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Resumo de fosofia pro CF

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[00:32, 24/06/2021] Juliana: Lista de leitura 
 
Detalhe da pintura Combate do carnaval e da quaresma (1559), de Pieter 
 
Bruegel, o Velho. 
 
Pieter Bruegel (c. 1525-1569), pintor flamengo, é conhecido pela perspicácia com que 
representa os costumes populares, retratando o pe ríodo do final da Idade Média e início da 
Renascença. A tela Combate do carnaval e da quaresma é repleta de cenas que representam 
situações as mais variadas, dentre as quais selecionamos este significativo detalhe: no lado 
esquerdo, o símbolo do carnaval, e no direito, o da quaresma. 
 
• Carnaval, festa profana, significa "despedida da carne", tanto no sen tido literal como 
referente ao sexo. Ele caracteriza-se pelo excesso, gula, abundância, estimulação dos sentidos, 
do prazer, da vida. 
 
No quadro, o carnaval é representado por um homem gordo, mon tado em um barril de 
bebida, tendo sobre a cabeça uma torta e na mão um espeto com uma cabeça de porco. A 
caracterização dessa figura representa os excessos. 
 
Quaresma é o período de 40 dias que antecede a páscoa, principal ce lebração do cristianismo. 
Ela inicia-se na quarta-feira de cinzas após o carnaval. Na tela, a quaresma é representada por 
uma mulher magra, pálida, vestida de cinza, e tem uma colmeia como chapéu. A colmeia 
representa a comunidade ordeira das abelhas; ao mel atribuia-se o poder de "limpar os 
pecados"; na ponta da vara que segura em riste, como se fosse lutar, encontram-se dois 
arenques secos; enquanto é puxada por dois religiosos- uma freira e um padre-, crianças ao 
seu redor tocam matraca, instrumento de madeira que produz um som seco, apropriado para 
tempos de tristeza e recolhimento. A caracterização da figura lembra o comedimento, o 
controle dos desejos, a melancolia, a penitência, o jejum, a abstinência, a morte. 
 
Essa alegoria nos faz refletir sobre os dilemas que cercam nossa conduta. Como devemos agir? 
E perguntamos: não seria possível pensar na moral como algo diferente do "combate" entre o 
excesso e a falta, o gozo desmedido e a extrema contenção dos sentidos? 
 
 
 
2º página 
 
Os valores 
 
Constantemente avaliamos pessoas, coisas e situações: "Esta caneta é ruim, pois falha muito"; 
"Esta moça é atraente": "Acho que João agiu mal não ajudando você": "Prefiro comprar este, 
que é mais barato". 
 
Afirmações como essas referem-se a: 
 
juízos de realidade, quando consideramos o fato 
 
de que a caneta e a moça existem; 
 
juízos de valor, quando lhes atribuímos uma qua lidade que mobiliza nossa atração ou repulsa. 
 
Observe que nos exemplos destacamos valores de utilidade (útil ou inútil), de beleza (belo ou 
feio), morais (bom ou mau) e econômicos (caro ou bara to). Desse modo, os valores podem ser 
utilitários, estéticos, éticos, econômicos, e outros podem ser lógicos (verdadeiro ou falso), 
religiosos (sagrado ou profano) etc. 
 
Mas o que são valores? Embora a temática dos valores seja tão antiga quanto a humanidade, 
só no século XIX surgiu a teoria dos valores ou axiologia. A axiologia não se ocupa do ser (como 
a metafisica), mas do dever ser, das relações entre os seres e o sujeito que os avalia. 
 
Os seres-sejam eles coisas inertes, seres vivos ou ideias-mobilizam nossa afetividade por 
atração ou por repulsa. Portanto, algo possui valor quando não nos deixa indiferentes. É nesse 
sentido que García Morente diz: 
García Morente diz: 
 
Os valores não são, mas valem. Uma coisa é valor e outra coisa é ser. Quando dizemos de algo 
que vale, não dizemos nada do seu ser, mas dizemos que não é indiferente. A não indiferença 
constitui esta variedade ontológica que contra põe o valor ao ser. A não indiferença é a 
essência do valer. 
 
