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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE FACULDADE DE LETRAS E CIENCIAS SOCIAS Curso: Ciência Política 2º ano- laboral Disciplina: Cooperação e Integração Regional Tema: União Europeia Discentes: Bastiana Ricardo Denisse Magaia Edson Manhique Géssica Ricardo Leonor Mabuie Rosalina Mathe Salma Chume Suraya Jone Docente: Anísio Buanaissa Maputo, Fevereiro de 2021 Índice 1. Introdução……………………………………………………………………….1 2. Integração Regional……………………………………………………………..2 3. Teorias de integração europeia………………………………………………….2 3.1.Teoria Funcionalista………………………………………………………….....2 3.2.Teoria neonacionalista…………………………………………………………..3 3.3.Teoria federalista………………………………………………………………..3 4. União Europeia………………………………………………………………….4 4.1.Motivações que levaram à integração europeia/ processo de formação………...4 4.2.Objectivos da União Europeia…………………………………………………..6 4.2.1.Instituir uma cidadania europeia………………………………………………6 4.2.2.Criar um espaço de liberdade, de segurança e de justiça………………………7 4.2.3.Promover o progresso económico e social……………………………………..7 4.2.4..Afirmar o papel da união europeia no mundo…………………………………8 5. Instituições da União Europeia……………………………………………………8 6. Países membros da União Europeia……………………………………………..11 7. Brexit…………………………………………………………………………….12 7.1.Consequências do Brexit…………………………………………………………13 8. União Europeia e o resto do mundo……………………………………………...13 9. Conclusão…………………………………………………………………………15 10. Bibliografia……………………………………………………………………….16 1.Introdução O presente trabalho tem como tema a União Europeia (UE), esta que é um bloco regional que une 27 países económica, política e socialmente. A União Europeia é de longe o maior e bem estruturado bloco que existe no mundo, onde países europeus, inicialmente buscavam garantir a paz e segurança a quando de sua criação, Porém, seguindo a logica funcionalista na cooperação que iniciou em determinada área funcional e com um numero reduzido de países acabou se alastrando e por consequência envolvendo novas áreas e atraindo a participação de mais países, o que culminou com a criação de um bolco regional onde os países têm uma relação de interdependência. A relação de interdependência deve-se ao facto de que os países abdicaram parte de sua soberania para criar instituições supranacionais que gerenciassem os interesses de todos os países envolvidos, buscando igual desenvolvimento económico, político e social. O presente trabalho tem como objectivo debruçar-se em torno daquilo foi o processo histórico- evolutivo da União Europeia, trazendo a mesa de discussão algumas teorias que buscam explicar esse processo de integração; objectivos para a criação do mesmo; países membros; a estrutura hierárquica e por fim tratar do ultimo acontecimento que marcou o bloco , o Brexit ( a saída do Reino Unido da EU) suas causas, consequências e benefícios se houver. 2. Integração Regional O termo “integração” no sentido mais comum consta a ideia de um processo que leva à juncão de partes anteriormente separadas, de forma tal que elas dão origem a um todo, uma comunidade que agrega interesses, sentimentos, atitudes e eventualmente também instituições politicas comuns. Implica por isso interdependências e uma rede de relações densa entre os seus membros. Pode reportar-se a pequenas comunidades, regiões, a nações e Estados, a entidades supranacionais ou, hipoteticamente a uma futura comunidade mundial, ideia que parece assomar em alguns discursos universalistas, propiciados pelo processo de Globalização. (Viotti e Kauppi, 1999; APUD Cláudia Toriz Ramos). 3.Teorias de integração europeia O processo de integração europeia decorrente dos tratados fundadores das três comunidades europeias dos anos 50 do século XX e corporizado hoje na União Europeia (UE), tem suscitado vasto debate teórico sobre a sua origem, os seus mecanismos de desenvolvimento e as suas perspectivas do futuro. (Cláudia Ramos e Paulo Maior, 2007, pp: 103). Na produção teórica sobre a integração europeia destaca-se um primeiro conjunto de teorias ditas clássicas que corresponde a teorização inicial sobre o fenómeno supranacional nascente, onde encontra-se num primeiro momento o Funcionalismo como teoria especifica da integração regional e o Federalismo enquanto doutrina e modelo político para as construções supranacionais. 