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I* edição - 2009 — 3.000 exemplares Conselho Editorial Ageu Cirilo de Magalhães, Jr. Alderi Souza de Matos André Luis Ramos Cláudio Marra (Presidente) Fernando Hamilton Costa Francisco Solano Portela Neto Mauro Fernando Meister Tarcizio José Freitas de Carvalho Valdeci da Silva Santos Produção Editorial Tradução Trinity Traduções e Produções S/C Ltda Revisão Charles Marcelino da Silva Wilton de Lima Edna Guimarães Editoração Rissato Capa Osiris C. Rangel Rodrigues W331f Watson, Thomas A fé cristã, estudos baseados no breve catecismo de Westminster / Thomas Watson; traduzido por Trinity Traduções e Publicações S/C. _ São Paulo: Cultura Cristã, 2009 368 p.: 16x23cm Tradução A Body of divinity ISBN 978-85-7622-290-3 I. Fé cristã 2. Doutrina I. Título 234.1 CDD CÊ CDITORfl CULTURA CRISTÃ R. Miguel Teles Jr., 394 - Cambuci - SP 15040-040 - Caixa Postal 15.136 Fone (011) 3207-7099 - Fax (011) 3279-1255 www.editoraculturacrista.com.br Superintendente: Haveraldo Ferreira Vargas Editor: Cláudio Antônio Batista Marra http://www.editoraculturacrista.com.br Sumário Biografia de Thomas Watson................................................................................... 7 I. Preâmbulo - Firmes e fundamentados na f é ...................................................... 15 1. É dever dos cristãos se firmarem na doutrina........................................... 15 2. É dever dos cristãos se fundamentarem na doutrina............................... 18 II. Primeira Parte - O Homem e as Sagradas Escrituras.................................... 21 A. O fim principal do homem........................................................................... 21 1. Glorificar a Deus para sempre............................................................. 21 2. Deleitar-se em Deus para sempre....................................................... 37 B. As Sagradas Escrituras.................................................................................. 43 1. A autoridade das Escrituras Sagradas................................................ 43 2. As Escrituras canônicas são a regra completa.................................. 48 3. O escopo principal e o fim da Escritura............................................ 48 4. A legítima interpretação das Escrituras............................................. 49 III. Segunda Parte - Deus, seu Ser e seus decretos............................................. 57 A. O ser de D eus.................................................................................................. 57 1. A existência de D eus............................................................................. 57 2. Deus é Espírito...................................................................................... 64 3. Que tipo de Espírito é Deus?............................................................... 69 B. O conhecimento de D eu s............................................................................. 74 1. A grandeza do conhecimento de D eus............................................... 74 2. A natureza do conhecimento de D e u s ............................................... 75 3. A infinitude do conhecimento de D eus.............................................. 76 C. A eternidade de D eu s.................................................................................... 81 1. O que é a eternidade de D eus.............................................................. 81 D. A imutabilidade de D eus.............................................................................. 86 1. Deus é imutável em sua natureza....................................................... 86 2. Deus é imutável em seu decreto......................................................... 90 E. A sabedoria de D eus...................................................................................... 92 1. A infinita inteligência de D eu s........................................................... 93 2. O trabalho de Deus é perfeito.............................................................. 93 F. O poder de D eus............................................................................................. 99 1. Deus tem direito soberano e autoridade sobre o hom em ............... 99 2. A autoridade e o poder de Deus são infinitos................................... 100 3. Deus limita o uso de seu poder segundo sua vontade.................... 102 G. A santidade de D eus...................................................................................... 105 1. A natureza da santidade de D eus........................................................ 105 2. A santidade de Deus em seus eleitos................................................. 108 H. A justiça de D eu s.......................................................................................... ........111 1. O que é a justiça de D eus?.................................................................. ........111 2. Onde identificamos a justiça de D eu s? ............................................. ........112 3. Deus é justo ao permitir que o ímpio prospere?............................. ........113 4. Deus é justo ao permitir que o justo sofra aflições?...................... ........114 5. Deus é justo ao salvar uns e punir outros?....................................... ........115 I..A misericórdia de D eu s..........................................................................................117 1. Particularidades da misericórdia de D eus........................................ ........118 2. A natureza da misericórdia de D eus.................................................. ........121 J. A verdade de D eu s......................................................................................... ........125 1. Deus é a verdade............................................................................................125 2. A verdade de D eus................................................................................ ....... 125 L. A unidade de Deus......................................................................................... ........130 1. Há somente uma causa primeira......................................................... ........130 2. Há somente um ser infinito.................................................................. ....... 131 3. Há somente um poder onipotente....................................................... ....... 131 M. A Trindade............................................................................................................. 135 1. A unidade na Trindade................................................................................. 136 2. A Trindade na unidade.......................................................................... ....... 136 N. A criação.................................................................................................................140 1. A feitura do mundo............................................................................... ....... 141 2. O adorno do mundo.............................................................................. ....... 142 3. Razões para a criação do mundo........................................................ ....... 143 O. A providência de D eus.........................................................................................147 1. A realidade da providência de D eus.................................................. ....... 147 2. A definição de providência de D eus.................................................. ....... 147 3. O alcance da providência de D eu s............................................................ 148 4. Objeções à doutrina da providência de D eus.......................................... 150 5. Proposições sobre a providência de D eus........................................ ....... 152 IV. Terceira Parte - O pecado e a queda....................................................................... 157 A. O pacto das obras......................................................................................... ....... 157 1. O pacto das obras feito com Adão e toda a humanidade...................... 157 2. Características do pacto feito com Adão.......................................... ....... 158 B. O pecado......................................................................................................... ....... 162 1. Quanto ao pecado em geral................................................................. ....... 162 2. Quanto à odiosidade do pecado......................................................... ....... 162 C. O pecado de Adão......................................................................................... ....... 167 1. Nossos primeiros pais caíram de seu glorioso estado de inocência 167 2. O pecado pelo qual nossos primeiros pais caíram foi comer do fruto proibido........................................................................................ ....... 169 D. O pecado original......................................................................................... ....... 173 1. No pecado original há algo exclusivo e algo absoluto................... ....... 174 2. Algumas características do pecado original..................................... .......175 E. A desgraça do homem no pecado....................................................................... 180 1. Particularmente...................................................................................... ...... 180 2. Absolutamente....................................................................................... ...... 180 V. Quarta Parte - O pacto da graça e seu mediador.................................................. 