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13 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

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17
DIREITO ADMINISTRATIVO
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
SUMÁRIO
1.	CONCEITO	4
Características do direito de propriedade:	4
Garantias do direito de propriedade	5
Função social do direito de propriedade	5
2.	FORMAS DE INTERVENÇÃO	10
a) Restritivas	10
b) Supressiva	10
3.	MODALIDADES DE INTERVENÇÃO NA PROPRIEDADE	10
3.1. Limitação administrativa	11
3.2. Servidão administrativa	13
3.3. Requisição	17
3.4	Ocupação temporária	18
3.5. Tombamento (Decreto lei 25/37)	20
4.	DESAPROPRIAÇÃO	26
1. Conceito	26
2. Procedimento	27
3. Competência	28
4. Elementos	29
5. Modalidades de desapropriação	31
I. Desapropriação comum, ordinária ou geral.	31
II. Desapropriação extraordinária ou sancionatória	32
II.1. Desapropriação rural para reforma agrária	33
II.2. Desapropriação urbana para o Plano Diretor	34
III. Desapropriatória confiscatória ou confisco:	35
IV. Desapropriação indireta	37
V. Desapropriação Florística:	40
VI. Desapropriação Por Zona:	41
VII. Desapropriação Para Industrialização Ou Urbanização:	41
VIII. RESUMO	41
6. Procedimento administrativo	43
6.1. Fase declaratória	43
a) Instrumento	43
b) Conteúdo do decreto	43
c) Efeitos:	45
d) Prazos de caducidade:	46
6.2. Fase executiva:	46
a) Administrativa:	46
b) Judicial:	46
7. Ação judicial de desapropriação:	46
8. Desapropriação indireta:	48
9. Indenização	52
Desapropriação e Fracionamento de Imóvel:	55
10. Desapropriação de bens públicos:	55
11. Bens Inexpropriáveis:	56
12. Intervenção do Ministério Público:	56
13. Desistência Da Desapropriação:	57
14. Desapropriação e Área de Preservação Permanente:	57
15. Desapropriação de Jazida:	58
16. Reforma Agrária e Notificação Prévia:	58
17. Ação de Indenização e Prescrição Extintiva:	59
18. Desapropriação indireta:	61
19. Ação de desapropriação no DL 3.365/41 (LGD)	62
20. Ação de desapropriação na LC 76/93	65
5.	DISPOSITIVOS PARA O CICLO DE LEGISLAÇÃO	68
6.	BIBLIOGRAFIA INDICADA	68
ATUALIZADO EM 30/08/2018[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados.] 
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
Conceito
Em regra o Estado não intervirá na propriedade privada. A intervenção acontece em caráter excepcional. Por ser exceção deve ser sempre bem fundamentada. Quais são os fundamentos? (1) Supremacia do interesse público (2) Prática de uma ilegalidade (exploração de trabalho escravo, plantio de drogas).
Direito de propriedade: significa o direito de usar, gozar, usufruir e reaver. Está nos incisos XXII e XXIII do art. 5º da CF. É exercido em caráter exclusivo (usa sozinho ou com quem deseja), absoluto (é a liberdade sobre aquele bem) e perpétuo.
Na intervenção da propriedade, o Estado vai interferir em um dos caráteres da propriedade.
a) Faculdade de usar: utilizar a coisa, atendidos os limites dispostos na Constituição Federal e no próprio CC/2002;
b) Faculdade de gozar (ou fruição): retirar os frutos da coisa, que podem ser naturais, industriais ou civis (rendimentos);
c) Faculdade de dispor: dispor da coisa, seja por atos inter vivos (ex.: compra e venda, doação) ou causa mortis (ex.: testamento);
d) Direito de reivindicar: reivindicar a coisa de quem injustamente a detenha, por meio de ação de natureza petitória (mais comum é a ação reivindicatória), que é imprescritível (STJ). 
Obs.: Na ação petitória é possível discutir a propriedade; nas ações possessórias não é possível discutir a propriedade.
A concomitância de todos os atributos da propriedade caracterizará a propriedade plena; a titularidade de apenas algum deles poderá caracterizar a posse. 
Características do direito de propriedade:
a) É direito absoluto: o titular do direito da propriedade pode utilizar a coisa como bem entender ou mesmo não utilizá-la;
b) É direito exclusivo: a coisa pertence a um determinado titular, com exclusividade. O caráter de exclusividade não é retirado pelos institutos do condomínio e da copropriedade. Somente o titular do direito de propriedade (ou coproprietário ou condôminos) é que poderá exercer as faculdades de usar, gozar e dispor, bem como o direito de reivindicar. 
c) É direito perpétuo: existe independentemente do seu exercício. O direito de propriedade somente se interrompe com a ocorrência de um fato novo. 
d) É direito elástico: para Orlando Gomes, a propriedade tem variados graus de elasticidade, na medida em que pode sofrer redução nos direitos reais de gozo ou fruição e nos direitos reais de garantia;
e) É direito complexo: é constituída por quatro atributos, que devem estar presentes para a caracterização da propriedade plena;
f) É direito fundamental: previsto como direito individual fundamental (Art. 5º, XXII e XXIII, da Constituição Federal), que deve ser observado tanto pelo Estado (eficácia vertical) como pelos particulares (eficácia horizontal). 
Garantias do direito de propriedade
a) Garantia de conservação: ninguém pode ser privado de seus bens fora das hipóteses previstas na Constituição.
b) Garantia de compensação: caso privado de seus bens, o proprietário tem o direito de receber a devida indenização equivalente aos prejuízos sofridos.
O conceito constitucional de propriedade transcende à concepção privatista estrita, abarcando outros valores de índole patrimonial, como as pretensões salariais e as participações societárias. O conceito constitucional de propriedade contempla as hipotecas, penhores, depósitos bancários, pretensões salariais, ações, participações societárias, direito de patentes e marcas. Assim, embora integre o conceito de propriedade a definição constante da legislação civil, é certo que a garantia constitucional da propriedade abrange não só os bens móveis ou imóveis, mas também outros valores patrimoniais.
O direito de propriedade deve ceder quando isso for necessário à tutela do interesse público, como ocorre nas hipóteses de desapropriação por interesse público, por utilidade ou necessidade pública, de requisição de bens, etc.
Função social do direito de propriedade
José Afonso da Silva salienta que o caráter absoluto do direito de propriedade evolui de uma concepção individualista constante da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, segundo a qual o exercício do direito de propriedade estaria limitado apenas na medida em que ficasse assegurado aos demais indivíduos o exercício de seus direitos, para uma concepção de propriedade com função social, pela aplicação das teorias do abuso do direito, das limitações negativas e posteriormente de imposições positivas, deveres e ônus, chegando-se ao que se conhece por função social da propriedade, que não se confunde com propriedade socialista, atualmente em crise. 
Celso de Mello afirma que o direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente (CF/1988, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada.
Para José Afonso da Silva, a função social é elemento que compõe o direito de propriedade (e não mera decorrência de limitações impostas pelo poder de polícia do Estado), fazendo parte da sua estrutura, de modo que não existe direito de propriedade sem atendimento da sua função social. Para o referido autor, o direito de propriedade é instituto de direito público, sendo que apenas as relações civis decorrentes do direito de propriedade é que são regidas pela legislação civil (CC/2002).
A função social da propriedade faz com que a propriedade envolvaa situação jurídica de mão dupla, ou seja, o proprietário tem direitos e deveres em relação ao não proprietário, que da mesma forma, os tem em relação ao proprietário. Não há definição apriorística da função social da propriedade, ou seja, trata-se de um conceito indeterminado.
Desde a CF/46, fala-se na função social da propriedade (ordem econômica), mas, somente na CF/88 (a primeira na história brasileira a fazer isso) o direito de propriedade foi tratado no artigo 5º, que garante os direitos fundamentais da pessoa humana.
A função social da propriedade está prevista na Constituição Federal nos seguintes termos: Art. 5º XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
No novo CC/02, o proprietário permanece com as mesmas prerrogativas do CC/16 (que herdou do Código Civil Francês), entretanto, o direito de propriedade está muito diferente. No CC/16 (de concepção burguesa e patrimonialista) garantia-se o direito de propriedade como um direito absoluto, sem a intervenção do Estado; o proprietário tinha todos os direitos e nenhum dever. 
A propriedade continua a dar as mesmas prerrogativas, que sempre deu, mas o conteúdo e o exercício foram modificados desde a CF/88 pela ideia de funcionalização do direito de propriedade, ou seja, é a função social da propriedade que dá o tom de modificação do direito de propriedade.
Vige uma noção moderna de verificação do direito de propriedade, já que deve atender a função social, ou seja, o dono não faz o que quer com a coisa, deve respeitar o interesse da coletividade. Exemplos de Restrição ao Direito de Propriedade: tombamento, desapropriação, usucapião.
O artigo 170, II, fala também da função social da propriedade. 
A propriedade que descumpre a sua função social não tem a mesma proteção da CF.
Na mesma linha, mas acrescentando ainda a função socioambiental da propriedade, em atenção aos preceitos do art. 225 da Constituição Federal, o § 1º do art. 1.228 do CC/2002 dispõe que “O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas”.
No caso de PROPRIEDADE RURAL, dispõe o art. 186 da Constituição Federal que a função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
Art. 186, CF
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
De outro lado, a PROPRIEDADE URBANA cumpre a sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (art. 182, § 2º, CF), sendo que, de acordo com o § 1º do art. 182 da CF, o plano diretor é obrigatório para cidades com mais de 20 mil habitantes.
