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Espaços Confinados Vamos recapitular? Neste capítulo, você vai perceber que os trabalhos em certos ambientes na área fabril ou ambientes externos, como galerias/bueiros, podem trazer sérias consequências ao trabalhador se não forem tomadas certas precauções quanto à entrada nesses locais. Que se fazem necessários treinamentos específicos para o desenvolvimento em áreas confinadas. 10.1 Saúde e segurança em ambientes confinados O que vem a ser espaço confinado? É uma área que não é destinada à ocupação humana, com insuficiência de oxigênio, riscos potenciais de gases, vapores, eletricidade, com entrada restrita. Os trabalhos em espaços confinados estão retratados na NR-33. Podemos destacar que, em se tratando desses ambientes, os riscos provenientes de uma entrada sem as devidas precauções podem gerar de pequenos a grandes infortúnios, inclusive podendo provocar a morte deles. Você já ficou preso em um elevador lá pelo 15o andar? Se já, qual a sensação? Pavor, medo, suor frio etc. Se não teve essa experiência, então ponha-se no lugar de alguém que já teve e tente imaginar a situação! Pois bem, no espaço confinado temos situações como diferença de altura, estrei- tos, com dificuldades na entrada e na movimentação interna, além dos gases e da contaminação por agentes biológicos; é bem pior que um elevador parado entre andares. No caso do elevador, o pior a ocorrer é o cabo de aço se romper e todos os que estão no interior da cabine despencar andares abaixo. Podemos concluir que podem não sobrar vidas para contar a história, mas essa catástrofe é de uma em um milhão. Contudo, em espaços confinados, esses acontecimentos estão sempre ocor- rendo, por falhas no planejamento do trabalho. A Figura 10.1 mostra o planejamento da ação para a entrada no espaço confinado com segurança. Espaço, por definição, é aquele que não foi projetado para ocupação humana, tem entradas e saídas limitadas, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes, e ar enri- quecido com oxigênio. Portanto, nessa atividade, os cuidados com as vidas dos entrantes e dos que ficam no entorno devem ser rigorosos. A Figura 10.2 demonstra um vagão-tanque, que, para efeito da Norma Regulamentadora - NR-33, é um espaço confinado. Todo acesso a um espaço confinado deve ser precedido do preenchimento de uma autorização de entrada, assinada pelo supervisor. Há um ponto importante, todos os executantes de serviços no interior de espaço confinado deverão ter concluído curso de 16 horas para Vigias e Entrantes, e de 40 horas para formação de Supervisores de Entrada, mais 8 horas para reciclagem. Sem esse curso é terminantemente proibida a entrada ou liberação de entrada em um espaço confinado. Para tanto, o primeiro passo é liberação da entrada, com análise dos riscos existentes no ambiente, avaliação do nível de oxigênio e demais gases que possam estar presentes. Também, dependo do serviço a ser exe- cutado, uma avaliação da explosividade do ambiente é de suma importância no decorrer dos traba- lhos. Um plano de resgate deve ser planejado antes de qualquer intervenção no ambiente, e a equipe de resposta deve estar preparada para essa necessidade de ação. A execução no interior do local deve sofrer uma análise para quais EPIs serão necessários aos executantes da tarefa. O nível de oxigênio recomendado para trabalhos em ambientes confinados é de 19,5%, e esse nível não pode ultrapassar a 23% em volume, pois o ambiente se torna explosivo. O monitoramento, dependendo da atividade e do número de trabalhos no ambiente, deve ser com intervalos regulares, pois a concentração pode cair a níveis inaceitáveis. Por exemplo, se o nível de oxigênio cair na faixa de 15%, o trabalhador já vai apresentar desorientação e problemas de coordenação; em 6%, morte em 8 minutos. Uma observação importante nas medições, principalmente em tanques, é que se deva medir no fundo, meio e superfície, pois alguns gases têm características diferentes - uns mais pesa- dos, outros mais leves. Os mais pesados no fundo, e os mais leves na superfície do local. O aparelho de medição deve estar calibrado e testado antes de qualquer intervenção de medição. No que tange aos exames médicos, todos os colaboradores devem estar com seus devidamente regularizados. Quando o executante de um serviço em espaço confinado tiver a necessidade de usar uma máscara ou respirador, principalmente a panorâmica (cobre o rosto todo), este deve fazer uma ava- liação antes, para verificar se não tem fobia ao uso do EPI, mesmo que conste que ele é treinado. Pela nossa experiência, já observamos casos em que na situação de treinamento o comportamento é um, e quando se vê pressionado, o comportamento muda completamente. Portanto, não custa “perder um tempo” e simular a situação crítica. Para o uso de respiradores/máscaras, o usuário não deve ter barba, mesmo à de um dia por fazer, isso pode prejudicar a eficácia do EPI quanto à vedação. Tam- bém algumas deformações no rosto ou cicatrizes podem afetar essa vedação. Pensem, até uma caixa-d’água pode apresentar deficiência de oxigênio; se ocorrer em seu inte- rior a formação de bactérias, estas podem eliminar o oxigênio presente no ambiente. Outro aspecto importante em espaço confinado