3.1.Teoria Funcionalista Iniciada no período entre as duas guerras, abordava a dimensão transnacional das relações mundiais, numa procura de soluções pacificas no contexto da sociedade internacional, como é o caso da obra de David Mitrany “A working Peace System”. Nuclearmente, estas teorias assumiam a primazia do económico e, consequentemente, uma concepção utilitarista e materialista das construções politicas. Nesta óptica o objectivo primordial da organização internacional seria o bem-estar, argumentando-se que a economia fora capaz de o gerar no quadro nacional. Por outro lado, a mudança ao nível político não é propriamente explorada pelo funcionalismo, por isso no que respeita a integração europeia assume-se que não é a transferência da soberania de estruturas típicas do Estado-nação para uma estrutura internacional. A mudança politica era interpretada como consequência funcional de mudanças maiores em sectores nucleares da sociedade. Em suma, a teoria funcionalista considera que a integração regional é alcançada mediante a cooperação interestatal em tarefas funcionais, principalmente de natureza técnica e económica, desta forma, haveria uma transferência da soberania em áreas especificas para as instituições regionais, que seriam dirigidas por elites técnicas. Para David Mitrany (1990) APUD, Angelica SKUZO, o conceito que favorece a integração é a existência de problemas técnicos que não podem ser resolvidos apenas nacionalmente e demandam a cooperação com outros Estados da região que têm as mesmas necessidades, dando origem a organizações internacionais. 3.2.Teoria neofuncionalista Ao final da década 50 e início dos anos 60, o neofuncionalismo surge como uma perspectiva teórica que busca explicar os avanços da integração europeia, anteriormente sectorial com a CECA e que gerou os spillovers necessários à criação da Comunidade Económica Europeia (CEE). O neofuncionalismo deriva da logica funcionalista, no entanto, para alem dos aspectos técnicos, questões politicas e económicas também podem desencadear o processo de integração. Ernest Haas, teórico do neofunfionalismo, destaca a importância dos países dos grupos de interesse e dos partidos políticos que, ao promoverem os seus interesses, induzem o processo de integração. Sendo assim, existem quatro motivações principais para a integração: i) a promoção da segurança comum; ii) a obtenção do desenvolvimento económico e do bem- estar social; o interesse de uma nação mais forte de controlar os seus aliados menores e iv) a vontade comum de unificar as sociedades (Haas,1956, APUD; Angélica SCUZO, 2017) De acordo com a teoria neofuncionalista, a integração seria impulsionada por um núcleo central constituído pêlos governantes e burocracias especializadas, a parti do qual se iria esperando um efeito spillover, portanto para essa corrente a construção europeia explicava-se pela integração gradual em sectores específicos, no caso económico, que geraram um efeito transbordante (spillover effect) para outras áreas. 3.3.Teoria federalista A teoria federalista remonta entre as duas grandes guerras. Esta teoria é encarada, antes de mais, como uma solução política para governar unitariamente dentro da diversidade, fazendo assim da diferença não um obstáculo mas uma oportunidade para as soluções políticas. Assume-se a necessidade de criação de um centro supranacionalcom poderes constitucionalmente consignados e separados do nível nacional, para as matérias do âmbito regional-supranacional relevantes. Tal não significa o desaparecimento dos Estados nacionais, mas sim a reconversão dos seus poderes no quadro de uma variedade de prescrições constitucionais, com variados graus de independência das colectividades abrangidas. O federalismo preconiza a transferência voluntária de parte da soberania estatal para as instituições supranacionais regionais, as quais seriam responsáveis pela definição de políticas comuns, em um modelo similar dos Estados federados. Em geral, o federalismos fica a margem das teorias utilizadas para estudar os processos de integração dado aos seu caracter altamente normativo em função da proposta de formação de uma federação de Estados, e o facto de que é uma abordagem que não traz hipóteses para validar como e por que o processo de integração se constrói, mas sim um modelo de integração a ser implementado. 4. União Europeia A união europeia é uma união económica e politica única entre 27 países europeus que, juntos abrangem boa parte do continente europeu. A UE foi criada como consequência da Segunda Guerra Mundial. Os primeiros passos foram promover a cooperação económica, onde a ideia era que os países que comercializam uns com os outros se tornassem economicamente interdependentes e assim mais propensos a evitarem conflitos. Contudo, o que se iniciou como uma união puramente económica, evolui para uma organização com diferentes áreas politicas, incluindo desde a politica externa, segurança e defesa, desenvolvimento e ajuda humanitária, passando para mudanças climáticas, meio-ambiente e saúde, as relações externas e segurança, justiça e migração. (Oliver Costa, 2017,pp:29). 