Prévia do material em texto
EX���ÍCI� - TÓPI��� �VA�ÇAD�� 1) Considerando o Código Civil e a Lei n° 13.874/2019, que instituiu a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, analise as proposições abaixo, informando se estão corretas ou erradas e explicando/fundamentando: a) A Lei n° 13.874/2019 alterou as disposições contidas no artigo 50 do Código Civil relacionadas à desconsideração da personalidade jurídica, para permiti-la apenas quando os administradores ou sócios da pessoa jurídica sejam beneficiados diretamente pelo abuso. b) Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 2) Explique a desconsideração inversa da personalidade jurídica. 3) Fale sobre a Análise Econômica do Direito e trace conexões com o art. 421-A, III, do Código Civil. 4) Explique, de acordo com o Código Civil, as principais diferenças entre a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada e a Sociedade Limitada Unipessoal. RESPOSTAS: 1- A) ERRADA. De acordo com o art. 50 do Código Civil, “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”. Ou seja, o erro está em afirmar que a desconsideração da personalidade jurídica apenas se dará nos casos em que os administradores ou sócios da pessoa jurídica em questão, sejam beneficiados diretamente pelo abuso, uma vez que o juiz poderá desconsiderá-la até mesmo quando beneficiarem-se indiretamente. B) CORRETA. Esta definição está presente no art. 50, §2° do Código Civil, onde:” Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e, III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial”. 2- Seguindo a linha de raciocínio da desconsideração “comum” da personalidade jurídica, que é caracterizada pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, que faz estender obrigações aos bens particulares dos sócios ou administradores que foram beneficiados direta ou indiretamente por tal abuso, a desconsideração inversa da personalidade jurídica ocorre quando permite-se que a pessoa jurídica responda pelas obrigações pessoais dos sócios ou administradores. Dessa forma, conforme entendimento do STJ, há a possibilidade de ser atingido os bens da pessoa jurídica/sociedade, em detrimento de dívidas contraídas pelo sócio controlador, ou seja, tal permissão levaria à desconsideração inversa da personalidade jurídica, desde que atendidos os requisitos previstos na norma. Nesse caso, temos como exemplo o (a) cônjuge controlador(a), que vale-se da pessoa jurídica por ele controlada para a ocultação ou desvio de bens pessoais, causando prejuízo ao outro cônjuge. Assim, de acordo com o Enunciado 283 das Jornadas de Direito Civil: “é cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros”. 3- Levando em consideração que a Análise Econômica do Direito (AED) visa a utilização de técnicas de estudo das consequências econômicas do Direito, analisando as normas legais de forma a promover a eficiência, esta é de extrema importância não só no Direito Contratual, mas principalmente nele. Sendo assim, conforme redação do art. 421-A, em específico o seu inciso III, os contratos devem sempre cumprir de forma eficiente a sua função econômica, porém as partes possuem liberdade para contratar, de forma que haja pouca ou nenhuma intervenção estatal. Assim, podemos dizer que a economicidade do contrato encontra-se prevista neste mesmo inciso III, do mencionado dispositivo, relacionando-se também com o art. 421, parágrafo único, uma vez que prevalece a excepcionalidade da revisão contratual e o princípio da intervenção mínima. Nesse caso, é possível percebermos a relação entre a AED e o art. 421-A, III, fato que esta aplica-se a todos os ramos do Direito, não somente ao empresarial; visando, nesse caso, a diminuição do dirigismo contratual (intervenção estatal), especialmente nos contratos empresariais. 4- De acordo com o art. 980-A e §2°, que trata sobre a EIRELI e o art. 1.052, que trata da Sociedade Limitada Unipessoal, ambos do Código Civil: as principais diferenças entre elas, está no fato de que tratando-se de EIRELI, há necessidade de capital social de no mínimo 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País, para que seja constituída, bem como a impossibilidade de a pessoa natural somente poder figurar em uma única empresa dessa modalidade. Com base nisso, a Sociedade Limitada Unipessoal diferencia-se da EIRELI pelos motivos expostos anteriormente, tendo em vista que não possui nenhuma dessas “atribuições”, ou seja, não há valor mínimo de capital social, nem impedimento quanto à pessoa natural constituir mais de uma sociedade.