços, podendo ser exemplificado pelos serviços de profissionais como o administrador, o contador, o carpinteiro, o operário, o vaqueiro, o médico. Em seguida, temos o capital, representado pelos bens produzidos pelo homem e utilizados nos processos produtivos: infraestru- tura (transportes, telecomunicações, energia), matérias-primas, construções, máquinas e equipamentos, etc. Recentemente, a capacidade empresarial passou a ser incluída entre os fatores de produção, referindo-se à organização da produção, ou seja, a ação de reunir e combinar os outros fatores de produção. Com esse detalhamento de informações e sabendo que os fatores de produção são limitados, podemos compreender como a sociedade precisará responder quatro perguntas para encontrar o melhor uso para os fatores de produção: 1. O que produzir? 2. Quanto produzir? 3. Como produzir? 4. Para quem produzir? Para responder à pergunta “o que produzir?”, é necessário, primeiro, identificar as necessidades para, então, decidir o que será produzido para satisfazê-las: alimentos, vestuário, habitação, transporte, educação. Pode ser que, em um momento, os agentes econômicos queiram determinado produto e, mais à frente, prefiram outro (isso vai impactar as decisões das empresas do ela deverá produzir). Já a segunda pergunta (“quanto produzir?”) está ligada à constatação de que os recursos produtivos são limitados; por isso, é preciso determinar quanto será produzido de cada coisa para satisfação das necessidades. Perceba que se todos os recursos disponíveis de uma economia estiverem sendo utilizados, haverá um limite na quantidade de bens e de serviços que poderão ser produzidos. 13 Como produzir? Essa é outra questão fundamental, pois existem diferentes combinações de fatores de produção para que se obtenha um determinado bem ou serviço. A disponibilidade – e por consequência o preço – de cada um deles influenciará de que forma eles serão combinados de forma otimi- zada, bem como o nível tecnológico que pode ser empregado ao se utilizar cada um dos fatores. Por fim, a pergunta “para quem produzir?” permeia, de certa forma, as questões anteriores. No entanto, como as empresas estão interessadas na maximização de seus lucros, em termos racionais elas não estão preocupadas se todas as mercadorias produzidas vão ser vendidas para uma única pessoa ou se todas as pessoas terão acesso àquele bem. Assim, o poder de compra dos indivíduos acabará por ajudar na resolução dessa pergunta. Dessa forma, a limitação dos fatores de produção aliada às necessidades ilimitadas obriga os agentes econômicos a fazerem escolhas, o que faz surgir um conceito fundamental na economia: o custo de oportunidade. O custo de oportunidade é uma medida da perda que os agentes econômicos incorrem todas as vezes que fazem uma escolha, manifestando-se tanto na produção quanto no consumo. Em um processo produtivo que esteja utilizando todos os recursos produtivos disponíveis, o aumento na produção de um bem implicará na redução na quantidade produzida de outro ou outros bens. Nesse ponto, você percebe o quão fundamental é a evolução tecnológica, que afeta tanto os limites produtivos quanto possibilita um aproveitamento superior dos recursos escassos? Exemplificando Em uma propriedade rural, a área disponível, as máquinas e equipa- mentos são limitados, e o produtor é obrigado a escolher qual cultura será plantada. Em uma situação em que tanto soja quanto milho poderão ser plantados, cada hectare a mais de soja implicará em um hectare a menos de milho, concorda? Qual é, então, o custo de oportu- nidade da soja? O valor que o agricultor deixou de receber ao decidir não plantar milho para plantar soja. Assimile Dentro do processo produtivo, uma classificação importante na economia refere-se aos setores econômicos. Você já ouviu falar sobre eles? São três grandes setores ou atividades: primário, secundário e terciário. Vamos conhecê-los? 14 O setor primário, de forma geral, utiliza de forma intensiva os recursos naturais, englobando a agricultura, pecuária e as atividades extrativistas. O setor secundário utiliza, em maior intensidade, o fator capital e inclui a produção de máquinas, equipamentos e bens de consumo, construção civil e geração de energia. O setor terciário tem como principal fator o trabalho, incluindo uma enorme variedade de atividades como comércio, transportes, comunicações, intermediação financeira, imobi- liárias, hospedagem e alimentação, reparação e manutenção, serviços pessoais, governo e outras atividades afins (FREITAS, [s.d.]). Já para o consumidor, o custo de oportunidade representa a satisfação que ele deixou de obter ao abrir mão de um produto para adquirir outro. Essa é uma das razões pelas quais usamos nossos recursos financeiros para a aquisição de coisas diferentes: cada indivíduo tem uma escala de prioridades diferente e vai usar seu dinheiro para adquirir os bens e serviços em uma combinação que maximize sua satisfação individual. Assimile Por falar em bens e serviços, você sabe como a economia os diferencia? Esse é um tema importante, mas que não apresenta dificuldade: os bens são produtos tangíveis (que existem fisicamente, que podem ser tocados), por isso podem ser armazenados, transportados e sua posse pode ser transferida. Existe uma classificação fundamental em relação aos bens: se eles são bens de consumo ou bens de capital. Os bens de consumo atendem diretamente à satisfação das necessidades humanas, como os alimentos, as roupas, etc., enquanto os bens de capital não satisfazem diretamente as necessidades humanas, pois são utilizados para produzir outros bens: máquinas de uma indústria, tratores, etc. O investimento em bens de capital é fundamental para o desenvolvimento de um país, pois é o conjunto deste que constitui a “capacidade produtiva” de uma sociedade e, junto com os recursos humanos, determinam o nível de riqueza desta sociedade. Já os serviços são produtos intangíveis, ou seja, uma vez que um serviço é prestado, ele desaparece. Dessa forma, os serviços não podem ser armazenados ou transportados, nem sua posse pode ser transferida. A forma como os fatores de produção é gerida para a produção dos bens e serviços está ligada com os sistemas econômicos (socialismo ou capitalismo). 15 Vamos compreender esse ponto? Desde o início da história da humanidade, diversos pensadores se dedicaram a entender os processos econômicos. Na Grécia antiga, alguns dos filósofos dedicaram parte dos seus estudos ao tema, assim como na Arábia e em outras regiões. Há referências a processoseconô- micos no antigo testamento da Bíblia e em outros escritos da época. Na Idade Média, os escolásticos e, a partir do século XV, escolas de pensamento como os mercantilistas e os fisiocratas estabeleceram teorias tentando responder qual a melhor forma de organizar os fatores produtivos em uma sociedade. Ao longo de 150 anos, entre meados do século XIX e até o final do século passado, muitos defenderam que uma economia centralizada (o sistema socialista) apresentaria resultados superiores aos da economia de mercado (o sistema capitalista). Mas o que seria um sistema socialista? De acordo com a teoria de Karl Marx, sua característica fundamental seria o controle gover- namental da produção e da distribuição dos bens em sistema de igualdade e cooperação, ou seja, o governo tem o papel de planejar as questões econô- micas (planejamento centralizado), havendo uma predominância da proprie- dade pública (governamental) dos fatores de produção (VASCONCELOS; GARCIA, 2011). O primeiro país do mundo a implementar as ideias de Marx foi a Rússia, após a revolução de 1917, que se tornou União Soviética (URSS) em 