4.1. Motivações que levaram à integração europeia/processo de formação Para entender a arquitectura institucional da UE e as discussões sobre a sua reforma e futuro, é necessário analisar as motivações iniciais que levaram à integração europeia. Essa analise permite compreender suas dificuldades operacionais actuais e a questão da sua legitimação. Primeiramente, no final da Segunda Guerra Mundial os Estados europeus estavam ansiosos para encontrar uma forma de evitar novos conflitos, foram feitas diferentes tentativas de integração europeia com o objectivo de decidir em comum os destinos dos povos europeus de modo a conseguir uma integração política e económica. Assim, pode se dizer que o embrião que, mais tarde, veio dar origem à União Europeia foi o Benelux, um grupo formado por Bélgica, Holanda e Luxemburgo, criado em 1944. No início este bloco funcionava como uma união aduaneira (reduções nas tarifas de importações e exportações entre os países-membros e a adopção de uma tarifa externa comum). Posteriormente, em 1949 é formada a Organização Europeia de Cooperação Económica (OECE) que visava assegurar a coordenação do auxílio à Europa através do Plano Marshall. A OECE tinha como objectivo regularizar os pagamentos internacionais, a liberalização do comercio de mercadorias e invisíveis, e tenta a realização de uma união aduaneira entre os seus membros. Entretanto, a construção da UE inicia a 9 de Maio de 1950 quando o ministro dos negócios estrangeiros francês, Robert Schuman, proferiu a declaração Schuman, a qual constituiu os primeiros pilares de que é hoje a UE. A Declaração Schuman apela a paz, a reconciliação com a Alemanha e a abertura da solidariedade com a Africa. Esta declaração propunha também a criação de uma associação para a produção e consumo do carvão e do aço, assim, a 18 de Abril de 1951 é assinado o tratado de Paris que cria a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) composta por França, Alemanha, Itália, Bélgica, holanda e Luxemburgo. Onde a Bélgica, Holanda e Luxemburgo tinham, em 1948, uma união aduaneira acordada que entrou em pleno funcionamento em 1960, denominada por Benelux. Em segundo lugar, a cooperação entre os Estados-membros da CECA e o seu bom funcionamento vieram demonstrar a utilidade de integração e o interesse de o levar mais longe , criando um mercado comum para todos os produtos. Assim, em 1955 foi criada uma comissão para estudar a possibilidade de se criar um mercado comum, esta comissão elaborou um relatório chamado spack que construiu a base do tratado de Roma o qual deu espaço a criação da Comunidade Económica Europeia (CEE) e do tratado que instituiu a Comunidade Europeia de Energia Atómica (EURATOM), onde o objectivo era criar uma solidariedade tangível entre os europeus que fosse além do mero diálogo diplomático e trocas económicas. Em terceiro, a construção europeia reagiu ao desejo de promover a reconstrução e o desenvolvimento económico. Assim, a partir de 1 de Julho de 1967, a CECA, a CEE e a EURATOM passaram a ser geridas por instituições comuns, utilizando-se até 1993 a sigla CEE para as designar no seu conjunto. Desta forma, pode se dizer que a UE é resultado da aliança politica e económica entre a CECA, a CEE e EURATOM. Onde, aos seis estados-membros fundadores, isto é, França, Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Luxemburgo, juntaram-se o Reino Unido, a Dinamarca e a Irlanda em 1973, a Grécia em 1981, a Espanha e Portugal em 1986, a Checoslováquia, Hungria e Polónia em 1991, a Roménia em 1992, a noruega em 1994 , Áustria, a Finlândia e a Suécia em 1995, 4.2. Objectivos da União Europeia A UE tem quatro grandes objectivos a saber: ➢ Instituir uma cidadania europeia; ➢ Criar um espaço de liberdade, de segurança e de justiça; ➢ Promover o progresso económico e social; e ➢ Afirmar o papel da europa no mundo. 