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Unidade 2 Elasticidade e estrutura de mercado Flávio Benilton da Silva Medeiros © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Imagens Adaptadas de Shutterstock. Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. 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Para que um profissional de gestão alcance sucesso na sua carreira, acertar na tomada de decisões é uma capacidade essencial. Para isso, é preciso entender o efeito de alterações nos preços e em outros fatores que afetam a demanda e a oferta, além de conhecer as diferentes estruturas de mercado e suas implicações. Ao entender os conceitos de elasticidade e estrutura de mercado e como eles impactam a gestão das organizações, você será capaz de avaliar as estra- tégias que cada tipo de firma (empresa) pode utilizar para a maximização do seu lucro. A elasticidade, assunto desta seção, é uma medida da intensidade da mudança, ou seja, o quanto a alteração em um fator vai impactar o compor- tamento do outro, o que também impactará a gestão das organizações. Dessa forma, aprenderemos a calcular a Elasticidade Preço da Demanda, a Elasticidade Renda da Demanda, a Elasticidade Cruzada da Demanda e a Elasticidade Preço da Oferta. Para completar os conhecimentos microeconômicos fundamentais, conheceremos as diferentes estruturas de mercado: começaremos pela concorrência perfeita, depois conheceremos monopólio e o monopsônio (todas na Seção 2.2), para, em seguida, estudarmos a concorrência monopo- lística, o oligopólio e o oligopsônio (na Seção 2.3). O domínio desses conteúdos pode fazer muita diferença na sua vida profissional, então dedique-se bastante a essa unidade! 6 Seção 1 Elasticidade Diálogo aberto Seja bem-vindo! Vamos começar a seção com uma pergunta: será que um empresário precisa saber se um pequeno aumento no preço da mercadoria que vende vai fazê-lo perder muitos ou poucos clientes? Se você acha impor- tante saber isso (e alguns outros entendimentos), você então já percebeu a necessidade de conhecer um indicador fundamental para analisar o mercado: a elasticidade. Para entender a elasticidade, vamos acompanhar uma situação pode ocorrer com algumas pessoas: Otávio está desempregado e sobrevive dos aluguéis que recebe de dois apartamentos que recebeu de herança. Um dos imóveis, localizado no Bairro Classe A, está alugado para João por R$ 2.500,00 mensais, enquanto o outro imóvel, localizado no bairro Classe B, está alugado para Pedro, no valor de R$ 750,00 mensais. O contrato de aluguel desses dois apartamentos está para vencer no próximo mês e, por esse motivo, Otávio foi conferir a documentação dos locadores. Nessa pesquisa, Otávio viu que a renda mensal de João é de R$ 12.000,00, enquanto a renda de Pedro é de R$ 1.500,00 por mês. Em uma possível renovação contratual, Otávio pode subir R$ 250,00 o valor do aluguel de João (o que corresponde a 10% do valor pago por ele, atualmente) e R$ 75,00 o valor do aluguel de Pedro (também 10% do valor do aluguel atualmente pago). Com base no conceito da Elasticidade Preço da Demanda, qual locador tem o maior risco de rescindir o contrato, caso esse reajuste de 10% seja feito por Otávio: João, que terá que desembolsar R$ 250,00 a mais por mês, ou Pedro, que terá uma ampliação de gasto de R$ 75,00? Se você fosse consultado por Otávio, de que forma o ajudaria a responder essa dúvida? Para resolver esse problema, você precisará entender o conceito de elasti- cidade e, em especial, aplicar a Elasticidade Preço da demanda a essa situação. Ao longo desta seção, você descobrirá como os diferentes tipos de elastici- dade ajudam a prever comportamentos e a ajustar estratégias dos agentes em diferentes cenários. Vamos lá? Não pode faltar Olá, aluno! Nesta seção, vamos discutir um aspecto econômico que pode fazer muita diferença para as empresas: a elasticidade. Antes de começarmos, 7 o que acha de retomarmos, de forma bem resumida, alguns assuntos que são importantes para o entendimento da elasticidade? Existem vários fatores que podem afetar a intenção de compra do consu- midor (demanda), sendo o preço o fator de maior peso. Essa constatação levou ao estabelecimento da lei da demanda, que afirma que o aumento nos preços causará redução na quantidade demandada (e vice-versa), desde que os outros fatores permaneçam constantes (coeteris paribus). A demanda é uma relação entre um conjunto de diferentes quantidades associadas a um conjunto de preços. Sendo assim, cada preço determina uma quantidade demandada específica, e mudanças nos preços levam a alterações nas quantidades demandadas, sem que a relação fundamental (a demanda) seja modificada. Contudo, existem fatores que podem fazer com que o consu- midor mude a sua decisão de compra, mesmo que os preços não se alterem, ou seja, são os fatores que causam mudanças na curva da demanda. O mesmo raciocínio se aplica à curva de oferta. Assimile Quando os preços mudam, ocorre uma mudança de pontos ao longo da mesma curva, pois a demanda continua a mesma. Quando a curva de demanda se desloca, a demanda foi alterada. Nesse caso, o consumidor altera a quantidade consumida, mesmo que os preços não tenham mudado. Você já sabe que se o preço de um bem aumenta, a tendência é que seja reduzida a sua procura. Mas será que a reação na demanda de todos os produtos a uma mudança de preços terá a mesma intensidade? Certamente que não. Talvez você nunca tenha se defrontado com essa questão e possa estar se perguntando: mas qual a necessidade disso? Se uma empresa sabe de antemão como os consumidores reagirão a uma alteração do preço, isso afetará a sua estratégia. Na verdade, essa característica pode afetar até algumas políticas governamentais, como veremos mais adiante. Quer entender isso melhor? Suponha que um consumidor gaste mensalmente a mesma quantia com transporte e com lazer. Se ambos os serviços sofrerem um aumento de 10% nos seus preços, a queda no consumo não será igual, concorda? É de se esperar que os gastos com transporte caiam menos do que os gastos com lazer, frente ao mesmo percentual de aumento do preço. Como, então, medir a intensidade desse impacto? A ferramenta utilizada é a elasticidade, que pode ser definida como a intensidade da mudança em um fator causado por uma mudança em outro fator relacionado. 8 Como estamos analisando o efeito de mudanças nos preços sobre a demanda, a elasticidade a ser calculada é chamada deElasticidade Preço da Demanda (EPD), que é obtida dividindo-se a variação percentual na quanti- dade demandada (ΔQ) pela variação percentual no preço (ΔP). EPD = Variação % Quantidade Demandada Mercadoria X = D D Q P Variação % Preço Mercadoria X Como a relação entre preços e quantidades demandadas é negativa (pois se o preço sobe, a demanda muda em sentido oposto, ou seja, ela diminui), a elasticidade preço da demanda também será sempre negativa, pois, coeteris paribus, sempre que o preço subir, a demanda será menor, e vice-versa. Por isso, nessa análise não consideramos o sinal. Exemplificando Suponha que com o aumento de 10% nos preços, o consumidor passe a demandar 5% a menos de transporte. Isso significa que a alteração na quantidade demandada ocorre em uma intensidade menor do que a alteração nos preços. Para calcular o valor da elasticidade basta dividir a variação da demanda (-5%) pela variação no preço (10%), obtendo o valor 0,5. Observe que como a relação entre preço e quantidade demandada é inversa, o sinal da EPD será negativo. Mas não se preocupe com o sinal agora, pois nessa análise não o levaremos em consideração. EPD = Variação % Quantidade Demandada Mercadoria X = ∆ ∆ Q P = − = 5 10 0 5% % , Variação % Preço Mercadoria X E no caso do lazer? Vamos supor que o aumento também de 10% no preço gere uma redução de 30% no consumo, ou seja, a queda na quanti- dade demandada de lazer foi mais do que proporcional à elevação do preço desse serviço. Repete-se o processo: EPD = Variação % Quantidade Demandada Mercadoria X = ∆ ∆ Q P = − = 30 10 3 0% % , Variação % Preço Mercadoria X Como o valor de 3 é superior ao valor 0,5, consideramos que a demanda de lazer é mais elástica (sensível) em relação ao preço do que a demanda por transporte. Observe que todas as vezes que a intensidade da mudança na quantidade demandada for superior à intensidade da mudança no preço (ambas medidas em porcentagem), o valor da elasticidade será maior do que a unidade (EPD 9 > 1). Nessa condição, dizemos que aquele produto apresenta uma demanda “elástica”. Dessa forma, a partir do exemplo trazido, como a EPD do lazer é de 3 (desconsiderando o sinal), essa demanda é classificada como elástica, ou seja, a alteração percentual da demanda é superior à intensidade percentual da mudança dos preços. Por outro lado, utilizando o exemplo apresentado, vemos que a EPD do transporte é 0,5 (desconsiderando o sinal), mostrando que a sua demanda é pouco sensível (inelástica) a alterações de preço. Sempre que a EPD for menor do que 1 (EPD < 1), ela é inelástica. Vocabulário Em economia, a palavra elástica significa sensível, ou seja, se a EPD é elástica (EPD > 1), isso significa que a quantidade demandada de um bem é bastante sensível a alterações de preço. Da mesma forma, se a EPD de uma mercadoria for inelástica (EPD < 1), isso quer dizer que a quantidade demandada de um bem é pouco sensível a alterações em seu preço. Assimile Quando um bem ou serviço tem EPD elástica, a intensidade da alteração da quantidade demandada é maior do que a intensidade da alteração nos preços, ou seja, a demanda é sensível a alterações nos preços. Já nos produtos com EPD inelástica, a intensidade da alteração