Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 1 PROPRIEDADES DAS RESPOSTAS IMUNES A imunidade é dividida em INATA e ADQUIRIDA. A Imunidade inata (não específica) já está presente no organismo antes de sermos expostos a qualquer Ag, está sempre pronta para a realização da defesa (resposta rápida) e é a primeira linha de defesa. A Imunidade Adquirida (específica) é estimulada pela exposição do elemento estranho, só adquirindo função após a exposição ao agente, sendo mais lenta e atuando como segunda linha de defesa ou como defesa em reinfecções. IMUNIDADE INATA – RESPOSTA INESPECÍFICA A barreira física compõe a Imunidade Inata, sendo composta pela pele, mucosas, pelos, muco, alterações de pH (impedem o desenvolvimento de certos microrganismos). Após passar pela barreira física, o invasor vai começar a ser combatido pela imunidade inata através de uma reação inflamatória. Os outros componentes que fazem parte da Imunidade Inata são as células fagocitárias (macrófagos, neutrófilos e células dendríticas) e as células natural killer. Os Macrófagos são células especializadas em Fagocitose, emitindo pseudópodes que fagocitam e englobam qualquer partícula estranha que venha a surgir. O reconhecimento da partícula estranha se dá por meio da presença de receptores de membrana do Macrófago, que são específicos para substâncias que existem nas membranas e paredes celulares de bactérias (assim reconhece o invasor e inicia o processo de fagocitose). Um macrófago, ao ser exposto a uma bactéria, é estimulado por um receptor de membrana, que possibilita que ele fagocite a bactéria e secrete citocinas e quimiocinas, substâncias que provocam uma vasodilatação e aumento da permeabilidade capilar do local, de forma a atrair para a região outras células do sistema imune e aumentar a resposta ao patógeno. AMPLIFICAÇÃO DA RESPOSTA. A imunidade inata não responde a substâncias estranhas, mas apenas a microrganismos e pedaços de microrganismos. Não responde a venenos e toxinas. Além das células, a imunidade inata ainda conta com o Sistema Complemento (proteínas presentes no plasma sanguíneo) e com hormônios sintetizados pelas células do Sistema Imunidade, as Citocinas. Não reconhece os diferentes corpos estranhos que chegam ao organismo, respondendo sempre da mesma forma. 2 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 2 IMUNIDADE ADQUIRIDA – RESPOSTA ESPECÍFICA É estimulada pela exposição a agentes infecciosos ou outras moléculas não microbianas. Diferente da Imunidade Inata, responde a outras moléculas que não sejam microbianas. Reconhece diferentes tipos de patógenos e monta respostas diferentes de acordo com cada um deles. CAPACIDADE DE FORMAR MEMÓRIA À EXPOSIÇÃO AO PATÓGENO, de forma que se houver uma reexposição, a resposta será muito mais rápida e intensa. É composta pelos Linfócitos, células especializadas da Imunidade Adquirida. Conta ainda com a participação de produtos secretados pelos Linfócitos: Anticorpos e Citocinas. Existem 4 tipos de linfócitos: do tipo B, T helper (auxiliares), T citotóxicos e natural killer (reconhecem células infectadas e as induzem à morte). Cada Linfócito apresenta um conjunto de proteínas na membrana, que são chamadas de cluster (proteínas específicas de cada tipo de linfócito) e diferenciam um tipo de linfócito do outro. Esses clusters de diferenciação recebem uma numeração de acordo com as proteínas que estão ali. Cluster de diferenciação 4 – CD4 – Linfócitos T Helper Cluster de diferenciação 8 – CD8 - Linfócitos T Citotóxicos HIV ATACA ESPECIFICAMENTE OS CD4+ A imunidade adquirida é ainda dividia em Humoral e Celular. Imunidade Humoral: Está presente nos fluídos do nosso organismo (sangue, linfa, saliva), sendo composta principalmente por Linfócitos B, responsável pela produção de proteínas chamadas Anticorpos, os principais mediadores da resposta humoral. Os Anticorpos são moléculas que possuem forma de Y, sendo compostos por uma região constante e uma região variável (varia de um Ac para outro), que é a que se liga a substâncias estranhas. Um Antígeno é uma substância estranha que vai gerar uma resposta no nosso sistema imune. Milhares de Ac diferentes circulam pelos nossos fluídos, sendo cada Ac responsável pela detecção de apenas um Ag específico. O Ag vai possuir uma região 3 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 3 com uma afinidade maior ao Ac, que se chama Epítopo e é o local onde ocorre a ligação ao Ac. Os Ac são os principais mecanismos de defesa contra patógenos extracelulares, sendo os responsáveis por neutralizar os mesmos. O que o Ac faz é marcar o Ag como um corpo estranho, de modo que outros componentes do sistema imune (macrófagos) efetuem uma resposta (que geralmente é a fagocitose) contra este Ag. O Ac também neutraliza as toxinas, pois, ao se ligar a elas, impede que estas se liguem ao seu receptor específico e exerçam sua atividade. Imunidade Celular: É mediada pelos Linfócitos T (helper e citotóxico), tendo como principal função defender nosso organismo contra patógenos intracelulares. O nosso organismo detecta que certas células estão alteradas através de receptores e, uma vez detectadas, pode acontecer da própria célula infectada destruir o patógeno com o auxílio do sistema imune, ou pode acontecer do sistema imune destruir aquela célula induzindo-a à morte. Nessas duas formas de combate, há a participação dos dois tipos de linfócitos, sendo que o helper vai auxiliar a célula a destruir o patógeno de dentro dela, enquanto o citotóxico destrói a célula infectada inteira, levando junto o patógeno. Resposta do Linfócito T helper: Quando um microrganismo é fagocitado pelo macrófago, ele vai ficar dentro de uma vesícula envolto no citoplasma. O fato do patógeno estar ali vai ser um sinal para a ação do Linfócito T helper, que vai se ligar a um receptor da membrana do Macrófago e secretar uma citocina que se liga um outro receptor e faz com que o patógeno seja morto pela célula fagocitária (macrófago). O LINFÓCITO HELPER É SECRETOR DE CITOCINAS. Resposta do Linfócito T citotóxico: O linfócito T citotóxico monta uma resposta contra um patógeno que está livre dentro do citoplasma da célula, impedindo a célula de gerar resposta. A célula infectada sinaliza para o exterior por um receptor, no qual o Linfócito T citotóxico se ligará e induzirá à apoptose (ação da Perfurina – perfura a célula- e Granzima – induz à morte). Por ser uma morte por apoptose, não causa nenhum malefício ao organismo. Se algum patógeno sobreviver a isso, ficará solto na MEC, onde será reconhecido por um Ac e destruído pela resposta humoral. LINFÓCITO T HELPER LINFÓCITO T CITOTÓXICO 4 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 4 Observações Resposta Imune Adquirida: • Alta especificidade, vai agir de maneira diferente para cada invasor diferente que chega ao organismo. • Alta diversidade, sistema apto a responder a uma grande diversidade de Ag diferentes (produção de milhares de Ac diferentes). • Seleção Clonal e Expansão Clonal. As células do sistema imune surgem na medula óssea a partir de um percursor comum, de modo que existem milhares de tipos de linfócitos diferentes que reconhecem milhares de Ag existentes. Quando um determinado Agchega ao nosso corpo e é reconhecido pelo seu linfócito específico, ele vai se proliferar/multiplicar de modo a amplificar a resposta ao Ag. • Depois que o Ag é eliminado do organismo, os vários clones daquele linfócito vão morrer e ser eliminados – Autolimitação do Sistema Imune • Porém, nem todos os clones vão morrer, de modo que ainda exista uma quantia maior de linfócitos na corrente sanguínea: essa quantia maior vai servir de Memória Imunológica e vai possibilitar que, em uma possível reexposição, a resposta seja muito mais rápida e efetiva. RESPOSTA SECUNDÁRIA, É MAIOR QUE A RESPOSTA PRIMÁRIA. A cada reexposição, a resposta fica mais rápida e intensa. • O Sistema Imune possui uma grande capacidade de distinguir se a substância é própria do organismo ou se é estranha, de forma a não gerar uma resposta a uma substância interna. Se o organismo estiver produzindo uma resposta contra fatores do próprio corpo, dizemos que está acontecendo uma doença autoimune (lúpus eritematoso sistêmico). 