Buscar

LIVRO_2_Economia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 49 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 2
Elasticidade e 
estrutura de mercado
Flávio Benilton da Silva Medeiros
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Imagens
Adaptadas de Shutterstock.
Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das 
imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. 
Conteúdo em websites
Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento 
pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros.
mailto:editora.educacional@kroton.com.br
http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 2
Elasticidade e estrutura de mercado ........................................................... 5
Seção 1
Elasticidade.......................................................................................... 6
Seção 2
Estrutura de mercado: concorrência perfeita e monopólio ........18
Seção 3
Estrutura de mercado: concorrência monopolística e 
oligopólio ...........................................................................................32
Unidade 2
Flávio Benilton da Silva Medeiros
Elasticidade e estrutura de mercado
Convite ao estudo
Olá, aluno, seja bem-vindo! Para que um profissional de gestão alcance 
sucesso na sua carreira, acertar na tomada de decisões é uma capacidade 
essencial. Para isso, é preciso entender o efeito de alterações nos preços e 
em outros fatores que afetam a demanda e a oferta, além de conhecer as 
diferentes estruturas de mercado e suas implicações. 
Ao entender os conceitos de elasticidade e estrutura de mercado e como 
eles impactam a gestão das organizações, você será capaz de avaliar as estra-
tégias que cada tipo de firma (empresa) pode utilizar para a maximização do 
seu lucro.
A elasticidade, assunto desta seção, é uma medida da intensidade da 
mudança, ou seja, o quanto a alteração em um fator vai impactar o compor-
tamento do outro, o que também impactará a gestão das organizações. 
Dessa forma, aprenderemos a calcular a Elasticidade Preço da Demanda, a 
Elasticidade Renda da Demanda, a Elasticidade Cruzada da Demanda e a 
Elasticidade Preço da Oferta. 
Para completar os conhecimentos microeconômicos fundamentais, 
conheceremos as diferentes estruturas de mercado: começaremos pela 
concorrência perfeita, depois conheceremos monopólio e o monopsônio 
(todas na Seção 2.2), para, em seguida, estudarmos a concorrência monopo-
lística, o oligopólio e o oligopsônio (na Seção 2.3).
O domínio desses conteúdos pode fazer muita diferença na sua vida 
profissional, então dedique-se bastante a essa unidade!
6
Seção 1
Elasticidade
Diálogo aberto
Seja bem-vindo! Vamos começar a seção com uma pergunta: será que um 
empresário precisa saber se um pequeno aumento no preço da mercadoria 
que vende vai fazê-lo perder muitos ou poucos clientes? Se você acha impor-
tante saber isso (e alguns outros entendimentos), você então já percebeu a 
necessidade de conhecer um indicador fundamental para analisar o mercado: 
a elasticidade.
Para entender a elasticidade, vamos acompanhar uma situação pode 
ocorrer com algumas pessoas: Otávio está desempregado e sobrevive dos 
aluguéis que recebe de dois apartamentos que recebeu de herança. Um 
dos imóveis, localizado no Bairro Classe A, está alugado para João por R$ 
2.500,00 mensais, enquanto o outro imóvel, localizado no bairro Classe 
B, está alugado para Pedro, no valor de R$ 750,00 mensais. O contrato de 
aluguel desses dois apartamentos está para vencer no próximo mês e, por esse 
motivo, Otávio foi conferir a documentação dos locadores. Nessa pesquisa, 
Otávio viu que a renda mensal de João é de R$ 12.000,00, enquanto a renda 
de Pedro é de R$ 1.500,00 por mês. Em uma possível renovação contratual, 
Otávio pode subir R$ 250,00 o valor do aluguel de João (o que corresponde 
a 10% do valor pago por ele, atualmente) e R$ 75,00 o valor do aluguel de 
Pedro (também 10% do valor do aluguel atualmente pago). Com base no 
conceito da Elasticidade Preço da Demanda, qual locador tem o maior risco 
de rescindir o contrato, caso esse reajuste de 10% seja feito por Otávio: João, 
que terá que desembolsar R$ 250,00 a mais por mês, ou Pedro, que terá uma 
ampliação de gasto de R$ 75,00? Se você fosse consultado por Otávio, de que 
forma o ajudaria a responder essa dúvida?
Para resolver esse problema, você precisará entender o conceito de elasti-
cidade e, em especial, aplicar a Elasticidade Preço da demanda a essa situação. 
Ao longo desta seção, você descobrirá como os diferentes tipos de elastici-
dade ajudam a prever comportamentos e a ajustar estratégias dos agentes em 
diferentes cenários. Vamos lá?
Não pode faltar
Olá, aluno! Nesta seção, vamos discutir um aspecto econômico que pode 
fazer muita diferença para as empresas: a elasticidade. Antes de começarmos, 
7
o que acha de retomarmos, de forma bem resumida, alguns assuntos que são 
importantes para o entendimento da elasticidade?
Existem vários fatores que podem afetar a intenção de compra do consu-
midor (demanda), sendo o preço o fator de maior peso. Essa constatação 
levou ao estabelecimento da lei da demanda, que afirma que o aumento nos 
preços causará redução na quantidade demandada (e vice-versa), desde que 
os outros fatores permaneçam constantes (coeteris paribus). 
A demanda é uma relação entre um conjunto de diferentes quantidades 
associadas a um conjunto de preços. Sendo assim, cada preço determina uma 
quantidade demandada específica, e mudanças nos preços levam a alterações 
nas quantidades demandadas, sem que a relação fundamental (a demanda) 
seja modificada. Contudo, existem fatores que podem fazer com que o consu-
midor mude a sua decisão de compra, mesmo que os preços não se alterem, 
ou seja, são os fatores que causam mudanças na curva da demanda. O mesmo 
raciocínio se aplica à curva de oferta. 
Assimile
Quando os preços mudam, ocorre uma mudança de pontos ao longo da 
mesma curva, pois a demanda continua a mesma. Quando a curva de 
demanda se desloca, a demanda foi alterada. Nesse caso, o consumidor 
altera a quantidade consumida, mesmo que os preços não tenham mudado.
Você já sabe que se o preço de um bem aumenta, a tendência é que seja 
reduzida a sua procura. Mas será que a reação na demanda de todos os 
produtos a uma mudança de preços terá a mesma intensidade? Certamente 
que não.
Talvez você nunca tenha se defrontado com essa questão e possa estar se 
perguntando: mas qual a necessidade disso? Se uma empresa sabe de antemão 
como os consumidores reagirão a uma alteração do preço, isso afetará a sua 
estratégia. Na verdade, essa característica pode afetar até algumas políticas 
governamentais, como veremos mais adiante. Quer entender isso melhor?
Suponha que um consumidor gaste mensalmente a mesma quantia com 
transporte e com lazer. Se ambos os serviços sofrerem um aumento de 10% 
nos seus preços, a queda no consumo não será igual, concorda? É de se 
esperar que os gastos com transporte caiam menos do que os gastos com 
lazer, frente ao mesmo percentual de aumento do preço. 
Como, então, medir a intensidade desse impacto? A ferramenta utilizada 
é a elasticidade, que pode ser definida como a intensidade da mudança em 
um fator causado por uma mudança em outro fator relacionado. 
8
Como estamos analisando o efeito de mudanças nos preços sobre a 
demanda, a elasticidade a ser calculada é chamada deElasticidade Preço da 
Demanda (EPD), que é obtida dividindo-se a variação percentual na quanti-
dade demandada (ΔQ) pela variação percentual no preço (ΔP).
EPD = Variação % Quantidade Demandada Mercadoria X = D
D
Q
P Variação % Preço Mercadoria X
Como a relação entre preços e quantidades demandadas é negativa (pois 
se o preço sobe, a demanda muda em sentido oposto, ou seja, ela diminui), a 
elasticidade preço da demanda também será sempre negativa, pois, coeteris 
paribus, sempre que o preço subir, a demanda será menor, e vice-versa. Por 
isso, nessa análise não consideramos o sinal.
Exemplificando
Suponha que com o aumento de 10% nos preços, o consumidor passe a 
demandar 5% a menos de transporte. Isso significa que a alteração na 
quantidade demandada ocorre em uma intensidade menor do que a 
alteração nos preços. 
Para calcular o valor da elasticidade basta dividir a variação da demanda 
(-5%) pela variação no preço (10%), obtendo o valor 0,5. Observe que 
como a relação entre preço e quantidade demandada é inversa, o sinal 
da EPD será negativo. Mas não se preocupe com o sinal agora, pois 
nessa análise não o levaremos em consideração.
EPD = Variação % Quantidade Demandada Mercadoria X = ∆
∆
Q
P
=
−
=
5
10
0 5%
%
,
 Variação % Preço Mercadoria X
E no caso do lazer? Vamos supor que o aumento também de 10% no 
preço gere uma redução de 30% no consumo, ou seja, a queda na quanti-
dade demandada de lazer foi mais do que proporcional à elevação do 
preço desse serviço. Repete-se o processo:
EPD = Variação % Quantidade Demandada Mercadoria X = ∆
∆
Q
P
=
−
=
30
10
3 0%
%
,
 Variação % Preço Mercadoria X
Como o valor de 3 é superior ao valor 0,5, consideramos que a demanda 
de lazer é mais elástica (sensível) em relação ao preço do que a demanda 
por transporte.
Observe que todas as vezes que a intensidade da mudança na quantidade 
demandada for superior à intensidade da mudança no preço (ambas medidas 
em porcentagem), o valor da elasticidade será maior do que a unidade (EPD 
9
> 1). Nessa condição, dizemos que aquele produto apresenta uma demanda 
“elástica”. Dessa forma, a partir do exemplo trazido, como a EPD do lazer é 
de 3 (desconsiderando o sinal), essa demanda é classificada como elástica, ou 
seja, a alteração percentual da demanda é superior à intensidade percentual 
da mudança dos preços. 
Por outro lado, utilizando o exemplo apresentado, vemos que a EPD do 
transporte é 0,5 (desconsiderando o sinal), mostrando que a sua demanda 
é pouco sensível (inelástica) a alterações de preço. Sempre que a EPD for 
menor do que 1 (EPD < 1), ela é inelástica. 