da quantidade demandada é menor do que a intensidade da alteração nos preços, ou seja, a quantidade demandada é pouco alterada por mudanças nos preços. Quais seriam, então, os motivos que afetam a Elasticidade Preço da Demanda, ou seja, o que faz a EPD de um bem ser elástica ou inelás- tica? Existem três fatores principais: 1. A disponibilidade de substitutos; 2. A essencialidade e; 3. A participação no orçamento do consumidor (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Vamos começar pela disponibilidade de bens substitutos? Quanto maior o número de produtos substitutos (ou seja, bens similares que podem ser adquiridos em substituição a outros, como: manteiga e margarina; carne de frango e carne bovina etc.), mais elástica tende a ser a demanda, ou seja, a reação da quantidade demandada a mudanças nos preços tende a ser maior. Um produto com poucos substitutos, como o sal de cozinha, apresenta uma elasticidade reduzida (EPD inelástica), pois se o preço do sal subir muito, como os consumidores não têm à sua disposição outras mercadorias que apresentam a mesma finalidade do sal (ou seja, não 10 há bens substitutos), eles vão reduzir, menos do que proporcionalmente (ao aumento do preço) a quantidade demandada do sal. Por outro lado, se um consumidor possui um carro flex, para ele, etanol e gasolina serão substi- tutos. Dessa forma, pequenos aumentos percentuais no preço da gasolina, por exemplo, farão a quantidade demandada (em termos percentuais) pela gasolina diminuir bastante, já que os consumidores passarão a comprar o bem substituto dela (no caso, o etanol). Cabe destacar que esse efeito substi- tuição ocorre também entre produtos similares, de marcas concorrentes. Reflita No Brasil, alguns anos atrás, os carros não eram flex. Isso significa dizer que eles eram abastecidos ou com gasolina ou com etanol. Em uma situação dessa, se uma pessoa tivesse um veículo que só pudesse ser abastecido com gasolina, o que aconteceria com a quantidade deman- dada de gasolina, quando o preço do litro desse combustível subisse, por exemplo, 10%? A demanda cairia mais ou menos do que 10%? Reflita sobre o assunto. O segundo fator (essencialidade) tem a ver com a característica dos produtos, se são essenciais ou supérfluos. Nesse caso, quanto mais essen- cial for aquele bem para o consumidor, mais inelástica será sua demanda. Para entender isso, imagine que uma pessoa não consiga ficar sem comer um determinado chocolate, toda noite. Para esse indivíduo, o chocolate é um bem muito essencial, e aumentos no preço do chocolate trarão reduções da demanda menos do que proporcionais à essa ampliação no preço (EPD inelástica). Já para outro indivíduo, o consumo de chocolate pode ser visto como supérfluo, não essencial. Assim, para ele, aumentos no preço do choco- late trarão reduções mais do que proporcionais na demanda desse produto, já que ele não faz tanta questão de comer aquele doce (ou seja, a EPD é elástica). É por isso que quando consideramos o comportamento de um conjunto de consumidores, itens como remédios e energia elétrica têm sua demanda menos afetada pelos preços do que roupas, por exemplo, já que a maioria das pessoas considera remédios e energia elétrica como bens muito essenciais. Por fim, a participação (peso) no orçamento do consumidor indica que, quanto maior a fatia da renda gasta em determinado bem ou serviço, maior será sua EPD (e vice-versa). É por isso que produtos como balas e chicletes tendem a ter EPD inelástica, pois mesmo que o preço deles mude bastante, o efeito sobre a decisão do consumidor de adquirir mais ou menos desses itens será baixo, já que o peso dessa compra dos doces no orçamento do consu- midor será sempre muito pequeno. Assim, quando você decide comprar uma 11 bala que custava 20 centavos, se o preço dela se alterar para 25 centavos ou 15 centavos, isso pouco afetará sua decisão, e a razão é que mesmo que a inten- sidade do aumento tenha sido elevada, a parcela da sua renda utilizada para comprar balas é tão pequena que isso não fará muita diferença. Por outro lado, o aluguel acaba abocanhando uma grande fatia do orçamento de muitas pessoas. Nessas situações, pequenos aumentos em seus valores fazem com que os locadores passem a buscar novos locais para morar. Reflita Para populações de menor renda, apesar da porcentagem da renda gasta em alimentação ser muito elevada, esses produtos apresentam baixa elasticidade por não terem substitutos e serem essenciais. Por isso, principalmente em países mais pobres, o aumento no preço de alimentos costuma trazer muitos problemas, às vezes até de ordem política. Que tipo de ação governamental poderiaser feita para minimizar, de forma imediata, os efeitos negativos trazidos pelo aumento do preço de alimentos? Reflita sobre o assunto. Depois que vimos a EPD, vamos, agora, estudar como podemos medir o grau do efeito da renda do consumidor sobre a demanda dos bens e serviços. A renda é um dos fatores que mais afetam a decisão do consumidor, sendo que, normalmente, quando a renda de um consumidor é elevada, a tendência é que a demanda de um bem também seja ampliada. Contudo, a resposta da demanda a mudanças na renda não será a mesma entre os diferentes produtos, por isso, é necessário calcular a Elasticidade Renda da Demanda (ERD), definida como a intensidade da alteração na quantidade demandada de um produto causada por uma mudança na renda do consumidor. Para fazermos esse cálculo, dividimos a variação percentual na quantidade demanda de um bem pela variação percentual na renda de um consumidor (DIAS, 2015). ERD = Variação % na Quantidade Demandada Mercadoria X = D D Q R Variação % na Renda do consumidor Para quase todos os produtos, aumentos na renda de um consumidor trazem aumentos nas quantidades demandadas, por isso, o sinal da ERD é positivo (ERD > 0). Há, no entanto, uma condição apresentada por alguns produtos, cujo consumo se reduz quando a renda aumenta. Esses bens são chamados de inferiores e apresentam ERD negativa (ERD < 0) (BRAGA, 2019). 12 Como exemplo de bens inferiores temos produtos como: farinha de mandioca, salsicha, marcas mais populares de alimentos industrializados, entre outros, utilizados por consumidores com menor poder aquisitivo que, quando têm a sua renda ampliada, são substituídos por produtos de melhor qualidade nutricional e sabor, como os derivados do trigo e as carnes, respectivamente. O que ocorre é que se uma pessoa tem uma renda muito baixa, ela compra salsicha por não ter dinheiro para comprar carne. No entanto, se a renda dela aumentar, passará a comprar menos salsicha, substituindo esse item pela compra de carne, por exemplo (por isso, a salsicha é classificada como um bem inferior, já que ampliações de renda levam a pessoa a demandar menos esse bem). Mas vamos concentrar os estudos nos quais a ERD é positiva (ERD > 0), pois a ocorrência de bens inferiores é menos frequente. Para isso, analisa- remos dois tipos de bens: os normais e os superiores. Os bens normais são aqueles cujo consumo é pouco afetado por variações na renda, de forma que alterações na renda causarão mudanças na demanda no mesmo sentido, mas com uma proporção menor. Os bens normais apresentam ERD maiores do que zero e menores do que um: 0 < ERD < 1. De uma forma geral, os produtos e serviços diretamente ligados às necessidades básicas são bens normais, enquanto aqueles mais elaborados e supérfluos são bens superiores (ERD > 1). Por exemplo, a tendência é que o consumo que uma família faz de arroz, macarrão, feijão mude pouco com alterações na renda, mas o consumo de iogurte, vinho, joias, por exemplo, seja bastante alterado com mudanças na renda. Exemplificando Imagine que a renda de uma família seja ampliada em 10%. O mais provável é que o aumento no consumo de alimentos básicos seja em um percentual menor do que 10%. Se for de 2%, a ERD será igual a 0,2, caracterizando o arroz como um bem normal. ERD = Var. % na Quantidade Demandada Mercadoria X = ∆ ∆ Q R = = 2 10 0 2% % , Variação % na Renda do consumidor Por outro lado, a ampliação do gasto de sua família com cultura e lazer, em resposta a uma ampliação na renda de 10%, deverá ser maior do que 10%. Se for de 15%, a ERD será igual a 1,5, caracterizando esses produtos (serviços) como superiores, pois apresentam uma mudança da demanda em percentual superior às alterações na renda. ERD = Var. % na Quantidade Demandada Mercadoria X = ∆ ∆ Q R = = 15 10 1 5% % , Variação % na Renda do consumidor 13 O último aspecto que afeta diretamente a intenção do consumidor de adquirir mais ou menos de um produto (demanda), sem que o preço dele tenha sido alterado, é o preço de outros produtos relacionados. Pense: a demanda por refrigerantes pode ser alterada por mudanças nos preços dos sucos? E a demanda por areia para construção, é afetada pelo preço do cimento? Quando tratamos dessas relações, estamos estudando a Elasticidade Cruzada da Demanda (ECD), que nos traz o entendimento dos bens substi- tutos e dos bens complementares. Para melhor compreensão desses conceitos, que tal uma situação prática? Quando você vai ao mercado comprar um produto, é provável que você veja também outros que podem substituí-lo, concorda? Imagine o consu- midor que foi ao supermercado disposto a comprar carne de boi, mas que, ao chegar no setor de carnes, depara-se com uma oferta de carne suína. Essa oferta é suficiente para que ele compre menos carne bovina e adquira uma quantidade de carne suína que não havia planejado comprar inicialmente. Note que ele não consumiu uma quantidade menor de carne de boi porque o preço da carne de boi subiu, mas porque o preço de outra mercadoria, a carne