187 A. O pacto da graça.................................................................................................. 187 1. Qual é o novo pacto?............................................................................ ...... 187 2. Quais nomes são dados a esse pacto?............................................... ...... 187 3. Por que Deus deveria fazer um pacto conosco?.............................. ...... 188 4. Os dois pactos, da graça e das obras, são diferentes?.................... ...... 188 5. Qual é a condição do pacto da graça?............................................... ...... 189 B. Cristo, o mediador do p acto .............................................................................. 194 1. A pessoa do mediador do pacto.......................................................... ...... 196 2. A graça do mediador do pacto................................................................... 197 C. O ofício profético de Cristo............................................................................... 200 1. Como Cristo ensina?............................................................................. ...... 200 2. Quais são as lições que Cristo ensina?.............................................. ...... 201 3. Como o ensino de Cristo difere de outros ensinos?.............................. 201 D. O ofício sacerdotal de Cristo............................................................................. 206 1, Em seu oficio sacerdotal. Cristo satisfaz a le i........................................ 207 2. Em seu ofício sacerdotal, Cristo intercede por nós...............................212 E. O ofício real de Cristo................................................................................... ......222 1. Cristo é rei em relação a seu p o v o ...........................................................223 2. Cristo é rei em relação a seus inim igos............................................. ......224 F. A humilhação de Cristo em sua encarnação.............................................. ......227 G. A exaltação de C risto.................................................................................... ......239 1. Em que sentido Deus exaltou a Cristo?...................................................239 2. De quantas maneiras Cristo foi exaltado?........................................ ......239 H. Cristo, o redentor.................................................................................................245 1. Cristo comprou nossa redenção.......................................................... ......245 VI. Quinta Parte - A Redenção e sua aplicação..........................................................251 A. F é ..................................................................................................................... ......251 1. A natureza da fé salvadora................................................................... ......251 2. A operação da fé salvadora.................................................................. ......253 3. A preciosidade da fé salvadora........................................................... ......253 4. A justificação na fé salvadora....................................................................254 B. Vocação e fica z ............................................................................................... ......257 C. Justificação...................................................................................................... ......263 1. Definição de justificação..................................................................... ......264 2. Características da justificação...................................................................266 D. A adoção......................................................................................................... ......269 E. A santificação................................................................................................. ......278 1. O que é santificação?............................................................................ ......279 2. Quais são as falsificações da santificação?...................................... ......281 3. Onde se vê a necessidade da santificação?...................................... ...... 283 4. Quais são os sinais da santificação?.................................................. ...... 284 F. A certeza.......................................................................................................... ...... 289 1. Definição de certeza da santificação................................................. ...... 290 2. A diferença entre certeza e presunção............................................... ...... 291 3. Deve-se procurar essa certeza................................................................... 292 4. Firmando-se nessa certeza................................................................... ...... 297 G A p a z ....................................................................................................................... 301 H. A alegria.......................................................................................................... ...... 307 I..O crescimento na graça........................................................................................ 314 J. A perseverança................................................................................................ ...... 320 1. Ao dizer que os crentes perseveram, admitimos que:.................... ...... 321 2. Por quais meios os cristãos perseveram?......................................... ...... 322 3. Argumentos para provar a perseverança dossantos.............................. 323 4. Respondendo a algumas das objeções dos arminianos........................ 325 VII. Sexta Parte - A morte e o último d ia ....................................................................333 A. A morte do justo...................................................................................................333 1. A vida do cristão é C risto.................................................................... ......333 2. A morte do cristão é lucro ................................................................... ......334 B. O privilégio do crente na morte.................................................................. ......339 1. Os cristãos recebem benefícios em sua morte........................................339 2. Os cristãos são unidos a Cristo em sua morte........................................343 3. Os cristãos têm suas almas glorificadas em sua morte................... ......344 C. A ressurreição................................................................................................. ......350 1. Os justos terão seus corpos glorificados.................................................350 2. Os justos serão justificados publicamente....................................... ......356 Notas............................................................................................................................. ......363 índice Rem issivo..............................................................................................................368 D igitalizado por : Jo go is2 0 0 6 BIOGRAFIA DE THOMAS WATSON Compilada por C. H. Spurgeon A Body o f Divinity [em nossa edição, A Fé Cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster] é uma das mais preciosas e inigualáveis obras dos puritanos. Todos os que tiveram contato com esta obra sabem muito bem disso. Watson foi um dos escritores mais objetivos, profundos, sugestivos e elucidativos dentre os célebres teólogos que fizeram da era puritana o período dourado da literatura evangélica. Há uma união muito feliz entre a boa doutrina, a profunda experiência e a sabedoria prática evidentes em todas as suas obras. Este livro é, mais que todos os outros, útil aos alunos e aos ministros. Embora Thomas Watson tenha escrito muitos livros preciosos, comparativamente pouco se sabe de sua pessoa. Nem mesmo as datas de seu nascimento e morte são conhecidas.1 Seus escritos são suas melhores memórias. Ele talvez não precisasse de outras e, portanto, a providência evitou o desnecessário. Não devemos tentar descobrir sua ascendência e, como fazem os antiquários, encontrar uma famosa família Wat, à qual esteja ligado, cujo filho se destacou nas cruzadas ou em qualquer empreendimento insano. E de pouca importância se teve ou não sangue azul correndo em suas veias, pois sabemos que foi de semente real redimido pelo Senhor. Alguns homens são seus próprios ancestrais e, pelo que sabemos, a genealogia de Thomas Watson não lhe atribuiu fama, mas todo o seu brilho provém de suas realizações. Teve a felicidade de ser educado no Emmanuel College, em Cambridge, que naqueles dias merecia ser chamada de a escola dos santos, a grande mãe que alimentou eruditos evangélicos. No Register and Chronicle de Kennet (vol. 1, págs. 933,934) encontra-se uma lista de 87 nomes de ministros puritanos, incluindo-se muitos famosos e queridos pregadores e comentaristas como: Anth. Burgess, W. Jenkyn, Ralph Venning, Thomas Brooks, T. White, Samuel Slater, Thomas Watson, John Rowe, Dr. W. Bates, Stephen Chamock, Samuel Clarke, Nathaniel Vincent, Dr. John Collings, William Bridge, Samuel Hildersam e Adoniram Bifield. Após cada nome havia um comentário que dizia: “A maioria destes homens é mencionada na lista dos sofredores a favor do não-conformismo e aparece no rol dos alunos matriculados no Emmanuel College. Apesar de serem muitos, sem dúvida são da mesma sociedade que produziu pregadores no contexto das infelizes mudanças de 1641”,2 etc. Na margem da introdução do livro se encontra a seguinte observação: “Não é impróprio observar quantos jovens estudantes, de ambas as universidades, ficaram desanimados em