5 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 5 ÓRGÃOS LINFÓIDES São basicamente a Medula Óssea, o Baço, o Timo, os Linfonodos e alguns tecidos linfoides espalhados em mucosas. Esses órgãos podem ser classificados em Primários (células vão ser geradas ou maturadas – medula óssea e Timo) ou Secundários (Linfonodos e Baço). Tanto os Linfócitos T, quando os Linfócitos B são sintetizados na Medula Óssea, entretanto os do tipo T sofrem maturação no Timo e os do tipo B na Medula Óssea mesmo. Uma vez maduros, esses linfócitos vão cair na circulação e vão passando por um processo de recirculação, onde eles frequentemente passam pelos órgãos linfoides secundários em busca de um Ag. No Timo, além de maturados, os Linfócitos T serão testados para evitar a propagação de um linfócito que atacaria o próprio organismo (ocasionando uma doença autoimune) e, se detectados, estes serão degradados e impedidos de adentrar à circulação. LINFONODOS: São pequenos órgãos em formato de feijão que estão espalhados por todo o organismo no percurso do sistema linfático, sendo os principais locais de encontro dos Ag com o Linfócito (região para onde são drenados os tecidos pelos vasos linfáticos – vírus, microrganismos advindos da periferia). Vão possuir uma região medular (central) e uma região cortical (periferia). No córtex mais externo vão estar localizados os folículos onde se encontram os linfócitos B e, no córtex mais interno e na medula encontramos mais linfócitos T. BAÇO: Outro órgão linfoide secundário, possuindo maior concentração de linfócitos do tipo B que dos de tipo T. Também vai servir como um ponto de contato entre linfócitos e Ag, porém por estar interligado à circulação sanguínea serve como um filtro desses antígenos presentes no sangue. 6 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 6 Recirculação dos Linfócitos 1. O ciclo inicia com a invasão de um microrganismo no tecido periférico, que vai ser drenado por um vaso linfático até um Linfonodo. 2. Esse invasor chega ao linfonodo por meio de uma célula que o fagocitou e o transportou até ali (célula apresentadora de Ag – macrófago, dendríticas). 3. Esse Ag vai então ser apresentado a um Linfócito que será ativado e iniciará a expansão clonal (vai de célula T virgem para uma célula T ativada). 4. Essa célula T ativada vai cair em um vaso linfático eferente, vai para a circulação sanguínea e chega ao tecido da infecção novamente. 5. Esse linfócito apenas vai conseguir chegar ao local específico da infecção pela atração sofrida por um processo de quimiotaxia (quimiocinas produzidas no local de infecção que atraem o linfócito). 6. Antes de ser ativado, o linfócito possuía uma atração pelos Linfonodos e por isso não se direcionava para o tecido. 7. Esse Ag que chega ao Linfonodo pode também ser reconhecido por um Linfócito B, que se ativa e passa a ser chamado de Plasmócito. Esse plasmócito vai começar a produzir inúmeros Anticorpos que serão liberados na corrente sanguínea e combaterão a infecção. NÃO SOFRE QUIMIOTAXIA. O Linfócito B pode reconhecer diretamente o Ag, sem precisar de apresentação. O Linfócito T, entretanto, só reconhece o Ag se tiver uma célula apresentadora de Ag para possibilitar isso. É valido citar ainda que esse linfócito T vai precisar reconhecer o Ag no mínimo duas vezes: no linfonodo e no tecido infectado posteriormente. 7 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 7 IMUNIDADE INATA É aquela imunidade que já está pré-formada antes mesmo da exposição a um patógeno e assim é mais rápida. Identifica apenas microrganismos ou parte deles, podendo também montar uma resposta a células próprias (injúrias teciduais). É formada pelas seguintes células: Macrófagos, Neutrófilos, Células NK, Basófilos, Eosinófilos, Mastócitos. É composto também por Citocinas, Sistema Complemento e pelas barreiras físicas (pele funciona como primeira barreira, podendo ser auxiliada pelo muco, lágrimas, suor, antibióticos peptídicos). Os Macrófagos são células especializadas em Fagocitose, que fazem a lise do microrganismo absorvido e a apresentação do antígeno do mesmo. Também possui um papel fundamental na ativação da imunidade específica e no reparo tecidual (fagocitose de células mortas/danificadas e produção de fatores de crescimento). É produzido na medula óssea e chamado de Mastócito enquanto está na circulação sanguínea, recebendo a denominação de Macrófago apenas após passar para os tecidos Os Neutrófilos (PMN) têm papel fundamental na inflamação e tempo de vida muito curto, sendo constantemente produzido pela medula óssea. O pus nada mais é do que um acúmulo de neutrófilos e microrganismos mortos. A imunidade inata não é tão inespecífica, tendo em vista que, reconhece padrões que se repetem em certos grupos de microrganismos, que caracterizam patógenos microbianos e não existem em células de mamíferos. Toda bactéria gram-, por exemplo, possui em sua membrana mais externa o LPS (lipopolissacarídeo) e as células da imunidade inata possuem receptores que reconhecem esse LPS (padrão que se repete em todas as bactérias gram-). Inúmeros vírus possuem RNA de fita dupla e, assim, podemos possuir receptores de imunidade inata que reconhecem esse mesmo padrão, tendo em vista que, os RNAs de fita dupla são inexistentes no organismo humano. Esses padrões são chamados de Padrões Moleculares Associados a Patógenos (PAMPs). A principal classe de receptores para esses padrões são os Receptores Toll (inúmeros tipos de receptores, cada um reconhecendo um padrão diferente). Esses receptores do tipo Toll vão estar presentes em Macrófagos, Células Dendríticas, Neutrófilos, Células Epiteliais, Etc. A ativação do receptor Toll desencadeia uma cascata de reações citoplasmáticas que culminam na ativação da molécula NF-kB, um fator de transcrição que promove a expressão gênica e a produção de citocinas, quimiocinas e outras moléculas. É o começo da resposta ao patógeno reconhecido. Quando o microrganismo é imune às enzimas existentes dentro dos lisossomos, ocorre a produção das chamadas Espécies Reativas de Nitrogênio e Oxigênio, destacando-se o Óxido Nítrico. Essas substâncias ajudam a matar/destruir o patógeno que está ali. 8 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 8 EXISTEM TRÊS PRINCIPAIS CÉLULAS APRESENTADORAS DEANTÍGENO PARA O LINFÓCITO T: MACRÓFAGOS, CÉLULAS DENDRÍTICAS E LINFÓCITOS B. Células Dendríticas: Encontradas principalmente nos locais mais prováveis de lesão (tecidos periféricos), é uma célula especializada em fagocitose. Após fagocitar, ela se transforma e passa a ser uma célula apresentadora de Ag. Células NK: Tem como principal função lisar e matar células infectadas, lesadas, estressadas ou células tumorais. Ela induz a célula infectada a apoptose através da liberação de substâncias indutoras e libera citocinas que ativam os macrófagos e possibilitam que ele mate os microrganismos fagocitados. As células NK vão interagir com 2 receptores de membrana da célula-alvo: um é o receptor ligante de NK (toda vez que a célula NK se ligar nele ela vai receber um sinal positivo para destruir a célula) e o outro é o MHC (complexo que também estará na membrana da célula-alvo e dará um sinal negativo para a destruição da célula). Um Ag que infecta uma célula (vírus) pode interferir na expressão do MHC, inibindo a liberação do sinal negativo do mesmo: assim, quando a célula NK se ligar a essa célula-alvo ela receberá um sinal positivo para a destruição mas não receberá um sinal negativo do MHC, fazendo com que a NK detecte um problema no local e induza a apoptose total da célula-alvo. 9 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 9 Quando uma célula está infectada com um vírus, ela percebe esta presença e reage liberando uma substância chamada Interferon tipo 1 (alfa e beta). Esse IFN vai agir de maneira autócrina e parácrina (englobando as células vizinhas que podem estar infectadas) fazendo todas as células entrarem em um Estado Antiviral. OBS: A IMUNIDADE INATA TEM CAPACIDADE DE ATIVAR A IMUNIDADE ADQUIRIDA, TENDO EM VISTA QUE ESSA ATIVAÇÃO PRECISA DE DOIS SINAIS: UM VINDO DO RECONHECIMENTO DO ANTÍGENO E UM VINDO DA IMUNIDADE INATA. 