Para José Afonso da Silva, o direito de propriedade somente é garantido pela Constituição Federal na medida em que atende a sua função social. Marcelo Novelino, porém, entende que o que varia é o grau de proteção conferido ao direito de propriedade, sendo que mesmo em relação àquelas que não atendam a sua função social, além do da possibilidade de utilização das ações possessórias, é vedada a invasão por movimentos sociais organizados, mesmo sob o pretexto de promover a reforma agrária, bem como a supressão legislativa da propriedade privada e, ainda, a retirada arbitrária do direito de propriedade sem a observância do devido processo legal.
#OUSESABER: A desapropriação de imóvel rural por interesse social para reforma agrária é suspensa quando acontecer invasão motivada por conflito agrário, mesmo que após a realização de vistoria? ERRADA!
Sobre o tema, existe interessante previsão no parágrafo 6o do art 2o da Lei 8629: Art 2o, § 6o: O imóvel rural de domínio público ou particular objeto de esbulho possessório ou invasão motivada por conflito agrário ou fundiário de caráter coletivo não será vistoriado, avaliado ou desapropriado nos dois anos seguintes à sua desocupação, ou no dobro desse prazo, em caso de reincidência; e deverá ser apurada a responsabilidade civil e administrativa de quem concorra com qualquer ato omissivo ou comissivo que propicie o descumprimento dessas vedações. Pela dicção legal, pode-se entender, prima facie, que em qualquer momento que ocorrer a invasão devem-se aplicar os efeitos desse artigo. Interpretando tal dispositivo, o STF entende que não se deve entender isso. Para o Pretório Excelso, tal dispositivo possui aplicação apenas nas hipóteses em que a invasão ocorreu antes ou durante a vistoria realizada pelo INCRA, de forma que possa ter afetado o contexto fático relativo à produtividade do imóvel. Vejamos: “A invasão do imóvel por integrantes do Movimento dos Sem-Terra ocorreu em período posterior à conclusão das vistorias realizadas pelo INCRA, de modo que não teve o condão de influenciar nos resultados encontrados sobre a produtividade da fazenda. Precedentes. O imóvel rural objeto da futura partilha entre herdeiros continua sendo único até o fim do inventário, embora com mais de um proprietário, formando um condomínio. Ordem denegada.” (STF. MS 25283/DF, DJe 06/03/2009). Não existe, então, suspensão quando essa invasão ocorre depois da vistoria! 
A propriedade rural que não atenda à sua função social está sujeita à desapropriação, para fins de reforma agrária, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei (art. 184 da Constituição Federal). 
A propriedade urbana não edificada, subutilizada ou não utilizada, ou seja, que não atenda à sua função social (descumprimento das normas do plano diretor), está sujeita a (art. 184, § 4º, da Constituição Federal):
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; extrafiscal.
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
A função social da propriedade restringe-lhe o caráter absoluto, vez que o proprietário não poderá utilizá-la da forma como bem entender, mas de acordo com a normatividade prevista para o atendimento da sua função social. 
O proprietário não pode praticar atos que não lhe tragam benefício algum, sob pena de ser aplicada a Teoria do Abuso do Direito (art. 1228, § 2º, CC). Note-se que a Teoria do Abuso do Direito não exige mais o preenchimento do requisito subjetivo, consistente na vontade de prejudicar outrem, trate-se do abuso objetivo, ou seja, basta a configuração do abuso do direito, sem mesmo a intenção de prejudicar outrem. 
Todas essas disposições permitem afirmar que o direito de propriedade está delineado em nossa Constituição como uma típica norma constitucional de eficácia contida, pois pode ser restringida por meio de certos conceitos de larga difusão no direito público: necessidade e utilidade pública, interesse social, perigo público iminente.
Não existe um conceito constitucional fixo, estático de propriedade, afigurando-se, fundamentalmente, legítimas não só as novas definições de conteúdo como a fixação de limites destinados a garantira sua função social. Deve-se reconhecer que a garantia constitucional da propriedade está submetida a um intenso processo de relativização, sendo interpretada de acordo com os parâmetros fixados pela legislação ordinária. Tais limitações devem preservar o direito de propriedadeenquanto garantia constitucional, observando o princípio da proporcionalidade, que exige que as restrições sejam adequadas, necessárias e proporcionais. 
O direito de propriedade abrange tanto os bens corpóreos como incorpóreos (propriedade intelectual). A propriedade intelectual abrange os “direitos de autor” e os direitos relativos à “propriedade industrial”, como a proteção de marcas e patentes.
Os direitos autorais têm sua proteção regulamentada na Lei nº 9.610/98, que no artigo 7º define obras intelectuais protegidas como “as criações de espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro” (exs: textos de obras literárias, composições musicais, obras audiovisuais, programas de computador, etc.).
A propriedade industrial é regulamentada na Lei nº 9.279/96, que no seu artigo 2º assegura a “proteção dos direitos relativos à propriedade industrial mediante a concessão de patentes de invenção e concessão de registro de marca e repressão à concorrência desleal”.
A Constituição enumera ainda como direito individual o direito à herança (artigo 5º, XXX), através do qual o proprietário tem a garantia de que o patrimônio que acumulou durante toda a vida poderá ser transmitido conforme sua vontade, não permitindo a apropriação do Estado.
Proteção especial foi conferida à pequena propriedade rural produtiva, pois foi concedido a ela imunidade ao imposto territorial rural, além de impenhorabilidade em relação ao pagamento dos débitos decorrentes de sua atividade produtiva.
#DEOLHONAJURIS - Jurisprudência do STF acerca da função social da propriedade
“O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada, observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos fixados na própria Constituição da República. O acesso à terra, a solução dos conflitos sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem elementos de realização da função social da propriedade.” (ADI 2.213-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 4-4-2002, Plenário, DJ de 23-4-2004.) No mesmo sentido: MS 25.284, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 17-6-2010, Plenário, DJE de 13-8-2010.
 “O STF firmou o entendimento – a partir do julgamento do RE 153.771, Pleno, 20-11-1996, Moreira Alves – de que a única hipótese na qual a Constituição admite a progressividade das alíquotas do IPTU é a do art. 182, § 4º, II, destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.” (AI 456.513-ED, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 28-10-2003, Primeira Turma, DJ de 14-11-2003.) No mesmo sentido: RE 192.737, Rel. Min. Moreira Alves, julgamento em 5-6-1997, Plenário, DJ de 5-9-1997.
“A garantia da função social da propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição) não afeta as normas de composição de conflito de vizinhança insertas no Código Civil (art. 573 e seus parágrafos), para impor, gratuitamente, ao proprietário a ingerência de outro particular em seu poder de uso, pela circunstância de exercer este último atividade reconhecida como de utilidade pública.” (RE 211.385, Rel. Min. Octavio Gallotti, julgamento em 20-4-1999, Primeira Turma, DJ de 24-9-1999.)
“O direito de edificar é relativo, dado que condicionado à função social da propriedade (...).” (RE 178.836, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 8-6-1999, Segunda Turma, DJ de 20-8-1999.)
“A própria Constituição da República, ao impor ao Poder Público dever de fazer respeitar a integridade do patrimônio ambiental, não o inibe, quando necessária a intervenção estatal na esfera dominial privada, de promover a desapropriação de imóveis rurais para fins de reforma agrária, especialmente porque um dos instrumentos de realização da função social da propriedade consiste, precisamente, na submissão do domínio à necessidade de o seu titular utilizar adequadamente os recursos naturais disponíveis e de fazer preservar o equilíbrio do meio ambiente (...).” (MS 22.164, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 30-10-1995, Plenário, DJ de 17-11-1995.)
A Competência para legislar sobre direito de propriedade, desapropriação e requisição é da União – art. 22, I, II e III.
A Competência para legislar restrições e ordenamento do uso do solo – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Uma lei que disponha sobre casos de requisição da propriedade privada, por exemplo, tem que ser federal (art. 22, III, CF). Mas uma lei que estabeleça casos de restrição ao uso da propriedade para a proteção do meio ambiente pode ser federal, estadual, distrital ou municipal (art. 24, VI, e art. 30, I e II, da CF).
Alguns autores afirmam que a intervenção da propriedade tem como fundamento o poder de polícia, que significa a compatibilização de interesses em prol do bem estar social. Para a maioria dos autores o poder de polícia é fundamento para todas as modalidades, salvo a desapropriação. Hely Lopes Meireles = o poder de polícia é fundamento apenas para a limitação administrativa.
Formas de intervenção
a) Restritivas
Há uma restrição, mas a propriedade continua com o titular inicial. Servidão, tombamento, ocupação, limitação e requisição.
b) Supressiva
A única hipótese supressiva é a desapropriação. O dono perde a propriedade. Obs. Celso Antônio chama a desapropriação de sacrifício de direito.
Obs. Muitas vezes, o Estado simula uma intervenção restritiva, quando na verdade se trata de forma supressiva. É uma desapropriação indireta (desapropriação sem procedimento próprio). 