Em um primeiro momento, os valores são herda dos. Ao nascermos, o mundo cultural é um 
sistema de significados já estabelecido, de tal modo que aprendemos desde cedo como nos 
comportar à mesa, na rua, diante de estranhos, como, quando e quanto falar em 
determinadas circunstâncias; como andar, correr, brincar; como cobrir o corpo e quando 
desnudá-lo; como apreciar a beleza ou a feiura; quais são nossos direitos e deveres. Con forme 
atendemos ou transgredimos os padrões,os comportamentos são avaliados como bons ou 
maus, seja do ponto de vista ético, estético, reli gioso etc. 
 
Segundo a valoração, as pessoas podem: achar bonito ou feio o desenho que acabamos de 
fazer; criticar-nos por não termos cedido lugar a uma pessoa mais velha; considerar bom o 
preço que pa gamos por uma mercadoria; elogiar-nos por manter a palavra dada. Nós próprios 
nos alegramos ou nos arrependemos por nossas ações. Isso significa que o resultado de nossos 
atos está sujeito à sanção em intensidades variadas: a crítica de um amigo, "aquele" olhar da 
mãe, a indignação ou até a coerção fisica, quando alguém impede pela força que outro seja 
espancado. 
 
Embora haja diversos tipos de valores, vamos considerar neste capítulo apenas os valores 
éticos ou morais. 
 
3 página 
 
29 Moral e ética 
 
O que é ser moral? Para que ser moral? As res postas a essas duas questões são cruciais para 
orien tarmos nossa conduta em relação aos outros e a nós mesmos. O que entendemos por 
"bem" ou por "mal" pode definir que tipo de pessoa queremos ser e que compromisso temos 
com os valores éticos e morais. 
 
Vejamos por quê. 
 
Os conceitos de moral e ética, ainda que dife rentes, são com frequência usados como 
sinônimos. Podemos estabelecer algumas diferenças entre eles, embora essas definições 
variem conforme o filósofo. 
 
Moral é o conjunto de regras que determinam o comportamento dos indivíduos em um grupo 
social. Em um primeiro momento, o sujeito moral é o que age bem ou mal na medida em que 
acata ou transgride as regras morais admitidas em de terminada época ou por um grupo de 
pessoas. No entanto, essa definição é incompleta, por isso mais adiante voltaremos a ela para 
complementá-la. A moral refere-se à ação moral concreta, quando nos perguntamos: o que 
devo fazer? Como devo agir em determinada situação? O que é certo? O que é condenável? 
 
Ética ou filosofia moral é a reflexão sobre as noções e principios que fundamentam a vida 
moral. Esses princípios e noções dependem da concepção de ser humano tomada como ponto 
de partida. Por exemplo, à pergunta "O que são o bem e o mal?", respondemos 
diferentemente caso o fundamento da moral esteja na ordem cósmica, na vontade de Deus ou 
em nenhuma ordem exteripe à própria consciência humana. 
Do ponto de vista da ética, podemos ainda per guntar: há uma hierarquia de valores a 
obedecer? Se houver, o bem supremo a felicidade? O prazer? A utilidade? O dever? A justiça? 
Igualmente, é possível questionar: os valores são essências? Têm conteúdo determinado, 
universal, válido em todos os tempos e lugares? Ou, ao contrário, são relativos: "Verdade 
aquém dos Pireneus, erro além", como criticava Pascal? Haveria possibilidade de superação 
das po sições contraditórias do universalismo e do relativis mo? Voltaremos a esse assunto no 
final do capítulo. 
 
3 Caráter histórico e social da moral 
 
Em um primeiro momento, herdamos os valores morais. Ao nascermos, o mundo cultural é um 
siste ma de significados já estabelecido, de tal modo que aprendemos desde cedo as regras de 
comportamento. Existe, portanto, uma moral constituída, segundo re gras que nos permitem 
distinguir o ato moral do imoral. 
 
As normas morais variam conforme o tempo e o lugar, bem como dependem das formas de 
relacio namento e das práticas de trabalho. À medida que as relações se alteram, ocorrem 
modificações nas normas de comportamento coletivo. Essas mudanças eram mais lentas 
antigamente, mas foram se ace erando a partir da segunda metade do século XX. 
 
