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ARTES VISUAIS
5º PERÍODO
Manoela dos Anjos Afonso
GRAVURA
GRAVURA
Manoela dos Anjos Afonso
Montes Claros - MG, 2011
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
2011
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Giulliano Vieira Mota
CONSELHO EDITORIAL
Maria Cleonice Souto de Freitas
Rosivaldo Antônio Gonçalves
Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho
Wanderlino Arruda
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Ubiratan da Silva Meireles
REVISÃO TÉCNICA
Luci Kikuchi Veloso
PROJETO GRÁFICO
Alcino Franco de Moura Júnior
Andréia Santos Dias
EDITORAÇÃO E PRODUÇÃO
Ana Lúcia Cardoso Pereira
Andréia Santos Dias
Clésio Robert Almeida Caldeira
Débora Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida
Diego Wander Pereira Nobre
Jéssica Luiza de Albuquerque
Karina Carvalho de Almeida
Patrícia Fernanda Heliodoro dos Santos
Rogério Santos Brant
Sânzio Mendonça Henriques
Tatiane Fernandes Pinheiro
Tátylla Aparecida Pimenta Faria
Vinícius Antônio Alencar Batista
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Coordenador Geral da Universidade Aberta do Brasil
Celso José da Costa 
Governador do Estado de Minas Gerais
Antônio Augusto Junho Anastasia
Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
Alberto Pinto Coelho
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Alberto Duque Portugal
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos Reis Canela
Vice-Reitora da Unimontes
Maria Ivete Soares de Almeida
Pró-Reitora de Ensino
Anete Marília Pereira
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH
Mércio Coelho Antunes
Chefe do Departamento de Artes
Coordenadora do Curso de Artes Visuais a Distância
Maria Elvira Curty Romero Christoff
AUTORES
Manoela dos Anjos Afonso
Graduada em Educação Artística com Habilitação em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes do 
Paraná (2000) e pós-graduada em Fundamentos do Ensino da Arte pela mesma instituição (2003). 
Mestre em Cultura Visual pela Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (2008) 
com projeto na linha de pesquisa ‘Poéticas Visuais e Processos de Criação’. Professora Assistente da 
Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. Produção artística concentrada nas 
seguintes áreas: artes gráficas (gravura, carimbo, arte-postal, manipulação digital de imagens), vídeo-
arte, arte e comunicação na rede (blogs).
SUMÁRIO
Apresentação ..............................................................................................................................09
Unidade I: Gravar e imprimir ...................................................................................................... 13
1.1 Gravar ............................................................................................................................. 13
1.2 Imprimir .......................................................................................................................... 14
1.3 Monotipia........................................................................................................................ 17
Unidade II: Relevo, encavo e demais processos de produção de gravuras e estampas ................. 21
2.1 Relevo ............................................................................................................................. 21
2.2 Encavo ............................................................................................................................ 42
2.3 Litografia ........................................................................................................................ 48
2.4 Serigrafia ......................................................................................................................... 50
2.5 Técnicas digitais ............................................................................................................... 52
Unidade III: Artes gráficas na sala de aula ................................................................................... 55
3.1 Estampa na sala de aula: monotipia, colagraf, carimbo e serigrafia ................................... 55
3.2 Gravura em relevo na sala de aula: matriz em isopor ....................................................... 58
3.3 Gravura em encavo na sala de aula: ponta seca sobre placas de plástico .......................... 62
Referências .................................................................................................................................65
9
APRESENTAÇÃO
Olá, seja bem-vindo(a)!
Prepare-se para mergulhar no universo das artes gráficas!
Depois de ter passado pelos ateliês das linguagens bi e 
tridimensional, agora você experimentará conceitos e práticas ligados à 
gravura e à estampa. Ao longo das próximas 16 semanas, você terá acesso 
ao conhecimento básico necessário para a compreensão da importância 
das ações “gravar” e “imprimir” não só para o campo das artes, mas 
também no que diz respeito à evolução de outros importantes setores da 
produção humana.
Por enquanto, olhe ao seu redor e procure identificar o que pode 
ser produto da impressão de uma matriz. Que tal começar pela sua carteira 
de identidade? Temos aí o princípio de toda a produção gráfica desde os 
tempos mais remotos: matrizdedo e a sua impressão.
E o que mais pode ser fruto de uma marca/impressão deixada por 
uma matriz? Os textos e exercícios sugeridos neste livro e no ambiente 
virtual certamente têm muito a lhe revelar. Portanto, vamos ao trabalho!
Desejo-lhe um ótimo curso.
Professora Manoela dos Anjos Afonso
DADOS DA DISCIPLINA 
Ementa:
Introdução aos conceitos teórico-práticos básicos relacionados 
às artes gráficas. Produção visual em gravura e estampa a partir do 
conhecimento inicial das seguintes técnicas: monotipia, colagraf, 
xilogravura, gravura em metal (ponta-seca) e experimentos digitais. Pesquisa 
de materiais e suportesalternativos para a produção de matrizes, gravuras 
e estampas como prática didático-pedagógica para professores do ensino 
fundamental e médio.
Objetivo geral
Produzir gravuras e estampas a partir de técnicas como monotipia, 
gravura em relevo, gravura em encavo, princípios básicos da serigrafia e 
experimentos digitais.
10
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
10
Objetivos específicos
•	conhecer basicamente o universo das artes gráficas por meio da 
história da arte, dando destaque aos seus principais artistas, conceitos
e técnicas;
•	 identificar os principais materiais, suportes e ferramentas utilizados 
na produção gráfica tradicional;
•	destacar as modificações sofridas nos campos visual e processual 
das artes gráficas a partir da comparação da produção gráfica tradicional
com a contemporânea;
•	 levantar dados sobre a produção gráfica local;
•	 incentivar a pesquisa local de materiais e suportes alternativos 
para a confecção de matrizes, gravuras e estampas para atividades tanto 
artísticas quanto didático-pedagógicas;
•	 introduzir os procedimentos básicos de impressão e gravação em 
relevo e encavo a partir das técnicas sugeridas na ementa desta disciplina;
UNIDADE 1: GRAVAR E IMPRIMIR1.1 Gravar
1.2 Imprimir
1.3 Monotipia
UNIDADE 2: RELEVO, ENCAVO E DEMAIS PROCESSOS DE PRODUÇÃO 
DE GRAVURAS E ESTAMPAS
2.1 Relevo: xilogravura, linóleogravura, colagraf
2.2 Encavo: ponta seca
2.3 Litografia
2.4 Serigrafia
2.5 Técnicas digitais
UNIDADE 3: ARTES GRÁFICAS NA SALA DE AULA
3.1 Estampa na sala de aula: monotipia, colagraf, carimbo e 
serigrafia
3.2 Gravura em relevo na sala de aula: matriz em isopor
3.3 Gravura em encavo na sala de aula: ponta seca sobre placas 
de plástico
GRAVURA UAB/Unimontes
11
Materiais necessários:
1 Material Coletivo
•	 2 rolos de borracha;
•	 tinta gráfica offset vermelha e preta;
•	 1 prensa para gravura em metal;
•	 2 espátulas largas de metal;
•	 1 pedaço de vidro com no mínimo 60 x 40 cme 1 cm de espessura 
(com as bordas lapidadas); pode ser substituído por uma bancada de granito 
polido ou por uma mesa com tampo de vidro, enfim, por uma superfície 
lisa e firme que não absorva a tinta gráfica. - 1 vidro de óleo de linhaça;
•	1 litro de querosene;
•	 muitos jornais velhos;
•	 vários panos e trapos;
•	 detergente, sabonete e esponjas para limpeza;
•	 barbantes e pregadores de roupa para a confecção de varais para 
secar as gravuras;
•	talco;
•	 1 pia/tanque para auxiliar na limpeza dos materiais e da sala de 
gravura;
•	 bacias retangulares onde caiba o papel A3;
•	 1 vidro de produto para polir metais (Brasso);
•	 álcool (líquido);
•	 feltro para a prensa de gravura em metal.
2. Material Individual Básico (observar durante as atividades práticas os 
materiais solicitados,pois estes podem não estar listados abaixo):
•	 1 placa de madeira no tamanho 20x30 cm (de preferência uma 
das seguintes madeiras: peroba-rosa, canela, guatambu, goiabeira);
•	 lixa para madeira (uma mais grossa e outra mediana);
•	 lixa d’água (600) para afiar os instrumentos (goivas);
•	 colher de pau para impressão das xilogravuras;
•	 3 Blocos de papel canson A3;
•	 1 Bloco de papel sulfite A3;
•	 1 Bloco de papel canson A4;
•	 100 folhas de papel sulfite A4;
•	 cola branca;
12
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
•	 pincéis;
•	 verniz;
•	 papelão Paraná;
•	 estiletes, tesouras;
•	 E.V.A;
•	 2 blocos de madeira no tamanho aproximado de 5 x 5 (essas 
dimensões podem variar);
•	 bandejas de isopor;
•	 tinta (guache, óleo ou acrílica);
•	 1 avental;
•	 escova de dente usada (para limpar a matriz de metal);
•	 lápis, canetas, caderno de anotações;
•	 1 ponta seca (pode ser um prego ajustado a um cabo de pincel, 
ou um cortador de azulejo, enfim, uma ponta capaz de riscar a chapa de 
metal);
•	 1 chapa de metal (cobre, zinco ou alumínio) no tamanho 
15x20cm;
•	 1 lima;
•	 2 cartões telefônicos usados ou outro tipo de cartão similar;
•	 1 par de luvas de borracha ou 1 caixa de luvas cirúrgicas descar-
táveis (esta pode ser adquirida em grupo);
•	 goivas (estojo com 6). 
Roteiro de estudo:
Todas as unidades são compostas por atividades que envolvem a 
leitura de textos, sua posterior discussão em fóruns no ambiente Moodle e 
a prática de ateliê. Você deverá estar sempre com as leituras, discussões e 
práticas de ateliê em dia, pois todas as atividades propostas pelo professor 
possuem um prazo limite de entrega. A gravura é uma técnica que exige 
dedicação, pois envolve uma série de etapas que não podem ser deixadas 
de lado. Para se chegar a um resultado satisfatório é preciso obedecer passo 
a passo o proposto. Portanto, comece o quanto antes a estudar e a praticar.
Bom trabalho!
13
UNIDADE 1
GRAVAR E IMPRIMIR
Para que você compreenda a gravura como história, técnica e 
linguagem, faremos, inicialmente, algumas reflexões sobre duas de suas 
operações fundamentais: a gravação e a impressão. Nesta unidade, você 
encontrará informações sobre fatos que antecederam a gravura, assim 
como conceitos introdutórios ligados ao universo das artes gráficas. A partir 
do conteúdo aqui apresentado, busque aprimorar algumas definições e, em 
seguida, enriqueça, constantemente, o nosso glossário coletivo disponível 
no ambiente Moodle.
1.1 GRAVAR
A ação de gravar está presente na vida do homem desde os mais 
remotos tempos. Incisões, sulcos e arranhões feitos em pedras deram forma 
aos desenhos de nossos ancestrais durante a pré-história. Peças utilitárias e 
de adorno foram produzidas a partir da gravação em dentes, ossos e chifres 
de animais no final do período Paleolítico Superior. Mais tarde, por volta 
de 3500 a.C., os sumérios criaram a escrita cuneiforme, a qual consistia na 
gravação de pictogramas sobre placas de argila através do uso de estiletes 
com um corte em forma de cunha. Ao darmos mais um salto até o ano de 
196 a.C. deparamos com um pedaço de granito egípcio chamado Pedra de 
Roseta, no qual foi gravado um texto em três versões: hieróglifo, demótico 
e grego. Graças a essa gravação é que os hieróglifos puderam ser decifrados 
posteriormente, em meados do século XIX.
Figura 1: Parede de uma igreja em Ouro 
Preto/MG comranhuras e inscrições. 
Fotografia: Virgínia Regozino.
Ao longo da história da 
humanidade, existem muitos
exemplos que revelam vestígios 
do ato de gravar.
Você se lembra de mais alguns? 
E atualmente,
onde você pode observar sinais 
dessa ação?