Modalidades de intervenção na propriedade
· Limitações administrativas
· Ocupações temporárias
· Requisições
· Tombamento
· Servidões administrativas
· Desapropriação
3.1. Limitação administrativa
- PODER DE POLÍCIA – NÚMERO DE ANDARES
É a atuação do poder público em caráter geral, que atinge proprietário indeterminado e que vai afetar o caráter absoluto (liberdade sobre o bem). Ex. número de andares para construir.
É uma atuação voltada para a garantia do bem-estar social, assim é expressão do poder de polícia.
Conteúdo: Pode ser obrigação de fazer ou de não fazer. Em regra será uma obrigação de não fazer (limite de altura de prédio). Ex. de obrigação de fazer é a instalação de extintores imposta pelo Poder Público.
Conteúdo: Para di Pietro, a diferença está no fato de a servidão ser imposta em favor de determinado bem afetado a fim de utilidade pública, ao passo que a limitação é imposta em face de interesse público genérico.
· É uma imposição pela administração, de caráter geral, abstrato, gratuito e unilateral. 
· Terão aplicação para o futuro, não atingindo situações pretéritas.
· Não há que se falar em indenização. Como todos estarão dividindo a imposição. EXCEPCIONALMENTE, o poder público terá que indenizar, caso determine a demolição para obediência à limitação.
#JURISOSBREOASSUNTO:
Em regra, o proprietário não tem direito à indenização por conta das limitações administrativas que incidam sobre sua propriedade (a limitação administrativa é gratuita). No entanto, excepcionalmente, a jurisprudência reconhece o direito à indenização quando a limitação administrativa reduzir o valor econômico do bem. O prazo prescricional para que o proprietário busque a indenização por conta das limitações administrativas é de 5 anos. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.317.806-MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 6/11/2012 (Info 508).
A limitação administrativa distingue-se da desapropriação, uma vez que nesta há transferência da propriedade individual para o domínio do expropriante, com integral indenização; e naquela há, apenas, restrição ao uso da propriedade imposta genericamente a todos os proprietários, sem qualquer indenização. Não há desapropriação indireta sem que haja o efetivo apossamento da propriedadepelo Poder Público. Desse modo, as restrições ao direito de propriedade impostas por normas ambientais, ainda que esvaziem o conteúdo econômico, não constituem desapropriação indireta. A edição de leis ambientais que restringem o uso da propriedade caracteriza uma limitação administrativa, cujos prejuízos causados devem ser indenizados por meio de uma ação de direito pessoal, e não de direito real, como é o caso da ação contra a desapropriação indireta. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1359433/MG, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 12/03/2013).
O Poder Judiciário pode controlar esse ato, mas apenas quanto à legalidade. A imposição pode ser ilegal ou inconstitucional, inclusive, com avaliação da proporcionalidade e da razoabilidade.
Obs. área de preservação ambiental = geralmente é limitação administrativa. Mas pode ser caso de desapropriação indireta, se a restrição for total.
Obs. Limitação civil = direito de vizinhança (não poder construir janela que impeça a passagem de luz). Aqui há interesse privado.
Características
a) Atos legislativos ou administrativos de natureza geral, fundamentados em lei;
b) Tem caráter definitivo;
c) Tem como motivos interesses públicos abstratos; (nas demais formas interventivas, o motivo é sempre a execução de obras e serviços públicos específicos)
d) Ausência de indenização;
e) Incide preferencialmente na propriedade imóvel;
f) Obriga os particulares, o próprio ente que a instituiu e as demais pessoas políticas.
Obs.: O STJ tem entendido que as áreas non edificandi à beira das rodovias estão sujeitas a limitações administrativas, de modo que não geram direito à indenização. Esse entendimento tem sido adotado especialmente em se tratando de área rural. No caso de área urbana, é necessário verificar-se se a restrição administrativa já existia antes da inclusão da área no perímetro urbano e se implica interdição do uso do imóvel. em caso afirmativo, a indenização é devida.
	Costuma-se confundir dois institutos que têm diferentes efeitos quanto à indenizabilidade: o alinhamento e o recuo obrigatório de construção. O alinhamento é a linha limítrofe entre a propriedade privada e o domínio público urbano, sobretudo no que diz respeito, usualmente, aos bens de uso comum do povo, como ruas, estradas, avenidas. Se o Poder Público altera o alinhamento, reduzindo a área da propriedade privada, tem o dever de indenizar os proprietários prejudicados pelo nevo traçado. O recuo de construção, porém, é limitação administrativa genérica, pela qual o Poder Público não concede licença para novas edificações em certo trecho da propriedade. Aqui a propriedade continua sob o domínio normal do proprietário, de modo que nenhuma indenização lhe será devida pela imposição urbanística. Em suma, o alinhamento rende ensejo à perda da propriedade e, consequentemente, à indenização, ao passo que o recuo impõe exclusivamente urna limitação de uso, não sendo devida qualquer indenização.
Por ser unilateral, deve decorrer de lei. EXEMPLOS: PDU – plano diretor urbano (artigo 182, CF/88); lei municipal; competência dos Municípios. 
O Estatuto da Cidade (Lei 10257/01). Nas cidades acima de 20.000 habitantes, o Plano Diretor será obrigatório, sob pena de improbidade administrativa do Prefeito Municipal; da mesma forma, sob pena do mesmo efeito, todas as cidades devem rever seu Plano Diretor no prazo de 10 a 10 anos. Nesse caso específico, há restrição ao aspecto absoluto da propriedade.
É exemplo de obrigação positiva aos proprietários a que impõe a limpeza de terrenos ou a que impõe o parcelamento ou a edificação compulsória. Podem ser impostas também obrigações negativas: é o caso da proibição de construir além de determinado número de pavimentos, limitação conhecida como gabarito de prédios. Limita-se ainda a propriedade por meio de obrigações permissivas, ou seja, aquelas em que o proprietário tem que tolerar a ação administrativa. Exemplos: permissão de vistorias em elevadores de edifícios e ingresso de agentes para fins de vigilância sanitária.
 É o caso, também, por exemplo, do parcelamento e da edificação compulsórios, impostos a proprietários de terrenos urbanos não edificados, subutiliza dos ou não utilizados, em situação de contrariedade ao plano diretor da cidade, hipótese que estampa obrigação de fazer (facere) (art. 5º).
Outra limitação administrativa de natureza urbanística, também contemplada no referido diploma, é o direito de preempção municipal, pelo qual se assegura ao Município preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares, quando houver necessidade de implementação de medidas urbanísticas, como a regularização fundiária, os programas habitacionais, a expansão urbana, a proteção ambiental etc. (art. 25). Registre-se que o exercício desse direito depende de lei municipal, calcada no plano diretor, que delimite as áreas em que poderá incidir o direito. Ademais, o prazo de vigência do direito não pode ser superior a cinco anos, embora possa ser renovado a partir de um ano após o prazo inicial de vigência (art. 25, par. 1, do Estatuto da Cidade).
3.2. Servidão administrativa
O Estado vai usar o bem para prestar um serviço público. É um direito real (a servidão é perpétua, enquanto durar a vontade do Estado) sobre coisa alheia. Ex. usar terreno para a passagem de tubulação de gás.
Na servidão há a redução da área útil do imóvel. O poder público limita o uso da propriedade para a execução de serviços públicos.
Recai sobre imóvel público ou privado.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
COBRANÇA DE VALORES PELA CONCESSIONÁRIA DE RODOVIA PARA INSTALAÇÃO DE POSTES E CABOS AÉREOS Concessionária de rodovia pode cobrar de concessionária de energia elétrica pelo uso de faixa de domínio de rodovia para a instalação de postes e passagem de cabos aéreos efetivada com o intuito de ampliar a rede de energia, na hipótese em que o contrato de concessão da rodovia preveja a possibilidade de obtenção de receita alternativa decorrente de atividades vinculadas à exploração de faixas marginais. STJ. 1ª Seção. EREsp 985.695-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 26/11/2014 (Info 554).
* O compartilhamento de infraestrutura de estação rádio base de telefonia celular por prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo caracteriza servidão administrativa, não ensejando direito à indenização ao locador da área utilizada para instalação dos equipamentos. O direito de uso previsto no art. 73 da Lei nº 9.472/97 constitui-se como servidão administrativa instituída pela lei em benefício das prestadoras de serviços de telecomunicações de interesse coletivo, constituindo-se direito real, de natureza pública, a ser exercido sobre bem de propriedade alheia, para fins de utilidade pública, instituído com base em lei específica. Ex: João possui um terreno na beira da estrada. Ele celebrou contrato de locação com a Embratel permitindo que a empresa instalasse, em seu imóvel, uma torre e uma antena de telecomunicações. Alguns meses depois, a Embratel permitiu que a TIM compartilhasse de sua infraestrutura. João ajuizou ação de indenização alegando que o contrato de locação proíbe que a locatária faça a sublocação do imóvel para outra empresa. Ele não terá direito à indenização. STJ. 4ª Turma. REsp 1.309.158-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/09/2017 (Info 614).
A relação de dominação não é de um bem em relação a outro (como ocorre no direito civil), mas de uma finalidade sobre um bem (finalidade pública sobre a finalidade privada do bem): SERVIÇO DOMINANTE e BEM SERVIENTE.
Conceito: É um ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade particular ou pública para assegurar a realização e conservação de obras e serviços públicos ou de utilidade pública mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário.
Atinge o caráter exclusivo da propriedade, pois o Estado estará usando o bem juntamente com o particular. É uma obrigação de deixar fazer, possuindo caráter perpétuo.