Vocabulário
Em economia, a palavra elástica significa sensível, ou seja, se a EPD é 
elástica (EPD > 1), isso significa que a quantidade demandada de um 
bem é bastante sensível a alterações de preço. Da mesma forma, se a 
EPD de uma mercadoria for inelástica (EPD < 1), isso quer dizer que a 
quantidade demandada de um bem é pouco sensível a alterações em 
seu preço.
Assimile
Quando um bem ou serviço tem EPD elástica, a intensidade da alteração 
da quantidade demandada é maior do que a intensidade da alteração 
nos preços, ou seja, a demanda é sensível a alterações nos preços. Já nos 
produtos com EPD inelástica, a intensidade da alteração da quantidade 
demandada é menor do que a intensidade da alteração nos preços, ou seja, 
a quantidade demandada é pouco alterada por mudanças nos preços.
Quais seriam, então, os motivos que afetam a Elasticidade Preço 
da Demanda, ou seja, o que faz a EPD de um bem ser elástica ou inelás-
tica? Existem três fatores principais: 1. A disponibilidade de substitutos; 
2. A essencialidade e; 3. A participação no orçamento do consumidor 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Vamos começar pela disponibilidade 
de bens substitutos? 
Quanto maior o número de produtos substitutos (ou seja, bens similares 
que podem ser adquiridos em substituição a outros, como: manteiga e 
margarina; carne de frango e carne bovina etc.), mais elástica tende a ser 
a demanda, ou seja, a reação da quantidade demandada a mudanças nos 
preços tende a ser maior. Um produto com poucos substitutos, como o sal 
de cozinha, apresenta uma elasticidade reduzida (EPD inelástica), pois se o 
preço do sal subir muito, como os consumidores não têm à sua disposição 
outras mercadorias que apresentam a mesma finalidade do sal (ou seja, não 
10
há bens substitutos), eles vão reduzir, menos do que proporcionalmente (ao 
aumento do preço) a quantidade demandada do sal. Por outro lado, se um 
consumidor possui um carro flex, para ele, etanol e gasolina serão substi-
tutos. Dessa forma, pequenos aumentos percentuais no preço da gasolina, 
por exemplo, farão a quantidade demandada (em termos percentuais) pela 
gasolina diminuir bastante, já que os consumidores passarão a comprar o 
bem substituto dela (no caso, o etanol). Cabe destacar que esse efeito substi-
tuição ocorre também entre produtos similares, de marcas concorrentes.
Reflita
No Brasil, alguns anos atrás, os carros não eram flex. Isso significa dizer 
que eles eram abastecidos ou com gasolina ou com etanol. Em uma 
situação dessa, se uma pessoa tivesse um veículo que só pudesse ser 
abastecido com gasolina, o que aconteceria com a quantidade deman-
dada de gasolina, quando o preço do litro desse combustível subisse, 
por exemplo, 10%? A demanda cairia mais ou menos do que 10%? 
Reflita sobre o assunto.
O segundo fator (essencialidade) tem a ver com a característica dos 
produtos, se são essenciais ou supérfluos. Nesse caso, quanto mais essen-
cial for aquele bem para o consumidor, mais inelástica será sua demanda. 
Para entender isso, imagine que uma pessoa não consiga ficar sem comer 
um determinado chocolate, toda noite. Para esse indivíduo, o chocolate é 
um bem muito essencial, e aumentos no preço do chocolate trarão reduções 
da demanda menos do que proporcionais à essa ampliação no preço (EPD 
inelástica). Já para outro indivíduo, o consumo de chocolate pode ser visto 
como supérfluo, não essencial. Assim, para ele, aumentos no preço do choco-
late trarão reduções mais do que proporcionais na demanda desse produto, já 
que ele não faz tanta questão de comer aquele doce (ou seja, a EPD é elástica). 
É por isso que quando consideramos o comportamento de um conjunto de 
consumidores, itens como remédios e energia elétrica têm sua demanda 
menos afetada pelos preços do que roupas, por exemplo, já que a maioria das 
pessoas considera remédios e energia elétrica como bens muito essenciais.
Por fim, a participação (peso) no orçamento do consumidor indica que, 
quanto maior a fatia da renda gasta em determinado bem ou serviço, maior 
será sua EPD (e vice-versa). É por isso que produtos como balas e chicletes 
tendem a ter EPD inelástica, pois mesmo que o preço deles mude bastante, o 
efeito sobre a decisão do consumidor de adquirir mais ou menos desses itens 
será baixo, já que o peso dessa compra dos doces no orçamento do consu-
midor será sempre muito pequeno. Assim, quando você decide comprar uma 
11
bala que custava 20 centavos, se o preço dela se alterar para 25 centavos ou 15 
centavos, isso pouco afetará sua decisão, e a razão é que mesmo que a inten-
sidade do aumento tenha sido elevada, a parcela da sua renda utilizada para 
comprar balas é tão pequena que isso não fará muita diferença. Por outro 
lado, o aluguel acaba abocanhando uma grande fatia do orçamento de muitas 
pessoas. Nessas situações, pequenos aumentos em seus valores fazem com 
que os locadores passem a buscar novos locais para morar.
Reflita
Para populações de menor renda, apesar da porcentagem da renda 
gasta em alimentação ser muito elevada, esses produtos apresentam 
baixa elasticidade por não terem substitutos e serem essenciais. Por 
isso, principalmente em países mais pobres, o aumento no preço 
de alimentos costuma trazer muitos problemas, às vezes até de 
ordem política. Que tipo de ação governamental poderiaser feita 
para minimizar, de forma imediata, os efeitos negativos trazidos pelo 
aumento do preço de alimentos? Reflita sobre o assunto.
Depois que vimos a EPD, vamos, agora, estudar como podemos medir o 
grau do efeito da renda do consumidor sobre a demanda dos bens e serviços.
A renda é um dos fatores que mais afetam a decisão do consumidor, 
sendo que, normalmente, quando a renda de um consumidor é elevada, a 
tendência é que a demanda de um bem também seja ampliada. 
Contudo, a resposta da demanda a mudanças na renda não será a mesma 
entre os diferentes produtos, por isso, é necessário calcular a Elasticidade 
Renda da Demanda (ERD), definida como a intensidade da alteração na 
quantidade demandada de um produto causada por uma mudança na renda 
do consumidor. Para fazermos esse cálculo, dividimos a variação percentual 
na quantidade demanda de um bem pela variação percentual na renda de um 
consumidor (DIAS, 2015).
ERD = Variação % na Quantidade Demandada Mercadoria X = D
D
Q
R Variação % na Renda do consumidor
Para quase todos os produtos, aumentos na renda de um consumidor 
trazem aumentos nas quantidades demandadas, por isso, o sinal da ERD é 
positivo (ERD > 0). Há, no entanto, uma condição apresentada por alguns 
produtos, cujo consumo se reduz quando a renda aumenta. Esses bens são 
chamados de inferiores e apresentam ERD negativa (ERD < 0) (BRAGA, 
2019). 
12
Como exemplo de bens inferiores temos produtos como: farinha de 
mandioca, salsicha, marcas mais populares de alimentos industrializados, entre 
outros, utilizados por consumidores com menor poder aquisitivo que, quando 
têm a sua renda ampliada, são substituídos por produtos de melhor qualidade 
nutricional e sabor, como os derivados do trigo e as carnes, respectivamente. O 
que ocorre é que se uma pessoa tem uma renda muito baixa, ela compra salsicha 
por não ter dinheiro para comprar carne. No entanto, se a renda dela aumentar, 
passará a comprar menos salsicha, substituindo esse item pela compra de carne, 
por exemplo (por isso, a salsicha é classificada como um bem inferior, já que 
ampliações de renda levam a pessoa a demandar menos esse bem). 
Mas vamos concentrar os estudos nos quais a ERD é positiva (ERD > 0), 
pois a ocorrência de bens inferiores é menos frequente. Para isso, analisa-
remos dois tipos de bens: os normais e os superiores. Os bens normais são 
aqueles cujo consumo é pouco afetado por variações na renda, de forma que 
alterações na renda causarão mudanças na demanda no mesmo sentido, mas 
com uma proporção menor. Os bens normais apresentam ERD maiores do 
que zero e menores do que um: 0 < ERD < 1. 
De uma forma geral, os produtos e serviços diretamente ligados às 
necessidades básicas são bens normais, enquanto aqueles mais elaborados 
e supérfluos são bens superiores (ERD > 1). Por exemplo, a tendência é que 
o consumo que uma família faz de arroz, macarrão, feijão mude pouco com 
alterações na renda, mas o consumo de iogurte, vinho, joias, por exemplo, 
seja bastante alterado com mudanças na renda.
Exemplificando
Imagine que a renda de uma família seja ampliada em 10%. O mais 
provável é que o aumento no consumo de alimentos básicos seja em 
um percentual menor do que 10%. Se for de 2%, a ERD será igual a 0,2, 
caracterizando o arroz como um bem normal.
ERD = Var. % na Quantidade Demandada Mercadoria X = ∆
∆
Q
R
= =
2
10
0 2%
%
,
 Variação % na Renda do consumidor
Por outro lado, a ampliação do gasto de sua família com cultura e lazer, 
em resposta a uma ampliação na renda de 10%, deverá ser maior do 
que 10%. Se for de 15%, a ERD será igual a 1,5, caracterizando esses 
produtos (serviços) como superiores, pois apresentam uma mudança da 
demanda em percentual superior às alterações na renda.
ERD = Var. % na Quantidade Demandada Mercadoria X = ∆
∆
Q
R
= =
15
10
1 5%
%
,
 Variação % na Renda do consumidor
13
O último aspecto que afeta diretamente a intenção do consumidor de 
adquirir mais ou menos de um produto (demanda), sem que o preço dele 
tenha sido alterado, é o preço de outros produtos relacionados. Pense: a 
demanda por refrigerantes pode ser alterada por mudanças nos preços 
dos sucos? E a demanda por areia para construção, é afetada pelo preço do 
cimento? 