4.2.1. Instituir uma cidadania europeia Este objectivo inclui três vertentes : os direitos fundamentais, a liberdade de circulação e os direitos civis e políticos. Os direitos fundamentais assinalam a importância da assinatura do acordo de Amesterdão a 2 de Outubro de 1997 e resultado da Conferência Intergovernamental para a Revisão dos Tratados, que teve lugar entre Março de 1996 e Junho de 1997. Este documento enfatiza o respeito pêlos direitos fundamentais tais como a liberdade, a segurança, emprego e política social, para além destes, o tratado de Amesterdão estabelece que a UE pode tomar as medidas necessárias para combater a discriminação, intervindo nos casos de discriminação baseada no sexo, na raça, na religião, origem étnica, crença, idade, etc. A liberdade de circulação pressupõe a possibilidade de todos os cidadãos da união circularem e permanecerem livremente no território dos Estados-membros. No inicio a livre circulação de pessoas tinha apenas um caracter económico e abrangia apenas os trabalhadores, mas o conceito foi se alargando de forma progressiva, assim a livre circulação de pessoas insere-se num contexto mais vasto, o do mercado único, que acarreta outras três liberdades: a livre circulação de capitais, de mercadorias e de serviços. No que tange aos direitos civis e políticos, a cidadania europeia garante a todos os cidadãos de um estado-membro da UE quatro direitos: • A liberdade de circular e de permanecer no território dos Estados-membros; • O direito de eleger e de ser eleito nas eleições municipais e nas eleições para o Parlamento Europeu no Estado-membro de residência; • O direito de, no território de países terceiros em que o Estado-membro de que é nacional não se encontre representado, beneficiar de protecção por parte de autoridades diplomáticas e consulares de qualquer outro Estado-membro; • O direito de petição ao Parlamento Europeu e de recurso ao Provedor de Justiça. 4.2.2. Criar um espaço de liberdade, de segurança e de justiça Há cinco décadas que a cooperação entre os estados-membros da UE do domínio da justiça e dos assuntos internos se desenvolve a vários níveis : bilateral, regional (conselho da europa) e mundial (Interpol e Nações Unidas).Na década 70, o desenvolvimento de fenómenos como a criminalidade organizada transfronteiriça, o trafico de drogas, a imigração clandestina e o terrorismo, incentivou os Estados-membros da união europeia a desenvolver uma cooperação pragmática no domínio de justiça e assuntos internos. Assim, em 1986 é assinado o Acto Único Europeu que prevê no âmbito da união europeia a criação de um mercado único assente nas liberdades fundamentais (livre circulação de pessoas, serviços, mercadorias e capitais). Onde a ideia de livre circulação de todos os cidadãos europeus e nacionais de países terceiros implica a supressão dos controlos nas fronteiras, deste modo, nasce a ideia de que esta livre circulação de pessoas deve ser acompanhada por medidas de compensação que consistem em reforçar os controlos nas fronteiras externas e definir uma política europeia de asilo e de migração. Portanto, face a dificuldade de promover a livre circulação das pessoas e a cooperação em matérias de justiça e de assuntos internos na UE devido a reservas de alguns países, a França, Alemanha e os países do Benelux assinaram um acordo em 1985 em Schengen, que consistia em favorecer a supressão dos controlos nas fronteiras ao mesmo tempo que se desenvolvem os controlos nas fronteiras externas, bem como harmonizar as medidas em matéria de vistos, de asilo e de cooperação policial e judiciária. 4.2.3. Promover o progresso económico e social Este objectivo assenta sob cinco vertentes: o mercado único; o euro a moeda única; a criação de emprego; o desenvolvimento regional e a protecção do ambiente. O mercado único já foi previamente abordado que versa sobre o mercado comum assente na livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais. A criação de emprego consiste em alcançar um elevado nível de emprego sem enfraquecer a competitividade. Assim, passa a haver uma nova competência comunitária, que é complementar da dos países-membros e visa elaborar uma estratégia coordenada para o emprego. O desenvolvimento regional consiste em duas vertentes: a solidariedade e a coesão. A solidariedade porque a politica tem por objectivo apoiar os cidadãos e as regiões que se encontram em situação de desvantagem económica e social em relação a média europeia. A coesão porque reconhece que a redução das disparidades em termos de rendimentos e de riquezas entre os países e as regiões mais pobres e os mais ricos vai ao encontro dos interesses de todos, existem disparidades significativas entre países-membros e no interior de países- membros, por exemplo as regiões centrais da união, o Benelux, partes da França e da Alemanha e do norte da itálica sempre tiveram rendimentos per capita mais elevados e melhores infra- estruturas. Actualmente, a prosperidade e os seus benéficos estão distribuídos pela união, graças as politicas estruturais da UE. A protecção do ambiente consiste no uso de meios cada vez mais eficazes no tratamento de questões ambientais tanto no nível interno como mundial. A união europeia é a principal força mundial no que compete às alterações climáticas. 