Cabe indenização? Em regra não. Só haveráindenização no caso de dano efetivo. Ônus cabe ao proprietário. Ela nunca poderá corresponder ao valor do bem. Se houver indenização é anterior.
Há uma relação de dominação de um serviço sobre um bem, diferentemente do que ocorre no direito civil.
Obs.: Servidão civil. Imóvel A não tem acesso à via pública, mas B tem. A vai passar um caminho dentro de B. A é o dominante e B é o serviente. A relação de dominação é de um bem sobre o outro. A SERVIDÃO CIVIL é um direito real instituído sobre um prédio estabelecido em favor de outro subserviente (Ex. servidão de passagem). 
Forma de constituição (como surge a servidão):
· Previsão legal. Ao invés de a lei somente autorizar, ela já estabelece a servidão; JS não concorda. Considera limitação, em razão da generalidade da lei.
· Decisão judicial
· Acordo entre as partes
· Usucapião: e por usucapião cabe a instituição? MARINELA: discorda.
Pode ocorrer a hipótese em que a Administração nem celebrou acordo com o proprietário nem observou as formalidades necessárias à implementação da servidão administrativa. Em outras palavras, deixou de proceder à expedição do decreto e ao ajuizamento da ação com oferta do preço. A hipótese indica que o uso da propriedade pelo Poder Público se deu manu militari, situação que se assemelha à da desapropriação Indireta. Nesse caso, idêntica deve ser a solução: sendo fato consumado a instalação da servidão, cabe ao proprietário pleitear judicialmente indenização com vistas à eventual reparação de seus prejuízos.
Obs.: a servidão tem que ser registrada (transcrição obrigatória). O registro serve para dar publicidade à servidão e consequentemente proteger o terceiro de boa fé. ATENÇÃO: se a servidão tem como forma de constituição a lei não é necessário dar publicidade, ou seja, não precisa de registro.
A servidão administrativa se estabelece, via de regra, por lei; mas algumas já nascem automaticamente da lei e outras somente com a existência de fato.
Servidão administrativa decorrente de fato: nasce de ato administrativo para colocá-lo em execução, apesar de já prevista em lei. Esse ato tem que ser celebrado em acordo com o proprietário ou decisão judicial; EXEMPLOS: servidão de aqueduto, oleoduto, gasoduto. 
Servidão administrativa decorrente de lei: EXEMPLO: margem de rios não-navegáveis são bens privados mas estão gravadas com a servidão de passagem de agentes públicos para verificações ambientais – 10 m a partir das enchentes ordinárias. Não enseja a indenização (geral). Obs: o Código de Águas, Lei 23643/34 (Primeiro diploma jurídico que tratou do assunto) definiu o que é um rio navegável aquele que comporta qualquer embarcação, inclusive jangadas. Isso deve ser entendido como uma lei de 1934, tempo que ainda não existia um porta-aviões, por exemplo. O Rio São Francisco não comporta tal embarcação, mas não retira a sua condição de rio navegável. Os rios navegáveis e os rios flutuáveis (que permitem o transporte de hastes de lenhas por flutuação, apesar de não serem navegáveis) têm margem que são bens públicos (terrenos marginais – 15 m a partir das enchentes ordinárias). JS considera limitações.
Obs. Diferenças entre servidão civil e administrativa: O interesse, as normas incidentes e a relação de subordinação.
Características comuns a todas as servidões:
1- Natureza de direito real na coisa alheia;
2- Situação de sujeição;
3- O conteúdo da servidão é uma utilidade inerente a coisa;
4- Permite uso, gozo ou ato de retirar determinados produtos.
Princípios informadores da servidão:
1- Perpetuidade;
2- Não se presume;
3- Uso moderado;
4- Não se institui sobre coisa própria.
Características da servidão administrativa:
1- Ônus real;
2- Incide sobre imóvel (no caso de bem público deve ser observado o princípio da hierarquia federativa e deve contar com autorização legislativa) – U>E>M
3- Perpetuidade;
4- Indenização em razão de prejuízos;
5- Inexistência de autoexecutoriedade: só se constitui através de acordo ou decisão judicial.
Há muita polêmica sobre a qualificação das modalidades de servidão. Para alguns autores são modalidades de limitação (JS). Rol exemplificativo.
1) Servidão De Terrenos Marginais: 10 m de águas públicas não-navegáveis. Há muitos autores que falam que se trata de uma limitação. Essa é uma questão polêmica.
2) Servidão Ao Lado Do Aeroporto: quem mora próximo ao aeroporto sofre limitação de suas atividades e direito de construir. EXEMPLOS: altura e utilização de radioamador.
3) Servidão De Patrimônio Tombado: as propriedades próximas ao patrimônio tombado ficam obrigadas a respeitar a visibilidade do patrimônio tombado.
4) Servidão De Fortificações Militares: proteção da segurança nacional.
#FACILITACOACH #FOCONATABELA
	Limitação administrativa
	Servidão administrativa
	Geral e abstrato
	Específico bem determinado
	Não é ônus real
	Ônus real
			Afeta caráter absoluto
	Afeta caráter exclusivo
	Não tem relação de dominação
	Há relação de dominação
	Sem indenização
	Indenização possível
	Obrigação de não fazer
	Obrigação de suportar
Pergunta: João tem fazenda, onde passam torres de alta tensão (diferente da simples passagem de energia elétrica). Ele não pode plantar, criar, reformar. Não pode fazer nada. É mesmo uma servidão? NÃO! A jurisprudência já tem orientação de que no caso de torres de alta tensão que impedem o uso da propriedade o Estado deveria desapropriar. O Estado está então desapropriando sem procedimento próprio – desapropriação indireta.
O STJ já decidiu que, no caso de criação de Parque nacional, como há interdição de uso e de alienação da propriedade, são indenizáveis não somente as florestas como também a terra nua. Embora o acórdão se tenha referido a servidão administrativa, a hipótese configurava-se como verdadeira desapropriação indireta.
A indenização deve ser acrescida das parcelas relativas a juros moratórios, atualização monetária, honorários de advogado, despesas judiciais, tal como ocorre nas desapropriações. Embora houvesse alguma dúvida a respeito, hoje já se tem firmado o entendimento de que cabem os juros compensatórios, quando o uso efetivo do bem pelo Poder Público antecede o pagamento da indenização.
De acordo com o art. 10, parágrafo único, do Decreto-lei n 3.365/1941, com a redação da MP n 2.183-56, de 24.8.2001, a prescrição da pretensão indenizatória no caso de servidão administrativa (que encerra restrição oriunda de ato administrativo) consuma-se no prazo de cinco anos. O termo a quo da contagem do prazo prescricional ocorre com a efetiva restrição imposta pelo Poder Público: só nesse momento é que o direito do proprietário sofre lesão jurídica.
3.3. Requisição
Em caso de iminente perigo o Estado poderá intervir na propriedade. Art. 5º, XXV. Ex. para socorrer os desabrigados das chuvas.
Ela afeta o caráter da exclusividade da propriedade. Alguém vai usar juntamente com o proprietário.
Irá incidir sobre bens móveis, imóveis e serviços. 
Ela pode acontecer em época de guerra ou paz.
Em regra não haverá indenização. Só haverá indenização se houver dano efetivo. A indenização será posterior. Ex. Policial requisita carro para perseguir bandido e bate o carro.
O ato é auto executável – não depende do Poder Judiciário, caso não haja acordo de vontades. Diferente do que ocorre com a servidão (acordo ou decisão judicial).
É ato de um lado vinculado (situação de perigo público iminente) e do outro discricionário (a avaliação se se trata de situação de perigo público iminente).
Se o poder público não devolver o bem? O proprietário ajuíza reintegração de posse.
O poder público decidiu requisitar roupas de uma fábrica e frangos de um frigorífico para socorrer desabrigados da chuva. São bens móveis fungíveis, que podem ser devolvidos na mesma quantidade e qualidade. É caso de requisição. CURIOSIDADE: se as roupas forem minhas? É desapropriação. Elas são infungíveis.
#FACILITACOACH #FOCONATABELA
	Requisição
	Servidão
	Temporária
	Perpétua
	Sem relação de dominação
	Com relação de dominação
	Depende do iminente perigo
	Independe de perigo#FACILITACOACH #FOCONATABELA
	Limitação
	Requisição
	Geral e abstrato
	Atuação específica
	Proprietário indeterminado
	Proprietário determinado
	Afeta o caráter absoluto
	Afeta caráter exclusivo
	Não há perigo iminente
	Há perigo iminente
É um ato administrativo unilateral, auto-executório e oneroso, consistente na utilização de bens ou de serviços particulares pela administração para atender a necessidades coletivas em tempo de guerra ou em caso de perigo iminente.
É o uso compulsório do bem particular pelo poder público, seu fundamento constitucional está no inciso XXV, do artigo 5º, CF/88: “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.
	Competência para legislar sobre requisição
	Competência para aplicar a requisição
	União, art. 22, III, CF.
	Competência concorrente
Para alguns, quando recai sobre bem imóvel se confunde com a ocupação temporária. Tem previsão específica em alguns casos, como instituto complementar da desapropriação (DL 3365/41, art. 36) e como consequência da rescisão unilateral do contrato administrativo (Lei 8666/93, art. 80, II).
Podem ser dos seguintes tipos:
1) MILITAR (guerra);
2) CIVIL (iminente perigo)
Poderá dar direito à indenização, pelo dano e não pelo uso.