10 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 10 SISTEMA COMPLEMENTO O Complemento é uma cascata de proteínas que vai estar presente no plasma e que, quando ativadas, provocam a morte tanto de células infectadas quanto de patógenos. Vai também desencadear uma resposta inflamatória (potencialização da imunidade inata), induzir a lise de uma célula-alvo ou patógeno, facilitar a fagocitose de um invasor pelo processo de Opsonização (marcação da célula para que ela seja fagocitada, realizada por Opsoninas). As principais opsoninas são os Anticorpos e as moléculas do sistema complemento, elas se grudam ao patógeno e ativam receptores que estão nas células fagocitárias. O Complemento também atua na remoção de Imunocomplexos (ligação Anticorpo- Antígeno) e na ativação da resposta inflamatória. A Lise provocada pelo complemento não é por apoptose, mas sim por Necrose, causando a liberação do conteúdo celular no meio externo e a consequente ativação de uma resposta inflamatória. Ele pode ser ativado por 3 vias: a Clássica, a Alternativa e a Via das Lectinas, porém todas elas vão convergir para a clivagem do C3 em C3A e C3B. O C3é uma opsonina que vai se ligar à membrana do patógeno, enquanto o C3A é uma molécula que ativa processos inflamatórios (que causa o recrutamento de mais células para o local). Porém, se mesmo assim o Ag não for eliminado, a cascata do complemento vai continuar e potencializar a resposta, recrutando a molécula de C5, que também vai ser clivado em C5A e C5B, sendo o C5A uma molécula que vai recrutar o processo inflamatório e o C5B uma molécula que vai causar opsonização. Estando na superfície do patógeno, esse C5 vai recrutar outras proteínas do complemento (C6, C7, C8, C9 – não vão ser clivadas) para o local. O C9 em especial vai polimerizar a membrana do patógeno e causar o surgimento de um canal, o Complexo de Ataque à Membrana (MAC), que é uma comunicação entre o meio interno e externo da célula que ocasiona a perda de eletrólitos e a consequente morte celular. O C3A e o C5A desencadeiam o processo inflamatório, então são chamados de Anafilotoxinas. 11 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 11 Via Alternativa Inicia com a clivagem espontânea do C3, ocorrendo a todo momento no plasma (taxas muito pequenas). Porém, se não houver um Ag para o C3B opsonizar, esses dois fragmentos serão degradados e não haverá uma continuação da resposta. Se houver um patógeno livre no ambiente, entretanto, a sequência da via terá continuação: o C3B vai se ligar ao patógeno e recrutar o Fator B que, com ajuda do catalizador Fator D, vai ser clivado em Fator Ba e Fator Bb. O fragmento Ba não possui função e o Bb se ligará junto ao C3B na membrana do invasor, formando a C3 Convertase: complexo que vai passar a clivar inúmeras moléculas de C3 a uma velocidade mais rápida. Um dos C3B clivado vai se ligar ao complexo pré-formado e vai formar a C5 Convertase, que vai catalisar a clivagem do C5 em C5A e C5B. Esse C5, então, vai recrutar C6, C7, C8, C9 e vai formar o Complexo de Ataque à membrana. A VIA ALTERNATIVA COMEÇA COM A CLIVAGEM ESPONTÂNEA DE C3 E CULMINA COM O PROCESSO CMUM ENTRE AS 3 VIAS. Via Clássica Vai haver um complexo formado por Ag-Ac, e ela terá início pela ligação de C1 a esse complexo Ag-Ac. Quando a proteína C1 se liga ao complexo, ela vai recrutar C4, que será clivada em C4A e C4B, o C4B vai aderir à superfície do patógeno e vai recrutar C2, clivando-a em C2A e C2B. O complexo C4B-C2A, entretanto, formará a C3 Convertase que entrará no ciclo da mesma maneira da Via Alternativa. • Como existe um complexo Ag-Ac, é necessário que já tenha ocorrido primordialmente a ativação de um Linfócito B. • As C3 Convertase e C5 Convertase das Vias Clássica e Alternativa são formadas por componentes diferentes. 12 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 12 Via das Lectinas É uma via muito semelhante à clássica, porém se inicia com a ligação da proteína Lectina diretamente na superfície do patógeno em um resíduo de Manose (açúcar existente em inúmeros microrganismos, mas não em mamíferos). A partir desta ligação, o restante da via é idêntico à via clássica. Após a clivagem de C5A e C5B, o C5B vai recrutas inúmeras outras proteínas (C6, C7, C8, C9), formando o Complexo de Ataque à Membrana, que forma inúmeros buracos na membrana da célula e desestabiliza o conteúdo osmótico da mesma. Além da Lise, o Complemento também induz à Fagocitose através da Opsonização e ativa o Processo Inflamatório. 13 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 13 INFLAMAÇÃO Inflamação remete aos cinco sinais cardinais da inflamação: Dor, Calor, Rubor, Tumor e Perda de Função. Ela é nada mais que uma resposta do tecido sob uma injúria/agressão, sendo uma resposta muito potente e inespecífica (imunidade inata). Pode ser iniciada por uma lesão ou uma invasão por microrganismos, provocando o recrutamento de elementos do sistema imune (células e moléculas) para local, ajudando assim a combater a situação ou a reparar o tecido. TODA A INFLAMAÇÃO OBJETIVA REPARAR O TECIDO E COMBATER O INVASOR. Todas as mudanças ocorridas na inflamação vão ser desencadeadas por mediadores químicos liberados durante as lesões e o processo iniciador da inflamação se dá pelos Macrófagos, que são ativados pela presença de partículas estranhas e começam a secretar substâncias químicas que vão agir ocasionando todas as modificações teciduais que geram a inflamação.Os Mastócitos também possuem papel importante, já que possuem e liberam grãos de Histamina no local. A inflamação é uma forma de trazer para o tecido células e moléculas que auxiliam no combate à lesão. Para isso, ocorrem inúmeras mudanças vasculares, que vão possibilitar a chegada desses componentes ao tecido lesado. 1. Vasodilatação: Causada pelos mediadores, objetiva trazer mais sangue e células para o local afetado. Esse excesso de sangue no local causa o Rubor (vermelhidão local) e o Calor (o sangue é um líquido quente e o seu excesso causa o calor). A VD também faz com que o fluxo seja mais lento no local, permitindo que as células migrem para ali. 2. Aumento da Permeabilidade Vascular: Permitindo que as células e moléculas saiam mais facilmente do vaso. Em contrapartida, também possibilita que mais líquido saia desses vasos para o tecido, causando o Tumor (edema, inchaço). Esse edema vai causar a compressão de terminações nervosas locais, levando à Dor. Saída de EXSUDATO, fluído repleto de proteínas. 14 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 14 3. Liberação de Fatores de Coagulação: Além de servirem como mediadores inflamatórios também promovem a coagulação de micro vasos locais objetivando isolar o lugar da lesão, evitando que esses vasos transportem o agente infeccioso para outros locais do organismo. 4. Ativação Endotelial: O Endotélio passa a expressar as moléculas de adesão, permitindo que os Monócitos (futuros Macrófagos) e os Neutrófilos (combatem o patógeno e reparam o tecido lesado) sejam atraídos para o local e migrem para o espaço extravascular. Os neutrófilos, por exemplo, possuem receptores em sua membrana e, ao passarem pelas moléculas de adesão (selectina), se ligam ao endotélio e atravessam as suas paredes – DIAPEDESE. ETAPAS DA INFLAMAÇÃO Primeiramente, a lesão causa a destruição de algumas células epiteliais e a exposição de padrões celulares associados ao dano. O objeto infectante está contaminado com inúmeros microrganismos, então, isso causa a ativação dos Macrófagos (reconhecimento dos PAMPs) e Mastócitos. É O MACRÓFAGO QUE DETECTA, ATRAVÉS DE PADRÕES, QUE HÁ ALGO ERRADO ALI. O Macrófago começa então a secretar inúmeros mediadores que vão iniciar a resposta inflamatória. Os Mastócitos irão ser ativados por estímulos mecânicos, moléculas do complemento e neuropeptídios, liberando a Histamina e causando Vasodilatação dos vasos locais e dor pela hipersensibilidade das terminações nervosas. Quando há estimulação da terminação nervosa (o impulso vai para a medula e retorna para o local), elas liberam neuropeptídios que agem sobre o próprio Mastócito (estimulando a liberação de mais Histamina), proporcionando a VD e o aumento da permeabilidade vascular em menores proporções (estímulo transitório). O Macrófago ativado vai secretar substâncias que potencializam a resposta inflamatória. Vai secretar alguns mediadores lipídicos derivados do ácido araquidônico 15 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 15 (Prostaglandinas e Leucotrienos) que promovem a VD, aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia e ativação de algumas células do sistema