virtude do preconceito de seus diretores e tutores. Por isso, somente Emmanuel College, em Cambridge, produziu mais puritanos e não-conformistas que, talvez, todas as outras sete faculdades ou academias em qualquer uma das universidades”. Um fato como esse deveria direcionar as orações de todos os crentes a favor dos nossos seminários e dos nossos discípulos, pois da maneira como essas instituições são conduzidas dependerá, diante de Deus, o futuro bem-estar de nossas igrejas. O seminário Pastors’ College, que publica esta obra para o uso de seus alunos, pede insistentemente as orações intercessoras dos santos. Não nos surpreende descobrir que Thomas Watson desfrutou a boa reputação de ser o aluno mais aplicado enquanto estudava em Cambridge. Os grandes autores puritanos devem ter sido muito ativos na universidade, ou nunca teriam se tornado inigualáveis mestres em Israel. O aluno consciente é aquele que muito provavelmente se tomará um pregador de sucesso. Após completar seu curso com honras, Watson se tornou reitor da paróquia de St. Stephen, em Walbrook, onde, no coração de Londres, exerceu fielmente o ofício de pastor por quase dezesseis anos, com grande diligência e devoção. Felizes foram os cidadãos que receberam regularmente as ministrações tão instrutivas e espirituais de Watson. A igreja estava constantemente cheia, pois a fama e a popularidade do pregador eram merecidamente grandes. Envolvendo-se com seu rebanho, cheio de santo zelo pelo destino eterno dele, os anos passaram com muitas alegrias enquanto crescia o respeito por parte de todos os que o conheciam. Calamy,3 em seu memorial não-conformista, diz o seguinte de Watson: Ele era tão conhecido na cidade por sua piedade e disposição em ajudar que, embora fosse afamado no Friendly Debate,4 levou para a sepultura o respeito geral de todas as pessoas sérias. Era um homem culto, um pregador popular, mas sensato (se assim podemos julgá-lo por seus escritos), e conspícuo no dom da oração. Sobre como gostava de orar, segue-se um fato que será prova suficiente. Uma vez, em um dia de palestra, antes de acontecer o Ato de Bartolomeu,5 ficou sabendo que o bispo Richardson veio ouvi-lo na igreja de St. Stephen. O bispo ficou muito satisfeito com seu sermão, mas especialmente com sua oração ao final, de maneira que o seguiu a fim de lhe agradecer e pedir uma cópia de sua oração. Em resposta, o Sr. Watson disse: “Não posso te dar o que me pedes, pois não escrevo minhas orações. Não é algo estudado, mas espontâneo, pro re nata , com o Deus me capacitou, de todo o meu coração e sentim ento” . O bom bispo foi embora pensativo pelo fato de um homem poder orar daquela maneira extemporaneamente. 8 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster Entretanto, a mão que outrora oprimira a igreja se estendia novamente para afligir alguns dos santos. Os mais cultos, santos e zelosos do clero da Igreja da Inglaterra descobriram que o ato da uniformidade não lhes permitiria manter suas consciências puras e seus estilos de vida, por isso se submeteram a perder tudo por causa de Cristo. Thomas Watson não hesitou em relação ao caminho que deveria seguir. Não era um faccioso inimigo da realeza, nem um republicano vermelho, nem mesmo um homem da quinta monarquia. Na verdade, havia sido muito leal à casa de Stuart nos dias do Cromwell. Havia protestado contra a execução do rei e se unido ao plano de Love para conduzir Charles II ao trono. Embora tivesse tudo isso a seu favor, era um puritano e, portanto, não deveria ser tolerado pelos espíritos ressentidos que dominavam o governo da época. Quaisquer que tenham sido as sementes de discórdia semeadas na trágica história do Ato de Bartolomeu, ele não guardou rancor. Mas os resultados finais estavam cheios do inimaginável.A compreensão pode ter atrapalhado a verdade. Os direitos da coroa do rei Jesus poderiam ter sofrido de falta de advogados se os monarcas e os sacerdotes tivessem sido mais tolerantes. Da maneira como aconteceu, homens bons foram forçados a uma posição mais verdadeira do que aquela que, por outro lado, ocupavam, e o começo de uma reforma real estava inaugurado. A partir desse começo sofredor houve muito progresso. A cada dia, a causa dos excluídos empurrava e forçava os adversários em direção à beira do precipício, pois abaixo devem cair todos os levantes contra o reino de Deus. Com muitas lágrimas e lamentos, a congregação de St. Stephen viu seu pastor ser arrancado de seu rebanho. Com corações doloridos ouviram suas palavras de despedida. Ele mesmo falando como quem está de luto do que mais deleitava seu coração, sofrendo com alegria a perda de todas as coisas, despediu-se deles e saiu “sem saber aonde ia” . Na coleção Sermões de Despedida, há três sermões do Sr. Watson. Dois foram pregados no dia 17 de agosto e o terceiro na terça-feira seguinte. O primeiro deles, pregado um pouco antes do meio-dia, foi baseado no evangelho de João 13.34: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos ou tros...” . O serm ão enfoca m uito do esp írito do evangelho, particularmente ao recomendar amor aos inimigos e perseguidores. O segundo sermão, pregado à tarde, foi baseado em 2 Coríntios 7.1: “Tendo, pois, ó am ados, tais prom essas, purifiquem o-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” . Na primeira parte do sermão, ele insiste muito nas “ ... ardentes afeições de um bom ministro do evangelho para com seu povo”. Biografia de Thomas Watson 9 10 A fé cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster Watson termina essa primeira parte assim: Eu exerci meu m inistério com vocês por quase dezesseis anos. E me regozijo e agradeço a Deus por não ter o direito de dizer de vocês que quanto mais vos amei, menos fui amado. Recebi muitos sinais que demonstram o amor de vocês. Ao passo que outras igrejas tenham mais membros que a nossa, entretanto, eu acredito que nenhuma tem tão forte afeição. Tenho observado com muita satisfação a reverente atenção que vocês têm à palavra pregada. E esta luz alegra vocês, não por um breve momento, mas até o dia de hoje. Tenho observado em vocês o zelo contra o erro em momentos críticos, e a unidade e a harmonia que vocês têm. Essa é a honra de vocês. Se for necessária uma interrupção de meu ministério nesta igreja, visto que não seja permitido pregar para vós novamente, contudo não deixarei de amá-los e orar por vocês. Porém, por que deve haver alguma interrupção? Onde está o crim e? A lguns, de fato, dizem que som os d eslea is e rebeldes. Amados, minhas atitudes e sofrim entos por Sua Majestade são de conhecim ento de muitos. No entanto, devem os ir para o céu com elogios e críticas. E é bom que possam os chegar à glória, mesmo que lutemos contra baionetas. Eu me esforçarei para ainda mostrar a sinceridade de meu amor por vocês. Não prometerei que outra vez pregarei para essa igreja, nem direi o contrário. Desejo ser guiado pelo fio de prata da Palavra de Deus e sua providência. Meu coração é vosso. Há, como vós sabeis, uma expressão neste último Ato de Uniformidade dizendo: “que possamos, em breve, ser como que naturalmente mortos”. Se eu devo morrer, vou deixar algum legado a vocês. A seguir, deixou uma lista com vinte orientações admiráveis, dignas do exame fervoroso de cada cristão. A conclusão das orientações foi a seguinte: Rogo a vocês que as guardem como as muitas jóias no cofre dos corações. Carreguem-nas por onde forem, serão um antídoto para guardar vocês do pecado e um meio de preservar o zelo da chama da piedade sobre o altar dos corações de vocês. Ainda tenho muito a dizer, mas não sei se Deus me dará outra oportunidade. Minhas forças se extinguem quase de todo. Rogo a vocês que essas coisas produzam uma grande marca em vossas almas. Meditem no que foi dito e o Senhor dará entendimento em todas as coisas. O último discurso, em 19 de agosto, foi baseado em Isaías 3.10,11: “Dizei aos justos que bem lhes irá; porque comerão do fruto das suas ações. Ai do perverso! Mal lhe irá; porque a sua paga será o que as suas próprias mãos fizeram”. Após sua saída, Watson pregou esporadicamente onde pudesse fazê- lo em segurança. Multas e prisões foram insuficientes para fechar a boca das testemunhas de Jesus. Em barracões, cozinhas, casas de fazendas, vales e florestas, os poucos fiéis se reuniam para ouvir a mensagem de vida eterna. Sem dúvida alguma, as pequenas assembléias secretas eram boas ocasiões para as mentes piedosas: a Palavra do Senhor era preciosa naqueles dias. Pão comido em secreto é proverbialmente doce e a Palavra de Deus na perseguição é especialmente deliciosa. Não podemos imaginar a alegria que antecedia aquelas reuniões ou as mem órias inesquecíveis que permaneciam por muito tempo depois que acabavam. Após o grande incêndio de 1666, quando igrejas foram queimadas, o Sr. Watson e outros nâo-conformistas prepararam grandes salas para os que desejavam se reunir. Em um tempo de tolerância, em 1672, ele conseguiu uma licença para usar uma grande sala na Crosby House, no lado leste da rua Bishopsgate, que pertencia a Sir John Langham (um não- conformista). Foi uma circunstância em que o digno nobre favoreceu a causa da não-con form idade e que tão distinta câmara estava à sua disposição. Ali, Watson pregou por vários anos. O Rev. Stephen Chamock, B.D. tomou- se seu pastor auxiliar na Sala Crosby, em 1675, e continuou até sua morte em 1680. Dois ótimos pastores para o rebanho. Homens assim, com dons e graças tão extraordinários, dificilmente, se é que isso ocorreu alguma vez, uniram-se em um único pastorado. Ambos se propuseram a escrever um livro sobre fé cristã, e o volume piedoso sobre Os Atributos Divinos foi a primeira pedra colocada pelo pastor Chamock numa estrutura colossal que conseguiu completar. Watson foi mais modesto na