Quando tratamos dessas relações, estamos estudando a Elasticidade 
Cruzada da Demanda (ECD), que nos traz o entendimento dos bens substi-
tutos e dos bens complementares. Para melhor compreensão desses conceitos, 
que tal uma situação prática? 
Quando você vai ao mercado comprar um produto, é provável que você 
veja também outros que podem substituí-lo, concorda? Imagine o consu-
midor que foi ao supermercado disposto a comprar carne de boi, mas que, 
ao chegar no setor de carnes, depara-se com uma oferta de carne suína. Essa 
oferta é suficiente para que ele compre menos carne bovina e adquira uma 
quantidade de carne suína que não havia planejado comprar inicialmente. 
Note que ele não consumiu uma quantidade menor de carne de boi porque o 
preço da carne de boi subiu, mas porque o preço de outra mercadoria, a carne 
de porco, diminuiu. Essa é uma situação em que existem produtos substi-
tutos, que são aqueles que disputam entre si a escolha do mesmo consumidor. 
Nessa situação, a ECD é positiva (ECD > 0), ou seja, a mudança no preço de 
um bem causará uma mudança na quantidade demandada do outro bem, no 
mesmo sentido (uma redução no preço da carne de boi faria a demanda por 
carne de porco reduzir, por exemplo). 
Já nos produtos complementares, a relação é inversa: quando o preço 
de uma mercadoria aumenta, a demanda por outra mercadoria diminui. 
Isso ocorre porque esses produtos são utilizados em conjunto. Quer ver um 
exemplo? Imagine dois materiais de construção, como brita e areia: basta que 
o preço de apenas um deles suba para alterar o consumo de ambos, concorda? 
Em termos matemáticos, a diferença entre as duas ECD é apenas no 
sinal: os produtos substitutos apresentam ECD positiva (ECD > 0), pois a 
variação no preço de um produto gerará uma alteração no mesmo sentido 
na demanda do outro produto. Por outro lado, os produtos complementares 
apresentam ECD negativa (ECD < 0), ou seja, quando ocorre um aumento de 
preço de um produto, a demanda de um outro bem (adquirido em conjunto 
com ele) diminuirá e vice-versa. No caso, se o preço da brita aumentar, a 
redução no consumo da brita se estenderá ao consumo de areia (mesmo se o 
preço da areia não se alterar) pois são compradas juntas. 
Por fim, é preciso que você conheça a Elasticidade Preço da Oferta 
(EPO). Agora que você já entendeu as elasticidades da demanda, ficará fácil 
14
entendê-la, pois ela é a medida da intensidade da alteração da quantidade 
ofertada causada por uma alteração nos preços. 
Na análise desse indicador é indispensável que prazo de análise seja o 
mesmo, e sabe por quê? Os processos produtivos são diferentes, e por isso o 
tempo necessário para que a quantidade ofertada seja modificada dependerá 
dos fatores envolvidos. Dessa forma, produtos cujo processo de produção 
possa ser mais facilmente alterado (em termos de tempo) terão uma oferta 
mais elástica do que produtos cujo processo de produção é mais complexo 
e que demandem mais tempo para serem alterados. Assim, produtos com 
oferta elástica apresentam EPO > 1, ou seja, a resposta da quantidade ofertada 
é mais intensa do que a variação no preço, enquanto produtos com EPO 
inelástica (0 < EPO < 1) têm uma oferta que responderá de forma menos 
intensa a variações nos preços.
Assim, encerramos nossa discussão sobre elasticidade. Espero que você 
tenha percebido a aplicabilidade desse conceito para nossas decisões de 
consumo e para as estratégias das empresas. Bons estudos!
Sem medo de errar
No desafio apresentado no início desta seção, você foi convidado a ajudar 
Otávio a tomar uma decisão. Ele tem dois imóveis que estão alugados: o 
imóvel localizado no bairro Classe A está alugado paraJoão por R$ 2.500,00 
mensais (João tem uma renda de R$ 12.000,00 mensais), enquanto o imóvel 
localizado no bairro Classe B está alugado para Pedro, no valor de R$ 750,00 
(Pedro tem uma renda de R$ 1.500,00 mensais). Com base no conceito da 
Elasticidade Preço da Demanda, qual locador tem o maior risco de rescindir 
o contrato, caso Otávio traga um reajuste de 10% aos imóveis: João (que 
terá que desembolsar R$ 250,00 a mais por mês) ou Pedro (que terá uma 
ampliação de gasto de R$ 75,00)?
Para aconselhar Otávio, com base na Elasticidade Preço da Demanda, 
você deve dizer a ele que um dos fatores que influi na EPD é o percentual da 
renda gasto com aquele item (ou seja, o peso no orçamento do consumidor). 
Ora, enquanto, atualmente, o aluguel consome cerca de 20% da renda do 
João (ele gasta R$ 2.500,00 de aluguel, mas ganha R$ 12.000,00 mensais), esse 
peso corresponde a 50% da renda de Pedro (ele gasta R$ 750,00 de aluguel, 
tendo uma renda de R$ 1.500,00 por mês). Assim, como consome boa parte 
da renda de Pedro, isso faz com o item aluguel tenha grande tendência a 
apresentar uma EPD elástica para ele, ou seja, pequenos aumentos no valor 
do aluguel vão impactar de forma muita intensa a demanda de Pedro. Por 
outro lado, um aumento de R$ 250,00 no valor do aluguel cobrado de João 
15
vai fazer com que cerca de 23% da sua renda fique comprometida com o seu 
pagamento, fazendo com que haja uma tendência de João ter uma EPD mais 
inelástica com relação ao aluguel. 
Com essas informações (e como o Otávio está desempregado e ficar sem 
o valor do aluguel pode fazer muita diferença), você pode dizer a ele que 
é mais prudente negociar com o Pedro um menor percentual de aumento 
no valor do aluguel (para que ele se mantenha no imóvel) enquanto que, 
com João, o aumento de R$ 250,00, provavelmente, não vai fazê-lo rescindir 
contrato de locação com Otávio.
Avançando na prática
Preços ou propaganda
Bruno acabou de adquirir uma pequena loja de confecções cujo dono 
anterior cometeu muitos erros na condução dos negócios e acabou indo à 
falência. A loja está com um grande número de peças de vestuário que estão 
fora de moda, e Bruno precisa recuperar alguma parte dos recursos inves-
tidos na aquisição do negócio. Ele estava pensando em fazer uma campanha 
no rádio da cidade avisando que a loja está sob nova direção, que as insta-
lações foram modernizadas, o atendimento melhorou etc., mas ouviu de 
um amigo que está estudando economia que peças de vestuário apresentam 
elevada Elasticidade Preço da Demanda e ele deveria levar isso em conside-
ração. Como esse conhecimento pode ajudar o Bruno a escolher uma estra-
tégia eficiente?
Resolução da situação-problema
Como você já sabe, as peças de vestuário apresentam uma demanda 
muito elástica (sensível) em relação aos preços. Isso quer dizer que a reação 
da demanda a mudanças de preços será em uma intensidade muito maior. 
Por isso, como as peças estão fora de moda, ações de propaganda apresen-
tarão resultados muito limitados. A melhor estratégia é promover uma 
redução nos preços ou promoções do tipo leve quatro pague três, de forma 
a estimular os compradores a aumentar o número de peças. Certamente o 
lucro por peça cairá, mas como a maior necessidade agora é recuperar os 
recursos investidos e descartar as peças que dificilmente serão vendidas, não 
há dúvidas de que esse seja o melhor caminho.
16
Faça valer a pena
1. O conceito de elasticidade revela a intensidade da alteração em uma 
variável causada pela alteração em outra. Essas variáveis podem ser: demanda 
e preço de uma mesma mercadoria ou de mercadorias diferentes; renda e 
demanda, oferta e preço, entre outras. 
Um produto cuja quantidade demandada diminua em 20% em resposta a 
uma ampliação de preço de 10%, deve ter sua Elasticidade Preço da Demanda 
classificada como:
a. Elástica.
b. Inelástica. 
c. Normal.
d. Inferior. 
e. Superior.
2. Uma das formas mais eficientes de determinar a relação entre dois 
produtos é calcular a Elasticidade Cruzada da Demanda (ECD) deles. A ECD 
mostra como alterações de preço de uma mercadoria impactam a demanda 
de outra mercadoria (que não teve seu preço modificado). 
Se a ECD entre dois produtos é positiva, podemos dizer que esses produtos são:
a. Substitutos. 
b. Complementares.
c. Elásticos.
d. Inelásticos.
e. Superiores.
3. A elasticidade é um elemento fundamental para conhecer as condições de 
mercado, permitindo que, a partir delas, sejam feitas previsões econômicas. 
De acordo com as informações apresentadas no quadro a seguir, faça a 
associação das características listadas na Coluna A com o resultado de suas 
respectivas elasticidades, apresentados na Coluna B:
17
Quadro | Elasticidades e suas características
COLUNA A COLUNA B
I. A ampliação no preço de um bem causará 
uma diminuição na demanda de outro bem
1. Elasticidade Cruzada da Demanda 
positiva
II. A ampliação no preço de um bem causará 
um aumento na demanda de outro bem
2. Elasticidade Cruzada da Demanda 
negativa
III. Alterações nos preços de um bem 
causarão uma mudança na quantidade da 
demanda dele, em uma intensidade inferior
3. Elasticidade Preço da Demanda maior do 
que um
IV. Alterações nos preços de um bem 
causarão uma mudança na quantidade da 
demanda dele, em uma intensidade superior
4. Elasticidade Preço da Demanda menor 
do que um
Fonte: elaborado pelo autor.
Assinale a alternativa que apresenta a associação CORRETA entre as colunas.
a. I - 4; II - 3; III - 2; IV - 1. 
b. I - 2; II - 1; III - 4; IV - 3.
c. I - 4; II - 1; III - 2; IV - 3.
d. I - 3; II - 4; III - 1; IV - 2.
e. I - 1; II - 3; III - 2; IV - 4.
18
Seção 2
Estrutura de mercado: concorrência perfeita e 
monopólio
Diálogo aberto
Olá, é uma alegria estarmos juntos nesta seção! Agora, vamos conhecer 
como os mercados funcionam na prática por meio das estruturas de mercado. 