Dever e liberdade 
 
Dissemos que a moral é o con junto de regras que orientam o Immanuel Kant. comportamento 
dos individuos de um grupo. No entanto, é preciso acrescentar que a moral dependeda livre e 
consciente aceitação das normas. À exte rioridade da moral, contrapõe-se a necessidade da 
adesão mais íntima. É assim que saímos do mundo infantil para nos tornarmos adultos. 
 
A ampliação do grau de consciência e de li berdade, e, portanto, de responsabilidade pessoal 
no comportamento moral, introduz um elemento contraditório entre a norma vigente e a 
escolha pessoal. Se aceitarmos unicamente o caráter social da moral, o ato moral reduz-se ao 
cumprimento da norma estabelecida e de valores dados e não discu tidos. Nessa perspectiva, a 
educação moral visaria apenas a inculcar nas pessoas a correta observância das regras e o 
temor de sanções decorrentes de seu descumprimento. 
 
Por sua vez, aceitar como predominante a in terrogação do indivíduo que apenas tem em vista 
seus próprios interesses destrói a moral. O ser humano não é um Robinson Crusoé em uma 
ilha deserta, mas "com-vive" com as outras pessoas, e qualquer ato seu compromete os que o 
cercam. Cabe ao sujeito moral viver as contradições entre dois polos: o social e o pessoal, a 
tradição e a inovação. Não há como optar por apenas um des ses aspectos, porque ambos 
constituem o próprio tecido da moral. 
 
Dizendo de outro modo, também a decisão vo luntária cria um dever ser que resulta da 
consciência da obrigação moral. Nesse caso, o dever moral não se cumpre por imposição 
externa, mas conforme a norma livremente assumida. Eis al por que o ato moral autônomo 
pressupõe ao mesmo tempo dever e liberdade. 
 
Essa flexibilidade não deve ser interpretada como defesa do relativismo, em que todas as 
formas de conduta são aceitas insistentemente. O professor José Artur gianotti expressa: 
 
Os direitos do homem, tais como em geral têm sido enunciados a partir do século XVIII, 
estipulam condições mínimas do exercício da moralidade. Por certo, cada um não deixará de 
aferrar-se à sua moral; deve, entretanto, aprender a conviver com outras, reconhecer a 
unilateralidade de seu ponto de vista. E com isto está obedecendo à sua própria moral de uma 
maneira especialíssima, to mando os imperativos categóricos dela como um momento 
particular do exercício humano de julgar moralmente. Desse modo, a moral do bandido e a do 
ladrão tornam-se repreensíveis do ponto de vista da moralidade pública, pois violam o 
princípio da 
tolerância e atingem direitos humanos fundamentais. 
[00:37, 24/06/2021] Juliana: Compromisso moral 
 
O ato moral provoca efeitos não só na pessoa que age, mas naqueles que a cercam e na 
própria sociedade em sua totalidade. Para ser moral, um ato deve ser livre, consciente, 
intencional, mas também solidário. O ato moral supõe a solidariedade e a re ciprocidade com 
aqueles com os quais nos compro metemos. O compromisso assumido não é superficial e 
exterior, mas revela-se como uma "promessa" pela qual nos vinculamos à comunidade. 
 
Dessas caracteristicas decorre a exigência da responsabilidade. Responsável é a pessoa cons 
ciente e livre que assume a autoria dos seus atos, reconhece-os como seus e responde pelas 
conse quências deles. 
 
A responsabilidade cria um dever: o comporta mento moral, por ser consciente, livre e 
responsável, é também obrigatório. A natureza da obrigatoriedade moral, porém, não está na 
exterioridade, porque depende apenas do próprio sujeito que impõe a si mesmo o 
cumprimento da norma. Pode parecer paradoxal, mas a obediência à lei livremente esco lhida 
não é coerção: ao contrário, é liberdade. Como juiz interno, a consciência moral avalia a 
situação, consulta as normas estabelecidas, interioriza-as como suas ou as recusa. Ao tomar 
decisões e julgar seus próprios atos, o compromisso humano torna a obediência uma decisão 
livremente assumida. 
 
No entanto, por sermos realmente livres, o compromisso não exclui a desobediência: podemos 
transgredir a norma, mesmo aquela que nós escolhe mos respeitar. E, se a desrespeitamos, 
esse ato será reconhecido como imoral por nós mesmos. 
 