1922. O poderio militar da URSS colaborou para que, após o final da 2ª Guerra Mundial, diversos países adotassem os ideais socialistas, tais como Ucrânia e Tchecoslováquia, entre outros, estabelecendo a chamada cortina de ferro. Um dos processos mais emblemáticos do mundo durante a chamada Guerra Fria foi a construção do muro de Berlim, em 1961, para impedir a fuga dos cidadãos da Alemanha Oriental (socialista) para a Alemanha Ocidental, capitalista (a Alemanha fora dividida em duas, no final da 2ª Guerra Mundial). A partir do final da década de 1980, muitas nações socialistas como a União Soviética, a Alemanha Oriental e países do Leste Europeu passaram a abandonar o sistema socialista, adotando, gradualmente, o capitalismo, sendo dois processos marcantes da época a perestroika na Rússia e a queda do muro de Berlim na Alemanha. Qual a razão para ter havido uma diminuição no número de países que adotam o sistema socialista? Essa é uma pergunta muito difícil de ser respon- dida, mas, em termos técnicos, os índices de produtividade das economias socialistas sempre foram menores do que os das economias capitalistas, e isso pode ser associado a diferentes fatores, sendo que dois deles merecem destaque. Vamos a eles? 16 Por mais que um técnico governamental possa ter acesso a diferentes estudos e projeções, ele não poderá prever como os agentes se comportarão. Por isso, ao dar liberdade para que os agentes possam utilizar os recursos produtivos disponíveis, será a sociedade que, de uma forma dinâmica, encontrará as melhores respostas para as perguntas fundamentais: 1- o que produzir?; 2- quanto produzir?; 3- como produzir?; e 4- para quem produzir?. O segundo deles é o sistema de preços (muito perceptível no sistema capitalista), que acaba sendo um conjunto de incentivos para direcionar o uso dos recursos produtivos, pois tanto as necessidades humanas quanto a disponibilidade deles mudam, fazendo com que a alteração de preços acabe equilibrando o mercado. Reflita Enquanto muitas pessoas defendem que a solução dos problemas econômicos passa pela maior presença do Estado na economia, há outro grupo defendendo o anarquismo e pregando a extinção do Estado, situação em que cada um fica responsável por resolver seus problemas individualmente. O que você acha: seria melhor ficar tudo na mão do Estado, o Estado deveria desaparecer, ou seria bom definir que o Estado atue em áreas específicas? Reflita sobre o assunto! No capitalismo, ao contrário do socialismo, o peso do governo é reduzido, e os agentes possuem liberdade de escolha, uma vez que existe a posse privada dos fatores de produção. Por isso, as empresas buscarão o lucro como recom- pensa de sua eficiência (ele é o seu incentivo), o que gera um ambiente em que a competição entre as empresas é estimulada e o sistema de preços (pela relação entre a oferta e a demanda por bens e serviços) é quem direciona o funcionamento do mercado. No sistema capitalista, o uso dos fatores de produção é remunerado (pois a propriedade desses recursos produtivos é privada). Para entender essa relação, é fundamental a compreensão do fluxo circular de renda. Vamos a ele? Você já sabe que os fatores de produção (terra, capital e trabalho) são utilizados de forma combinada para produzir bens e serviços. Ocorre que esses recursos produtivos são propriedade do agente econômico “Família”, correto? Para simplificar, vamos considerar que, em uma economia, existem apenas dois tipos de agentes: as famílias e as empresas (portanto, nessa simpli- ficação, imaginaremos uma economia sem os agentes econômicos governo e resto do mundo). Como se dará a relação entre eles? 17 Lembre-se que todos os recursos produtivos (fatores de produção) pertencem às famílias. Dessa forma, as empresas terão que adquirir os fatores de produção disponibilizados pelas famílias e utilizá-los para produzir os bens e serviços. Como a família é o agente consumidor de bens e serviços, aqueles bens e serviços produzidos serão adquiridos pelas pessoas físicas (agente econômico “família”) para a satisfação de suas necessidades no mercado de bens e serviços. Esse processo é chamado de fluxo real da economia, pois envolve a disponibilização de recursos produtivos (fatores de produção) pelas famílias e a produção e distribuição de bens e serviços pelas empresas, estando representado na Figura 1.1. Figura 1.1 | Fluxo circular de renda Fonte: adaptada de Nogami e Passos (2016, p. 64). Mas como as famílias pagam pelos bens e serviços que vão adquirir? Se você observar a Figura 1.1, verá que existe um outro fluxo, que começa com o pagamento das empresas às famílias pelos fatores produtivos utili- zados. Esses pagamentos são constituídos dos salários (relativos ao fator de produção trabalho), aluguéis (relativos ao fator de produção terra) e lucros (relativos ao fator de produção capital), ou seja, quando as famílias cedem os fatores de produção às empresas, em contrapartida, recebem essas remune- rações (em dinheiro). Dessa forma, o fluxo monetário se completa quando as pessoas utilizam o dinheiro que receberam com as remunerações (salários, aluguéis e lucros) para a aquisição de bens e serviços que foram produzidos nas empresas. 18 Assim, chegamos ao final dessa aula, na qual você pôde ter uma ideia geral da ciência econômica, tendo conhecido os seus principais conceitos. Não se esqueça de fazer as atividades do portal para solidificar os seus conhe- cimentos e participar das discussões com o seu professor. Sem medo de errar Agora que você já está dominando os temas que discutimos, é o momento de aplicar o que aprendeu para ajudar a resolver o dilema enfrentado pelo Douglas. Lembre-se que ele está terminando o curso e precisa decidir onde utilizar seus recursos financeiros: fazer uma viagem ou pagar por uma pós-graduação. Considerando o que você estudou, o que você acha que ele deve fazer? Por mais prazerosa que a viagem possa ser, Douglas precisa dimensionar qual é o seu custo de oportunidade: os gastos da viagem correspondem ao valor necessário para realizar uma pós-graduação em uma área que a empresa em que ele trabalha pretende se expandir. Como a chefia tem demonstrado satisfação com o trabalho dele, você concorda que agora não é momento de utilizar os recursos em lazer, mas, sim, de investir em capacitação? Cada indivíduo tem uma escala de prioridades diferente e vai usar seu dinheiro para adquirir os bens e serviços em uma combinação que maximize sua satis- fação individual, mas a escolha de gasto em um bem específico traz impactos no consumo de outros bens e serviços. Douglas precisa ter isso em mente na hora em que fizer a escolha dele. Pode até ser que Douglas não venha a ser contratado, mas investir na própria carreira é sempre um bom uso dos recursos financeiros. Faça valer a pena 1. Apesarde não ser uma frase inédita, a expressão “Não existe almoço grátis” ganhou muito destaque depois que o ganhador do prêmio Nobel, Milton Friedman, a utilizou como título de um livro, em 1975. O conceito básico da frase é que todo resultado de um processo produtivo, seja um produto ou um serviço, tem um custo. Ao escolher utilizar os recursos para produzir uma refeição, outros produtos deixam se ser ofertados, o que carac- teriza o custo de oportunidade. 19 Assinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que explica corretamente as características dos recursos produtivos (fatores de produção) e das necessi- dades humanas que determinam a existência do custo de oportunidade. a. Os recursos produtivos são abundantes, e as necessidades humanas são limitadas. b. Os recursos produtivos são limitados, e as necessidades humanas são escassas. c. Os recursos produtivos são abundantes, e as necessidades humanas são infinitas. d. Os recursos produtivos são escassos, e as necessidades humanas são ilimitadas. e. Os recursos produtivos são renováveis e as necessidades humanas são versáteis. 