14
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Poderíamos continuar seguindo a linha da história com a finalidade 
de encontrar inúmeros exemplos do ato de gravar sobre as mais variadas 
superfícies (pedra, couro, ossos, chifres, argila, cascas de árvore, bambu, 
metais, etc.) e com as mais diversas funções dentro de cada uma das 
culturas. Mas como o nosso foco está sobre o universo da gravura e da 
estampa, seguiremos agora para o ano 105 d.C., período em que o chinês 
Ts’ai Lun criou o papel.
Foi a partir da criação do papel que a ação de gravar uma superfície 
passou a exigir outra ação complementar: imprimir o relevo gravado. A 
partir do século II, a gravação de uma matriz de madeira - técnica chamada 
de xilogravura – ganhou destaque no Oriente e se manteve, por muito 
tempo, ligada à função de multiplicar a escrita. Apesar de a China ter sido a 
pioneira na criação do papel e da xilogravura, foi no Japão que as impressões 
xilográficas ganharam circulação massiva com o objetivo de multiplicar a 
informação. Uma única matriz gravada poderia, agora, receber tinta sobre 
os seus relevos para então ser impressa diversas vezes sobre o papel. Essa 
é a ideia fundamental da gravura tradicional: a produção de uma matriz 
gravada em baixo ou alto relevo com a finalidade de ser impressa inúmeras 
vezes e gerar gravuras semelhantes entre si. Talvez nesse momento tenham 
nascido os primeiros ‘panfletos’ impressos em série da nossa história.
Como você pôde perceber até agora, caminhamos rapidamente 
por um curto pedaço da história, partindo do ato de “gravar” e chegando 
ao ato de “imprimir”. Prossigamos com nossas reflexões, aprofundando 
a leitura sobre a “impressão”. Fique atento à complementaridade dessas 
ações, pois dela depende essencialmente o universo gráfico.
1.2 IMPRIMIR
Figura 2 – Mão. Impressão feita com 
tinta guache preta sobre papel sulfite A4 
por uma luna do curso de introdução 
à gravura da Fundação Jaime Câmara, 
Goiânia/2007. 
Fonte: arquivo pessoal - Manoela Afonso.
Na disciplina ‘Ateliê de 
Linguagens Bidimensionais:
Desenho e Pintura’, foi 
solicitada uma pesquisa
sobre os tipos de papel 
disponíveis em sua
cidade. A partir deste 
levantamento inicial, crie
uma lista com informações 
sobre as referências,
formatos, cores, composição e 
gramatura encontradas
em cada um deles. A 
qualidade do papel
interfere profundamente no 
resultado final de uma gravura 
e em sua posterior conservação 
ao longo dos anos. Os papéis 
mais utilizados por artistas 
gravadoressão o Washi (papel 
japonês para xilogravura) e 
os papéis 100% algodão com 
ph neutro (para a gravura em 
metal). Antes de começar 
seus exercícios práticos, você 
deverá reunir folhas de pelo 
menos 2 tipos de papel: um
mais fino (papel jornal e/ou 
sulfite) e outro com gramatura 
mais alta, ou seja, mais 
encorpado (papel Canson ou 
similar). Caso você se interesse
em conhecer um pouco mais 
sobre a história do papel e seus 
processos de fabricação, acesse 
o site www.bracelpa.org.br/
bra/saibamais/historia/index.
html. Você poderá também 
observar a riqueza desse 
universo pesquisando os sites 
das marcas mais conhecidas 
de papéis especiais para uso 
artístico. São elas: Canson: 
http://www.canson.com.br/
interno.html Fabriano: http://
www.cartierefabriano.it
Hahnemühle: http://www.
hahnemuehle.com/ Papéis 
japoneses no Brasil: http://
www.worldpaper. com.br/
prod_restaura.html - leia mais
em http://madeinjapan.uol.
com.br/2005/12/06/
washi-arte-feita-de-arroz/
Pesquise, experimente e 
escolha os papéis que
possam lhe oferecer os 
melhores resultados. Fique
de olho!
GRAVURA UAB/Unimontes
15
O termo “gravura” é utilizado 
para dar nome tanto à 
linguagem quanto ao seu 
produto, ou seja, tanto ao 
processo de produção quanto 
às cópias produzidas a partir 
da impressão de uma mesma 
matriz gravada. É muito omum 
o uso incorreto dessa palavra, 
sobretudo nas escolas.
Desde criança, ouvimos 
nossos professores pedirem 
para observarmos a ‘gravura 
x’ que está na ‘página y’ do 
livro: “Abram o livro na página 
37 e observem a gravura da 
pintura de Leonardo Da Vinci”. 
Provavelmente, uma gravura 
dessa pintura de Leonardo 
nunca tenha existido. No
livro, lidamos com reproduções 
mecânicas de uma imagem 
que nada têm a ver com 
gravura. Fique atento a 
esses detalhes, pois os 
tão comentados erros de 
interpretação e compreensão 
cometidos por alunos do 
Brasil inteiro, certamente são 
agravados pela falta de cuidado 
no uso de termos técnicos por 
professores das mais variadas
áreas do conhecimento. Um 
livro pode conter gravuras, 
caso seja um livro-arte 
produzido manualmente numa 
tipografia, por exemplo. É
realmente surpreendente que 
a gravura seja um processo 
tão antigo e fundamental para 
o desenvolvimento da nossa 
história, mas que poucos
saibam do que se trata. 
Pergunte aos seus alunos
se eles sabem o que é gravura. 
Esse é um bom começo 
para a multiplicação do 
conhecimento que você está 
adquirindo nessa disciplina.
Imprimir é um ato inerente ao ser humano. Depois de dados os 
primeiros passos, nunca mais deixamos de gravar e imprimir marcas no 
mundo, a começar por nossas pegadas – verdadeiras impressões-vestígios 
da nossa passagem. Num período distante, quando nossos ancestrais 
aprenderam a ler atentamente os sinais da/na natureza, certamente as 
pegadas impressas por animais selvagens ou por outros seres humanos 
funcionavam como verdadeiros textos indicativos de como agir e para 
onde ir.
E você? Ao caminhar sobre a areia relativamente úmida pode 
perceber marcas deixadas pelos seus pés ou sapatos sobre a superfície? O 
“desenho” dos seus pés ou da sola dos sapatos ficaram impressos devido à 
pressão exercida pelo peso do seu corpo sobre a areia. Esse é um caso de 
impressão sem o uso de tinta. Nas artes gráficas, chamamos esta técnica 
de “relevo-seco”, ou seja, uma matriz gravada não é entintada, é apenas 
pressionada fortemente contra a superfície do papel. O resultado é uma 
impressão a seco, sem tinta, tal qual uma marca d’água.
E se você pisar numa terra úmida e vermelha antes de andar sobre 
um piso branco? Certamente perceberá o desenho do solado do seu sapato 
impresso no chão, em vermelho. Nas artes gráficas ocorre o mesmo: o papel 
criado pelos chineses passou a ser pressionado contra matrizes gravadas em 
madeira e entintadas com tintas à base d’água. Ao repetir incansavelmente 
esse processo, as imagens ou textos gravados iam sendo multiplicados.
Figuras 3, 4 e 5: Impressões de jogo-americano de plástico com tinta gráfica preta sobre 
papel colorplus colorido. Cada uma delas possui as dimensões 12 x 16,5 cm. 
Autora: Manoela Afonso.
Em diversas culturas, a impressão de imagens se fez presente. A 
pintura corporal, por exemplo, era produzida a partir da impressão (com 
tintas de fabricação natural) de carimbos feitos com pedaços de tronco ou 
barro. No Japão, carimbos chamados de hanko ou inkan foram criados 
com o objetivo de dar autenticidade a documentos, como se fossem 
uma assinatura pessoal. Atualmente, o hanko pode ser feito em madeira, 
bambu, pedra ou metais diversos, sendo tradicionalmente impressos com 
tinta vermelha. Mas por volta de 57 d.C. eles eram feitos em ouro maciço 
e utilizados por imperadores, homens nobres e samurais.
Lembre disso quando for planejar as suas matrizes para não 
ficarem ao contrário! Observe as imagens abaixo: os alunos esqueceram 
que a palavra gravada no sentido correto ficaria invertida na impressão. 
Para que a palavra saia no sentido certo, ela deve ser gravada invertida e 
16
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
É interessante ressaltar que, 
muito antes de Adam
Smith (Escócia, 1723 – 1790) 
ter feito considerações
sobre a divisão do trabalho, 
e de Henry Ford (EUA, 1863 
– 1947) ter revolucionado 
os métodos de produção 
industrial no século XIX através 
das linhas de montagem, 
chineses e japoneses já
trabalhavam, muitos séculos 
antes, com disciplina e 
conceitos de produção que 
talvez tenham contribuído para 
a revolução das descobertas
e do pensamento ocidental 
nesse sentido. Nos antigos 
ateliês de xilogravura, por 
exemplo, cada indivíduo 
exercia uma função distinta: 
enquanto existiam os 
responsáveis pelo preparo da 
madeira, outros desenhavam 
sobre ela. Então, gravadores
faziam as incisões, enquanto 
existiam outras pessoas para o 
preparo das tintas e dos papéis. 
Finalmente, impressores 
finalizavam o processo. O
livro infanto-juvenil “O velho 
louco por desenho” trata de 
uma história ambientada no 
período Edo. Belas ilustrações 
revelam o funcionamento
dos ateliês de xilogravura no 
Japão desse período, além de 
dar destaque à produção de 
um de seus maiores artistas: 
Hokusai. Vale a pena conferir!
PLACE, François. O velho 
louco por desenho. São Paulo: 
Companhia das letrinhas, 
2004.
Você tem carimbos em sua 
casa? Observe-os.
O que acontece com as letras, 
palavras ou desenhos
quando são impressos? Essa 
é uma das características 
fundamentais da gravura e 
da estampa: a inversão da 
imagem.
espelhada. Se você for trabalhar técnicas de impressão com seus alunos, 
deixe que eles errem a primeira matriz. É na surpresa do erro que esse 
conhecimento fica gravado na memória.
Figuras 7 e 8. Impressões feitas a partir de matrizes de borracha. Imagens: 
Acima: Dalniran - aluno do projeto Arte na Escola. Dimensões: 5,5 x 3,5 
cm. Goiânia/2006. Abaixo: Aline - aluna do curso de Design da Faculda-
de Brasília. Dimensões: 1,5 x 4,5 cm. Brasília/2005. 
Fonte: arquivo pessoal - Manoela Afonso.
Sinetes, selos e chancelas também fazem parte do universo da 
impressão. O sinete, por exemplo, é também um objeto de autenticação, 
só que ao invés de ser impresso com tinta, a sua marca é feita sobre cera 
colorida derretida. Antigamente, no Egito, Grécia e Roma esse objeto 
era feito de madeira, mas a partir de meados do século XVI passou a ser 
fabricado em metal. Foi justamente nesse período, que as técnicas de 
gravação em metal avançaram muito na Europa em resposta, dentre outros 
fatores, ao minucioso e dedicado trabalho de profissionais da ourivesaria. 
Esse fato contribuiu definitivamente para o surgimento e ascensão da 
gravura em metal.
Antes de prosseguirmos com o conteúdo relacionado às principais 
técnicas da gravura,vamos fazer uma pequena pausa. Até este momento 
você percebeu que é na união dos atos de gravar e imprimir que está o berço 
dos processos de multiplicação da informação, seja através de imagens 
ou da escrita. A gravação e a impressão por si só não possuíam a força 
necessária para cumprir tal tarefa; somente em conjunto transformaram-
se na potente tecnologia de multiplicação, circulação e consequente 
massificação do conhecimento. Com a criação do papel e de posse de cada 
vez mais variedades de tintas, matrizes gravadas puderam ser impressas e 
transmitir a gerações futuras o conhecimento de sua época. Assim nasceu 
a gravura, um processo indireto de produção de imagens, ao contrário do 
desenho e da pintura, por exemplo, que são feitos diretamente sobre o seu 
suporte definitivo. 
GRAVURA UAB/Unimontes
17
Materiais Necessários:
- objetos com relevo;
- pincéis;
- tinta guache;
- tinta de carimbo;
- almofada de carimbo;
- papel sulfite;
- papel canson;
- outros papéis à escolha do 
aluno.