de porco, diminuiu. Essa é uma situação em que existem produtos substi- tutos, que são aqueles que disputam entre si a escolha do mesmo consumidor. Nessa situação, a ECD é positiva (ECD > 0), ou seja, a mudança no preço de um bem causará uma mudança na quantidade demandada do outro bem, no mesmo sentido (uma redução no preço da carne de boi faria a demanda por carne de porco reduzir, por exemplo). Já nos produtos complementares, a relação é inversa: quando o preço de uma mercadoria aumenta, a demanda por outra mercadoria diminui. Isso ocorre porque esses produtos são utilizados em conjunto. Quer ver um exemplo? Imagine dois materiais de construção, como brita e areia: basta que o preço de apenas um deles suba para alterar o consumo de ambos, concorda? Em termos matemáticos, a diferença entre as duas ECD é apenas no sinal: os produtos substitutos apresentam ECD positiva (ECD > 0), pois a variação no preço de um produto gerará uma alteração no mesmo sentido na demanda do outro produto. Por outro lado, os produtos complementares apresentam ECD negativa (ECD < 0), ou seja, quando ocorre um aumento de preço de um produto, a demanda de um outro bem (adquirido em conjunto com ele) diminuirá e vice-versa. No caso, se o preço da brita aumentar, a redução no consumo da brita se estenderá ao consumo de areia (mesmo se o preço da areia não se alterar) pois são compradas juntas. Por fim, é preciso que você conheça a Elasticidade Preço da Oferta (EPO). Agora que você já entendeu as elasticidades da demanda, ficará fácil 14 entendê-la, pois ela é a medida da intensidade da alteração da quantidade ofertada causada por uma alteração nos preços. Na análise desse indicador é indispensável que prazo de análise seja o mesmo, e sabe por quê? Os processos produtivos são diferentes, e por isso o tempo necessário para que a quantidade ofertada seja modificada dependerá dos fatores envolvidos. Dessa forma, produtos cujo processo de produção possa ser mais facilmente alterado (em termos de tempo) terão uma oferta mais elástica do que produtos cujo processo de produção é mais complexo e que demandem mais tempo para serem alterados. Assim, produtos com oferta elástica apresentam EPO > 1, ou seja, a resposta da quantidade ofertada é mais intensa do que a variação no preço, enquanto produtos com EPO inelástica (0 < EPO < 1) têm uma oferta que responderá de forma menos intensa a variações nos preços. Assim, encerramos nossa discussão sobre elasticidade. Espero que você tenha percebido a aplicabilidade desse conceito para nossas decisões de consumo e para as estratégias das empresas. Bons estudos! Sem medo de errar No desafio apresentado no início desta seção, você foi convidado a ajudar Otávio a tomar uma decisão. Ele tem dois imóveis que estão alugados: o imóvel localizado no bairro Classe A está alugado paraJoão por R$ 2.500,00 mensais (João tem uma renda de R$ 12.000,00 mensais), enquanto o imóvel localizado no bairro Classe B está alugado para Pedro, no valor de R$ 750,00 (Pedro tem uma renda de R$ 1.500,00 mensais). Com base no conceito da Elasticidade Preço da Demanda, qual locador tem o maior risco de rescindir o contrato, caso Otávio traga um reajuste de 10% aos imóveis: João (que terá que desembolsar R$ 250,00 a mais por mês) ou Pedro (que terá uma ampliação de gasto de R$ 75,00)? Para aconselhar Otávio, com base na Elasticidade Preço da Demanda, você deve dizer a ele que um dos fatores que influi na EPD é o percentual da renda gasto com aquele item (ou seja, o peso no orçamento do consumidor). Ora, enquanto, atualmente, o aluguel consome cerca de 20% da renda do João (ele gasta R$ 2.500,00 de aluguel, mas ganha R$ 12.000,00 mensais), esse peso corresponde a 50% da renda de Pedro (ele gasta R$ 750,00 de aluguel, tendo uma renda de R$ 1.500,00 por mês). Assim, como consome boa parte da renda de Pedro, isso faz com o item aluguel tenha grande tendência a apresentar uma EPD elástica para ele, ou seja, pequenos aumentos no valor do aluguel vão impactar de forma muita intensa a demanda de Pedro. Por outro lado, um aumento de R$ 250,00 no valor do aluguel cobrado de João 15 vai fazer com que cerca de 23% da sua renda fique comprometida com o seu pagamento, fazendo com que haja uma tendência de João ter uma EPD mais inelástica com relação ao aluguel. Com essas informações (e como o Otávio está desempregado e ficar sem o valor do aluguel pode fazer muita diferença), você pode dizer a ele que é mais prudente negociar com o Pedro um menor percentual de aumento no valor do aluguel (para que ele se mantenha no imóvel) enquanto que, com João, o aumento de R$ 250,00, provavelmente, não vai fazê-lo rescindir contrato de locação com Otávio. Avançando na prática Preços ou propaganda Bruno acabou de adquirir uma pequena loja de confecções cujo dono anterior cometeu muitos erros na condução dos negócios e acabou indo à falência. A loja está com um grande número de peças de vestuário que estão fora de moda, e Bruno precisa recuperar alguma parte dos recursos inves- tidos na aquisição do negócio. Ele estava pensando em fazer uma campanha no rádio da cidade avisando que a loja está sob nova direção, que as insta- lações foram modernizadas, o atendimento melhorou etc., mas ouviu de um amigo que está estudando economia que peças de vestuário apresentam elevada Elasticidade Preço da Demanda e ele deveria levar isso em conside- ração. Como esse conhecimento pode ajudar o Bruno a escolher uma estra- tégia eficiente? Resolução da situação-problema Como você já sabe, as peças de vestuário apresentam uma demanda muito elástica (sensível) em relação aos preços. Isso quer dizer que a reação da demanda a mudanças de preços será em uma intensidade muito maior. Por isso, como as peças estão fora de moda, ações de propaganda apresen- tarão resultados muito limitados. A melhor estratégia é promover uma redução nos preços ou promoções do tipo leve quatro pague três, de forma a estimular os compradores a aumentar o número de peças. Certamente o lucro por peça cairá, mas como a maior necessidade agora é recuperar os recursos investidos e descartar as peças que dificilmente serão vendidas, não há dúvidas de que esse seja o melhor caminho. 16 Faça valer a pena 1. O conceito de elasticidade revela a intensidade da alteração em uma variável causada pela alteração em outra. Essas variáveis podem ser: demanda e preço de uma mesma mercadoria ou de mercadorias diferentes; renda e demanda, oferta e preço, entre outras. Um produto cuja quantidade demandada diminua em 20% em resposta a uma ampliação de preço de 10%, deve ter sua Elasticidade Preço da Demanda classificada como: a. Elástica. b. Inelástica. c. Normal. d. Inferior. e. Superior. 2. Uma das formas mais eficientes de determinar a relação entre dois produtos é calcular a Elasticidade Cruzada da Demanda (ECD) deles. A ECD mostra como alterações de preço de uma mercadoria impactam a demanda de outra mercadoria (que não teve seu preço modificado). Se a ECD entre dois produtos é positiva, podemos dizer que esses produtos são: a. Substitutos. b. Complementares. c. Elásticos. d. Inelásticos. e. Superiores. 3. A elasticidade é um elemento fundamental para conhecer as condições de mercado, permitindo que, a partir delas, sejam feitas previsões econômicas. De acordo com as informações apresentadas no quadro a seguir, faça a associação das características listadas na Coluna A com o resultado de suas respectivas elasticidades, apresentados na Coluna B: 17 Quadro | Elasticidades e suas características COLUNA A COLUNA B I. A ampliação no preço de um bem causará uma diminuição na demanda de outro bem 1. Elasticidade Cruzada da Demanda positiva II. A ampliação no preço de um bem causará um aumento na demanda de outro bem 2. Elasticidade Cruzada da Demanda negativa III. Alterações nos preços de um bem causarão uma mudança na quantidade da demanda dele, em uma intensidade inferior 3. Elasticidade Preço da Demanda maior do que um IV. Alterações nos preços de um bem causarão uma mudança na quantidade da demanda dele, em uma intensidade superior 4. Elasticidade Preço da Demanda menor do que um Fonte: elaborado pelo autor. Assinale a alternativa que apresenta a associação CORRETA entre as colunas. a. I - 4; II - 3; III - 2; IV - 1. b. I - 2; II - 1; III - 4; IV - 3. c. I - 4; II - 1; III - 2; IV - 3. d. I - 3; II - 4; III - 1; IV - 2. e. I - 1; II - 3; III - 2; IV - 4. 