 
4 pagina 
 
Para refletir 
 
Em sua obra A República, Platão relata a lenda sobre um anel que tornaria invisível quem 
conseguisse virar o engaste para dentro. Foi o que teria acontecido ao pastor Giges, que vivia a 
serviço do rei da Lídia. Após ter se salvado de um terremoto, ele retirou de um cadáver o 
referido anel. Ao perceber que podia ficar invisível quando quisesse, entrou no castelo, 
seduziu a rainha, tramou com ela a morte do rei e obteve o poder. 
 
Esse mito nos faz pensar sobre os motivos que estimulam ou coíbem uma ação. Se pudesse 
ficar invisível em uma loja, você roubaria um celular, por exemplo? Ou o que seria 
determinante para que, mesmo invisivel, você não roubasse? 
 
6 
 
* A bússola e a balança* 
 
Veja a seguir a tira de Minduim, personagem de Charles Schulz, e leia a legenda. 
 
A tira nos faz pensar que, mesmo quando sabemos qual seria a conduta mais adequada em 
determinada circunstância, podemos não cumpri-la, seja ela dada pela cultura, seja expressão 
de nossa própria con vicção. Isso se deve ao fato de que, ao pesarmos os prós e os contras de 
cada ação, o fazemos não apenas com a razão, mas também com nossos sentimentos e 
emoções. A metáfora da bússola e da balança nos ajudará a compreender aspectos 
psicológicos rele vantes de nossas escolhas morais. 
 
A bússola 
 
A bússola real indica o norte e permite que não nos percamos. Já a metáfora da bússola indica 
o que nos "norteia" na direção do que deve ser feito no plano moral. Só isso basta? Nem 
sempre. 
Suponha que alguém possui uma bússola in terna e está consciente do que deve ou não ser 
feito, mas se pergunte: "Por que devo agir moral mente se isso pode ferir meus interesses 
pessoais?" Para essa resposta, precisamos de outra imagem, a da balança. 
 
A balança 
 
A balança real pesa alguma coisa concreta. Uma balança metafórica remete ao ato de avaliar 
"pesos" diferentes a fim de resolver como agir. Suponha que o gerente de pessoal de uma 
empresa, ao exami nar os testes e as entrevistas dos candidatos a um emprego, fique em 
dúvida entre dois pretendentes: um deles saiu-se muito bem na avaliação e tem longa 
experiência na função; o outro não é de todo ruim, até pode vir a melhorar, mas é inferior ao 
primeiro. 
 
A dúvida sobre qual escolher deve-se ao fato de que o segundo é cunhado de um grande 
amigo seu, por quem fora recomendado. E agora? Ele sabe que o justo seria admitir o mais 
competente, tanto pelo merecimento do candidato como pelo interesse da empresa. Mas o 
gerente escolhe o cunhado do amigo. O que aconteceu? Em um prato da balança está o ponto 
de vista da moral: o que é mais justo. No outro, o que pesou mais para o gerente: suas 
relações pessoais. 
 
Os exemplos podem estender-se para outros similares, como deixar de contratar alguém por 
ser mulher, negro ou homossexual, entre outros tipos de discriminação. São inúmeros os 
motivos que levam as pessoas a escolher com base no egoísmo, ou a se omitir, quando 
deveriam agir: "Isso não me diz respeito": "Não quero me envolver": "Estou com sono": 
"Tenho medo". 
[00:38, 24/06/2021] Juliana: Suponha que alguém possui uma bússola in terna e está 
consciente do que deve ou não ser feito, mas se pergunte: "Por que devo agir moral mente se 
isso pode ferir meus interesses pessoais?" Para essa resposta, precisamos de outra imagem, a 
da balança. 
 
A balança 
 
A balança real pesa alguma coisa concreta. Uma balança metafórica remete ao ato de avaliar 
"pesos" diferentes a fim de resolver como agir. Suponha que o gerente de pessoal de uma 
empresa, ao exami nar os testes e as entrevistas dos candidatos a um emprego, fique em 
dúvida entre dois pretendentes: um deles saiu-se muito bem na avaliação e tem longa 
experiência na função; o outro não é de todo ruim, até pode vir a melhorar, mas é inferior ao 
primeiro. 
 
