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A INFLUÊNCIA DAS MUDANÇAS NA ESTRUTURA FAMILIAR

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A INFLUÊNCIA DAS MUDANÇAS NA ESTRUTURA FAMILIAR
As mudanças nas estruturas familiar vem ocorrendo gradativamente ao longo dos anos. A Revolução Industrial foi um grande marco onde essa estrutura começou a ser percebida. Quando surgiu as grandes indústrias, as mulheres, mães de família, iniciaram suas relações de trabalho fora de casa. Os camponeses trocaram o campo pelas grandes cidades e com isso veio junto a necessidade de uma maior renda familiar. Assim, o capitalismo se solidificou terminantemente como modo de produção, fazendo com que as indústrias fossem tomando espaço e se caracterizando como principal setor de acúmulo de riquezas (PERES, 2006).[footnoteRef:1] [1: PERES, Ana Paula Ariston Barion. A adoção por homossexuais: fronteiras da família na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.] 
A partir desse momento, onde as mudanças socioeconômicas foram acontecendo, um grande volume de exigências no mercado de trabalho também aconteceram impulsionando a sociedade e as famílias a adotarem um novo estilo de vida, o que causou uma interferência direta entre elas (PERES, 2006).[footnoteRef:2] [2: Op. cit. ] 
Assim, como o passar do tempo a família deixou de ostentar uma característica de ordem autoritária e hierarquizada passando a aderir a uma nova ordem constitucional, moldando-se como um grupo de afeto e cooperação, buscando juntos o desenvolvimento de todos os seus elementos. Uma evolução promissora que valorizou o afeto, mas que também abrigou circunstâncias familiares avaliadas como ilegais (PERES, 2006). [footnoteRef:3] [3: Op. cit.] 
Neste mesmo entendimento Silva Júnior (2005)[footnoteRef:4], explica que nesse contexto, se perpassam conceitos e reformam-se atitudes doutrinárias, no que tange a área jurídico-familiar, trocando o sistema de ideias tradicional e estatal da família, por ideias mais coesas com a realidade social amparada pelo afeto. Numa época onde o casamento abandonou o lugar de único legitimador da família, e a união conjugal passou a ser entendida e aceita como uma estrutura de amor e de respeito, sem pode patriarcal, mas de igualdade, nada mais próprio que as doutrinas acompanharem a evolução tendo em vista que a família continua sendo uma preocupação especial sempre. [4: SILVA JÚNIOR, Enézio de Deus. A possibilidade jurídica de adoção por casais homossexuais. Curitiba: Juruá, 2005.] 
Esse novo molde de relações familiares impulsionam na valorização da união, da reciprocidade e da felicidade, pois visa o bem-estar comum dos indivíduos, mantendo-a como centro na dignidade da pessoa humana. Os interesses individuais começaram a ser mais valorizados independente de que membro fosse (LOBO, 2008).[footnoteRef:5] [5: LÔBO, Paulo Direito civil : famílias 4. ed. – São Paulo : Saraiva, 2011. ] 
Para Lobo (2008, p. 05):[footnoteRef:6] [6: Op cit] 
A família atual está matrizada em paradigma que explica sua função atual: a afetividade. Assim, enquanto houver afeto haverá família, unida por laços de liberdade e responsabilidade, e desde que consolidada na simetria, na colaboração, na comunhão de vida.
Dias (2009, p. 30)[footnoteRef:7], no entanto ainda acolhe a família como um modelo convencional onde existe “um homem e uma mulher unidos pelo casamento e cercados de filhos”. [7: DIAS, Maria Berenice. . Manual de direito das Famílias. 5ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p.30] 
É a transformação da estrutura familiar conquistando novo espaço, é o fenômeno social da família conjugal dando espaço para a “família elementar, extensa, composta, conjugado-fraterna e fantasma”, podendo acrescer essa evolução por tempo indeterminado (MARCONI; PRESSOTO, 2005, p. 201).[footnoteRef:8] [8: MARCONI MA; PRESOTTO ZMN. Família e sistema de parentesco. In Marconi MA; Presotto ZMN, organizadores. Antropologia: uma introdução. São Paulo: Atlas; 2005. p. 201.] 
Assim, confiando ser o afeto, o componente fundamental da família atual brasileira, Fachin (2003, p. 321)[footnoteRef:9] elucida a acepção deste para o Direito de Família após a CF/88: [9: FACHIN, Luiz Edson. Direito de Família: Elementos críticos à luz do novo código civil brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p 321] 
O novo direito de família mostra a crise da noção clássica do direito de família. A nova ratio do casamento localiza a relação conjugal, não mais uma unidade de produção e consumo, mas a affectio maritalis. O valor sócio afetivo da família, uma realidade da existência. Ela se bonifica com o transcorrer do tempo, não é um dado, e sim um construído. A evolução do Direito de Família é compreendida como um benefício para as pessoas, na qual são abandonados valores antigos e abraçados outros, tais como: uma nova reformulação da instituição do casamento e da família na contemporaneidade, e entendimento da afetividade como elemento indissociável da família atual.
