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IST na Atenção Primária Esse resumo refere-se a parte 1 da aula 2 do caso 7 de APS, 6° Período. Introdução: O Ministério da saúde recomenda a abordagem integral quando disponível, com o rastreamento e tratamento das IST assintomáticas e o uso de fluxogramas nas IST sintomáticas. O atendimento deve ser imediato, a fim de não permitir a transmissão para outras pessoas que poderia acontecer caso a abordagem fosse postergada. O tratamento inadequado das IST pode gerar a condição de infecção subclínica, onde não há sintomas mas pode transmitir para outras pessoas. Outro fator importante é que algumas ISTs podem se tornar assintomáticas normalmente e outras pessoas que as vezes identifica algum sintoma pode não reconhecer como IST. Saúde Sexual: A saúde sexual é uma abordagem centrada na pessoa com vida sexual ativa, sendo uma estratégia para a promoção da saúde e do desenvolvimento humano e integra fatores somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser sexual, de maneira que são positivamente enriquecedoras e que melhoram sua personalidade, comunicação, prazer e o amor (OMS). A oferta exclusiva de preservativos não é suficiente para garantir todos os aspectos da saúde sexual fazendo-se necessária a ampliação da perspectiva para avaliação e gestão de risco, além das possibilidades que compõem a Prevenção Combinada. Prevenção Combinada: É a junção de diferentes ações de prevenção às IST, ao HIV e às hepatites virais e seus fatores associados. Sua definição consiste na junção das 3 intervenções: comportamental, estrutural (marcos legais) e biomédica, aplicados no âmbito individual e coletivo. Resumindo: Engloba marcos legais e outros aspectos estruturais, profilaxia pós-exposição, profilaxia pré-exposição, prevenção de transmissão vertical, imunização para HBV e HPV, redução de danos, diagnóstico e tratamento, testagem regular para o HIV e outras IST, etc. O que engloba o sexo seguro? Uso de preservativo, Imunização contra HAV, HBV e HPV, conhecimento sobre status sorológico do (a) parceiro (a) sexual, testagem regular para IST, tratamento das IST, realização de exame preventivo, realização de profilaxia pré e pós-exposição (quando indicado), conhecer e ter acesso à anticoncepção e concepção. Rastreamento de IST: É a realização de testes diagnósticos em pessoas assintomáticas a fim de estabelecer o diagnóstico precoce (prevenção secundária). O rastreamento de IST engloba uma rede de transmissão e não apenas uma pessoa e por conta disso parceiros tbm devem ser identificados e rastreados. Sobre a sífilis, no rastreamento anual inclui pessoas de até 30 anos de idade com vida sexual ativa. Para o restante da população a testagem para sífilis dependerá de avaliação de risco. (Existem quadros em protocolos que demonstram a periodicidade para realização de testagem a depender de grupo e idade) – Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Manejo Integral das pessoas com IST sintomática: Sobre as manifestações clínicas, apesar de sofrer variações, elas geralmente apresentam etiologias bem estabelecidas e isso facilita a escolha e realização de testes para diagnóstico e tratamento. Algumas manifestações: Corrimento vaginal, corrimento uretral, úlceras genitais e verrugas anogenitais. Exemplos: Úlcera anogenital: Linfogranuloma venéreo, cancroide, herpes genital e sífilis Corrimento uretral/vaginal: Candidíase, clamídia, gonorreia, tricomoníase, vaginose bacteriana Verruga anogenital: Condiloma acuminado Já na primeira consulta devem ser coletadas as amostras para os exames laboratoriais e caso o resultado não seja imediato, começar a conduta terapêutica e não deixar para depois. O manejo das IST sintomáticas segue condutas baseadas em fluxogramas de protocolos e a consulta clínica se completa com a prescrição e orientação para tratamento, estabelecendo também estratégia para continuar tratamento, atenção às parcerias sexuais e acesso aos insumos de prevenção. Sífilis Adquirida: É uma infeção bacteriana sistêmica, crônica, curável causada por Treponema pallidum. Quando ela não é tratada, evolui para estágios de maior gravidade com comprometimento sistêmico. Sua transmissão é principalmente por contato sexual, mas pode ser transmitida verticalmente também quando a mãe não é tratada ou tratada inadequadamente, podendo gerar abortamento, prematuridade, natimortalidade, manifestações congênitas precoces ou tardias e/ou morte do RN. A maioria das pessoas com a infecção são assintomáticas o que favorece sua transmissão. Sífilis Recente (primária, secundária e latente recente): até 1 ano de evolução Sífilis Tardia (latente tardia e terciária): mais de 1 ano de evolução Classificações: Sífilis Primária: A primeira manifestação é caracterizada por úlcera cheia de treponemas, geralmente única e indolor com borda bem definida e regular com base endurecida e fundo limpo, sendo acompanhada de linfadenopatia regional. Lesão some de 3 a 8 semanas independentemente do seu tratamento, mas a infecção continua e vai evoluindo para estágios graves. Sífilis Secundária: Ocorre em média de 6 semanas a 6 meses após cicatrização da lesão da sífilis primária e suas manifestações são variáveis, mas geralmente se inicia com erupção macular eritematosa pouco visível principalmente no tronco e raiz dos membros. Essas lesões progridem para lesões mais