Mas o que termos como monopólio e concorrência perfeita tem a ver com 
a estratégia das empresas? Para responder a essa importante pergunta, 
acompanharemos a decisão que o Haroldo, um empreendedor do agrone-
gócio, precisa tomar. Vamos conhecer a história dele? 
Depois de muito tempo morando em uma grande cidade, Haroldo 
decidiu arrendar uma área no interior do país para produzir soja. Nessa 
empreitada, ele está contando com o apoio do seu sócio, Cláudio, que tem 
bastante experiência na condução da cultura. Conversando sobre as estraté-
gias a serem empregadas, Cláudio sugeriu a Haroldo que buscasse alterna-
tivas para criar uma marca para a sua soja e, assim, conseguir agregar valor 
ao seu produto. Contudo, Haroldo está com dúvidas se essa seria uma estra-
tégia viável para a soja que ele vai produzir.
Uma informação que ele tem é que a soja é uma commodity, ou seja, 
um produto padronizado em escala mundial, cujo preço é determinado pelas 
forças de oferta e demanda, sendo sinalizado globalmente pelas operações 
da Bolsa de Mercadorias de Chicago, a CBOT. A partir dessas informações, 
Haroldo precisa responder à seguinte pergunta: a criação de uma marca para 
a soja produzida na sua fazenda é uma estratégia viável para aumentar as 
vendas ou é mais recomendável a utilização de outras estratégias?
Para responder essa pergunta, precisaremos definir em qual estrutura de 
mercado opera uma fazenda de soja para, em seguida, estipularmos quais as 
estratégias que poderão ser utilizadas. Vamos lá? 
Não pode faltar
Olá, aluno! Gostou do que já vimos até agora? É interessante que você 
tenha segurança dos conceitos já apresentados, pois esse é um momento 
muito importante, no qual analisaremos um tema que pode afetar direta-
mente o resultado das empresas e que também tem muito a ver com as 
19
condições que enfrentamos ao realizar nossas compras como consumidores: 
as estruturas de mercado.
Você já deve ter percebido que nem sempre os agentes (empresas, por 
exemplo) têm forças iguais no mercado, não é mesmo? Mas, quando isso 
ocorre, quais as consequências para omercado? Além disso, o governo deve 
atuar para evitar esse tipo de situação? Se você já percebeu que essas perguntas 
podem alterar o desempenho de uma empresa, já entendeu a importância de 
estudarmos as estruturas de mercado.
Você sabe o que são as estruturas de mercado? Não? Vamos à explicação! 
Assim como qualquer pessoa, as empresas não agem sozinhas em uma socie-
dade, já que estão inseridas em mercados (locais, virtuais ou reais, em que 
compradores e vendedores negociam e realizam transações econômicas) com 
diferentes características. Essas características dependem de três variáveis: 
1. Número de participantes (ou seja, número de compradores e 
vendedores). 
2. Diferenciação (ou não) do produto transacionado entre as empresas.
3. Existência (ou não) de barreiras para a entrada de novas empresas 
nesse mercado. 
Assimile
Para classificar uma estrutura de mercado é preciso ter informações 
a respeito: das barreiras à entrada, da força relativa dos agentes e da 
homogeneidade dos produtos.
Em primeiro lugar, é preciso saber que o número de empresas que fazem 
parte de um mercado é um aspecto fundamental para a classificação das 
diferentes estruturas de mercado, pois a presença de muitas organizações 
disputando os mesmos clientes vai gerar uma concorrência entre elas. É 
importante esclarecer que, em economia, a concorrência é vista como uma 
ferramenta que beneficia toda a sociedade, pois incentiva as empresas e a efici-
ência, amplia a escolha dos consumidores e contribui para reduzir os preços 
e melhorar a qualidade da mercadoria ou do serviço prestado (COMISSÃO 
EUROPEIA, 2012). De forma análoga, podemos lembrar que Ayrton Senna 
dizia que grande parte da sua eficiência e de seu sucesso profissional estavam 
atrelados a outro ótimo piloto que concorria com ele nas pistas de Fórmula 1, 
Alain Prost, pois essa rivalidade motivava o piloto brasileiro a sempre buscar 
alternativas de ser melhor do que o francês (COURREGE; LOPES, 2014). 
Conhecer a estrutura de mercado em que uma empresa está inserida é 
fundamental para balizar a escolha de estratégias fundamentais, tais como 
20
determinação do preço de venda, gastos com propaganda, infraestrutura 
produtiva e pesquisa e desenvolvimento, entre outras que caracterizam a 
conduta das empresas.
Para entender melhor as diferentes estruturas de mercado, utilizaremos 
uma das ferramentas mais poderosas da economia: os modelos. Da mesma 
forma que um manequim ou um boneco em uma loja de roupas dá uma ideia 
do que seja um corpo humano, os modelos econômicos permitem uma visão 
da realidade que, apesar de não ser perfeita, fornece informações suficientes 
que permitem o seu entendimento e também trazem indicações dos resul-
tados que virão a partir das decisões tomadas. 
Assimile
Os modelos econômicos são simplificações que, apesar de não serem 
perfeitas, permitem uma compreensão superior da realidade e possibi-
litam simulações de resultados
Nesta seção, vamos estudar alguns dos principais modelos das estruturas 
de mercado: competição (concorrência) perfeita, monopólio e monopsônio. 
Vamos, então, começar por aquela que é considerada a estrutura ideal, na 
qual os agentes negociariam os preços e as quantidades dos produtos e 
serviços em igualdade de forças. Esse é o modelo de competição perfeita, ou 
concorrência perfeita. 
A primeira característica desse modelo é que, como há uma grande 
quantidade de compradores e vendedores (o mercado é atomizado), nenhum 
dos agentes tem uma participação significativa no mercado a ponto de 
conseguir influenciar individualmente os preços dele. Isso implica em que 
nenhum comprador, por maior que seja a quantidade que consiga adquirir, 
individualmente, conseguirá reduzir o preço de mercado. Da mesma forma, 
nenhum comprador terá uma participação tão elevada nesse mercado, que 
consiga levá-lo, individualmente, a alterar os preços. Como consequência, a 
entrada ou saída de algum agente (comprador e/ou vendedor) não vai alterar 
as condições de equilíbrio desse mercado.
A segunda característica é que os produtos são homogêneos, ou seja, 
os consumidores consideram os produtos exatamente iguais, não fazendo 
distinção entre os diferentes fornecedores. Por isso, tentativas de criação de 
marcas ou de estabelecimento de preços diferentes por parte dos vendedores 
não costumam valer a pena (mesmo que o produtor ache que o seu produto 
é diferente do concorrente, se essa diferença não for percebida pelo consu-
midor, isso não vai adiantar nada). 
21
Exemplificando
O mercado de frutas e hortaliças é um bom exemplo de produtos 
homogêneos: quando você vai à feira ou a um supermercado, não 
encontrará marcas diferentes de laranjas ou de tomates, por exemplo. 
Isso ocorre porque, na prática, você e os outros consumidores não 
estão dispostos a pagar mais por uma marca de tomate específica, pois 
esses produtos não são vistos como diferentes (o tomate produzido na 
Fazenda A vai ser praticamente igual ao tomate produzido na Fazenda B; 
assim, se um supermercado comprar tomate desses dois fornecedores 
e colocá-los, juntos, na mesma gôndola, para revendê-los, o consumidor 
não conseguirá dizer qual é o tomate da Fazenda A e qual é o da Fazenda B).
Outra característica da estrutura de mercado em concorrência perfeita é 
a inexistência de barreiras para a entrada de novos participantes. As barreiras 
à entrada são definidas como o custo que uma nova firma terá que enfrentar 
para participar de um mercado e que não existe para aquelas que já estão 
estabelecidas. Por exemplo: quando uma firma decide entrar em um mercado 
em que terá de enfrentar marcas consolidadas, ela se defrontará com uma 
barreira à entrada. Além desse fator, patentes, determinações governamen-
tais, domínio de tecnologias de ponta, economia de escala, curva de aprendi-
zado, alta necessidade de capital, acesso a canais de distribuição constituem 
barreiras à entrada (BASTOS, 2014). De forma similar, quando uma empresa 
sabe que os custos de abandonar uma atividade são elevados (um maqui-
nário específico que não é vendido facilmente, por exemplo), ela será desin-
centivada a entrar nesse mercado, ou seja, as barreiras à saída funcionam 
também como barreiras à entrada. 
Em um ambiente de barreiras reduzidas ou mesmo inexistentes (como o 
de concorrência perfeita), sempre que uma firma apresentar um lucro elevado, 
outras poderão entrar no mercado, aumentando a oferta e reduzindo o preço 
de equilíbrio dele. Como consequência, mercados mais competitivos como 
os de concorrência perfeita tendem a apresentar preços menores e produtos 
de melhor qualidade no longo prazo, beneficiando toda a população. 
Além dessas três características citadas, outro pressuposto da concor-
rência perfeita é que os agentes tenham completo acesso às informa-
ções disponíveis (característica chamada de simetria da informação). Por 
exemplo, em uma feira livre (que é um dos exemplos mais usados de concor-
rência perfeita), você pode coletar todas as informações disponíveis sobre os 
produtos à venda nas diferentes barracas antes de efetuar sua compra. Assim, 
como os produtos são homogêneos, se um feirante cobrar um preço acima 
das outras barracas, todos os consumidores vão saber dessa informação, 
22
fazendo com que ninguém compre com aquela pessoa que está cobrando um 
preço acima dos demais.
E quais as implicações para uma empresa (firma) que opera em um 
mercado de concorrência perfeita? Em termos de preços, se ela quiser vender 
o seu produto abaixo do preço de equilíbrio do mercado, isso significa tomar 
uma decisão pouco racional pois, como sua quantidade ofertada é pequena 
em relação ao mercado, ela apenas venderá seu produto mais rápido, bastando 
aos outros produtores esperar que ela venda todo o seu estoque para que 
o preço retorne à condição de equilíbrio. Em contrapartida, se a empresa 
tentar vender a um preço maior do que o preço de equilíbrio, os consumi-
dores saberão que outros produtores estarão ofertando o mesmo produtoa 
um preço menor, e ela não conseguirá vender nada. Assim, os vendedores 
que participam de um mercado em concorrência perfeita são tomadores de 
preços – price takers (eles simplesmente têm que adotar o preço estipulado 
no equilíbrio do mercado, sem ter poder de alterá-lo).