4.2.4. Afirmar o papel da europa no mundo Por fim, este objectivo assenta sob a politica externa e de segurança comum (PESC) e a união europeia no mundo. A politica externa e de segurança comum: desde 1970 os países-membros da união europeia cooperam e se esforçam por se concentrar nos grandes problemas da politica internacional. Porém, tal ocorria a nível intergovernamental, no âmbito da cooperação politica europeia. Foi em 1986 que o Acto Único Europeu (AUE) formalizou esta cooperação intergovernamental sem alterar a sua natureza nem a modalidade em que se exercia, a transformação deu-se em Maastricht onde pela primeira vez os países-membros inscreveram no tratado o objectivo de uma política externa comum. Deste modo, a união europeia pode fazer ouvir sua posição sobre os conflitos armados, os direitos do homem ou acerca de qualquer outro assunto ligado aos princípios fundamentais e aos valores comuns em que a união europeia tem os seus alicerces e que se comprometeu a defender. A união europeia no mundo, assenta sobre o crescimento da comissão europeia nas relações externas e como o tornar mais efectivo. Actualmente, há um comissario por cada pais da união europeia, o que corresponde a 27 comissários. 5. Instituições da união europeia A união europeia tem como base um sistema institucional único no mundo, onde os Estados- membros consentem delegações de soberania a favor de instituições independentes que representam simultaneamente interesses comunitários, nacionais e dos cidadãos. Assim, a união europeia tem as seguintes instituições: ➢ Parlamento Europeu: foi eleito por sufrágio universal por todos os cidadãos dos Estados-membros em 1979. Sendo eleito de cinco em cinco anos pêlos cidadãos da UE para representar os seus interesses, o parlamento europeu é a expressão democrática dos cidadãos europeus. Tem como funções: i) Partilha com o conselho a função legislativa, isto é, adopta a legislação europeia( directivas, regulamentos e decisões); ii) A função orçamental, isto é, pode alterar as despesas comunitárias; iii) Exerce um controlo democrático sobre a comissão, aprova a designação dos seus membros e dispõe do direito de votar uma moção de censura. Exerce também um controlo politico sobre o conjunto das instituições; Os locais de trabalho do parlamento europeu estão distribuídos pela França, Bélgica e Luxemburgo, as sessões plenárias que reúnem todos os deputados têm lugar em Estrasburgo (sede do parlamento), as comissões parlamentares e as sessões plenárias suplementares realizam-se em Bruxelas, e o secretario geral está em Luxemburgo. O parlamento é constituído por 785 deputados dos 27 países-membros. ➢ Conselho da união europeia: assegura a representação dos Estados-membros ao nível da união europeia e constitui a principal instância de decisão, é a expressão da vontade dos Estados-membros cujos representantes se reúnem regularmente a nível ministerial. O seu campo de intervenção abrange os três pilares da união europeia : comunidades europeias, politica externa e de segurança comum e cooperação policial e judiciária em matéria penal. Tem como funções: i) Exerce o poder legislativo em co-decisão com o Parlamento Europeu; ii) Assegura a coordenação das politicas económicas gerais dos Estados-membros; iii) Celebra acordos internacionais entre esta e um outro ou vários Estados ou organizações internacionais em nome da comunidade; iv) Partilha a autoridade orçamental com o Parlamento Europeu; v) Aprova as decisões necessárias à definição e à execução da politica externa e de segurança comum com base em orientações gerais definidas pelo conselho europeu. Tem a sede em Bruxelas, onde tem lugar a sessões ministeriais. É composto por um representante de cada Estado-membro o qual tem competência para vincular o seu governo, assim a assinatura do ministro obriga todo o seu governo. ➢ Comissão europeia: actua como motor do processo de integração, propõe e executa as acções decididas pelo Conselho e pelo Parlamento. As suas origens remontam à alta autoridade da CECA. A comissão europeia materializa e defende o interesse geral da união, onde o presidente e os membros da comissão são nomeados pêlos Estados- membros após a aprovação pelo Parlamento. Tem como funções: i) Apresentar propostas legislativas ao Parlamento e ao Conselho; ii) Gerir e executar as