Lembra que na disciplina 
“Ateliê de Linguagens
Bidimensionais: desenho e 
pintura” você fez um exercício 
de pesquisa de texturas a partir 
a técnica “frotagem”? (veja a 
página 55 do seu livro
referente ao Módulo 2, parte
 1). Pois bem, agora
lhe proponho uma pesquisa 
semelhante: você
deverá selecionar diversos 
objetos e superfícies
que tenham relevos (texturas) e 
que possam ser
entintados e impressos. Por 
exemplo: moedas,
tampinhas, fundos de copos 
e garrafas, chaves, esponjas, 
buchas vegetais, solas de 
sapatos, enfim, todo objeto 
que apresente uma superfície 
com altos ou baixos relevos. 
Pressione o objeto sobre uma 
almofada de carimbo ou 
passe tinta guache com um 
pincel sobre a superfície a ser 
impressa. Em seguida imprima 
tal superfície entintada num 
papel canson - formato A3. 
Repita a operação diversas 
vezes e procure fazer no 
mínimo 3 composições 
harmoniosas. Antes de utilizar
o papel canson você pode 
fazer testes em papel
sulfite. Nas imagens abaixo, 
observe o resultado da 
impressão do relevo de um 
jogo-americano de plástico 
sobre papel colorido.
Levando em consideração a afirmação de que a gravura parte 
de uma matriz gravada em alto ou baixo relevo, sendo capaz de gerar 
múltiplas cópias semelhantes, como já foi explicado aqui anteriormente, 
pergunto-lhe: E quando uma matriz não é durável o suficiente e é capaz 
de gerar apenas uma cópia? Assim mesmo pode ser chamada de gravura? 
Seu produto é uma gravura?
Tradicionalmente não.
Nesse caso estamos falando de uma técnica de estampa: a 
Monotipia, da qual vamos tratar a seguir antes de voltarmos às técnicas 
tradicionais de gravura.
1.3. MONOTIPIA
Como o próprio nome delata, “mono” significa “um” e “tipia” 
quer dizer “impressão”, ou seja, trataremos a partir de agora de uma 
técnica de impressão capaz de gerar apenas uma única estampa. A 
monotipia é um processo de transferência de uma superfície a outra que 
se situa entre a gravura, o desenho e a pintura. Foi na Itália, por volta de 
1650, que Giovanni Benedetto Castiglione (1609- 1664) fez os primeiros 
experimentos utilizando essa técnica. Até hoje, diversos artistas pesquisam 
e produzem bons trabalhos artísticos utilizando e explorando os recursos 
desse processo. Vale ressaltar também, que a monotipia é uma técnica 
muito apropriada às práticas artístico-pedagógicas ligadas às artes gráficas 
na escola, pois não exige materiais complexos e é de simples execução.
Nos exemplos abaixo você poderá observar duas monotipias 
produzidas por alunas do curso de introdução à gravura da Fundação Jaime 
Câmara, realizado em Goiânia em 2007. Foram utilizados como materiais 
apenas a tinta guache, alguns pincéis, papel sulfite e uma superfície de vidro. 
Evidenciam-se, nestes trabalhos, dois dos quatro métodos da monotipia: o 
aditivo e o subtrativo. Prepare-se para conhecê-los.
Figuras 9. Preparação da superfície de vidro para a impressão de 
uma monotipia. Aluna da Oficina de Introdução à Gravura da Fun-
dação Jaime Câmara, Goiânia/2007. 
Fonte: arquivo pessoal - Manoela Afonso.
18
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Nas imagens abaixo, você pode perceber tanto as camadas de 
tinta adicionadas a pincel (método aditivo) quanto a tinta retirada com 
os próprios dedos pelas alunas (método subtrativo).
Figuras 10 e 11. Monotipias (métodos aditivo e subtrativo). À esquerda: 
Jane Oliveira. À direita: Marley. Ambas alunas da Oficina de Introdu-
ção à Gravura da Fundação Jaime Câmara. Dimensões: 29,5 x 21 cm. 
Goiânia/2007. 
Fonte: arquivo pessoal - Manoela Afonso.
A próxima imagem foi produzida com tinta gráfica, por isso ela 
apresenta texturas e densidade bem diferentes das imagens anteriores.
Figura 12. Monotipia impressa com tinta gráfica (método subtra-
tivo). Martha Costa, aluna da Oficina de Introdução à Gravura da 
Fundação Jaime Câmara. Dimensões: 21 x 29,5 cm. Goiânia/2007.
Fonte: arquivo pessoal - Manoela Afonso.
Os outros dois métodos de produção de monotipias são o 
Positivo e o Negativo. Caso você queira exercitá-los, seguem algumas 
instruções: 
•	 o processo Positivo é feito a partir de uma superfície entintada 
uniformemente. O ideal é utilizar tinta gráfica, mas a tinta a óleo para 
pintura também serve. Sobre tal superfície, coloque suavemente 
a folha de papel, sem fazer pressão alguma. Com um palito, bastão 
Luise Weiss é uma gravadora 
paulistana que em 2002 
publicou um livro infantil 
escrito todo ao contrário.
Junto com o livro vem um 
espelho, através do qual o 
texto pode ser visto no sentido 
correto e, assim, lido sem 
problemas. WEISS, Luise. 
Dentro do espelho. São Paulo: 
Cosac & Naify, 2002.
No campo das artes 
gráficas, a nomenclatura 
sempre foi motivo de muita 
discussão entre artistas e 
especialistas. Nessa disciplina 
consideraremos gravura todas 
as técnicas de impressão que
possam gerar uma tiragem 
composta por cópias
semelhantes entre si, 
originadas a partir de uma
matriz gravada em relevo ou 
encavo. Métodos que possuem 
matrizes efêmeras (monotipia), 
ou planas (litografia), ou 
originadas por processos
aditivos (colagraf), fotográficos 
(serigrafia) e digitais, serão 
chamados aqui de estampa. 
Isso não quer dizer que uma 
coisa seja melhor que a outra!
Gravura e estampa ocupam 
lugares importantíssimos
dentro das artes gráficas. 
Adotaremos esse critério com 
base na tradição apenas para 
organizarmos nossas ideias e 
nivelarmos a narrativa.
Posteriormente, através de 
pesquisas e leituras
complementares, você 
mesmo poderá fazer as suas 
opções com relação a este e 
a outros problemas do campo 
conceitual das artes gráficas.
GRAVURA UAB/Unimontes
19
ou outro instrumento desenhe nas costas desse papel. Após o término da 
interferência, retire-o e observe o resultado: linhas na cor da tinta foram 
transferidas para a folha de papel tal qual acontece com uma folha de 
carbono. 
•	 o método Negativo nada mais é do que a impressão dos vestígios 
deixados pelo processo aqui descrito. Ou seja, após retirar a impressão em 
Positivo, imediatamente coloque outra folha de papel sobre a mesma área 
entintada e faça pressão nas costas do papel para obter a impressão em 
negativo. O resultado será a imagem das linhas que você acabou de fazer, 
só que em negativo, ou seja, mais claras ou até mesmo brancas.
Figura 14. Monotipia: processo Positivo. Alunas do Ateliê Livre de 
Gravura em Relevo do Projeto Arte na Escola/FAV/UFG – Goiâ-
nia/2008. 
Fonte: arquivo pessoal - Manoela Afonso.
ATIVIDADE PRÁTICA
A segunda atividade prática da nossa disciplina consiste na 
produção de 5 trabalhos em monotipia: 2 através do método aditivo, 2 
através do método subtrativo e 1 utilizando os dois métodos conjuntamente.
Materiais necessários:
•	 tinta guache, acrílicaou óleo;
•	 pincéis;
•	 papel sulfite;
•	 outros papéis à escolha do aluno;
•	 uma superfície lisa e impermeável. 
1. Numa superfície lisa e impermeável (tampo de vidro, radiografia, 
acetato, fórmica, bancada de pedra polida) pinte uma imagem com a tinta 
que você escolheu utilizar. Se você estiver usando uma tinta à base de óleo 
poderá trabalhar com mais calma. Mas se a tinta for à base d’água terá que 
correr contra o tempo, pois ela seca mais facilmente inviabilizando, assim, 
a impressão da estampa.
2. Depois de pronta a pintura, coloque o papel sobre ela. 
Pressione-o com as mãos, passando-as uniformemente de um lado a 
A tinta gráfica – offset ou 
tipográfica - é feita à
base de óleo. A partir do seu 
devido preparo, ela pode 
ser usada em praticamente 
todas as técnicas de gravura e 
estampa artísticas: xilogravura,
linóleogravura, calcogravura, 
colagraf, litografia, monotipia e 
outros processos de impressão 
em relevo e encavo. Das 
técnicas que comentaremos
durante a disciplina, apenas 
a serigrafia não pode ser feita 
com esse tipo de tinta. Para 
o manuseio da tinta gráfica, 
são necessárias algumas 
ferramentas e materiais, tais 
como: espátula de metal, rolo 
de borracha, uma superfície 
lisa e impermeável, querosene, 
jornais velhos. O uso correto
de todo esse material é 
fundamental para a boa 
produção de gravuras e 
estampas. A partir
da Unidade 2 você começará 
a utilizar essa tinta, portanto, 
providencie um avental, luvas 
de borracha, creme hidratante 
para as mãos, esponjas,
detergente, trapos velhos para 
limpeza das bancadas.
Veja o vídeo número 1 para 
compreender o modo correto 
de manipular a tinta, quais 
são as quantidades ideais, 
como é o manuseio do rolo 
de impressão, dentre outras 
informações.
Figura 13. Material bá-
sico para impressão de 
gravuras e estampas: 
latas de tinta gráfica, 
rolo de borracha e 
espátulas de metal. 
Fotografia: Manoela 
Afonso.
20
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
outro. A impressão é um momento muito importante tanto na produção 
de gravuras quanto na de estampas. Observe sempre a quantidade de tinta 
que você está utilizando: nunca use tinta demais, pois a imagem impressa 
poderá ficar borrada. Faça alguns testes em papel sulfite e, assim que você 
compreender a relação tinta x pressão, passe a utilizar papel canson para 
os trabalhos definitivos. 
3. Ao retirar o papel da superfície pintada, perceba alguns detalhes: 
a tinta foi transferida para o papel, mas a imagem recém-obtida por meio 
da impressão é bem diferente daquela pintada na superfície lisa; a imagem 
impressa adquiriu outros valores visuais e, além disso, está invertida.
21
UNIDADE 2
RELEVO, ENCAVO E DEMAIS PROCESSOS DE 
PRODUÇÃO DE GRAVURAS E ESTAMPAS
A Unidade 2 apresentará técnicas introdutórias de gravação 
e impressão em relevo, encavo, litografia, serigrafia e processos digitais, 
sendo que algumas delas você conhecerá na prática. Temos muito trabalho 
pela frente, não deixe as atividades acumularem!
2.1 RELEVO
Quando as partes ‘altas’ da matriz são entintadas e impressas, di-
zemos que houve uma impressão em relevo. Os sulcos da matriz não rece-
bem tinta em hipótese alguma, ao contrário: eles são os responsáveis pelas 
partes brancas da imagem. Nesta unidade, você conhecerá três técnicas de 
impressão em relevo: a xilogravura, a linóleogravura e a colagraf.
Figura 15. Xilogravura chinesa. Fotografia tirada em fevereiro de 
2008, durante a exposição “A arte popular da China”, que aconteceu 
no Museu de Arte de Goiânia/ MAG. 
Fonte: arquivo pessoal – Manoela Afonso.
2.1.1 Xilogravura
O termo Xilo vem de xylon, o qual significa madeira. Xilogravura 
é, portanto, uma técnica de impressão em relevo a partir de uma matriz de 
madeira. Na unidade anterior chegamos ao advento da criação do papel, 
no século II, e do consequente desenvolvimento da xilogravura na China e 
no Japão com funções de circulação massiva da informação. No século V, 
carimbos e selos de madeira antes impressos sobre tecido (seda), passam a 
ter como suporte o papel recém-descoberto. No século IX, o primeiro livro 
do qual se tem notícia foi impresso também a partir da xilogravura: o Sutra 
Um exemplar do Sutra 
Diamante pode ser encontrado 
na Biblioteca Britânica. Acesse 
o link:
http://collectbritain.co.uk/
onlinegallery/ttp/
sutra/accessible/introduction.
html#content e observe as 
imagens desse precioso livro. 
Repare que a xilogravura é 
uma técnica de impressão
em relevo. Portanto, tudo o 
que você visualizar impresso 
no papel, ou seja, na cor da 
tinta, é o que estará em relevo 
na matriz. O que não aparece
na impressão foi cavado, 
desbastado.