E a diferenciação de produtos, será que é uma estratégia válida? Pense: como 
o consumidor considera os produtos homogêneos (lembra, por exemplo, que 
os tomates produzidos pelas Fazenda A e B eram indistinguíveis?), a diferen-
ciação ou criação de marcas não é uma estratégia recomendada, pois o consu-
midor acabará optando sempre pelo produto de menor valor. Dessa forma, o 
foco de um produtor operando em um mercado de concorrência perfeita terá 
de ser, obrigatoriamente, a redução de custos, pois ele também não terá como 
cobrar um preço superior ao preço praticado no mercado. 
Reflita
Você certamente já ouviu falar da Revolução Industrial e dos seus impactos 
sobre o progresso da humanidade. Contudo, a revolução que talvez mais 
venha a moldar o futuro da humanidade seja a dos meios de comunicação: 
hoje, o custo de conversar, obter informações e fazer negócios com uma 
pessoa do outro lado do mundo tende a zero. 
Essa redução de custos de comunicação permite ao consumidor obter 
informações a respeito dos produtos que deseja junto a diferentes consu-
midores. De que forma esse processo se assemelha a uma das caracterís-
ticas da estrutura de mercado de concorrência perfeita? Reflita sobre isso. 
Pode acontecer que uma ou mais empresas, operando em um determi-
nado mercado de concorrência perfeita, apresentem um lucro acima de outras 
empresas (que é chamado de lucro extraordinário ou lucro supranormal). 
Por exemplo: ao longo de 2019 ocorreu um aumento no preço das carnes de 
boi e de porco por conta de uma elevação de 40,4% nas importações de carne 
23
de porco pela China, nos oito primeiros meses do ano, em comparação com 
o mesmo período de 2018 (IMPORTAÇÕES..., 2019). Esse processo ocorreu 
por conta de uma epidemia de peste suína que obrigou a um abate de cerca 
de 40% do plantel chinês. Em consequência disso, os lucros dos suinocultores 
brasileiros aumentarão; mas esse resultado financeiro acima da média não 
vai durar muito tempo. Você sabe por qual motivo? Simples: esse lucro vai 
estimular outros produtores a entrarem no mercado (ou os próprios produ-
tores aumentarão sua oferta) para aproveitarem esse lucro maior (já que no 
mercado estruturado como concorrência perfeita não há barreiras para a 
entrada de novos participantes). Isso deslocará a curva da oferta da carne 
de porco para a direita, fazendo com que o preço de equilíbrio diminua, 
reduzindo, consequentemente, o lucro extraordinário (até que ele seja total-
mente eliminado, com reequilíbrio da oferta) 
Essa situação está representada na Figura 2.1 a seguir. Um possível 
aumento de oferta de carne suína no mercado deslocaria a curva de oferta 
de O para O’, fazendo com que o preço de equilíbrio diminuísse de p0 para 
p1. Com esse preço menor, o lucro extraordinário dos suinocultores iria 
diminuir, havendo, inclusive, a possibilidade de ele ser extinto, caso uma 
quantidade ainda maior de produtores dessa carne entre nesse mercado, o 
que reduziria ainda mais o preço de equilíbrio dele. 
Figura 2.1 | A redução do preço de equilíbrio após deslocamento da curva de oferta
Fonte: Braga (2019, p. 36).
Ainda que nem sempre seja possível determinar que um mercado 
funcione exatamente da forma como preconiza o modelo de concorrência 
perfeita, o entendimento das vantagens é suficientemente forte para fazer 
24
com que muitos governos mantenham estruturas e leis para estimular o 
aumento da concorrência e, assim, trazer benefícios à sociedade.
Apesar de você, provavelmente, já ter vivenciado uma experiência 
de consumo em um ambiente próximo ao da competição perfeita, o mais 
provável é que em seus processos de compra você tenha se deparado com 
situações nas quais você não tinha alternativas de alterar os preços, e se sentia 
com menos poder do que o vendedor. Essas são situações em que não ocorre 
a competição perfeita, pois há um desequilíbrio de forças. 
A estrutura de mercado em que esse desequilíbrio de forças é mais intenso 
é o monopólio, no qual um único vendedor domina completamente um 
ramo de atividade, não existindo qualquer outro fornecedor do seu produto 
ou serviço. 
O termo monopólio vem do grego mono (que significa “um”) e polein 
(que significa “vender”). Nessa estrutura de mercado, os consumidores não 
podem optar por produtos ou serviços que possam substituir os oferecidos 
pelo monopolista – ou seja, não há bens substitutos àquele vendido pelo 
monopolista. Por isso, muitos continuarão a adquirir aquele produto mesmo 
que os preços aumentem, o que faz com que o monopolista, frequentemente, 
prefira aumentar os seus preços, mesmo que alguns consumidores deixem 
de comprá-lo, pois o aumento no lucro em cada unidade vendida trará a ele 
maior lucro total. 
Esse prejuízo à população faz com que alguns defendam a quebra de 
todos os monopólios, mas essa é uma decisão que não pode ser tomada sem 
a análise de suas implicações, pois nem sempre isso é possível ou mesmo 
desejável. Vamos analisar algumas situações?
Em primeiro lugar, nos mercados monopolísticos existem barreiras que 
impedem o acesso de novos concorrentes ao mercado. Essas barreiras podem 
ter diferentes origens, sendo que as principais são a obtenção de patentes, a 
proteção legal e especificidades de produção (como altos custos) que tornam 
um único produtor (fabricando em grande quantidade) mais eficiente do que 
uma grande quantidade de produtores, fabricando pequenas quantidades (o 
que é chamado de economias de escala). 
As patentes surgem da necessidade de estimular a pesquisa e a inovação: 
a legislação permite que empresas que desenvolvam novos produtos ou 
processos possam registrar sua patente e atuar como monopolistas enquanto 
essa patente durar. 
25
Exemplificando
Uma companhia farmacêutica que, eventualmente, descubra um novo 
medicamento revolucionário, ao receber a patente passa a ter exclu-
sividade de produção desse medicamento durante certo número de 
anos. Após esse período, os medicamentos produzidos com o mesmo 
princípio ativo são chamados de genéricos.
Essa exclusividade de venda (temporária) acontece para que a empresa 
que teve altíssimos gastos com pesquisa (até descobrir e desenvolver 
um novo medicamento) consiga retornos financeiros suficientes para 
cobrir esse investimento feito. 
Já a proteção legal significa que a existência de concorrentes é proibida 
por lei. Um exemplo é a geração de energia nuclear no Brasil. Por ser consi-
derada questão de segurança nacional, a exploração dessa tecnologia é exclu-
sividade da empresa estatal, a Nuclebrás (NUCLEP, [s. d.]).
Reflita
Na Europa, a posse de Margaret Thatcher como primeira ministra da 
Inglaterra, em 1979, deu início a uma onda privatizações que se manteve 
ao longo dos seus três mandatos consecutivos, até 1990, e que alcançou 
países como a França e a Alemanha (TEIXEIRA, 2016; MÜZELL, 2016). No 
Brasil, além de existirem empresas que têm tido sua existência como 
monopólio estatal questionada (por algumas correntes do pensamento 
econômico), como os Correios e as empresas estaduais de saneamento, 
há outras que já foram privatizadas, como a Telebras. Você acredita 
que a população brasileira seria beneficiada com a privatização dessas 
estatais? Reflita sobre o assunto.
Outra razão para a existência de monopólio decorre de economias de 
escala, o processo de redução de custos com o aumento da quantidade produ-
zida. Em algumas atividades econômicas esse custo é significativo, e quando 
isso ocorre pode ser que a alternativa de menor custo seja o monopólio. 
Por exemplo, na cidade em que você mora certamente, só existe uma 
empresa de fornecimento de água e tratamento de esgoto. A economia de 
escala faz com que esse serviço apresente menor custo se for prestado poruma única empresa do que se fosse dividido entre duas ou mais, em um 
mesmo município. Além disso, a tecnologia de distribuição de água e coleta 
e tratamento de esgoto ainda é essencialmente mecânica. Imagine como 
ficariam as ruas da cidade se cada vez que um consumidor decidisse mudar 
26
de fornecedor a nova empresa tivesse que cavar um buraco para trocar 
o encanamento.
Agora precisamos olhar para a estratégia de uma firma monopolista: se o 
seu objetivo é maximizar o seu lucro no longo prazo, ela fará todo o esforço 
possível para evitar a entrada de novos concorrentes, concorda? Isso explica a 
atenção redobrada que essas firmas precisam receber do poder púbico. 
Se você estiver utilizando um computador é provável que o seu sistema 
operacional seja aquele famoso fornecedor de software que, apesar de não 
ter uma proteção legal, é quase monopolista em sistemas operacionais, não 
é mesmo? E quando você quer procurar uma coisa na internet é quase certo 
que utilizará um site que se tornou sinônimo de buscas. Pois bem, o Google 
foi multado em 2,42 bilhões de euros pela Comissão Europeia, em 2017, por 
fragilizar a concorrência no mercado das buscas pela internet (COMISSÃO 
EUROPEIA, 2017). Em 2019, representantes de 50 estados americanos 
anunciaram uma investigação conjunta contra a companhia por práticas 
anticompetitivas (ESTADOS..., 2019). A Microsoft já foi processada por 
monopólio tanto nos Estados Unidos (BLANCO, 1998) quanto na Europa 
(MICROSOFT..., 2007).
A questão é que, quanto maiores as barreiras à entrada, maior a capaci-
dade de uma firma de exercer seu poder de mercado no longo prazo. Essa é a 
vantagem de uma empresa atuar em um mercado monopolístico? Sim, claro! 
