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A 2 ATENDIMENTO-MULTIDISCIPLINAR-EM-ONCOLOGIA

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1 
 
 
2 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO À ONCOLOGIA .................................................................. 3 
2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À ONCOLOGIA .............................. 4 
3 PREVENÇÃO, RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DO 
CÂNCER 7 
4 CÂNCER COMO DOENÇA GENÉTICA ................................................... 13 
5 ALTERAÇÕES GENÉTICAS NA LINHA GERMINAL VERSUS 
ALTERAÇÕES GENÉTICAS SOMÁTICAS............................................................... 15 
6 ANORMALIDADES GENÉTICAS DO TIPO CONDUTOR E PASSAGEIRO 
NA PATOGÊNESE DO CÂNCER ............................................................................. 18 
7 ONCOGENES E PROTO-ONCOGENES ................................................. 20 
8 PONTO DE MUTAÇÕES .......................................................................... 23 
9 O IMPACTO DE UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO 
DO CÂNCER ............................................................................................................. 24 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 28 
10 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 29 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO À ONCOLOGIA 
 
Fonte: www.oncomedbh.com.br 
A oncologia tem tido grande evolução nas técnicas diagnósticas e terapêuticas, 
o que tem possibilitado a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes com câncer. 
Cabe à enfermagem acompanhar o desenvolvimento dessa especialidade pelas 
investigações científicas, que são os principais recursos para a atualização do 
conhecimento para o cuidado ao paciente oncológico. 
No contexto do câncer, o enfermeiro atua em ações de prevenção e controle. 
Tem como competência prestar assistência a pacientes com câncer na avaliação 
diagnóstica, tratamento, reabilitação e atendimento aos familiares. Além dessas ele 
desenvolve ações educativas, ações integradas com outros profissionais, apoia 
medidas legislativas e identifica fatores de risco ocupacional, na prática da assistência 
ao paciente oncológico e sua família. Por isso, a pesquisa em enfermagem oncológica 
é essencial para gerar a base de conhecimento que fundamenta a prática clínica, além 
de poder identificar o impacto do câncer e do tratamento na vida de pacientes e 
familiares. 
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4 
2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À ONCOLOGIA 
 
Fonte:www.posgraduacaoredentor.com.br 
A incidência e prevalência do câncer vêm aumentando em quase todo o mundo 
nas últimas décadas, sendo responsável por mais de sete milhões de óbitos a cada 
ano e por cerca de 13% de todas as causas de morte no mundo (International Union 
Against Câncer - UICC). É resultado das grandes transformações globais que 
modificaram o estilo de vida e a situação de saúde dos povos, pela crescente 
urbanização e adoção de novas formas de produção de bens e serviços e novos 
padrões de consumo (BRASIL, 2011). 
Esses fatores contribuem, de forma significativa, no impacto do câncer na 
expectativa e na qualidade de vida da população, nos serviços de saúde e nos altos 
investimentos na busca de sua prevenção e cura. Segundo a Agência Internacional 
para Pesquisa em Câncer (IARC/OMS/ World Cancer Report, 2008), o impacto global 
do câncer mais que dobrou nos últimos 30 anos, e metade dos casos novos e cerca 
de dois terços dos óbitos por câncer no mundo ocorrerão nos países de médio e baixo 
desenvolvimento. 
No Brasil, desde 2003, o câncer é a segunda causa de morte na população, 
atrás apenas das doenças cardiovasculares. Conforme o Instituto Nacional de Câncer 
(Inca), estimou-se em 2010 a ocorrência de 489.270 casos novos de câncer. Esse 
quantitativo é válido como estimativa também para o ano de 2011. Avalia-se que o 
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câncer de pele, do tipo não melanoma, será o mais incidente, com a ocorrência de 
114 mil casos novos na população brasileira. Os demais tipos incidentes, à exceção 
do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os de próstata, de pulmão, de 
estômago e de cólon e reto no sexo masculino; e os de mama, colo do útero, cólon e 
reto e pulmão no sexo feminino. 
A mortalidade por câncer no Brasil e em São Paulo, em 2008, apresentou 
comportamento semelhante, tendo como principais causas de morte no sexo 
masculino os cânceres de pulmão, próstata e estômago. No sexo feminino, foram 
registrados os de mama, pulmão e intestino. 
 
 
Fonte: www.bahianoticias.com.br 
Os dados do Inca indicam que o tabagismo é diretamente responsável por 30% 
das mortes por câncer em geral, 90% das mortes por câncer de pulmão e 25% das 
mortes por doença coronariana. Nas mulheres, a amamentação, a prática da atividade 
física e alimentação saudável com a manutenção do peso corporal estão associadas 
a um menor risco de desenvolver câncer de mama. 
A explicação das altas taxas de óbitos por câncer está diretamente relacionada 
à maior exposição dos indivíduos a fatores de risco cancerígenos. Os atuais padrões 
de vida adotados em relação a trabalho, nutrição e consumo em geral expõem os 
indivíduos a fatores ambientais mais agressivos, relacionados a agentes químicos, 
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físicos e biológicos resultantes de um processo de industrialização e urbanização cada 
vez mais crescente. (GUERRA, GALLO, MENDONÇA, 2005). 
As adoções de medidas de prevenção do câncer são altamente eficazes para 
a redução dos casos de câncer e a minimização de sua incidência com o incentivo a: 
Estilo de vida saudável – melhoria na qualidade da alimentação e no combate 
ao sedentarismo; 
Restrição ao uso de tabaco e álcool 
Diminuição da exposição ao sol e à proteção contra raios ultravioleta (Raios 
UV); 
Diminuição da exposição a poluentes atmosféricos e inaláveis; e 
Diminuição da exposição ocupacional a agentes cancerígenos, dentre outros. 
A detecção, o diagnóstico e o tratamento precoce nas fases iniciais da doença, 
nos grupos de maior risco para alguns tipos de câncer (como mama, colo uterino, 
próstata e colorretal), podem resultar na diminuição da mortalidade específica e 
adoecimento. A orientação da população combinada com a formação de profissionais 
e com o acesso aos serviços de saúde de qualidade são fatores preponderantes por 
maiores taxas de cura e responsáveis na redução dos altos custos econômicos e 
sociais da doença. 
 
 
Fonte: maisacaomenoscancer.org.br 
http://maisacaomenoscancer.org.br/
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7 
O tratamento do câncer e de suas complicações é realizado através de 
procedimentos cirúrgicos, quimioterápicos e radioterápicos, isolados ou combinados 
entre si. O controle dos sintomas é primordial, tanto na fase inicial da doença como 
na avançada, com possibilidades terapêuticas. O controle da dor deve ocorrer em 
todas as fases da doença. 
Os efeitos secundários da doença e os decorrentes de seu tratamento, como 
depressão, ansiedade, menopausa precoce, osteoporose, fadiga, demais neoplasias, 
dentre outros, devem compor o conjunto de cuidados na atenção e assistência aos 
pacientes. O seguimento sistemático, necessário ao controle da evolução da doença 
e de seu reaparecimento, deve ser realizado até a alta. Nos casos sem possibilidade 
de cura, o tratamento dos sintomas, o conforto geral – físico, psíquico, social e 
espiritual – e a assistência ao final da vida devem ter importância similar aos demais 
procedimentos terapêuticos. 
3 PREVENÇÃO, RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER 
 
Fonte: veja.abril.com.br 
Aprendemos, nas leituras anteriores, que, exceto em crianças, as neoplasias 
são relacionadas ao estilo de vida, à cultura e ao tipo de exposição aos fatores que 
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contribuem para o acúmulo de danos aos genes específicos e, a longo prazo, para oaparecimento da doença. 
Para prevenir o câncer, geralmente, é preciso alterar hábitos e culturas; dessa 
maneira, a melhor arma do ser humano nessa luta é a informação. Para isso, o 
profissional de saúde não deve poupar esforços, a fim de que a informação chegue 
aos clientes de forma esclarecedora para conscientizá-los sobre a importância da 
adequação de estilo de vida nesse cenário. Outra importante estratégia de prevenção 
é mediante ações educativas, utilizando estratégias de educação e comunicação em 
saúde. 
Alterar hábito de vida é uma tarefa difícil, pois envolve crença (o indivíduo 
aprendeu dessa maneira e acredita ser a correta) e automatismo (o indivíduo realiza 
dessa forma há tanto tempo que não pensa mais ao executar). Essa situação exige 
do profissional de saúde não apenas a função de informar, mas também conscientizar 
a população da importância de aplicar as recomendações transmitidas, porque é 
preciso que a pessoa seja de fato sensibilizada sobre os riscos de modo a incorporar 
novos hábitos. 
 