Uma estrutura familiar que tem se destacado bastante na atual apresentação de família é a chamada monoparental. Consiste naquelas famílias onde os pais são divorciados ou separados e os filhos vivem sob guarda apenas de um deles não apresentando parentalidade ativa com o outro, ou ainda quando um dos pais é solteiro, cuida dos filhos e a outra parte nunca assumiu. Na maioria são famílias formadas por mães e filhos (separadas ou solteiras) transformando a mulher em chefe de família. Isso impulsiona a sua conquista financeira e independência. É importante salientar que a quantidade de homens nessa mesma situação está crescendo, o que colabora para novos estudos focando este comportamento de inversão de papéis (FACHIN, 2003).[footnoteRef:10] [10: FACHIN, Luiz Edson. Direito de Família: Elementos críticos à luz do novo código civil brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.] 
A família reconstituída, “consideradas como frágeis ou instáveis, com dificuldades sociais, emocionais e econômicas”, também tem ganhado proporção. Esse argumento negativo sobre o “recasamento” se comprova através da insuficiência de expressões adequadas para as inovadoras situações que vem surgindo ao longo dos acontecimento e que precisam de significados (BAROLO et al., 2001, p. 136). [footnoteRef:11] [11: BAROLO, I. F.; GOLDSCHLAGER, N.; GLUSMAN, M. E. & SAID, A. S. (2001) Vínculos familiares e realidade social. Disponível no World Wide Web em http://www.psinet.com.ar/rif6/823.htm Acesso em 18 maio 2018. p 136.] 
Nas famílias reconstituídas há uma união dos filhos de cada cônjuge como também dos filhos provenientes desse casamento, fazendo com os laços afetivos se estendam ainda mais. No entanto, surgem os impasses diante os direitos e deveres de cada um. A concorrência entre os irmãos consanguíneos ou os filhos dos casamentos anteriores contribui para uma fragilidade do casal podendo levar a graves conflitos ou um novo rompimento (BERNSTEIN, 2000). [footnoteRef:12] [12: BERNSTEIN, Anne C. Reconstruindo os irmãos Grimm: novas narrativas para vida em família.. Sistemas Familiares, 16(1), 23-37, 2002] 
Para contornar uma situação negativa, a família moderna tende a ser mais simétrica na repartição dos papéis e obrigações, facilitando enfrentar os acontecimentos e adaptar às ligeiras mudanças sociais. Assim, mesmo com funções tradicionalmente transformadas, a família permanece considerada:
 [...] a esfera responsável pela qualidade de vida de seus membros e nela são tomadas uma série de decisões relativas à moradia, alimentação, educação, tratamento de saúde, consumo em geral e, sobretudo, em relação á participação na atividade econômica de seus membros, a qual define a principal fonte de renda para a grande maioria das famílias (LEONE, MAIA e BALTAR, 2010, p. 60). [footnoteRef:13] [13: LEONE, E. T. et.al. Mudanças na composição das famílias e impactos sobre a redução da pobreza no Brasil. Economia e Sociedade, Campinas, v. 19, n.1(38), abr. 2010. p. 60.] 
Nesse contexto, a família, sendo ela estruturada por “casal heterossexual ou homossexual, matriarcal, tradicional ou constituída por meio-irmãos”, conservar-se fundamentada noideal do ser humano, trazendo os limites do convívio devido as relações afetivas, que são adequadas para propiciar a seus membros o entendimento necessário para o desenvolvimento do grupo e possibilitar funções de ouvir, discernir e acompanhar, sem abandonar à ânsia de extinguir conflitos (LEONE, MAIA e BALTAR, 2010, p. 60).[footnoteRef:14] [14: LEONE, E. T. et.al. Mudanças na composição das famílias e impactos sobre a redução da pobreza no Brasil. Economia e Sociedade, Campinas, v. 19, n.1(38), abr. 2010. p. 60.] 
Assim, a afetividade familiar tem sua função imprescindível, age como o componente principal na formação da família na sociedade atual, "as trocas afetivas na família imprimem marcas que as pessoas carregam a vida toda, definindo direções no modo de ser com os outros afetivamente e no modo de agir com as pessoas" (SZYMANSKI, 2002, p. 12).[footnoteRef:15] [15: SZYMANSKI, Heloisa. Viver em Família como experiência de Cuidado Mútuo. Revista Serviço Social & Sociedade. São Paulo, n. 71, set. 2002. p. 12.
] 
Diante do exposto é possível perceber a crescente mutação nas relações familiares saídas de um modelo patriarcal, matrimonializado e patrimonialista, para um modelo eudemonista, fundado no afeto entre seus membros, passando de um modelo onde o número de integrantes era muito grande, para outro nuclear, formado apenas por pai, mãe e filhos e por fim, transcendendo, à família pós- nuclear onde a forma não importa mais e sim, o que importa, é o afeto, a cooperação entre seus membros, independente do sexo e de padrões pré-estabelecidos.

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