22
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Diamante, texto budista traduzido para o chinês em 868 d.C.
As primeiras xilogravuras europeias datam aproximadamente do 
século XV e muitas delas são anônimas. No ocidente, essa técnica também 
teve como principal função a comunicação, só que ao contrário dos 
orientais, as informações eram veiculadas mais por imagens do que pela 
letra. Tal fato se deve ao alto grau de analfabetismo entre as pessoas do povo 
na Europa. Os livros dessa época eram copiados à mão por membros da 
Igreja, a qual detinha a maior parte do conhecimento erudito. A xilogravura 
passou a servir como suporte à transmissão desse conhecimento: já que a 
maioria era analfabeta, as informações tinham que ser difundidas através de 
imagens, geralmente de santos e de passagens da Bíblia. Baralhos também 
foram impressos a partir da xilogravura. Os jogos de cartas foram muito 
populares na época das grandes navegações, pois serviam para distrair os 
tripulantes das embarcações.
Figura 16. Baralho francês do século XV – xilogravura.
As matrizes de madeira, a princípio, eram conseguidas a partir 
do corte longitudinal ao tronco das árvores, ou seja, no sentido da tábua.
Devido a esse fator, essa xilogravura ficou sendo conhecida como xilo a 
fio. No século XVIII, o gravador inglês Thomas Bewick (1753-1828) criou a 
xilogravura de topo, técnica obtida através do uso de matrizes provenientes 
do corte transversal ao tronco da árvore.
 O artista francês Gustave Doré (1832 – 1883), grande ilustrador 
de livros clássicos, como as Fábulas de La Fontaine, Dom Quixote, a Divina 
Comédia e a própria Bíblia, teve muitos de seus desenhos transformados 
em xilogravuras de topo. Essa técnica possibilita a obtenção de linhas 
mais finas, favorecendo os detalhes da imagem que se quer gravar. Isso 
acontece, porque a madeira sendo cortada transversalmente ao tronco 
da árvore, apresenta uma maior dureza e uma disposição diferenciada de 
fibras. Enquanto na xilo a fio os gravadores utilizam instrumentos como 
GRAVURA UAB/Unimontes
23
facas, estiletes e goivas, na xilo de topo o ideal é utilizar o buril.
24
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Figura 17. Esquema
demonstrativo dos cortes da madeira 
para xilogravura de topo (à esquerda) 
e xilogravura a fio (à direita). Foto-
grafia tirada na exposição didática do 
Museu Casa da Xilogravura,
situado em Campos do Jordão/ SP. 
Fonte: http://www.casadaxilogravura.
com.br/. Fonte: arquivo pessoal – 
Manoela Afonso.
Figura 18. Maria Vieira Araújo. Xilogra-
vura de topo. Diâmetro aproximado: 
8,5 cm. Brasília/2007. 
Fonte:arquivo pessoal – Manoela 
Afonso.
Figura 19. Maria Vieira Araújo. 
Matriz de xilogravura de
topo. Diâmetro aproximado: 
8,5 cm. Brasília/2007. 
Fotografia: Manoela Afonso.
Figura 20. Goivas (à esquerda) e buris (à direita). 
Fotografia: Manoela Afonso.
Na Unidade 1, você conheceu o caráter coletivo dos ateliês 
orientais de xilogravura. Desde o seu nascimento até meados do século XIX, 
essa técnica envolveu prioritariamente o trabalho em equipe: desenhistas,gravadores e impressores trabalhavam em conjunto. O artista Gustave Doré, 
por exemplo, não talhava a madeira; ele fazia as ilustrações e as repassava 
para uma equipe de gravadores, os quais, a partir dos desenhos, produziam 
as xilogravuras de topo. Muitos desses profissionais ficaram no anonimato. 
A autoria de diversas gravuras ficou, injustamente, por conta apenas dos 
ilustradores. Pannemaker, Heliodoro Pisan, Jonnard, Trichon, são alguns 
dos gravadores que produziram matrizes a partir de ilustrações de Doré, 
GRAVURA UAB/Unimontes
25
e que, felizmente, co-assinaram algumas das edições. Acesse o link http://
www.catholicresources.org/Art/Dore.htm e observe gravuras feitas a partir 
de ilustrações de Doré para a Bíblia. Amplie as imagens e perceba que 
na parte inferior de cada uma delas há a assinatura do ilustrador (Gustave 
Doré) à esquerda, e a do gravador (diversos profissionais), à direita.
Figuras 21 e 22. Assinaturas de Gustave Doré e do 
gravador Pannemaker.
 
Figura 23. Xilogravura de topo ilustrada por Gustave Doré e gravada 
por Pannemaker. A tentação de Cristo, 1865.
Foi a partir da necessidade de reprodução de imagens e textos 
ue a xilogravura ganhou força e se estabeleceu, antes de tudo, como 
uma técnica mais de reprodução documental, comercial e editorial do 
que propriamente artística. Mas certamente, desde o seu início, muitos 
gravadores se destacaram pelo admirável valor estético do exímio trabalho 
que realizaram. Dentre eles, estão Albrecht Dürer (Alemanha, 1471 – 
1528), Utamaro (Japão, 1753-1806), Hokusai (Japão, 1760 – 1849), 
José Guadalupe Posadas (México, 1851 – 1913), Ernst Ludwig Kirchner 
(Alemanha, 1880 – 1938), Edvard Munch (Noruega, 1863 – 1944), Erich 
26
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Heckel (Alemanha, 1883 – 1970). Esses são apenas alguns dos grandes 
nomes da xilogravura.
Figura 24. Albrecht Dürer. Morte de Maria. Xilogravura, 1510. 29 x 
22,7 cm.
À medida que a gravação em madeira foi perdendo espaço para a 
gravura em metal, ela passou a ser utilizada com mais frequência para fins 
artísticos. A partir do século XIX, a maioria dos artistas começou a explorar 
a xilogravura poeticamente. No século XX, os gravadores contemporâneos 
buscaram – e ainda buscam no século XXI - algo que está além do domínio 
técnico e das funções tradicionais da gravura: o interesse em resolver 
questões conceituais ligadas não só ao universo das artes gráficas, mas 
também aos seus anseios e motivações como artistas e seres humanos. À 
medida que novas técnicas de impressão e reprodução foram surgindo, 
os processos mais antigos puderam transitar livremente pelo campo da 
produção poética.
Os nomes citados até aqui são 
apenas exemplos. Certamente, 
existem muitos outros excelentes
gravadores espalhados pelo nosso 
país. Você conhece algum? Na sua 
cidade existem gravadores?
Quais são as técnicas gráficas que 
eles utilizam? Faça uma visita ao 
ateliê desse artista e descubra o 
que fez com que ele optasse por
essa linguagem. Caso não existam 
gravadores em sua cidade, adote 
um virtualmente: procure
o máximo de informações sobre 
ele, imagens de seus trabalhos e de 
seu ateliê. E se você tiver
alguma questão pertinente, por 
que não enviarlhe um e-mail com 
seus comentários e dúvidas?
Conversar com um artista é uma 
experiência fundamental para a 
compreensão de alguns processos,
linguagens e obras artísticas. Certa-
mente, o envolvimento com a arte 
através da aproximação
do artista será um grande dife-
rencial na sua formação tanto 
didático-pedagógica – como
professor de artes - quanto poética.
GRAVURA UAB/Unimontes
27
Figura 25. Ernst-Ludwig Kirchner, Cabeça Nina Hardt. Xilogravura, 
1921.
2.1.2 E no Brasil?
A princípio consta que a xilogravura chegou ao Brasil com a vinda 
da Família Real portuguesa e a consequente criação da Imprensa Régia, 
em 1808. Assim como na Europa há alguns séculos, no Brasil a xilogravura 
também prestou serviços comerciais e editoriais logo de início: rótulos, 
vinhetas, ilustrações, publicidade etc., eram produzidos através das 
matrizes de madeira. Quando a gravura em metal e a litografia chegaram 
ao país, a xilo perdeu espaço comercial: foi assim que a gravura artística 
brasileira começou a ganhar corpo. Figuras como Lasar Segall (Lituânia, 
1891 - São Paulo, 1957), Oswaldo Goeldi (Rio de Janeiro, 1895 – 1961) 
e Lívio Abramo (Araraquara, 1903 – Assunção, 1992) transformaram-se 
em verdadeiros mestres da escola gráfica brasileira. Vale ressaltar também 
que, desde muito cedo, nosso país apresentou um time excepcional de 
gravadoras mulheres: Fayga Ostrower, Renina Katz, Regina Silveira, Maria 
Bonomi são apenas exemplos de artistas extremamente atuantes nas artes 
gráficas nacional e internacionalmente, com uma produção significativa em 
xilogravura.
No Brasil, existe também um movimento muito rico e coeso de 
produção popular em xilogravura. Ela está diretamente ligada à literatura 
de cordel. Trazida pelos portugueses, esse tipo de livreto tornou-se veículo 
de informação e crítica popular nas regiões Norte e Nordeste do país. O 
Tipos móveis são pequenas 
matrizes em relevo,
unitárias, contendo letras e 
números individuais.
Desde meados do século II, 
na China, os tipos móveis já 
haviam sido criados a partir de 
peças de barro cozido, embora 
a experiência não tenha
sido bem sucedida devido à 
complexidade e variedade
dos caracteres existentes na 
escrita chinesa. Bem mais 
tarde, no século XIV, os 
coreanos aperfeiçoaram a 
utilização de tipos de cobre. 
No século XV, Gutemberg 
(Alemanha, 1390 – 1468)
fez melhorias nos blocos de 
impressão, criou a prensa e 
aperfeiçoou a tinta gráfica. O 
título do cordel mostrado na 
“Figura 26” foi impresso
numa tipografia, ou seja, 
numa impressora que imprime 
tipos móveis. As palavras 
são montadas letra por letra, 
colocadas na máquina, 
entintadas e depois impressas 
inúmeras vezes. Quando a
impressão é finalizada, as 
palavras são desmontadas e os 
tipos guardados conforme seus 
padrões de fonte e tamanho. É 
um método de impressão
artesanal, muito diferente do 
que encontramos atualmente 
nas gráficas, onde o processo
é quase todo digital.
Qual é o principal jornal da sua 
cidade? Chame seus colegas de 
curso e faça uma visita à sessão
de impressão dos periódicos. 
Peça para que um
 funcionário explique como 
se produz o jornal, da matriz 
à impressão. Lembre de 
tudo o que já estudamos até 
aqui e compare os meios de 
reprodução da informação 
conhecidos por você
até o momento.
28
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
nome “cordel” surgiu devido ao fato de pendurarem os livretos sempre 
em barbantes durante as feiras. Mestre Noza, J. Borges (e seus filhos), 
José Costa Leite, Dila, Damásio Paulo, Abraão Batista, José Lourenço 
(responsável atualmente pela tipografia Lira Nordestina) são apenas alguns 
dos importantes nomes da xilogravura dita popular.
Figura 26. J. Borges. Capa de cordel feita em xilogravura 
e tipografia, Pernambuco.
GRAVURA UAB/Unimontes
29
Figura 27. Tipos móveis. Fotografia tirada na exposição didática do 
Museu Casa da Xilogravura, situado em Campos do Jordão/SP. 
Fonte: http://www.casadaxilogravura.com.br/ arquivo pessoal – 
Manoela Afonso.
30
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
ATIVIDADE PRÁTICA
O objetivo desta atividade é a produção de uma matriz xilográfica 
e a impressão de 5 boas cópias assinadas e numeradas. Leia as instruções 
abaixo e providencie todo o material necessário antes de iniciar o processo. 
De posse de todos os itens, releia o passo a passo e comece a sua xilogravura.
1 O projeto
A primeira coisa a fazer é elaborar um projeto para a sua 
xilogravura. Lembre-se de que a xilo a fio não vai lhe oferecer umnível 
alto de detalhamento. Portando, crie uma imagem mais simplificada, 
sem muitas minúcias. É importante também levar em consideração a 
expressividade da própria madeira: ela vai lhe fornecer elementos visuais 
tais como texturas, marcas, linhas resistentes ao corte da goiva, etc. Numa 
folha de papel no tamanho 20 x 30 cm, elabore o seu projeto utilizando 
caneta hidrocor preta. Evidencie bem as áreas que deverão sair em preto 
na impressão. Lembre-se de que para que isso aconteça, as áreas brancas 
do seu desenho deverão ser cavadas na madeira. Caso você domine alguns 
programas de criação de imagem no computador, poderá realizar seu 
projeto digitalmente. Depois de pronto, é só imprimi-lo e transferi-lo para a 
superfície da madeira utilizando papel carbono ou desenho de observação.