imune. Secreta também algumas Citocinas (IL-1, IL-6 e TNF-alfa) que ativam o endotélio, linfócitos, aumentam o acesso de células efetoras ao local. As Quimiocinas também serão secretadas, promovendo a quimiotaxia, ou seja, a atração de células do sistema imune para o local da inflamação. As moléculas do Complemento são importantes também no processo, pois promovem a degranulação de Mastócitos e funcionam como Anafilotoxinas (promoção de quimiotaxia). • Há a participação também de Bradicininas, Fator de Ativação de Plaquetas, Óxido Nítrico, que auxiliam em todo o processo. • Os mediadores químicos também irão promover efeitos sistêmicos no organismo (tanto efeitos protetores quanto patológicos). Aumenta a produção de células do sistema imune da medula, aumento da produção de proteínas de fase aguda no Fígado (proteína C reativa). IL-1, IL-6 E TNF-alfa irão desencadear o processo de Febre, que auxilia muito no processo. Dentre os efeitos patológicos, temos a diminuição da PA, maior tendência a formação de trombos e queda do estado geral (caquexia, poupar energia). • Após a resolução do processo, os neutrófilos passam a ficar ociosos e sofrer apoptose, sendo reconhecidos pelos macrófagos. Esses macrófagos percebem que o problema já foi resolvido e se diferenciam em Macrófagos do tipo M2, que produzem citocinas (IL-10 e TGF-beta) que têm como função diminuir a resposta imunológica e fatores que recuperam os tecidos lesados. Isso acarreta na diminuição dos fatores inflamatórias e na volta dos tecidos ao normal. 16 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 16 • Se o agressor persistir no local da lesão, temos um processo de inflamação crônica. Nela, vemos a chegada de Linfócitos T (Th1, Th2). Os Th1 promovem a ativação de Macrófagos continuamente, o que acaba gerando a formação de um processo de fibrose com a consequente perda de função. O Sistema Imune tenta então isolar o patógeno (já que não consegue detê-lo) através de um tecido de granulação. Se houver a ativação de Th2, entretanto, vemos o recrutamento constante de Eosinófilos, que liberam o conteúdo dos seus grânulos e promovem a destruição tecidual local, combatendo vermes (helmintos) e gerando um remodelamento tecidual. 17 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 17 ANTICORPOS E ANTÍGENOS ANTICORPOS Anticorpos são proteínas circulantes do nosso plasma, sendo os principais mediadores da nossa imunidade humoral. São proteínas da classe de gamaglobulinas, sendo então denominadas de Imunoglobulinas. Cada Ac vai ser específico para um determinado Ag, então precisamos de inúmeros Ac diferentes circulando pelo organismo, de modo a deter qualquer tipo de Ag que venha a surgir. O Ac pode ser encontrado sozinho circulando (normalmente após já ter ocorrido uma exposição prévia ao seu Ag específico) ou ligado à membrana de um Linfócito B (portanto pode ser considerado um receptor de membrana de linfócito B). Possui ação muito específica, sendo que sua única função é se ligar ao seu Ag específico, ação que vai iniciar inúmeros processor para combater esse Ag. A primeira função de um Ac é a de ativar o Linfócito B (cada linfócito B apresenta um Ac específico na sua membrana). Quando o Ag específico se ligar a esse Ac, vai provocar a ativação deste Linfócito B, que passa a produzir e secretar inúmeros Ac específicos contra tal Ag. Esses Ac são muito mais numerosos agora e passam a circular livremente a corrente sanguínea. Após ser secretados, os Ac vão ser responsáveis por desencadear mecanismos efetores da nossa imunidade humoral. Pode realizar uma ação mecânica de neutralização de um patógeno, onde inúmeros Ac se ligam às moléculas de membrana do Ag e formam uma barreira mecânica entre as células e o invasor. No caso de toxinas, essa barreira mecânica impede a ligação ao receptor, neutralizando-a e impedindo os efeitos dela. Outra ação dos Ac é a Opsonização (demarcação do Ag para que ele seja fagocitado). As células fagocitárias vão ter receptores para essas Opsoninas e, quando se ligarem a elas, vão realizar o englobamento do patógeno. ANTICORPO É UMA OPSONINA. 18 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 18Outra função dos Anticorpos é a ativação do Sistema Complemento: através da Via Clássica, o complemento depende da ativação Antígeno-Anticorpo para iniciar sua atividade. Quando ativado, esse complemento vai favorecer a opsonização (algumas moléculas do complemento atuam como opsoninas) e auxiliar a destruição do patógeno (através da formação do Complexo de Ataque à Membrana). Outra ação dos Ac é a hipersensibilidade imediata (alergias), que se dá através da ativação e degranulação de Mastócitos, desencadeadas por anticorpos. Estrutura Bioquímica de um Anticorpo • É constituído por 4 cadeias que estão ligadas entre si por ligações bissulfeto. São duas cadeias pesadas (centrais) idênticas e duas cadeias leves (periferia) também idênticas. • O Ag vai se ligar nas pontas do Ac, ou seja, dois sítios idênticos de ligação para o Antígeno. Permitem a ligação de apenas um mesmo Ag. Esse sítio é formado por uma parte da cadeia pesada e uma parte da cadeia leve: logo, essas porções das cadeias variam de um Ac para outro, sendo chamadas de Regiões Variáveis. O resto da cadeia é chamada de Região Constante e é igual em todos os Ac existentes. • A Região Constante vai ser a fração que se liga ao receptor ou à proteína do complemento: logo, será responsável por dar a função ao Anticorpo. 19 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 19 As cadeias pesadas do Ac possuem duas regiões, uma variável e uma constante. A região variável muda de acordo com cada Ag, tendo alta diversidade. A região constante, entretanto, varia em cada uma das 5 classes de Ac, existindo, portanto, 5 tipos de cadeias pesadas: Alfa, Delta, Épsilon, Gama e Mi. O tipo de cadeia pesada determina a classe do Ac. Cadeia Pesada do tipo Alfa – IgA Cadeia Pesada do tipo Épsilon – IgE Cadeia Pesada do tipo Mi – IgM Cadeia Pesada do tipo Gama - IgG Cadeia Pesada do tipo Delta – IgD Cada classe de Ac diferente executa uma função diferente! O IgA está presente nas mucosas, realizando a proteção contra o ataque externo. Passa da mãe para o filho pela amamentação. O IgD não é secretado, sendo encontrado exclusivamente na membrana celular. Nunca estará livre circulando. O IgM também é um Ac de membrana, porém pode ser secretado. É o primeiro Ac secretado quando um Linfócito B é ativado. Sinaliza infecções agudas, recentes. O IgG está muito relacionado com o sangue e fluídos, conseguindo atravessas a placenta e passando de mãe para filho. O IgE está relacionado ao combate de vermes (helmintos) e aos processos alérgicos. Os Ac, quando secretados, podem estar ligados formando dímeros, trímeros ou pentâmeros. A IgE e a IgG circulam normalmente como monômeros. A IgA pode circular como monômero, dímero (mais comum) ou trímero. A IgM costuma ser encontrada na forma de pentâmero. Existem apenas dois tipos de cadeia leve, uma do tipo kappa e uma do tipo lambda. Cada molécula de Ac possui duas cadeias leves, mas ambas do mesmo tipo. 20 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 20 ANTÍGENOS É toda substância capaz de induzir uma resposta imune ou que é alvo desta resposta imune. Não é todo o Ag que é reconhecido pelo Sistema Imune, mas apenas algumas partes, chamadas Epítopos (parte do Ag onde vai se ligar o Ac). Um mesmo Antígeno pode possuir diversos epítopos, iguais ou diferentes (se forem epítopos diferentes, precisará de vários anticorpos diferentes também). Podem existir Ag reconhecidos pelo sistema imune, mas que não induzem resposta, são os chamados Aptenos. Se o Ag gerar uma resposta, ele é chamado de Imunógeno. Quando um Linfócito B encontra um Ag através do Ac da membrana do linfócito, esse Ac vai sofrer modificações: 1. Maturação da afinidade Ag-Ac, a ligação fica mais forte e mais efetiva. Os linfócitos sofrem alterações, de modo que em uma reexposição a ligação voltará a ser mais forte. 2. Mudança da forma membranosa para a forma secretora dos Anticorpos, que serão liberados para a circulação sanguínea. 