A requisição dura enquanto durar o perigo público, não há a especificação de um prazo certo. Enquanto estiver pendente o perigo, há requisição. 
3.4 Ocupação temporária
1. Cuida-se de direito de caráter não real (igual à requisição e diferente da servidão, que é direito real);
2. Só incide sobre a propriedade imóvel (neste ponto é igual à servidão, mas se distingue da requisição, que incide sobre móveis, imóveis e serviços);
3. Tem caráter de transitoriedade (o mesmo que a requisição; a servidão, ao contrário, tem natureza de permanência);
4. A situação constitutiva da ocupação é a necessidade de realização de obras e serviços públicos normais (a mesma situação que a servidão, mas diversa requisição, que exige situação de perigo público iminente);
5. A indenização varia de acordo com a modalidade de ocupação: se for vinculada à desapropriação, haverá dever indenizatório, e, se não for, inexistirá em regra esse dever, a menos que haja prejuízos para o proprietário (a requisição e a servidão podem ser ou não indenizáveis; sendo assim, igualam-se, nesse aspecto, a esta última forma de ocupação temporária, mas se diferenciam da primeira, porque esta é sempre indenizável).
Ocorre em duas hipóteses:
· Imóvel vizinho à obra pública com o objetivo de guardar os materiais da obra. Tem que ser um terreno não edificado. ex: utilizar escolas para eleições.
· Para obras públicas vinculadas ao processo de desapropriação. Pesquisa de minérios e arqueológica. Evita a desapropriação desnecessária. Se achar o que procura promove a desapropriação. JS – aqui há indenização, pois a própria lei determina.
Indenização apenas quando houver dano efetivo – em relação à primeira espécie, mas quando falar no geral dizer que não indeniza.
· 5 anos para exigir a indenização. Termo inicial – a ocupação em si.
· Instituição
Se se trata de ocupação vinculada à desapropriação, é de entender-se indispensável ato formal de instituição, seja por decreto específico do Chefe do Executivo, seja até mesmo no próprio decreto expropriatório. Há duas razões aqui: a primeira é que a ocupação se estenderá por período temporal um pouco maior do que na breve ocupação; e depois porque essa intervenção deverá ser indenizada, como reclama o já citado art. 36 da lei expropriatórla. Por esse motivo, não nos parece que a autoexecutoriedade decorrente do ato instituidor da ocupação dispense sempre a comunicação.
Diversamente deve ser tratada a ocupação temporária desvinculada de desapropriacão. Nessa hipótese. a atividade é autoexecutória e dispensa ato formal, como é o caso do uso de terrenos baldios para a alocação de máquinas e equipamentos. No caso de serviços eleitorais, o formalismo limita-se a um oficio da autoridade judicial comunicando a data e o horário do uso da propriedade privada.
Afeta o caráter exclusivo da propriedade. Alguém utiliza juntamente com o proprietário.
#FACILITACOACH #FOCONATABELA
	Limitação
	Ocupação
	Geral e abstrato
	Atuação específica
	Proprietário indeterminado
	Propriedade determinada
	Afeta o caráter absoluto
	Afeta caráter exclusivo
	Perpétua
	Temporária
	Com relação de dominação
	Sem relação de dominação
3.5. Tombamento (Decreto lei 25/37)
Escorço histórico: O termo vem de tombar, que significa registrar. Vem do direito português, que disciplinava que todos os registros eram feitos nos documentos do rei, que ficavam da torre de tombo. No Brasil, existe o LIVRO DO TOMBO, para registro de um valor cultural, histórico, paisagístico, artístico, arqueológico e arquitetônico – cada um em um livro específico. A sua finalidade é a proteção à coisa. 
Legislação: o Decreto Lei 25/37 disciplina o tombamento (infraconstitucional) e o art. 216, § 1º da CF/88. 
Objeto: o tombamento pode recair sobre bens móveis ou imóveis; públicos ou privados. 
Como diz a Lei do Tombamento, são os bens do patrimônio histórico e artístico. Desse modo, correta é a observação de HELY LOPES MEIRELLES de que é equivocado o tombamento de florestas, reservas naturais e parques ecológicos.
Natureza jurídica: #DIVERGÊNCIA
- Celso = servidão administrativa.
- Cretella = limitação
- JS/DI PIETRO = instrumento especial de intervenção. 
Ato de um lado vinculado e de outro discricionário. É ato administrativo, por mais que exija o processo.
a) Conceito
É o instituto para conservação do patrimônio. Tem como objetivo proteger a identidade de um povo.
b) Espécies
O tombamento pode ser histórico, artístico, cultural e paisagístico. Obs. Se o bem virou museu é porque foi desapropriado. Não pode fazer nada. 	Desapropriação indireta. Se a conservação impede a propriedade é caso de desapropriação.
c) Afeta o caráter absoluto. Liberdade de usar a propriedade.
O fundamento é o benefício do interesse coletivo.
d) Instrumentos de proteção do patrimônio tombado (diferentes legitimados e objetos):
· Ação popular
· Ação civil pública
e) Formalização: Procedimento do tombamento e depois há a inscrição no livro do tombo. Instituição = legislativo ou executivo? Executivo.
Ao Legislativo compete estabelecer regras gerais para que o administrador intervenha na propriedade privada para fins de proteção do bem por traduzir interesse histórico ou artístico.
Desse modo, parece-nos que a instituição do tombamento deve ser formalizada por ato administrativo típico praticado pelo Poder Executivo. O STF já teve a oportunidade de enfrentar o tema, tendo a maioria votado no sentido de que o tombamento é da competência do Executivo e, por isso, há de ser materializado por ato administrativo. Por exceção, é possível que o intuito protetivo se origine da própria Constituição, e em tal situação o tombamento será instituído pela própria norma constitucional.
Exemplo típico consta no art. 216, par. 5, da CF: “Ficam tombados os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos”.
#OUSESABER: O tombamento pode ser constituído por lei? Resposta: NÃO. 
Conforme decidido pelo STF, no julgamento da ACO 1.706/DF: “O tombamento é constituído mediante ATO DO PODER EXECUTIVO que, observada a legislação pertinente, estabelece o alcance da limitação ao direito de propriedade, ato emanado do Poder Legislativo não podendo alterar essas restrições. (...)
O ato do Poder Legislativo que efetive o tombamento e, de igual modo, aquele que pretenda alterar as condições de tombamento regularmente instituído pelo Poder Executivo, é INCONSTITUCIONAL, dada a sua incompatibilidade com o princípio da harmonia entre os poderes”.
f) Indenização? Em regra não há indenização. Mas se o Estado instituir uma obrigação de fazer haverá indenização.
g) Competência:
· Legislativa: competência concorrente. Art. 24, VIII. ATENÇÃO!
· Material:competência comum. Deve-se observar o interesse. Interesse local, regional ou nacional.
h) Obrigações
I. Conservação = proprietário. Ele deve custear e se não tiver a verba deve comunicar ao poder público. Ele precisa de autorização prévia. Se ele faz sem autorização, pode cometer o crime de dano. Ele tem obrigação de não danificar, demolir ou destruir o bem.
II. Direito de preferência, sob pena de nulidade da venda. Sequestro (no caso de bem móvel determinado) e multa. 
#ATUALIZAÇÃO #ALERTA #NCPC:
O NCPC revogou o direito de preferência do art. 22 do Decreto 25/37, segundo art. 1072, inciso I, NCPC. Assim, não será mais necessário ofertar o direito preferência à União, ao Estado e aos Municípios do bem particular tombado que será alienado extrajudicialmente.
*#CUIDADO #ENTENDA:
- Quanto ao tombamento, houve a revogação quanto ao direito de preferência nas alienações extrajudiciais. 
o NOVO CPC não extinguiu por completo o direito de preferência dos entes públicos quando da alienação do bem tombado, mas apenas restringiu essa prerrogativa às alienações judiciais. 
Art. 889. serão cientificados da alienação judicial, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência:
(…) VIII – a união, o estado e o município, no caso de alienação de bem tombado. 
art. 892. (…) § 3º no caso de leilão de bem tombado, a união, os estados e os municípios terão, nessa ordem, o direito de preferência na arrematação, em igualdade de oferta.
III. Tratando-se de tombamento de bem público ele será inalienável
IV. Em caso de furto/extravio o proprietário deve comunicar no prazo de 5 dias.
V. Não cabe exportação. A tentativa de exportação é crime, sujeito a multa e sequestro. 
Obs. ele pode sair do país para fins de intercâmbio (exposição em um museu no exterior).
VI. O proprietário está obrigado a suportar a fiscalização.
VII. Vizinho não pode colocar placas ou cartazes que prejudiquem a visibilidade do patrimônio tombado.
i) Modalidades
I. Quanto à constituição (procedimento)
· Tombamento voluntário: a pedido ou com concordância do proprietário
· Tombamento de ofício: sem anuência recai sobre bem público
· Tombamento compulsório: Há resistência por parte do proprietário, que se opõe à pretensão de tombar do poder público. A oposição ocorrerá no prazo de 15 dias da notificação de interesse de tombamento do bem. A notificação gera efeitos de um tombamento provisório.