Figura 28. Manoela Afonso. Ilustração
digital. Goiânia/2008. - Um projeto 
para gravura em relevo deve prever 
o que será branco (áreas a serem 
cavadas) e o que será preto (áreas da 
matriz que ficarão em relevo).
GRAVURA UAB/Unimontes
31
Figura 29. Lembre-se de que na 
impressão a imagem planejada 
sairá invertida.
Materiais necessários para a realização dessa etapa:
•	 folha de papel no tamanho 20 x 30 cm;
•	 lápis;
•	 caneta hidrocor preta.
Figura 30. O xilogravador carioca André de Miranda nesta 
imagem passa seus projetos para a matriz de madeira. Você 
pode obter mais informações sobre xilogravura no blog do 
artista: http:// mirandart.zip.net/. 
Fonte: Manoela Afonso.
2 A madeirazzz 
A princípio você pode utilizar qualquer madeira que esteja ao seu alcance. 
As melhores para a xilogravura a fio são: cedro, mogno, imbuia, louro, 
cerejeira e imburana. Você poderá utilizar também compensados, duratex 
e eucatex, só que tais materiais não poderão lhe oferecer a beleza da 
textura da madeira. Eles vão resultar numa impressão chapada, muito 
próxima das características da linóleogravura (gravura feita com matriz de 
borracha). A impressão final será algo semelhante à imagem representada 
pelas Figuras 28 e 29. 
- os cortes não precisam ser 
profundos;
- as goivas devem estar bem 
afiadas para que o
trabalho seja satisfatório;
- evite acidentes: ao gravar a 
madeira, cuidado
para que sua mão de apoio 
não fique na frente
da mão que está manuseando 
a goiva. Devido à
força exercida na gravação, a 
goiva pode escapar
e atingir a sua mão.
32
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Providencie 1 taco de madeira no tamanho 20 x 30 cm, 1 lixa 
d’água 600 e 2 lixas para madeira (uma mais grossa e uma mediana). 
Inicie o preparo da superfície da madeira utilizando a lixa grossa. Depois 
prossiga com a lixa média e, para dar acabamento, utilize a lixa d’água. No 
caso do compensado, utilize apenas a lixa d’água. Depois de finalizado 
esse processo, passe o seu projeto para a superfície da madeira utilizando 
papel carbono. Cuidado para não pressionar demais o lápis, pois essa ação 
poderá arranhar a sua matriz. Se você se sentir seguro poderá desenhar o 
seu projeto diretamente na madeira utilizando nanquim ou até mesmo um 
pincel atômico preto, como faz o artista André de Miranda na Figura 30. 
Não esqueça de evidenciar as áreas negras: elas deverão ficar em relevo.
Materiais necessários para a realização dessa etapa:
•	taco de madeira no formato 20 x 30 cm (a madeira não precisa 
ser espessa)
•	 1 lixa d’água 600
•	 2 lixas para madeira (uma mais grossa e uma mediana)
•	 papel carbono, nanquim ou caneta hidrocor preta
•	 lápis
Figura 31. Manoela Afonso. Pausa. Detalhe de xilogravura 
a fio – matriz e impressão. Brasília/2004. Observe como a 
textura da madeira é expressiva. As únicas áreas cavadas 
foram ao redor da xícara e alguns de seus traços internos. 
Essa impressão foi feita com tinta gráfica vermelha sobre 
papel canson.
3 As ferramentas e a gravação
Você já tem o taco de madeira com o projeto da sua xilogravura. 
Agora precisa começar a graválo. Para isso precisará de ferramentas 
chamadas goivas (veja novamente a Figura 20). Para gravar a sua matriz, 
você utilizará basicamente as goivas em formato de V, U e algumas facas.
GRAVURA UAB/Unimontes
33
Figura 32. Sammuel Gonçalves, estudante do curso de Licen-
ciatura em Artes Visuais
da FAV/UFG, gravando a sua matriz. Goiânia/2008. 
Fonte: Manoela Afonso.
Figura 33. Gravação na madeira. Gilzee Reichman, aluna 
do Ateliê Livre de Gravura
em Relevo do Projeto Arte na Escola/FAV/UFG, Goiâ-
nia/2008. Fotografia: Manoela Afonso.
As instruções de como manusear tais instrumentos encontram-se 
no vídeo número 2. Assista-o e mãos à obra!
Materiais necessários para a realização dessa etapa:
•	 conjunto de goivas para xilogravura.
4 A entintagem
Figura 34. Entintagem. Brasília/2006.
Fotografia: Manoela Afonso.
34
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
A entintagem é um passo muito importante para a obtenção de 
uma boa cópia. Tanto o excesso quanto a falta de tinta prejudicarão os 
resultados. No vídeo número 1 você teve noções do manuseio da tinta 
tanto para a monotipia quanto para as impressões em relevo. Assista-o 
novamente e revise os principais cuidados a serem tomados antes de 
entintar a sua matriz de madeira.
Materiais necessários para a realização dessa etapa:
•	 avental, luvas de borracha, detergente, esponja;
•	 1 rolo de borracha;
•	 1 espátula de metal;
•	 tinta gráfica preta;
•	 uma superfície lisa e impermeável (tampo de vidro ou pedra 
polida);
•	 querosene;
•	 jornais velhos;
•	 Trapos velhos.
5 A impressão
Livre de Gravura em Relevo do Projeto Arte na Escola/ FAV/
UFG, Goiânia/2008. 
Fotografia: Manoela Afonso.
Antes de iniciar essa etapa, passe talco nas mãos para evitar que 
algum resquício de tinta suje os papéis: o talco inibe a ação gordurosa da 
tinta.
Faça uma marca de orientação – chamado de registro - para que 
as diversas cópias saiam sempre na mesma posição (na Figura 35, o registro 
é a folha de papel sulfite que está embaixo da matriz. Uma marca feita a 
partir dos contornos da matriz sobre essa folha de papel será o guia para que 
a madeira seja colocada sempre no mesmo lugar a cada nova impressão.)
GRAVURA UAB/Unimontes
35
Lembre-se de que você deverá imprimir no mínimo 5 cópias, 
numerá-las e assiná-las. Nessa pequena tiragem todas as cópias devem ser 
o mais semelhantes entre si, por isso o uso do registro é importante.
A impressão da xilogravura pode ser feita com uma colher de pau. 
Coloque o papel sobre a sua matriz entintada e, como num decalque, 
friccione a parte redonda da colher nas costas do papel. Esse é um trabalho 
minucioso e deve ser feito com calma. Depois de impressa, cada cópia 
deverá ser pendurada num varal para secar. Lembre: a tinta gráfica demora 
de 2 a 3 dias para estar totalmente seca. Assista ao vídeo número 3 para 
tirar suas dúvidas quanto aos procedimentos corretos de impressão.
Figura 36: Secagem de xilogravuras recém-impressas, Goiâ-
nia/2006. 
Fotografia: Manoela Afonso.
Figura 37: Esta é uma típica secado-
ra de papel encontrada em muitos 
ateliês de gravura. Ateliê de gravura 
da Universidade de Brasília, 2005. 
Fotografia: Manoela Afonso.
Materiais necessários para a realização dessa etapa:
•	 folhas de papel sulfite;
•	 1 colher de pau;
36
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
•	 talco;
•	 lápis.
GRAVURA UAB/Unimontes
37
6 A limpeza
Depois de finalizado todo o trabalho é hora de limpar o ateliê e 
as ferramentas. Esse processo é muito importante para a conservação do 
material.
Veja logo abaixo como proceder:
•	 retire o excesso de tinta da sua matriz utilizando apenas jornal. Ela 
não ficará totalmente limpa, mas isso é normal: certifique-se apenas de que 
não há camadas grudentas de tinta sobre a superfície.
•	 a tinta da bancada, da espátulae do rolo devem ser retiradas 
com querosene, jornais e panos (observe como proceder no vídeo número 
4). Após limpar bem o rolo, lave-o com água e detergente para evitar a 
corrosão da borracha.
7 A assinatura
Uma matriz de gravura pode gerar inúmeras impressões. Quando 
você define um número limitado de cópias para a sua matriz, está 
determinando a sua tiragem, ou seja, está fazendo a sua edição. Existe uma 
convenção para essa tarefa. 
Visualize a imagem que você acabou de imprimir: essa é a sua 
mancha gráfica. Abaixo dela, do lado esquerdo, você colocará – a lápis 
- o número de cópias dessa edição. Se você fez 5 cópias no total, deverá 
numerar uma a uma da seguinte maneira: 1/5, 2/5, 3/5, 4/5, 5/5. Do lado 
direito, também abaixo da mancha gráfica, você deverá assinar a sua 
gravura, sempre a lápis. Se quiser, após a assinatura, você pode colocar 
também o ano de sua produção. A parte do meio fica reservada ao título 
da obra, caso exista.
Atenção: tradicionalmente gravuras e estampas são assinadas a 
lápis.
Outros dados podem ser indicados durante a produção de uma 
tiragem. Do lado esquerdo, no lugar dos números da sua edição final, 
podem aparecer algumas siglas. As mais comuns são:
P.E. – prova de estado. Enquanto você estiver experimentando 
a impressão da sua matriz, provavelmente produzirá provas de estado, 
ou seja, impressões não muito boas ou apenas processuais, e que não 
farão parte da tiragem final. Geralmente as P.E’s são muito valorizadas 
por colecionadores e investidores em obras de arte, pois apesar de não 
terem sido consideradas boas o suficiente para integrarem a tiragem final, 
provavelmente são cópias únicas. Uma P.E. de Pablo Picasso, por exemplo, 
certamente vale muito.
P.A – prova do artista. São os 10% da tiragem total à qual o artista 
tem direito. Caso você queira produzir uma P.A., imprima 6 cópias: 5 delas 
38
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
farão parte da sua edição numerada de 1 a 5, e a outra será a sua P.A.
Figura 38. Manoela Afonso. Lamparina.
Linóleogravura. 5,5 x 3,5 cm, Brasília/2004.
2.1.3 Gravura em Linóleo
O linóleo foi criado na Inglaterra em meados de1860, mas só por 
volta de 1920 é que foi utilizado como matriz para gravura em relevo. Ele 
parece uma borracha; é um aglomerado feito com cortiça e óleo de linhaça 
sobre juta, extremamente macio ao corte das goivas. Como no Brasil não 
existe esse material, utilizamos uma gama variada de emborrachados para 
piso e solados de sapato, mas os chamamos igualmente de “linóleo”. É 
preciso pesquisar as melhores borrachas, pois algumas são bastante 
resistentes ao corte, o que tira facilmente o fio das ferramentas. O linóleo 
não apresenta textura, como é o caso de algumas madeiras: sua impressão é 
chapada, pois a borracha geralmente é lisa. O interessante do linóleo é que 
ele pode ser facilmente recortado com estiletes e tesouras, característica 
que possibilitou a criação da técnica chamada de “matriz recortada”. Além 
de poder dar contornos curvos às matrizes – o que na madeira é bem 
mais complicado – o linóleo possibilita a criação de um jogo colorido de 
impressão, em que as partes recortadas da matriz podem ser entintadas 
separadamente, com cores e composições diferentes.
GRAVURA UAB/Unimontes
39
Figura 39. Matriz de linóleo 
(emborrachado para piso). 
Fotografia: Manoela Afonso.
Figura 40. Manoela Afonso. Sonho.
Linóleogravura, 10 x 10 cm, Curitiba/2003.
Figura 41. Matriz recortada de 
linóleo (emborrachado para piso). 
Fotografia: Manoela Afonso.
Figura 42. Manoela Afonso. Gita. Linóle-
ogravura, 22,5 x 16 cm, Curitiba/2003.
Observe como cada uma das partes foi entintada separadamente 
e, na hora da impressão, montadas conforme o projeto original. Uma matriz 
dessa natureza pode também ser impressa com suas partes deslocadas, 
mudando a composição original do projeto (como mostra a Figura 41). 