2. A forma como os fatores de produção são geridos para a produção dos bens e serviços está ligada com os sistemas econômicos, sendo que os mais vistos nos países, ao longo dos últimos anos de história, são o socialismo e o capitalismo. Em relação às diferenças entre socialismo e capitalismo, assinale a alternativa correta. a. Ao passo que no socialismo há uma predominância da propriedade governamental dos fatores de produção, no capitalismo existe a posse privada dos fatores de produção. b. Ao passo que no socialismo existe a posse privada dos fatores de produção, no capitalismo há uma predominância da propriedade governamental dos fatores de produção. c. Ao passo que no socialismo existe a posse privada dos fatores de produção, no capitalismo há uma predominância da propriedade pública dos fatores de produção. d. Ao passo que no socialismo existe a posse governamental dos fatores de produção, no capitalismo há uma predominância da propriedade pública dos fatores de produção. e. No socialismo, as necessidades humanas são ilimitadas, ao passo que, no capitalismo, elas são limitadas. 20 3. Se no fim do século XVIII as máquinas a vapor revolucio- naram o mundo, agora é a vez da tecnologia ciberné- tica transformar a indústria. O movimento é chamado pelos economistas de 4ª Revolução Industrial e garante mudanças radicais no modo de produzir e consumir. A tendência é de automatização total das fábricas com a tecnologia robótica e cibernética, com isso, setores como Financeiro e Agronegócios já avançam no Brasil. Exemplo claro é o mercado financeiro. Bancos e empresas estão trabalhando cada vez menos dentro de agências e escritó- rios e estão apostando em espaços digitais. (REVOLUÇÃO, 2018, [s.p.]) Tendo como referência a evolução tecnológica e os princípios econômicos, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas: I. O desenvolvimento tecnológico fará com que, no futuro, todas as neces- sidades do homem sejam atendidas, solucionando a questão da escassez. PORQUE II. II. A tecnologia será capaz de suprir todas as necessidades humanas, e esse processo começará pelas sociedades com melhor distribuição de renda. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 21 Seção 2 Conhecendo o mercado: demanda Diálogo aberto Olá, aluno! A tomada de decisões em relação ao futuro nem é sempre é fácil, concorda? Isso não acontece apenas na nossa vida pessoal, mas também nas empresas. Nessas situações organizacionais, ter boas informações é fundamental para diminuir o risco de cometer erros. Um dado importante a ser analisado pelas empresas é a maneira como funciona o desejo dos consu- midores, no que diz respeito à demanda que eles têm por bens e serviços. Por qual motivo ela aumenta ou diminui? De que forma o preço a altera? Para entendermos isso, acompanharemos a história da família do André. O pai dele é um mecânico de automóveis muito competente que, depois de ter trabalhado em uma assistência técnica oficial, abriu seu próprio negócio. Depois de muitos anos, graças à boa gestão e à qualidade dos funcionários e dos equipamentos utilizados, a empresa tem apresentado bons resultados, mesmo que, no passado, tenham ocorrido dificuldades na adaptação às novas tecnologias. André cresceu nesse ambiente de oficina e, desde cedo, destacou-se pela capacidade gerencial. Atualmente, a empresa está estabilizada, com uma boa base de clientes, é reconhecida na cidade pela qualidade do trabalho e possui capital próprio que lhe permite projetar investimentos para atender à demanda futura. Conduzir esse processo é a tarefa que André recebeu do seu pai. Após algumas conversas, ficou claro que a empresa precisa tomar uma decisão em relação ao que fará no futuro: manter o foco em motores de combustão interna ou buscar capacitação e equipamentos que permitam atender carros elétricos. Como a análise das alterações da demanda pode ajudar nesse processo de tomada de decisão? Não pode faltar Bem-vindo de volta! Você gostou do que já estudamos até agora? Espero que sim, e agora vamos entender melhor como a economia funciona, estudando a demanda. Você já deve ter ouvido que demanda e oferta fazem parte do mercado. Mas o que é o mercado? No passado, o conceito de mercado estava ligado ao local onde ocorriam os processos de comercialização (em algumas cidades como São Paulo e Belo Horizonte, eles se tornaram atrações turísticas). Com 22 o avanço tecnológico e a redução dos custos de telecomunicações, as barreiras físicas que existiam delimitando alguns mercados estão desaparecendo e, atualmente, as compras pela internet mostram que, para muitos produtos, o mercado é realmente global, ou seja, podem ser entregues em qualquer lugar do mundo. Por isso, um conceito mais adequado aos novos tempos é que mercado é o ambiente físico ou virtual onde ocorrem os processos de compra (a demanda) e venda (a oferta). Assimile No passado, o termo mercado referia-se normalmente a um local ou região. O termo ambiente descreve melhor a realidade atual. Para que ocorra uma venda, é preciso que haja alguém interessado em comprar, não é mesmo? Por isso, começaremos pelo estudo da demanda, que nada mais é do que a intenção de compra do consumidor, e que pode ser conceituada como as diferentes quantidades de um produto que as pessoas estarão dispostas a adquirir de acordo com o preço dela. Uma rápida observação: quando falarmos de produtos, estaremos nos referindo tanto a bens, que são tangíveis, quanto a serviços, que são intangí- veis. Fique atento! Antes de avançarmos, é necessário esclarecer um ponto importante: na economia, quando se quer demonstrar o comportamento de um fator, é muito comum utilizarmos gráficos. Muita gente acaba criando barreiras a essa ferramenta por não perceber o quanto ela é útil. No entanto, em várias situações, um gráfico explica melhor um processo do que várias linhas escritas. Por isso, dedique especial atenção ao gráfico da demanda que apresentaremos, pois ele lhe ajudará muito. O fato de os consumidores comprarem mais quando os preços diminuem e menos quando os preços sobem expressa uma relação inversa entre preço e quantidade (você, como consumidor, entende dessa maneira, certo?). A Figura 1.2 a seguir representa o comportamento da demanda. Note o que acontece quando os preços, que estão representados no eixo vertical, diminuem: a quantidade consumida – que está no eixo horizontal – aumenta. Esse comportamento faz com que a curva de demanda seja negati- vamente inclinada. 23Figura 1.2 | A curva de demanda Fonte: elaborada pelo autor. Lembra-se do conceito de demanda? Precisamos resgatá-lo aqui para esclarecer algo muito importante: quando a escolha do consumidor (a quantidade demandada) muda em razão de uma alteração nos preços, ocorre um movimento ao longo da mesma curva de demanda. Isso quer dizer que a relação entre os preços e as quantidades demandadas não se alterou, ou seja, a demanda – entendida como as diferentes quantidades demandadas relacio- nadas aos diferentes preços – não se alterou. O que acontece em uma liquidação? A redução nos preços dos produtos fará com que as pessoas comprem mais. A depender do tamanho do desconto e do tipo do produto que está sendo vendido, você verá cenas como esta, típica de liquidações na Black Friday ou nos primeiros dias de janeiro. 