3. Mudança de isotipo/classe. Produção de outras classes e não só da IgM: o que determina para qual classe serão produzidos os Ac é uma citocina liberada pelo Linfócito T. 21 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 21 MHC E APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENO Os Macrófagos, as Células Dendríticas e os Linfócitos B são as principais células apresentadoras de Antígenos, pois possuem moléculas expressas em sua membrana que permitem essa apresentação do Ag e a ativação do Linfócito T. Elas basicamente levam esse Antígeno ao encontro do Linfócito dentro da circulação sanguínea. Quando um Ag adentra o epitélio, uma célula dendrítica subendotelial vai fagocitá-lo logo ali abaixo do tecido. Após esse processo, essa célula fagocitária passa por uma transformação e se torna uma célula apresentadora de Ag. Então, ela recolhe seus prolongamentos e vai de encontro ao Linfócito T nos Linfonodos (que liberam a todo o momento quimiocinas que atraem as células apresentadoras de Ag para ali), ao mesmo tempo que vai processando o Ag internamente para apresenta-lo na sequência. Para que o Linfócito reconheça o Ag, são necessários dois sinais: um vindo do Ag via MHC (molécula de membrana que apresenta esse Ag ao receptor TCR no linfócito) e um vindo do co-estimulador presente na célula apresentadora. A célula apresentadora possui um receptor CCR7 de quimiocinas advindas dos linfonodos que a atraem para o local. Nesse trajeto, ela vai processar o Antígeno e jogá- lo para a membrana da célula via a molécula do MHC. 22 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 22 MOLÉCULA MHC Complexo Principal de Histocompatibilidade É uma das classes de moléculas que reconhecem os Antígenos (além de Ac e TCRs), possuindo baixa especificidade (uma molécula de MHC reconhece muitos Ag diferentes) e sendo uma das principais responsáveis pela rejeição de transplantes. SUA PRINCIPAL FUNÇÃO É A APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS PARA LINFÓCITOS. As moléculas do MHC podem ser de Classe I e de Classe II. O de Classe I é formado por duas cadeias, uma cadeia Alfa (dividida em Alfa1, 2 e 3) e uma de Beta2-microglobulina, sendo que entre Alfa1 e Alfa2 encontramos uma fenda onde vai se ligar o Antígeno. O MHC de Classe I está presente em TODAS as células nucleadas do nosso corpo. O de Classe II também é formado por duas cadeias, uma alfa e uma beta, sendo ambas divididas em duas partes (Alfa1 e 2, Beta1 e 2) e tendo a fenda para Antígenos localizada entre Alfa1 e B1. Só aparece em células apresentadoras de Ag. Quando o MHC se liga ao TCR do Linfócito T, ocorre também uma segunda ligação entre o MHC e a molécula de CD4 ou CD8. Se o MHC for de Classe I, quem vai se ligar é a molécula do CD8, enquanto se o MHC for de Classe II, quem vai se ligar é o CD4. O completo reconhecimento do MHC só ocorre se esta ligação com o CD4 ou CD8 estiver efetivada. MHC Classe I – molécula CD8 – Linfócito T Citotóxico MHC Clase II – molécula CD4 – Linfócito T Helper • As moléculas de MHC são co-dominantes, genes advindos tanto do pai quanto da mãe, sendo ambos expressos. • Genes do MHC são polimórficos, existentes vários genes diferentes na população. • O MHC só se liga a Ag peptídicos (proteicos). 23 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 23 • Ele só se expressa na membrana se estiver ligado a um Ag, senão é recolhido para dentro da célula (geralmente fica na membrana apresentando um Ag externo ou próprio).• As células NK vão estar o tempo todo vigiando o organismo em busca de células que não apresentam MHC, reconhecendo-as e matando-as. Por isso, mesmo quando não existem Ag estranhos, as moléculas ficam apresentando Ag próprios (reciclados). O MHC de Classe I só apresenta para células T citotóxicas porque necessita do reconhecimento do CD8. Esse Linfócito T Citotóxico age em Ag intracelulares, logo, se temos um Ag intracelular, ele precisa ser apresentado via MHC de Classe I. Por outro lado, se o Ag for extracelular ele precisa ser apresentado via MHC de Classe II para ser apresentado a um Linfócito T helper, responsável pelas respostas imunes humorais. VIAS DE MONTAGEM E APRESENTAÇÃO DO MHC CLASSE II: É a via endocítica. Um Ag está sendo fagocitado dentro de um Fagossomo, que vai se ligar em Lisossomo, começando a quebra do Ag. No Retículo Endoplasmático Rugoso está sendo realizada a produção das cadeias do MHC (alfa e beta) junto a um clipe, que estabiliza as fendas que posteriormente se ligarão a um Ag. Esse MHC vai ser empacotado em uma vesícula que se fundirá à vesícula do Ag, o clipe se desprenderá e as duas moléculas se juntarão, sendo posicionadas pelo vacúolo exocítico na membrana da célula. CLASSE I: É a via citocólica. Uma célula parasitada por um vírus que utiliza o RER para produzir proteínas virais. Essa célula possui a Ubiquitina, substância que marca proteínas para serem degradadas. A Ubiquitina vai, então, marcar estas proteínas virais, sendo linearlizadas e quebradas pelo Proteassoma, liberando pequenos peptídeos. No RER, as cadeias do MHC serão produzidas, mas sem o clipe, já que as TAP 1 e TAP 2 vão estar bombeando constantemente os peptídeos virais para dentro do RER, onde se juntarão às cadeias. Em seguida, vão ser liberados na membrana por uma vesícula exocítica. 24 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 24 OBS: O Linfócito T só vai necessitar dos dois sinais (co-estimulação e MHC) durante a primeira apresentação do Ag, quando ele ele é ativado, sofre expansão clonal e se dissemina pelo sangue. Em uma re-exposição posterior, só se faz necessário a ligação ao MHC para causar a ativação. O Linfócito T CD4, ao chegar a um local de infecção, vai produzir citocinas que agem sob o Macrófago, capacitando-o a destruir o Ag que está sendo fagocitado. Se a apresentação for para um Linfócito T CD8, esse linfócito vai induzir a célula a morte por apoptose. Se um Linfócito B estiver fazendo a apresentação de Ag para o Linfócito T helper, o Linfócito T vai produzir citocinas que agem sob o Linfócito B e o capacitam a produzir mais Ac e provocam a mudança de classes nos linfócitos que estão sendo produzidos. 25 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 25 ATIVAÇÃO DE LINFÓCITOS ATIVAÇÃO LINFÓCITOS T Para que um Linfócito T seja ativado, precisamos de 2 sinais: um do Ag vindo de uma célula apresentadora pelo MHC e um por meio de um co-estimulador. Essa ativação ocorre nos Linfonodos, local para onde as células apresentadoras trazem os Ag. A primeira coisa que vai acontecer com esse Linfócito após reconhecer o Ag é a liberação de IL-2, que faz com que esse linfócito sofra uma expansão clonal e seja ativado, possibilitando a migração para o local da infecção. De acordo com o tipo de infecção, teremos a ativação de um perfil diferente de linfócitos T, variando de acordo com as citocinas disponíveis no ambiente no momento da expansão clonal. Os linfócitos T helper, por exemplo, podem ser principalmente do tipo Th1 e Th2, sendo ativados de acordo com o contexto da ativação dos mesmos (citocinas presentes). Th1 – Combate a bactérias e vírus, gera resposta inflamatória Th2 - Combate a vermes, patógenos da via intestinal, resposta alérgica PERFIL Th1 Quando o tecido infectado está sendo atacado, a célula dendrítica vai reconhecer esse patógeno, processá-lo e leva-lo até os Linfonodos. Entretanto, se o invasor for um vírus ou bactéria, a DC reconhece e secreta a IL-12, promovendo a ativação, expansão clonal e diferenciação dos Linfócitos T em Th1 (nos Linfonodos). O linfócito Th1 vai secretar principalmente TNF, Interferon-Gama e IL-2, citocinas que ajudam a fornecer o melhor combate possível às bactérias e vírus, seja com uma resposta inflamatória ou o que for. TNF: Ativam macrófagos e células NK. Interferon: Faz com que o macrófago permaneça ativo por mais tempo e provoca a mudança de classe dos Ac produzidos por Linfócitos para IgG (opsonização de vírus/bactérias e fixação do complemento). IL-2: Serve como fator de crescimento para células NK e Linfócitos. 