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© O alimento percorre um longo caminho repleto de processos desde a cavidade oral até finalmente chegar ao estômago. Nesse caminho atravessa a cavidade oral, passando pela mastigação, até que comece a ser deglutido passando da cavidade oral para o esôfago (transito esofágico) até chegar a cavidade estomacal, a fim de que seja armazenado e se inicie a digestão. Durante a passagem do alimento pela cavidade oral é necessário a ação da saliva sobre este, entretanto, a saliva possui uma série de funções, dentre elas: proteção, efeito tampão (neutralização de ácidos bucais), gustação (solvente que contribui para o paladar), ação antimicrobiana, reparo tecidual (acelera o tempo de coagulação), manutenção da integridade dos dentes, regulação da temperatura do alimento, limpeza mecânica, fonação, e no enfoque desse resumo: a digestão, pela presença de enzimas digestivas (amilase salivar). A saliva é composta por água, proteínas, pequenas moléculas orgânicas e eletrólitos (bicarbonato, cálcio, magnésio, flúor, etc). Vale ressaltar que a saliva tem papel fundamental na higienização oral, pois, sua função bactericida reside na presença de lisozimas que atacam bactérias e pela presença de anticorpos (IgA, IgG e IgE) com importante capacidade opsonizante. A saliva é produzida por três grupos de glândulas: a parótida, a submandibular e a sublingual. A unidade estrutural dessas glândulas é chamada de adenômero (semelhante a um cacho de uva), possuindo células epiteliais glândulares que formam os ácinos e são responsáveis pela secreção da saliva que será levada até a superfície bucal pelos ductos intercaladas estriados e excretores. As glândulas podem ser serosas ou mucosas, as primeiras sintetizam, armazenam e secretam inúmeras enzimas como lipases, alfa amilase salivar e até mesmo IgA. Já as últimas sintetizam, armazenam e secretam mucina, que á glicoproteína que constitui o muco, cuja função é lubrificar e proteger as mucosas. As parótidas (acinosas) são serosas, e produzem 25% do total de saliva, as submandibulares (tuboacinosas) são majoritariamente serosas e realizam 70% da produção, enquanto as sublinguais (tuboacinosas) são majoritariamente mucosas e realizam apenas 5% da produção de saliva. A secreção de saliva é continua chegando à velocidade máxima de 1ml a cada minuto por grama de glândula. A secreção salivar é regulada por mecanismos reflexos nos núcleos salivares superiores e inferiores, por meio da ação da porção parassimpática do sistema nervoso autônomo (nervo facial e glossofaríngeo). Existem quatro tipos de reflexos salivares originados por diferentes estímulos. O reflexo incondicionado é regulado parassimpaticamente, os núcleos salivares são excitados pelo sabor, estímulo tátil, fluidez e conteúdo proteico do alimento, de maneira que o alimento esteja presente na cavidade oral. Já o condicionado ocorre devido a atividade de áreas corticais, podendo ser excitatório ou inibitório, sendo causado por estímulos como odor, visão, audição lembrança ou imaginação do alimento, de forma que o alimento não necessita estar na boca para impulsionar o estímulo. Existem reflexos originados no estômago ou no intestino, em resposta a estímulos como alimentos irritantes e anomalias gastrointestinais. Há ainda reflexos de regulação secundária, relacionados ao suprimento sanguíneo as © glândulas, nesse caso sinais dos nervos parassimpáticos dilatam os vasos sanguíneos, levando à salivação volumosa. Em contrapartida, os sinais oriundos dos nervos simpáticos em um primeiro momento estimulam a contratilidade de células mioepiteliais, resultando na secreção da saliva pré- formada, entretanto, após alguns instantes há a diminuição do fluxo salivar, em vista da redução da irrigação sanguínea pela vasoconstrição simpática, acarretando em xerostomia (boca seca). OBS: Acetilcolina, norepinefrina e substância P aumentam a secreção da amilase salivar. A mastigação é o processo de trituração dos alimentos pelos dentes, bem como sua mistura pelos movimentos linguais, e tem por objetivo aumentar a exposição das porções nutritivas dos alimentos, a fim de que os nutrientes sejam melhor absorvidos, ao sofrer uma ação mais incisiva das enzimas digestivas. O reflexo mastigatório se inicia com a presença do alimento na cavidade oral, posteriormente, há a inibição do musculo mastigatório e consequentemente a queda da mandíbula, por fim o reflexo de estiramento do músculo da mandíbula realiza uma contração rebote, e assim sucessivamente. A deglutição é o ato de deslocar o alimento da boca até o estômago, possuindo a fase voluntária e a fase faríngea. Na primeira, há compressão voluntária do alimento para trás contra o palato, já na fase faríngea o bolo alimentar estimula receptores de pressão na faringe, os receptores enviam impulsos aferentes para o centro da deglutição, desencadeando uma série de contrações musculares. Sendo assim, após a ativação do centro de deglutição os lábios se fecham e a língua empurra o bolo alimentar a parte posterior da faringe, posteriormente, o palato mole é empurrado para cima e fecha parte superior das narinas. As pregas vocais também se fecham, a laringe sobe e a epiglote a se dobra para trás e tampa a traqueia, por fim, o esfíncter esofágico superior relaxa e o alimento desde para o esôfago. O trânsito esofágico é o evento que busca conduzir o alimento da faringe para o estômago. É divido em três fases: abertura do esfíncter esofágico superior, peristalse esofagiana e abertura do esfíncter esofágico inferior. • Abertura do esfíncter esofágico superior