A dúvida sobre qual escolher deve-se ao fato de que o segundo é cunhado de um grande 
amigo seu, porquem fora recomendado. E agora? Ele sabe que o justo seria admitir o mais 
competente, tanto pelo merecimento do candidato como pelo interesse da empresa. Mas o 
gerente escolhe o cunhado do amigo. O que aconteceu? Em um prato da balança está o ponto 
de vista da moral: o que é mais justo. No outro, o que pesou mais para o gerente: suas 
relações pessoais. 
 
Os exemplos podem estender-se para outros similares, como deixar de contratar alguém por 
ser mulher, negro ou homossexual, entre outros tipos de discriminação. São inúmeros os 
motivos que levam as pessoas a escolher com base no egoísmo, ou a se omitir, quando 
deveriam agir: "Isso não me diz respeito"; "Não quero me envolver"; "Estou com sono": 
"Tenho medo". 
[00:39, 24/06/2021] Juliana: Valores: relativos ou absolutos? 
 
Considerando o que vimos até aqui, alguém poderia estar tomado por uma dúvida: se os 
valores mudam com o tempo e o lugar, seriam eles relativos e não absolutos? E se eles nos 
afetam, não nos dei xando indiferentes, mas, ao contrário, mobilizam-nos em direção ao que 
desejamos, seriam eles subjetivos e não objetivos e universais? 
 
Vejamos como alguns pensadores abordaram as questões do valor. Haviamos afirmado no 
início que a axiologia ou teoria dos valores tornou-se autônoma apenas no século XIX. Isso não 
significa que antes os valores não despertassem interesse, mas que essa discussão era 
metafisica, limitada a investigar em que medida os seres têm um valor, ou seja, a discussão 
não estava focada no que é valor propriamente dito. 
 
Assim, Platão se referia ao mundo das ideias, modelo no qual a realidade concreta se espelha. 
Para ele, haveria o bem em si, o belo em si e o verdadeiro em si, com os quais reconhecemos 
quando as ações são boas, quando há beleza no que fabricamos/faze mos ou quando uma 
afirmação é verdadeira. 
 
Aristóteles também privilegiava a metafisica ao conceber a natureza como um processo em 
que todos os seres buscam atualizar no sentido de tornar atual-aquilo que são em potência, 
visando à plena realização das virtualidades inerentes a cada natureza. Espera-se de uma 
semente que realize a potência que existe nela para tornar-se planta, e do ser humano que 
cumpra sua natureza racional, isto é, que viva de acordo com a razão. 
 
Como para os filósofos clássicos os valores se fundamentam na metafisica, conclui-se que os 
valores são universais e absolutos, existem em si, independentemente do sujeito que avalia. É 
bem verdade que, ao lado dessa tradição, sempre houve posições favoráveis aos relativistas e 
aos céticos, 
[00:39, 24/06/2021] Juliana: como os sofistas Gorgias e Protágoras, ou o francês Montaigne, 
no século XVI, cuja tolerância com a diversidade revelava certo ceticismo. 
 
No século XVIII, o escocês David Hume assumiu posição inovadora, aproximando-se do 
relativismo e do ceticismo ao teorizar sobre a moral do sentimento, segundo a qual são as 
paixões que determinam a vontade, e não a razão. Além dessa avaliação ética, do ponto de 
vista da teoria do conhecimento, o filósofo se declarava um cético, o que o levou a reduzir as 
certezas a simples probabilidades. 
 
As criticas à metafisica foram ampliadas no mesmo século por Immanuel Kant, principal 
representante do lluminismo alemão. Ao afirmar que não podemos conhecer o ser profundo 
das coisas, concluiu pela in capacidade da razão de ter acesso à metafisica. Como 
consequência, se o ser não é mais o fundamento das nossas apreciações, cabe ao sujeito 
assumir o peso e a responsabilidade dos seus valores. É bem verdade que Kant não se referia a 
um sujeito individual, mas ao sujeito universal, que ele chama sujeito transcendental, capaz de 
autonomia, de julgar ao fazer juízos estéticos e morals. Dessa maneira, a filosofia kantiana 
preparou o campo para as discussões axiológicas contemporâneas. 
 