Pablo Picasso (Espanha, 1881 – França, 1973) criou, no final da década 
de 1950, a técnica da “matriz perdida”. A partir dela produziu belíssimas 
gravuras em linóleo, multicoloridas. Essa técnica pode ser aplicada também 
na xilogravura e noutros suportes alternativos, e funciona da seguinte 
maneira: a cada nova cor que se quer imprimir, grava-se mais uma vez a 
mesma matriz. Por exemplo: a partir de um projeto, inicio a gravação da 
minha matriz (Figura 43) e, em determinado estágio da gravação, paro e 
imprimo cópias dessa etapa numa cor mais clara, o amarelo, por exemplo. 
Em seguida, limpo a matriz e continuo gravando-a para, sobre o amarelo, 
imprimir o vermelho. E assim por diante. Para cada cor a ser acrescentada, 
preciso limpar a matriz, cavar mais sulcos e imprimir a nova cor por cima 
das outras. O resultado é muito satisfatório, colorido, gráfico. Ao chegar à 
40
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
última cor, a matriz já estará quase que totalmente desbastada, por isso é 
que ela é considerada “perdida”. A imagem inicial se foi (Figura 44).
Figura 43 (à esquerda). Manoela Afonso.
Linóleogravura, 22 x 14,5 cm, Curiti-
ba/2003.
Figura 44 (à direita). Este foi o penúltimo
estágio da gravação.
Este é o primeiro estágio de gravação: em preto você pode 
observar a imagem que foi impressa em amarelo durante o processo de 
confecção da matriz perdida da Figura 45. Se você observar a gravura 
final atentamente, perceberá que a impressão em amarelo é muito sutil, 
aparecem apenas filetes. Repare que a imagem 44 é exatamente a mesma 
que está impressa na cor vermelha na gravura final (Figura 45).
Figura 45. Manoela Afonso. Linóleogra-
vura (matriz perdida, impressão final), 
22 x 14,5 cm, Curitiba/2003.
Figura 46. Matriz em seu último estágio.
GRAVURA UAB/Unimontes
41
Repare que as áreas que estão em preto na impressão final (Figura 
45) correspondem exatamente ao relevo que sobrou na matriz. 
Existe outra técnica de inserção de cor na gravura: é a impressão 
através de duas ou mais matrizes. Isso quer dizer que para cada cor que 
você quiser colocar na gravura, terá que gravar uma matriz diferente. É 
praticamente o mesmo raciocínio da serigrafia: para cada área de cor é 
preciso revelar uma tela diferente.
Na figura 47 existem duas matrizes: a primeira, em ocre, gravada 
apenas com alguns cortes que na impressão aparecem em branco – que é a 
cor do papel. A segunda matriz é a que está em preto e foi sobreposta. Para 
trabalhar com a impressão de camada sobre camada é preciso tomar alguns 
cuidados: a princípio as matrizes têm que ter o mesmo tamanho e é preciso 
fazer um registro bem preciso para que todas elas sempre sejam impressas 
exatamente umas sobre as outras, sem deslocamentos. Outro cuidado é 
deixar cada camada secar bem, pois a sobreposição de impressões com 
tinta úmida não ficam boas. Como a tinta gráfica demora de 2 a 3 dias 
para secar, quer dizer que se você for trabalhar com 3 camadas de cor, 
demorará no mínimo 1 semana de trabalho para obter o resultado final.
Figura 47. Manoela Afonso. Persona. Linóleogravura (impressão 
com duas matrizes), 22 x 16 cm, Curitiba/2002.
Vá guardando seus trabalhos 
no portfólio! E não esqueça 
de avaliar desde já qual será 
o escolhido para participar da 
Galeria Virtual. Fique atento!
42
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Figura 48. Primeira matriz: impressão 
em ocre.
Figura 49. Segunda matriz: impressão em 
preto.
2.1.4 Colagraf
Colagraf – chamada também de Colagrafia, Cologravura, 
Papelografia, Papelogravura - é uma técnica alternativa de impressão em 
relevo. Levando- se em consideração o conceito tradicional, ela não é uma 
técnica de gravura, mas sim de estampa, simplesmente pelo fato de sua 
matriz não ser composta por incisões, mas sim, por adição de materiais. 
Os gravadores cubanos são grandes produtores de colagraf, que nada mais 
é do que a criação de matrizesatravés de colagens de materiais diversos 
sobre papelão.
Figura 50. Manoela Afonso. Colagraf 
feita com relevos de cola branca sobre 
papelão paraná, 21 x 9,5 cm, Curiti-
ba/1999. Matriz impressa com prensa-
-parafuso para encadernação.
GRAVURA UAB/Unimontes
43
Figura 51. Manoela Afonso. Colagraf feita com bombril
colado sobre papelão paraná, 19 x 12 cm, Curitiba/1999.
Matriz impressa com prensa-parafuso para encadernação.
Figura 52. Priscila Paz. Colagraf feita com 
barbante colado sobre papelão paraná, 
Brasília/2005. Matriz impressa com colher 
de pau.
ATIVIDADE PR[ATICA
O objetivo desta atividade é a produção de duas colagraf com no 
máximo 15 x 20 cm. Após a confecção das matrizes, devem ser impressas 
no mínimo 5 cópias de cada uma delas, assinadas e numeradas. Leia as 
instruções abaixo e providencie todo o material necessário antes de iniciar 
o processo. 
Materiais necessários: papelão resistente, barbante, cola branca, 
verniz, pincéis, outros materiais que possam ser colados sobre o papelão, 
papel canson para impressão. 
44
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Crie uma matriz de colograf feita com barbante sobre papel paraná 
ou similar. Em seguida, crie outra matriz só que agora colando materiais 
diversificados de sua escolha.
Você deverá fazer uma composição tanto com o barbante quanto 
com os demais elementos colados sobre pedaços de papelão resistente. 
Recorte o papelão no formato que você desejar, com o tamanho máximo 
de 15 x 20 cm, e utilize uma boa cola branca para fixar os materiais sobre 
ele. Não descuide da composição visual!
Depois de bem secas, passe verniz sobre as matrizes com um 
pincel: esta etapa é muito importante para que os elementos colados 
não saiam grudados no rolo de entintagem, que é o próximo passo. No 
manuseio da tinta, você deverá proceder como na xilogravura. Relembre o 
passo a passo revendo o vídeo número 1.
Com a matriz entintada, faça as impressões utilizando uma prensa. 
Prensas são equipamentos caros: provavelmente no seu polo você terá 
acesso a uma prensa adaptada através do uso de um cilindro para massas 
acoplado a uma estrutura de madeira. Esse equipamento será fundamental 
para a prática da gravura em metal. Caso você não tenha acesso a ele, 
também poderá imprimir as suas colagraf manualmente, embora o 
resultado às vezes deixe a desejar. Para o manuseio da pequena prensa 
adaptada, assista novamente ao vídeo número 3. Depois de impressas, 
deixe as cópias secarem num varal e, posteriormente, assine-as conforme 
a convenção.
Figura 53. Prensa-parafuso para encadernação. 
Ateliê de Gravura 508 Sul, Brasília. 
Fotografia: Manoela Afonso.
GRAVURA UAB/Unimontes
45
Figura 54. Prensa para gravura em metal. Ateliê de Gravu-
ra da FAV/UFG, Goiânia. Fotografia: Miguel Ambrizzi.
2.2 ENCAVO
Trataremos, a partir de agora, da gravura em metal. 
Até esse momento você lidou com matrizes em relevo, ou seja, 
as partes altas da matriz é que foram impressas. A gravura em encavo é 
exatamente o oposto: a parte a ser impressa é o sulco, logo, a tinta precisa 
ser empurrada para dentro dos baixos relevos. É por isso que a prensa é 
fundamental nesse processo: o papel é umedecido e, sob alta pressão, 
cede até alcançar a tinta que está dentro dos sulcos. Outra diferença é 
que enquanto na gravura em relevo os processos de gravação são todos 
físicos, ou seja, as ferramentas ferem diretamente a matriz, na gravura em 
encavo a maioria das técnicas acontece também pela ação química de 
diversos produtos, tais como o ácido nítrico e o percloreto de ferro. Devido 
à complexidade tanto de obtenção quanto de manuseio desses químicos 
– alguns deles são tóxicos e necessitam de certos cuidados - praticaremos 
nessa unidade apenas uma das técnicas da gravura em metal: a ponta-seca, 
procedimento exclusivamente físico, ou seja, a gravação se dá pela incisão 
direta de uma ponta dura sobre a chapa de metal.
A gravura em metal – também chamada de calcogravura – nasceu 
em meados do século XV, a partir da ourivesaria, na Europa. O uso do 
metal desbancou a xilogravura, pois as matrizes de cobre eram bem mais 
resistentes e podiam oferecer mais detalhes às imagens. Albrecht Dürer 
(Alemanha, 1471 – 1528) era filho de ourives e, além de xilogravuras 
(Figura 24), produziu muitas gravuras em metal utilizando diversas técnicas 
tais como buril, pontaseca e água-forte. Enquanto as gravações a buril e 
ponta-seca são processos puramente físicos, a água-forte envolve o uso 
de ácidos. Foi no século XVI que Urs Graf (Suíça, 1485 – 1527-9) criou 
essa técnica, que funciona da seguinte forma: primeiro passa-se um verniz 
protetor sobre a placa de cobre; em seguida, com uma ponta de metal, 
desenha-se sobre o verniz, retirando-o; o próximo passo é mergulhar a 
46
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
chapa no ácido, o qual corroerá apenas as partes abertas pelo desenho, 
ou seja, aquelas que estão sem verniz. O resultado oferece linhas bem 
definidas. Veja, na Figura 55, uma água-forte do gravador francês Jacques 
Callot (1594 – 1635).
Figura 55. Jacques Callot. O mendigo. 
Água-forte, 1622-1623. 14 x 8,7 cm.
Outro exímio gravador da época foi Rembrandt (Holanda, 1606 – 
1669), a quem Callot influenciou. Rembrandt ficou conhecido por utilizar a 
água-forte em seu trabalho artístico, independentemente das suas funções 
comerciais de reprodução. Observe na Figura 56 como o artista trabalhava 
o claroescuro: uma de suas características marcantes não apenas na gravura, 
mas na pintura também.
Figura 56. Rembrandt. Auto-retrato, dese-
nhando junto à janela. Água-forte, ponta-
-seca e buril, 1648. 16 x 13 cm.
GRAVURA UAB/Unimontes
47
A gravação a buril é um processo físico que, como a água forte, 
produz linhas delicadas, exatas. Já na ponta-seca, ao riscar diretamente o 
metal, obtémse uma rebarba que resultará numa linha aveludada, borrada. 
Observe, na Figura 57, como as linhas são diferentes das que compõem a 
gravura de Callot (Figura 55).
Figura 57. Auguste Rodin (França, 1840 – 
1917). Victor Hugo (detalhe). Ponta-seca, 
1884. 22 x 16 cm.
ATIVIDADE PRÁTICA
Nesta atividade você deverá produzir três boas impressões de 
gravura em metal utilizando a técnica da ponta-seca. A primeira coisa a 
fazer é o projeto. Lembre-se de que a gravura em encavo é bem diferente 
da gravura em relevo: agora você pode inserir detalhes e explorar melhor o 
desenho sobre a chapa. Mas não esqueça que a linha gravada é que sairá 
impressa, ao contrário da xilo, em que tudo o que era gravado ficava em 
branco na impressão final.
Para iniciarmos, providencie os seguintes materiais:
Material Individual:
•	 uma chapa de cobre no tamanho 10 x 15 cm, de 1 a 1,5 milímetros 
de espessura. Você pode substituir o cobre por latão ou alumínio.
•	 uma lima.
•	 lixa d’água 600.
•	 uma ponta-seca que pode ser adaptada acoplando-se um prego a 
um cabo de pincel. Você pode utilizar também riscadores de cerâmica ou 
outro material cortante e resistente que possa riscar bem a sua matriz de 
metal (veja a Figura 58).
•	 um bloco de papel canson A4.
•	 2 cartões telefônicos usados (ou similares) para fazer pinças para 
48
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
manusear o papel sem sujá-lo.
•	 jornais cortados em muitos quadrados de aproximadamente 15 x 
15 ou 20 x 20 cm para limpeza da matriz antes da impressão.
•	 papel de seda cortado em quadrados de aproximadamente 10 x 
10 cm para finalização da limpeza da matriz.
•	 luvas, avental.