18 Seção 2 Estrutura de mercado: concorrência perfeita e monopólio Diálogo aberto Olá, é uma alegria estarmos juntos nesta seção! Agora, vamos conhecer como os mercados funcionam na prática por meio das estruturas de mercado. Mas o que termos como monopólio e concorrência perfeita tem a ver com a estratégia das empresas? Para responder a essa importante pergunta, acompanharemos a decisão que o Haroldo, um empreendedor do agrone- gócio, precisa tomar. Vamos conhecer a história dele? Depois de muito tempo morando em uma grande cidade, Haroldo decidiu arrendar uma área no interior do país para produzir soja. Nessa empreitada, ele está contando com o apoio do seu sócio, Cláudio, que tem bastante experiência na condução da cultura. Conversando sobre as estraté- gias a serem empregadas, Cláudio sugeriu a Haroldo que buscasse alterna- tivas para criar uma marca para a sua soja e, assim, conseguir agregar valor ao seu produto. Contudo, Haroldo está com dúvidas se essa seria uma estra- tégia viável para a soja que ele vai produzir. Uma informação que ele tem é que a soja é uma commodity, ou seja, um produto padronizado em escala mundial, cujo preço é determinado pelas forças de oferta e demanda, sendo sinalizado globalmente pelas operações da Bolsa de Mercadorias de Chicago, a CBOT. A partir dessas informações, Haroldo precisa responder à seguinte pergunta: a criação de uma marca para a soja produzida na sua fazenda é uma estratégia viável para aumentar as vendas ou é mais recomendável a utilização de outras estratégias? Para responder essa pergunta, precisaremos definir em qual estrutura de mercado opera uma fazenda de soja para, em seguida, estipularmos quais as estratégias que poderão ser utilizadas. Vamos lá? Não pode faltar Olá, aluno! Gostou do que já vimos até agora? É interessante que você tenha segurança dos conceitos já apresentados, pois esse é um momento muito importante, no qual analisaremos um tema que pode afetar direta- mente o resultado das empresas e que também tem muito a ver com as 19 condições que enfrentamos ao realizar nossas compras como consumidores: as estruturas de mercado. Você já deve ter percebido que nem sempre os agentes (empresas, por exemplo) têm forças iguais no mercado, não é mesmo? Mas, quando isso ocorre, quais as consequências para omercado? Além disso, o governo deve atuar para evitar esse tipo de situação? Se você já percebeu que essas perguntas podem alterar o desempenho de uma empresa, já entendeu a importância de estudarmos as estruturas de mercado. Você sabe o que são as estruturas de mercado? Não? Vamos à explicação! Assim como qualquer pessoa, as empresas não agem sozinhas em uma socie- dade, já que estão inseridas em mercados (locais, virtuais ou reais, em que compradores e vendedores negociam e realizam transações econômicas) com diferentes características. Essas características dependem de três variáveis: 1. Número de participantes (ou seja, número de compradores e vendedores). 2. Diferenciação (ou não) do produto transacionado entre as empresas. 3. Existência (ou não) de barreiras para a entrada de novas empresas nesse mercado. Assimile Para classificar uma estrutura de mercado é preciso ter informações a respeito: das barreiras à entrada, da força relativa dos agentes e da homogeneidade dos produtos. Em primeiro lugar, é preciso saber que o número de empresas que fazem parte de um mercado é um aspecto fundamental para a classificação das diferentes estruturas de mercado, pois a presença de muitas organizações disputando os mesmos clientes vai gerar uma concorrência entre elas. É importante esclarecer que, em economia, a concorrência é vista como uma ferramenta que beneficia toda a sociedade, pois incentiva as empresas e a efici- ência, amplia a escolha dos consumidores e contribui para reduzir os preços e melhorar a qualidade da mercadoria ou do serviço prestado (COMISSÃO EUROPEIA, 2012). De forma análoga, podemos lembrar que Ayrton Senna dizia que grande parte da sua eficiência e de seu sucesso profissional estavam atrelados a outro ótimo piloto que concorria com ele nas pistas de Fórmula 1, Alain Prost, pois essa rivalidade motivava o piloto brasileiro a sempre buscar alternativas de ser melhor do que o francês (COURREGE; LOPES, 2014). Conhecer a estrutura de mercado em que uma empresa está inserida é fundamental para balizar a escolha de estratégias fundamentais, tais como 20 determinação do preço de venda, gastos com propaganda, infraestrutura produtiva e pesquisa e desenvolvimento, entre outras que caracterizam a conduta das empresas. Para entender melhor as diferentes estruturas de mercado, utilizaremos uma das ferramentas mais poderosas da economia: os modelos. Da mesma forma que um manequim ou um boneco em uma loja de roupas dá uma ideia do que seja um corpo humano, os modelos econômicos permitem uma visão da realidade que, apesar de não ser perfeita, fornece informações suficientes que permitem o seu entendimento e também trazem indicações dos resul- tados que virão a partir das decisões tomadas. Assimile Os modelos econômicos são simplificações que, apesar de não serem perfeitas, permitem uma compreensão superior da realidade e possibi- litam simulações de resultados Nesta seção, vamos estudar alguns dos principais modelos das estruturas de mercado: competição (concorrência) perfeita, monopólio e monopsônio. Vamos, então, começar por aquela que é considerada a estrutura ideal, na qual os agentes negociariam os preços e as quantidades dos produtos e serviços em igualdade de forças. Esse é o modelo de competição perfeita, ou concorrência perfeita. A primeira característica desse modelo é que, como há uma grande quantidade de compradores e vendedores (o mercado é atomizado), nenhum dos agentes tem uma participação significativa no mercado a ponto de conseguir influenciar individualmente os preços dele. Isso implica em que nenhum comprador, por maior que seja a quantidade que consiga adquirir, individualmente, conseguirá reduzir o preço de mercado. Da mesma forma, nenhum comprador terá uma participação tão elevada nesse mercado, que consiga levá-lo, individualmente, a alterar os preços. Como consequência, a entrada ou saída de algum agente (comprador e/ou vendedor) não vai alterar as condições de equilíbrio desse mercado. A segunda característica é que os produtos são homogêneos, ou seja, os consumidores consideram os produtos exatamente iguais, não fazendo distinção entre os diferentes fornecedores. Por isso, tentativas de criação de marcas ou de estabelecimento de preços diferentes por parte dos vendedores não costumam valer a pena (mesmo que o produtor ache que o seu produto é diferente do concorrente, se essa diferença não for percebida pelo consu- midor, isso não vai adiantar nada). 21 Exemplificando O mercado de frutas e hortaliças é um bom exemplo de produtos homogêneos: quando você vai à feira ou a um supermercado, não encontrará marcas diferentes de laranjas ou de tomates, por exemplo. Isso ocorre porque, na prática, você e os outros consumidores não estão dispostos a pagar mais por uma marca de tomate específica, pois esses produtos não são vistos como diferentes (o tomate produzido na Fazenda A vai ser praticamente igual ao tomate produzido na Fazenda B; assim, se um supermercado comprar tomate desses dois fornecedores e colocá-los, juntos, na mesma gôndola, para revendê-los, o consumidor não conseguirá dizer qual é o tomate da Fazenda A e qual é o da Fazenda B). Outra característica da estrutura de mercado em concorrência perfeita é a inexistência de barreiras para a entrada de novos participantes. As barreiras à entrada são definidas como o custo que uma nova firma terá que enfrentar para participar de um mercado e que não existe para aquelas que já estão estabelecidas. Por exemplo: quando uma firma decide entrar em um mercado em que terá de enfrentar marcas consolidadas, ela se defrontará com uma barreira à entrada. Além desse fator, patentes, determinações governamen- tais, domínio de tecnologias de ponta, economia de escala, curva de aprendi- zado, alta necessidade de capital, acesso a canais de distribuição constituem barreiras à entrada (BASTOS, 2014). De forma similar, quando uma empresa sabe que os custos de abandonar uma atividade são elevados (um maqui- nário específico que não é vendido facilmente, por exemplo), ela será desin- centivada a entrar nesse mercado, ou seja, as barreiras à saída funcionam também como barreiras à entrada. Em um ambiente de barreiras reduzidas ou mesmo inexistentes (como o de concorrência perfeita), sempre que uma firma apresentar um lucro elevado, outras poderão entrar no mercado, aumentando a oferta e reduzindo o preço de equilíbrio dele. Como consequência, mercados mais competitivos como os de concorrência perfeita tendem a apresentar preços menores e produtos de melhor qualidade no longo prazo, beneficiando toda a população. Além dessas três características citadas, outro pressuposto da concor- rência perfeita é que os agentes tenham completo acesso às informa- ções disponíveis (característica chamada de simetria da informação). Por exemplo, em uma feira livre (que é um dos exemplos mais usados de concor- rência perfeita), você pode coletar todas as informações disponíveis sobre os produtos à venda nas diferentes barracas antes de efetuar sua compra. Assim, como os produtos são homogêneos, se um feirante cobrar um preço acima das outras barracas, todos os consumidores vão saber dessa informação, 22 fazendo com que ninguém compre com aquela pessoa que está cobrando um preço acima dos demais. E quais as implicações para uma empresa (firma) que opera em um mercado de concorrência perfeita? Em termos de preços, se ela quiser vender o seu produto abaixo do preço de equilíbrio do mercado, isso significa tomar uma decisão pouco racional pois, como sua quantidade ofertada é pequena em relação ao mercado, ela apenas venderá seu produto mais rápido, bastando aos outros produtores esperar que ela venda todo o seu estoque para que o preço retorne à condição de equilíbrio. Em contrapartida, se a empresa tentar vender a um preço maior do que o preço de equilíbrio, os consumi- dores saberão que outros produtores estarão ofertando o mesmo produtoa um preço menor, e ela não conseguirá vender nada. Assim, os vendedores que participam de um mercado em concorrência perfeita são tomadores de preços – price takers (eles simplesmente têm que adotar o preço estipulado no equilíbrio do mercado, sem ter poder de alterá-lo). E a diferenciação de produtos, será que é uma estratégia válida? Pense: como o consumidor considera os produtos homogêneos (lembra, por exemplo, que os tomates produzidos pelas Fazenda A e B eram indistinguíveis?), a diferen- ciação ou criação de marcas não é uma estratégia recomendada, pois o consu- midor acabará optando sempre pelo produto de menor valor. Dessa forma, o foco de um produtor operando em um mercado