tentativa de escrever, e este volume mostra como teve sucesso. Thomas Watson, depois de um tempo, voltou a Essex, onde morreu repentinamente em seu quarto enquanto orava. Morreu por volta dos anos de 1689 ou 1690. A data de seu nascimento e a de sua morte não são mencionadas em lugar algum. Na b iografia do C oronel Jam es G ard iner há uma citação impressionante: Em julho de 1719, um sábado, ele havia passado o com eço da noite com companhias agradáveis. Dentre elas havia uma senhora casada com quem com binou um encontro am oroso secreto à m eia-noite. A reunião de amigos acabou às 23 horas e então, enquanto aguardava dar meia-noite, foi para seu quarto esperar o tedioso tempo passar. Aconteceu que ele pegou um livro religioso, que sua boa mãe ou tia havia colocado em sua sacola. O livro se chamava O Soldado Cristão, escrito pelo Sr. Watson. Pensando, pelo título, que iria achar algumas frases espiritualizadas de sua profissão que pudessem fazê-lo rir, Biografia de Thomas Watson 11 começou a lê-lo. Enquanto aquele livro estava em suas mãos, uma im pressão veio sobre sua m ente que resultou em uma série de conseqüências muito importantes. De repente, pensou ter visto um brilho incomum de luz cair sobre o livro enquanto o estava lendo e, ao levantar seus olhos, descobriu, para sua perplexidade extrema, que diante dele estava suspensa no ar uma representação de Jesus Cristo na cruz, rodeado de glória. Ficou impressionado como se uma voz lhe dissesse: “Pecador, eu sofri isto por ti e assim me retribuis?” Ele afundou na cadeira e ficou algum tempo sem ação. Então, levantou-se com os sentimentos confusos, andou de um lado para o outro em seu quarto até quase cair pela incomum surpresa e agonia no coração. Isso continuou até outubro do ano seguinte, quando suas ansiedades foram transformadas em alegria indizível. O Sr. Watson publicouvários livros sobre assuntos práticos e úteis, dentre eles podemos citar os mais importantes: Three treatises: 1. The Christians Charter; 2. The Art o f Divine Contentment; 3. A Discourse o f Meditation, ao qual foram acrescentados vários sermões em 1660. Esse volume contém, além dos três tratados, G od’s Anatomy upon Man s Heart, The Saint s Delight, A Christian on Earth still in Heaven, Christ s Loveliness, The Upright Man s Character and Crown, The One Thing Necessary, The Holy Longing', ou, The Saint s Desire to be with Christ, Beatitudes', ou, A Discourse upon part o f Christ’s Famous Sermon upon the Mount, 1660, A Body o f Practical Divinity, etc., além de alguns sermões: A Divine Cordial, The Holy Eucharist, Heaven taken by Storm, etc. Porém, sua obra principal foi A Body o f Divinity,6 uma coleção de 176 sermões sobre o Breve Catecismo da Assembléia de Westminster, que só apareceu depois de sua morte. Esse livro foi publicado em um volume, em 1692, e acompanhava uma descrição do autor feita por Stuart, além de um prefácio recomendatório feito pelo rev. William Lorimer e 25 outros ministros de destaque da época. Por muitos anos, esse volume continuou a ensinar teologia ao povo comum e ainda pode ser encontrado em cabanas pobres da Escócia. O Rev. George Rogers, diretor do The Pastor’s College, foi quem cuidadosamente organizou o lançamento desta edição atual e escreveu uma nota para nós: Não conheço outra obra com tanto material para sermão dentro da mesma área. Em Howe, Chamock e Owen geralmente lemos bastante antes de fechar o livro e elaborar um sermão, mas Watson nos ensina a cortar o caminho. Tudo que diz pode ser usado, por isso, penso, seria uma obra de grande valor para todos os nossos alunos que exercem o ministério pastoral. Foi para benefício deles, suponho, que foi feita a reedição. Vários sermões selecionados, que geralmente são relacionados 12 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster a esta obra, não aparecem aqui, mas aparecerão na obra completa de suas obras na série feita por Nichol. Este é um trabalho distinto e completo em si. Todas as edições existentes que já verificamos estão cheias de erros e imperfeições. Esta edição foi retificada, não inteiramente, mas conforme o esperado. Nenhuma mudança de posição foi feita, mas cada detalhe do que o autor quis dizer foi cautelosamente mantido. O estilo foi modernizado sem que deturpasse suas características. Sentenças longas foram divididas em duas ou três, quando possível, sem ferir a clareza ou força da significação. Palavras obsoletas foram substituídas por m odernas. C itações latinas foram restauradas à forma correta, conforme suas fontes foram confirmadas, e as divisões de assuntos foram organizadas com mais lógica. O todo ficou mais legível e, conseqüentemente, mais atrativo e inteligível, que em nossa opinião sobrepuja todas as supostas vantagens que poderiam se levantar na perpetuação de crueldades e vulgaridades (da linguagem) dos tempos passados conforme parecem agora para nós. Ao se popularizar obras antigas, multiplica-se os leitores de tais obras e suas mensagens podem ser mais rapidamente apreendidas. Biografia de Thomas Watson 13 I. PREÂMBULO FIRMES E FUNDAMENTADOS NA FÉ “ ... se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes...” (Cl 1.23). Considerando que, no próximo domingo, iniciarei uma instrução na doutrina com a igreja, toma-se útil um sermão introdutório para mostrar a vocês quanto é necessário ao cristão ser bem instruído nos fundamentos da religião, “se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes...” . Este sermão está dividido em duas partes: 1. E dever dos cristãos se firm arem na doutrina, e 2. E dever dos cristãos se fundamentarem na doutrina. 1. É dever dos cristãos se firmarem na doutrina É obrigação dos cristãos serem firmes na doutrina da fé. O apóstolo afirma: “Ora, o Deus de toda a graça..., ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar” (1 Pe 5.10). Essas palavras ensinam que os cristãos não devem ser semelhantes aos meteoros no céu, mas como as estrelas fixas. O apóstolo Judas fala sobre “estrelas errantes” (Jd 13). São chamadas estrelas errantes porque, como Aristóteles7 diz: “elas vão para cima e para baixo vagueando por várias partes do céu; e por não serem feitas do mate rial celeste do qual as estrelas fixas são, mas apenas uma emanação dele, essas estrelas geralmente caem na terra”.8 Assim são aqueles que não são firmes na fé. Uma hora ou outra, eles farão como as estrelas cadentes, perderão a firm eza e vaguearão de uma a outra opinião. A girão impetuosamente à semelhança da tribo de Rúben (Gn 49.4); como um navio sem lastro, levado por qualquer vento de doutrina. O francês Leodore Beza (1519-1603), sucessor de Cal vino, escreve sobre Belfectius de quem a religião mudava como a lua. Os arianos,’ por sua vez, a cada ano mudavam a sua fé. Pessoas assim não são pilares no templo de Deus, mas caniços movidos para todas as direções. O apóstolo chama tal atitude de “heresias destruidoras” (2Pe 2.1). Uma pessoa pode ir para o inferno tanto por heresia quanto por adultério. Não ser firme na fé é querer julgamento. Se as mentes deles não fossem volúveis, não mudariam tão rápido de opinião. A razão de tal atitude é a falta de substância. Como penas sopradas para todos os lados, assim também são os cristãos sem fé. Como disse Cipriano:10 “O trigo que não é ajuntado, o vento sopra como palha”. Portanto, são comparados às crianças: “para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro...” (E f 4.14). As crianças são volúveis, às vezes se comportam de um modo e às vezes de outro. Nada lhes agrada por muito tempo. Por isso, cristãos que não são firmes, são infantis. As verdades que abraçam em um momento rejeitam noutro. As vezes gostam da religião protestante, mas logo se agradam dos papistas. /. O propósito da pregação é conduzir à firmeza na religião O grande propósito da pregação da Palavra é conduzir à firmeza na fé. Efésios 4.11,12,14 diz: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo... para que não mais sejamos como meninos...” . A Palavra de Deus é chamada de martelo (Jr 23.29). Cada pancada do martelo serve para firmar os pregos na madeira, assim a palavra do pregador serve para firmar o ouvinte mais e mais em Cristo. Os pregadores se desgastam para fortalecer e firmar o crente. E este é o grande propósito da pregação: não somente iluminar, mas edificar almas; não somente guiar no caminho certo, mas manter no caminho. Então, se você não for firmado, não atingiu o propósito de Deus que concedeu a você a instrução. 2. Firmar-se na fé é uma honra e uma qualidade do cristão Firmar-se na fé é tanto uma honra para os cristãos quanto uma qualidade. E sua qualidade. Quando o leite fica firme, vira nata; o cristão zeloso pela verdade andará em comunhão com Deus. A honra do cristão são as cãs: “Coroa de honra são as cãs, quando se acham no caminho da justiça” (Pv 16.31). É maravilhoso ver um discípulo idoso, ver cabelos prateados enfeitados com virtudes de ouro. 3. Aqueles que não são firmes na f é nunca sofrerão peto reino de Deus Aqueles que não são firmados na fé nunca poderão sofrer por ela. Céticos jamais experimentam o martírio. Aqueles que não estão firmes, estão em suspense. Quando pensam nas alegrias do céu se entregam ao evangelho, mas quando pensam nas perseguições, o abandonam. Cristãos que não são firmes não levam em consideração o que é melhor, mas o que é mais seguro. Tertuliano" diz que “o apóstata parece colocar Deus e Satanás em uma balança e, depois de pesar ambos, prefere servir ao maligno. Proclama-o como o melhor mestre e, neste sentido, ‘expõe Cristo à ignomínia’” (Hb 6.6). Ele nunca sofrerá pelaverdade, mas será como, 16 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster um soldado que deixa sua farda e corre para o lado do inimigo. Lutará do lado do maligno por lucro. 