Se o lucro de um monopolista cresce, a um determinado preço estipulado 
por essa empresa (o monopolista é um price maker – estipulador de preço 
para o mercado), atingindo um lucro acima da média de outros setores (o 
chamado lucro extraordinário), é praticamente impossível que uma outra 
firma possa entrar no mercado (devido às barreiras de entrada) e aumentar a 
concorrência (o que diminuiria o preço de equilíbrio do mercado, reduzindo, 
consequentemente, o lucro extraordinário), o que traz a tendência desse lucro 
extraordinário persistir no longo prazo (diferentemente do que ocorre no 
mercado de concorrência perfeita), levando a situações nas quais as empresas 
caminharem muito perto do limite legal e ético.
Por outro lado, o avanço da tecnologia tem, de forma geral, beneficiado 
o consumidor no que se refere à competição, pois áreas que antes eram 
monopólios hoje apresentam disputa entre as empresas. Nas telecomunica-
ções no Brasil, por exemplo, a digitalização dos processos permitiu o desapa-
recimento do monopólio e o estabelecimento de concorrentes. 
Contudo, em situações em que os monopólios persistem, é comum que 
os governos busquem desenvolver esforços tentando evitar ou pelo menos 
atenuar os efeitos desta situação. Isso se dá por meio de medidas legais ou 
27
de regulamentação dos preços, ou até mesmo tornando o monopólio uma 
empresa pública, tentando reduzir o prejuízo à sociedade.
Assimile
Ainda que, a princípio, os monopólios representem um potencial de 
prejudicar os consumidores, é preciso analisar bem todos os aspectos 
envolvidos antes de se decidir por uma quebra de monopólios. Existem 
situações em que a manutenção do monopólio pode acabar sendo a 
alternativa de menor prejuízo para a sociedade.
Por fim, precisamos conhecer mais uma estrutura de mercado que é 
pouco comum, mas de grande importância. Essa estrutura ocorre quando um 
único comprador controla substancialmente o mercado em que atua, sendo 
ele, exclusivamente, quem demanda toda a produção de um determinado 
bem ou serviço: o monopsônio. Ocorre normalmente quando uma grande 
empresa é a única opção para um grande número de vendedores. Com isso, 
esse comprador possui grande poder de mercado e, assim como acontece 
no monopólio, ele pode determinar (price maker) o preço da mercadoria 
que será praticado nesse mercado, beneficiando-o. No Brasil, um exemplo 
de monopsônio é a Petrobras, que exerce exclusividade de compra junto aos 
produtores de gás natural, sendo a única a adquirir o gás que é produzido no 
Brasil (ZAGO; OLIVEIRA, 2019). 
Com isso alcançamos o objetivo desse encontro: você conheceu as duas 
estruturas opostas que o consumidor pode se defrontar: o monopólio, em 
que existe apenas um fornecedor de um produto ou serviço, e a concorrência 
perfeita, na qual nenhum dos vendedores possui uma parcela do mercado 
suficiente para afetar os preços. Vimos também o monopsônio, em que 
apenas um comprador é a única opção para um grupo de vendedores. 
Agora é com você: leia o material e se prepare para enfrentar mercados 
em concorrência perfeita, monopólio ou monopsônio. Bons estudos!
Sem medo de errar
Agora que você já conhece os conceitos fundamentais de monopólio, 
oligopólio e concorrência perfeita, pode ter segurança para opinar a respeito 
da estratégia sugerida ao Haroldo pelo Cláudio.
Você está lembrado da situação? Haroldo passou a produzir soja em 
uma área arrendada, após ter decidido mudar de uma grande cidade para o 
interior do país. Para ajudá-lo com a parte técnica, ele conta com o apoio do 
28
seu sócio, Cláudio, que tem bastante experiência na condução da cultura. Nas 
reuniões de planejamento de atividades, Cláudio sugeriu a Haroldo uma nova 
estratégia: desenvolver uma marca para a sua soja a fim de conseguir agregar 
valor ao seu produto. Haroldo não ficou convencido da viabilidade da ideia, e 
por isso precisa responder à seguinte pergunta: a criação de uma marca para 
a soja produzida na sua fazenda é uma estratégia viável para aumentar as 
vendas ou é mais recomendável a utilização de outras estratégias?
Se o Haroldo realizar uma análise criteriosa do mercado de produção de 
soja, concluirá que ela é um produto homogêneo, ou seja, para o consumidor 
não faz diferença se a soja é produzida na fazenda deles ou em qualquer outra 
propriedade. Além disso, os mercados agrícolas, em geral, se aproximam do 
modelo de concorrência perfeita, pois dispõem de um grande número de 
produtores com reduzida força individual, sendo que nenhum consegue, 
individualmente, afetar os preços do mercado da soja que, em especial, são 
balizados a partir dos milhões de contratos que são negociados diariamente 
na Bolsa de Chicago.
Sendo assim, Haroldo deve dizer a Cláudio que não há sentido em 
investir na criação de uma marca e em divulgação para um produto que, se 
estiver mais caro, será deixado de lado pelo consumidor (que, pela homoge-
neidade e simetria da informação, vai preferir o mais barato). Dessa forma, 
os sócios Cláudio e Haroldo deveriam abandonar a estratégia de criação de 
uma marca, dedicando-se a produzir soja ao menor custo possível, pois o 
preço será uma variável sobre a qual eles não terão controle.
Avançando na prática
Como melhorar o transporte público
Fabrício foi contratado para prestar consultoria a uma organização não 
governamental (ONG) de sua cidade que foi formada por empresários, 
prestadores de serviço, associações de moradores etc. e que recebe aporte de 
recursos da prefeitura. A ONG tem como objetivo o desenvolvimento econô-
mico do município. 
Foi realizada uma pesquisa com a população que indicou que o trans-
porte público é o serviço que recebe a pior avaliação por parte da população, 
que critica os poucos horários disponíveis, a reduzida oferta de itinerários e a 
baixa qualidade dos ônibus da população, além das muitas reclamações sobre 
o alto preço das passagens. 
29
O transporte público na cidade é exclusividade de uma única empresa, 
sendo que essa condição é garantida por lei em um contrato celebrado 15 
anos atrás e que será encerrado nos próximos meses.
Fabrício se dedicou a pesquisar o assunto e, ao consultar pesquisa reali-
zada por uma associação de municípios da região, descobriu que a maioria 
das cidades com população similar à doseu município apresenta pelo menos 
duas empresas de transporte público. O que ele deve sugerir a ONG em 
relação a essa situação?
Resolução da situação-problema
A exclusividade garantida pela legislação transforma a empresa em 
monopólio. A falta de concorrência desestimula a empresa a buscar melhorar 
a qualidade do serviço prestado à população e estimula a prática de preços 
abusivos. É fundamental que a ONG se mobilize para aproveitar o encerra-
mento do contrato e encaminhar ao poder público (Executivo e Legislativo), 
uma proposta para alteração da lei que permita a operação de mais de uma 
empresa de transporte público na cidade, o que vai estimular a melhoria dos 
serviços e a queda nos preços.
Essa melhoria certamente contribuirá para o melhor aproveitamento dos 
recursos, gerando um melhor ambiente econômico no município.
Faça valer a pena
1. Os modelos econômicos, ainda que não consigam expressar a realidade 
em sua totalidade, permitem uma boa visualização das características funda-
mentais do mercado, bem como a projeção de comportamento deles. 
Existe uma estrutura de mercado que demonstra, de forma bastante similar, 
as características fundamentais de mercados agrícolas (como os de frutas 
e verduras), que apresentam produtos homogêneos, grande número de 
compradores e vendedores e inexistência de barreiras à entrada. 
Qual é essa estrutura?
a. O monopólio.
b. O oligopólio.
c. O oligopsônio.
d. A concorrência perfeita.
e. O monopsônio. 
30
2. As estruturas de mercado são modelos que captam aspectos de como os 
mercados estão organizados. Cada estrutura de mercado destaca aspectos 
essenciais da interação da oferta e da demanda, baseando-se em caracterís-
ticas observadas em mercados existentes. Em todas as estruturas clássicas os 
agentes são maximizadores de lucro. As estruturas de mercado estão condi-
cionadas por três variáveis principais: a) número de firmas produtoras no 
mercado; b) diferenciação do produto; e c) existência de barreiras à entrada 
de novas empresas (GONÇAVES, 2011).
Tomando como referência as estruturas de mercado, julgue as afirmativas a 
seguir em (V) Verdadeiras ou (F) Falsas. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
a. V – F – V – F.
b. F – V – V – F.
c. V – F – F – V.
d. V – V – F – V.
e. F – F – V – V.
3. As receitas combinadas de gigantes da internet como Facebook, Micro-
soft, Google, Amazon e Apple chegam a cerca de US$ 3,7 trilhões anuais, 
maior do que o PIB da Alemanha. Esse poder concentrado nas mãos de 
poucos tem levado a propostas de desmembramento dessas empresas (TECH 
GIANTS, [s.d.]).
Com base nas estruturas de mercado, avalie as seguintes asserções e a relação 
proposta entre elas.
I. A preocupação dos governos europeus e norte-americano de impor 
limites ao poder de mercado a esse gigantes da internet advém da 
constatação dos prejuízos que a população pode ter, decorrentes do 
poder concentrado em uma única empresa ou grupo.
PORQUE
II. Devido à inexistência de barreiras à entrada de novos participantes 
na estrutura de monopólio, o lucro das empresas monopolísticas 
tende a desaparecer, ao longo do tempo.
31
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica 
a I. 
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira.
e. As asserções I e II são proposições falsas. 
32
Seção 3
Estrutura de mercado: concorrência monopolística 
e oligopólio
Diálogo aberto
Olá, seja bem-vindo a nossa caminhada pela microeconomia. Nesta 
seção, vamos estudar as estruturas de mercado, com foco no oligopólio, no 
oligopsônio e na concorrência monopolística. 
Para isso, vamos conhecer uma empresa do ramo farmacêutico, conhe-
cido por estar estruturado em mercados oligopolizados. Pronto para o 
desafio? 