 
Fonte: www.jornaledicaodobrasil.com.br 
A conscientização exige do profissional conhecimento científico sobre o tema a 
ser abordado, para embasar a necessidade da mudança; conhecimento sobre o perfil 
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social, cultural e financeiro da clientela; e também criatividade para definir formas e 
recursos de comunicação, que podem contemplar folder, cartaz, aula, encenação, 
música, dentre outros. 
O Fundo Mundial de Pesquisa sobre Câncer (World Câncer Research Fund - 
WCRF), em seu relatório de 2007 sobre alimentos, nutrição, atividade física e 
prevenção do câncer, apresentou a seguinte lista de recomendações: 
Mantenha-se magro, apresentando índice de massa corporal (IMC) entre 18,5 
e 24,9; 
Mantenha-se fisicamente ativo, como parte de sua rotina diária, incluindo 
qualquer atividade física no cotidiano. Caso não seja possível realizar 30 minutos de 
uma só vez, dívida em períodos de dez minutos; 
Limite o consumo de alimentos de alto valor calórico, inclusive bebidas ricas 
em açúcar, como refrigerante; 
Coma mais verduras, frutas e legumes variados, bem como cereais e grãos 
integrais, como exemplo podemos citar granola, feijão, soja, lentilha e ervilha. Esses 
alimentos devem compor dois terços do prato de comida; 
Limite o consumo de carnes vermelhas (até 500g por semana) e evite carnes 
processadas e embutidas; 
Limite a bebida alcoólica para até duas doses para homens e uma dose para 
mulher por dia; 
Limite o consumo de sal e de comidas industrializadas com sal, substituindo 
por temperos naturais, tais como pimentas e ervas; 
Busque alcançar suas necessidades nutricionais por meio da alimentação, pois 
o uso de suplementos alimentares deve ser indicado por profissional especializado a 
grupos especiais; 
Mulheres devem amamentar seus bebês exclusivamente até os seis meses, 
pois confere proteção para a mãe contra o câncer de mama, assim como minimiza a 
possibilidade de sobrepeso na criança; 
Após o tratamento, os pacientes de câncer devem seguir as recomendações 
para a prevenção do câncer, pois um estilo de vida saudável pode minimizar o risco 
de recorrência da doença; 
Não fume. Caso não consiga parar de fumar sozinho, procure nas instituições 
de saúde programas destinados aos dependentes de nicotina. 
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Fonte: quasedentista.wordpress.com 
Há ainda situações que não foram contempladas nesse relatório, mas são de 
grande impacto no Brasil. Estamos nos referindo à exposição solar, pois também já 
sabemos que é um risco modificável; dessa maneira, há ações que podem ser 
recomendadas para diminuir o risco de câncer de pele, um dos tipos mais comuns, 
conforme observamos nos dados epidemiológicos: 
Orientar que a exposição ao sol seja evitada no período entre 10 e 16 horas. 
Para a proteção adequada, a pessoa pode procurar a sombra, utilizar chapéus ou 
bonés com abas para proteger cabeça e pescoço, utilizar camisas e calças, aplicar 
filtro solar com fator de proteção solar (FPS) no mínimo 15; 
Em países tropicais, como o Brasil, recomenda-se o uso de protetor solar 
durante todo o dia, inclusive quando a exposição ao sol ocorrer antes das 10 horas e 
após as 16 horas; 
Evitar lâmpadas de bronzeamento; 
Atentar para a proteção de crianças e adolescentes, pois a exposição 
cumulativa e excessiva nos primeiros 10 a 20 anos de vida aumenta muito o risco de 
desenvolvimento de câncer de pele, mostrando ser a infância uma fase 
particularmente vulnerável aos efeitos nocivos do sol; 
Proteger os olhos com óculos que apresentam lentes com proteção a raios UV-
A e UV-B. 
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Fonte: www.emtempo.com.br 
Ressaltamos a dificuldade de prevenção do câncer na infância e adolescência, 
visto que não estão claramente definidos os fatores carcinogênicos. Reforçamos a 
importância do diagnóstico precoce, pois cerca de 70% dos pacientes acometidos de 
câncer nessa fase da vida, se diagnosticado precocemente e tratado adequadamente, 
têm possibilidade de cura e boa qualidade de vida após o tratamento. 
Entretanto, vemos ainda pacientes sendo encaminhados aos centros 
especializados de tratamento oncológico em estágio avançado. Essa situação é 
multifatorial, decorrendo possivelmente da desinformação dos pais, medo do 
diagnóstico de câncer (podendo levar à negação dos sintomas) e desinformação da 
equipe de saúde. Além disso, pode também estar relacionada com a inespecificidade 
dos sintomas de determinados tipos de tumor, porque a apresentação clínica dos 
mesmos pode não diferir muito de diferentes doenças, muitas delas bastante comuns 
na infância. 
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Fonte: www.caucaiaagora.com.br 
Como já dito, o surgimento do câncer é multifatorial, resultante das interações 
de fatores externos e genéticos. Dessa forma, é importante informar a população de 
que essas ações preventivas diminuem consideravelmente a probabilidade do câncer, 
mas não excluem a possibilidade de sua ocorrência. Esse esclarecimento é 
fundamental por duas razões: a primeira, para evitar o descrédito da equipe de saúde 
que é referência da população; e a segunda, para alertar quanto à necessidade de 
realizar as ações para o rastreamento do câncer. Atentar também para os sinais e 
sintomas característicos, ambos são primordiais para a detecção precoce, uma forma 
de prevenção secundária. 
Ressaltamos a importância do diagnóstico precoce que tem como objetivo 
viabilizar a intervenção antineoplásica no estágio inicial da doença, diminuindo a 
morbidade e mortalidade da população. 
Uma das etapas utilizadas para diagnosticar precocemente o câncer é o 
rastreamento (screening), que consiste em realizar procedimentos de execução 
simples, seguros, não invasivos, baratos, de sensibilidade e especificidade 
comprovadas e de fácil aceitação pela população e pela comunidade científica. Esses 
procedimentos são aplicados em grupos de indivíduos assintomáticos, com 
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probabilidade relativamente alta para desenvolverem certos tipos de câncer, conforme 
os fatores de risco: ocupacional, estilo de vida, idade, dentre outros. 
 
 
Fonte: www.ictq.com.br 
4 CÂNCER COMO DOENÇA GENÉTICA 
A expansão clonal descontrolada de uma célula, que geralmente provoca a 
invasão dos tecidos adjacentes e disseminação metastática, produz câncer. As 
alterações genéticas iniciais nessa célula que desencadeiam proliferação aberrante 
são acompanhadas pelo acúmulo de mutações adicionais entre os descendentes 
genéticos. No final ocorre um processo seletivo em que subclones com propriedades 
intensificadasde crescimento se tornam dominantes no interior do tumor – fenômeno 
conhecido por progressão tumoral. Definiu-se para alguns tumores uma clara 
evolução genética histológica e molecular de lesões pré-cancerígenas para câncer 
maligno e invasivo (p.ex., câncer no cólon e câncer na bexiga); entretanto, em muitos 
tipos de câncer esse processo talvez não seja clinicamente evidente. Os genes que 
se alteram no desenvolvimento e na progressão do câncer ainda estão sendo objeto 
de uma profunda investigação. Em muitos casos, a identificação desses genes levou 
a uma visão mais detalhada dos mecanismos fisiológicos normais que controlam a 
http://www.ictq.com.br/
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proliferação celular. Os produtos desses genes estão envolvidos em atividades como 
regulação do ciclo celular básico, transmissão de sinais de crescimento, regulação da 
diferenciação e da morte das células, e estabelecimento da imortalidade celular. De 
maneira geral, o rompimento desses genes ocorre exclusivamente nas células 
somáticas cujo destino é se tornarem cancerígenas. Entretanto, em casos raros, 
possivelmente ocorram mutações que sejam transmitidas pela linha germinal, 
resultando em uma predisposição genética para o câncer (i.e., síndromes de câncer 
familiar). 
 
 
Fonte: www.brasilacademico.com 
Acredita-se que fatores ambientais também contribuam para o 
desenvolvimento de câncer. Em alguns casos, interações entre fatores ambientais e 
variações genéticas sutis na linha germinal que distinguem os indivíduos podem 
constituir um determinante importante de risco de câncer na população em geral. Em 
outros casos há uma ligação direta entre o efeito do carcinógeno sobre o DNA 
somático e mutações específicas que promovem tumores, como aquelas que ocorrem 
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no gene supressor tumoral p53 (p.ex., exposição ao tabaco ou à aflatoxina, uma toxina 
fúngica). A exposição à radiação ionizante é outra fonte de câncer com ligação direta 
aos danos genéticos. A incidência de leucemia e de vários tumores sólidos nos 
sobreviventes da bomba atômica produziu uma grande quantidade de dados para os 
estudos clássicos sobre a dosagem de radiação e suas consequências. Os dados 
mais recentes surgiram de casos de câncer como complicações tardias de 
radioterapias e de quimioterapias radio miméticas usadas no tratamento de 
malignidades em fase inicial. 
Para finalizar, as infecções virais foram vinculadas ao desenvolvimento de tipos 
específicos de câncer. As ligações câncer-vírus incluem carcinoma cervical e 
orofaríngeo de células escamosas com subtipos específicos de papiloma vírus 
humano; carcinoma hepatocelular com infecção crônica causada pelo vírus da 
hepatite B; carcinoma nasofaríngeo e linfomas com vírus de Epstein-Barr em 
hospedeiros imunossuprimidos; o caso raro de leucemia aguda de células T 
transformando o vírus linfo trópico de células T humanas tipo I; e sarcoma de Kaposi 
com herpes vírus humano tipo 8. Cabe observar que esses casos são exceções à 
regra; a maior parte dos casos de câncer em seres humanos não é consequência de 
infecções virais. Entretanto, grande parte de nossos conhecimentos sobre os genes 
humanos envolvidos nos casos de câncer surgiu originalmente do estudo de vírus que 
produzem tumores em galinhas e roedores. A apropriação indevida dos vírus dos 
genes de hospedeiro envolvidos na proliferação celular por esses vírus resultou na 
identificação de oncogenes e forneceu a primeira pista para os eventos genéticos que 
causam câncer em seres humanos. 
5 ALTERAÇÕES GENÉTICAS NA LINHA GERMINAL VERSUS ALTERAÇÕES 
GENÉTICAS SOMÁTICAS 
Na maior parte dos casos, as lesões genéticas que promovem tumorigênese 
são adquiridas por meios somáticos e não envolvem alterações na linha germinal. 
Essas alterações genéticas podem resultar na ativação ou no ganho funcional (de 
oncogenes) e na perda funcional (de supressores tumorais). Em situações mais raras, 
as anormalidades hereditárias na linha germinal contribuem para a patogênese do 
câncer. 
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Tipicamente, nessas circunstâncias, herda-se apenas uma única cópia 
defeituosa de um gene, sendo que a transformação exige a perda do segundo alelo 
(não mutante) em uma célula somática. Levando-se em consideração que a 
velocidade de uma perda alélica somática simples é exponencialmente mais elevada 
que a mutação independente de dois alelos no interior da mesma célula, a incidência 
de tipos específicos de câncer nos portadores da mutação é dramaticamente elevada, 
em comparação com a incidência na população em geral. De maneira geral (mas nem 
sempre), nos casos de predisposição para câncer hereditário a perda funcional, e não 
o ganho funcional, desses genes promove a carcinogênese. Consequentemente, por 
definição, esses genes são supressores tumorais. 
 
