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1 Gabrielle Nunes |P2 |2020.1 [histopatologia.renal] SÍNDROME NEFRÓTICA Resulta de alterações na permeabilidade glomerular por lesões estruturais ou anormalidades funcionais. Morfopatologia: Aumento da permeabilidade dos capilares glomerulares a proteínas por lesão a barreira (Endotélio > MBG > podócitos). PROTEINÚRIA (>3,5G/DIA) Leva a hipoproteinemia. A redução de imunoglobulinas e componentes do complemento aumenta o risco de infecções, particularmente por pneumococos e estafilococos. OBS: Pode haver hipercoagubilidade sanguínea, em parte pelo aumento da filtração de fatores anticoagulantes, responsável por trombose da veia renal. HIPOALBUMINEMIA (<3 MG/ML) Gera um desequilíbrio na pressão osmótica sanguínea e é resultado da hipoproteinemia. Anemia Pode estar relacionada com eliminação urinária do ferro fixado à transferrina. HIPERLIPIDEMIA – LIPIDÚRIA A hipoalbunemia estimula a síntese de lipoproteínas pelo fígado (A albumina e as lipoproteínas são sintetizadas no fígado pelos mesmos estímulos, (-) albumina (+) estímulo a síntese dos dois); elevam-se os níveis plasmáticos de colesterol, triglicerídeos e lipoproteínas de muito baixa e baixa densidades. Com a hiperlipidemia e o aumento da permeabilidade dos glomérulos para lipoproteínas, ocorre lipidúria EDEMA (GENERALIZADO): Deve-se à redução da pressão oncótica do plasma e pode ser intenso, incluindo hidroperitônio e hidrotórax (anasarca). Ocorre também diminuição do fluxo sanguíneo renal, com aumento na reabsorção tubular proximal de Na+ e diminuição do volume urinário, que contribuem para o edema. HIPERALDOSTERONISMO SECUNDÁRIO A aldosterona aumenta a reabsorção de Na+ nos túbulos distais e a eliminação de K+ e H+. Provoca a contração do compartimento intravascular, com estimulação de receptores de volume (arco aórtico, átrio esquerdo); há ainda ativação do sistema simpático e diminuição de fatores natriuréticos. CAUSAS Genéticas: mutações em proteínas da barreira glomerular Imunológicas: linfocinas, imunocomplexos Metabólicas: alterações estruturais (ex. Diabetes Mellitus) Depósitos de proteínas anômalas (ex. Amiloidose) Efeito de drogas e toxina PRINCIPAIS GLOMERULOPATIAS QUE CURSAM COM SÍNTROME NEFRÓTICA: Doença por lesão mínima (DLM); glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF); glomerulonefirte membranoproliferativa; glomerulonefirte membranosa; DOENÇA POR LESÃO MÍNIMA (DML) Crianças (1-8 anos), sexo masculino. Proteinúria maciça, seletiva (albumina); Síndrome nefrótica pura (ausência de hematúria, hipertensão); BIÓPSIA: Microscopia óptica normal (A) O defeito é visualizado através da microscopia eletrônica (B) É caracterizado pela destruição dos processos pediculares - grande supressão dos pedicelos dos podócitos - (setas) e pela ausência de depósitos. Processos podais normais Processos podais apagados ou fusionados Passagem das PTN 2 Gabrielle Nunes |P2 |2020.1 GLOMERULOESCLEROSE SEGMENTAR E FOCAL (GESF) Esta lesão é caracterizada por esclerose de alguns, mas não todos, os glomérulos (por isso ela é focal); e nos glomérulos afetados, somente uma porção do tufo capilar está envolvida (daí ser segmentada) Principal causa de síndrome nefrótica em adultos (25- 35 anos), mas pode acometer qualquer idade. MECANISMO: Sequela de lesão glomerular (dano ou perda dos podócitos > desnudamento da MBG) sobrecarga; hiperfluxo glomerular; formação de adesões ou fixações sinequiais entre o tufo glomerular e a cápsula de Bowman. CAUSAS: HAS, falciforme, HIV, drogas (heroína), obesidade, refluxo; HIV: variante > GESF colapsante (obsolência dos glomérulos, atrofia do túbulos e fibrose intertiscial) Pode gerar a hipertensão BIÓPSIA: NEFROPATIA MEMBRANOSA A nefropatia membranosa é uma causa comum de síndrome nefrótica em adultos. Mais comum em homens brancos, com idade entre 30 e 50 anos. Caracteriza-se por uma proteinúria maciça e sofre remissão espontânea em 40% dos casos. Associação com fenômenos tromboembólicos- trombose da veia renal. BIÓPSIA Na microscopia ótica, a glomerulopatia membranosa é caracterizada pelo espessamento da parede dos capilares, na ausência de aumento da celularidade glomerular (hipercelularidade), por depósito subepitelial de imunocomplexos (entre a MB e os podócitos). - Mecanismo imunológico A área tracejada e a seta evidenciam esclerose segmentar (de parte) do glomérulo com obstrução das alças capilares, hialinose e adesão do tufo (setas). Na terceira imagem, demonstração de GLOMERULOPATIA COLAPSANTE. Estão visíveis a retração do tufo glomerular, o estreitamento dos lumens capilares, a proliferação e dilatação das células epiteliais viscerais e o acúmulo de gotículas intracelulares de absorção de proteínas nas células epiteliais viscerais. Espessamento difuso de MB e “espículas”. 3 Gabrielle Nunes |P2 |2020.1 SÍNDROME NEFRÍTICA Síndrome caracterizada por um quadro inflamatório na superfície de filtração glomerular. ETIOLOGIA: Depósito de imunocomplexos, secundários a processos infecciosos. MORFOPATOLOGIA: Inflamação da superfície de filtração glomerular com edema e grande acúmulo de elementos celulares Consequências da glomerulonefrite: Obliteração dos capilares → redução do fluxo sanguíneo glomerular → redução da filtração glomerular → hipervolemia e retenção de catabólitos do metabolismo proteico → hipertensão, edema, insuficiência renal (aumento da creatinina sérica). Ruptura dos capilares glomerulares → hematúria, leucocitúria, cilindros hemáticos, proteinúria. Doenças renais que podem se manifestar como síndrome nefrítica: Glomerulonefrite associada à infecções, endocardites, abcessos; Nefropatia da IgA+; GN membranoproliferativa; GN do lúpus eritematoso; GN associada a vasculites renais; GN crioglobulinemia (Infecção por vírus C) GLOMERULONEFRITE PROLIFERATIVA AGUDA (PÓS-ESTREPTOCÓCICA, PÓS-INFECCIOSA) É a principal lesão histológicas que cursam com síndrome nefrítica. Início agudo de sintomas clínicos de glomerulonefrite após o inicio de um processo infeccioso agudo, na maioria dos casos por faringite bacteriana, infecções estreptocócica ou estafilocócicas são as etiologias mais frequentes. O mecanismo patogênico envolve a produção de imunocomplexos nefritogênicos contendo antígenos derivados de patógenos infecciosos ou a liberação de fatores de ativação do complemento pelo patógeno infeccioso, que resulta no acúmulo de componentes ativados do complemento no interior dos glomérulos, os quais mediaram o recrutamento de células inflamatórias, em especial leucócitos polimorfonucleares. GLOMERULOPATIAS SÍNDROME NEFRÍTICA SÍNDROME NEFRÓTICA - Hematúria - Proteinúria moderada - Albumina plasmática normal - Edema moderado - Colesterol normal - Glomérulos: inflamação - PA elevada - Pode progredir p/ IRC - Sem hematúria - Proteinúria maciça - Albumina plasmática baixa - Edema generalizado - Hipercolesterolemia - Glomérulos: sem inflamação - PA normal ou baixa - Pode progredir p/ IRC INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA Insuficiência renal aguda (IRA) consiste em redução súbita e grave da função renal, e consequente aumento de resíduos do