é o uso de equipamentos como lixadeiras, con- junto de oxicorte, solda elétrica ou até ferramentas que possam gerar faíscas, caso esse ambiente apre- sente condição de explosividade. A inertização nesse ambiente é de suma importância para neutralizar os gases explosivos. Quanto às ferramentas, podem-se usar as de cobre ou latão em substituição ao aço. Em espaço confinado, você pode encontrar todas as situações desfavoráveis a um determinado serviço a ser executado. Porém, com planejamento bem-feito, uma avaliação concisa, o preenchi- mento da Permissão de Entrada de Trabalho (PET) e uma boa análise de risco - a APR, as chances de ocorrer um incidente/acidente são remotas, além de que com o emprego correto dos EPIs, estes irão neutralizar ou minimizar os efeitos dos agentes nocivos presentes no ambiente. Outro ponto relevante em espaço confinado é a comunicação entre os participantes da operação; devem ser providenciados rádios caso essa necessidade seja obrigatória. Lembrando, celular não é meio de comunicação para espaço confinado. Principalmente se houver possibilidade de ocorrência de vaza- mento de gases. Todo material utilizado em zona que apresente possibilidade de emanação de gases inflamáveis deve ser intrinsecamente fechado - rádios de comunicação, lâmpadas etc. O resgate no espaço confinado, a forma tradicional, é com tripé apoiado sobre a entrada do local, em que o entrante já desce acoplado ao sistema para facilitar sua retirada, caso haja alguma intercorrência no interior deste. Há situações em que o entrante tem de ser preso pelos pés para sua retirada em caso de emergên- cia. Portanto, no momento de se avaliar a situação do ambiente é que se toma a decisão de como será feito o resgate. A equipe de resposta à emergência deve ser preparada também para proceder a um resgate em que a altura deve ser considerada para descida da vítima e, nesse caso, fazemos a correlação com a NR-35 - Segu- rança no Trabalho em Altura, pois essa equipe deve saber com proceder para descida dessa vítima em um sistema de tirolesa, por exemplo, além de conhecer sobre o Atendimento Pré-Hospitalar (APH). Haja vista que descer por uma escada tipo marinheiro com uma prancha é bem complicado, além de demorado, e a vida depende de como se dará a resposta do socorro. A Figura 10.3 ilustra o conhecimento que um socorrista deve ter para atender àssituações que demandam o resgate no espaço confinado em que a vítima deve descer ao solo para ser socorrida. Não podemos esquecer que uma pessoa pode ficar somente quatro minutos sem respirar. Portanto, a relação vida- -sequela-morte depende dessa ação. Muitas equipes de resgate em trabalhos em altura são trei- nadas em sistema de alpinismo, justamente para essas situações. Há a prática de nós de cordas ou uso de sistemas de roldanas, e do salvamento vertical; dependendo dos equipamentos disponíveis, a empresa deve possuir uma equipe de resposta a essa necessidade. A Figura 10.4 demonstra uma equipe de resposta a emergências para um espaço confinado com todos os aparatos necessários para uma descida segura. Para que essas situações sejam bem-sucedidas e haja sinergia entre os participantes, é reco- mendado que a equipe da Brigada de Emergência, também chamada de Brigada de Incêndio em muitas organizações, possa estar treinada nesses aspectos que envolvem tanto a NR-33 como a NR-35, além das correlatas para demais intercorrências de urgência ou emergência. Hoje, espaços confinados estão espalhados por toda parte, se observarmos bem: as galerias de esgoto e de águas pluviais, porões e locais para manutenção de trens e metrôs, localizados abaixo do nível das ruas, canalizações de produtos como gás e outros derivados do petróleo que se encontram enterradas e precisam de manutenção, as quais necessitam da intervenção do trabalhador em seu interior, que além dos riscos de insuficiência de oxigênio existem os que estão agregados aos locais, tais como: os biológicos, químicos e físicos e os de acidentes que podem se originar da execução da tarefa. Portanto, os espaços confinados em si devem ter tratamento diferenciado em relação aos outros, uma vez que em um só ambiente podemos ter uma gama de aspectos que envolvem riscos que em outras atividades não se apresentam. 10.2 Desligamento de energia, tranca e sinalização O supervisor de entrada deve providenciar o desliga- mento da energia elétrica, trancar com chave ou cadeado e sinalizar quadros elétricos, para evitar movimentação aci- dental de máquinas ou choques elétricos quando o traba- lhador autorizado estiver no interior do espaço confinado. A Figura 10.5 representa o travamento das fon- tes de energia que possam atuar no espaço confinado, impossibilitando a religação de chaves por outros traba- lhadores e com isso colocar em risco a vida do executor do serviço que está lá dentro. Com referência ao travamento das fontes de ener- gias, o trabalhador deve se ater aos sistemas de eixos com pás ou rotores nos fundos dos tanques que possam se movimentar por inércia. Nesse caso, as pás ou rotores devem ser travados para evitar sua movimentação aci- dental, o que pode provocar um esmagamento ou pren- samento do corpo ou parte dele entre as pás e o tanque.
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