de concorrência perfeita terá de ser, obrigatoriamente, a redução de custos, pois ele também não terá como cobrar um preço superior ao preço praticado no mercado. Reflita Você certamente já ouviu falar da Revolução Industrial e dos seus impactos sobre o progresso da humanidade. Contudo, a revolução que talvez mais venha a moldar o futuro da humanidade seja a dos meios de comunicação: hoje, o custo de conversar, obter informações e fazer negócios com uma pessoa do outro lado do mundo tende a zero. Essa redução de custos de comunicação permite ao consumidor obter informações a respeito dos produtos que deseja junto a diferentes consu- midores. De que forma esse processo se assemelha a uma das caracterís- ticas da estrutura de mercado de concorrência perfeita? Reflita sobre isso. Pode acontecer que uma ou mais empresas, operando em um determi- nado mercado de concorrência perfeita, apresentem um lucro acima de outras empresas (que é chamado de lucro extraordinário ou lucro supranormal). Por exemplo: ao longo de 2019 ocorreu um aumento no preço das carnes de boi e de porco por conta de uma elevação de 40,4% nas importações de carne 23 de porco pela China, nos oito primeiros meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2018 (IMPORTAÇÕES..., 2019). Esse processo ocorreu por conta de uma epidemia de peste suína que obrigou a um abate de cerca de 40% do plantel chinês. Em consequência disso, os lucros dos suinocultores brasileiros aumentarão; mas esse resultado financeiro acima da média não vai durar muito tempo. Você sabe por qual motivo? Simples: esse lucro vai estimular outros produtores a entrarem no mercado (ou os próprios produ- tores aumentarão sua oferta) para aproveitarem esse lucro maior (já que no mercado estruturado como concorrência perfeita não há barreiras para a entrada de novos participantes). Isso deslocará a curva da oferta da carne de porco para a direita, fazendo com que o preço de equilíbrio diminua, reduzindo, consequentemente, o lucro extraordinário (até que ele seja total- mente eliminado, com reequilíbrio da oferta) Essa situação está representada na Figura 2.1 a seguir. Um possível aumento de oferta de carne suína no mercado deslocaria a curva de oferta de O para O’, fazendo com que o preço de equilíbrio diminuísse de p0 para p1. Com esse preço menor, o lucro extraordinário dos suinocultores iria diminuir, havendo, inclusive, a possibilidade de ele ser extinto, caso uma quantidade ainda maior de produtores dessa carne entre nesse mercado, o que reduziria ainda mais o preço de equilíbrio dele. Figura 2.1 | A redução do preço de equilíbrio após deslocamento da curva de oferta Fonte: Braga (2019, p. 36). Ainda que nem sempre seja possível determinar que um mercado funcione exatamente da forma como preconiza o modelo de concorrência perfeita, o entendimento das vantagens é suficientemente forte para fazer 24 com que muitos governos mantenham estruturas e leis para estimular o aumento da concorrência e, assim, trazer benefícios à sociedade. Apesar de você, provavelmente, já ter vivenciado uma experiência de consumo em um ambiente próximo ao da competição perfeita, o mais provável é que em seus processos de compra você tenha se deparado com situações nas quais você não tinha alternativas de alterar os preços, e se sentia com menos poder do que o vendedor. Essas são situações em que não ocorre a competição perfeita, pois há um desequilíbrio de forças. A estrutura de mercado em que esse desequilíbrio de forças é mais intenso é o monopólio, no qual um único vendedor domina completamente um ramo de atividade, não existindo qualquer outro fornecedor do seu produto ou serviço. O termo monopólio vem do grego mono (que significa “um”) e polein (que significa “vender”). Nessa estrutura de mercado, os consumidores não podem optar por produtos ou serviços que possam substituir os oferecidos pelo monopolista – ou seja, não há bens substitutos àquele vendido pelo monopolista. Por isso, muitos continuarão a adquirir aquele produto mesmo que os preços aumentem, o que faz com que o monopolista, frequentemente, prefira aumentar os seus preços, mesmo que alguns consumidores deixem de comprá-lo, pois o aumento no lucro em cada unidade vendida trará a ele maior lucro total. Esse prejuízo à população faz com que alguns defendam a quebra de todos os monopólios, mas essa é uma decisão que não pode ser tomada sem a análise de suas implicações, pois nem sempre isso é possível ou mesmo desejável. Vamos analisar algumas situações? Em primeiro lugar, nos mercados monopolísticos existem barreiras que impedem o acesso de novos concorrentes ao mercado. Essas barreiras podem ter diferentes origens, sendo que as principais são a obtenção de patentes, a proteção legal e especificidades de produção (como altos custos) que tornam um único produtor (fabricando em grande quantidade) mais eficiente do que uma grande quantidade de produtores, fabricando pequenas quantidades (o que é chamado de economias de escala). As patentes surgem da necessidade de estimular a pesquisa e a inovação: a legislação permite que empresas que desenvolvam novos produtos ou processos possam registrar sua patente e atuar como monopolistas enquanto essa patente durar. 25 Exemplificando Uma companhia farmacêutica que, eventualmente, descubra um novo medicamento revolucionário, ao receber a patente passa a ter exclu- sividade de produção desse medicamento durante certo número de anos. Após esse período, os medicamentos produzidos com o mesmo princípio ativo são chamados de genéricos. Essa exclusividade de venda (temporária) acontece para que a empresa que teve altíssimos gastos com pesquisa (até descobrir e desenvolver um novo medicamento) consiga retornos financeiros suficientes para cobrir esse investimento feito. Já a proteção legal significa que a existência de concorrentes é proibida por lei. Um exemplo é a geração de energia nuclear no Brasil. Por ser consi- derada questão de segurança nacional, a exploração dessa tecnologia é exclu- sividade da empresa estatal, a Nuclebrás (NUCLEP, [s. d.]). Reflita Na Europa, a posse de Margaret Thatcher como primeira ministra da Inglaterra, em 1979, deu início a uma onda privatizações que se manteve ao longo dos seus três mandatos consecutivos, até 1990, e que alcançou países como a França e a Alemanha (TEIXEIRA, 2016; MÜZELL, 2016). No Brasil, além de existirem empresas que têm tido sua existência como monopólio estatal questionada (por algumas correntes do pensamento econômico), como os Correios e as empresas estaduais de saneamento, há outras que já foram privatizadas, como a Telebras. Você acredita que a população brasileira seria beneficiada com a privatização dessas estatais? Reflita sobre o assunto. Outra razão para a existência de monopólio decorre de economias de escala, o processo de redução de custos com o aumento da quantidade produ- zida. Em algumas atividades econômicas esse custo é significativo, e quando isso ocorre pode ser que a alternativa de menor custo seja o monopólio. Por exemplo, na cidade em que você mora certamente, só existe uma empresa de fornecimento de água e tratamento de esgoto. A economia de escala faz com que esse serviço apresente menor custo se for prestado poruma única empresa do que se fosse dividido entre duas ou mais, em um mesmo município. Além disso, a tecnologia de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto ainda é essencialmente mecânica. Imagine como ficariam as ruas da cidade se cada vez que um consumidor decidisse mudar 26 de fornecedor a nova empresa tivesse que cavar um buraco para trocar o encanamento. Agora precisamos olhar para a estratégia de uma firma monopolista: se o seu objetivo é maximizar o seu lucro no longo prazo, ela fará todo o esforço possível para evitar a entrada de novos concorrentes, concorda? Isso explica a atenção redobrada que essas firmas precisam receber do poder púbico. Se você estiver utilizando um computador é provável que o seu sistema operacional seja aquele famoso fornecedor de software que, apesar de não ter uma proteção legal, é quase monopolista em sistemas operacionais, não é mesmo? E quando você quer procurar uma coisa na internet é quase certo que utilizará um site que se tornou sinônimo de buscas. Pois bem, o Google foi multado em 2,42 bilhões de euros pela Comissão Europeia, em 2017, por fragilizar a concorrência no mercado das buscas pela internet (COMISSÃO EUROPEIA, 2017). Em 2019, representantes de 50 estados americanos anunciaram uma investigação conjunta contra a companhia por práticas anticompetitivas (ESTADOS..., 2019). A Microsoft já foi processada por monopólio tanto nos Estados Unidos (BLANCO, 1998) quanto na Europa (MICROSOFT..., 2007). A questão é que, quanto maiores as barreiras à entrada, maior a capaci- dade de uma firma de exercer seu poder de mercado no longo prazo. Essa é a vantagem de uma empresa atuar em um mercado monopolístico? Sim, claro! Se o lucro de um monopolista cresce, a um determinado preço estipulado por essa empresa (o monopolista é um price maker – estipulador de preço para o mercado), atingindo um lucro acima da média de outros setores (o chamado lucro extraordinário), é praticamente impossível que uma outra firma possa entrar no mercado (devido às barreiras de entrada) e aumentar a concorrência (o que diminuiria o preço de equilíbrio do mercado, reduzindo, consequentemente, o lucro extraordinário), o que traz a tendência desse lucro extraordinário persistir no longo prazo (diferentemente do que ocorre no mercado de concorrência perfeita), levando a situações nas quais as empresas caminharem muito perto do limite legal e ético. Por outro