4. Não ser firm e n a fé é provocar a Deus Dar-se à verdade e depois se desviar traz mal-estar sobre o evangelho, e isso não ficará sem punição. “Tomaram atrás e se portaram aleivosamente como seus pais; desviaram-se como um arco enganoso... Deus ouviu isso, e se indignou, e sobremodo se aborreceu de Israel” (SI 78.57,59). O apóstata cai repentinamente na boca do demônio. 5. Não ser firm e na religião impede o crescimento na vida cristã Caso você não seja firme na fé, nunca crescerá. Somos ordenados a crescer “naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4.15). Contudo, se não estamos firmados, não há crescimento: “a planta que é constantemente transplantada, nunca cresce”. Quem não é firme não pode crescer na piedade, como um osso do corpo não pode crescer se estiver fora da junta. 6. Firmar-se na religião para resistir àqueles que tentam nos abalar Há uma grande necessidade de ser firme em razão de tantas coisas que existem para nos abalar. Os sedutores estão por toda parte. E o trabalho deles é afastar as pessoas dos princípios da fé: “Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar” (U o 2.26). Os enganadores são agentes do maligno; são os grandes bandidos que tentam nos tirar da verdade. Eles têm línguas de prata que podem semear coisas más. Eles são astuciosos em induzir ao erro (Ef 4.14). A palavra grega para astúcia, em Efésios 4.14, provém do jogo de dados. Há os que jogam dados e o fazem para vantagem própria. Sedutores são impostores, podem jogar um dado. Podem dissimular e distorcer a verdade enganando os outros. Sedutores enganam pelo uso inteligente das palavras. Romanos 16.18 diz: “ ... com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos”. Eles apresentam frases elegantes, uma linguagem bajuladora com a qual atacam o caráter do mais fraco. Outra astúcia dos sedutores é sua pretensa piedade extraordinária, de maneira que muita gente os admira e corrobora suas doutrinas. Parecem homens zelosos, santos e divinamente inspirados, mas simulam novas revelações. Uma terceira enganação por parte dos sedutores é seu trabalho para difamar e anular mestres da boa ortodoxia. Ofuscam aqueles que trazem a verdade, como a fumaça negra que escurece a luz do céu. Difamam outros para que sejam mais admirados. Assim os falsos mestres depreciaram Paulo, a fim de serem o centro das atenções (G1 4.17). Preâmbulo - f ir m e s e fundamentados na f é 17 A quarta enganação por parte dos sedutores é sua pregação da doutrina da liberdade. Como se o homem estivesse livre da lei moral, da regra e do castigo, e Cristo tenha feito tudo por eles e não precisassem fazer mais nada. Transformam a doutrina da livre graça em uma porta para toda licenciosidade. Outra maneira usada pelos enganadores é o estremecimento dos cristãos por meio da perseguição (2Tm 3.12). O evangelho é uma rosa que não pode ser arrancada sem espinhos. O legado que Cristo deixou em herança é a CRUZ. Enquanto houver o diabo e um homem da iniqüidade no mundo, não espere a isenção de problemas. Muitos são os que caem na hora da perseguição. Apocalipse 12.3,4 fala sobre “um dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas cabeças, sete diademas. A sua cauda arrastava a terça parte das estrelas do céu...” . O dragão vermelho, por seu poder e sutileza, arrastou estrelas, ou destacados mestres, que pareciam brilhar como estrelas no firmamento da igreja. Não estar firmado no bem é o pecado dos demônios (Jd 6). São chamados “estrelas da alva” (Jó 38.7), mas são “estrelas cadentes”. Eram santos, mas mudaram. À semelhança de um navio que naufragou, eles, quando suas velas (corações) se incharam de orgulho, foram derrubados (lTm 3.6). Com a inconstância, os homens imitam anjos caídos. O diabo foi o primeiro apóstata. Os filhos de Sião devem ser como o monte Sião, que não se abala. 2. É dever dos cristãos se fundam entarem na doutrina A segunda proposição ensina que a melhor maneira de os cristãos estarem firmes é se fundamentar bem. O texto bíblico diz: “se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes”. A palavra grega traduzida por alicerçados é uma metáfora que se refere a uma construção cujo alicerce está bem colocado. Assim, os cristãos devem se fundamentar nos pontos essenciais da fé e ter seu alicerce bem colocado. Preciso esclarecer algumas coisas em relação a essa fundamentação. I. Devemos nos fundamentar no conhecimento das coisas elementares Em Hebreus 5.12, o apóstolo12 fala de “princípios elementares dos oráculos de Deus”. Em todas as artes e ciências, na lógica, na física, na matemática, há alguns conhecimentos prévios, algumas regras e princípios que devem necessariamente ser apreendidos para a prática daquelas artes. No estudo teológico, os princípios elementares devem ser os primeiros a ser fundamentados. O conhecimento das bases e dos princípios da fé é muitíssimo útil, por algumas razões que apresentarei agora. i. Essa fundamentação ajuda a servir a Deus adequadamente. Sem o conhecimento dos fundamentos da religião não poderemos servir a Deus 18 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster adequadamente. Nunca poderemos adorar a Deus de maneira aceitável, a menos que o adoremos regularmente. E como podemos fazer isso se somos ignorantes quanto às regras e aos elementos da fé cristã? Devemos oferecer a Deus um “culto racional” (Rm 12.1), mas se não entendemos as bases da fé, como pode ser um culto racional? ii. Essa fundam entação é útil para enriquecer nossa mente. O conhecimento dos fundamentos da fé enriquece muito a mente do cristão. É uma lâmpada para nossos pés, dirige-nos durante todo o curso do Cristianismo, como o olho dirige o corpo. O conhecimento das coisas elementares é uma chave de ouro que abre os principais mistérios da fé. Dá-nos um sistem a com pleto e um corpo da teologia, exatam ente esquematizado em todos os seus delineamentos e cores vivas. Ajuda-nos a entender muitas das dificuldades que ocorrem na leitura da Palavra. Ajuda- nos a desenvolver muitos pontos entrelaçados nas Escrituras. iii. Essa fundamentação nos equipa para resistir aos adversários. Ela nos fornece uma arma em provações. Ela nos equipa com uma armadura resistente, e nos arma para lutar contra os adversários da verdade. iv. Essa fundamentação é a semente da qual a graça é gerada. É a semente da fé (SI 9.10). E a raiz do amor, “... estando vós arraigados e alicerçados em amor” (Ef 3.17). O amor aos princípios leva à formação de um cristão completo. 2. Devemos ser fundamentados para permanecer firmes Buscar nossa fundamentação é a melhor maneira de permanecermos firmes: "... alicerçados e firmes ...”. Uma árvore bem firme deve ser uma árvore bem enraizada, para sermos bem firmes na religião precisamos estar enraizados em seus princípios. Lemos em Plutarco13 sobre um homem que cuidava de um cadáver. O cadáver não ficava em pé. Então aquele homem disse: “E necessário haver alguma coisa por dentro” . Assim, para que possamos ficar em pé em momentos difíceis, deve haver um princípio de conhecimento dentro de nós. Primeiramente, alicerçados e, então, firmes. Para que um navio não vire, é necessário que tenha sua âncora baixada. O conhecimento dos princípios é para a alma como a âncora para o navio: ele a segura firme no meio de ondas vivas do erro, ou dos ventos violentos da perseguição. Primeiramente, alicerçados e, depois, firmes. A p l i c a ç õ e s Primeira aplicação: aí está a razão por que tantas pessoas são instáveis, prontas a abraçar qualquer opinião nova e se vestirem da religião da última moda. A razão é não estarem alicerçadas. Vejam só como o apóstolo Pedro alinha essas duas características ao fazer menção de “ignorantes e instáveis” Preâmbulo - f ir m e s e fundamentados na f é 19 (2Pe 3.16). Da maneira como são ignorantes quanto aos aspectos principais da teologia, são instáveis. Como o corpo não pode ser forte tendo apenas tendões atrofiados, também o cristão que tem falta dos fundamentos do conhecimento não pode ser forte na fé, pois são os tendões que o fortalecem e o firmam em pé. Segunda aplicação: vejam a grande necessidade que há da construção das bases principais da fé por meio da instrução doutrinária, para que a opinião mais fraca possa ser instruída no conhecimento da verdade e fortalecida no amor a ela. Doutrinar é a melhor maneira para alicerçar e firmar as pessoas. Eu temo que muito mais benefícios não são produzidos por meio da pregação pelo fato de os temas principais e os artigos da fé não serem explicados de uma maneira doutrinária. Doutrinar é lançar a base (Hb 6.1). Pregar e não ensinar doutrinariamente é construir sem fundamento. Essa maneira de doutrinar não é uma novidade, ela vem desde os tempos apostólicos. A igreja primitiva tinha suas formas de catecismo, como as seguintes frases pressupõem: um “padrão das sãs palavras” (2Tm 1.13) e “os princípios elementares dos oráculos de Deus” (Hb 5.12). A igreja tinha seus catechumenoi (alunos), como Grócio14 e Erasmo15 observam. Muitos dos pais da igreja, como Fulgêncio, Austin, Teodoreto, Lactâncio e outros, escreveram a favor do ensino doutrinário.16 Deus fez a instrução na fé se suceder muito bem. Assim, lançando as bases da religião de modo doutrinário, os cristãos foram muito bem instruídos e maravilhosamente edificados na fé cristã, a tal ponto de Julião, o apóstata, vendo o grande sucesso da instrução na fé, ter desprezado todas as escolas, bibliotecas e o ensino dos jovens. Por isso, meu propósito é (com a bênção de Deus) começar este trabalho de doutrinamento no próximo dia de Sabbath,* à tarde. Eu farei desse propósito meu maior esforço a fim de lançar as bases e fundamentos da religião de maneira doutrinária. Se eu for impedido de fazê-lo por hom ens, ou levado pela m orte, espero que Deus levante outros trabalhadores da vinha entre vós, que possam aperfeiçoar o trabalho que estou começando agora. 