26 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 26 PERFIL Th2 Infecção por parasitas/vermes ou ingestão de alimentos contaminados com bactérias patogênicas. Neste caso, a primeira linha de defesa vai estar localizada no tecido intestinal, onde vão ter DCs que capturam os Ag do patógeno e levam para os Linfonodos. Essa interação, entretanto, vai ocasionar a ativação de Linfócitos do tipo Th2, que estão programados para produzir citocinas mais adequadas para este tipo de infecção. A IL-4 é responsável por promover a ativação do Th2, sendo uma fator de crescimento que promove a proliferação, além de influenciar os Linfócitos B a produzir IgE (classe mais apropriada para vermes). Essa ativação vai propiciar então uma liberação de IL4 (aumentando ainda mais a ativação de outros Th2), IL-5 e IL-13. A IL-5 também influencia Linfócitos B a produzir IgA, anticorpo de mucosa que é eficiente no combate a bactérias que chegam no TGI. A IL-13 vai estimular a produção de muco no intestino, funcionando como uma barreira mecânica. DE ACORDO COM O TIPO DE INFECÇÃO QUE ESTIVER OCORRENDO, VAI OCORRER UMA ATIVAÇÃO SELETIVA DAS CITOCINAS. 27 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 MECANISMOS EFETORES DA IMUNIDADE IMUNIDADE MEDIADA POR CÉLULAS LINFÓCITOS T CD4 CD4 age essencialmente secretando citocinas, fagócitos fagocitam os Ag, englobam eles dentro de uma visita no citoplasma e, então, as citocinas secretadas pelo CD4 estimulam a célula fagocitária a destruir esse patógeno. Porém, se o parasita for intracelular, os Ag não estarão presos em uma vesícula e quem atuará são os Linfócitos CD8, que induzem essa célula infectada a fazer apoptose. Os Linfócitos T virgens circulam nos vasos linfáticos e se localizam principalmente nos Linfonodos. Se em algum momento ocorrer a entrada de um Ag em um tecido do corpo, este será captado por uma célula apresentadora, a qual irá para os Linfonodos e apresentará o Ag na sua membrana. Nesse local, o Linfócito se ligará ao Ag e se ativará, passando a expressar receptores que o atrairão novamente para o local da lesão. No tecido, então, sofrerá adesão e auxiliará a combater o invasor. Os Linfócitos T são ativados de acordo com vários perfis, direcionando o tipo de resposta que será montada contra o antígeno. As principais formas serão Th1 e Th2. • O Linfócito T CD4 do tipo Th1 vai ter como principal mecanismo a ativação e capacitação de macrófagos, que se ligam aos Linfócitos por dois sinais, o MHC e um co-estimulador. Esse Linfócito vai secretar diversas citocinas (Interferon- Gama) que vão se ligar à membrana do macrófago e vão fazer com que ele destrua o Ag muito mais facilmente e atraia mais células inflamatórias para o local. Além disso, o CD4 também secreta o TNF-alfa, citocina que ativa leucócitos (neutrófilos), desenvolvendo um perfil pró-inflamatório no local. Na inflamação aguda (imunidade inata) não háa participação de Linfócitos (baixa especificidade), mas apenas de macrófagos, mastócitos, neutrófilos, etc. Nesta inflamação tardia então já há participação de linfócitos, uma vez que houve tempo para que os Ag fossem reconhecidos e eles fossem ativados. Essa resposta específica tardia que causa também um processo inflamatório é denominada HIPERSENSIBILIDADE TARDIA. Existe um teste para saber se um indivíduo já foi sensibilizado contra determinado Ag que consiste na aplicação intradérmica deste Ag e observação se há uma reação de hipersensibilidade ou não. A manifestação se dá com uma área de eritema cerca de 48 horas após a infecção. 27 28 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 28 • O Linfócito T CD4 do tipo TH2 não possui a característica pró-inflamatória muito grande, já que suas citocinas suprimem a ação de macrófagos. Está muito ligada à resposta contra helmintos, parasitas macroscópicos. Baseada na secreção das citocinas IL-4, IL-13, IL-5, IL-10. A IL-4 age sobre os Linfócitos B, provocando a mudança de classe dos Anticorpos que ele produz (passa a produzir IgE). Esse IgE liberado vai propiciar a degranulação dos mastócitos (Histamina), que vão provocar a resposta alérgica e vão ajudar a combater o invasor. A IL-5 é importante na ativação de Eosinófilos, que liberam grânulos contendo enzimas que ajudam a combater os Helmintos. A IL-4 e a IL-13 incentivam, ainda, a secreção de muco intestinal e promovem um aumento no peristaltismo. Servem como barreira física que dificulta a fixação do invasor na parede intestinal, favorecendo a sua eliminação. A IL-4 e a IL-13 também provocam a ativação alternativa do macrófago, que deixa de ser pró-inflamatório e se torna um macrófago M2. Esse M2 provoca efeitos anti- inflamatórios com processos de cicatrização e fibrose. LINFÓCITOS T CD8 Quando ativadas, se transformam em Linfócitos T Citotóxicos, que não produzem mais citocinas que capacitem os macrófagos, mas induzem diretamente a célula infectada a sofrer Apoptose. Quando o CD8 reconhece a célula-alvo ele secreta Perforinas, Granzimas e Serglicinas, que formam um complexo que perdura a membrana e entra na célula. A granzima vai ativar então as caspases, proteínas que iniciam o processo apoptótico. 29 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 29 A outra via de apoptose celular influenciada pelo CD8 é através do Fas com o FasL. O Faz é expresso na maioria dos tecidos e o FasL é expresso apenas nos CD8 quando identifica que a célula está infectada. A ligação dos dois, então, promove a indução da apoptose. IMUNIDADE HUMORAL Está relacionada aos ANTICORPOS. As células B ativadas agem produzindo Ac e passam a ser denominadas Plasmócitos. Esses Ac vão ter função direta na imunidade e ainda ativam o sistema do complemento (opsonização, ativação das inflamações e lise de micro-organismo). • Fazem a neutralização de micro-organismos e toxinas. Efeito mecânico de neutralização, formando uma barreira física que impede o invasor de se ligar ao receptor. • Impede a disseminação de micro-organismos neutralizando-os após o rompimento do citoplasma da célula infectada com a consequente liberação dos invasores para o meio extracelular. • Neutralização de toxinas, impedindo a sua ligação com o receptor celular. Se liga à toxina, impedindo a reação. • Realiza a OPSONIZAÇÃO do micro-organismo, se grudando a ele e se ligando ao fagócito. Facilita a fagocitose e consequente morte. • ADCC – Citotoxicidade Celular Dependente de Anticorpos. Uma célula infectada vai alterar a expressão de moléculas de superfícies, que são entendidas pelo sistema imune como estranhas. Há então uma produção de Ac contra essas moléculas, que vão fazer opsonização e ativar uma célula NK, que causam a morte da célula estressada. MECANISMO DE MORTE DE CÉLULAS TUMORAIS. IMUNIDADE DAS MUCOSAS Mucosas do TGI e outros locais estão todo o tempo expostas a Antígenos, então precisam de mecanismos para deter estes Ag. O principal mecanismo é a presença de IgA nas mucosas, anticorpos específicos que ficam na superfície da mucosa e neutralizam qualquer Ag que esteja ali presente. A IgA, entretanto, é produzida por Plasmócitos nos órgãos linfoides e possui cadeia dímérica. Ela vai passar por dentro da célula epitelial e vai ser excretada para o lúmen da mucosa. 30 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 30 REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE Ocorre toda vez que o sistema imune não funciona corretamente e causa algum tipo de distúrbio no organismo. Ocorre também quando ele ataca alguma estrutura do próprio organismo ou quando ele provoca uma reação exagerada que venha a trazer danos. Podem ser divididas em 4 tipos: • Hipersensibilidade do tipo 1 – IgE causam degranulação de Mastócitos, reações alérgicas. • Hipersensibilidade do tipo 2 – mediada por Ac agindo sobre células, tecidos ou receptores. • Hipersensibilidade do tipo 3 – deposição de imunocomplexos. • Hipersensibilidade do tipo 4 – relacionada aos linfócitos CD4 e CD8, hipersensibilidade do tipo tardia. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO 1 Decorrente da degranulação de mastócitos pela ação de IgE. É uma hipersensibilidade imediata (reação muito rápida), decorre da ligação de Ag ao anticorpo do tipo IgE, que está ligado a receptores na superfície dos Mastócitos. Essa ligação vai causar então a degranulação dos mastócitos e liberação do seu conteúdo, que causa inúmeros efeitos locais e sistêmicos. SÃO AS SUBSTÂNCIAS ADVINDAS DOS MASTÓCITOS QUE CAUSAM TODOS OS SINTOMAS PRESENTES NAS ALERGIAS. ALERGIA ou ATOPIA estão presentes quando uma pessoa é alérgica a um determinado Ag que não causa reações na maioria das outras pessoas, tendo um forte componente genético envolvido. Pólen, ácaros, alimentos, medicamentos, fungos e pelos animais (substâncias de baixo peso molecular e alta solubilidade) são substâncias que podem vir a desencadear reações atópicas em algumas pessoas. 