lado, o avanço da tecnologia tem, de forma geral, beneficiado o consumidor no que se refere à competição, pois áreas que antes eram monopólios hoje apresentam disputa entre as empresas. Nas telecomunica- ções no Brasil, por exemplo, a digitalização dos processos permitiu o desapa- recimento do monopólio e o estabelecimento de concorrentes. Contudo, em situações em que os monopólios persistem, é comum que os governos busquem desenvolver esforços tentando evitar ou pelo menos atenuar os efeitos desta situação. Isso se dá por meio de medidas legais ou 27 de regulamentação dos preços, ou até mesmo tornando o monopólio uma empresa pública, tentando reduzir o prejuízo à sociedade. Assimile Ainda que, a princípio, os monopólios representem um potencial de prejudicar os consumidores, é preciso analisar bem todos os aspectos envolvidos antes de se decidir por uma quebra de monopólios. Existem situações em que a manutenção do monopólio pode acabar sendo a alternativa de menor prejuízo para a sociedade. Por fim, precisamos conhecer mais uma estrutura de mercado que é pouco comum, mas de grande importância. Essa estrutura ocorre quando um único comprador controla substancialmente o mercado em que atua, sendo ele, exclusivamente, quem demanda toda a produção de um determinado bem ou serviço: o monopsônio. Ocorre normalmente quando uma grande empresa é a única opção para um grande número de vendedores. Com isso, esse comprador possui grande poder de mercado e, assim como acontece no monopólio, ele pode determinar (price maker) o preço da mercadoria que será praticado nesse mercado, beneficiando-o. No Brasil, um exemplo de monopsônio é a Petrobras, que exerce exclusividade de compra junto aos produtores de gás natural, sendo a única a adquirir o gás que é produzido no Brasil (ZAGO; OLIVEIRA, 2019). Com isso alcançamos o objetivo desse encontro: você conheceu as duas estruturas opostas que o consumidor pode se defrontar: o monopólio, em que existe apenas um fornecedor de um produto ou serviço, e a concorrência perfeita, na qual nenhum dos vendedores possui uma parcela do mercado suficiente para afetar os preços. Vimos também o monopsônio, em que apenas um comprador é a única opção para um grupo de vendedores. Agora é com você: leia o material e se prepare para enfrentar mercados em concorrência perfeita, monopólio ou monopsônio. Bons estudos! Sem medo de errar Agora que você já conhece os conceitos fundamentais de monopólio, oligopólio e concorrência perfeita, pode ter segurança para opinar a respeito da estratégia sugerida ao Haroldo pelo Cláudio. Você está lembrado da situação? Haroldo passou a produzir soja em uma área arrendada, após ter decidido mudar de uma grande cidade para o interior do país. Para ajudá-lo com a parte técnica, ele conta com o apoio do 28 seu sócio, Cláudio, que tem bastante experiência na condução da cultura. Nas reuniões de planejamento de atividades, Cláudio sugeriu a Haroldo uma nova estratégia: desenvolver uma marca para a sua soja a fim de conseguir agregar valor ao seu produto. Haroldo não ficou convencido da viabilidade da ideia, e por isso precisa responder à seguinte pergunta: a criação de uma marca para a soja produzida na sua fazenda é uma estratégia viável para aumentar as vendas ou é mais recomendável a utilização de outras estratégias? Se o Haroldo realizar uma análise criteriosa do mercado de produção de soja, concluirá que ela é um produto homogêneo, ou seja, para o consumidor não faz diferença se a soja é produzida na fazenda deles ou em qualquer outra propriedade. Além disso, os mercados agrícolas, em geral, se aproximam do modelo de concorrência perfeita, pois dispõem de um grande número de produtores com reduzida força individual, sendo que nenhum consegue, individualmente, afetar os preços do mercado da soja que, em especial, são balizados a partir dos milhões de contratos que são negociados diariamente na Bolsa de Chicago. Sendo assim, Haroldo deve dizer a Cláudio que não há sentido em investir na criação de uma marca e em divulgação para um produto que, se estiver mais caro, será deixado de lado pelo consumidor (que, pela homoge- neidade e simetria da informação, vai preferir o mais barato). Dessa forma, os sócios Cláudio e Haroldo deveriam abandonar a estratégia de criação de uma marca, dedicando-se a produzir soja ao menor custo possível, pois o preço será uma variável sobre a qual eles não terão controle. Avançando na prática Como melhorar o transporte público Fabrício foi contratado para prestar consultoria a uma organização não governamental (ONG) de sua cidade que foi formada por empresários, prestadores de serviço, associações de moradores etc. e que recebe aporte de recursos da prefeitura. A ONG tem como objetivo o desenvolvimento econô- mico do município. Foi realizada uma pesquisa com a população que indicou que o trans- porte público é o serviço que recebe a pior avaliação por parte da população, que critica os poucos horários disponíveis, a reduzida oferta de itinerários e a baixa qualidade dos ônibus da população, além das muitas reclamações sobre o alto preço das passagens. 29 O transporte público na cidade é exclusividade de uma única empresa, sendo que essa condição é garantida por lei em um contrato celebrado 15 anos atrás e que será encerrado nos próximos meses. Fabrício se dedicou a pesquisar o assunto e, ao consultar pesquisa reali- zada por uma associação de municípios da região, descobriu que a maioria das cidades com população similar à doseu município apresenta pelo menos duas empresas de transporte público. O que ele deve sugerir a ONG em relação a essa situação? Resolução da situação-problema A exclusividade garantida pela legislação transforma a empresa em monopólio. A falta de concorrência desestimula a empresa a buscar melhorar a qualidade do serviço prestado à população e estimula a prática de preços abusivos. É fundamental que a ONG se mobilize para aproveitar o encerra- mento do contrato e encaminhar ao poder público (Executivo e Legislativo), uma proposta para alteração da lei que permita a operação de mais de uma empresa de transporte público na cidade, o que vai estimular a melhoria dos serviços e a queda nos preços. Essa melhoria certamente contribuirá para o melhor aproveitamento dos recursos, gerando um melhor ambiente econômico no município. Faça valer a pena 1. Os modelos econômicos, ainda que não consigam expressar a realidade em sua totalidade, permitem uma boa visualização das características funda- mentais do mercado, bem como a projeção de comportamento deles. Existe uma estrutura de mercado que demonstra, de forma bastante similar, as características fundamentais de mercados agrícolas (como os de frutas e verduras), que apresentam produtos homogêneos, grande número de compradores e vendedores e inexistência de barreiras à entrada. Qual é essa estrutura? a. O monopólio. b. O oligopólio. c. O oligopsônio. d. A concorrência perfeita. e. O monopsônio. 30 2. As estruturas de mercado são modelos que captam aspectos de como os mercados estão organizados. Cada estrutura de mercado destaca aspectos essenciais da interação da oferta e da demanda, baseando-se em caracterís- ticas observadas em mercados existentes. Em todas as estruturas clássicas os agentes são maximizadores de lucro. As estruturas de mercado estão condi- cionadas por três variáveis principais: a) número de firmas produtoras no mercado; b) diferenciação do produto; e c) existência de barreiras à entrada de novas empresas (GONÇAVES, 2011). Tomando como referência as estruturas de mercado, julgue as afirmativas a seguir em (V) Verdadeiras ou (F) Falsas. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a. V – F – V – F. b. F – V – V – F. c. V – F – F – V. d. V – V – F – V. e. F – F – V – V. 3. As receitas combinadas de gigantes da internet como Facebook, Micro- soft, Google, Amazon e Apple chegam a cerca de US$ 3,7 trilhões anuais, maior do que o PIB da Alemanha. Esse poder concentrado nas mãos de poucos tem levado a propostas de desmembramento dessas empresas (TECH GIANTS, [s.d.]). Com base nas estruturas de mercado, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. A preocupação dos governos europeus e norte-americano de impor limites ao poder de mercado a esse gigantes da internet advém da constatação dos prejuízos que a população pode ter, decorrentes do poder concentrado em uma única empresa ou grupo. PORQUE II. Devido à inexistência de barreiras à entrada de novos participantes na estrutura de monopólio, o lucro das empresas monopolísticas tende a desaparecer, ao longo do tempo. 31 A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta. a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. 