 
Fonte: cecilianutri.blogspot.com.br 
Tipos histológicos diferentes de câncer estão associados a padrões 
sobrepostos e distintos de alterações genéticas. Alguns eventos genéticos, em 
particular translocações cromossômicas somáticas específicas, estão associados 
exclusivamente a um tipo de câncer. Por exemplo, a translocação cromossômica 
EWS-FLI 1 é específica para o sarcoma de Ewing; consequentemente, essa 
translocação é um marco diagnóstico bastante útil para esse tipo de tumor.2 Outras 
anormalidades genéticas somáticas, como a ativação mutacional do oncogene KRAS 
ou a desativação do gene supressor tumoral p53, estão associadas a muitos tipos 
diferentes de câncer. De maneira geral, no caso de defeitos genéticos na linha 
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germinal a predisposição para um padrão tecidual específico de câncer é o resultado 
da herança de alguma anormalidade em um gene supressor tumoral específico. Em 
muitos casos, a base biológica dessa especificidade tecidual ainda permanece 
obscura. Por exemplo, o gene BRCA1 é importante para a estabilidade genômica e 
para o reparo do DNA em todos os tipos de células, porém, mesmo assim, as 
mutações herdadas do BRCA1 estão associadas quase que exclusivamente à 
predisposição para câncer de mama e ao câncer de ovário. 
 
 
Fonte: setorsaude.com.br 
Uma das descobertas relacionadas a esse fato é que os genes associados à 
predisposição hereditária para o câncer possivelmente também estejam sujeitos à 
desativação somática, embora esse conceito se aplique somente a um subgrupo 
distinto de tipos de câncer. Consequentemente, os carcinomas de pulmão de 
pequenas células (CPPCs) se caracterizam pela desativação somática do gene 
supressor do tumor retinoblastoma (RB1).3, todavia, a mutação de RB1 na linha 
germinal não está associada a uma incidência elevada de CPPC, mas está 
relacionada à incidência de retinoblastoma e osteossarcoma. Teoricamente, esse 
paradoxo aparente reflita papeis contextuais específicos desempenhados pelo gene 
RB1, de modo que sua ativação seja suficiente para estimular a proliferação de alguns 
tipos de câncer, enquanto que em outros tipos a ativação talvez seja necessária, 
porém insuficiente para a tumorgênese, e ainda em outros tipos a ativação 
possivelmente desencadeie respostas compensatórias, incluindo morte celular. Seja 
qual for o caso, em geral temos uma compreensão relativamente limitada sobre a 
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razão pela qual anormalidades genéticas específicas estão associadas a padrões 
teciduais específicos de tumorigênese. 
 
 
Fonte: medicsupply.net 
6 ANORMALIDADES GENÉTICAS DO TIPO CONDUTOR E PASSAGEIRO NA 
PATOGÊNESE DO CÂNCER 
A maior parte dos tipos de câncer em seres humanos, principalmente o câncer 
comum em adultos, abriga uma quantidade equivalente a dezenas ou mesmo 
centenas de anormalidades genéticas somáticas. Em um dos estudos, os 
investigadores preparamuma sequência ampla de carcinomas na mama e no cólon 
com base no DNA. Uma mediana de aproximadamente 80 mutações, que deram 
origem a uma truncagem proteica precoce ou a uma alteração na sequência proteica, 
foram encontradas em cada tumor. Todavia, acreditava-se que apenas uma pequena 
minoria dessas mutações (em torno de 15 por tumor) era “significativa”, tendo em vista 
a recorrência em vários tipos de câncer. Essas mutações, observadas com maior 
frequência em genes cancerígenos bem definidos como o p53 e o KRAS, foram 
denominadas mutações “condutoras” porque se acreditava que estimulassem 
transformações e progressões malignas. 
Entretanto, de um modo geral, a maior parte das mutações somáticas 
específicas de tumores não foram observadas de forma repetitiva em vários tipos de 
tumor. Presume-se que essas mutações ocorram casualmente e não reflitam qualquer 
instabilidade genética associada ao processo da tumorigênese. Portanto, passaram a 
ser conhecidas como mutações do tipo “passageiro”. 
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19 
 
Fonte: www.biotecnika.org 
A distinção entre anormalidades genéticas associadas a tumores do tipo 
condutor e passageiro pode se tornar um grande desafio e envolve análises de larga 
escala de genomas tumorais e estudos funcionais das vias cancerosas. A 
identificação das anormalidades do tipo condutor está se tornando cada vez mais 
relevante em face do desenvolvimento de uma nova geração de terapias para 
tratamento de câncer com foco nessas vias específicas. 
 
 
Fonte: www.newscientist.com 
 
 
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7 ONCOGENES E PROTO-ONCOGENES 
 
Fonte: www.biologyreference.com 
Os genes causadores de câncer, ou oncogenes, foram descobertos quando os 
pesquisadores observaram que os genes específicos de galinhas e os retrovírus de 
roedores poderiam transformar as células normais de mamíferos em culturas. 
 Comprovou-se que esses genes transformadores virais eram homólogos 
ativados de genes de mamíferos (conhecidos por proto-oncogenes) que foram 
roubados da célula de hospedeiro durante a evolução viral por sua capacidade de 
estimular a proliferação celular. Embora não sejam causados por infecções virais, 
descobriu-se que os cânceres humanos primários abrigam alelos ativados 
semelhantes de proto-oncogenes. 
Entre os primeiros oncogenes que foram descobertos estavam aqueles que 
codificavam as proteínas diretamente envolvidas na transmissão de sinais de 
proliferação celular. Isso inclui os receptores de fatores de crescimento 
(p.ex., receptor do fator de crescimento derivado das plaquetas [PDGR, do inglês 
platelet-derived growth factor receptor] ou o receptor do fator de crescimento 
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epidérmico [EGFR, do inglês epidermal growth factor receptor]) que se tornam 
constitutivamente ativados como se estivessem respondendo à presença contínua de 
um fator de crescimento e de moléculas sinalizadoras que se localizam no sentido do 
fluxo (p.ex., HRAS, KRAS e NRAS) que normalmente respondem à sinalização do 
fator de crescimento e alternam rapidamente entre os estados ativado e desativado, 
mas sofrem mutações para células cancerígenas em uma posição permanentemente 
ativada. 
Os mecanismos através dos quais esses proto-oncogenes celulares normais 
são ativados nos cânceres humanos incluem pontos de mutação, amplificação 
genética e translocações cromossômicas. Essas mutações são conhecidas como 
mutações de ganho funcional, considerando que resultam em propriedades funcionais 
novas ou alteradas para a proteína codificada e são geneticamente dominantes sobre 
o segundo alelo normal. 
 
 
Fonte: ibbio.pbworks.com 
Embora a ativação de oncogenes possa promover uma proliferação anormal 
e/ou sobrevivência de células cancerígenas nascentes, esses efeitos têm um custo. 
De maneira geral, a religação da sinalização de células cancerígenas que resultar da 
ativação de oncogenes torna as células cancerígenas atipicamente dependentes de 
rotas controladas pelo(s) oncogene(s) ativado(s) no interior daquelas células. 
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22 
Acredita-se que esse fenômeno, às vezes conhecido como “dependência de 
oncogene”, reflita estresses metabólicos específicos associados à proliferação 
desenfreada. 
Consequentemente, embora o resultado da inibição química do receptor do 
fator de crescimento epidérmico (EGFR) nas células normais seja apenas modesto, o 
bloqueio da sinalização do EGFR nas células cancerígenas do pulmão, que abriga as 
mutações ativadoras somáticas do EGFR, poderá induzir morte celular imediata. 
 
 
Fonte: www.promega.com.br 
Da mesma forma, as células cancerígenas que não apresentarem ativação de 
um oncogene específico podem ser relativamente insensíveis a um agente terapêutico 
com alvo específico que, em outras circunstâncias, seria altamente eficaz nos tipos 
de câncer com a mutação relevante. 
 Por exemplo, em um grande teste randomizado que fez a comparação entre 
quimioterapia e inibidor específico para o EGFR para tratamento de adenocarcinomas 
pulmonares, os pacientes com tumores com mutação no EGFR obtiveram benefícios 
substancialmente maiores com o inibidor com alvo específico, enquanto que os 
pacientes sem essas mutações obtiveram melhores resultados com a 
quimioterapia.6Observações como essas resultaram em uma ênfase maior sobre a 
análise da genética tumoral na prática oncológica clínica. 
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23 
8 PONTO DE MUTAÇÕES 
Os pontos de mutações capazes de ativar um produto genético são pouco 
usuais e, tipicamente, são observados em um grupo altamente restrito de sítios 
codificadores de proteínas no interior do gene. 
Por exemplo, somente alterações específicas em três códons das proteínas da 
família RAS levaram a uma ativação constitutiva da sinalização RAS.7Presume-se que 
outras mutações possam ocorrer no interior desses genes, embora sejam 
funcionalmente silenciosas ou resultem em proteínas inativas e, consequentemente, 
não sejam selecionadas nas transformações malignas. 
Da mesma forma, alterações em aminoácidos específicos nos receptores do 
fator de crescimento ou outras moléculas sinalizadoras produzem um efeito ativo 
indutor do crescimento ou impedem a infra regulação por sinais fisiológicos 
apropriados. Há um interesse especial nas mutações no gene RET, que codifica um 
receptor do fator de crescimento, além de ser o proto-oncogene raro que é modificado 
na linha germinal de pacientes com predisposição para câncer. 
 