24 Figura 1.3 | O efeito da queda dos preços Fonte: http://bit.ly/2Eyt2RU. Acesso em: 29 nov. 2019. Mas o que faz as pessoas se comportarem dessa forma? A questão chave é que cada consumidor atribui um valor – em economia chamamos isso de utilidade – a cada produto que ele usa. Como seus recursos são limitados, ele precisa escolher quais produtos comprará (e em que quantidade) para maximizar sua satisfação. A cada compra realizada, a questão a ser respon- dida pelo consumidor é: esse é o produto que maximizará minha satisfação? Assimile Em economia não diferenciamos desejos de necessidades, por isso usamos a palavra utilidade para descrever a capacidade de um produto nos trazer satisfação (bem-estar), ou seja, atender nossos desejos/necessidades. A satisfação gerada por cada unidade a mais de um produto não cresce de forma linear. Na verdade, a satisfação a mais gerada por uma unidade adicional de um produto tende a ser decrescente. Isso pode soar estranho, mas pense comigo: imagine que você está com muita sede, e toma um copo de água bem gelada: é uma grande satisfação, correto? Agora, imagine que você toma mais um copo: a sua satisfação aumenta, mas o segundo copo não será tão refrescante quanto o primeiro, nem o terceiro será tão refrescante quanto o segundo, e assim por diante. Essa característica fundamental na microeconomia é chamada de utilidade marginal decrescente. A decisão de compra sempre considera as quantidades que o consumidor já possua daquele http://bit.ly/2Eyt2RU 25 bem ou serviço. Uma forma de dizer isso é que a decisão sempre ocorre na margem (MANKIW, 2013). Isso quer dizer que a decisão de compra do consumidor considerará a satisfação adicional gerada pela aquisição de uma unidade a mais do produto. Vamos usar um exemplo prático? Você conhece alguém que tenha mais óculos de grau do que blusas? Provavelmente não. Sabe por qual motivo? Uma pessoa que não consegue ler sem óculos sentirá muita necessidade de ter um par deles. Contudo, uma vez que já tenha adquirido o primeiro par, dificilmente se disporá a comprar outro. Isso ocorre porque a satisfação gerada pela segunda unidade dos óculos é muito menor do que a primeira, e o consumidor irá preferir utilizar o recurso para comprar alguma outra coisa que lhe traga maior satisfação. Em se tratando de blusas, a utilidade marginal de uma blusa adicional não será tão inferior à da anterior, por isso, a maioria das pessoas acabará adquirindo diversas blusas. Por isso, os vendedores oferecem promoções do tipo: uma camiseta por R$ 30,00, duas camisetas por R$ 50,00, pois o consu- midor só comprará uma blusa a mais se o preço for menor, porque a utilidade a cada blusa comprada é menor. Exemplificando Você já foi a uma churrascaria tipo rodízio? Prestou atenção em qual é a comida que já está na mesa na hora que você se senta? Mandioca, tropeiro, arroz, etc. O dono do restaurante sabe que para quem está com fome será muito difícil não “atacar” esses pratos. Certamente, ao final da refeição, mesmo que passe aquele corte que você mais gosta, a satisfação adicional será muito pequena. Assimile Ao analisar a compra de um produto, o consumidor vai comparar a satis- fação que ele obterá (considerando quantas unidades daquele produto ele já possui) com a satisfação que uma unidade adicional de outro produto lhe trará. Agora, precisamos pensar em uma pergunta muito importante: será que a decisão de compra dos consumidores é definida apenas pelos preços? Creio que você já encontrou a resposta: é obvio que os preços desempenham um papel fundamental, mas existem outros fatores que influenciarão na decisão dos consumidores. Vamos conhecê-los? Primeiro, vamos analisar a influência da renda, depois da preferência do consumidor (hábitos de consumo) e, por fim, dos preços de outros produtos relacionados. 26 Vamos começar pela renda: imagine que uma pessoa que gosta muito de filmes ganhe R$ 1.000,00 mensais de salário e, com essa renda, ela consiga ir uma vez por mês ao cinema (pagando R$ 30,00 pela entrada). Se essa pessoa passar a ganhar R$ 2.200,00 de salário mensais, ela pode passar a ir duas vezes ao mês no cinema, (pagando os mesmos R$ 30,00 pela entrada. Ou seja, a ampliação de demanda dessa pessoa por cinema não se deveu por uma diminuição do preço da entrada (o valor da entrada continuou o mesmo), mas porque ela teve uma ampliação no seu salário (renda). Da mesma forma, uma redução na renda teria o efeito contrário: a disposição de comprar do consumidor seria menor mesmo que o preço do produto (entrada de cinema ou qualquer outro) não tivesse se alterado. Observe atentamente a Figura 1.4, que demonstra o efeito de um aumento na renda: Figura 1.4 | Aumento da renda deslocando a curva da demanda para a direita Fonte: elaborada pelo autor. Veja que após um aumento na renda, a curva de demanda se deslocou para a direita, passando de D1 para D2, fazendo com que, ao mesmo preço, a quantidade demandada passasse de Q1 para Q2 (por exemplo, ao mesmo preço de R$ 30,00 pela entrada do cinema, a quantidade demandada subiu de uma (Q1) para duas (Q2) entradas por mês). Você percebeu que a quanti- dade demandada mudou sem que o preço tenha se alterado? Essa é uma situação fundamental: todas as vezes que o consumidor altera sua intenção de compra, sem que o preço tenha se alterado, isso trará uma alteração da demanda (ou seja, teremos uma nova curva de demanda, mais à direita ou mais à esquerda). Contudo, nossa análise não pode se restringir a apenas um consumidor individual, correto? Por isso, ao juntarmos as curvas de demanda individuais dos diferentes consumidores teremos as curvas de mercado. Dessa forma, se 27 uma população experimenta uma mudança da renda, a demanda agregada por um dado produto se alterará, deslocando a curva de demanda. Assimile Quando um consumidor adquire uma quantidade diferente de um produto como consequência de alterações nos preços dele, temos uma mudança na quantidade demandada, pois a curva não se alterou (temos essa representação gráfica feita na mesma curva de demanda). Quando um consumidor adquire uma quantidade diferente de um produto sem que o preço deste produto tenha mudado, ocorre uma mudança da curva, ou seja, a demanda mudou (houve deslocamento da curva de demanda). Se houver ampliação na quantidade demandada, sem que tenha havido alteração no preço do bem/serviço, a curva de demanda é deslocada para a direita. Já se houver diminuição na quanti- dade demandada, sem que tenha havido uma alteração no preço do bem/serviço, a curva de demanda é deslocada para a esquerda (por exemplo, quando a entrada do cinema continua sendo vendida por R$ 30,00, mas a pessoa passa a ir uma vez por mês, em vez de duas vezes, porque ela perdeu o emprego em que ganhava R$ 2.200,00 e passou a ganhar R$ 1.500,00 mensais, a curva de demanda do cinema é deslo- cada para a esquerda). Vamos agora ao próximo fator que pode alterar a demanda de um produto: as mudanças no gosto ou preferência do consumidor. Esse fator é muito fácil de entender: ocorre todas as vezes que um determinado produto passa a ser mais ou menos desejadosem que o seu preço tenha se modificado, porque houve uma mudança no hábito de consumo do consumidor. Exemplificando Existem vários exemplos de alterações de demanda por mudança de gosto do consumidor, sendo que, algumas vezes, elas podem ser influenciadas por uma grande estrela de cinema ou da música. Oliveira (2015) nos mostra a seguinte situação: a cantora Beyoncé foi fotogra- fada, em 2015, vestindo um certo modelo de calça, e isso fez com que os estoques desta mercadoria se esgotassem em poucas horas nas lojas – ou seja, a demanda por aquela calça explodiu, sem que o preço dela tivesse abaixado. No entanto, o termo “gostos e preferências” nem sempre se refere a mudanças superficiais. Imagine um casal que