Material Coletivo:
•	 um vidro de óleo de linhaça.
•	 tinta gráfica, espátula de metal.
•	 uma espátula plástica flexível para entintar a chapa.
•	 jornais para secagem do papel (não podem estar vincados).
•	 uma bacia ou cuba plástica para molhar os papéis.
•	 jornais para limpeza geral, querosene,detergente.
Objetos pesados para colocar sobre as impressões: podem ser 
livros, placas de madeira, ou qualquer outro elemento que faça pressão 
uniforme sobre o papel recém impresso. 
Essa etapa é muito importante, pois evita que o papel no qual está 
impressa a sua gravura fique todo ondulado.
Figura 58. Materiais e ferramentas para gravura em 
metal. Da esquerda para direita você pode observar 
uma placa de cobre, dois roulettes (que são ferramen-
tas específicas para calcogravura), pontas de metal (dois 
riscadores de azulejo, uma ponta-seca autêntica e uma 
ponta-seca adaptada com prego e cabo de pincel), lima 
e tesoura para chapa de metal. 
Fotografia: Manoela afonso.
Assista ao vídeo número 5. Ele apresenta didaticamente todo o 
passo a passo a ser cumprido para que você obtenha bons resultados com 
a ponta-seca. Você deverá seguir corretamente cada uma das etapas:
1. Preparação da matriz: chanfrar as bordas da chapa e dar-lhe 
polimento.
2. Gravação: gravar/riscar o seu projeto sobre a matriz com uma 
ponta resistente.
3. Preparação da tinta: adicionar óleo de linhaça à tinta para que 
Assista ao filme “Sombras de 
Goya”, do diretor Milos
Forman. Você terá a 
oportunidade de conhecer
rapidamente o funcionamento 
de um ateliê de gravura 
em metal, em pleno século 
XVIII. Esse trecho do filme 
pode ser acessado no link 
http://www.youtube.com/
watch?v=w7Lm__TNNKQ. E
já que muitos gravadores 
costumam dizer que a gravura 
possui uma “cozinha”, ou seja, 
pitadas de muitos saberes/
sabores técnicos, desejo-lhe
um bom deguste!
GRAVURA UAB/Unimontes
49
fique adequada.
Figura 59. Preparo da tinta.
Fotografia: Miguel Ambrizzi.
4. Preparo do papel: umedecer adequadamente o papel.
Figura 60. Exemplo de cuba para molhar papéis. 
Fotografia: Manoela Afonso.
5. Entintagem: entintar a matriz com cuidado, pois a pressão 
excessiva pode danificar as rebarbas deixadas pela ponta-seca ao redor das 
linhas gravadas.
Figura 61. Exemplo de entintagem feita com uma pequena 
trouxa de tecido, chamada de
“boneca”. 
Fotografia: Manoela Afonso.
50
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
6. Limpeza para impressão: com jornais e papel e seda, limpe as 
superfícies da chapa que estão em relevo, pois o que nos interessa agora é 
apenas a sutil impressão do sulco provocado pelas linhas riscadas por você 
no metal.
Figura 62. Limpeza da matriz com jornal.
Fotografia: Manoela Afonso.
7. Impressão: através do uso da prensa, imprima a primeira cópia. 
Lembre-se de que para produzir mais cópias é preciso sempre entintar e 
limpar novamente a matriz.
Figura 63. Colocação do papel umedecido sobre a matriz 
utilizando pinças feitas de cartão telefônico usado. 
Fotografia: Miguel Ambrizzi.
8. Secagem: coloque a cópia recém-impressa sob objetos pesados 
que possam exercer uma pressão uniforme sobre o papel úmido.
9. Limpeza do ateliê: após o término das três impressões, reúna os 
colegas para limpar o ateliê. 
A calcogravura oferece uma variedade muito grande de técnicas 
de gravação. Você já soube algo a respeito de três delas: gravação a buril, 
ponta-seca e água forte. Existem outras como a maneira negra, o verniz 
mole, o carborundum, a água-tinta, etc. Para fechar essa parte sobre gravura 
em metal, você não poderia deixar de conhecer, mesmo que apenas 
teoricamente, a água-tinta. Assim, quando você for a uma exposição de 
gravuras, já poderá compreender os processos mais usuais da calcogravura.
GRAVURA UAB/Unimontes
51
A água-tinta é uma técnica de gravação de áreas negras através 
do uso de uma resina em pó: o breu. O breu é aquecido e derretido 
sobre a matriz, transformando-se em pontos que vedam a chapa. Quando 
mergulhada em ácido, a chapa terá os pequenos espaços descobertos 
gravados. O artista Francisco Goya (Espanha, 1746 - França, 1828) foi um 
grande gravador dessa técnica. Com o aperfeiçoamento da calcogravura 
através de pesquisas e descobertas feitas por gravadores, a ilustração 
de livros, produção de mapas, divulgação e documentação de obras de 
pintura, arquitetura, paisagens, viagens, retratos, tiveram um grande avanço 
a partir do século XVIII.
Figura 64. Francisco Goya. Chinchillas. Buril, água-
-forte e água-tinta, 1799. 19,5 x 13,5 cm. Perceba as 
áreas preenchidas com variados tons de cinza: esse é 
o efeito da água-tinta.
2.3 LITOGRAFIA
A litografia, técnica de impressão planográfica, foi descoberta 
pelo músico alemão Alois Senefelder (1771- 1834), em meados do século 
XVIII, quando a gravura em metal estava a pleno vapor na Europa. Sua 
O estêncil já era utilizado 
desde o período da descoberta 
da xilogravura, no Oriente, 
para estampar móveis, paredes 
e tecidos.
52
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
matriz é uma pedra calcária extraída de jazidas alemãs e russas, as quais se 
encontram hoje praticamente esgotadas. Sendo assim, pedras litográficas 
são objetos preciosos e devem ser manuseadas com muito cuidado. 
O processo de gravação das pedras é complexo: envolve uma série de 
procedimentos químicos. Mas resumidamente, pode-se afirmar que a 
litografia provém da repulsão entre água e materiais gordurosos, os quais 
são utilizados para fixar a imagem. Após preparada a superfície da pedra, 
feita a sensibilização e o desenho, parte-se para a impressão da estampa. 
Quando a tiragem é concluída, apaga-se a imagem de sua superfície. Uma 
pedra litográfica não é descartável, ela pode ser reutilizada inúmeras vezes. 
Por exigir uma prensa específica, essa é uma técnica menos acessível: 
você só poderá praticar a litografia ao trabalhar em ateliês que possuam as 
pedras e a prensa litográfica.
Figura 65. Acervo de pedras litográficas da Facul-
dade de Artes Visuais da Universidade Federal de 
Goiás. Fotografia: Manoela Afonso, 2009.
GRAVURA UAB/Unimontes
5353
Figura 66. Prensa de litografia da Faculdade de Artes Visuais 
da Universidade Federal de Goiás. 
Fotografia: Manoela Afonso, 2009.
54
ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
A pedra pode ser trabalhada, dentre outros materiais, com bastões 
gordurosos ou lápis litográficos É interessante comparar tais ferramentas 
com aquelas utilizadas na xilo e na gravura em metal: goivas, buris, facas, 
pontas-secas: na litografia não há incisão feita na matriz. Ao manusear 
bastões e lápis, o artista pôde recuperar a liberdade do seu traço, próprio 
do ato de desenhar. São visíveis em algumas impressões litográficas, 
texturas típicas dos trabalhos feitos com crayon e até mesmo com lápis 
grafite (Figura 67).
Figura 67. Manoela Afonso. Meu jardim. Litografia, 
19 x 22 cm, Brasília/2005.
A litografia teve importante participação no início da imprensa 
moderna, no século XIX. Tudo aquilo que antes vinha sendo reproduzido 
pela gravura em metal – mapas, documentos, panfletos, rótulos, etc. – passou 
rapidamente à lito. Honoré Daumier (França, 1808 – 1879), Toulouse-
Lautrec (França, 1864-1901), Pierre Bonnard (França, 1867 – 1947), Henri 
Matisse (França, 1869 – 1954) foram alguns dos representantes expressivos 
dessa técnica. Pesquise- os! E para saber um pouquinho mais, acesse o 
link http://tipografos.net/tecnologias/litografia. html. Lá você encontrará 
informações adicionais importantes e bem resumidas. Aproveite para 
navegar no site, pois é sobre tipografia, boa leitura!
A partir de um dos trabalhos 
feitos nos exercícios anteriores, 
crie uma estampa digital. 
Como proceder?
- selecione um trabalho já 
finalizado feito nos exercícios 
anteriores – certifique-se de 
que está seco.
 
- escaneie a gravura ou 
estampa escolhida.
- através do uso de programas 
de manipulação de imagens 
(paint, photoshop etc) 
modifique-a e transforme-a 
numa nova proposta visual. 
Utilize recursos como cortes, 
colagens, modificação de 
cores, multiplicação de partes 
daimagem, etc. para realizar a 
sua composição.
- caso nunca tenha lidado com 
esse tipo de programa, peça 
ajuda ao seu tutor de polo.
- salve seu arquivo com 
resolução de 300 dpi, no 
tamanho 20 x15 e imprima-o 
numa folha de papel sulfite.
- salve outra versão com 
resolução de 72 dpi, com a 
maior das suas dimensões no 
tamanho de 600 pixels, e poste 
a imagem no fórum específico.
55
UNIDADE 3
ARTES GRÁFICAS NA SALA DE AULA
Na Unidade 3 você será provocado a pensar e a criar recursos, 
atividades e possibilidades do ensino das artes gráficas na sala de aula. 
Acompanhe o conteúdo dessa Unidade e, desde já, vá pensando num 
possível plano de aula referente à gravura ou à estampa para o ensino 
médio ou fundamental.Quais conceitos das artes gráficas são fundamentais 
no ensino de artes? A reprodução, a multiplicação, a inversão da imagem, a 
importância histórica e artística, e o que mais? Essa será a atividade prática 
que você deverá desenvolver logo mais.
3.1 ESTAMPA NA SALA DE AULA: MONOTIPIA, COLAGRAF, CARIMBO 
E SERIGRAFIA
Você pôde observar que as técnicas da Monotipia, Colagraf e 
Molde Vazado são de fácil aplicabilidade. A partir dos exercícios práticos 
feitos para essa disciplina, você pode desenvolver outras propostas de 
ensino, sempre congregando prática e conceito. Vamos nos deter, aqui, em 
algumas práticas ligadas à produção de carimbos.
O Carimbo
Você percebeu, nas Unidades 1 e 2, que o carimbo é uma técnica 
utilizada, há muito tempo, por nossos ancestrais. Conosco não é diferente, 
muitos de nós já tiveram a oportunidade de passar pela experiência 
de confeccionar carimbos de batata na escola, ou então de pintar os 
carimbinhos impressos nos cadernos pelas professoras do antigo “primário”. 
Você pode, através do carimbo, extrapolar a simples experiência de criação 
de matriz e impressão: pode discutir com seus alunos as diferentes funções 
do carimbo ao longo da história, criar painéis coletivos, enveredar pelo 
movimento da Arte Postal, da criação de Ex libris, entre outras abordagens.
O carimbo de borracha pode ser feito com goivas ou estiletes. 
Consiste na gravação tal qual é feita na xilogravura e na linóleogravura. É 
uma ótima oportunidade para trabalhar os conceitos ligados a tais técnicas, 
inclusive para realizar experiências de impressão colorida, tais como a 
impressão com duas matrizes ou a técnica da matriz perdida. Ao invés de 
utilizar tinta gráfica, você pode usar apenas tinta de carimbo.
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ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Figura 74. Carimbos feitos com borrachas e rolhas de garrafa. 
Fragmento de painel coletivo feito durante atividade didática, na 
exposição ‘GG em Brasília’, 2004. Fonte: arquivo pessoal – Mano-
ela Afonso.
Figura 75. Gravação de borracha escolar com goiva. Oficina de 
carimbo na Feira do Livro de Brasília/2004. Fotografia: Manoela 
Afonso.
GRAVURA UAB/Unimontes
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Figuras 76 e 77. Impressão de carimbos feitos com borracha escolar. Oficina de carimbo 
no Ateliê da Prefeitura de Porto Alegre/2005. Fotografia: Manoela Afonso.