 
Fonte: www.bbc.com 
As substituições de aminoácidos dentro de domínios funcionais distintos da 
proteína estão associadas à neoplasia endócrina múltipla tipo IIA das síndromes de 
predisposição para câncer familiar ou ao câncer tireóideo medular. 
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24 
 Por outro lado, a desativação das mutações no gene RET causa a doença de 
Hirschsprung, um defeito evolutivo que afeta as inervações colônicas.8 Essa ligação 
impressionante entre mutações diferentes no gene RET e tipos distintos de câncer e 
as síndromes de desenvolvimento possivelmente seja o resultado de propriedades 
funcionais diferentes que são mediadas pelos vários domínios da proteína RET e de 
rotas diferentes associadas à RET que podem ser ativadas em tipos diferentes de 
tecidos. 
9 O IMPACTO DE UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DO 
CÂNCER 
 
Fonte: www.fsfx.com.br 
O diagnóstico do câncer engloba mais de 600 tipos de tumores diferentes, cujos 
tratamentos variam de acordo com a origem da célula e o tipo do tumor, o estágio em 
que se encontra e a história natural da doença. A complexidade da doença torna 
necessário o envolvimento de uma variedade de profissionais durante as 
diversas fases do tratamento. 
Esta equipe de profissionais, composta por diversas especialidades, é 
conhecida como Equipe de Atendimento Multidisciplinar (EMD), sendo formada por 
oncologistasclínicos, cirurgiões, radio terapeutas, enfermeiras, farmacêuticos, 
nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos. 
Outros grupos com formação especializada, tais como radiologistas, 
patologistas e especialistas em cuidados paliativos também contribuem para o 
http://cccancer.net/o-impacto-de-uma-equipe-multidisciplinar-no-tratamento-do-cancer/
http://cccancer.net/o-impacto-de-uma-equipe-multidisciplinar-no-tratamento-do-cancer/
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25 
atendimento de pessoas com câncer e compõem, ao longo das diversas fases do 
tratamento, a equipe de atendimento do paciente. 
Na literatura existem diversos estudos que mostram que cuidar do paciente em 
equipe multidisciplinar otimiza o trabalho e pode reduzir a taxa de mortalidade, além 
de melhorar a gestão hospitalar e ambulatorial. 
A demanda pela formação de equipes cresceu em paralelo com a reforma dos 
cuidados em saúde e das expectativas crescentes para a melhoria da qualidade do 
atendimento e do entendimento da relação custo-benefício em saúde. Compreender 
como as equipes afetam a prestação de cuidados em oncologia ajudará a melhorar e 
mensurar o desempenho da equipe na resolução da assistência. 
Apesar dos incentivos e interesses na formação de EMD, ainda não sabemos 
com detalhes o que torna o trabalho em equipe eficaz no tratamento do câncer. Muito 
do que se sabe sobre o impacto das equipes multidisciplinares vem de estudos de 
outras especialidades médicas, especialmente a geriatria, de alguns tipos específicos 
de cirurgias e do tratamento de doentes crônicos. 
 
 
Fonte: www.vovolourdes.com.br 
Um dos primeiros estudos a analisar de forma sistemática o impacto da equipe 
multidisciplinar no tratamento do câncer acaba de ser publicado. Pesquisadores do 
Instituto Nacional do Câncer dos EUA e da Universidade Johns Hopkins fizeram uma 
revisão sistemática da literatura publicada entre 2009 e 2014 e selecionaram 16 
estudos de um total de 7.806. 
http://www.vovolourdes.com.br/
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26 
Estes estudos abrangiam diferentes fases do tratamento oncológico: 
rastreamento, diagnóstico, tratamento ativo, cuidados paliativos e cuidados em final 
da vida. Todos os trabalhos selecionados apresentavam uma equipe multidisciplinar 
definida, um grupo comparativo e evidências sobre a evolução do paciente, como 
controle de dor, satisfação do paciente, medidas de qualidade de vida, tratamento 
baseado em diretrizes e sobrevida livre de doença. 
 
 
Fonte: alavancasaude.com.br 
O objetivo do estudo foi, através de métodos comparativos, identificar práticas 
que pudessem levar a algumas conclusões sobre o desempenho dessas equipes, e 
desta forma, contribuir para um melhor entendimento do funcionamento das equipes 
multidisciplinares e auxiliar no desenho de estudos clínicos nesta área. 
Os resultados encontrados, embora limitados pela diversidade dos estudos e 
variáveis envolvidas, forneceram várias mensagens importantes para a prática clínica. 
O estudo mostrou que a presença de equipes multidisciplinares nos Programas de 
Rastreamento do câncer melhorava a adesão às diretrizes estabelecidas e diminuía o 
tempo de realização de exames mais complexos após a presença de um resultado 
suspeito, o que levaria à diagnósticos precoces em fases iniciais, possibilitando uma 
maior chance de cura. 
No momento do diagnóstico e do tratamento efetivo, a presença de uma equipe 
multidisciplinar definida melhorava a discussão dos casos e afetava positivamente o 
planejamento e implementação da terapia, com maior adesão às recomendações e 
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27 
maior eficiência na tomada de decisões clínicas, na informação dos pacientes e nos 
encaminhamentos para especialidades. 
Na fase de cuidados paliativos, a presença da equipe multidisciplinar trouxe 
melhora do controle da dor e maior aderência a medicações orais. Também foi 
evidenciado uma potencial redução em hospitalizações e uma melhor qualidade no 
final da vida. 
O estudo mostra que a formação de Equipes Multidisciplinares atuantes no 
tratamento do câncer é promissora no que diz respeito à melhoria da qualidade e da 
eficiência dos serviços prestados, devendo ser estimulada. 
 
 
Fonte: www.hospitalmoinhos.org.br 
 
 
28 
BIBLIOGRAFIA 
ABCâncer - Associação Brasileira do Câncer. Disponível em 
www.abcancer.org.br/sobre.php. Acesso em: 15 out. 2007. 
FLORIANI, C.A. Cuidador do idoso com câncer avançado: uma abordagem bioética, 
Ministério da Saúde - Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, março de 2004. 
Disponível em: http://teses.cict.fiocruz.br/pdf/floriani.com.pdf. Acesso em: 30 jul. 2007. 
GIL, A.C. Técnicas de pesquisa em economia. 2º ed. São Paulo Atlas, 1991. 
GONÇALVES, L.O. Cuidadores Primários Familiares dos Idosos Atendidos na Clínica 
Escola de Fisioterapia da Universidade do Vale do Itajaí - Univali Florianópolis, 2002. 
Disponível em: http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/6721.pdf. Acesso em: 15 jul. 2007. 
GORDILHO, A.; KARSCH, U., 2000. Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio 
pelo setor saúdes na atenção integral ao idoso. Universidade Aberta da Terceira 
Idade, 
HORTALE, V.P., SILVA, R.C.F., Cuidados Paliativos Oncológicos: Elementos para o 
debate de diretrizes nesta área. Cad. Saúde Pública, n.22, v. 10, p.2055-66, 2006. 
LEAL, M.G. “O Desafio da Longevidade ao Cuidador”. Revista da Terceira Idade. 
Publicação do SESC, n. 20, 2000. 
 
 
29 
10 LEITURA COMPLEMENTAR 
Autores: Daniel Silveira da Silva e Giselda Veronice Hahn 
 
Disponível em: www.univates.br/revistas/index.php/cadped/article/view/861/85 
Data de acesso: 22/11/2016 
 
PROCESSO DE TRABALHO EM ONCOLOGIA E A EQUIPE MULDISCIPLINAR 
 
Resumo 
Estudo de caráter exploratório descritivo com abordagem qualiquantitativa, cujo 
objetivo foi verificar como ocorre o processo de trabalho de uma equipe multisciplinar 
que atua em serviço de oncologia, quais as facilidades e os entraves enfrentados e 
suas repercussões entre os membros. Foram pesquisados 13 diferentes profissionais 
da área da Saúde utilizando instrumento semiestruturado. Os profissionais 
compreendem suas atribuições na equipe e sentem reconhecimento de seu trabalho 
pelos colegas. Entretanto, estresse e diferenças de personalidade, a sobreposição de 
papéis, injustiças no trabalho, dificuldade em compreender a linguagem utilizada pelos 
colegas e grande demanda de trabalho foram aspectos negativos relatados. Ressalta-
se a importância de maior integração entre os membros da equipe para que esta avalie 
seu processo de trabalho de modo a resultar em melhorias no trabalho e na 
assistência ao paciente. 
 
Palavras-chave: Equipe de Assistência ao Paciente. Serviço Hospitalar de 
Oncologia. Condições de Trabalho. 
 
INTRODUÇÃO 
O processo de trabalho em oncologia é fundamentado na equipe 
multidisciplinar. Devido à crescente aceitação do modelo de atenção integral, com 
abordagem biopsicossocial em saúde, vem se fortalecendo o interesse pelo trabalho 
nessa modalidade, o qual tem trazido novos desafios e exigido habilidades para o 
trabalho em equipe (TONETTO; GOMES, 2007). 
 