· 
II. Quanto à eficácia:
· Tombamento provisório – durante o processo administrativo. É gerado pela simples notificação, que tem como efeito a impossibilidade de modificação do bem, em caso de impugnação do proprietário
Sobre a provisoriedade do tombamento, o STJ já proferiu decisão considerando que o tombamento provisório não é fase procedimental, mas sim medida assecuratória de preservação do bem até a conclusão dos pareceres e a inscrição no livro respectivo. Parece-nos, contudo, que tal conclusão não se coaduna com o texto legal. Dispõe o art. 10 do Decreto-lei n2 25/1937 que o tombamento “será considerado provisório ou definitivo, conforme esteja o respectivo processo iniciado pela notificação ou concluído pela inscrição dos bens”. Segue-se, por conseguinte, que, a despeito de poder também revestir-se de caráter preventivo, o tombamento provisório encerra, na realidade, fase do processo, porquanto decretado antes do ato final do tombamento definitivo. Observado, porém, o devido processo legal, o tombamento provisório terá a mesma eficácia restritiva do tombamento definitivo, alvejando ambos a proteção do patrimônio público.
· Tombamento definitivo – final do processo.
III. Quanto aos destinatários
· Tombamento geral – bairro todo, rua, cidade. O bem não é determinado
· Tombamento individual – bem determinado. Pode ser bem público ou privado. Pode ser bem móvel ou imóvel.
Há quem seja contra tal classificação: “ousamos dissentir dessa classificação. O tombamento, segundo nos parece, tem sempre caráter individual, vale dizer, os efeitos do ato alcançam diretamente apenas a esfera jurídica do proprietário de determinado bem, O dito tombamento geral seria ato limitativo de natureza genérica e abstrata incongruente com a natureza do instituto. Quando várias edificações de um bairro ou uma cidade são alvo de tombamento, tal ocorre porque foi considerada cada uma delas per se como suscetível de proteção histórica ou cultural. A abrangência do ato, nesse caso, atinge várias edificações tão somente pela circunstância de serem elas contíguas ao momento em que se criou a proteção.
Obs.: Para a maioria da doutrina (STJ também) o tombamento não tem ordem de preferência, sendo possível que os entes tombem bens uns dos outros. José dos Santos: Há ordem de preferência. Município não poderia tombar bem do estado e da União e estado não poderia tombar bem da União. Há uma discussão sobre o tombamento de bens públicos, entre os entes públicos, aplica-se a sistemática da desapropriação, em que, por existir previsão expressa para desapropriação, permite-se que o ente maior desaproprie bens dos menores. Não há previsão expressa para o tombamento. Mas alguns doutrinadores adotam essa posição, ou seja, de aplicação da regra de gradação da desapropriação. A posição majoritária, entretanto, afirma que é o interesse que deve prevalecer, sem necessária obediência à hierarquia entre os entes políticos.
Competência para tombar: a competência será definida de acordo com o interesse: NACIONAL (União), REGIONAL (Estado) e LOCAL (Município). Essa é a competência material, ou seja, é uma competência cumulativa de todos os entes políticos. O mesmo bem pode ser tombado nas 03 ordens jurídicas (federal, estadual e municipal)? SIM, quando há interesse de todos os entes, mas, como regra geral, deve-se sempre respeitar a órbita do interesse dos entes políticos.
Se o patrimônio for tombado pelos 03 entes políticos, há preferência da União, depois Estados e dos Municípios. Ou seja, haverá uma gradação de poder sobre o bem, quando houver mais de um ente político.
Procedimento: varia de acordo com a modalidade de tombamento.
Qualquer procedimento se inicia com a notificação do órgão técnico competente. Na esfera federal, esse órgão é o instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN);
1- Bem público – após a manifestação do órgão técnico a autoridade administrativa competente determina a inscrição do bem no livro do tombo e notifica a pessoa jurídica de direito público interessada;
2- Tombamento voluntário requerido pelo proprietário: será ouvido também o órgão técnico e, em caso de preencher os requisitos, será determinada a inscrição no Livro do Tombo e a transcrição no RGI, se se tratar de bem imóvel;
3- Procedimento iniciado pelo Poder público: a) manifestação do órgão técnico; b) notificação do proprietário para anuir ao tombamento dentro de 15 dias; c) caso haja anuência do proprietário à notificação ou ele não impugne, tem-se o tombamento voluntário, com a inscrição no Livro do Tombo; d) havendo impugnação, será dado ao órgão que tomou iniciativa do tombamento 15 dias para sustentar suas razões; e) o IPHAN terá 60 dias para decidir a respeito; f) se a decisão for contrária ao proprietário, será determinada a inscrição no Livro do Tombo, se for favorável o processo será arquivado; g) a decisão do Conselho Consultivo terá que ser apreciada pelo Ministro da Cultura, que examinará o procedimento, anulando-o se houver ilegalidade ou revogando a decisão do órgão técnico, se contrária ao interesse público, ou, finalmente, homologando; h) o tombamento se torna definitivo com a inscrição em dos Livros do Tombo, ex: Livro do Tombo das Belas Artes.
Cabimento de recurso - Decreto-Lei nº 3.866/41 – O Presidente da República, atendendo a motivos de interesse público, poderá determinar, de ofício ou em grau de recurso, interposto por qualquer legítimo interessado, que seja cancelado o tombamento.
Anote-se, por fim, que ao proprietário do bem tombado é conferido o direito de recorrer contra o ato de tombamento. O recurso é dirigido ao Presidente da República, que, atendendo a razõesde interesse público, pode cancelar o tombamento.
Efeitos do tombamento:
1) Se recaiu sobre bem imóvel, há a necessidade de averbação no RGI, para garantir mais publicidade. Mesmo sem o registro no RGI, o tombamento é válido, mas não será oponível o direito de preferência do poder público ao terceiro quando da alienação extrajudicial;
2) Inalterabilidade do bem, a não ser que haja anuência do Poder Público;
3) Impõe restrições à alienação do bem: se o bem tombado pertencer ao domínio público, torna-se inalienável para particulares, podendo, no entanto, ser transferido de uma entidade pública para outra, no entanto, se pertencer a particular, é alienável, mas com direito de preferência – judicial - garantido à União, Estados e Municípios;
4) Fiscalização pelo Poder Público.
5) Se imóvel, haverá restrição para os vizinhos em relação à visibilidade do bem tombado, nos termos do artigo 18, DL 25/37 (servidão administrativa em favor do bem tombado).
Obrigações do tombamento: podem ser resumidas da seguinte forma:
	OBRIGAÇÕES POSITIVAS
	Conservação do patrimônio que deve ser acompanhado pelo poder público, assim qualquer conserto deve ser comunicado ao poder público, para obtenção de uma autorização (artigo 17, DL 25/37).
Infelizmente, o particular comunica ao poder público por várias vezes e as providências não são adotadas pelo ente político. EXEMPLO: padre da Bahia que comunicou e o teto da igreja estava caindo e o padre mandou consertar sem autorização, porque poderia o teto despencar sobre alguém. Poderia ser-lhe imputada multa de 50% do valor do dano que viesse a causar.
Danificar o patrimônio sem autorização é crime previsto no artigo 165, CP.
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
	
	Bem público tombado é inalienável, ressalvada a possibilidade de transferência entre os entes federados.
	
	
Bem particular tombado pode ser alienado. 
#ATUALIZAÇÃO #ALERTA #NCPC
O NCPC revogou o direito de preferência do art. 22 do Decreto 25/37, segundo art. 1072, inciso I, NCPC. Assim, não será mais necessário ofertar o direito preferência à União, ao Estado e aos Municípios do bem particular tombado que será alienado extrajudicialmente.
	OBRIGAÇÕES NEGATIVAS
	
Decorre do dever positivo de conservar, é a obrigação de não danificar e não mutilar ou destruir a coisa (artigo 17, DL 25).
	
	Não retirar a coisa do país, exceto por curto espaço de tempo, sem transferência de domínio ou propriedade (artigo 14). Em caso de roubo ou furto, o proprietário deve comunicar ao poder público em 05 dias, sob pena de multa.
	OBRIGAÇÃO DE SUPORTAR
	O proprietário tem que suportar a fiscalização do poder público (artigo 20, DL 25/37).
Nos termos do artigo 19, quando o proprietário não tiver condições de arcar com a conservação ou reparação, o poder público deve arcar com os custos.
ATENÇÃO: o fato de ser tombado não impede o proprietário de gravá-lo livremente através de penhor, anticrese ou hipoteca.
Indenização no tombamento: há duas situações:
1) GERAL: não é um bem específico, mas todos que estiverem na mesma situação. Ex. Ouro Preto. Todos suportam as consequências do ato e NÃO ENSEJA indenização.
2) ESPECÍFICO: via de regra não deveria gerar indenização, pois, não há incidência no caráter de exclusividade e nem de perpetuidade da propriedade. Mas caberá indenização em duas situações: 
a) quando o tombamento impede a propriedade deixa de ser tombamento e passa a ser desapropriação, cabendo a indenização;
b) caso o proprietário prove o dano decorrente das restrições impostas (ex: desvalorização do bem) pelo poder público, que consistam em hipóteses de obrigação de fazer que deverá ser arcada pelo poder público.
Controle – administrativo (órgão e Presidente) e judicial (legalidade).