descobre que estão 28 esperando um filho: diversos produtos e serviços que não faziam parte dos hábitos de consumo dessa família começarão a ser demandados. O último fator a ser analisado é a influência dos preços de produtos relacionados. Para entender isso, vamos pensar em dois tipos de produtos: os substitutos e os complementares. Vamos lá? Dois produtos disputam entre si a escolha do mesmo consumidor (bens que são chamados de substitutos), sendo que, por esse motivo, ao escolher um, o consumidor deixará de consumir outro. Por exemplo, ao construir uma casa, você pode utilizar tijolos de barro ou bloco de concreto. Ao escolher um, automaticamente você não comprará o outro, correto? Por isso, se o preço de um tipo de tijolo se modificar, a demanda pelo outro tijolo será alterada, mesmo que o preço desse segundo tijolo não mude, ou seja, se o preço do tijolo de barro diminuir, alguns consumidores deixarão de comprar os tijolos de concreto (mesmo que o preço dele não tenha sido alterado para cima), o que deslocará a curva de demanda do tijolo de concreto para a esquerda. Na economia moderna, o acesso à informação é cada vez mais simples e barato, e isso aumenta a quantidade de alternativas à disposição do consu- midor. Se por um lado o aumento de alternativas pode elevar a satisfação do consumidor por poder utilizar melhor seus recursos limitados, aumenta a necessidade dos vendedores de convencer os consumidores da superioridade dos seus produtos em relação aos produtos dos concorrentes, entendendo que o conceito de produto ou serviço concorrente pode ser bastante abrangente. Por outro lado, existem os produtos complementares, que são utilizados em conjunto, e, por isso, também exercem influência entre si. Mantendo o exemplo na construção civil, vamos pensar em areia e brita: dificilmente um produto será usado separado do outro, correto? Agora, imagine que uma nova legislação ambiental faça o preço da areia aumentar. Como as pessoas comprarão menos areia, a demanda por brita também diminuirá (mesmo que o preço da brita não tenha sido ampliado), ou seja, a curva de demanda da brita será deslocada para a esquerda. Reflita Algumas leis podem afetar o comportamento dos consumidores e isso faz com que o poder dos agentes públicos seja muito maior do que a maioria das pessoas perceba. Os malefícios do fumo são conhe- cidos pela ciência desde o final da segunda guerra, mas levou algumas décadas para que surgissem leis que restringissem o seu consumo. Essas leis incluem: proibição de propaganda, restrição de locais onde o fumo 29 é permitido, aumento de impostos, etc. Essas regulamentações buscam alterar apenas a quantidade demandada ou tentam alterar também a demanda? Reflita sobre o assunto. É importante lembrar de que existe uma curva de demanda específica para cada bem ou serviço em um mercado, mas que em todos eles o mesmo comportamento é encontrado: a relação entre preços e quantidades deman- dadas é inversa, ou seja, a inclinação da curva é sempre negativa. Mesmo que alterações em outros fatores diferentes dos preços desloquem a curva, sua inclinação continuará negativa. Nos exemplos apresentados até agora o foco esteve no comportamento individual. Esses mesmos princípios valem para quando analisarmos a demanda de mercado, em que os efeitos de cada um dos fatores serão combi- nados, lembrando que nem sempre o fator mais importante para um consu- midor será o mais importante para o mercado. Para encerrarmos esta seção, precisamos pensar em uma questão bem prática: ao iniciar uma análise de demanda, pode ficar complicado a análise de todos os fatores juntos: preço, renda, preferências, preços de outros fatores, etc. Para contornar esse problema, há uma abordagem que analisa o efeito de cada fator isoladamente: a condição coeteris paribus. Essa é uma expressão em latim que significa “tudo o mais permanecendo constante” e é aplicada quando analisamos o efeito de cada fator isoladamente, mantendo os outros constantes, ou seja: ao variarmos a renda, consideramos que os outros fatores permanecerão constantes. Agora que você já está “craque” em demanda, poderemos avançar para nosso próximo desafio: conhecer a oferta e o equilíbrio de mercado. Vamos lá? Sem medo de errar Você está lembrado da decisão que o André precisa tomar? É um problema que muitos gestores gostariam muito de enfrentar: a oficina da família está bem posicionada no presente, tanto em questões técnicas quanto em relação às finanças e gestão, e agora é o momento de se preparar para o futuro. Por isso, a empresa precisa decidir se deve manter o foco em motores de combustão interna ou buscar capacitação e equipamentos que permitam atender carros elétricos nos próximos anos. Muitas pessoas, preocu- padas com a conservação do meio ambiente, têm mudado seus hábitos de consumo, buscando produtos que sejam ambientalmente responsáveis. Em todo o mundo, a preocupação com a redução da poluição tem levado 30 à busca de alternativas de motores menos poluentes e os motores elétricos já são uma realidade em carros, automóveis, ônibus, caminhões e até em aviões. Por isso, a previsão é de que a demanda por serviços especializados nesse tipo de motor cresça muito nos próximos anos, ou seja, a curva de demanda será deslocada para a direita, o que aumentará as oportunidades para empresas que atendam os desejos dos consumidores. Dessa forma, entender esse processo de alteração da curva de demanda é uma ferramenta importante para o planejamento da empresa de André, que deverá começar a pensar em investir em materiais, equipamentos e capacitação profissional para atender essa nova realidade do mercado, quando ela se apresentar de forma mais consistente. Avançando na prática Finalizar o estoque Ana é a gerente de uma concessionária de automóveis que está enfren- tando um problema inesperado: ela acabou de receber a notícia que a fabricante decidiu adiantar em três meses o lançamento da nova versão do modelo campeão de vendas da marca. A questão é que ela está com um elevado estoque da versão que deixará de ser fabricada. Seu desafio, então, é estimular a demanda por este modelo mais antigo para zerar o estoque dele. Quais estratégias você poderá sugerir à Ana para atingir esse objetivo? Resolução da situação-problema Você deve dizer a Ana que, para aumentar a demanda de automóveis, é necessário alterar um conjunto de fatores. Alguns deles, como ampliação na renda, aumento da preferência dos consumidores pelo modelo e elevação do preço dos veículos das marcas concorrentes deslocariam a curva de demanda do modelo antigo que Ana tem em sua concessionária para a direita (ou seja, haveria uma procura maior por esse veículo). Contudo, a alteração desses fatores está fora do raio de ação da concessionária, ou seja, não há nada que a Ana possa fazer em relação a eles. No entanto, há uma outra forma para ampliar a demanda do modelo cujo estoque precisa ser zerado: reduzir o seu preço de venda. Essa redução implicará em um aumento na quantidade demandada, ou seja, surgiriam clientes dispostos a comprar esse modelo e, assim, diminuir os estoques da concessionária. Como a demanda pelo modelo antigo deverá reduzir quando 31 o novo modelochegar, ela não pode esperar mais: a redução nos preços tem que começar o quanto antes. Faça valer a pena 1. Observe os dois gráficos a seguir: Fonte: elaborados pelo autor. O gráfico A representa mudança _____________ causada por alteração _____________ e o gráfico B representa mudança ____________ causada por alteração ___________. A sequência de palavras que completa corretamente a frase é: a. na quantidade demandada; no preço; na demanda; na renda. b. na quantidade demandada; na renda; na demanda; no preço. c. na demanda; na renda; na quantidade demandada; no preço. d. na demanda; no preço; na quantidade demandada; na renda. e. na oferta; na renda; na quantidade ofertada; no preço. 