3 fases: Sensibilização, Ativação e Fase Efetora. SENSIBILIZAÇÃO: Ocorre a primeira exposição do organismo a um alérgeno que nunca tinha sido introduzido ao corpo. Indivíduo já vai possuir uma predisposição genética à alergia, então um linfócito B vai capturar este Ag e vai apresenta-lo a um linfócito T. Em um indivíduo atópico, esse Linfócito vai se diferenciar em Th2 e vai estimular a célula B a sofrer maturação e passar a produzir anticorpos IgE. Essa IgE disponível vai, então, se ligar aos Mastócitos e tornar ele sensibilizado. Se o indivíduo não for mais exposto ao Ag, não haverá nenhuma reação desenvolvida e nenhum problema para o organismo. 31 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 31 ATIVAÇÃO: Em uma segunda exposição, o Alérgeno vai se ligar à IgE presente na membrana do Mastócito (vários IgE se ligando a diferentes porções do Ag) por meio de ligações cruzadas. Essa ligação vai provocar a ativação do Mastócito e a consequente degranulação do conteúdo armazenado (aminas vasoativas e mediadores lipídicos), que vão causar uma reação de hipersensibilidade imediata (alergia, muito rápida). Vai haver também a liberação de citocinas que recrutam outras células para o local formando uma espécie de reação inflamatória de fase tardia. FASE EFETORA: É quando o Mastócito degranula e lança no tecido o conteúdo dos seus grânulos (histaminas e mediadores lipídicos), acarretando no aumento da permeabilidade vascular,vasodilatação, broncoconstrição, hipermotilidade intestinal, inflamação e lesão tecidual. Vai ocorrer também a liberação de IL-5, que vai recrutar e ativar também Eosinófilos no local. Para saber se uma pessoa é alérgica ou não a determinado Ag, são realizados vários testes com a introdução daquele Ag antígenos na região intradérmica do seu corpo. Se a pessoa for sensibilizada para aquele Ag, vai ocorrer uma reação na região pela ativação dos Mastócitos. Essa reação pode originar os sinais cardinais da inflamação, com a presença de uma pápula central e um halo eritematoso na periferia. Essa reação vai acontecer em questão de minutos caso o indivíduo realmente seja alérgico. Posteriormente, vai ocorrer uma reação tardia menos intensa mediada pelos Eosinófilos, Basófilos e citocinas liberadas pelo Mastócitos, ocorrendo de 2 a 4 hrs após. 32 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 32 No Choque Anafilático, ocorre uma reação alérgica sistêmica, provocada por algum alérgeno que está na corrente sanguínea (picada de inseto). Nesse caso, ocorre uma vasodilatação sistêmica como hipoperfusão tecidual e o consequente Choque. Na Rinite Alérgica, ocorre uma reação a exposição de alérgenos nas vias aéreas superiores, com uma irritação na mucosa e a consequente ativação dos sintomas: coceira, espirro, edema localizado (obstrução nasal), corrimento. Se a reação alérgica ocorre nas vias aéreas inferiores, ocorre a Asma brônquica, com constrição brônquica acentuada, dispneia, secreção aumentada de muco e dificuldade das trocas gasosas. Posteriormente vai acontecer ainda uma reação inflamatória tardia com remodelamento do tecido e diminuição do lúmen dos alvéolos, agravando o quadro do indivíduo asmático. Essas reações alérgicas podem ocorrer até a variações de temperatura (mastócitos sensíveis a essas variações). O tratamento se dá pelo uso de broncodilatadores e anti-inflamatórios. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO 2 Mediada por Anticorpos, geralmente se refere a reações autoimunes em que ocorre a produção de Ac que atacam substâncias próprias do corpo de maneira patológica. Também podem existir Ac que atacam tanto Ag estranhos quanto componentes próprios. Podem existir reações de hipersensibilidade pela reação com tecidos, células e até receptores. • O Ac se liga a uma CÉLULA PRÓPRIA e vai opsonizá-la, de modo que um fagócito se liga a ela e causa a sua fagocitose. Essa opsonização causa também a ativação do sistema complemento, que acarreta na ativação de neutrófilos, inflamação e lesão tecidual • Doenças relacionadas a esse mecanismo são a Anemia Hemolítica Autoimune, onde Ac se ligam a Ag na membrana do eritrócito, provocando a sua destruição ou fagocitose. • Na Púrpura Trombocitopênica, os Ac se ligam às membranas das plaquetas, podendo provocar diversas hemorragias pelo organismo. • Na Febre Reumática, uma bactéria que causa infecções de garganta possui Antígenos muito semelhantes aos presentes nas células das válvulas cardíacas. Assim, quando ocorre uma infecção por essa bactéria, o organismo produz Ac contra essa bactéria, porém o organismo acaba atacando também a válvula cardíaca. Isso acarreta no surgimento de um processo inflamatório e até na destruição da válvula. REAÇÃO CRUZADA. Na Tireoide pode ocorrer do Anticorpo se ligar a receptores de membrana da célula, estimulando a secreção de hormônios (hipertireoidismo). Nos Músculos, pode ocorrer do Ac se ligar ao receptor da Ach, impedindo-a de se ligar e causando a Miastenia Gravis. 33 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 33 HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO 3 É mediada por imunocomplexos. A formação destes imunocomplexos pode se dar tanto contra Ag estranhos, quanto contra Ag próprios. O problema é quando estes imunocomplexos são sintetizados de maneira excessiva ou quando não são removidos corretamente, se depositando em algum local do organismo. Após uma produção de Ac, eles vão se ligar a Ag e formar Imunocomplexos, que podem se depositar em algum local do corpo. No local onde ocorrer essa deposição, vai surgir uma resposta inflamatória com neutrófilos, macrófagos e o sistema complemento. Essa reação vai causar uma destruição tecidual do local, causando uma Vaculite por exemplo, se a deposição for nos vasos sanguíneos. • O Lúpus Eritematoso Sistêmico é causado pela deposição destes imunocomplexos. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO 4 É mediada por Linfócitos T (CD4 ou CD8). Nesse caso, os Linfócitos T vão reconhecer Ag próprios e vão causar uma reação inflamatória pela secreção de citocinas, com consequente lesão tecidual. • Na Esclerose Múltipla, linfócitos CD4 começam a reconhecer Ag nas bainhas de mielina dos neurônios, causando o recrutamento de macrófagos que destroem essa bainha, acarretando graves déficits neurológicos. 34 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 34 AUTOIMUNIDADE Uma das principais características do sistema imune é a capacidade de diferenciar o que é próprio do organismo e o que é exógeno, tolerando o que for próprio através de mecanismos de tolerância central e periférica (sistema não responde a Ag próprios). Não há nenhuma garantia de que Linfócitos que reajam com o nosso organismo sejam criados aleatoriamente, porém, o próprio corpo trata de destruí-los ou inativa-los por mecanismos específicos. TOLERÂNCIA: Não responsividade do sistema imune a determinados Ag próprios, que vão ser chamados de tolerógenos (Ag que geram respostas imunes são chamados de imunogênicos). O Ag próprio existe no organismo desde sempre e está presente nos órgãos formadores de linfócitos, já funcionando como um mecanismo de controle que impede a reação do Ag próprio com as células imunes produzidas. Tolerância Central – Timo e Medula Óssea Tolerância Periférica – Tecidos Periféricos O percursor linfoide na medula vai originar os Linfócitos imaturos, que vão sofrer maturação no Timo (Linfócito T) e na medula óssea mesmo (Linfócitos B). Nesses órgãos linfoides centrais, vai haver uma Tolerância Central que impede a ativação destes Linfócitos por Ag do próprio corpo. Se essa tolerância falhar, ainda haverá uma segunda Tolerância (Periférica) nos órgãos periféricos. Os Linfócitos que, esporadicamente, reconhecerem Ag próprios com grande afinidade, irão receber um sinal. Este sinal pode induzir o Linfócito a apoptose (morte por deleção), pode mudar seus receptores de superfície (de forma que não mais reconheça um Ag próprio) e pode se transformar em um Linfócito T Regulador (apenas em CD4). Ainda com esse mecanismo de tolerância central, alguns Linfóctios vão conseguir ir para os tecidos periféricos, onde serão testados novamente. Se ali for reconhecido, pode sofrer Anergia (inativação), Apoptose (deleção) ou Supressão por uma célula reguladora. TOLERÂNCIA DE LINFÓCITOS T Os Linfócitos T imaturos vão para o Timo sofrer maturação, então normalmente esses linfócitos não autorreativos irão passar pela maturação sem nenhuma seleção, caindo de volta para os tecidos periféricos. 