32 Seção 3 Estrutura de mercado: concorrência monopolística e oligopólio Diálogo aberto Olá, seja bem-vindo a nossa caminhada pela microeconomia. Nesta seção, vamos estudar as estruturas de mercado, com foco no oligopólio, no oligopsônio e na concorrência monopolística. Para isso, vamos conhecer uma empresa do ramo farmacêutico, conhe- cido por estar estruturado em mercados oligopolizados. Pronto para o desafio? Lucas é um dos diretores de uma grande empresa farmacêutica, a Empresa YY, líder no mercado brasileiro de remédios para dor de cabeça. Na última reunião de diretoria, ele foi desafiado a aumentar as vendas desse produto, pois uma análise indicou que a empresa está operando com capacidade ociosa. Sabendo que essa empresa é líder do mercado, mas não possui exclu- sividade na venda do produto, ele precisa responder a seguinte pergunta: para aumentar as vendas desse remédio para dor de cabeça, a redução do preço de venda seria uma boa alternativa ou existem outras estratégias mais adequadas? Para responder a essa pergunta, você precisará entender as estruturas de mercado que serão apresentadas nesta seção, bem como as melhores estra- tégias a serem utilizadas pelas empresas em cada uma das situações. Você perceberá que os temas apresentados aqui estão diretamente ligados a situa- ções enfrentadas pelas empresas, por isso, conhecê-los e saber como aplicá- -los poderá fornecer a você um diferencial para se destacar no mercado. Vamos lá? Não pode faltar Olá, aluno. As estruturas de mercado podem apresentar posições extremas e opostas, como a concorrência perfeita (em que os agentes não têm poder individual, sendo tomadores de preços) e o monopólio (em que a empresa apresenta muito poder, podendo definir os preços que quer praticar). O nosso foco agora, entretanto, são as estruturas intermediárias, que também são as mais frequentes no mundo atual: o oligopólio, o oligopsônio e a concorrência monopolista. Sabe que existe uma característica que ocorre em 33 todas elas? É a interdependência mútua, fundamental para definir as estraté- gias de uma empresa! Vamos conhecê-las, então, começando pelo oligopólio. O termo oligopólio também tem origem grega (oligos significa “poucos”, e polein se refere ao processo de venda) e ocorre quando existe um número reduzido de empresas (poucos vendedores) que dispõem de poder suficiente para exercer algum tipo de controle sobre o preço. Note que o que caracte- riza um oligopólio não é o pequeno número total de empresas, mas o fato de poucas possuírem muito poder. Assimile O oligopólio tem mais ofertantes do que o monopólio, contudo, a maior parcela do mercado fica concentrada em poucos vendedores. A presença da estrutura de mercado do oligopólio é facilmente perce- bida em setores como de telefonia móvel brasileira, em que quatro empresas dominam o mercado e o número de outros fornecedores é irrisório (CHIAPINOTO et al., 2017). No Brasil, setores como de refrige- rantes também são oligopólios: segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes (ABIR) citados por Gentilini (2011), em 2008, havia 835 fabricantes de refrigerantes que, segundo Motomura (2011) fabri- cavam 3.500 marcas, que incluíam sabores como de abacaxi e de guaraná com catuaba. Contudo, esse grande número de marcas e fabricantes não impede que as marcas ligadas ao principal fabricante detenham quase 60% do mercado nacional de refrigerantes (BOUÇAS, 2018). Por meio desses exemplos, você pode perceber que, no oligopólio, os produtos tanto podem ser diferenciados (como os refrigerantes, que apresentam embalagens, sabor, volumetria etc. diferentes), quanto homogê- neos (como os serviços de telefonia, as indústrias de cobre etc.). Uma das características que costuma estar presente nessa estrutura é a economia de escala (resultando em que quanto maior a produção menor o custo médio por unidade produzida, fazendo com que as empresas de maior porte tenham custos menores). Dessa forma, é comum que ocorram fusões e aquisições entre as empresas operando nesse mercado, pois elas buscam reduzir os seus custos e aumentar sua participação de mercado. Se você olhar para o que está acontecendo no mundo, em setores como bancos e fabricantes de automóveis ou aviões, terá a confirmação dessa informação. Nesse mercado, as decisões de cada firma sobre o preço a ser cobrado e outros aspectos chave precisam considerar não apenasos seus custos e a demanda de mercado, mas também as possíveis reações de seus rivais, já que o índice de concentração do mercado é alto (um oligopolista leva em 34 consideração e reage às decisões de preço e produção dos outros oligopolistas do setor). Por isso, conhecer a elasticidade preço cruzada da demanda de um produto em relação aos seus principais concorrentes poderá fazer muita diferença. Qual a consequência desse cenário? Em muitas situações, a dificuldade de previsão das ações e reações dos outros agentes gera uma elevada incerteza, que faz com que as empresas optem por evitar guerras de preços, fazendo com que, em alguns oligopólios, os preços acabem apresentando pouca diferença entre si. Dentro desse tipo de comportamento das empresas oligopolistas (de evitar uma guerra de preços), podemos ver dois tipos de estratégias diferentes: liderança de preço e competição extra preço. Vamos entendê- -las? Na liderança de preços, uma empresa oligopolista dominante (pela sua participação no mercado e/ou capacidade de trabalhar com custos menores) estipula o seu preço de venda (mais baixo). As outras empresas participantes desse mercado, apesar de poderem cobrar o preço que quiserem pelos seus produtos, acabam copiando o preço da empresa líder (como se tivessem um acordo informal), pois se cobrarem preços maiores do que o do oligopolista dominante seriam eliminadas do mercado. Já na estratégia de competição extra preço não há acordos (formais ou informais) entre os oligopolistas e a competição entre eles acontece por meio de guerras publicitárias, na tenta- tiva de chamar a atenção do cliente em potencial. Assim, amostras grátis, brindes, campanhas publicitárias na internet, na televisão ou outras mídias são ações implementadas por esses oligopolistas para cativar o consumidor, que até aceitará pagar um preço maior do que o preço os concorrentes, levan- do-se em conta a marca (altamente impactada pelo marketing) e a qualidade do produto. No entanto, pense agora por um momento: se você estivesse à frente de uma das (poucas) firmas líderes de mercado operando em um oligopólio, que tipo de estratégias você pensaria em estabelecer para minimizar os seus riscos e maximizar seus lucros? Será que a ideia de fazer um acordo com outros (poucos) oligopolistas passaria pela sua cabeça? Muitas pessoas diriam que sim! Com isso, você percebe, então, que o oligopólio estimula a elaboração de pactos entre as firmas? Esses acordos envolvem fatores como preços, divisão dos mercados em termos geográficos etc. e nem sempre são expressos, ou seja, não necessa- riamente os oligopolistas se reunirão para decidir alguma coisa, às vezes são acordos tácitos (apesar de não terem celebrado um acordo formal, os agentes atuam como se ele existisse). 35 Dentre os acordos efetivamente celebrados, o tipo mais conhecido e mais danoso à sociedade é o cartel, caracterizado por um conluio entre empresas independentes entre si e que produzem o mesmo tipo de bens participantes. A partir desse acordo, alguma característica – em especial o preço ou cotas de produção – é definida por negociação entre as firmas, de forma a maximizar os lucros e eliminar a concorrência. Essas empresas passam a assemelhar-se a um monopólio, no sentido em que as empresas cartelizadas funcionam como uma única empresa (NUNES, 2019). O cartel é considerado crime pela legis- lação brasileira e, no período em que esse material estava sendo escrito, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados havia aprovado uma proposta para aumentar a pena para esta prática (BITTAR, 2019). Assimile Um dos principais problemas do oligopólio é a possibilidade e o estímulo que os agentes principais desse mercado dispõem para formação de cartel, que é um acordo entre os ofertantes a fim de eliminar a concor- rência e trazer grandes prejuízos ao consumidor. Contudo, como esse acordo ocorre à margem da lei e depende do compromisso de cada agente de manter o que foi acordado, em algumas situações a “tentação” de quebrar o acordo e reduzir os seus preços ou tomar alguma posição que aumente sua participação no mercado torna o equilí- brio instável, apesar das vantagens dos acordos. Com isso, ações individuais independentes podem surgir, fazendo com que o conflito entre os interesses individuais dos integrantes do cartel e os interesses coletivos muitas vezes levem a uma guerra de preços. Exemplificando A partir de investigações conduzidas pela Polícia Federal que culmi- naram em operação de busca e apreensão realizada em julho de 2008, seguidas por Termos de Compromisso de Cessação (TCC), o Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) condenou, em 10 de abril de 2019, 27 postos de gasolina, duas distribuidoras e 12 pessoas físicas por prática de cartel e outras infrações à ordem econômica no mercado de distribuição e revenda de combustíveis na região metropo- litana de Belo Horizonte, Minas Gerais. No total, foram aplicadas multas que somam R$ 156,9 milhões (CADE, 2019). 36 Reflita Notícias de punições aos praticantes de cartel não são comuns de serem vistas. Qual seria o motivo da dificuldade de condenar essa prática? Uma dica: um dos princípios do direito diz que o ônus da prova tem que ser da acusação, ou seja, é preciso haver provas para condenar alguém De acordo com Retamiro (2016, p. 182) A cooperação entre os oligopolistas parece uma estra- tégia mais interessante para todos. No entanto, apesar de desejável, a cooperação é bastante complexa e difícil. Isto nos leva a uma teoria usada na economia, que é chamada de teoria dos jogos, fundamentada em modelos de decisão, em que cada empresa (ou outro tipo de jogador) escolhe uma estratégia para maximizar os seus resultados, sendo que as estratégias da outra empresa (player) podem influenciar a sua escolha estratégica maximizadora de resultados. Portanto, irá se tratar de um estudo sobre a tomada de decisão estratégica, com base nas ações das outras empresas. Essa incerteza sobre o comportamento alheio faz com que os agentes precisem considerar os diferentes cenários que poderão enfrentar, a partir das ações que elas e seus concorrentes poderão tomar. Essa forma cooperativa de pensar foi estudada por alguns pesquisadores, e o expoente dessa abordagem, que depois se mostrou revolucionária, foi John Nash, ganhador do Nobel de Economia de 1994 e que teve sua luta contra a esquizofrenia retratada no filme Uma Mente Brilhante, ganhador de oito prêmios Oscar em 2002. Se puder, assista esse filme, dando especial atenção à cena do bar, em que ele percebe que a busca da maximização da satisfação individual nem sempre resulta na melhor solução para todos e afirma, para espanto dos seus amigos: “Adam Smith estava errado”. Ele propõe uma abordagem na qual cada agente deve tomar suas decisões considerando as opções disponíveis para os outros agentes, o chamado equilí- brio de Nash (NETO; MENDONÇA, 2011) que demonstra que, quando um agente considera as alternativas disponíveis para os outros agentes, nem sempre a solução mais provável será a solução ótima. Para mostrar o conceito de equilíbrio de Nash, vamos acompanhar uma de suas proposições mais conhecidas, o Dilema dos Prisioneiros. 