*#OUSESABER: Os municípios podem tombar bens públicos estaduais e federais? Sim. O tombamento veicula uma modalidade não supressiva de intervenção concreta do Estado na propriedade privada ou mesmo pública e possui o condão de limitar o uso, o gozo e a disposição de um bem, em regra de maneira permanente, visando à preservação do patrimônio cultural. Em que pese discussão doutrinária sobre o tema, o STJ (RMS 18.952/RJ) entende possível a instituição do tombamento por municípios sobre bens estaduais e federais pelo fato de tal restrição não ofender o princípio federativo já que o bem permanece na propriedade do ente federado em questão , consagrando-se a efetiva proteção do bem de valor cultural envolvido.
Desapropriação
Leituras obrigatórias:
· DL 3365/41 (Lei Geral de Desapropriações) 
· Lei 4132/62 (desapropriação por interesse social) 
· LC 76/93 (desapropriação para fins de reforma agrária)
· Lei 4.593/64 (desapropriação para obras de combate às secas no Nordeste)
· MP 700/2015[footnoteRef:2]: não foi convertida em lei [2: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Mpv/mpv700.htm] 
1. Conceito
Pode ser conceituada como o procedimento, por meio do qual, o Estado, compulsoriamente, retira de alguém certo bem, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social e o adquire, originariamente, para si ou para outrem, de regra, mediante prévia e justa indenização, paga em dinheiro, salvo os casos que a constituição enumera, em que o pagamento é feito com títulos da dívida pública ( art. 182, parágrafo 4º, III) ou da dívida agrária (art. 184).
Forma de intervenção supressiva. Desapropriação é a única modalidade que irá importar na perda da propriedade. 
Obs.: o bem pode ingressar no patrimônio público de forma definitiva ou provisória (quando será repassado para utilização por terceiro. Ex.: desapropriação por zona, urbanística, por interesse social, confisco).
Atinge o caráter perpétuo da propriedade. Celso Antônio chama de sacrifício de direito.
Forma de aquisição originária da propriedade, porque o antigo dono pode concordar ou não a desapropriação ocorrerá da mesma forma (não existe vínculo entre a Administração e o proprietário). A possibilidade de acordo em relação ao preço não afasta a sua característica de forma de aquisição originária da propriedade.
Dessa premissa surgem dois importantes efeitos. O primeiro consiste na irreversibilidade da transferência, ainda que indenizado tenha sido terceiro que não o dono do bem desapropriado. Ademais, com a desapropriação consideram-se extintas os direitos reais de terceiros sobre a coisa. Nesse sentido, aliás, consta do art. 31 da lei geral expropriatória “Ficam sub-rogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado.” Como exemplo, temos o caso da hipoteca o credor hipotecário terá o seu direito real substituído pelo preço total ou parcial da indenização; esta, dependendo da hipótese, poderá ser repartida, em partes iguais ou não, entre o proprietário e o credor hipotecário. Mas o bem em si ingressa no patrimônio do expropriante sem qualquer ônus em favor de terceiro.
#OLHAOGANCHO: O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de aquisição originária da propriedade. STJ. 2ª Turma. REsp 1.668.058-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 8/6/2017 (Info 606)
2. Procedimento
A desapropriação é um procedimento normal, já que conta com uma série ordenada de atos, dentro de uma lógica determinada em lei, com fases específicas.
Não obstante ser clássico o instituto da desapropriação como forma de expropriação processada pelo Estado, o vigente Código Civil criou instituto de expropriação — até agora não conhecido — em que a iniciativa cabe aos particulares. Dispõe o art. 1.228, par. 4º, que nasce o direito à expropriação (acarretando a perda do imóvel), indenizando-se o proprietário ao final, quando: (a) a posse seja de considerável número de pessoas; (b) seja ela ininterrupta e de boa-fépor mais de 5 anos; (c) tenham os posseiros realizado obras e serviços considerados pelo juiz de relevante interesse social e econômico. É a expropriação social.
3. Competência
· Legislativa – União (Art. 22, II, CF)
· Material – concorrente. Administração direta (APENAS os entes políticos). Eles podem realizar a fase declaratória e a executiva. Obs. Foge à regra, o DNIT (antigo DNER. Natureza jurídica de autarquia federal), dotado de competência também para emitir declaração expropriatória, mediante portaria de seu Superintendente (DL 512/69) e a ANEEL (autarquia federal), dotada da competência de declarar e promover a desapropriação, no tocante às áreas necessárias à implantação de instalações de concessionários, permissionários e autorizados de energia elétrica.
#OUSESABER: É constitucional norma estadual que submete as desapropriações à aprovação prévia do Poder Legislativo? Segundo o STF, não, por ofender a separação de poderes e ainda por violar competência legislativa da União. Vejamos: É inconstitucional, por invadir a competência legislativa da União e violar o princípio da separação dos poderes, norma distrital que submeta as desapropriações, no âmbito do Distrito Federal, à aprovação prévia da Câmara Legislativa do Distrito Federal. [ADI 969, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 27-9-2006, P, DJ de 20-10-2006.]
· Competência declaratória – em regra, apenas U, E, M, DF e Território (exceção: DNIT e ANEEL). = competência incondicionada.
· Competência expropriatória – administração indireta, concessionárias e permissionárias = competência condicionada.
Obs.: art. 3º do Decreto Lei 3365/41 autoriza que os entes delegados (concessionárias, permissionárias) realizem a fase executiva da desapropriação. AUTORIZAÇÃO para desapropriação pela administração indireta e concessionárias ou permissionárias pode ser feita por meio de LEI ou de CONTRATO[footnoteRef:3]. [3: ATENÇÃO: MP 700/2015 (Objeto de ADI): DL 3365/41, art. 3º, alterado pela MP 700/2015 (alterou vários artigos com o intuito de atualizar e reduzir certas polêmicas). Essa MP, no entanto, que é de 08/12/15, está sendo objeto da ADI 5446, a qual questiona se caberia MP para o caso. Na realidade, ficamos com duas regras bem definidas na desapropriação. Temos duas etapas nela: a declaratória e a executiva. A administração direta (entes políticos) pode realizar ambas as fases, ou seja, podem realizar todas as etapas da desapropriação. Apesar da redação do art. 3º ter sido alterada, seu texto ficou confuso e não resolve o assunto completamente. Antes da MP700 se dizia que também podem realizar desapropriação os “delegados”, que podiam realizar a fase executiva (alguém decreta e eles podem efetivar a desapropriação). Hoje, o texto traz um detalhamento maior, dizendo que podem realizar essa desapropriação as concessionárias, permissionárias, autorizatárias e arrendatárias de serviço, bem como as entidades públicas (todas), as funções delegadas e, ainda, os contratados pelo poder público para obras e serviços de engenharia, sob regime de empreitada – são esses os delegados que podem realizar a desapropriação. A MP trouxe também uma lista de requisitos para que eles pudessem desapropriar. OBS. A MP 700 não foi convertida em lei, permanecendo as regras anteriores.
] 
Art. 3o  Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de carater público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato. 
A competência para promover a desapropriação é da: União, Estados, Municípios, Distrito Federal, autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e concessionárias ou permissionárias de serviços públicos. Por exemplo, na desapropriação para fins de reforma agrária, quem desapropria é a União, mas quem promove é o INCRA. Podem desapropriar, mas não podem declarar o interesse: somente o Chefe do Poder Executivo e o Legislativo (lei de efeitos concretos) podem declarar a desapropriação. O Poder Legislativo pode sozinho realizar a desapropriação em caso específico.
Súmula 157 do STF: “É necessária prévia autorização do Presidente da República para desapropriação, pelos Estados, de empresa de energia elétrica”.
4. Elementos
· Objeto
Bens móveis ou imóveis, corpóreos ou incorpóreos (ex. ações de uma empresa). Bens públicos ou privados. Obs. bem inalienável – pode. Cadáver – há divergência.
Espaço aéreo e subsolo, cessão de créditos, obras e livros, basta a existência de justificativa para tanto.
Obs. se o bem é público há uma ordem de preferência. A União pode desapropriar bens dos estados e municípios. Os estados só podem desapropriar bens dos seus municípios e os municípios apenas a propriedade privada. Se o estado do RN desapropria um bem da União, há um vício de competência? NÃO, e sim um vício de objeto (CESPE). Estado x não pode desapropriar bem municipal do Estado y. 
Obs. Quando o bem for público há a necessidade de lei específica. É inviável, nesse caso, a desapropriação apenas por iniciativa do Executivo.
Obs. Bem tombado? pode ser desapropriado se o tombamento foi feito por entidade menor e o fim justificar a desapropriação.
Obs. Bem destinado à serviço público? Pode.
ATENÇÃO: não pode haver a desapropriação de bem particular de Estado x pelo Estado Y. Não cabe em relação aos direitos da personalidade, vida, imagem, autorais e alimentos.
	Conforme mencionado no quadrinho acima, a desapropriação de bens desses entes federativos por entes maiores não encontra óbices na disciplina pertinente e, ao contrário, guarda compatibilidade com o que dispõe o já citado art. 2, $ 2, do Decreto-lei n 3.365/1941:
	Art. 2o Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
	§ 2o Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
	#OBS.: O STJ e o STF já se manifestaram sobre o tema, decidindo ser ilegítima a desapropriação do Estado sobre bens de sociedade de economia mista federal, sob a consideração de que, sendo o serviço executado da competência da União, os bens da entidade a ela vinculada estão a merecer proteção.
	Nessa mesma linha de pensamento se colocou o STJ. Reafirmando sua anterior posição, decidiu peremptoriamente que “o Município não pode desapropriar bens de propriedade de empresa pública federal, sem a prévia autorização do Presidente da República, mesmo que não sejam utilizados diretamente na prestação de serviço púb1ico”.