A influência de Nietzsche foi marcante para a demolição de antigas crenças, ao considerar a es 
cala de valores aceita como resultado do hábito e, sobretudo, como herança da tradição cristã. 
Para ele, a humildade, a caridade, a resignação, a piedade são valores dos fracos e vencidos, 
próprios de uma "mo ral de escravos", intimamente ligada às necessidades dos que vivem em 
rebanho. Ao indagar sobre o "valor dos valores", Nietzsche propôs a "transvaloração dos 
valores", concluindo que eles não existiram desde sempre. Ao contrário, os valores foram 
criados, por tanto são "humanos, demasiado humanos". 
 
A essa altura, pode-se perguntar se todas essas discussões não deslizam para o relativismo 
moral, dúvida que se acentua ao examinarmos o conceito de contingência, presente no 
pensamento pós-moderno. 
 
Para saber mais 
 
Os principals filósofos que se ocuparam de inicio com a filosofia dos valores, ou axiologia, 
embora per tencessem a orientações bastante diferentes entre si, foram Rudolf Lotze, Franz 
Brentano, Christian von Ehrenfels, Nicolal Hartmann, Max Scheler, Friedrich Nietzsche, entre 
outros. 
[00:41, 24/06/2021] Juliana: 7 pagina 
É possível a fundamentação ética? 
 
A recusa dos valores dados como eternos e imu táveis pode não significar relativismo, desde 
que estejamos dispostos a examinar os fundamentos da moral. Antes, porém, lembramos que 
o termo fundamentação não se confunde, aqui, com o fun dacionismo metafisico entendido 
como adesão a verdades eternas e valores absolutos de caráter re ligioso, político ou filosófico. 
Ao mesmo tempo, não se trata de afirmar que essa fundamentação possa decorrer apenas de 
juízos subjetivos, o que banali zaria a ética e até a destruiria, já que ela pressupõe o 
reconhecimento da alteridade, um "outro-eu". 
 
Fundamentar significa argumentar, justificar, dar as razões pelas quais vale a pena aderir a 
determina dos valores e não a outros; ou então, indo mais fundo na indagação, perguntar-se 
por que motivo deve haver uma moral em todo agrupamento humano; e por que é importante 
fazer juízos de valor, ao aprovar ou condenar comportamentos. 
 
Hoje, nesse mundo cosmopolita e globalizado, reconhecemos inúmeras éticas possíveis, mas o 
que importa é o fato de que qualquer uma delas precisa de fundamentações racionais abertas 
ao diálogo — à - intersubjetividade com os participantes do próprio grupo e eventualmente 
com outros que possuem ideias divergentes. 
 
O respeito às pessoas com opiniões diferentes da nossa é uma virtude do pluralismo 
democrático, o que não significa a impossibilidade de discordar delas pelo debate aberto. 
Mesmo quando as dis cussões não alcançam consenso, certamente nos enriquecem os 
argumentos e contra-argumentos para mudar de ideia ou, pelo menos, para refinar nossa 
opinião. Pensando bem, será que tanto faz defender a coragem ou a covardia, a sinceridade ou 
a hipocrisia, o respeito pela vida ou o assassinato, a liberdade ou a escravidão? 
 
Se admitirmos que a tendência contemporânea está na aceitação do relativismo, será 
necessário refinar essa concepção com a possibilidade de valores universalizáveis, ainda que 
provisórios e voltados para revisões. Trata-se de valores aceitos em determinado periodo 
histórico por consenso. Aceitar as culturas humanas na sua diversidade e coexistir com elas - 
como quer o relativismo-não significa tolerar práti cas eventuais de barbárie, o que costuma 
ocorrer em qualquer sociedade considerada civilizada. Segundo o filósofo francês Franciss 
Wolf 
[00:41, 24/06/2021] Juliana: mentos Google 
 
[...] ser bárbaro [é] o recurso comum ou siste mático a práticas cruéis - quer na escala familiar 
das mutilações rituais, quer na escala social dos exterminios em massa. Em suma, é a redução 
da ideia de humanidade à unidade de uma essência, a que impossibilidade de suportar a 
humanidade em sua diversidade. O bárbaro é aquele que acredita ser homem é ser como ele, 
enquanto ser homem é sempre poder ser outro, é poder ser indiano, judeu, cigano, tútsi, 
mulher etc. [...] O bárbaro é aquele que éincapaz de pensar tanto o uno como o múltiplo- já 
que os dois estão ligados. Incapaz de pensar tanto a universalidade humana como a 
diversidade indefinida das culturas. 
 