Caso você não possua as goivas ou pretenda trabalhar com uma 
faixa etária menor, a confecção de carimbos feitos com e.v.a. pode ser uma 
ótima solução. Você poderá trabalhar conceitos como a silhueta e, com os 
retalhos de seus recortes, aproveitar para inserir o conhecimento ligado ao 
molde vazado.
Figuras 78, 79 e 80. Carimbos de e.v.a. colados a tacos de madeira. Ação 
educativa, Jataí/2008. Fotografias: Miguel Ambrizzi e Manoela Afonso.
E de que outros materiais você pode fazer carimbos?
Sylvio Carneiro é um gravador brasiliense que desenvolveu uma 
técnica de gravação de rolhas com pirógrafo. Essas pequenas matrizes são 
carimbadas repetidamente com tinta gráfica sobre papel, gerando uma 
espécie de monotipia, pois apesar de existir uma matriz gravada, as cópias 
são únicas. Observe o belo resultado desse trabalho nas imagens a seguir:
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ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Figura 81. Sylvio Carneiro. Estampa feita a partir da 
impressão com rolhas de garrafa gravadas com piró-
grafo. Brasília/2005. Fotografia: Manoela Afonso.
Figuras 82 e 83. Sylvio Carneiro. Rolhas gravadas com pirógrafo, Brasília/2005. Fotografia: 
Manoela Afonso.
3.2 GRAVURA EM RELEVO NA SALA DE AULA: MATRIz EM ISOPOR
Figuras 84. Impressão de gravura em relevo a partir de matriz de isopor. Luzia Costa, 
aluna do Ateliê Livre de Gravura em Relevo, do Projeto Arte na Escola, Goiânia/2008. 
Fotografia: Manoela Afonso.
GRAVURA UAB/Unimontes
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Para trabalhar conceitos básicos da xilogravura e da linóleogravura, 
você tem como recurso a utilização de bandejinhas de isopor. Podem 
ser facilmente gravadas com a unha, lápis, canetas ou qualquer outro 
instrumento. Técnicas como a matriz recortada, a impressão colorida a 
partir de duas ou mais matrizes e a matriz perdida podem ser realizadas a 
partir desse material. Você pode substituir a tinta gráfica por tinta a óleo, ou 
até mesmo acrílica (desde que trabalhada com certa rapidez, devido à fácil 
secagem). A colher de pau se presta também à impressão do isopor. Essa é 
uma maneira eficaz de trabalhar técnicas tradicionais das artes gráficas com 
poucos recursos. Veja a seguir, imagens de duas impressões feitas a partir 
de matrizes de isopor:
Figuras 85 e 86. Impressões feitas por alunas da oficina de introdução à gravura da Funda-
ção Jaime Câmara, Goiânia/2007. Matrizes de isopor impressas com tinta gráfica preta e 
vermelha. Goiânia/2008. Fonte: arquivo pessoal - Manoela Afonso.
Você pode instigar seus alunos à pesquisa de outros suportes, 
ferramentas, materiais e modos de instalar a gravura e a estampa. Além 
disso, é muito importante que a técnica não seja passada como uma 
simples receita: é preciso incentivar a olhar poética e esteticamente. A 
partir do conhecimento das artes gráficas, o que é possível criar? Tudo o 
que você quiser.
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ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
Figura 87: Instalação de Mainês Olivetti chamada 
“De véu e grinalda”. Impressões serigráficas sobre 
tule. Curitiba, 2000. Fotografia: Manoela Afonso.
Figura 88: José César Teatini Clímaco. Gravação em papelão. 
Brasília, 2008. Observe que o objetivo deste trabalho não é a 
impressão: o artista, que é fundamentalmente um gravador, passou 
a trabalhar a partir dos conceitos de gravação e a construir painéis 
de papelão gravados, colados, sobrepostos – mas não impressos. 
Perceba como a prática da gravura cumpre um papel importante 
na criação dessa proposta artística. Fotografia: Manoela Afonso.
Conheça agora a Xilocidade: uma proposta artística do 
xilogravador carioca André de Miranda, em que a xilogravura é impressa 
sobre jornais do caderno imobiliário. Veja como sua proposta poética é 
bem fundamentada e vai muito além da técnica pela técnica. O domínio 
técnico é importante, sem sombra de dúvida. Mas a partir dele, o que você 
quer fazer poeticamente? Quais são seus anseios e desejos? O que você 
quer expressar? Boa leitura!
GRAVURA UAB/Unimontes
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XILOCIDADE – memória urbana gravada
“Através da série XILOCIDADE inicio uma denúncia sobre o 
descaso com a memória da arquitetura em muitas cidades 
brasileiras. São xilogravuras impressas sobre folhas de jornal 
(offset) retiradas dos cadernos dos classificados. Em anún-
cios de novos prédios, imprimo elementos da arquitetura 
antiga antes presente nesses mesmos terrenos em que ago-
ra prevalece o novo em sacrifício do antigo. Sem nenhum 
critério e já há muito tempo, estes antigos casarões – alguns 
tombados - estão sendo vendidos e cedendo lugar a moder-
nos e esqueléticos prédios. Bairros do Rio de Janeiro, como 
Santa Teresa, Catete, Tijuca e Centro, aindatentam manter 
seus antigos casarões do início do século XIX. Muitas dessas 
maravilhosas construções foram transformadas em pensõesna década de 30, quando em cidades como São Paulo e Rio 
de Janeiro ainda não havia a especulação imobiliária. Neles 
residiam jovens estudantes e famílias inteiras que alugavam 
seus quartos. Muitos imigrantes que aqui chegavam, subiam 
suas escadarias e encontravam abrigo nestes sobrados onde 
estava registrada sua história. Encontrei nesta forma de im-
pressão a maneira mais poética de chamar a atenção para 
este problema urbano. Fica aqui estampada minha denún-
cia.” André de Miranda
Figura 89. André de Miranda. Xilocidade: ‘Favela’. Xilogravura 
impressa com tinta preta sobre jornal colorido. Rio de Janeiro, 2005. 
Observe, do lado esquerdo, que a numeração dessa cópia é 1/1. Isso 
quer dizer que as Xilocidades são cópias únicas, não há a confecção 
de tiragens com a mesma imagem, tal qual acontece na monotipia.
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ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
3.3 GRAVURA EM ENCAVO NA SALA DE AULA: PONTA SECA SOBRE 
PLACAS DE PLÁSTICO
É possível trabalhar ponta-seca sobre placas de plástico: 
poliestireno, acrílico, acetato, até mesmo sobre radiografias. Basta que seus 
alunos tenham à disposição pontas duras de metal e a prensa. A prensa feita 
com cilindro para massa é de fácil confecção e baixo custo se comparada 
às prensas originais: basta apenas que exista algum dinheiro em caixa e 
muita vontade por parte de professores e escolas.
O processo de trabalho é o mesmo da ponta-seca sobre metal: 
grava-se a imagem, entinta-se a placa utilizando tinta gráfica ou tinta a óleo, 
limpa-se a matriz e imprime-se a imagem utilizando a pequena prensa e 
papel umedecido.
Figura 90. Gravação da placa de acrílico. Observe que um 
papel preto foi colocado debaixo da placa para dar mais 
visibilidade às áreas já gravadas. Uma das vantagens de se 
trabalhar com matrizes transparentes é poder colocar o 
projeto (desenho, fotografias, etc.)
debaixo da matriz e trabalhar a gravação sobre ele. Aluno 
do curso de gravura do Espaço Cultural 508 Sul, Brasí-
lia/2004. Fotografia: Manoela Afonso.
GRAVURA UAB/Unimontes
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Figura 91. Limpeza da matriz antes da impressão. Depois de 
feita a limpeza mais pesada, com jornais, você pode retocar 
pequenas áreas utilizando algodão, cotonetes, etc. Este pode 
ser, inclusive, um recurso interessante para a produção de 
efeitos na impressão. Tais efeitos não podem ser reproduzi-
dos em série devido à dificuldade de controlá-los manual-
mente: acabam se transformando em cópias únicas, tal como 
na monotipia. Aluna do curso de gravura do Espaço Cultural 
508 Sul, Brasília/2004. Fotografia: Manoela Afonso.
Figura 92. Prensa feita com cilindro para massa. Fotografia: 
Manoela Afonso.
Chegamos ao fim dessa disciplina...
Espero que ela tenha contribuído tanto para a sua formação como 
futuro professor, mas também na ampliação do olhar para o mundo. O 
universo gráfico é vasto e muito importante para a história da humanidade. 
Desejo que das sementes que joguei, algumas tenham encontrado solo 
fértil nos seus anseios e desejos por conhecimento. Continue pesquisando 
e, se possível, produzindo gravuras e estampas!
Elabore um plano de aula a 
partir da criação de uma nova 
proposta de trabalho para 
as artes gráficas na sala de 
aula. Não esqueça de listar os 
materiais necessários, prever 
a faixa etária e a quantidade 
de alunos, descrever o passo 
a passo da técnica e embasar 
conceitualmente a sua 
proposta de trabalho.
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REFERÊNCIAS
CAMARGO, Iberê. A gravura. Porto Alegre: Sagra-DC. Luzzato, 1992.
CLÍMACO, José César Teatini de Souza. A gravura em matrizes de plástico. 
Goiânia: Editora da UFG, 2004.
___________________. Manual de litrografia sobre pedra. Goiânia: 
Editora da UFG, 2000.
COSTELLA, Antonio F. Introdução à gravura e à sua história. Campos do 
Jordão: Mantiqueira, 2006.
___________________. Breve história ilustrada da xilogravura. Campos 
do Jordão: Mantiqueira, 2003.
___________________. Xilogravura: manual prático. Campos do Jordão: 
Mantiqueira, 1986.
DAWSON, John. Guia completa de grabado e impresion: técnicas y 
materiales. Madrid: H. Blume Ediciones, 1982.
EICHENBERG, Fritz. The art of the print: masterpieces, history, 
techniques. New York: Abrams, 1976.
GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Cosac & Naify / Itaú 
Cultural, 2000.
GRAVURA BRASILEIRA HOJE: DEPOIMENTOS. Rio de Janeiro: SESC 
Tijuca, 1995.
___________________. Vol II. Rio de Janeiro: SESC Tijuca, 1996.
___________________. Vol III. Rio de Janeiro: SESC Tijuca, 1997.
GRAVURA EM METAL. Marco Buti, Anna Letycia (orgs.). São Paulo: Editora 
da Universidade de São Paulo/Imprensa Oficial, 2002.
HERSKOVITS, Anico. Xilogravura: arte e técnica. Porto Alegre: Tchê!, 
1986.
LEITE, José Roberto Teixeira. A gravura brasileira contemporânea. Rio de 
Janeiro: Expressão e Cultura, 1966.
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ARTES VISUAIS Caderno Didático - 5º Período
PLACE, François. O velho louco por desenho. São Paulo: Companhia das 
letrinhas, 2004.
SENAC – DN. Oficinas: gravura. Elias Fajardo; Felipe Sussekind; Marcio do 
Vale (orgs.). Rio de Janeira: Ed. Senac Nacional, 1999.
WATSON, Leda. Sonhos, momentos, emoções: técnicas e gravuras. 
Brasília: edição da autora, 2008.
WEISS, Luise. Dentro do espelho. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
Links úteis:
Atelier Piratininga: http://atelierpiratininga.blogspot.com/
Centro de Pesquisa em Gravura da Unicamp: http://www.iar.unicamp.br/
cpgravura/
Estampe.be: http://www.estampe.be/
Galeria Gravura Brasileira: http://www.gravurabrasileira.com/index.asp
Graphias: http://www.graphias.com.br/
Museu Casa da Xilogravura: http://www.casadaxilogravura.com.br/
Museu Olho Latino: http://museu.olholatino.com.br/
Regina Silveira: http://reginasilveira.uol.com.br/
Tita do Rego Silva: http://www.titadoregosilva.de/
Xylon Argentina: http://www.xylonargentina.com.ar/
	1.1 GRAVAR
	1.2 IMPRIMIR
	1.3. MONOTIPIA
	2.2 ENCAVO
	2.4 SERIGRAFIA
	2.5. TÉCNICAS DIGITAIS
	3.1 Estampa na sala de aula: monotipia, colagraf, carimbo e serigrafia
	3.2 Gravura em relevo na sala de aula: matriz em isopor
	3.3 Gravura em encavo na sala de aula: ponta seca sobre placas de plástico

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