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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL Técnico em Agronegócio Polo de Apoio Presencial Campo Alegre/SC Alana Stefen de Castilho IMPACTO ECONOMICO-FINANCEIRO DOS ANIMAIS FREEMARTIN NAS PROPRIEDADES RURAIS Campo Alegre/SC 2021 Alana Stefen de Castilho IMPACTO ECONOMICO-FINANCEIRO DOS ANIMAIS FREEMARTIN NAS PROPRIEDADES RURAIS Projeto Final apresentado como trabalho de conclusão do Curso Técnico em Agronegócio, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR da Regional de Santa Catarina, orientado pela tutora: Thalyta Marcílio como requisito para obtenção do diploma de habilitação técnica. Campo Alegre/SC 2021 RESUMO O freemartinismo é reconhecido como uma das formas mais graves de anormalidades sexuais em bovinos. Quando ocorre a gestação de dois fetos de sexos diferentes há a mistura de fluidos, devido a anastomose sanguínea, resultando na masculinização e infertilidade da fêmea. A importância de diagnosticar uma patologia da reprodução em animais, em especial a freemartin, é necessária para que não se tenha prejuízo, e sim o aumento do rebanho e da produção. Palavras-chave: Genética. Quimerismo. Gêmeos. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 5 2. FREEMARTINISMO.............................................................................................. 6 2.1.Quadro Clínico................................................................................................. 9 2.2. Diagnóstico..................................................................................................... 10 2.3. Exame Clínico.............................................................................................. 12 2.4. Relato de produtor...................................................................................... 13 2.5. Orientações aos produtores...................................................................... 14 3. CONCLUSÃO...................................................................................................... 15 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 16 5 1. INTRODUÇÃO O freemartin, termo utilizado para designar vacas ou novilhas estéreis, descreve uma das anormalidades sexuais mais graves que acometem os bovinos, exatamente pelo fato de causar a infertilidade das fêmeas nascidas de uma gestação múltipla e heterossexual ( Pansani e Beltran, 2009). Geralmente ocorre durante a segunda e terceira semanas de vida embrionária, antes da diferenciação do sexo que ocorre aproximadamente aos 45 dias de vida do embrião (Iannuzzi et al., 2005). Quando o feto fêmea divide o útero com um feto macho, dividem também as membranas placentárias, essa junção entre as placentas ocorre por volta do quadragésimo dia de gestação, e os fluidos do dois fetos também se misturam, provocando uma troca de sangue, hormônios e antígenos que carregam características que são únicas para cada sexo (JONES et.al; 2000). Embora não exista meios de prevenção para o freemartismo, pode-se diagnosticá-la utilizando alguns métodos, por meio de realização de exames simples das membranas placentárias ou avaliação do cariótipo. O fato de grande parte de fêmeas de partos gemelares serem inférteis não é tão conhecido entre os pecuaristas, fazendo com que os mesmos as criem muitas vezes sem ter maiores conhecimentos a respeito de tal patologia (Almeida e Resende, 2009). Os gêmeos e vasos sanguíneos dos córions são conectados. Isto faz com que o sangue dos fetos flutue entre eles, passando de um para o outro. Se ambos os fetos são do mesmo sexo, não há diferenças significativas. Porém, se os gêmeos possuem sexos diferentes, os hormônios do macho interferem sobre a fêmea, gerando a anomalia em questão. Ainda que geralmente as doenças reprodutivas apresentem baixa mortalidade, elas têm efeitos devastadores sobre o sucesso reprodutivo dos rebanhos e, consequentemente, efeitos negativos na produção animal (SANTOS, 2016). 6 2. FREEMARTINISMO Freemartin, uma síndrome que se encontra exclusivamente em ruminantes, sobretudo em bovinos, devido a particularidades anatômicas e do desenvolvimento das membranas embrionárias no início da gestação (Esteves et al., 2012). É conhecida desde tempos antigos, referindo-se a consequência da anastomose de vasos sanguíneos na placenta entre gêmeos de sexos diferentes, sendo que o resultado é a masculinização do trato reprodutivo da fêmea em vários graus (Iannuzzi et al., 2005; Padula, 2005; Jainudeen e Hafez, 2004). A anastomose ocorre a partir dos trigésimo nono dia de gestação, e por volta dos 59 a 60 dias se inicia o quimerismo. O desenvolvimento do testículo se inicia aproximadamente aos 60 dias e o ovário por volta de 90 dias após a concepção. Assim, ao iniciar o quimerismo, já está ocorrendo a diferenciação do testículo, porém a diferenciação ovariana ainda não ocorreu (Nascimento e Santos, 2011). O desenvolvimento do trato reprodutivo ocorre primeiramente nos embriões machos, com a produção do hormônio anti-Mulleriano (MIF) há um desenvolvimento anormal do trato reprodutor das fêmeas. Quando o embrião fêmea é exposto ao hormônio anti-Mulleriano, o seu sistema reprodutor não sofre um desenvolvimento completo resultando em tratos cegos, perda de células