WOLFF, Francis. Quem é bárbaro? in. NOVAES, Adauto (Org) Civilização e barbdrie. São Paulo: 
Companhia das Letras, 200sp 
 
Até aqui abordamos a análise da ética e da moral no aspecto antropocêntrico, ou seja, 
centrado nos seres humanos como individuos, sem dar realce ao seu entorno, a natureza. No 
capitulo 18, sobre ética aplicada, são tratados alguns temas relativamente no vos que 
discutem nossa responsabilidade com relação à bioética, à ética ambiental e à ética dos 
negócios, apenas alguns dos ramos, entre outros, de uma visão mais ampla sobre a vida na sua 
relação com o planeta. 
 
Para refletir 
 
COMO VÃO AS RESOLUÇÕES DE ANO NOVO 
 
NÃO TOME 
 
PARA UMA PESSOA PODER PROGREOR, ELA PEVE TER LUTA PRIA DO QUE TROM SENFICA, ISSO 
IMPLEX CERTOS 
 
VALORES 
[00:43, 24/06/2021] Juliana: 8 pagina 
“Diante da Lei há um guarda. Um camponés apresenta-se diante deste guarda, e solicita que 
lhe permita entrar na Lei. Mas o guarda responde que por enquanto não pode deixá-lo entrar. 
O homem reflete, e pergunta se mais tarde o deixarão entrar. 
 
-É possível-disse o porteiro-, mas não agora. A porta que dá para a Lei está aberta, como de 
costume; quando o guarda se põe de lado, o homem inclina-se para espiar. O guarda vê isso, 
ri-se e lhe diz: 
 
-Se tão grande é o teu desejo, experimenta entrar apesar de minha proibição. Mas lembra-te 
de que sou poderoso. E sou somente o último dos guardas. Entre salão e salão também 
existem guar das, cada qual mais poderoso do que o outro, já o terceiro guarda é tão terrível 
que não posso suportar seu aspecto. 
 
O camponês não havia previsto estas dificuldades; a Lei deveria ser sempre acessível para 
todos, pensa ele, mas ao observar o guarda, com seu abrigo de peles, seu nariz grande e como 
de águia, sua barba longa de tártaro, rala e negra, resolve que mais lhe convém esperar. O 
guarda dá-lhe um banquinho, e permite-lhe sentar-se a um lado da porta. Ali espera dias e 
anos. Tenta infinitas vezes entrar, e cansa o guarda com suas súplicas. Com frequência o 
guarda mantém com ele breves palestras, faz-lhe perguntas sobre seu país, e sobre muitas 
outras coisas; mas são perguntas indiferentes, como as dos grandes senhores, e para terminar, 
sempre lhe repete que ainda não pode deixá-lo entrar. O homem, que se abasteceu de muitas 
coisas para a viagem, sacrifica tudo, por mais valioso que seja, para subornar o guarda. Este 
aceita tudo, com efeito, mas lhe diz: 
 
-Aceito-o para que não julgues que tenhas omi tido algum esforço. 
 
Durante esses longos anos, o homem observa quase continuamente o guarda: esquece-se dos 
outros, e pareceu-lhe que este é o único obstáculo que o separa da Lei. Maldiz sua má sorte, 
durante os primeiros anos temerariamente e em voz alta: mais tarde, à medida que envelhece, 
apenas murmura para si. Retorna à infância, e como em sua longa contem plação do guarda, 
chegou a conhecer até as pulgas de seu abrigo de pele, também suplica às pulgas que o 
ajudem e convençam o guarda. Finalmente, sua vista enfraquece-se, e já não sabe se 
realmente há menos luz, ou se apenas o enganam seus olhos. Mas em meio à obscuridade 
distingue um resplendor, que surge inextinguivel da porta da Lei. Já lhe resta pouco tempo de 
vida. Antes de morrer, todas as experiências desses longos anos se confundem em sua mente 
em uma só pergunta, que até agora não formou. Faz sinais ao guarda para que se aproxime, já 
que o rigor da morte endurece seu corpo. O guarda vê-se obrigado a baixar-se muito para falar 
com ele, porque a dispa ridade de estaturas entre ambos aumentou bastante com o tempo, 
para detrimento do camponês. - Que queres saber agora? — pergunta o guarda.

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