Lucas é um dos diretores de uma grande empresa farmacêutica, a Empresa 
YY, líder no mercado brasileiro de remédios para dor de cabeça. Na última 
reunião de diretoria, ele foi desafiado a aumentar as vendas desse produto, 
pois uma análise indicou que a empresa está operando com capacidade 
ociosa. Sabendo que essa empresa é líder do mercado, mas não possui exclu-
sividade na venda do produto, ele precisa responder a seguinte pergunta: 
para aumentar as vendas desse remédio para dor de cabeça, a redução do 
preço de venda seria uma boa alternativa ou existem outras estratégias mais 
adequadas? 
Para responder a essa pergunta, você precisará entender as estruturas de 
mercado que serão apresentadas nesta seção, bem como as melhores estra-
tégias a serem utilizadas pelas empresas em cada uma das situações. Você 
perceberá que os temas apresentados aqui estão diretamente ligados a situa-
ções enfrentadas pelas empresas, por isso, conhecê-los e saber como aplicá-
-los poderá fornecer a você um diferencial para se destacar no mercado. 
Vamos lá? 
Não pode faltar
Olá, aluno. As estruturas de mercado podem apresentar posições extremas 
e opostas, como a concorrência perfeita (em que os agentes não têm poder 
individual, sendo tomadores de preços) e o monopólio (em que a empresa 
apresenta muito poder, podendo definir os preços que quer praticar). 
O nosso foco agora, entretanto, são as estruturas intermediárias, que 
também são as mais frequentes no mundo atual: o oligopólio, o oligopsônio e 
a concorrência monopolista. Sabe que existe uma característica que ocorre em 
33
todas elas? É a interdependência mútua, fundamental para definir as estraté-
gias de uma empresa! Vamos conhecê-las, então, começando pelo oligopólio.
O termo oligopólio também tem origem grega (oligos significa “poucos”, 
e polein se refere ao processo de venda) e ocorre quando existe um número 
reduzido de empresas (poucos vendedores) que dispõem de poder suficiente 
para exercer algum tipo de controle sobre o preço. Note que o que caracte-
riza um oligopólio não é o pequeno número total de empresas, mas o fato de 
poucas possuírem muito poder. 
Assimile
O oligopólio tem mais ofertantes do que o monopólio, contudo, a maior 
parcela do mercado fica concentrada em poucos vendedores.
A presença da estrutura de mercado do oligopólio é facilmente perce-
bida em setores como de telefonia móvel brasileira, em que quatro 
empresas dominam o mercado e o número de outros fornecedores é 
irrisório (CHIAPINOTO et al., 2017). No Brasil, setores como de refrige-
rantes também são oligopólios: segundo dados da Associação Brasileira das 
Indústrias de Refrigerantes (ABIR) citados por Gentilini (2011), em 2008, 
havia 835 fabricantes de refrigerantes que, segundo Motomura (2011) fabri-
cavam 3.500 marcas, que incluíam sabores como de abacaxi e de guaraná 
com catuaba. Contudo, esse grande número de marcas e fabricantes não 
impede que as marcas ligadas ao principal fabricante detenham quase 60% 
do mercado nacional de refrigerantes (BOUÇAS, 2018).
Por meio desses exemplos, você pode perceber que, no oligopólio, 
os produtos tanto podem ser diferenciados (como os refrigerantes, que 
apresentam embalagens, sabor, volumetria etc. diferentes), quanto homogê-
neos (como os serviços de telefonia, as indústrias de cobre etc.). Uma das 
características que costuma estar presente nessa estrutura é a economia de 
escala (resultando em que quanto maior a produção menor o custo médio 
por unidade produzida, fazendo com que as empresas de maior porte tenham 
custos menores). Dessa forma, é comum que ocorram fusões e aquisições 
entre as empresas operando nesse mercado, pois elas buscam reduzir os seus 
custos e aumentar sua participação de mercado. Se você olhar para o que está 
acontecendo no mundo, em setores como bancos e fabricantes de automóveis 
ou aviões, terá a confirmação dessa informação.
Nesse mercado, as decisões de cada firma sobre o preço a ser cobrado 
e outros aspectos chave precisam considerar não apenasos seus custos e a 
demanda de mercado, mas também as possíveis reações de seus rivais, já 
que o índice de concentração do mercado é alto (um oligopolista leva em 
34
consideração e reage às decisões de preço e produção dos outros oligopolistas 
do setor). Por isso, conhecer a elasticidade preço cruzada da demanda de 
um produto em relação aos seus principais concorrentes poderá fazer muita 
diferença. 
Qual a consequência desse cenário? Em muitas situações, a dificuldade de 
previsão das ações e reações dos outros agentes gera uma elevada incerteza, 
que faz com que as empresas optem por evitar guerras de preços, fazendo 
com que, em alguns oligopólios, os preços acabem apresentando pouca 
diferença entre si. 
Dentro desse tipo de comportamento das empresas oligopolistas 
(de evitar uma guerra de preços), podemos ver dois tipos de estratégias 
diferentes: liderança de preço e competição extra preço. Vamos entendê-
-las? Na liderança de preços, uma empresa oligopolista dominante (pela sua 
participação no mercado e/ou capacidade de trabalhar com custos menores) 
estipula o seu preço de venda (mais baixo). As outras empresas participantes 
desse mercado, apesar de poderem cobrar o preço que quiserem pelos seus 
produtos, acabam copiando o preço da empresa líder (como se tivessem um 
acordo informal), pois se cobrarem preços maiores do que o do oligopolista 
dominante seriam eliminadas do mercado. Já na estratégia de competição 
extra preço não há acordos (formais ou informais) entre os oligopolistas e a 
competição entre eles acontece por meio de guerras publicitárias, na tenta-
tiva de chamar a atenção do cliente em potencial. Assim, amostras grátis, 
brindes, campanhas publicitárias na internet, na televisão ou outras mídias 
são ações implementadas por esses oligopolistas para cativar o consumidor, 
que até aceitará pagar um preço maior do que o preço os concorrentes, levan-
do-se em conta a marca (altamente impactada pelo marketing) e a qualidade 
do produto. 
No entanto, pense agora por um momento: se você estivesse à frente de 
uma das (poucas) firmas líderes de mercado operando em um oligopólio, 
que tipo de estratégias você pensaria em estabelecer para minimizar os 
seus riscos e maximizar seus lucros? Será que a ideia de fazer um acordo 
com outros (poucos) oligopolistas passaria pela sua cabeça? Muitas pessoas 
diriam que sim! Com isso, você percebe, então, que o oligopólio estimula a 
elaboração de pactos entre as firmas?
Esses acordos envolvem fatores como preços, divisão dos mercados em 
termos geográficos etc. e nem sempre são expressos, ou seja, não necessa-
riamente os oligopolistas se reunirão para decidir alguma coisa, às vezes são 
acordos tácitos (apesar de não terem celebrado um acordo formal, os agentes 
atuam como se ele existisse). 
35
Dentre os acordos efetivamente celebrados, o tipo mais conhecido e mais 
danoso à sociedade é o cartel, caracterizado por um conluio entre empresas 
independentes entre si e que produzem o mesmo tipo de bens participantes. 
A partir desse acordo, alguma característica – em especial o preço ou cotas de 
produção – é definida por negociação entre as firmas, de forma a maximizar 
os lucros e eliminar a concorrência. Essas empresas passam a assemelhar-se a 
um monopólio, no sentido em que as empresas cartelizadas funcionam como 
uma única empresa (NUNES, 2019). O cartel é considerado crime pela legis-
lação brasileira e, no período em que esse material estava sendo escrito, a 
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados havia 
aprovado uma proposta para aumentar a pena para esta prática (BITTAR, 
2019).
Assimile
Um dos principais problemas do oligopólio é a possibilidade e o estímulo 
que os agentes principais desse mercado dispõem para formação de 
cartel, que é um acordo entre os ofertantes a fim de eliminar a concor-
rência e trazer grandes prejuízos ao consumidor.
Contudo, como esse acordo ocorre à margem da lei e depende do 
compromisso de cada agente de manter o que foi acordado, em algumas 
situações a “tentação” de quebrar o acordo e reduzir os seus preços ou tomar 
alguma posição que aumente sua participação no mercado torna o equilí-
brio instável, apesar das vantagens dos acordos. Com isso, ações individuais 
independentes podem surgir, fazendo com que o conflito entre os interesses 
individuais dos integrantes do cartel e os interesses coletivos muitas vezes 
levem a uma guerra de preços.
Exemplificando
A partir de investigações conduzidas pela Polícia Federal que culmi-
naram em operação de busca e apreensão realizada em julho de 2008, 
seguidas por Termos de Compromisso de Cessação (TCC), o Tribunal do 
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) condenou, em 10 
de abril de 2019, 27 postos de gasolina, duas distribuidoras e 12 pessoas 
físicas por prática de cartel e outras infrações à ordem econômica no 
mercado de distribuição e revenda de combustíveis na região metropo-
litana de Belo Horizonte, Minas Gerais. No total, foram aplicadas multas 
que somam R$ 156,9 milhões (CADE, 2019).
36
Reflita
Notícias de punições aos praticantes de cartel não são comuns de serem 
vistas. Qual seria o motivo da dificuldade de condenar essa prática? 
Uma dica: um dos princípios do direito diz que o ônus da prova tem que 
ser da acusação, ou seja, é preciso haver provas para condenar alguém
De acordo com Retamiro (2016, p. 182)
A cooperação entre os oligopolistas parece uma estra-
tégia mais interessante para todos. No entanto, apesar de 
desejável, a cooperação é bastante complexa e difícil. Isto 
nos leva a uma teoria usada na economia, que é chamada 
de teoria dos jogos, fundamentada em modelos de decisão, 
em que cada empresa (ou outro tipo de jogador) escolhe 
uma estratégia para maximizar os seus resultados, sendo 
que as estratégias da outra empresa (player) podem 
influenciar a sua escolha estratégica maximizadora de 
resultados. Portanto, irá se tratar de um estudo sobre a 
tomada de decisão estratégica, com base nas ações das 
outras empresas.
Essa incerteza sobre o comportamento alheio faz com que os agentes 
precisem considerar os diferentes cenários que poderão enfrentar, a partir 
das ações que elas e seus concorrentes poderão tomar. 