politicas e o orçamento da união europeia; iii) Gerir o cumprimento da legislação da união europeia em conjunto com o tribunal de justiça; iv) Representar a união europeia a nível internacional. ➢ Tribunal de justiça das comunidades europeias: criado em 1952, garante o respeito na interpretação e aplicação dos tratados, permitindo que a lei seja idêntica para todos em quais quer circunstancias. O tribunal de justiça tem asua sede em Luxemburgo e é composto por um juiz em cada Estado-membro e assistido por 8 advogados gerais. Os membros do tribunal de justiça elegem entre si um presidente de três em três anos. ➢ Tribunal de contas europeu: criado em 1977, fiscaliza a legalidade e a regularidade das receitas e despesas da união europeia e garante a correcta gestão financeira do orçamento comunitário. Tem a sua sede em Luxemburgo e é composto por 15 membros nomeados, por um período renovável de 6 anos, pelo Conselho após consulta do Parlamento. Os membros designam entre si um presidente de três em três anos. ➢ Banco Central Europeu (BCE): a criação da união monetária na Europa deu origem a uma nova moeda, o euro, e a um novo banco centra o BCE. Este e os bancos centrais dos países que adoptaram o euro constituem uma entidade chamada “Euro sistema”. O BCE foi criado a 1 de Junho de 1998 em substituição do Instituto Monetário Europeu. O BCE define e executa a politica monetária europeia; dirige as operações de câmbio e assegura o correcto funcionamento dos sistemas de pagamento. ➢ Comité Económico e Social Europeu: representa, perante a Comissão, o Conselho e o Parlamento Europeu, os pontos de vista e interesses da sociedade civil organizada. É de forma obrigatória consultado sobre questões de política económica e social e pode emitir parecer sobre matérias que se lhe afigurem importantes. Este tem sede em Bruxelas, e os seus membros são propostos pêlos governos dos Estados-membros e nomeados pelo Conselho da União Europeia de quatro em quatro anos. O Comité é constituído por uma Assembleia Plenária, uma Mesa, três Grupos, seis Sessões e um Secretário-geral, e elege entre si um presidente e dois vice-presidentes de dois em dois anos. ➢ Comité das Regiões: criado em 1994, assegura a representação dos poderes locais e regionais na união europeia e representa um papel complementar no processo de tomada de decisão entre a comissão, o Parlamento e o Conselho. Zela pelo respeito da identidade e das prerrogativas regionais e locais, com sede em Bruxelas, cujos membros são nomeados de quatro em quatro anos. ➢ Banco Europeu de Investimento: criado em 1958, é a instituição financeira da união europeia, contribui para a realização dos objectivos da união europeia através do financiamento dos projectos destinados a promover a integração europeia, o desenvolvimento equilibrado e a coesão económica e social, bem como o desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento e na inovação. É financiado pela emissão de empréstimos nos mercados de capitais, pois diferente dos outros bancos clássicos, não dispõe de recursos comerciais provenientes de depósitos de poupanças ou de contas correntes. O BEI tem a sede em Luxemburgo. ➢ Provedor de justiça da união europeia: o provedor de justiça é nomeado após cada eleição do parlamento europeu de cinco em cinco anos, este pode ser consultado por pessoas singulares e colectivas que residam na união europeia e considerem ser vitimas de uma má administração por parte das instituições ou dos órgãos comunitários. A sede da provedoria de justiça e a do Parlamento Europeu (Estrasburgo). O provedor de justiça exerce sua funções com total independência e imparcialidade, e essas funções cessam no final do mandato ou por demissão voluntaria ou automática. 6. Países membros À França, Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Luxemburgo, os países fundadores, juntaram-se os Países Baixos em 1958 o Reino Unido (que já não faz parte), a Dinamarca e a Irlanda em 1973, a Grécia em 1981, a Espanha e Portugal em 1986, a Checoslováquia, Hungria e Polónia em 1991, a Roménia em 1992, a Noruega em 1994 , Áustria, a Finlândia e a Suécia em 1995, a Chéquia, o Chipre, a Eslováquia, a Eslovénia, a Estónia, Letónia, Lituânia e Malta em 2004, a Bulgária em 2007 e a Croácia em 2013. 