35 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 35 Contudo, se o Linfócito T for reconhecido como Autorreativo, ele poderá sofrer, por mecanismos de ação central, um processo de apoptose, ou seja, uma seleção negativa. Outra opção, é esse linfócito autorreativo se tornar uma célula T regulatória, que cai nos tecidos periféricos e provoca uma resposta regulatória (supressora). Caso esse linfócito autorreativo nãoseja detectado, ele vai cair para os tecidos periféricos e será identificado pelos testes de tolerância periférica, podendo ainda sofrer apoptose. TOLERÂNCIA DE LINFÓCITOS B O Linfócito B é criado e amadurecido na medula óssea. Uma célula B imatura que reconheça um Ag próprio pode sofrer uma reedição do receptor, se tornando uma célula não autorreativa que não reconhece mais Ag próprios, podendo ser liberada para os tecidos periféricos. Essa célula autorreativa também pode sofrer apoptose por deleção ou virar uma célula B anérgica. Mesmo que consiga escapar dos mecanismos centrais, pode ser detido na Tolerância Periférica. Para que seja ativo necessita dois sinais, então se só houver um desses sinais ele vai entrar em estado de Anergia. Outra forma de selecionar os linfócitos B é por meio da exclusão dos folículos (local com alta quantia de células B virgens nos linfonodos). Nesses folículos existem citocinas que garantem a sobrevivência dessas células. No caso de reconhecer um Ag próprio, ele sofre modificações que o levam para fora dos folículos e impedem a volta. 36 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 36 AUTOIMUNIDADE Acontece quando há uma falha expressiva nos mecanismos de tolerância. Uma Doença Autoimune é uma doença caracterizada por um dano tecidual ou alteração funcional ocasionada por esta reação do sistema imune contra Ag próprios. O primeiro fator para que uma doença autoimune aconteça é a Suscetibilidade Genética, ou seja, algum fator genético que garanta a produção de linfócitos autorreativos em grande quantidade, além de uma falha dos mecanismos de tolerância. Ainda que tenhas estes dois fatores, precisa-se também de um componente ambiental (trauma, infecção, dano tecidual) como gatilho para que a doença se instale: ele garante o segundo sinal do linfócito autorreativo, que leva à ativação do mesmo. • INFECÇÃO: Durante uma infecção, a DC que está apresentando o Ag vai fagocitar o micro-organismo e apresenta-lo na membrana, expressando agora um co- estimulador (expresso pelo estímulo do Ag estranho). Quando o Linfócito autorreativo for se ligar a essa DC, então, ele vai obter o primeiro sinal da ligação com o Ag próprio e o segundo sinal da ligação com o co-estimulador advindo da fagocitose da bactéria, promovendo a sua ativação e consequente combate ao tecido próprio com os Ag iniciais (reação de autoimunidade) • Outra forma de reações de autoimunidade é através de micro-organismos com Ag muito semelhantes aos Ag próprios. Nesse caso, um linfócito T vai reconhecer o Ag microbiano e vai ser ativado, se tornando um linfócito autorreativo que vai reagir com o tecido próprio, dada tamanha semelhança entre os dois Ag. • Olhos, cérebro, testículos e útero são regiões de Sítios Imunologicamente Privilegiados, locais onde a resposta imune é diferenciada (barreiras que impedem a chegada de linfócitos) e onde existe a presença de Ag sequestrados, que não existem em nenhum outro local do corpo e que, logo, não serão testados. Em casos de traumas, pode ocorrer a liberação desses Ag sequestrados para a corrente sanguínea. Essas doenças geralmente são CRÔNICAS, considerando que os Ag próprios vão estar presentes em quase todo o corpo. Esses locais sofrerão lesões, que liberarão mais Ag próprios, que causarão mais respostas e mais lesões e etc... As doenças autoimunes podem ser órgão específicas (Ag definidos de um local) ou sistêmicas. Anemia Hemolítica – Hipersensibilidade tipo II Diabetes Tipo I – Hipersensibilidade tipo IV (destruição das células beta pancreáticas) Tireoidite de Hashimoto – Autoanticorpos ou CD8 autorreativos) vão reconhecer as células da Tireoide, ocasionando uma reação inflamatória e a consequente morte das mesmas. Isso acarreta uma perda de função hormonal (Hipotireoidismo) – Hipersensibilidade tipo II 37 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 37 TRANSPLANTES Um transplante é a retirada de células/tecidos/órgão de um determinado indivíduo (doador) para a inserção em outro indivíduo (receptor). Esses fragmentos retirados recebem a denominação de ENXERTO. O doador e o receptor podem ser a mesma pessoa, como em casos de cirurgias de Ponte de Safena. A sua principal função é suprir um déficit funcional do receptor. A sua grande limitação é a RESPOSTA IMUNE DO RECEPTOR AOS TECIDOS DO DOADOR, já que são tecidos estranhos ao receptor: Rejeição. Tipos de Enxertos: 1. Autólogo (Autotransplante): Transplante do enxerto de um determinado indivíduo para ele mesmo (ponte de safena, enxertos de pele, medula óssea). Não há reação de rejeição. 2. Singênico: Não possui rejeição, transplante entre indivíduos geneticamente idênticos (gêmeos univitelinos). 3. Alôgenico: Grande maioria dos enxertos, transplante entre indivíduos geneticamente diferentes, porém da mesma espécie. Vai apresentar rejeição entre os tecidos (presença de haloantígenos), possuindo graus de rejeição de acordo com as moléculas de MHC. 4. Xenogênicos: Transplante entre indivíduos de espécies diferentes, vão ser MUITO rejeitados, uma vez que, não há semelhança genética alguma entre doador e receptor. Os Ag que causam a rejeição são chamados Xenoantígenos. Uma forma “artificial” de inibir essa rejeição é pelo uso de imunossupressão no receptor do enxerto, diminuindo a ação do sistema imune de modo a não atacar tão fortemente o tecido diferente. O receptor fica muito mais suscetível, entretanto, a infecções e tumores. ENXERTOS ALOGÊNICOS O sistema imune do receptor reconhece as células do doador como estranhas e monta uma resposta imune em cima delas, isso porque as células do doador não apresentam apenas moléculas idênticas às do doador. AS PRINCIPAIS MOLÉCULAS QUE CAUSARÃO REJEIÇÃO SÃO AS MOLÉCULAS DO MHC (COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBIÇIDADE)! Dada a alta variação de moléculas de MHC na população, quando o doador e o receptor não possuírem as mesmas combinações, vai ocorrer uma reação de Rejeição. Quanto mais semelhantes forem as moléculas de MHC, menor a rejeição e maior o tempo de vida útil do enxerto. 38 RESUMO IMUNOLOGIA Alan Paz Medicina UFFS, ATM 2022/2 38 OBS: Se o receptor receber um enxerto que tem um MHC diferente, ele vai rejeitar aquele MHC. Se ocorrer uma segunda doação deste mesmo MHC, ele vai rejeitar ainda mais fortemente, tendo em vista que já vai ter uma memória imunológica contra aqueles Ag. O reconhecimento do MHC do doador a partir do sistema imune do receptor se dá através das células T e pode acontecer por uma apresentação direta ou indireta. • Apresentação Direta: O MHC alogênico (vindo em uma célula apresentadora de Ag do doador) é apresentado intacto ao receptor da célula T do receptor. Esse MHC do doador vai estar apresentando um Ag próprio que é estranho ao receptor. Essa célula T vai se ativar e provocar uma resposta imune. MHC – TCR • Apresentação Indireta: O MHC alogênico é processado e apresentado como um Ag comum da APC do receptor. O tecido enxertado vai expressar um MHC alogênico, que vai ser fagocitado e processado por uma célula APC, a qual, vai apresenta-lo na membrana como um peptídeo derivado do MHC. Essa apresentação vai ocorrer para uma célula T, que vai se ativar. A ativação do linfócito T alorreativo vai depender da apresentação dos aloantígenos pelas APCs, que podem ser do receptor ou do próprio doador. Em ambos os casos, essa APC vai ser transformada para um linfonodo para apresentar esseAg a um linfócito T (alorreativo). Isso corresponde à SENSIBILIZAÇÃO. No momento da rejeição, essas células vão sair do linfonodo e vão para o local do enxerto, provocando a destruição tecidual. Sintomas Frequentes de Rejeição: • Eritema • Diarreia • Perda de peso • Mal-estar • Febre • Dor nas articulações
Compartilhar