metabolismo do nitrogênio no sangue. Azotemia > (+) úreia, ácido úrico, creatinina e proteínas. A IRA pode ser pré-renal, renal e pós-renal O processo inflamatório causa pontos de ruptura do capilar glomerular, com saída de hemácias e leucócitos para o espaço urinário → hematúria e leucocitúria; B: Infiltração leucocítica; proliferação decélulas endoteliais e mesangiais; hipertrofia das células endoteliais. Pode apresentar hemácias no espaço de Bowman. Sangue no ESPAÇO DE BOWMAN Infiltrado inflamatório no glomérulo 4 Gabrielle Nunes |P2 |2020.1 PRÉ-RENAL: Fatores extrarrenais, geralmente hemodinâmicos, que causam diminuição do fluxosanguíneo renal, perfusão reduzida dos néfrons e queda da pressão de filtração. - Hipovolemia e choque (desidratação, hemorragias, queimaduras, septicemia, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca etc.) RENAL: IRA renal surge por lesão parenquimatosa. - Necrose tubular aguda ou lesão renal aguda; Isquemia renal prolongada; Exposição a fármacos nefrotóxicos, metais pesados e solventes orgânicos; Obstrução intratubular resultante de hemoglobinúria, mioglobinúria, cadeias leves do mieloma ou cilindros de ácido úrico; Doença renal aguda (glomerulonefrite aguda, pielonefrite) PÓS-RENAL: A IRA pós-renal resulta de obstrução das vias excretoras, seja intrarrenal, pela precipitação de cristais de ácido úrico ou de sulfa nos túbulos coletores (hidronefrose intraparenquimatosa), seja em qualquer nível das vias urinárias (cálculos,hiperplasia da próstata, tumores, fibrose retroperitoneal etc.). NECROSE TUBULAR RENAL AGUDA ISQUÊMICA NECROSE TUBULAR RENAL AGUDA TÓXICA As lesões tubulares são mais evidentes que na NTA isquêmica (quadro anterior). Pode haver extensa necrose de células tubulares, que descamam em massa para a luz. Após alguns dias há regeneração das mesmas, que mostram núcleos volumosos, nucléolo evidente, citoplasma basófilo e mitoses. Os glomérulos, apesar da isquemia, não sofrem necrose por serem predominantemente estruturas conjuntivas, e portanto de metabolismo mais baixo. Já as células tubulares, que são epiteliais, sofrem necrose pelo seu alto metabolismo, especialmente as células dos túbulos proximais, que são muito ricas em mitocôndrias 5 Gabrielle Nunes |P2 |2020.1 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA Insuficiência renal crônica (IRC) representa a perda da função renal de maneira lenta e progressiva, especialmente pela redução do número de néfrons funcionantes, qualquer que seja o componente primariamente acometido. A DRC é definida por lesão renal ou TFG menor que 60 mℓ/min há 3 meses ou mais. A DRC pode ser causada por alguns distúrbios que acarretam perda irreversível dos néfrons, inclusive diabetes, hipertensão, glomerulonefrite, lúpus eritematoso sistêmico e doença renal policística. AMILOIDE RENAL: Há deposição de amilóide nos tufos capilares, transformando o glomérulo numa bola hialina. GLOMERULONEFRITE NECROSANTE Corresponde à fase final de todas as formas de glomerulopatias primárias ou associadas a moléstias sistêmicas, sendo a principal causa de insuficiência renal crônica terminal. Atrofia de túbulos cujos glomérulos estão hializados (não funcionantes), desse modo, alguns túbulos passam por uma hipertrofia compensatória. A massa rosa no interior corresponde a proteínas filtradas, CÓRTEX com uma zona de lesão tubulointersticial crônica, com túbulos atróficos com membranas basais espessadas, fibrose intersticial e influxo intersticial de células inflamatórias crônicas.
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