37 Imagine que dois perigosos marginais, Tripa-Seca e Quase-Nada, foram presos em flagrante, hoje pela manhã, com objetos roubados. Apesar de terem ocorrido praticamente no mesmo horário, as prisões foram em locais e circunstâncias diferentes, e eles sabem que a pena por esse crime é de seis meses. Contudo, o delegado responsável pela investigação tem certeza que a dupla foi responsável também por um assalto a banco de algumas semanas atrás, mas sabe que as provas que possui não são suficientes para condená- -los. O delegado resolveu interrogar cada criminoso de forma separada, pois precisava que eles confessassem o crime de assalto a banco. No interrogatório do Tripa-Seca, o delegado disse para ele: “Olha,a gente sabe que você e o Quase-Nada assaltaram o banco e a gente até já prendeu ele. Então o negócio é o seguinte: se você confessar que participou do assalto a banco e afirmar que Quase-Nada também participou desse crime, eu consigo um acordo e você vai ser liberto, e ele pode pegar até dez anos de cadeia. Só que eu vou fazer a mesma proposta para ele e, se ele falar e você ficar quieto, Quase-Nada será solto e você vai ficar dez anos preso. No caso de vocês dois confessarem, aí cada um de vocês vai pegar três anos de encarceramento.” Antes de responder, Tripa-Seca pensa um pouco mais e pergunta: e se nenhum de nós dois confessar? O delegado então é obrigado a dizer que, nesse caso, os dois serão condenados apenas pelo crime dessa manhã (objetos roubados) e ficarão livres depois de seis meses de cadeia. Tripa-Seca tem meia hora para decidir e não pode falar com seu comparsa. Resumindo a história, temos algumas possibilidades de conclusão desse caso: 1- caso um dos prisioneiros traia o outro, e o outro permaneça em silêncio, o que acusou é solto, imediatamente, enquanto quem ficou em silêncio pega dez anos de prisão; 2- caso os dois fiquem em silêncio sobre o crime no banco, a condenação é de seis meses para cada (pelo crime de roubo de objetos); e 3- caso ambos traiam a confiança do outro, cada um pega três anos de prisão. Ao analisar a situação, Tripa-Seca percebe que, se ele não confessar, terá a possibilidade de sair em apenas seis meses, mas, também corre o risco de ficar dez anos preso. Por outro lado, se confessar, garante que sua condenação não passará de três anos, podendo inclusive, ser solto, imediatamente. Qual é a questão chave? Ele não tem como saber como seu comparsa agirá! Se ele tivesse a certeza de que seu comparsa faria o mesmo, a melhor escolha seria não confessar (e ambos passariam seis meses presos). Mas, como ele não sabe qual a atitude que seu comparsa de crime tomará, qual seria a decisão que minimizaria o seu risco? Para chegar a essa conclusão, os prisio- neiros devem analisar muito bem a situação. Caso Quase-Nada fique em silêncio, a melhor estratégia para Tripa-Seca é confessar (pois, dessa forma, 38 ele ganharia a liberdade), já que, se ele não confessar, Tripa-Seca pegaria seis meses de cadeia. Por outro lado, caso Quase-Nada não fique em silêncio, a melhor estratégia para Tripa-Seca é, mais uma vez, confessar (passando três anos preso, em vez de dez anos, caso ficasse em silêncio). Ou seja, a melhor estratégia para ambos (independentemente do que o outro faça) é confessar, o que fará cada um deles permanecer três anos na cadeia. Mas, como vimos, esse resultado é péssimo para ambos, que poderiam pegar apenas seis meses de prisão cada, se um cooperasse com o outro, permanecendo em silêncio. Interessante, não é mesmo? Isso é o que acontece em um mercado oligopolista: apesar de sempre ser vanta- josa a cooperação mútua, será que o concorrente vai permanecer fiel na parceria ou, em algum momento, vai buscar o interesse próprio, quebrando o acordo? Certamente, os oligopolistas gostariam de aproveitar todas as vantagens (lucro maior) que a cooperação lhes proporcionaria, mas o interesse próprio (dar uma burlada no acordo para tirar vantagens individuais) faz com que os oligopolistas compitam entre si, reduzindo a lucratividade de todos. Desta forma, o número de oligopolistas e a capaci- dade de cooperação entre elas vai levar cada segmento oligopolizado a uma situação de maior ou menor lucro. Cabe ressaltar que alguns acordos (cartéis) não são permi- tidos e que o controle governamental (feito por políticas antitrustes) sobre esses conluios também interfere nos resultados dos oligopolistas. (RETAMIRO, 2016, p. 185) Já que terminamos de falar sobre o oligopólio, vamos aproveitar para analisar o oligopsônio? Você já deve ter concluído que essa estrutura ocorre quando há um grande número de vendedores e um pequeno número de compradores, correto? Contudo, você pode estar se questionando: com mercados tão desenvolvidos, será possível a existência de uma estrutura como essa ainda hoje? Perceba: existem setores, como a produção de automóveis e de motoci- cletas, em que há um pequeno número de montadoras de presença global que adquirem diversos produtos e serviços oferecidos por um grande número de fornecedores de menor porte. Isso faz com que as empresas oligopsonistas tenham ao seu redor vários fornecedores dos quais elas são as principais e, às vezes, únicas clientes dessas várias empresas. Outro exemplo ocorre no processamento de alimentos: produtos lácteos, sucos de frutas, processamento de grãos e similares são formados por um grande número 39 de produtores rurais que normalmente enfrentam um número bastante reduzido de compradores para os seus produtos. É importante destacar que, ainda que possa parecer que os produtores sejam prejudicados quando um mercado se estrutura em um oligopsônio, em muitas situações, essa é a estrutura que melhor atenderá às necessidades do mercado. Vamos levar em conta o setor de grãos (como soja, milho etc.) que são produ- zidos em propriedades a milhares de quilômetros de distância dos centros consumidores: os oligopsônios surgem pelas economias de escala que ocorrem nas operações de transporte, secagem, armazenamento e processamento. Se em vez de grandes grupos como os atuais houvesse uma enorme quantidade de pequenos transportadores, armazenadores e processadores, é provável que esses produtos acabassem chegando mais caros na mesa do consumidor. A nossa última estrutura de mercado é um modelo um pouco mais recente na teoria econômica e que representa condições muito próximas da realidade atual: a concorrência monopolística. Apesar do nome, a associação com o monopólio é praticamente inexistente, pois há uma intensa concor- rência entre os vendedores (ou seja, há um grande número de vendedores). Sua principal característica é a concorrência entre produtos que não são exatamente iguais (os produtos são heterogêneos), mas que apresentam similaridades entre si, ou seja, são similares, porém substitutos. Por exemplo: pense em setores como o de calçados, roupas e restaurantes. No setor calçadista há diversas lojas de sapatos, que vendem uma infinidade de modelos, tamanhos, cores etc., ou seja, os diversos sapatos (na mesma loja ou em lojas diferentes) travam uma disputa acirrada pela escolha do consumidor. Figura 2.2 | Pequena loja de calçados Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Hanoi_shoe_shop.JPG/1024px-Ha- noi_shoe_shop.JPG. Acesso em: 16 dez. 2019. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Hanoi_shoe_shop.JPG/1024px-Ha�noi_shoe_shop.JPG https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Hanoi_shoe_shop.JPG/1024px-Ha�noi_shoe_shop.JPG https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Hanoi_shoe_shop.JPG/1024px-Ha�noi_shoe_shop.JPG 40 Nessa pequena loja da Figura 2.2, haverá vários produtos com enormes diferenças de preços (dependendo de características tangíveis e intangí- veis), mas, basicamente, com a mesma função: calçar os pés. A escolha do consumidor levará em consideração diversos fatores, inclusive o preço, das diferentes alternativas. A partir desse exemplo prático, podemos analisar os principais pressu- postos da concorrência monopolística: • Os consumidores são em grande número e apresentam reduzida força individual. • As barreiras à entrada para os vendedores são quase nulas (livre entrada e saída de empresas) – diferentemente do mercado de oligo- pólio, que possui grandes barreiras à entrada – fazendo com que a saída e entrada de agentes no mercado seja frequente. • Apesar de poderem ser substituídos entre si, os produtos são perce- bidos pelos consumidores como diferenciados. • Há um número significativo de empresas no mercado que tem relativa liberdade de estabelecer o preço de seus produtos. • A partir dessas condições, as empresas serão mutuamente afetadas
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