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Resenha do texto - A democracia Hans Kelsen

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Resenha do texto: Resenha do texto: A democracia. Hans Kelsen
Kelsen, filósofo conhecido como um dos maiores expoentes do positivismo jurídico e o nome de referência da “Teria pura do direto”, traz também, assim como Bobbio, características de alguém que sentiu na pele um governo totalitário com “carapuça” de democracia.
Do que se pode perceber, democracia para Kelsen é a síntese dos princípios da liberdade e da igualdade (sobretudo, a liberdade de consciência), conclui do ponto de vista da ciência política, ser a melhor forma de governo e refuta qualquer espécie de ditadura.
Kelsen descreve democracia como “um governo do povo” (Aqui, abro um parêntese para lembrar que Bobbio também usava os termos “democracia do povo” e democracia para o povo”), que se esbarra na “democracia para o povo”, essa, segundo o autor, embora diferente do pensamento de outros autores, carrega a questão de descobrir “quais os interesses do povo”, algo completamente irrealizável, considerando a impossibilidade de consenso.
Por isso, seria mais correto definir democracia como “governo do povo” no que diz respeito a participação, que pode ser traduzida pelo sufrágio universal.
O autor interpreta que a democracia como participação do povo sofreu influencias do liberalismo, embora distintos, a democracia carrega em si a garantia de certas liberdades. Além disso, assim como Bobbio que defendia que a democracia era um procedimento, Kelsen também entende a democracia como mero processo formal, incapaz de obter fim em si mesmo. 
Esse argumento se complementa na ideia de que, a democracia enquanto sistema onde a ordem social é criada e aplicada por aqueles que também estão sujeitos a essa ordem e onde as liberdades estão asseguradas. Ressalta que as más interpretações do conceito de democracia levam à governos autocráticos.
No que diz respeito a sua crítica à doutrina soviética de democracia, aponta a ditadura do proletariado como uma degeneração do conceito de democracia, todavia, particularmente descordo das críticas feitas pelo autor, a teoria marxista não deve ser traduzida de forma isolada como feita pelo autor, que por sua vez, relaciona o regime comunista soviético aos nazi fascismo.
Quanto à doutrina da representação, Kelsen revisa a “nova teoria política”, que segundo ele, empresa erroneamente o conceito de representatividade, uma vez que confunde a questão de representação do Estado e representação do povo do Estado. Kelsen critica a “democracia elementar” dizendo que tal proposição exprime a ideia de que a representação é de pouco valor, pois a eleição de órgãos pelo povo, não garante a existência do Estado. Defende ainda que a associação entre eficácia e representatividade levaria a crer que o regime soviético como regime democrático.
Posteriormente, Kelsen apresenta o absolutismo filosófico e o relativismo filosófico. O primeiro consiste na concepção matafísica de existência de uma realidade absoluta, em que tem o conhecimento humano apenas para refletir sobre os objetos que existem por si mesmos. O relativismo filosófico preconiza a existência da realidade somente quanto fruto do conhecimento humano.
Na seção seguinte, o relativismo é relacionado á democracia, uma vez que, ao preconizar a liberdade e igualdade, encontra sua manifestação política na democracia.
Kelsen ainda cita Rousseau que entende a liberdade como característica natural e intrínseco ao ser humano, defendendo a necessidade de democracia direta. Para o autor o conceito de vontade geral é vazio. Rousseau defende que o voto é apenas uma expressão de opinião, e acaba por aceitar tacitamente as regras impostas pela vontade geral.
No que diz respeito ao voto, Kelsen entende que apenas o princípio da maioria é capaz de garantir maior liberdade e igualdade possível. Destaca ainda que a democracia deve ser complementada com princípios do liberalismo.
Ainda, no tipo democrático de personalidade, podemos dizer de forma resumida que o autor ressalta a necessidade de supressão do ego para reconhecimento de que a igualdade e solidariedade deve ser maior, o que não ocorre em uma autocracia, onde impera o absolutismo filosófico.
Kelsen ainda evoca a racionalização, publicidade e não apelo metafísico das democracias o que traria maior segurança jurídica. Da forma vista por Kelsen é bem filosófico mesmo, na realidade nem a democracia e nem o liberalismo estão salvos dos “segredos” do Estado e de suas ilegalidades.
No que diz respeito à liderança, o autor destaca que a democracia eleva o ânimo das massas, enquanto a autocracia tende a passivizar a população e conclui dizendo que pela régua da liberdade, a democracia é o melhor tipo de governo.
Engraçado que em seguida ele associa democracia com paz e parece esquecer tudo que foi feito com nome de “democracia”. A meu ver os pressupostos filosóficos não estão de acordo com a realidade. 
Kelsen ao final do capítulo relaciona democracia com o relativismo filosófico, visto que busca criar um ordenamento social apto a atender às necessidades do povo. Conclui que é tarefa da democracia permitir que a minoria expresse sua opinião, para que tenha a possibilidade de se tornar maioria.
No capítulo seguinte ao tratar de democracia e religião, Kelsen destaca que por incapacidade de tomar decisões, os indivíduos passa o peso de tais decisões à autoridade religiosa, que por sua vez leva ao absolutismo filosófico.
Kelsen critica essa relação, considerando que a teologia apenas justifica a democracia como valor relativo e defende a inexistência de relação entre democracia e religião.
Embora reconheça a importância da doutrina Kelseniana para o Direto, particularmente não a vejo como melhor para descrever a democracia. Entre outras discordâncias, vale destacar que o autor pressupõe uma realidade política composta por indivíduos livres e iguais que elegem democraticamente os valores e forma de governo. Como seria possível a escolha de valores sem que esses indivíduos fossem livres e iguais? Se os valores são escolhidos pelos indivíduos, precisam se reconhecer como livres e iguais, sendo assim, igualdade e liberdade são pressupostos de qualquer operação de escolha.
Além disso, a democracia não deve ser vista como um meio de realização de valores eleitos superiores e sua justificação não deve ser feita por um juiz condicional.

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