30 
Os profissionais que compõem essas equipes enfrentam, entretanto, 
dificuldades interprofissionais inerentes à sua prática, como diferenças de 
personalidade, de formação e de opiniões. Em contrapartida são inegáveis as 
facilidades em trabalhar nesse tipo de conformação, tanto para o paciente, que conta 
com atendimento especializado multidisciplinar, quanto para os profissionais de 
saúde, que podem desempenhar suas atividades com maior segurança. O trabalho 
em equipe tem sido visto como uma estratégia para enfrentar o processo de 
especialização da área da saúde. Todavia, não pretende abolir as especificidades, 
pois estas melhoram os serviços prestados ao aprimorar o conhecimento e o 
desempenho técnico em uma área (PEDUZZI, 2001). 
Devido às características inerentes à doença oncológica, os profissionaisque 
trabalham diretamente com ela estão mais suscetíveis a alterações, sofrendo 
impactos na saúde física e psicológica, os quais se estendem negativamente para o 
nível familiar, social e laboral (LABATE; CASSORLA, 1999), causando estresse 
(FERREIRA, 1996). 
O contato próximo com os usuários mobiliza emoções e favorece conflitos, 
tornando os profissionais da área da Saúde suscetíveis ao sofrimento psíquico e 
adoecimento relacionado ao trabalho (RIOS, 2008). Além disso, a convivência 
frequente com a morte expõe os profissionais a experiências e vivências de sofrimento 
e angústia, o que pode levar ao esgotamento psíquico, denominado Burnout, 
caracterizado por exaustão prolongada e perda de interesse. Essa situação pode ser 
resultante da rotina de enfrentamento de situações que evidenciam a terminalidade 
(QUEIROZ, 2008). 
Os aspectos físicos e psíquicos dos trabalhadores estão diretamente 
relacionados ao seu trabalho e podem representar tanto equilíbrio, satisfação e 
desenvolvimento, quanto desajuste, tensão e, consequentemente, adoecimento 
(DEJOURS; ABDOUCHELI; JAYET, 2009). 
Ainda é escassa a produção de pesquisas empíricas sobre as práticas das 
equipes de saúde, sendo preciso consultar estudos de âmbito internacional (PINHO, 
2006), bem como as definições de equipe são relativamente raras nas literaturas 
consultadas sobre trabalho em equipe multiprofissional (PEDUZZI, 1998). 
Durante a realização deste estudo verificou-se que as pesquisas enfocam, 
sobretudo, a relação do profissional com o doente e seus cuidadores ou do doente 
com sua doença e fatores relacionados a ela. Todavia, a relação interprofissional, com 
 
31 
enfoque nas dificuldades laborais, não tem sido abordada com frequência na literatura 
nacional, assim como o enfoque multidisciplinar em oncologia, visto que as temáticas 
têm sido fragmentadas nas diferentes áreas do saber em saúde. Essa carência de 
trabalhos acerca da multidisciplinaridade enfatiza a relevância de desenvolver estudos 
com esta temática. 
Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo verificar como ocorre o 
processo de trabalho de uma equipe multidisciplinar em oncologia e conhecer as 
facilidades e os entraves enfrentados nesse processo e suas repercussões entre os 
membros. 
METODOLOGIA 
 
Foi realizada uma pesquisa exploratória descritiva com abordagem 
qualiquantitativa, do tipo pesquisa de campo. A amostra foi intencional e constituída 
de profissionais que atuam em uma equipe multidisciplinar de saúde do serviço de 
quimioterapia de um hospital filantrópico do interior do Rio Grande do Sul. Os aspectos 
éticos foram respeitados de acordo com a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde 
em relação às pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996). O projeto foi 
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) do Centro Universitário 
UNIVATES por meio do número 108/10. 
Os critérios de inclusão da amostra foram: ser profissional da área da saúde, 
de nível superior e médio, integrante da equipe multidisciplinar de um serviço de 
quimioterapia e devolver o instrumento de coleta de dados preenchido e o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido assinado em duas vias dentro do prazo 
estabelecido. Como critérios de exclusão adotou-se: profissionais da equipe de saúde 
com tempo de atuação inferior a três meses no serviço ou que estivessem ausentes 
no período de coleta de dados devido a férias ou licenças. 
Os sujeitos tiveram duas semanas para responder ao questionário e a entrega 
foi feita em uma urna deixada no serviço e recolhida após o prazo estipulado. 
Foi aplicado um questionário semiestruturado contendo questões abertas e 
fechadas, precedidas de dados de identificação. Estes foram utilizados para traçar o 
perfil sociodemográfico da amostra. Previamente foi realizado um pré-teste para 
avaliar o instrumento no setor de radioterapia, o qual também possui uma equipe 
multidisciplinar, que revelou não haver necessidade de ajustes. 
 
32 
Os dados foram analisados de forma quantitativa por meio da estatística 
descritiva e também qualitativamente pela análise de conteúdo proposta por Minayo 
(2007) que, por meio de procedimentos especializados e científicos, permitem tornar 
replicáveis e válidas inferências sobre dados de um determinado contexto. A partir 
dos resultados foram definidas as categorias de análise, sendo utilizada a literatura 
disponível para a interpretação dos dados. 
 
COMUNICAÇÃO NA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR 
 
As relações humanas, tanto com o paciente quanto com a equipe 
multidisciplinar, são a base do trabalho do profissional de saúde. O processo 
comunicativo, inserido nesse contexto, é imprescindível para a ação profissional 
(SILVA, 2003). 
Em pesquisa realizada com enfermeiros acerca de agentes estressores no 
trabalho, o item mais citado esteve relacionado aos problemas de relacionamento e 
comunicação - fato apoiado por vários estudos internacionais (MARTINS et al., 2000). 
Neste estudo, entretanto, a dificuldade de comunicação entre os integrantes da 
equipe foi relatada por 62% dos sujeitos como evento que ocorre “algumas vezes” e 
“raramente” para 38%, evidenciada nos seguintes relatos: 
Em algumas situações a falta de comunicação devido ao pouco tempo para 
trocar informações interferem na qualidade do trabalho (P2). Ocasionalmente 
temos dificuldade na “cadeia” [grifo do sujeito] de troca de informações, na 
sequência. Acredito ser uma falha em algum ponto que não conseguimos 
ainda detectar exatamente como corrigir. Talvez com este trabalho possamos 
iniciar esta investigação (P3). Falta ou comunicação incorreta [...] (P7). 
Os profissionais se comunicam para superar problemas e, nesse sentido, são 
capazes de reconhecê-los, analisá-los e buscar formas de reinventar/recriar as 
alternativas de trabalho (MISHIMA; PEREIRA; FORTUNA; MATUMOTO, 2003). 
“Portanto, a comunicação entre os profissionais é o denominador comum do trabalho 
em equipe, o qual decorre da relação recíproca entre trabalho e interação” (PEDUZZI, 
2001, p. 106). 
Por outro lado, existem situações nas equipes de saúde que particularmente 
dificultam a sua estruturação, como a linguagem utilizada e a falta de confiança 
interprofissional em virtude das relações de poder entre os diferentes profissionais 
(PINHO, 2006). O trabalho em saúde ainda é pautado tradicionalmente pelas relações 
 
33 
hierárquicas e o trabalho individualizado, todavia é possível criar espaços de troca, de 
conversa e discussão em que se busque a integração, democratização e 
horizontalização das relações de trabalho (PEDUZZI, 2007). 
No que tange à linguagem utilizada por outros profissionais da equipe 
multidisciplinar devido às diferentes formações, a maior parte da amostra, 69%, 
relatou “raramente” ou “nunca” enfrentar dificuldades de compreensão e o restante, 
31%, referiu enfrentar “algumas vezes” essa dificuldade. P12 relata que: 
O mais difícil de tudo é compreender as expectativas individuais e alentar as mesmas com o 
grupo. Fazer com que cada um fale e se expresse, sem invadir ou ofender o outro. 
Em estudo de Tonetto e Gomes (2007) a ausência de linguagem clara e objetiva 
já foi apontada como uma dificuldade na relação do psicólogo com a equipe. Vale 
ressaltar que as mensagens que passamos diariamente são interpretadas não apenas 
pelas palavras que pronunciamos, mas também pela forma como nos comportamos 
(SILVA, 2003). Compete à equipe multidisciplinar conhecer os mecanismos de 
comunicação que auxiliarão na melhora do relacionamento entre os membros da 
equipe. 
 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ESTRESSE 
 
Referente ao estresse gerado pelo trabalho em equipe, as respostas foram bem 
variadas, visto que 38% relataram o enfrentar algumas vezes, outros 38% raramente, 
15% frequentemente e 8% que nunca o vivenciam. 
Em um estudo de Balancieri e Bianco (2004) a dificuldade de relacionamento 
profissional entre colegas no ambientede trabalho surgiu como fator desencadeador 
de estresse em 50% das respostas. O contato próximo com os usuários mobiliza 
emoções e conflitos inconscientes, além de outros fatores, e torna os profissionais da 
área da saúde suscetíveis ao sofrimento psíquico e adoecimento relacionado ao 
trabalho (RIOS, 2008). 
Estudo de Queiroz (2008) demonstrou que as condições de trabalho podem 
interferir no estado de saúde do trabalhador de enfermagem desencadeando 
problemas como estresse, mudança de humor, depressão, dores lombares, doenças 
de pele e lesões por materiais perfurocortantes. Foi observado ainda elevado número 
de licenças médicas e de transtornos de ordem física e mental relacionados às 
dificuldades enfrentadas pelos profissionais frente ao tratamento de pacientes 
 
34 
oncológicos e ao estresse, entre outros fatores. As doenças apontadas foram 
identificadas como sendo de origem psicossomática, podendo este fato ser 
relacionado à gravidade dos pacientes e com a instabilidade clínica dos usuários. 
 