2. Suponha que uma famosa atriz usou determinado tipo de sandália feminina em uma cena de novela que foi muito comentada e depois viralizou na internet, fazendo com que muita gente assistisse a cena, o que fez esse modelo de calçado entrar na moda. A partir dessa informação, pode-se esperar que ocorra qual fenômeno? Assinale a alternativa que responde corretamente ao questionamento feito: a. Um deslocamento da curva de demanda da sandália para a direita. b. Um deslocamento da curva de oferta da sandália para a direita. c. Um deslocamento da curva de demanda da sandália para a esquerda. 32 d. Um deslocamento da curva de oferta da sandália para a esquerda. e. Um deslocamento ao longo da mesma curva de demanda da sandália. 3. Apesar de complexo, o comportamento do consumidor em relação a mudanças de preços de um determinado produto pode ser expresso pela curva de demanda. I. A curva de demanda apresenta inclinação negativa, fazendo com que o consumidor compre maiores quantidades de um bem ou serviço quando os preços aumentam. PORQUE II. O comportamento do consumidor não é racional, pois ele acaba comprando coisas por impulso, sem ter necessidade delas. A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 33 Seção 3 Conhecendo o mercado: oferta e equilíbrio Diálogo aberto Olá, prezado aluno! Com esta seção encerraremos a discussão sobre os aspectos gerais de microeconomia. Parabéns pela caminhada! Aprofunde-se nos temas discutidos, que certamente lhe ajudarão muito na sua carreira profissional. Você já se deu conta do quanto os processos de compra e venda evolu- íram nos últimos anos? Se os consumidores têm tido mais acesso à infor- mação, isso requer comportamentos mais arrojados do produtor, certo? Esse comportamento do produtor depende de vários fatores, assunto que acompanharemos durante esta seção. Para nos ajudar no entendimento desse tema tão importante, conhe- ceremos o desafio enfrentado por Rodrigo. Ele trabalha na secretaria de agricultura de uma cidade de porte médio, e foi convocado para um encontro com uma associação de consumidores do município. Essa associação trouxe a ele uma reclamação a respeito do aumento excessivo dos preços do tomate nas últimas semanas, que passou a ser vendido por R$ 10,00 o quilo. Ela veio solicitar que a prefeitura determine um congelamento de preços do tomate (a R$ 5,00 o quilo), enquanto durar a escassez de produto, argumen- tando que o preço atual está impedindo muitos consumidores de adquiri-lo. Como a secretaria de agricultura acompanha de perto a produção agrícola do município, Rodrigo sabe que o aumento atual dos preços foi causado por uma quebra de safra que ocorreu porque fortes chuvas, algumas semanas antes, reduziram a produtividade de muitas lavouras. O tomate é uma cultura que leva pouco mais de três meses entre a colheita e o plantio. Com base no estudo do equilíbrio do mercado, Rodrigo deve concordar com o pedido e recomendar que a prefeitura promova um congelamento nos preços? Quais devem ser os argumentos do Rodrigo para embasar sua resposta? Para compreender o que Rodrigo deve fazer, é necessário entender sobre equilíbrio de mercado e preços fixados acima ou abaixo do preço de equilí- brio de mercado. Vamos assimilar esses conceitos com o estudo desta seção? 34 Não pode faltar Olá, aluno! Agora que você já entendeu o comportamento da demanda em relação aos preços e aos outros fatores de importância, ficará muito mais fácil entender o comportamento da oferta. Para isso, vamos começar concei- tuando oferta. A oferta está relacionada com as diferentes quantidades de um bem ou serviço que os produtores (empresários) estão dispostos a colocar no mercado, a um conjunto alternativo de preços, havendo uma relação direta entre eles, ou seja, quando o preço sobe, a oferta (intenção de produção de um bem ou serviço) cresce. Assim como a demanda, a oferta pode ser expressa por meio de um gráfico, como você pode observar na Figura 1.5: Figura 1.5 | A curva de oferta Fonte: elaborada pelo autor. Vamos reforçar aqui uma observação muito importante: a oferta é a curva, ou seja, é um conjunto de pontos que mostra a intenção de produção de um bem, de acordo com alterações nos preços dele, ou seja, a oferta representa a maneira de pensar do produtor (empresário) de um bem, já que a preços altos, ele terá uma intenção maior de produzir um bem (e vice-versa). Para facilitar a nossa análise e os exemplos numéricos, consideraremos a oferta como uma reta, ou seja, uma função linear. 35 Outro ponto essencial é que nossa análise considerará que o produtor, assim como o comprador (representado pela demanda), não terá força para impor os seus preços. Ainda que possa haver exceções, vamos considerar o preço ao produtor como uma variável sob a qual ele não tem controle. Dessa forma, ao mudar os preços, as quantidades ofertadas mudarão também (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Em termos individuais, considere que, se nada mais houver mudado (em economia, essa condição é caracterizada pela expressão coeteris paribus), uma mudança nos preços implicará uma mudança nas quantidades ofertadas. Observe que uma mudança nos preços não deslocará a curva, apenas mudará o ponto em cima da mesma curva. Assimile Você já sabe que, conforme o preço sobe, a quantidade de um produto que as empresas estão dispostas a oferecer aumenta. Isso deve-se ao fato de que as empresas apresentam diferentes custos de produção. Para fixar esse conceito, vamos usar o exemplo do petróleo: existem locais onde o seu custo de extração é muito baixo (na maioria dos países do Oriente Médio, por exemplo), o que permite que as empresas obtenham lucro mesmo se o preço estiver muito baixo. Já em outros locais onde o custo de extração é maior, como em alto-mar, a extração do petróleo só é viável economicamente se os preços recebidos por essa commodity forem maiores. Com isso, se os preços estão baixos, a produção ocorrerá apenas onde os custos de produção forem menores (haverá menos empresários interessados na produção do petróleo). Se os preços aumentarem, locais de maior custo passarão a ser viáveis e a oferta aumentará. Ou seja, a curva de oferta é positivamente inclinada, pois a única forma de aumentar a oferta de petróleo é incorporando áreas onde o custo de produção é mais elevado. Nesse ponto, você pode estar pensando: será que existem outros fatores, além do preço, que também podem influenciar a decisão do produtor e, assim, deslocar a curva de oferta? A resposta é sim! Vamos conhecê-los? Alterações nos custos e em outros fatores relacionados à produção podem deslocar a curva de oferta, ou seja, o nível de impostos, o preço dos insumos (a matéria-prima utilizada para produzir algo), etc. afetarão diretamente o custo do que está sendo produzido. E qual será a reação do produtor a essas mudanças? Acompanhe o exemplo a seguir. 