Essa forma cooperativa de pensar foi estudada por alguns pesquisadores, 
e o expoente dessa abordagem, que depois se mostrou revolucionária, foi 
John Nash, ganhador do Nobel de Economia de 1994 e que teve sua luta 
contra a esquizofrenia retratada no filme Uma Mente Brilhante, ganhador 
de oito prêmios Oscar em 2002. Se puder, assista esse filme, dando especial 
atenção à cena do bar, em que ele percebe que a busca da maximização da 
satisfação individual nem sempre resulta na melhor solução para todos e 
afirma, para espanto dos seus amigos: “Adam Smith estava errado”. 
Ele propõe uma abordagem na qual cada agente deve tomar suas decisões 
considerando as opções disponíveis para os outros agentes, o chamado equilí-
brio de Nash (NETO; MENDONÇA, 2011) que demonstra que, quando um 
agente considera as alternativas disponíveis para os outros agentes, nem 
sempre a solução mais provável será a solução ótima. Para mostrar o conceito 
de equilíbrio de Nash, vamos acompanhar uma de suas proposições mais 
conhecidas, o Dilema dos Prisioneiros. 
37
Imagine que dois perigosos marginais, Tripa-Seca e Quase-Nada, foram 
presos em flagrante, hoje pela manhã, com objetos roubados. Apesar de 
terem ocorrido praticamente no mesmo horário, as prisões foram em locais 
e circunstâncias diferentes, e eles sabem que a pena por esse crime é de seis 
meses. Contudo, o delegado responsável pela investigação tem certeza que a 
dupla foi responsável também por um assalto a banco de algumas semanas 
atrás, mas sabe que as provas que possui não são suficientes para condená-
-los. O delegado resolveu interrogar cada criminoso de forma separada, pois 
precisava que eles confessassem o crime de assalto a banco. No interrogatório 
do Tripa-Seca, o delegado disse para ele: “Olha,a gente sabe que você e o 
Quase-Nada assaltaram o banco e a gente até já prendeu ele. Então o negócio 
é o seguinte: se você confessar que participou do assalto a banco e afirmar 
que Quase-Nada também participou desse crime, eu consigo um acordo e 
você vai ser liberto, e ele pode pegar até dez anos de cadeia. Só que eu vou 
fazer a mesma proposta para ele e, se ele falar e você ficar quieto, Quase-Nada 
será solto e você vai ficar dez anos preso. No caso de vocês dois confessarem, 
aí cada um de vocês vai pegar três anos de encarceramento.” 
Antes de responder, Tripa-Seca pensa um pouco mais e pergunta: 
e se nenhum de nós dois confessar? O delegado então é obrigado a dizer 
que, nesse caso, os dois serão condenados apenas pelo crime dessa manhã 
(objetos roubados) e ficarão livres depois de seis meses de cadeia. Tripa-Seca 
tem meia hora para decidir e não pode falar com seu comparsa.
Resumindo a história, temos algumas possibilidades de conclusão desse 
caso: 1- caso um dos prisioneiros traia o outro, e o outro permaneça em 
silêncio, o que acusou é solto, imediatamente, enquanto quem ficou em 
silêncio pega dez anos de prisão; 2- caso os dois fiquem em silêncio sobre o 
crime no banco, a condenação é de seis meses para cada (pelo crime de roubo 
de objetos); e 3- caso ambos traiam a confiança do outro, cada um pega três 
anos de prisão. 
Ao analisar a situação, Tripa-Seca percebe que, se ele não confessar, terá 
a possibilidade de sair em apenas seis meses, mas, também corre o risco de 
ficar dez anos preso. Por outro lado, se confessar, garante que sua condenação 
não passará de três anos, podendo inclusive, ser solto, imediatamente. 
Qual é a questão chave? Ele não tem como saber como seu comparsa 
agirá! Se ele tivesse a certeza de que seu comparsa faria o mesmo, a melhor 
escolha seria não confessar (e ambos passariam seis meses presos). Mas, como 
ele não sabe qual a atitude que seu comparsa de crime tomará, qual seria a 
decisão que minimizaria o seu risco? Para chegar a essa conclusão, os prisio-
neiros devem analisar muito bem a situação. Caso Quase-Nada fique em 
silêncio, a melhor estratégia para Tripa-Seca é confessar (pois, dessa forma, 
38
ele ganharia a liberdade), já que, se ele não confessar, Tripa-Seca pegaria seis 
meses de cadeia. Por outro lado, caso Quase-Nada não fique em silêncio, a 
melhor estratégia para Tripa-Seca é, mais uma vez, confessar (passando três 
anos preso, em vez de dez anos, caso ficasse em silêncio). Ou seja, a melhor 
estratégia para ambos (independentemente do que o outro faça) é confessar, 
o que fará cada um deles permanecer três anos na cadeia. Mas, como vimos, 
esse resultado é péssimo para ambos, que poderiam pegar apenas seis meses 
de prisão cada, se um cooperasse com o outro, permanecendo em silêncio. 
Interessante, não é mesmo?
Isso é o que acontece em um mercado oligopolista: apesar de sempre ser vanta-
josa a cooperação mútua, será que o concorrente vai permanecer fiel na parceria 
ou, em algum momento, vai buscar o interesse próprio, quebrando o acordo?
Certamente, os oligopolistas gostariam de aproveitar 
todas as vantagens (lucro maior) que a cooperação lhes 
proporcionaria, mas o interesse próprio (dar uma burlada 
no acordo para tirar vantagens individuais) faz com que os 
oligopolistas compitam entre si, reduzindo a lucratividade 
de todos. Desta forma, o número de oligopolistas e a capaci-
dade de cooperação entre elas vai levar cada segmento 
oligopolizado a uma situação de maior ou menor lucro. 
Cabe ressaltar que alguns acordos (cartéis) não são permi-
tidos e que o controle governamental (feito por políticas 
antitrustes) sobre esses conluios também interfere nos 
resultados dos oligopolistas. (RETAMIRO, 2016, p. 185)
Já que terminamos de falar sobre o oligopólio, vamos aproveitar para 
analisar o oligopsônio? Você já deve ter concluído que essa estrutura ocorre 
quando há um grande número de vendedores e um pequeno número de 
compradores, correto? Contudo, você pode estar se questionando: com 
mercados tão desenvolvidos, será possível a existência de uma estrutura 
como essa ainda hoje?
Perceba: existem setores, como a produção de automóveis e de motoci-
cletas, em que há um pequeno número de montadoras de presença global 
que adquirem diversos produtos e serviços oferecidos por um grande 
número de fornecedores de menor porte. Isso faz com que as empresas 
oligopsonistas tenham ao seu redor vários fornecedores dos quais elas são as 
principais e, às vezes, únicas clientes dessas várias empresas. Outro exemplo 
ocorre no processamento de alimentos: produtos lácteos, sucos de frutas, 
processamento de grãos e similares são formados por um grande número 
39
de produtores rurais que normalmente enfrentam um número bastante 
reduzido de compradores para os seus produtos. 
É importante destacar que, ainda que possa parecer que os produtores sejam 
prejudicados quando um mercado se estrutura em um oligopsônio, em muitas 
situações, essa é a estrutura que melhor atenderá às necessidades do mercado. 
Vamos levar em conta o setor de grãos (como soja, milho etc.) que são produ-
zidos em propriedades a milhares de quilômetros de distância dos centros 
consumidores: os oligopsônios surgem pelas economias de escala que ocorrem 
nas operações de transporte, secagem, armazenamento e processamento. Se 
em vez de grandes grupos como os atuais houvesse uma enorme quantidade 
de pequenos transportadores, armazenadores e processadores, é provável que 
esses produtos acabassem chegando mais caros na mesa do consumidor.
A nossa última estrutura de mercado é um modelo um pouco mais 
recente na teoria econômica e que representa condições muito próximas da 
realidade atual: a concorrência monopolística. Apesar do nome, a associação 
com o monopólio é praticamente inexistente, pois há uma intensa concor-
rência entre os vendedores (ou seja, há um grande número de vendedores). 
Sua principal característica é a concorrência entre produtos que não são 
exatamente iguais (os produtos são heterogêneos), mas que apresentam 
similaridades entre si, ou seja, são similares, porém substitutos. 
Por exemplo: pense em setores como o de calçados, roupas e restaurantes. 
No setor calçadista há diversas lojas de sapatos, que vendem uma infinidade de 
modelos, tamanhos, cores etc., ou seja, os diversos sapatos (na mesma loja ou 
em lojas diferentes) travam uma disputa acirrada pela escolha do consumidor. 
Figura 2.2 | Pequena loja de calçados
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Hanoi_shoe_shop.JPG/1024px-Ha-
noi_shoe_shop.JPG. Acesso em: 16 dez. 2019.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Hanoi_shoe_shop.JPG/1024px-Ha�noi_shoe_shop.JPG
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Hanoi_shoe_shop.JPG/1024px-Ha�noi_shoe_shop.JPG
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Hanoi_shoe_shop.JPG/1024px-Ha�noi_shoe_shop.JPG
40
Nessa pequena loja da Figura 2.2, haverá vários produtos com enormes 
diferenças de preços (dependendo de características tangíveis e intangí-
veis), mas, basicamente, com a mesma função: calçar os pés. A escolha do 
consumidor levará em consideração diversos fatores, inclusive o preço, das 
diferentes alternativas.
A partir desse exemplo prático, podemos analisar os principais pressu-
postos da concorrência monopolística:
• Os consumidores são em grande número e apresentam reduzida 
força individual.
• As barreiras à entrada para os vendedores são quase nulas (livre 
entrada e saída de empresas) – diferentemente do mercado de oligo-
pólio, que possui grandes barreiras à entrada – fazendo com que a 
saída e entrada de agentes no mercado seja frequente.
• Apesar de poderem ser substituídos entre si, os produtos são perce-
bidos pelos consumidores como diferenciados.
• Há um número significativo de empresas no mercado que tem relativa 
liberdade de estabelecer o preço de seus produtos.
• A partir dessas condições, as empresas serão mutuamente afetadas

Outros materiais