INVASÃO DO NÚCLEO DE ATUAÇÃO DA PROFISSÃO 
 
Os integrantes da equipe, de maneira geral, não se sentem invadidos em seu 
núcleo de atuação pelos profissionais de outras especialidades, visto que a grande 
maioria, ou seja, 92%, relatou que nunca e raramente se sente invadido, tendo apenas 
8% indicado algumas vezes ter vivido essa situação. 
O trabalho multiprofissional refere-se à recomposição de diferentes processos 
de trabalho que devem, para se integrar, concomitantemente, preservar as diferenças 
técnicas ou especificidades de cada trabalho e articular as intervenções realizadas 
pelos componentes da equipe (PEDUZZI, 2007). A interação, articulação e o poder 
são fatores de satisfação nas relações profissionais e auxiliam na manutenção dos 
integrantes nas equipes. Entretanto, as relações de trabalho são dinâmicas e definem 
a maior ou menor interação entre os profissionais. Os entraves que surgem no 
desenvolvimento das atividades laborais afetam as relações entre os membros das 
equipes e entre estes e os pacientes e familiares. As relações construídas dentro de 
experiências interdisciplinares possibilitam que entraves e conflitos comuns nas 
organizações sejam superados ou minimizados, o que se projeta na satisfação tanto 
para os profissionais quanto para os pacientes (MATOS; PIRES; CAMPOS, 2009). 
A interação e a articulação na equipe interdisciplinar acontecem considerando 
a assimetria das relações interprofissionais e entre trabalhador e usuário. Parte do 
trabalho de natureza interdisciplinar se constitui no ouvir os colegas e considerar as 
contribuições na definição do trabalho a ser desenvolvido (MATOS; PIRES; CAMPOS, 
2009). 
Conforme Tonetto e Gomes (2007), um fator que dificulta o trabalho em equipe 
é a falta de clareza quanto às atribuições dos diferentes profissionais que a constitui. 
Entretanto, os profissionais deste estudo compreendem quais são as suas atribuições 
dentro da equipe, visto que 54% relataram raramente e 46% nunca encontrarem essa 
dificuldade em seu processo de trabalho. 
Em estudo realizado com psicólogas, estas consideram as condições de 
trabalho variáveis entre diferentes hospitais, assim como em diferentes unidades de 
 
35 
uma mesma instituição. A forma de interação com os demais profissionais varia de 
acordo com questões hierárquicas, o grau de importância atribuído aos aspectos 
emocionais e o conhecimento do trabalho desenvolvido por essa área (TONETTO; 
GOMES, 2007). 
 
DIFICULDADES LABORAIS E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE 
TRABALHO 
 
Ao final do instrumento havia duas questões abertas referentes a outras 
dificuldades laborais e sua influência no processo de trabalho que permitiram aos 
sujeitos acrescentar informações específicas do serviço. Os sujeitos reforçaram a 
importância das relações interprofissionais na equipe e citaram alguns aspectos 
organizacionais do serviço, como poucos profissionais, falta de profissionais com 
experiência em oncologia e falta de comprometimento com o serviço, assim como 
desgaste emocional, sobrecarga de trabalho e distribuição desigual dos pacientes ao 
longo da semana, como dificuldades enfrentadas no trabalho que atrasam as 
atividades laborais, geram grande demanda de trabalho à equipe e causam desgaste 
emocional, angústia e insegurança. 
A divisão técnica e social do trabalho, em parte, sugere que as relações 
estabelecidas dentro do processo de trabalho são desenvolvidas por diferentes 
profissionais (agentes) que possuem parcelas de conhecimento, poder e autonomia 
distintas entre eles (MISHIMA; PEREIRA; FORTUNA; MATUMOTO, 2003). Para a 
resolução de conflitos que emergem no que tange ao trabalho coletivo, com a 
estruturação de novas profissões, o modelo médico centrado ainda é mantido, tendo 
este profissional a última palavra nos conflitos, independentemente de as decisões 
estarem corretas ou não, atuando os demais profissionais como práticas auxiliares 
(LEOPARDI, 1999). 
É crescente na literatura consultada o destaque para a atenção integral e 
multidisciplinar em saúde, com valorização de todos os membros da equipe. Um dos 
princípios norteadores da Política Nacional de Humanização é o “fortalecimento de 
trabalho em equipe multiprofissional, fomentando a transversalidade e a grupalidade” 
(BRAZIL, 2004, p. 5). O trabalho em equipe multidisciplinar é um destaque na 
evolução da saúde do Brasil, e de acordo com Kowalski et al. (2002), a oncologia 
requer esse enfoque. 
 
36 
CONCLUSÃO 
 
Evidenciou-se que diferenças de personalidade foi o problema mais destacado 
pela equipe. Apesar do exposto, percebeu-se que os profissionais não enfrentam 
dificuldade em compreender suas atribuições na equipe e um grande percentual 
referiu sentir reconhecimento do seu trabalho pelos colegas. Foi encontrado baixo 
percentual de respostas afirmativas referente à sobreposição de papéis ou à invasão 
em seus núcleos de atuação, à injustiça no trabalho e à dificuldade em compreender 
a linguagem utilizada pelos colegas da equipe, evidenciando que problemas na 
comunicação são pouco frequentes. Por meio das perguntas abertas surgiram novas 
dificuldades que refletem de forma negativa no processo de trabalho, causando 
desgaste emocional, angústia e insegurança. 
As atribuições de cada membro da equipe são definidas por meio de 
legislações específicas. É possível respeitá-las e, ao mesmo tempo, realizar um 
cuidado integral através do que Cecílio (2001) denomina de ‘integralidade focalizada’, 
ou seja, atender as necessidades dos usuários através do esforço de cada um dos 
trabalhadores e da equipe de saúde como um todo. É o atendimento integral como 
fruto do trabalho solidário da equipe. Isso demanda comunicação e possibilita maior 
integração entre os membros, oferecendo um cuidado que atenda às necessidades 
de cada usuário. 
O processo de trabalho em oncologia é imprescindivelmente multiprofissional, 
considerando suas peculiaridades. Os resultados desta pesquisa parecem corroborar 
com outros estudos desta temática visto que apresentam dificuldades semelhantes. 
Entretanto, foram apontadas questões específicas que possibilitam inferir sobre as 
particularidades da equipe estudada. 
Não é possível generalizar os resultados, pois cada equipe possui dificuldades 
e facilidades que podem ser semelhantes e distintas às outras, mas são próprias. São 
necessários novos estudos para avaliar essas especificidades envolvendo equipes 
multidisciplinares em oncologia, de maneira a pensar em formas de melhorar 
constantemente as relações de trabalho nessa área. Novas pesquisas podem ser 
desenvolvidas para favorecer a melhoria das relações interprofissionais, pois, além 
destes, os usuários dos serviços também serão beneficiados. 
 
 
37 
BIBLIOGRAFIA 
CECILIO, Luiz Carlos de Oliveira. As necessidades de saúde como conceito 
estruturante na luta pela integralidade e equidade na atençãoem saúde. In: 
PINHEIRO, Roseli; MATTOS, Ruben Araújo de. (Org.). Os sentidos da integralidade 
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ARTIGO PARA REFLEXÃO 
Autores: Cleonice Antonieta Costa, Wilson Danilo Lunardi Filho e Narciso Vieira 
Soares 
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v56n3/a19v56n3 
Data de acesso: 23/11/2016 
 
 
38 
ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO CLIENTE ONCOLÓGICO: reflexões junto 
à equipe 
 
RESUMO 
O presente relato refere-se a uma prática assistencial, construída e 
implementada junto a membros da equipe de saúde de um Serviço de Oncologia e 
Radioterapia de um hospital geral de grande porte da região leste do Rio Grande do 
Sul, visando à humanização da assistência. Constituiu-se numa possibilidade de 
refletir com a equipe de trabalho, acerca da assistência prestada aos clientes à luz 
das propostas do Sistema Único de Saúde (SUS) e sob a ótica da abordagem 
humanística e suas propostas metodológicas. 
 
Palavras chave: enfermagem oncológica; educação; equipe de enfermagem; 
ética 
INTRODUÇÃO 
 
Cada vez mais, vivencia-se o aumento significativo das neoplasias malignas. 
No quadro sanitário brasileiro, esta realidade tem ampliado a discussão sobre o 
controle desse grupo de doenças, incluindo-as como uma das prioridades em saúde. 
Apesar de ainda haver áreas obscuras na compreensão da etiologia do câncer, já se 
tem conhecimentos suficientes para embasar ações de controle capazes de diminuir 
a sua incidência e mortalidade. 
 A possibilidade de cura do câncer, na maioria de suas formas, está diretamente 
relacionada à sua extensão, quando é instituído o primeiro tratamento, assim como a 
qualidade e disponibilidade dos recursos para tratá-lo. No Brasil, as doenças crônico 
degenerativas, entre elas o câncer, vêm recebendo atenção caracterizada por ações 
essencialmente terapêuticas, de alta tecnologia e alto custo, dirigidas a pacientes com 
doenças sintomáticas e, na maioria das vezes, avançadas. Esta situação, com 
frequência é agravada pela falta de definição sobre o caminho a ser seguido pelo 
paciente, desde a primeira queixa até a confirmação do diagnóstico e o início do 
tratamento especializado. 
Assim, a assistência ao paciente oncológico dá mostras de sua complexidade, 
pois precisa envolver a consideração de múltiplos aspectos, tais como: físicos, 
psicológicos, sociais, culturais, espirituais e econômicos, bem como os preconceitos 
 
39 
e tabus existentes, pois a palavra câncer, ainda, vem carregada da ideia de maldição 
e morte. Como a maioria dos pacientes tem confirmado o seu diagnóstico somente 
em fase avançada, além da cura de muitos tipos de câncer ainda não ser possível e 
como o quadro que grande parte dos pacientes apresenta, geralmente, é doloroso de 
se ver e acompanhar, os subterfúgios aumentam, decorrendo daí o emprego de 
termos substitutos ou sinônimos: “a doença ruim”, “aquela doença”, “tumor”, “neo”, 
dentre tantos outros. Ao ser abordada a questão do câncer como uma perspectiva de 
finitude, pode-se afirmar que se mostra tão ameaçador porque representa não apenas 
uma ameaça de morte, mas uma tríplice ameaça: de dor física, de mutilação e de 
morte. 
 