7. Brexit No dia 23 de Junho de 2016, durante o governo do primeiro ministro David Cameron, os ingleses foram a rua para decidir o futuro do Reino Unido. A partir de um referendo, a população inglesa poderia escolher entre duas opções: permanência ou saída do Reino Unido da União Europeia. Com 51,9% dos votos foram para saída do Reino Unido da UE. Essa saída foi sustentada pêlos seguintes motivos: i) O enaltecimento pela soberania nacional; ii) A autonomia económica e política do pais; iii) A crise migratória do refugiados. Antes de avançar com as consequências ou aprofundar as causas, seria coerente a historia que levou a este ponto, começando pela integração. O Reino Unido é um Estado soberano que conta com estrutura própria, politicamente organizado, composto por 4 países (Inglaterra, Escócia, pais de gales e a Irlanda). Foi um dos países membros fundadores da Comunidade Económica Europeia em 1957, parte da população britânica, insatisfeita com o novo modelo económico politico implementado questionava a pertinência e as vantagens de permanecer no bloco, o que culminou com a realização de um referendo a 5 de Junho de 1975, na altura quase 70% dos votos foram pela permanência no bloco, porem as britânicos nunca acataram por completo todas as demandas propostas pelo bloco, por exemplo a participação na zona euro e a participação do acordo de Schengen que permitia a livre circulação de pessoas entre os países sem necessidade de passaporte. Vislumbra-se que motivados pelo nacionalismo, o RU preferiria estar a margem e não assume a identidade europeia, a relação tornou-se mais complexa pela dicotomia da autonomia e centralização. Dá-se um nome ao movimento politico liderado principalmente por políticos britânicos nacionalistas, que a saída dos britânicos seja vantajosa pois com o seu crescimento a UE torna- se cada vez mais controladora sobre a sua vida quotidiana: BREXIT, juncão em inglês de Britain (Britânia) + Exit (saída). Devido a pressão constante dos grupos apoiadores do BREXIT, principalmente os partidos conservadores e o nacionalista Lkip, nas eleições de 2015 o candidato a primeiro ministro Cameron realizou um plesbicito acerca da saída do pais da UE se vencesse as eleições parlamentares, e assim em 2016 o fez levando o projecto ao voto popular. Contudo, eis que o Reino Unido saiu oficialmente da União Europeia a 31 de Janeiro de 2021. 7.1.Consequências do Brexit para a União Europeia As consequências do Brexit são difíceis de prever pois se trata de um processo inédito. Por enquanto pode se prever consequências politicas como: i) Perde a contribuição monetária do Reino Unido; ii) Terá que renegociar todos os tratados comerciais com o Reino Unido; iii) Temor que o brexit inspire outros países a fazer o mesmo; iv) Preocupação com a situação da Irlanda do Norte que faz parte da UE mas tem fronteiras com o Reino Unido. 8. União europeia e o resto do mundo A União Europeia, para além de estabelecer relações entre os países-membros, estabelece também relações com todo o resto do mundo ou com países terceiros. Assim, no que diz respeito ao comércio, a UE constitui o principal bloco comercial do mundo, sendo o maior exportador mundial de bens e serviços e o maior mercado de importação para mais de 100 países. O comercio livre entre os seus Estados-membros foi um dos princípios fundadores do bloco caracterizando-se pelo mercado único, entretanto, fora das suas fronteiras a UE está igualmente empenhada na liberalização do comercio mundial. No tocante à ajuda humanitária. A UE está empenhada em ajudar as vítimas de catástrofes naturais e causadas pelo Homem em todo o mundo, prestando apoio a mais de 120 milhões de pessoas por ano. No seu conjunto, a UE é o principal doador mundial de ajuda humanitária. No que respeita à Diplomacia e Segurança, a UE desempenha um papel importante no plano diplomático, procurando promover a estabilidade, a segurança e a prosperidade, a democracia, as liberdades fundamentaise o Estado de direito a nível internacional. A União Europeia, tem também facilitado ou apoiado o desenvolvimento cientifico, através de programas científicos, onde o primeiro programa foi levado a cabo em 1984 com o objectivo de coordenar e estimular a pesquisa. Tem se verificado igualmente os seus feitos na área da educação, onde a partir de 1980 desenvolveram-se programas de apoio ao intercâmbio e mobilidade, o mais visível foi o programa Erasmus, que é um programa de intercâmbio universitário que iniciou em 1987, o qual tem apoiado oportunidades de intercâmbio internacional para mais de 1,5 milhões de universidades e estudantes universitários, e que tornou-se um símbolo da vida estudantil europeia. Embora a união europeia tenha grandes domínios na área da saúde, o artigo 35 da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia afirma que “um elevado grau de protecção da saúde deve ser assegurado na definição e implementação de todas as politicas e acções da união”. O que significa que, todos os Estados-membros têm politicas de patrocínio publico e regularização de saúde publica universal. É de salientar que, todos os Estados-membros e demais países europeus, oferecem aos seus cidadãos um Cartão Europeu de Seguro de Saúde gratuito que, num sistema de reciprocidade, fornece seguro para tratamento medico de emergência ao visitar outros países europeus participantes. Portanto, estas são algumas das áreas em que a União Europeia tem actuado, porem existem outras varias áreas nas quais ela actua como na área da cultura, energia, navegação entre várias outras áreas. 