evidentes papulosas eritemato-acastanhadas que podem atingir todo o tegumento, sendo frequentes nos genitais e atingem a região plantar e palmar. Também pode haver alopecia, micropoliadenopatia, sintomas inespecíficos como febre baixa, mal-estar, cefaleia e adinamia. Pode gerar também a neurosífilis meningovascular com acometimento dos pares cranianos. A sintomatologia desaparece em algumas semanas, dando falsa impressão de cura. Sífilis Latente: Período em que não aparece nenhum sinal ou sintoma. Sífilis terciária: Ocorre após um período de latência e pode surgir de 1 a 40 anos depois da infecção. Aqui a inflamação pela sífilis gera destruição tecidual sendo comum comprometimento do sistema nervoso e do sistema cardiovascular. Além disso, também pode surgir gomas sifilíticas na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido. Esse quadro pode gerar desfiguração, incapacidade e até morte. Métodos diagnósticos de sífilis: São divididos em 2 categorias: testes diretos e testes imunológicos. Testes diretos: Aqueles que fazem a pesquisa ou detecção da bactéria em amostras coletadas das lesões (Exame em campo escuro e pesquisa direta com material corado). Testes imunológicos: Realização de pesquisa de anticorpos em amostras de sangue total, soro ou plasma (Treponêmicos FTA-Abs, Elisa: específicos anticorpos contra T. pallidum; Não treponêmicos VDRL: Anticorpos anticardiolipina não específicos para os antígenos da bactéria) Diagnóstico: O diagnóstico exige correlação de dados clínicos, resultados de testes laboratoriais, histórico de infecções passadas e investigação de exposição recente. Nas fases sintomáticas é possível a realização de exames diretos, enquanto os testes imunológicos podem ser feitos tanto na fase sintomática quando na de latência. No pedido de exame, o profissional de saúde deve explicitar no formulário de solicitação a finalidade do exame: Diagnóstico de sífilis: solicitação para rede laboratorial Diagnóstico de sífilis após TR (teste rápido) reagente: laboratório faz o teste não treponêmico. Monitoramento do tratamento de sífilis Tratamento: A benzilpenicilina benzatina é o medicamento de escolha. Outras opções são: doxiciclina e a ceftriaxona usadas em conjunto comacompanhamento clínico e laboratorial rigoroso. Recomenda-se o tratamento imediato com benzilpenicilina benzatina, após apenas um teste reagente para sífilis nas seguintes situações (independentemente de ter sintomas ou não): Gestantes Vítimas de violência sexual Pessoas com chance de não voltar ao serviço Pessoas com sinais/sintomas de sífilis primária ou secundária Pessoas com diagnóstico prévio de sífilis Entretanto, não exclui a necessidade de realização do segundo teste, do monitoramento laboratorial e do tratamento das parcerias sexuais. Monitoramento pós tratamento: Após tratamento os testes não treponêmicos devem ser realizados mensalmente nas gestantes e a cada 3 meses no restante da população até o 12º mês de acompanhamento do paciente. Atribuições da APS no cuidado ao paciente com Sífilis: Ofertar e realizar a testagem sorológica e rápida para sífilis e demais IST Acolher e aconselhar sobre prevenção, rastreio, tratamento e controle das IST Observar o fluxograma de diagnóstico e controle de cura da sífilis Iniciar tratamento imediato para vítimas de violência sexual, pessoas com sinais e sintomas de sífilis primária ou secundária ou pessoas com teste rápido positivo sem diagnóstico prévio de sífilis que tenham risco de perda de seguimento Ampliar ações de educação e promoção à saúde sexual no território Orientar e ofertar à população insumos de prevenção combinada (como preservativos, gel lubrificante, vacinação e redução de danos) Tratar parcerias sexuais de pessoas com diagnóstico de IST Identificar situações de vulnerabilidade Notificar os casos no SINAN Diagnosticar as IST sindromicamente, estadiar e acompanhar controle de cura Garantir tratamento sindrômico imediato Solicitar exames sorológicos Realizar controle de cura a cada 3 meses até completar 12 meses Garantir adesão ao tratamento Realizar busca ativa das parcerias sexuais e dos casos de abandono do tratamento ou perda de seguimento. Referenciar casos refratários, suspeita de neurosífilis, etc. Prevenção: As ações devem abranger: Distribuição de insumos de prevenção Diagnóstico precoce Tratamento oportuno interrompendo o processo de adoecimento e transmissão da doença A prevenção combinada da sífilis inclui: Educação e comunicação Testagem no pré-natal para gestantes e parcerias sexuais Distribuição e incentivo ao uso do preservativo e do gel lubrificante Tratamento oportuno Testagem regular Redução de danos Eliminação de estigmas e preconceitos Ações educativas: Acolhimento (Objetiva tirar dúvidas sofre formas de infecção, prevenção e tratamento) Aconselhamento (Objetiva proporcionar à pessoa condições para que avalie suas próprias vulnerabilidades e tome decisões baseadas em suas escolhas) Abordagem (Objetiva realizar durante a consulta uma abordagem proativa) Roda de conversa (Objetiva oferecer às pessoas os conhecimentos necessários para a escolha livre e informada) Material informativo (Objetiva informar sobre IST) Capacitação da equipe (Objetiva proporcionar um diálogo com a equipe sobre os temas e formas de intervenções relacionadas à prevenção das IST e saúde sexual).
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