A EQUIPE E A ASSISTÊNCIA AO CLIENTE COM CÂNCER 
 
O paciente com câncer não deve ser considerado, apenas, como mais um caso. 
Nessa perspectiva, precisa ser empreendida uma visão holística e multidisciplinar, 
buscando compreendê-lo nas suas múltiplas relações para proporcionar uma 
abordagem profissional humanizada profundamente solidária, geradora não só de 
saúde, mas, principalmente, de vida. Os profissionais que trabalham em oncologia 
estão expostos, no seu dia-a-dia de trabalho, a situações geradoras de conflitos. Os 
fatores que predispõem aos conflitos são, dentre outros, as frequentes perdas por 
morte; as pressões que expõem o modelo médico tradicional de responsabilidade em 
relação à cura e à longevidade; o trabalho constante com doenças graves e com a 
tristeza dos familiares, o contato frequente com os familiares e paciente, levando à 
criação de vínculo com maior envolvimento com o problema vivido. 
Não raro surge o sentimento de impotência do profissional diante da doença, 
principalmente em sua fase terminal, que pode traduzir-se em revolta ou em 
abatimento. De suma importância e, provavelmente, a mola mestra que vai mobilizar 
toda a assistência emocional que será prestada ao paciente com câncer e sua família, 
é a forma como a equipe comunica-se e interage com eles. A comunicação, portanto, 
não deve ser vista, apenas, como um processo de transmissão de informações, mas 
compreendida como uma possibilidade de entendimento entre as pessoas(4). Desse 
modo, pode ser considerada como sendo um dos elementos fundamentais no 
processo de autonomia do ser humano(5). Considera-se de grande ajuda, neste 
sentido, a interação multiprofissional, tendo clara a possibilidade de visualizar o cliente 
 
40 
como um todo, nos seus aspectos bio-psico-sócioespirituais, pois o cuidado à saúde 
transcende o simples ato de assistir centrado no fazer, nas técnicas ou nos 
procedimentos; significa, também, reconhecer os clientes e seus familiares como 
seres humanos singulares, vivenciando um difícil momento de suas vidas. 
 
HUMANIZANDO A ASSISTÊNCIA AO CLIENTE ONCOLÓGICO E SUA FAMÍLIA 
 
A assistência humanizada ao paciente com câncer e seus familiares consiste 
no emprego de atitudes que originem espaços que permitam a todos verbalizar seus 
sentimentos e valorizá-los; identificar áreas potencialmente problemáticas; auxiliá-los 
a identificar fontes de ajuda, que podem estar dentro ou fora da própria família; 
fornecer informações e esclarecer suas percepções; ajudá-los na busca de soluções 
dos problemas relacionados ao tratamento; instrumentalizá-los para que tomem 
decisões sobre o tratamento proposto; e levar ao desempenho de ações de 
autocuidado, dentro de suas possibilidades. Entre as múltiplas ações de saúde 
necessárias para propiciar cuidados que privilegiem, dentre outros, os aspectos 
psicológicos, estão à disponibilidade, a atitude de aceitação e de escuta e a criação e 
a manutenção de um ambiente terapêutico. 
A partir dessa compreensão e diante da importância atribuída a uma 
assistência humanizada aos clientes, o que se pretendeu com a realização deste 
estudo foi construir e implementar uma prática assistencial junto à equipe de trabalho 
do serviço de oncologia de uma instituição hospitalar de grande porte da região leste 
do Rio Grande do Sul, fundamentada na Teoria Humanística, visando a humanização 
da assistência aos clientes ali atendidos. 
 
CAMINHO METODOLÓGICO 
 
Este estudo teve como eixo norteador o processo de diálogo reflexivo junto à 
equipe dessa unidade de oncologia. Caracteriza-se como uma prática assistencial, 
que buscou construir uma proposta de assistência humanizada aos clientes por ela 
atendidos. Apoiando-se no referencial da enfermagem fenomenológicab, teve o 
diálogo como meio facilitador do intercâmbio de saberes enfermeira/equipe,visando 
sua instrumentalização para prestar uma assistência ao cliente como sujeito do 
cuidado. 
 
41 
A opção pelo trabalho com a equipe deveu-se ao fato de considerar-se que, a 
partir de encontros para discussões e reflexões, podem-se transformar 
comportamentos para prestar uma assistência com qualidade e de forma abrangente 
para, assim, colaborar para a melhoria da qualidade de vida dos clientes. A cada um 
dos participantes foi solicitado o consentimento livre e esclarecido, conforme 
determina a resolução 196/96 do Ministério da Saúde, bem como o Código de Ética 
dos Profissionais de Enfermagem. Para garantir o anonimato e o sigilo das 
informações, foi sugerido aos participantes adotarem nomes de flores. Assim, cada 
membro do grupo espontaneamente escolheu aquela de sua preferência para 
identificar-se: Violeta, Amor Perfeito, Lírio, Orquídea, Bem-me-quer, Cravo, Girassol 
e Rosa. 
Os encontros foram realizados em uma das salas da unidade de oncologia, em 
ambiente confortável, claro e arejado, sendo possível visualizar o verde da natureza, 
através das janelas, e tendo o canto dos pássaros como fundo musical, constituindo-
se em um respiradouro para os membros do grupo. Ocorreram uma vez por semana, 
às sextas-feiras, devido ao menor fluxo de clientes, totalizando oito encontros com a 
duração aproximada de uma hora. Os diálogos foram captados em fitas magnéticas 
numeradas, transcritas e digitadas, contemplando as falas utilizadas pelos sujeitos 
com a linguagem com a qual cada um expressou suas crenças, seus valores e 
opiniões, acerca da assistência prestada aos clientes. 
 
OPERACIONALIZAÇÃO DA PRÁTICA ASSISTENCIAL 
 
A experiência vivenciada resultou desse processo dialógico com oito membros 
da equipe de trabalho da unidade de oncologia, sujeitos desta prática assistencial, 
cujas cinco fases da enfermagem fenomenológica foram relacionadas aos seguintes 
passos do processo de enfermagem: Investigação – coleta de dados subjetivos e 
objetivos sobre e com a equipe, por meio do diálogo, da observação das reações e 
expressões de cada um dos participantes e da sua interação com o grupo. Foi possível 
conhecer opiniões, acerca da assistência que vêm prestando aos clientes, dúvidas, 
anseios e expectativas. Esta compreensão intuitiva do outro é necessária porque “a 
enfermeira tem que fazer uso da sua intuição como pessoa e como profissional para 
saber como agir da melhor forma possível em determinadas situações(9); Diagnóstico 
– elaborado através do diálogo, do conhecimento de si e do outro, com a participação 
 
42 
de todos os sujeitos desse processo. A partir da constatação das necessidades do 
grupo, dos problemas vividos, foi possível elaborar um plano de cuidados; 
Planejamento e Implementação – descrição das metas a serem atingidas, conforme 
os objetivos definidos junto com o grupo. As metas de bem-estar ou de vir a ser foram 
atingidas pelo diálogo, através do encontro e da presença da enfermeira com a equipe. 
Foi estabelecido como objetivo a ser atingido o fortalecimento do grupo, visando a 
humanização da assistência aos clientes atendidos na unidade; e Avaliação – ocorreu 
ao longo do desenvolvimento da prática assistencial, quando, ao final de cada 
encontro, era realizada uma avaliação, no sentido de identificar se houve ou não 
possíveis mudanças no comportamento dos membros da equipe, em relação à prática 
cotidiana e a percepção de necessidades de alterações na prática assistencial, dentre 
outros. 
 
DESCREVENDO OS ENCONTROS E AS REFLEXÕES EMERGENTES 
 
A partir da instrumentalização inicial, mediante leituras e aprofundamento 
teórico, consolidou-se a preparação para conhecer os outros. O primeiro contato com 
o grupo visou o conhecimento subjetivo e objetivo de seus membros. Neste encontro 
inicial, compareceram sete dos oito integrantes do grupo, quando foi explicitado, 
novamente, o objetivo dessa prática assistencial, deixando claro que a sua realização 
só seria possível com a participação ativa de cada um. Alguns mostraram-se ansiosos 
e inibidos, diante da gravação das suas falas. Buscou-se, então, estabelecer, 
inicialmente, um diálogo descontraído, visando deixá-los mais à vontade para 
expressarem suas opiniões. 
Dentre os assuntos discutidos, estão àqueles relativos à importância das 
reuniões da equipe, percebidas como espaços para o diálogo, troca de ideias, 
experiências, discussão e reflexão acerca dos assuntos relativos à sua prática 
cotidiana. Refletindo-se sobre a importância das reuniões e o seu potencial de 
fortalecimento da equipe para alcançar os objetivos de humanização da assistência 
ao paciente oncológico, partiu-se do pressuposto de que todos podem contribuir com 
suas ideias e opiniões para a solução de problemas. Essa característica essencial do 
trabalho em equipe faz com que as chances de êxito na resolução dos problemas 
sejam maiores(10). Em outras palavras, as reuniões não devem ser realizadas, 
apenas, para a cobrança do cumprimento de normas e rotinas da unidade ou para 
 
43 
criticar o que está errado, mas devem servir para, a partir da identificação dos 
problemas, levantar sugestões, visando chegar a soluções mais concretas. Também, 
devem ser realizadas para elogiar, quando a equipe desempenha seu trabalho com 
qualidade. 
Assim, pode-se perceber que o trabalho em equipe pode liberar a criatividade 
e a energia. As comunicações em equipes eficazes são, automaticamente, interativas; 
as pessoas desenvolvem-se por meio das sugestões de outras, acrescentando novas 
perspectivas que fazem com que a discussão evolua. Estas assertivas estão 
contempladas nas reflexões sobre a importância do diálogo com o grupo, sobre o seu 
fazer com uma perspectiva de melhoria na qualidade da assistência ao cliente 
oncológico, caracterizadas pela seguinte fala: 
O mais importante é que, através dessas reuniões, está se construindo uma 
proposta de trabalho como início de um processo maior, onde irá se 
desenvolver maior união entre o grupo. Esta união só vem em benefício do 
paciente, pois, à medida que cada um ajudar o outro, melhor será o trabalho 
da equipe (Cravo). 
 