#JÁCAIUEMPROVA: Concessionária da União só pode ser desapropriada pelo Estado com autorização do PR.
· Sujeito ativo: competência
· Pressupostos: fundamento
A desapropriação exige sempre um fundamento legal para a sua realização. 
· Forma de indenizar
· Aspecto formal: procedimento. Pode ter desapropriação que se resolve apenas na via administrativa.
· Sujeito passivo: é o proprietário que pode ser pessoa física ou jurídica, pública ou privada. O DL 3365 prevê expressamente a supremacia dos entes políticos: União sobre os Estados e Municípios; os Estados sobre os municípios de seus territórios. Há autores que afirmam que essa possibilidade fere a autonomia dos entes públicos (minoritária).
5. Modalidades de desapropriação
I. Desapropriação comum, ordinária ou geral.
a) Hipóteses
As hipóteses ordinárias urbanísticas são de competência material privativa dos Municípios.
Esses bens podem ter uma destinação específica. Exemplos: (1) desapropriação por zona ou extensiva (desapropria área que será valorizada por obra pública para vender depois que o imóvel estiver valorizado – art. 4º DL 3365. A ideia é substituir a contribuição de melhoria). (2) Desapropriação por industrialização e urbanização – desapropria imóvel residencial em local de industrialização para depois vender para industriais. 
ATENÇÃO: nessas duas hipóteseso ato desapropriatório já traz a previsão de venda futura do bem com essa finalidade. PERGUNTA: o poder público pode desapropriar para alienar o bem? SIM, o poder público pode alienar o bem que foi desapropriado, desde que expressamente conste no decreto de interesse em desapropriação. Se não declarar isso, a alienação dará direito à retrocessão pelo proprietário. 
· Necessidade pública = urgência
Era um pressuposto que estava previsto no CC/16 e consistia em uma necessidade urgente. O DL 3365/41 (Disciplina as desapropriações de utilidade pública) absorveu a necessidade pública dentro das hipóteses de utilidade pública. Há uma única enumeração no decreto constando a necessidade e a utilidade pública.
· Utilidade pública = sem urgência
Necessidade e utilidade - A lista é a mesma (art. 5º do DL 3365/41), mudando apenas pelo caráter de urgência. No Decreto Lei NÃO há distinção, é como se fosse uma coisa só: necessidade e utilidade.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
DISPENSA DE CITAÇÃO DO CÔNJUGE NA AÇÃO DE DESAPROPRIAÇÃO POR UTILIDADE PÚBLICA - Na ação de desapropriação por utilidade pública, a citação do proprietário do imóvel desapropriado dispensa a do respectivo cônjuge. A desapropriação por utilidade pública rege-se pelo Decreto-Lei nº 3.365/41. A ação de desapropriação é uma ação de natureza real, uma vez que tem por objeto (pedido) a propriedade de um bem imóvel. O CPC determina que, nas ações que versem sobre direitos reais imobiliários, tanto o réu como o seu cônjuge devem ser citados (§ 1º do art. 10). Essa regra não se aplica nas ações de desapropriação por utilidade pública. Se a Fazenda Pública ajuíza ação de desapropriação por utilidade pública contra o proprietário, o seu cônjuge não precisará ser citado. Isso porque o art. 16 do DL 3.365/1941 (Lei das Desapropriações) dispõe que a “citação far-se-á por mandado na pessoa do proprietário dos bens; a do marido dispensa a da mulher”. Logo, não se aplica o § 1º do art. 10 do CPC considerando que esta é norma geral em relação ao art. 16 do DL 3.365/41, que é lei específica. STJ. 2ª Turma. REsp 1.404.085-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 5/8/2014 (Info 547).
VALOR DA INDENIZAÇÃO - O art. 26 do Decreto-Lei n. 3.365/41 determina que o valor da indenização será calculado com base no preço do imóvel no momento da perícia (avaliação): “no valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de terceiros contra o expropriado.” A avaliação de que trata esse artigo é a administrativa ou a judicial? Em outras palavras, o valor da indenização a ser paga será calculado com base no preço do imóvel no momento da avaliação administrativa ou judicial? No momento da avaliação judicial. Nas desapropriações para fins de reforma agrária, o valor da indenização deve ser contemporâneo à avaliação efetivada em juízo, tendo como base o laudo adotado pelo juiz para a fixação do justo preço, pouco importando a data da imissão na posse ou mesmo a da avaliação administrativa. De fato, a avaliação efetivada em juízo, ordinariamente, deverá se reportar à época em que for realizada – e não ao passado – para fixar a importância correspondente ao bem objeto da expropriação, haja vista que exigir que esses trabalhos técnicos refiram-se à realidade passada (de anos, muitas vezes) pode prejudicar a qualidade das avaliações e o contraditório. Logo, quando o art. 26 do DL 3.365/41 afirma que a indenização, em regra, deverá corresponder ao valor do imóvel apurado na data da perícia, ela está se referindo à avaliação judicial. STJ. 2ª Turma. AgRg no REsp 1.459.124-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, 18/9/2014 (Info 549).
*#IMPORTANTE!
#STJ #DEOLHONAJURISPRUDENCIA #DIZERODIREITO: 
Desapropriações 
No tocante às condenações judiciais referentes a desapropriações diretas e indiretas, relativamente à correção monetária, incidem, em síntese, os índices previstos no Manual de Cálculos da Justiça Federal, com destaque para a incidência do IPCA-E a partir de janeiro de 2001. 
Em relação aos juros de mora, de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça Federal, aplicam-se os seguintes índices: 
a) até dezembro/2009: 0,5% (capitalização simples), nos termos do art. 15-B do Decreto-Lei n. 3.365/1941; 
b) janeiro/2010 a abril/2012: 0,5% (capitalização simples), nos termos do art. 97, § 16, do ADCT (incluído pela EC n. 62/2009), combinado com a Lei n. 8.177/1991; 
c) a partir de maio/2012: o mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, capitalizados de forma simples, correspondentes a: i) 0,5% ao mês, caso a taxa SELIC ao ano seja superior a 8,5%; ii) 70% da taxa SELIC ao ano, mensalizada, nos demais casos, nos termos do art. 97, § 16, do ADCT (incluído pela EC n. 62/2009), combinado com a Lei n. 8.177/1991, com alterações da MP n. 567/2012 convertida na Lei n. 12.703/2012. 
No que concerne aos juros compensatórios, os índices previstos são os seguintes: a) até 10/06/1997: 1% (capitalização simples), nos termos da Súmula n. 618/STF e Súmula n. 110 do extinto TFR; b) 11/06/1997 a 13/09/2001: 0,5% (capitalização simples), nos termos do art. 15-A, do Decreto-Lei n. 3.365/41, introduzido pela MP n. 1.577/97 e suas sucessivas reedições; c) a partir de 14/09/2001: 1% (capitalização simples), nos termos da ADI 2.332/DF, REsp 1.111.829/SP e Súmula n. 408/STJ. STJ. 1ª Seção. REsp 1.495.146-MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 620).
* #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF #MUDANÇADEENTENDIMENTO:
O DL 3.365/41 dispõe sobre desapropriações por utilidade pública. Veja o que diz o art. 15-A, que foi incluído pela MP 2.183-56/2001: “Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios de até seis por cento ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos. § 1º Os juros compensatórios destinam-se, apenas, a compensar a perda de renda comprovadamente sofrida pelo proprietário. § 2º Não serão devidos juros compensatórios quando o imóvel possuir graus de utilização da terra e de eficiência na exploração iguais a zero. § 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se também às ações ordinárias de indenização por apossamento administrativo ou desapropriação indireta, bem assim às ações que visem a indenização por restrições decorrentes de atos do Poder Público, em especial aqueles destinados à proteção ambiental, incidindo os juros sobre o valor fixado na sentença. § 4º Nas ações referidas no § 3º, não será o Poder Público onerado por juros compensatórios relativos a período anterior à aquisição da propriedade ou posse titulada pelo autor da ação.” O STF analisou a constitucionalidade do art. 15-A do DL 3.365/41 e chegou às seguintes conclusões: 1) em relação ao “caput” do art. 15-A do Decreto-Lei 3.365/41: reconheceu a constitucionalidade do percentual de juros compensatórios de 6% ao ano para remuneração do proprietário pela imissão provisória do ente público na posse de seu bem; 1.a) declarou a inconstitucionalidade do vocábulo “até”; 1.b) deu interpretação conforme a Constituição ao “caput” do art. 15-A, de maneira a incidir juros compensatórios sobre a diferença entre 80% (oitenta por cento) do preço ofertado em juízo pelo ente público e o valor do bem fixado na sentença; 2) declarou a constitucionalidade dos §§ 1º e 2º do art. 15-A do DL 3.365/41; 3) declarou a constitucionalidade do § 3º do art. 15-A do DL 3.365/41; 4) declarou a inconstitucionalidade do § 4º do art. 15-A do DL 3.365/41; 5) declarou a constitucionalidade da estipulação de parâmetros mínimo e máximo para a concessão de honorários advocatícios e a inconstitucionalidade da expressão “não podendo os honorários ultrapassar R$ 151.000,00 (cento e cinquenta e um mil reais)” prevista no § 1º do art. 27 do DL 3.365/41. STF.

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