O esfíncter esofágico superior é composto de músculo esquelético, e forma uma zona de alta pressão que impede as distensões durante a respiração. Em repouso há a contração tônico do esfíncter, por inervação motora, de modo que este está semi-contraido. Durante a deglutição há o relaxamento do esfíncter pela inibição da atividade nervosa excitatório, a partir daí, há a distensão do esôfago para que o alimento siga (a regurgitação de secreção gástrica aumenta o seu tônus). No esôfago, as paredes flácidas acabam por acompanhar as variações de pressão no tórax. • Peristalse esofagiana (continuidade do reflexo da deglutição) O esôfago apresenta peristaltismo primário e peristaltismo secundário, a peristalse primária é a continuação da onda peristáltica iniciada na faringe que se propaga até o esôfago © com a contração sequencial da musculatura circular do corpo do esôfago no sentido próximo-distal. A peristalse secundária ocorre na presença de restos de partículas alimentares dentro do esôfago (ou por refluxo gástrico), e é causada pela distensão do esôfago pela presença de comida. Ela é iniciada por circuitos neurais intrínsecos (plexo mioentérico) e por reflexos transmitidos pelas fibras aferentes vagais do esôfago. A estimulação vagal ocorre na faringe e em 1\3 do esôfago atuando na porção de músculo estriado, causando ondas peristálticas modulada por impulsos nervosos esqueléticos (nervo vago e glossofaringeo). As fibras nervosas entram em contato direto com as fibras musculares, liberando acetilcolina. Já o 2/3 restante da parte inferior do esôfago é constituído de musculo liso, nesse caso as fibras musculares estão em contato somente com os neurônios do plexo mioentérico, e a estimulação vagal aqui ocorre através do SNE. • Abertura do esfíncter esofágico inferior O esfíncter esofágico inferior é encontrado na parte inferior do esôfago, na junção com o estômago (gastroesofágica). Nessa região o músculo liso encontra-se espessado e funciona como o esfíncter gastroesofágico. Durante o repouso também manifesta um estado de semi-contração pela contração tônica (prevenindo o refluxo gástrico), e durante a peristalse há o relaxamento deste, a fim de permitir a passagem do alimento. Seu relaxamento ocorre em resposta ao peristaltismo primário, eé mediado por fibras vagais que inibem o músculo circular. O controle da contração tônica é realizado pelos nervos intrínsecos e extrínsecos (pela ação de hormônios e neuromoduladores) e pelos nervos vagais colinérgicos. A disfagia é qualquer alteração ou dificuldade no processo de deglutição que ocorra durante o transporte do alimento da boca até o estômago, podendo causar broncoaspiração (resíduos de alimentos, saliva e/ou líquidos que vão para o pulmão), sufocamento, problemas pulmonares, desidratação, perda de peso e pneumonia, podendo levar o paciente ao óbito. © 1- Descreva os efeitos da saliva quando o alimento está na cavidade oral. A saliva possui inúmeras ações sobre o alimento, como o inicio da digestão de carboidratos por ação da alfa amilase salivar, manutenção da temperatura do alimento, eliminação de possíveis organismos provenientes do alimento pela ação de lisozimas e anticorpos. Além disso, a saliva auxilia na gustação, pois funciona como um solvente que contribui com a sensação do paladar, e ajuda na neutralização de alimentos ácidos, atuando como tampão. 2- Explique os efeitos na estimulação simpática e parassimpática na salivação. A estimulação simpática controla a salivação na maior parte do tempo, pelos nervos facial e glossofaríngeo, contribuindo com aumento da irrigação sanguínea das glândulas salivares, aumento da síntese de amilase e mucinas, bem como estimula reabsorção de eletrólitos. Contudo, a estimulação simpática apresenta efeito oposto, atuando pelo glânglio cervical superior, esta induz a vasoconstrição dos vasos adjacentes as glândulas salivares, propiciando o fenômeno da boca seca (xerostomia). 3- Explique a importância do processo de mastigação. A mastigação é essencial para aumentar a superfície de contato do alimento com as enzimas, assim como para transformá-lo em partículas menores, mais fáceis de serem deglutidas. 4- Quais as fases do processo de deglutição? Como ele é regulado? A deglutição possui uma fase voluntária e uma faríngea. Na primeira, o alimento é voluntariamente empurrado contra o palato, enquanto que na segunda a presença do bolo alimentar na faringe estimula mecanorreceptores que enviam sinais aferentes ao SNC, de modo que o palato mole sobe e fecha as narinas. Há a subida da laringe, causando a distensão da epiglote que bloqueia a traqueia, e assim, o alimento que foi empurrado para faringe pela língua desce pelo esôfago até encontrar o estômago. A deglutição é regulada pela ativação do centro cortical de deglutição. 5- Explique a regulação do trânsito esofágico. O transito esofágico é regulado pela redução da contração tônica dos esfíncteres esofágicos superior e inferior, por inibição da atividade excitatória desses músculos, de forma que estes relaxem e o alimento possa prosseguir até o estômago. Além disso, a regulação da peristalse esofagiana pela ação do plexo mioentérico na porção distal e dos nervos vagais na porção proximal do esôfago, garantem que a deglutição ocorra de maneira eficiente. 6- Quais as possíveis consequências para o indivíduo que apresenta disfagia? Um indivíduo com problemas na deglutição pode sofrer broncoaspiração, em decorrência da entrada de alimentos e/ou saliva nos pulmões, sufocamento, pneumonia e até mesmo desidratação.
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