Houve o consenso de que a equipe já vinha prestando uma assistência com 
bastante qualidade, embora reconheçam que sempre se pode melhorar, ou seja, 
podemos buscar sempre “sermos mais”, em nossas atividades cotidianas, 
complementada pelo entendimento de que a assistência humanizada corresponde a 
uma forma ideal para tratar os clientes. A gente mostra que devemos tratar o paciente 
com respeito e não passando, para ele, a impressão de que temos pena dele (Cravo). 
Refletindo acerca da prática assistencial proposta e do fazer cotidiano, em 
relação à humanização da assistência ao cliente oncológico, também houve o 
consenso que é: 
Um direito do cliente ser bem atendido, implicando reconhecê-lo como sujeito 
e não como um mero objeto. [...] O que nos falta é o que a enfermeira está 
nos propondo, de uma forma bastante inteligente, ou seja, 
instrumentalizarmo-nos melhor, visando assistir melhor. [...] temos que fazer 
exercícios, parar e refletir, pois isto é uma situação bastante nova. Tratarmos 
as pessoas com humanidade não deve ser novo, não deveria ser novidade e 
sim uma rotina em nossa prática profissional. Mas, como medir, como 
identificar esta atuação da equipe, frente às pessoas, bem como sentir isto 
como nós estamos sentindo, discutindo de uma forma coletiva? A realidade 
nos coloca em cheque, no dia a dia, questões bem complexas (Girassol). 
Uma questão vivenciada frequentemente em oncologia é a possibilidade da 
ocorrência e do pressentimento constante de morte a que estão submetidos os 
 
44 
clientes e familiares. Nesse sentido, surgiu o consenso de que se deve levar em conta 
não somente suas necessidades biológicas, mas, principalmente, suas necessidades 
espirituais decorrentes dessa situação. 
Eu acho que a gente falha com a assistência,quando se trabalha visando, 
apenas, a questão material, vendo o cliente como uma fonte de lucro, quando 
não se trabalha a questão espiritual do ser humano. Eu percebo, em toda a 
equipe, essa disponibilidade, essa boa vontade (Girassol). 
Por sua vez, os pacientes que vivenciam a possibilidade de ocorrência da 
morte, muitas vezes, imaginam-se na iminência de “perder tudo e todos que amam” 
(12:93). Frente a esta possibilidade, pacientes e familiares recorrem à religiosidade 
para superarem esse difícil momento de suas vidas. É necessário, portanto, que a 
equipe reconheça a importância de fazer-se presente e atender também as 
necessidades religiosas dos pacientes, conforme as especificidades de sua religião, 
em qualquer momento, [pois] não só é uma necessidade como um direito do 
paciente(13). A proximidade da morte não deve implicar o afastamento dos membros 
da equipe de saúde tanto do próprio cliente como dos seus familiares. 
Reportando-se a esta última fala, houve o questionamento sobre que 
estratégias poderiam ser adotadas, no sentido de evitar atitudes desumanizantes, 
impessoais, visualizando o paciente, apenas, como fonte de lucro. Com o objetivo de 
incentivar o debate, foram trazidas, então, algumas reflexões sobre a natureza 
humana dos membros da equipe e, por isso, ser impossível assumir uma postura, 
apenas, de indiferença frente aos clientes, mas capaz de olhar para suas existências, 
reconhecer suas unicidades, dando significado às suas experiências e à sua busca 
de “ser mais”. Outro assunto que emergiu refere-se à união do grupo como resultado 
para o melhor atendimento ao cliente. O relato, a seguir, reforça a importância desta 
união como fator facilitador para a prestação do cuidado, dentro de uma visão 
humanística. 
A gente pode ver qual a dificuldade do colega. Numa passada de olhos, 
verificar se está necessitando de ajuda. Isto pode vir em benefício de todos, 
pois demonstra que estamos, neste grupo, tentando fazer o melhor trabalho 
possível. Quando a gente se predispõe a fazer alguma coisa, tem que se 
fazer com carinho, tem que ter a honestidade, a solidariedade como princípios 
norteadores (Cravo). 
A equipe, também, necessita de cuidados especiais, de atenção, visando 
mantê-la forte e unida, pois, quando não dispõe da ajuda necessária para se proteger 
 
45 
dos riscos do trabalho nem para usufruir recompensas, todo o tipo de problema pode 
surgir como reuniões incômodas e destrutivas e o sentimento de decepção ou 
desmotivação, cujos reflexos podem implicar baixa qualidade da assistência prestada. 
Refletindo-se sobre o cuidado da própria equipe como uma exigência para cuidar dos 
outros, foi evocado um estudo que buscou obter respostas a como se dá a 
governabilidade na enfermagem, abordando o cuidado de si como exigência para o 
cuidado do outro. Isto porque, para os membros da equipe reconhecerem no paciente 
um ser humano e assim tratá-lo, precisam, também e num estágio anterior, 
reconhecer-se e tratar-se como seres humanos. Como podemos falar em 
humanização do paciente se, antes, não podemos constatar a presença de equipes 
[...] humanizadas? 
O diálogo vivo e o entrosamento entre os membros da equipe podem ser 
considerados como um fenômeno que envolve a nutrição do bem-estar e do mais-ser 
(7). Esta transação intersubjetiva entre a equipe se dá num evento vivo experiência 
pelos participantes. A partir dessa prática assistencial, houve maior interação entre 
eles e está passou a ser, cada vez mais, constante no seu cotidiano, como o atesta a 
seguinte fala. 
Apesar de trabalhar, há alguns anos, com pacientes oncológicos percebi que 
houve um maior entrosamento entre a equipe, principalmente, com os 
pacientes, procurando atendê-los melhor, dispensando mais atenção, 
priorizando as suas necessidades de verbalizar suas dúvidas, em relação à 
doença (Orquídea). 
Assim, percebe-se que a assistência humanizada inclui o estar junto de forma 
empática, ouvir, buscar a compreensão de necessidades, resgatando o entendimento 
de uma situação existencial que transcenda ao somente assistir, dentro de uma visão 
tradicional(9), provando com isso que, por mais que seja feito, sempre se pode fazer 
melhor. Portanto, quanto mais conseguimos incluir de nós mesmos, mais 
conseguimos estar abertos aos outros. Quanto mais conseguimos estar junto aos 
outros, mais nos permitimos compartilhar com eles. 
As discussões acerca do fazer cotidiano e a opção por uma assistência 
humanizada, como consequente ampliação da perspectiva do cuidado, vendo o 
cliente para além dos aspectos meramente físicos, prosseguiram nos demais 
encontros. Esta perspectiva de realizar o cuidado, de maneira diferenciada, foi 
identificada como uma possibilidade que vem ocorrendo de refletir sobre aquilo que 
 
46 
se está fazendo, a partir da realização dos primeiros encontros desta prática 
assistencial, como atesta a fala a seguir. 
Esta semana, quando fui aplicar a quimioterapia num paciente, percebi que o 
mesmo estava muito angustiado. Fiquei conversando com ele por 
aproximadamente meia hora, antes de realizar a punção. Relatou-me que, 
além da doença, estava vivenciando problemas familiares. Após a conversa, 
percebi que o paciente estava menos tenso, quando, então, pude aplicar o 
tratamento. [...] Depois das reuniões, tem sido melhor, porque percebemos 
como é importante para o paciente ser bem atendido (Amor Perfeito). 
Embora já houvesse o consenso de já estar sendo prestada uma assistência 
diferenciada, houve a manifestação explícita do reconhecimento da importância dos 
encontros até então realizados e suas repercussões no trabalho que vêm 
desenvolvendo. Gastam-se alguns minutos a mais para estar com o cliente, mas 
ganha-se em qualidade na assistência, representando maior ganho para todos. 
Refletiu-se que esta é a diferença entre prestar uma assistência com qualidade ou, 
simplesmente, realizada de forma mecânica, desconsiderando o cliente como um ser 
semelhante a nós, que necessita, também, de atenção, de diálogo, de carinho. Nesse 
processo reflexivo, emergiu, ainda, que o atendimento diferenciado ao cliente pode 
ser prestado por qualquer membro da equipe, desde aquele que realiza as funções 
mais elementares até aquele que realiza as mais complexas. Por exemplo, à medida 
que quem realiza a limpeza do ambiente demonstrar sua disponibilidade ao cliente, 
diante de suas necessidades, estará contribuindo para a melhoria da assistência 
prestada a este mesmo cliente. Daí porque são importantes o diálogo e a interação, 
em que as pessoas ouvem, riem, choram, contemplam, participam do dia-a-dia 
demonstrando, cada um à sua maneira, sensibilidade à importância de cada um na 
assistência. Esta possibilidade de ajuda mútua, de união do grupo está contemplada 
na fala que se segue. 
Eu acho que, de agora em diante, vai melhorar mais do que está. Acho que 
estamos mais unidos, fazemos uns pelos outros, ajudando uns aos outros [...] 
Eu gosto muito do meu trabalho, tenho muito amor ao serviço. Nós somos 
uma pequena família (Rosa). 
A equipe de trabalho da unidade de oncologia, mesmo sendo constituída de 
pessoas com diferentes saberes, valores e histórias de vida, neste momento, vem 
convergindo seu interesse em refletir, cada vez mais, acerca da assistência que vem 
prestando aos clientes. 
 
47 
Quanto mais tempo passamos juntos, mais unidos vamos ficar. O que 
percebo como diferença de outros lugares em que já trabalhei é o coleguismo 
que existe, aqui. Coleguismo mesmo. Quando qualquer um de nós apresenta-
se estressado, cansado, sempre tem alguém para ajudar, dizendo: não. Para 
ai! Deixa que eu faço! Eu punciono a veia para ti e tu fazes outra coisa. Nos 
outros lugares, não tem disso. Tu tens que fazer o teu serviço, embora, 
estejas cansada, angustiada, estressada. Tens que fazer e pronto (Amor 
Perfeito). 
As experiências vividas, durante a realização dessa prática assistencial, 
apontam

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