20 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster II. PRIMEIRA PARTE O HOMEM E AS SAGRADAS ESCRITURAS P e r g u n t a s 1 jç 2 A. O _FIM PRINCIPAL DO HOMEM PERGUNTA 1: Qual é o fim principal do homem? RESPOSTA: O fim principal do homem é glorificar a Deus e deleitar- se nele para sempre. Nessa pergunta são apresentadas duas finalidades específicas para a vida: A. A glorificação de Deus, e B J satisfação com Deus. 1. G lorificar a Deus para sempre A Bíblia diz: “para que em todas as coisas seja Deus glorificado” (1 Pe 4.11). A glória de Deus é o fio de prata que deve estar presente em todas as nossas ações: “ ... quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). No mundo natural e nas coisas artificiais, tudo coopera para uma finalidade. Portanto, o homem, sendo uma criatura racional, deve propor uma finalidade para si mesmo, a qual deveria ser exaltar Deus no mundo. A finalidade de sua existência é mais importante que a própria vida. A grande verdade já nos foi apresentada e nos afirma que a finalidade da existência de todo homem deveria ser glorificar a Deus. Glorificar a Deus diz respeito a todas as pessoas da Trindade. Diz respeito a Deus, o Pai, que nos deu vida; Deus, o Filho, que entregou sua vida por nós; e Deus, o Espírito Santo, que produz uma nova vida em nós. Devemos dar glória a toda a Trindade. a. O que é a glória de Deus? Quando falamos da glória de Deus, a melhor abordagem é a seguinte pergunta: o que se entende por glória de Deus? A glória de Deus pode ser considerada de duas maneiras: a glória que Deus tem em si mesmo, a sua glória intrínseca, e a glória que é atribuída a Deus, com a qual suas criaturas se empenham para glorificá-lo. i. A glória intrínseca de Deus. A glória intrínseca de Deus é algo essencial à divindade, assim como a luz o é para o sol. Ele é chamado o “Deus da glória” (At 7.2). A glória é o brilho da deidade, ela é tão natural à divindade que Deus não é Deus sem ela. A honra tributada por suas criaturas não é essencial a seu ser. Um rei é um homem comum quando está sem seus paramentos, sua coroa e suas roupas reais, porém a glória de Deus é parte essencial de seu ser, de maneira que não pode ser Deus sem ela. A própria existência de Deus está posta em sua glória. A glória de Deus não pode receber nenhum acréscimo porque é infinita. E o que Deus é de mais afável, e o que ele não reparte com ninguém. Em suas Escrituras ele diz: A minha glória, não a dou a outrem” (Is 48.11). Deus dá bênçãos temporais a seus filhos como a sabedoria, a riqueza e a honra e ele também proporciona a eles bênçãos espirituais como sua graça, seu amor e o seu céu; mas sua glória essencial ele não compartilha com ninguém. O rei, faraó, deu a José um dos seus anéis e uma corrente de ouro, mas não repartiu com ele seu trono: somente no trono eu serei maior do que tu” (Gn 41.40). Deus fará muito por seu povo, dará a eles a herança, colocará neles uma porção da glória de Cristo, como mediador, mas não repartirá sua glória essencial, assentado em seu “trono” ele “será maior” . ii. A glória tribu tada a Deus. A glória que Deus recebe é a que suas criaturas se empenham para lhe dar. As Escrituras ensinam: “Tributai ao S k n h o r a glória devida ao seu nome” (lC r 16.29); e ainda “ ... glorificai a Deus no vosso corpo” (ICo 6.20). A glória que tributamos a Deus de nada valerá se não exaltarmos seu nome no mundo e não o magnificarmos diante dos outros: “ ... será Cristo engrandecido no meu corpo” (Fp 1.20). b. O que é glorificar a Deus? G lorificar a Deus consiste de quatro atitudes: a. A preciação; b. A doração; c. Afeição; e d. Sujeição. Elas são nossas obrigações para com o reino dos céus. i. Apreciação. Glorificar a Deus é colocá-lo no lugar mais alto de nossos pensamentos e tê-lo em uma venerável estima: “tu, porém, S i-nhor, és o Altíssimo eternamente” (SI 92.8), e “ ... tu és sobremodo elevado acima de todos os deuses” (SI 97.9). Em Deus estão reunidos todos os bens que transmitem admiração e felicidade. Nele há uma constelação de todas as bem-aventuranças. Ele é prima causa, a origem e a fonte do ser, que lança glória sobre a criatura. Glorificamos a Deus quando somos adm iradores dele. Quando admiramos seus atributos, que são os fachos de luz em que a natureza divina se manifesta, e quando admiramos suas promessas, as quais são o pacto da graça e da arca espiritual em que a pérola preciosa está escondida. A obra dos seus dedos (SI 8.3) são os nobres resultados de seu poder e de sua sabedoria na criação do mundo. Glorificar a Deus é ter pensamentos que o 22 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster apreciam; é estimá-lo incomparavelmente; é procurar por diamantes somente nele, a rocha. ii. Adoração. Glorificar a Deus consiste em adoração. “Tributai ao S en h o r a glória devida ao seu nome, adorai o S e n h o r na beleza da santidade” (S I 29.2). A adoração pode ser entendida de dois modos. Primeiramente, pode ser uma reverência civil que conferimos às pessoas de honra. “Então, se levantou Abraão e se inclinou diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete” (Gn 23.7). A piedade não é inimiga da cortesia. Ela pode ser também a adoração que se dá a Deus como sua prerrogativa real: “ inclinaram-se e adoraram o S e n h o r , com o rosto em terra” (Ne 8.6). Deus é muito zeloso quanto a essa adoração divina. E a menina de seus olhos e a pérola de sua coroa. Deus protege sua glória, como fez com a árvore da vida, usando querubins e uma espada flamejante, de maneira que nenhum homem pudesse se aproximar e a violar. A adoração divina deve ser da maneira como Deus mesmo a designou ou, então, será o oferecimento de um fogo estranho (Lv 10.1).Deus mandou Moisés construir um tabemáculo segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte (Ex 25.40). Não poderia deixar nada de fora nem acrescentar nada. Sendo Deus tão exato e atencioso em relação ao lugar de adoração, quanto mais sério em relação à adoração. Certamente, nesse particular, tudo deve ser de acordo com o padrão prescrito em sua Palavra. iii. Afeição. Esta é a parte da glória que oferecemos a Deus, que se considera glorificado quando é amado: “Amarás, pois, o S e n h o r , teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6.5). Manifestamos amor de duas maneiras distintas. Ele pode ser o amor de concupiscência, ou o amor-próprio. Esse é o amor que temos por outra pessoa porque ela nos fez algum bem. Pode-se dizer que um ímpio ama a Deus porque Deus lhe deu uma boa colheita ou uma boa produção de vinho. Isso é, acima de qualquer coisa, amar a bênção de Deus e não amar a Deus. Ele pode ser também o amor que nos faz bem, como o amor entre amigos. Quando amamos a Deus com essa afeição, amamos a Deus de fato. O coração está posto em Deus, como o coração de um homem está posto em seu tesouro. Esse amor é exuberante, não é aplicado como em conta- gotas, mas como uma fonte. Ele é superlativo, ou seja, nós oferecemos a Deus o melhor de nosso amor, “a flor de farinha” do nosso amor. A esposa diz assim: “ ... eu te daria a beber vinho aromático e mosto das minhas romãs” (Ct 8.2). Se a esposa tinha um vinho mais saboroso e mais aromático guardado em sua casa, o esposo deveria usufruir dele. Também Cristo deve participar do melhor de nosso amor. Deve-se amar O fim principal do homem 23 intensa e ardentemente. Verdadeiros santos são serafins, pois queimam de santo amor por Deus. A esposa estava desfalecida de amor, ou “doente de amor” (Ct 2.5). Então, amar a Deus é glorificá-lo. Deus, a melhor de nossas felicidades, deve ter o melhor de nossas afeições. iv. Sujeição. A sujeição acontece quando nos dedicamos a Deus e nos apresentamos prontos para seu serviço. É assim que os anjos no céu o glorificam. Eles esperam diante de seu trono e estão prontos para receber uma missão da parte dele. Por isso, eles são representados pelos querubins com suas asas abertas para mostrar quão rápidos são para obedecer. Glorificamos a Deus quando somos devotados ao seu serviço, quando nossa mente estuda para servi-lo, nossa língua clama por seu serviço e nossas mãos assistem a seus filhos. Os homens sábios que procuraram Cristo não somente dobraram seus joelhos diante dele, mas levaram a ele ouro e mirra (Mt 2.11). Assim, devemos não somente dobrar nossos joelhos e adorar a Deus, mas lhe oferecer o presente de nossa obediência sincera. Glorificamos a Deus quando o servimos livremente e de boa vontade: “teu servo irá e pelejará contra o filisteu” (1 Sm 17.32). Um bom cristão é como o Sol, que além de irradiar calor circula a Terra. Assim, aquele que glorifica a Deus não tem somente suas afeições aquecidas com o amor a Deus, mas também realiza suas obras e se move com vigor na esfera da obediência. c. Por que devemos glorificar a Deus? i. Porque Deus é o doador de nossa vida. Deus nos dá a vida, o salmista diz: “... foi ele quem nos fez...” (SI 100.3). Consideramos um grande ato de bondade alguém poupar nossa vida, então, quão maior é a bondade de Deus que nos dá a vida. Nosso respirar vem dele. Ele nos dá a vida com todo o seu conforto. Ele nos dá saúde, que é o tempero para nosso viver. Ele nos dá o alimento, que é o óleo que abastece a lâmpada da vida. Se tudo que recebemos vem de sua bondade, não seria razoável glorificá-lo? Não deveríamos viver para ele, pois vivemos por meio dele? Como está registrado em Romanos 11.36: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas”. Tudo que temos vem completamente dele, tudo que temos é por meio de sua graça e, portanto, para ele devem ser todas as coisas. E o versículo de Romanos termina assim: “A ele, pois, a glória eternamente. Amém”. Deus não é somente nosso benfeitor, mas a fonte da qual viemos, como