36 Exemplificando Suponha que você esteja fazendobrigadeiros em casa para vender na faculdade. Ao ir ao supermercado fazer sua compra semanal de ingre- dientes, você notou que o preço do leite condensado aumentou, o que vai tornar mais cara a sua produção de brigadeiros. Caso você tenha que vender o brigadeiro ao mesmo preço de antes, terá uma intenção menor de produzir o brigadeiro, o que fará a curva de oferta dele se deslocar para a esquerda (que demostra que, ao mesmo preço, há uma intenção menor de produzir), podendo até mesmo chegar ao ponto de você querer encerrar a produção de brigadeiros. Por outro lado, uma redução no preço do leite condensando (ou quaisquer outros insumos) deslocará a curva de produção para a direita. Reflita A necessidade de reduzir impactos ambientais tem feito com que muitos consumidores busquem meios de transportes menos poluentes. Por esse motivo, diversos governos têm oferecido incentivos fiscais à produção de carros elétricos. Em que medida esses incentivos fiscais alteram a curva de oferta de carros elétricos? Reflita sobre o assunto. Além dos custos de produção, outro fator que desloca a curva de oferta é o desenvolvimento de tecnologias. A oferta de smartphones é um exemplo claro desse processo. Os primeiros modelos que ofereciam GPS, por exemplo, eram os top de linha e de valores muito elevados. Com o desenvolvimento tecnológico e barateamento dos custos de produção, a curva de oferta de smartphones foi deslocada para a direita, permitindo que, hoje, mesmo os aparelhos mais simples apresentam esse recurso. O deslocamento da curva de oferta pode ser visto na Figura 1.6: Figura 1.6 | Deslocamentos da curva de oferta para a direita e para a esquerda Fonte: Dias (2015, p. 44). 37 Exemplificando Após um período de turbulência, o valor de mercado da Petrobras, em 2019, tem alcançado recordes. Entre as razões apontadas estão a queda no custo de extração do petróleo no pré-sal e a redução no tempo de utilizado para a construção de um poço marítimo no pré-sal (ou seja, melhora tecnológica) (COMPLETAMOS…, 2018), já que isso certamente ampliará a intenção de produção (oferta) de petróleo da Petrobras, trazendo a possibilidade de lucros maiores aos acionistas da empresa. Figura 1.7 | Evolução dos indicadores do pré-sal Fonte: Completamos… (2018, [s. p.]). A oferta de um bem também é impactada pelo comportamento dos preços de outros bens, principalmente quando o produtor pode utilizar seus recursos produtivos em diferentes opções. Esse aspecto é muito obser- vado na produção agrícola, pois quando o preço de um produto como a soja aumenta, diversos produtores de milho passam a produzir soja. Vale destacar também que, na produção agrícola, os fatores climáticos também são determinantes no comportamento da oferta, deslocando-a para a direita (clima muito favorável que trouxe uma supersafra) ou para a esquerda (clima desfavorável – excesso/falta de chuva, calor/frio em excesso, etc.). Atividades minerais também estão sujeitas ao surgimento de novas áreas de exploração e ao esgotamento de minas, por exemplo, o que provoca deslocamento na curva de oferta. Assimile Alterações nos preços não alteram a curva de oferta, apenas geram uma mudança na quantidade ofertada (mudanças de pontos que formam a mesma curva de oferta). Quando algum fator faz com que o produtor se disponha a ofertar uma quantidade diferente (mudanças no preço dos 38 insumos, na tecnologia ou nas expectativas) sem que o preço tenha se modificado, ocorre uma mudança na oferta, ou seja, um deslocamento da curva de oferta. Agora podemos, finalmente, abordar um dos aspectos mais importantes: o equilíbrio de mercado. Você já aprendeu que as curvas de oferta e demanda mostram como vendedores e compradores respondem às mudanças no preço de um bem. Agora, surge a pergunta: se os consumidores sempre buscam os menores preços possíveis e os produtores sempre vão atrás dos maiores preços possí- veis, como é encontrado um preço que atenda aos dois lados (chamado de preço de equilíbrio), para que haja fechamento do negócio? Para responder adequadamente, precisamos voltar no tempo, para quando ainda não havia nenhum tipo de moeda. Nesse período, só havia duas formas de se obter um produto: ou você mesmo produzia ou tinha que obtê-lo por meio de troca de produto por produto (escambo). Com o surgi- mento da moeda, o processo ficou muito mais fácil, e o dinheiro assumiu o papel fundamental que exerce na economia até hoje: ser meio de troca. Como consequência, todos os produtos em uma economia passaram a ter o seu valor expresso em moeda (BRAGA, 2019). Dessa forma, quando um consumidor analisa o preço de um produto, ele contabiliza quantas unidades de um outro produto poderão ser adquiridas com aquela mesma quantidade de moeda. Da mesma forma, o produtor avalia se a quantidade de dinheiro recebida remunera adequadamente todos os gastos e esforços que foram utilizados no processo produtivo. Como já vimos, cada consumidor tem uma hierarquia de necessidades, por isso um determinado produto que é muito desejado por um consumidor desperta pouco interesse em outro, fazendo com que o preço que eles se disponham a pagar seja diferente. Por outro lado, os produtores apresentam diferentes níveis de custos para um mesmo produto, fazendo com que um mesmo preço possa ser aceitável para um, mas não para outros. É importante que você entenda essas características de consumidores e vendedores, pois, quando analisamos o mercado, vemos que a disputa real não é entre produtores e consumidores, mas, sim, duas disputas: uma entre os consumidores e outra entre os produtores. Vamos entender isso melhor? Do lado dos compradores existe uma disputa entre eles, uma espécie de leilão, na qual quem pagar mais sairá vencedor: quem se dispuser a pagar mais por um determinado produto irá adquiri-lo, fazendo com que os outros 39 consumidores fiquem sem o produto, a não ser que unidades adicionais sejam oferecidas. Você se lembra de quando houve a greve dos caminhoneiros no Brasil e os preços do combustível subiram muito? Pois bem, naquela época, nem todos os motoristas se dispuseram a pagar aquele preço mais alto pelo combustível. Com isso, os consumidores que não se dispuserem a pagar aquele preço maior ficaram sem o produto, até o momento em que unidades adicionais foram oferecidas, com o final da greve. Já na competição entre os produtores, o ganhador será aquele que vender seu produto pelo menor preço. Com isso, aqueles que apresentarem custos de produção mais baixos conseguirão ser lucrativos frente a preços menores, afastando os produtores menos eficientes. Nesse processo, o resultado é que o comprador disposto a pagar o maior preço fará negócio com o vendedor disposto a vender pelo menor preço. Por isso, se um preço está muito elevado, poucos compradores estarão dispostos a adquirir aquele produto, frente a um grande número de vendedores ofertan- do-o. Nesse cenário, é fácil perceber que os produtores que apresentam menores custos de produção oferecerão seus produtos a um preço menor, o que também atrairá mais compradores ao mercado. Se, porventura, o preço estiver muito baixo, diversos compradores estarão dispostos a adquirir aquele produto, frente a um pequeno número de vende- dores ofertando seus produtos. Nesse cenário, é fácil perceber que os consu- midores que apresentam maior utilidade estarão dispostos a pagar mais por aquele produto, o que aumentará os preços praticados, o que também atrairá mais produtores ao mercado. Percebeu, então, o que acontece? Se o preço está acima ou abaixo do equilíbrio, as forças de mercado atuarão para conduzi-lo ao ponto de equilí- brio. Esse equilíbrio de mercado se assemelha ao brinquedo de criança tipo “João bobo”, que sempre volta para o mesmo lugar, ou ao boneco de lutas com o mesmo princípio. Mas, então, o que é o ponto de equilíbrio? O ponto de equilíbrio é aquele em que, a um determinado preço (chamado de preço de equilíbrio do mercado),a quantidade que as pessoas querem comprar de uma mercadoria (chamada de quantidade demandada) é igual à quantidade que as empresas querem oferecer daquela mercadoria (chamada de quantidade ofertada). Em qualquer outro preço as forças de mercado empurrarão o preço na direção do equilíbrio. Uma boa ilustração é a de uma bola colocada em uma vasilha, que sempre retornará para a posição estável. Na Figura 1.8 vemos que ao preço de R$ 16,00 (preço de equilíbrio), os empresários e os consumidores têm interesse de produzir e comprar, respectivamente, a mesma quantidade: 20 unidades (chamada de quantidade de equilíbrio). 