9. Conclusão Pois bem, como claramente se pode verificar com as diferentes teorias de integração existentes, nenhum país ou Estado sobrevive sozinho no sistema internacional, e isso o obriga a cooperar com outros Estados numa relação de troca de favores onde mutuamente um cobre a necessidade do outro, geralmente esta cooperação tem o pontapé de saída numa área especifica, seja ela económica, social, militar, etc., e a medida que esta relação flui, transborda e abrange outras áreas, o dito spillover effect. Primeiramente, os blocos regionais e particularmente na União Europeia, a união era basicamente regional(geografia), mas com o passar do tempo e com o surgir de novos interesses, o termo “regional” deixou de ser meramente relacionado à geografia passando a ser designado como um espaço geoestratégico, pois os benefícios em causa falavam mais alto do que a posição geográfica dos Estados. A União Europeia é actualmente o bloco regional mais antigo e mais bem estruturado do mundo, pois possui um Parlamento e várias outras instituições que a compõem, e para além disto é um bloco que já atingiu ou já passou da maior parte, se não todas, das fases do processo de integração económica regional, falando concretamente do livre comércio, a união aduaneira, o mercado comum e a união económica e monetária a qual permite-lhes o uso de uma mesma moeda, isto é, o euro. Portanto, a União Europeia obviamente, como um todo, trouxe muitos benefícios ao Estados- membros, mas como se diz no ditado popular: “é impossível agradar a todos”, e esse foi o caso do Reino Unido que se sentiu descontente e há décadas tentava se desfiliar do bloco. O ceder da soberania e independência (ou parte dela) não agradava o povo do Reino Unido por estes serem essencialmente nacionalistas e temerem que com a cooperação as suas particularidades desapareçam, e para a sua felicidade o desejo realizou-se a 31 de Janeiro de 2021, e deixou para o mundo uma faceta não muito agradável da integração. Mesmo com este fenómeno e o temor da possibilidade de outros Estados seguirem o exemplo do Reino Unido, União Europeia não se abalou e continua sendo o maior bloco de integração do mundo. 10. Bibliografia • OLIVEIRA, António Eduardo, Blocos regionais e desenvolvimento: União Europeia e Mercado Comum do Sul, Editora, Cruz das Almas/BA, 2018. • RAMOS, Cláudia, MAIOR, Paulo Velo, Perspectivas teóricas sobre a integração europeia,s.d,disponívelem«https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=h ttp://online.unl.pt/ipriunl/images/publicações/revista_ri/pdf/ri16/RI16_08CRamos PVMaior.pdf&veol=2ahUKEwim9PUAhUQT8AKHQcHA4QFJADegQICxB&us g=AOvVawovW415OKt22PfmaSHgddZ» Acesso em: 03.02.2021. • COSTA, Oliver, A união europeia e sua politica exterior: (historia, instituições e processo de tomada de decisão), Brasília, Editora Ideal, 2017. • RAMOS, Cláudia Toriz, Teorias da integração europeia: uma breve perspectiva, s.d,Disponivelem:«https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=htt ps://bdigital.ufp.pt/bistream/1028/672/1/327-344FCHS2005- 5.pdf&ved=2ahUKEwjkplur2- LuAhVBShVIHTogBLAQFjALegQICRAB&usg=AGvVaw3ooDIFBsI5Bd5GH OVr6t_R» Acesso em: 08.02.2021. • União Europeia, disponível em: «https://europa.eu/european-union/about- eu/countries_pt» Acesso em: 12.02.2021. • UniãoEuropeia,disponívelem:«https://www.esar.edu.pt/be/ficheiros/Recursos/Eco nomia/Uniao%20Europeia.pdf» Acesso em: 27.01.2021. • IntegraçãoRegional,disponívelem:«https://www.passeidireto.com/arquivo/589317 62?utm_compaign=android-arquivo&utm_medium=mobile» acesso em: 11.02,2020. • BAZERRA,Juliana,Europa,disponívelem:«https://www.todamateria.com,br/eu/?_ gl=1*qd7fmw*_ga*YW1Wlvu1X1VMQm8yYUMtV1BudzlMSEkzelRwcHlYW KlP1RxZndwdnZGcld3SVEOS2dyUW5ERzlUYnhTBUhkZ1LCUDU» Acesso em: 10.02.2021. • PEDROZA, Brenda, OBREGÓN, Marcelo, Brexit: uma analisee sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. 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