os rios que provêm do mar e esvaziam seus prateados cursos d ’água no mar novamente. ii. Porque Deus fez todas as coisas para sua glória. “O S en h o r fez todas as coisas para determinados fins...” (Pv 16.4), isto é, para sua glória. Assim como um rei tem direito de se apropriar de qualquer produção feita 24 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster em seu reino, Deus também se glorificará em todas as coisas. Ele se glorificará nos ímpios; e caso eles não o glorifiquem, Deus se glorificará sobre eles. "... serei glorificado em Faraó...” (Êx 14.17). Porém, Deus criou especialmente os fiéis para sua glória. Eles são instrumentos vivos de seu louvor: “... ao povo que formei para mim, para celebrar o meu louvor” (Is 43.21). É verdade que eles não podem acrescentar nada à sua glória, mas podem exaltá-lo. Também não podem levantá-lo ao céu, mas podem levantá-lo na estima de outros sobre a terra. Deus adotou os santos em sua família e os fez um sacerdócio real, a fim de proclamarem as virtudes daquele que os chamou (1 Pe 2.9). iii. Porque a glória de Deus é valiosa e sublime. A glória de Deus tem seu valor intrínseco e excelso. Ela transcende os pensamentos dos homens e as línguas dos anjos. A glória de Deus é seu tesouro, todas as suas riquezas residem nela, como disse Mica: “Como, pois, me perguntais: Que é o que tens?” (Jz 18.24). A glória de Deus é mais valiosa que o céu e mais valiosa que a salvação da alma de todos os homens. É melhor que os reinos sejam derrubados, os homens e os anjos sejam aniquilados, do que Deus perder uma jóia de sua coroa, um raio de luz de sua glória. iv. Porque todas as cria tu ras glorificam a Deus. Todas as criaturas inferiores e superiores aos homens glorificam a Deus. Diante disso, como podemos ficar imóveis? Toda criação glorificará a Deus, exceto o homem? Se for assim, é uma pena que o homem tenha sido criado. As criaturas inferiores ao homem glorificam a Deus, isto é, as criaturas inanimadas e os céus glorificam a Deus: “Os céus proclamam a glória de Deus” (SI 19.1). A minuciosa construção do céu manifesta a glória de seu Criador. É manifesta no belo firmamento, pintado de azul e tons de azul, no qual o poder e a sabedoria de Deus podem ser vistos claramente. “Os céus proclamam...”, no qual podemos ver a glória de Deus resplandecendo no Sol e cintilando nas estrelas. Observe a atmosfera e os pássaros que gorjeiam suas músicas entoando hinos de louvor a Deus. Cada uma das feras glorifica a Deus: “Os animais do campo me glorificarão” (Is 43.20). As criaturas superiores aos homens glorificam a Deus. Os anjos “são espíritos ministradores” (Hb 1.14). Eles permanecem diante do trono de Deus e apresentam riquezas gloriosas ao tesouro do céu. Certamente, o homem deveria ser muito mais diligente quanto à glória de Deus do que os anjos, pois Deus o honrou acima deles, haja vista que Cristo tomou sobre si a natureza humana e não a dos anjos. Embora, quanto à criação, Deus o tenha feito menor que os anjos (Hb 2.7), quanto à redenção, Deus colocou os homens acima dos anjos. Deus casou o homem consigo mesmo, porém os anjos são amigos de Cristo, não a sua esposa. Cobriu-nos com uma túnica O fim p r incipal do homem 25 púrpura de retidão, que é uma retidão superior à dos anjos (2Co 5.21). Por isso, visto que os anjos glorificam a Deus, muito mais nós, que somos dignificados com honra superior aos espíritos angelicais. v. Porque todas as nossas esperanças dependem dele. Devemos dar glória a Deus porque todas as nossas esperanças dependem dele. O salmista afirma: “Tu és a minha esperança” (SI 39.7) e “ ... porque dele vem a minha esperança” (SI 62.5). Esperamos um reino da parte dele. Uma criança que é de boa natureza honrará seus pais ao esperar tudo o que necessita deles: “Todas as minhas fontes são em ti” (SI 87.7). As fontes prateadas da graça e as fontesdouradas da glória estão nele. d. De quantas maneiras podemos glorificar a Deus? i. Glorifícamos a Deus desejando somente a sua glória. Deus é glorificado quando se busca somente a sua glória. Uma coisa é promover a glória de Deus, outra é desejá-la. Deus deve ser o alvo principal de todas as atitudes. Assim foi com Cristo: Eu não procuro a minha própria glória, mas a glória de quem me enviou (Jo 8.50 e 7.18). O hipócrita observa tendenciosamente, pois olha mais para a própria glória do que para a de Deus. Nosso Salvador, desmascarando essa hipocrisia, faz uma admoestação contra eles: “Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta...” (Mt 6.2). Pois, se um estranho perguntasse o motivo do som da trombeta, a resposta seria: “Darão uma esmola aos pobres” . Com essa atitude, não davam esmolas, mas as vendiam pela honra e o aplauso esperando receber a glória dos homens. A atenção dos homens era o vento que soprava as velas de suas caridades. Realmente “já receberam a recompensa” (Mt 6.2). O hipócrita era aquele que ao fazer a quitação de uma dívida escrevia: “totalmente pago”. Crisóstomo17 diz que a vangloria é uma das melhores redes do diabo para laçar os homens. E Cipriano diz: “A quem Satanás não pôde vencer pela intemperança, venceu-o pelo orgulho e pela vangloria” . E necessário ter muito cuidado com a auto-adoração. Procure somente a glória de Deus. Eis alguns conselhos para esse agir: Primeiro, prefira a glória de Deus acima de todas as outras coisas. Acima do respeito, das posses e dos relacionamentos. Quando a glória de Deus competir com essas coisas, deveremos preferir a glória de Deus. Se relacionam entos se interpuserem em nossa caminhada para o céu deveremos pular sobre eles ou pisá-los. Em casos extremos, é como se um filho deixasse de ser filho ou esquecesse de que é filho de seu pai. Deve-se desconhecer seu pai ou sua mãe na causa de Deus: “ ... aquele que disse a seu pai e à sua mãe: nunca os vi; e não conheceu a seus irmãos” (Dt 33.9). Isto é procurar a glória de Deus. 26 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster Em segundo lugar, procuramos a glória de Deus quando nos alegramos pelo fato de que ela está se realizando, embora se oponha à nossa própria glória. Oraremos assim: sinto-me contente em ser um perdedor se o Senhor for o vencedor; em ter menos riqueza, se tenho mais graça e Deus mais glória. Que seja o alimento ou o sofrimento físico se tu és quem me dás. Desejo, Senhor, o melhor para sua glória. Nosso querido Salvador disse: “ ... não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26.39). Se Deus recebesse glória maior por meio do sofrimento de Jesus, este estaria contente em sofrer. “Pai, glorifica o teu nome” (Jo 12.28). E, por fim, procuramos a glória de Deus quando nos contentamos em que outros brilhem mais do que nós por seus dons e suas honras, para que a glória de Deus cresça. O homem que tem Deus em seu coração e a glória dele como perspectiva deseja a exaltação do Senhor, e, seja essa exaltação por meio de quem for escolhido por Deus para fazê-lo, nela se alegrará. “Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia... Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado... também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei” (Fp 1.15,18). Aqueles falsos mestres pregavam a Cristo por inveja. Eles tiveram inveja de Paulo que reunia multidões. Eles afirmavam ser melhores que Paulo nos dons e afugentaram alguns dos ouvintes dos apóstolos. No entanto, Paulo diz que Cristo foi pregado e Deus recebeu a glória, por isso, se alegra. Que minha luz se apague, se o sol da retidão não brilhar. ii. Glorificamos a Deus confessando sinceram ente nosso pecado. Nós glorificamos a Deus quando fazemos uma confissão sincera de nossos pecados. O ladrão da cruz desonrou a Deus em sua vida, mas em sua morte glorificou a Deus pela confissão do seu pecado: “recebemos o castigo que os nossos atos merecem” (Lc 23.41). Aquele homem reconheceu que merecia não só a crucificação, mas a perdição. “Filho meu, dá glória ao S e n h o r ... e declara-me, agora, o que fizeste; não mo ocultes” (Js 7.19). Uma confissão humilde exalta a Deus. Quanto engrandecimento é atribuído à graça de Deus quando ela honra aqueles que merecem ser condenados. Desculpas e falsidades em relação ao pecado envergonham a Deus. Adão negou que havia experimentado do fruto proibido e, em vez de uma confissão plena, culpou a Deus: “A mulher que me deste por esposa, ela me deu da árvore, e eu comi” (Gn 3.12). Em outras palavras, se você não tivesse me dado essa m ulher para me tentar eu não teria pecado. A confissão glorifica a Deus, porque realça o caráter de Deus, nela se reconhece que ele é santo e reto, faça o que fizer. Neemias defende a retidão de Deus: “tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós” (Ne 9.33). A confissão é sincera quando é voluntária, e não forçada. O filho pródigo O fim principal do homem 27 reconheceu seu pecado diante de seu pai: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lc 15.18). iii. Glorificamos a Deus crendo em sua salvação. Nós glorificamos a Deus pela nossa fé. Abraão “pela fé, se fortaleceu, dando glória a Deus” (Rm 4.20). A incredulidade afronta a Deus, fazendo dele um mentiroso: “Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso” (U o 5.10). Mas, a fé tributa glória a Deus, “certifica que Deus é verdadeiro” (Jo 3.33). Aquele que crê segue em direção à misericórdia e à verdade, como se elas fossem um altar de refúgio. Ele se resguarda nas promessas e confia tudo que tem nas mãos de Deus: “Nas tuas mãos, entrego o meu espírito” (SI 31.5). Essa é uma excelente maneira de dar glória a Deus. Deus honra a fé porque a fé honra a Deus. E uma grande coisa confiar em uma pessoa de todo o coração e colocar vidas e bens em suas mãos; isso é um sinal de que temos grande estima por ele. Três homens glorificaram a Deus ao crer: “Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará...” (Dn 3.17). A fé sabe que não há causas impossíveis para Deus, e confiará nele onde não pode percebê-lo. iv. Glorificamos a Deus cuidando de sua glória. Nós glorificamos a Deus quando somos zelosos por sua glória. Deus estima a sua glória como a menina dos seus olhos. Uma criança inocente chora ao ver uma desgraça acontecida com seu pai: “... as injúrias dos que te ultrajam caem sobre mim” (SI 69.9). É como se fôssemos ultrajados quando ouvimos Deus ser ultrajado e quando a glória de Deus sofre, é como se nós sofrêssemos. Isso é ter cuidado com sua glória. v. Glorificamos a Deus frutificando em seu reino. Nós glorificamos a Deus pela nossa frutificação. “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto” (Jo 15.8). Assim como ser infrutífero desonra a Deus, ser frutífero o honra: “ ... cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus” (Fp 1.11). Não devemos ser como aquela figueira descrita no evangelho, que tinha somente folhas, mas devemos ser como o abacateiro que está constantemente brotando ou amadurecendo e nunca fica sem fruto. Não é somente a profissão de fé que glorifica a Deus, mas os frutos também. Ele espera que o glorifiquemos desta maneira: “Quem planta a vinha e não come do seu fruto?” (ICo 9.7). Arvores na floresta podem ser infrutíferas, mas árvores no pomar são frutíferas. Devemos dar frutos de amor e de boas obras: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as nossas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16). A fé santifica nossas obras e as obras testificam nossa fé. Fazer o bem aos outros, sendo os olhos do cego e os pés do aleijado, glorifica muito a Deus. Assim Cristo glorificou ao seu 28 A f é cristã - Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster Pai: “o qual andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo” (At 10.38). Quando somos frutíferos, somos justos aos olhos de Deus:“ O S en h o r te chamou de oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos” (Jr 11.16). Devemos dar muito fruto, a quantidade de frutos glorifica a Deus: “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto” (Jo 15.8). Temos a figura bíblica em que os seios da esposa são comparados a cachos de uvas para mostrar quão fértil ela era (Ct 7.7). Embora a dispensação mínima da graça nos dê a salvação, ela não tributará alta glória a Deus. Não foi uma fagulha de amor que Cristo confiou a Maria, mas muito amor. “Ela muito amou” (Lc 7.47). vi. Glorificamos a Deus nos contentando com nossas circunstâncias. Nós glorificamos a Deus quando estamos contentes no estado em que sua providência nos colocou. Nós damos glória a Deus por sua sabedoria quando descansamos satisfeitos com o que ele estabeleceu para nós. Assim Paulo glorificou a Deus. O Senhor lançou-o em uma grande quantidade de situações diferentes em relação a qualquer homem, “ ... em prisões;... em perigos de morte...” (2Co 11.23), mesmo assim ele aprendeu a estar contente. Paulo pôde velejar tanto na tempestade quanto na calmaria; podia ser qualquer coisa que Deus quisesse que fosse; até mesmo em fartura ou em necessidade (Fp 4.13). Um bom cristão argumenta assim: “foi Deus quem me colocou nesta posição; ele poderia ter me colocado numa situação mais alta, se quisesse, mas seria uma armadilha para mim. O que ele faz é por sabedoria e por amor, portanto ficarei satisfeito com minha condição”. Certamente, tal atitude glorifica bastante a Deus. Deus fica muito honrado com um cristão assim. Deus diz a respeito deste servo: “Aqui está alguém segundo o meu próprio coração, deixe-me fazer o que eu desejo com ele, eu não ouvirei nenhum murmúrio e ele ficará contente”. Isto mostra abundância de graça. Quando a graça é abundante, não há grande vantagem em se contentar, mas quando a graça se contradiz pelas circunstâncias inconvenientes, então se contentar é algo glorioso. Quando uma pessoa se contenta por estar no céu não causa admiração, mas quando se contenta sob a cruz é uma atitude de um verdadeiro cristão. As necessidades de tal cristão glorificam a Deus, pois ele mostra ao mundo que, embora tenha pouca comida em sua despensa, possui o suficiente em Deus para que o faça contente. Ele diz como Davi: “ O S e n h o r é a porção da minha herança e o meu cálice; tu és o arrimo da minha sorte” (SI 16.5). vii. Glorificamos a Deus desenvolvendo nossa salvação. A glória de Deus e o nosso bem estão intimamente ligados. Nós o glorificamos ao O fim principal do homem 29 promover nossa própria salvação. É uma glória para Deus ter multidões de convertidos. No entanto, o seu desígnio gracioso se destaca e sua misericórdia é glorificada enquanto nós desenvolvemos a nossa salvação, visto que estamos honrando a Deus. Quão grande encorajamento é servir a Deus sabendo que, enquanto ouvimos a Deus e oramos, glorificamos a ele. Enquanto estou promovendo minha própria glória no céu, estou aumentando a glória de Deus. Seria um encorajamento para alguém ouvir seu príncipe dizer assim: “você me honrará e agradará muito se for para aquela mina de ouro e cavar o máximo de ouro que puder levar”. E Deus diz: “vá até as ordenanças e pegue o máximo de graça que puder, cave o máximo de salvação que puder e quanto mais feliz você estiver, mais eu ficarei glorificado”. viii. G lorificam os a Deus vivendo som ente para ele. Nós glorificamos a Deus quando vivemos para ele. O apóstolo diz: “E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Co 5.15). “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos” (Rm 14.8). O mamonita vive para seu dinheiro, o epicurista vive para sua barriga. O propósito da vida de um pecador é satisfazer o desejo da carne. Nós, porém, glorificamos a Deus quando vivemos para ele. Vivemos para Deus quando vivemos para servi-lo e nos oferecemos totalmente a ele. O Senhor nos enviou ao mundo como um mercador envia seu agente além dos mares para negociar em seu lugar. Vivemos para Deus quando agenciamos seus interesses e propagamos seu evangelho. Deus deu um talento para cada homem e quando alguém não o embrulha e guarda, mas o desenvolve para Deus, esse alguém vive para ele. Quando um mestre em uma família, pelo conselho e o bom exemplo, trabalha para levar seus servos a Cristo; quando um ministro se desgasta para ganhar almas para Cristo e fazer que a coroa floresça sobre a cabeça de Cristo; quando o magistrado não usa a espada em vão, mas trabalha para eliminar o pecado e suprimir o vício; isto é viver para Deus e glorificá-lo: “também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte” (Fp 1.20). Paulo tinha três desejos e eram todos a respeito de Cristo. Que ele pudesse ser encontrado em Cristo, estar com Cristo e magnificar Cristo. ix. Glorificamos a Deus andando em alegria. Nós glorificamos a Deus quando andamos em alegria. Deus é glorificado quando o mundo vê um cristão que tem algo em seu interior, que pode fazê-lo alegre nos piores momentos; que pode capacitá-lo à semelhança de um rouxinol que canta mesmo com um espinho em seu peito. 30 A f é crista — Estudos baseados no Breve Catecismo de Westminster O povo de Deus possui uma fundamentação para sua alegria. Ele é justificado e adotado, e essa graça produz paz interior e faz brotar música dele quaisquer que sejam as tempestades (2Co 1.4; ITs 1.6). Há fundamento para uma grande alegria se levarmos em consideração o que Cristo realizou por nós com seu sangue e executou em nós por meio de seu Espírito. E essa alegria glorifica a Deus. Quando o servo está desanimado e triste sua insatisfação recai sobre o seu mestre. Quer dizer que o servo tem sido tratado de maneira dura e seu mestre não lhe dá o que é apropriado. Da mesma maneira, quando o povo de Deus anda cabisbaixo, demonstra que não serve a um Deus bom, ou está arrependido de servi-lo, o que desonra a Deus. Assim como os pecados do ímpio trazem escândalo ao evangelho, também a tristeza do filho de Deus: “Servi ao S en h o r com alegria” (S I 100.2). Servir a ele não o glorifica, a menos que seja com alegria. Uma aparência alegre do cristão glorifica a Deus. A religião não elimina nossa alegria, mas a refina. Não quebra nossa harpa, mas a afina e faz a música mais doce. x. Glorificamos a Deus defendendo suas verdades. Nós glorificamos a Deus quando defendemos suas verdades. Muito da glória de Deus está em sua verdade. Deus nos confiou sua verdade como um mestre confia ao seu servo sua bolsa de dinheiro para guardá-la. Não temos uma jóia mais cara para confiar a Deus do que nossas almas, nem Deus tem uma jóia mais cara para confiar a nós do que sua verdade. A verdade é uma luz brilhante que vem de Deus. Muito de sua glória está em sua verdade. Quando somos defensores da verdade glorificamos a Deus: “ ... exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). A palavra grega “batalhar” significa uma grande contenda pela própria terra, como alguém que luta por sua terra buscando os direitos para que ela não lhe seja tomada; assim deveríamos lutar pela verdade. Se houvesse mais dessa santa batalha, Deus teria mais glória. Alguns lutam com muita intensidade por bagatelas e cerimônias, mas não pela verdade. Deveríamos considerar aquele que luta mais por uma fábula do que por sua herança, por uma caixa de moedas do que por seu próprio nome, como alguém imprudente. xi. Glorificamos a Deus louvando seu nome. Nós glorificamos a Deus quando louvamos seu nome. A doxologia ou o louvor é uma obra que exalta a Deus: “O que me oferece sacrifício de ações de graças, esse me glorificará” (S I 50.23). As palavras hebraicas bara (criar) e barak (louvar) são bem semelhantes porque a finalidade da criação é louvar a Deus. Davi foi chamado o doce cantor de Israel e seu louvor a Deus foi chamado glorificação
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