40 Assimile No preço de equilíbrio a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada, e essa estabilidade tende a se manter. Figura 1.8 | O equilíbrio de mercado Fonte: Dias (2015, p. 48). Quando aparece uma situação de equilíbrio de mercado, isso significa dizer que os empresários não gostariam de cobrar preços maiores pelos seus produtos, ou que os consumidores não gostariam de pagar preços menores por eles? A resposta é não! Os empresários sempre querem cobrar mais pelos seus produtos (afinal, o objetivo de qualquer empresa é maximizar o seu lucro), e os consumidores sempre querem pagar o mínimo possível por qualquer bem. No entanto, se os empresários quiserem vender por preços acima do preço de equilíbrio (P2 da Figura 1.9), mais empresários vão querer produzir aquele bem (Q2 à direita de Q1, na Figura 1.9), mas menos consu- midores estarão dispostos a adquiri-lo (Q2 à esquerda de Q1, na Figura 1.9), ou seja, haverá excesso de mercadoria no mercado (produtos parados nos estoques), pois a oferta estará maior do que a demanda. Assim, como os produtores não conseguirão vender tanto quanto gostariam, eles diminuirão o preço, até que o equilíbrio de mercado seja restabelecido (P1 e Q1, na Figura 1.9). Em contrapartida, se os consumidores quiserem pagar um preço abaixo do preço de equilíbrio do mercado (P3 da Figura 1.9), mais consumidores 41 estarão dispostos a comprar aquela mercadoria (Q3 à direita de Q1), mas menos empresários vão estar dispostos a produzi-la (Q3 à esquerda de Q1), fazendo com que haja escassez do produto no mercado (demanda maior do que oferta). Assim, para acabar com essa escassez, os consumidores precisam aceitar preços maiores por aquele bem, para que os empresários se sintam mais estimulados a produzi-lo (até que o equilíbrio do mercado seja restabe- lecido - P1 e Q1, na Figura 1.9). Vamos, então, utilizar novamente o petróleo como exemplo? Imagine que o preço de equilíbrio seja de R$ 30,00. Se, por algum motivo, uma força externa (o governo, por exemplo, para melhor remunerar as empresas da cadeia produtiva do petróleo, pode interferir no mercado, indicando um preço mínimo acima do preço de equilíbrio do mercado) determinar que o preço a ser cobrado pelo petróleo deve ser de R$ 50,00, a quantidade ofertada será maior do que a quantidade demandada, ou seja, haverá sobra de produto. Como os vendedores não conseguirão vender tanto quanto gostariam, eles teriam que reduzir os preços para conquistarem uma parte do mercado que não está sendo atendida pelos produtores que não reduziram os seus preços. Já em uma situação em que os preços estejam abaixo do equilíbrio (isso pode acontecer, por exemplo, se o governo, com o intuito de controlar a inflação, passar a administrar (estipular) um preço máximo do petróleo que esteja abaixo do ponto de equilíbrio do mercado), por exemplo R$ 20,00, a escassez serviria de estímulo para que os consumidores se dispusessem a pagar mais pelo produto, o que elevaria o preço e incentivaria o aumento da oferta por parte dos produtores. Figura 1.9 | A tendência ao equilíbrio Fonte: Dias (2015, p. 49). 42 Dessa forma, como pode ser notado, não existe nenhum instrumento melhor do que o sistema de preços para determinar como as sociedades devem utilizar os seus recursos: maiores preços estimularão os produtores a oferecerem mais produtos e, ao mesmo tempo, afastarão alguns consumi- dores; preços reduzidos farão com que os produtores reduzam sua oferta e a demanda por aquele produto aumente. Bem, agora que você já entendeu as dinâmicas de oferta e demanda, poderá perceber como o uso de gráficos permite uma visualização precisa dos efeitos de alterações tanto na demanda quanto na oferta. Por exemplo, se um produto entrar na moda e a sua demanda se deslocar para a direita, o resultado disso é que ocorrerá um aumento no preço (o preço muda de P0 para P1) e na quantidade de equilíbrio do mercado (a quantidade muda de q0 para q1), conforme Figura 1.10. Ou seja, ao mesmo nível de preço (P0), os empresários não têm estímulo para produzir mais, mas, cobrando um preço maior (P1), os empresários passam a ter uma intenção maior de produção, fazendo com que alguns consumidores estejam dispostos a pagar esse preço mais caro (afinal, aquele produto está na moda). Figura 1.10 | O novo equilíbrio de mercado após um aumento da demanda Fonte: Dias (2015, p. 34). Quando ocorre uma redução na demanda – que pode ter sido causada por uma queda na renda da população, por exemplo – o deslocamento da curva para a esquerda fará com que o novo preço de equilíbrio seja menor do que o anterior e uma quantidade de equilíbrio menor também apareça (na Figura 1.11, o ponto de equilíbrio muda de (P0, q0 para p2, q2). 43 Figura 1.11 | O novo equilíbrio de mercado após uma queda na demanda Fonte: Dias (2015, p. 36). Já se a oferta aumentar (Figura 1.12) por conta de uma redução de custos, por exemplo, o resultado será uma redução no preço de equilíbrio, mas a uma quantidade maior do que a anterior (ou seja, o equilíbrio passará de P0, q0 para P1, q1). Mas por que isso acontece? Se os empresários quiserem vender mais pelo mesmo preço (fato que deslocou a curva de oferta para a direita), não haverá mais compradores para aquela mercadoria. No entanto, se os empresários diminuírem seus preços de vendas de P0 para P1 (já que seus custos de produção estão menores), eles encontrarão novos compra- dores (aumento na quantidade de equilíbrio de q0 para Q1), fazendo com que todos saiam ganhando, conforme Figura 1.12. 44 Figura 1.12 | O novo equilíbrio de mercado após o aumento da oferta Fonte: Dias (2015, p. 36). Por fim, em situações nas quais a oferta se reduz – por conta de aumento nos custos de produção, por exemplo – o resultado é um aumento no preço de equilíbrio (de P0 para P2) e uma redução na quantidade de equilíbrio (de q0 para q2), conforme Figura 1.13. Figura 1.13 | O novo equilíbrio de mercado após a redução da oferta Fonte: Dias (2015, p. 36). 45 Esses exemplos permitem a você ter uma visão dos diferentes cenários a serem enfrentados pelas empresas e que podem ser construídos a partir das interações entre as forças de oferta e demanda. Conhecê-los pode lhe colocar em uma posição privilegiada em termos estratégicos, concorda? Por isso, não perca tempo: leia o material sugerido e aprofunde-se nesses temas para que você se torne um profissional diferenciado. Até a próxima! Sem medo de errar Olá! Agora que você acompanhou toda nossa discussão sobre o equilí- brio de mercado, é o momento de voltarmos nossa atenção para o Rodrigo, que foi convocado para um encontro com uma associação de consumidores do município onde ele trabalha na secretaria de agricultura. Essa associação, bastante atuante nesta cidade de porte médio, trouxe uma reclamação a respeito do aumento excessivo do preço do quilo do tomate nas últimas semanas (R$ 10,00), e uma solicitação para que a prefeitura determine um congelamento de preços (a R$ 5,00 o quilo) do tomate no município, enquanto durar a escassez do produto, argumentando que o preço atual está impedindo que muitos consumidores façam suas compras. Rodrigo sabe que o aumento atual dos preços foi causado por uma quebra de safra, pois a secre- taria de agricultura acompanha de perto a produção agrícola do município,
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