germinativas do tecido ovárico e incapacidade de produzir estradiol, concluindo assim que as fêmeas freemartin são estéreis não podendo ser utilizadas para a reposição do efetivo (Lopes, 2013). Não está claro quando a produção de MIF pelo freemartin se inicia e qual a concentração sérica desse hormônio que influencia a organogênese do trato reprodutivo durante a vida fetal (Cabianca et al., 2007). Nos primeiros meses de gestação, o feto macho começa a secretar o hormônio masculino testosterona na corrente sanguínea e como uma troca natural de fluidos entre as placentas, a testosterona acaba inibindo o desenvolvimento genital do feto feminino. Também há transfusão de células germinativas do macho para a fêmea. Com a mistura dos fluidos, ocorre a transferência de características que teriam que ser diferentes para ambos os sexos (Pensani et al., 2009). Os bovinos heterossexuais são também conhecidos como quimeras sanguíneas (Niku et al., 2007), ou seja, apresentam duas ou mais populações de células 7 geneticamente distintas derivadas de mais de um zigoto em um único indivíduo (Basrur et al., 1970). Em gêmeos heterossexuais, células do macho e da fêmea passam de um irmão para o outro, resultando em quimeras XX/XY (Brace et al., 2008), que aparecem em alto número no sistema hematopoiético desde os estágios iniciais da vida fetal (Niku et al., 2007). Segundo Nascimento e Santos (2003) há três aspectos para a diferenciação sexual no desenvolvimento embrionário e fetal: sexo cromossômico, sexo gonadal e sexo fenotípico. Aberrações na diferenciação podem ocorrer em qualquer desses três estágios, levando ao que é conhecido como intersexualidade. Porém, o sexo cromossômico determina-se enquanto ocorre a fertilização, no momento em que o oócito X é fertilizado por um espermatozoide constituído por X ou Y. Após isso já é determinado o sexo gonadal, portanto o gene SRY (Sex Determining Region in chromosome Y), localizado no cromossomo Y, sendo responsável pela diferenciação da gônada masculina. Caso o indivíduo tenha o sexo genético XX e não possui o gene SRY, ocorrerá à diferenciação da gônada feminina, ou seja, o ovário (Almeida e Resende, 2009). O sexo fenotípico se desenvolve de forma ativano macho, estimulado pela testosterona produzida pelas gônadas diferenciadas (Nascimento e Santos, 2003). Na ausência dos hormônios masculinos, ou se os tecidos não respondem a eles, a tendência passiva é de diferenciação em genitália externa feminina. A disposição natural é que qualquer feto desenvolva uma genitália externa e conformação corporal femininas na ausência dos efeitos masculinizantes dos andrógenos (Howden, 2004). Os gêmeos em bovídeos são conectados no útero por um único cordão umbilical. Consequentemente, as substâncias testiculares fetais migram do feto do macho para a fêmea, via anastomose placentária. Uma destas substâncias é androgênica que age estimulando o desenvolvimento dos ductos femininos de Wolf, a outra é o polipeptídio não androgênico, que atua inibindo o desenvolvimento dos ductos de Müller (DiMeo et al., 2008). Além dessas ações hormonais, células germinais podem migrar do feto macho para as formações genitais da fêmea até então diferenciadas. Este processo inibitório 8 inicia-se em torno do 45º-50º dia de gestação, enquanto a masculinização surge por volta do optagésimo dia (Iannuzzi et al., 2005). No feto fêmea, a deformação sexual que se caracteriza pela atrofia dos ovários que são intra-abdominais e raramente migram através do canal inguinal, desenvolvimento variável do tecido testicular, subdesenvolvimento do útero, da cérvix, da vagina e, frequentemente, hipertrofia das vesículas seminais e clitóris (Padula, 2005). Em geral, a aparência externa de um animal freemartin é de fêmea, mas há casos em que se assemelha a macho. Ao nascer, a fêmea freemartin exibe clitóris maiores e vagina ocluída (Jainudeen e Hafez, 2004). Não há evidência de espermatogênese e a testosterona parece ser o principal esteróide produzido pela gônada do freemartin. Já o feto macho desenvolve-se normalmente e sua fertilidade pode não ser afetada (Pereira, 2004). Na avaliação realizada de 22949 partos do gado Zebu, apresentou-se apenas 50 (0,22%) nascimentos gêmeos, pois os partos gemelares são menos frequentes nas raças zebuínas em comparação ao gado de origem europeia (Almeida e Resende, 2012). A taxa de nascimentos de gêmeos aumentou nas últimas décadas (Szczerbal I. et al. 2016), o que também aumenta a incidência de freemartinismo, que varia de acordo com a idade e a raça do animal, sendo para Simental 2,4 - 4,6 e em Charolês 2,5 - 3,2% (Esteves A. et al., 2012). A frequência de partos gemelares em bovinos de 0,3 a 0,9% ao ano, dos quais 95% são dizigóticos, destes, 45% são heterossexuais e potenciais geradores de animais freemartin (GRUNERT e BIRGEL et al., 2005). Em resumo, em um rebanho a ocorrência da síndrome freemartin é considerada de pequena probabilidade. (GRUNERT e BIRGEL et al., 2005). Segundo Ayala-Valdovinos et al. (2000, 2011), a síndrome freemartinismo não é herdável, ao contrário da propensão em gerar gêmeos. Em animais de produção, em que a alta incidência de infertilidade acarreta sérios problemas econômicos, a seleção racial tem sido um método eficaz de eliminação da intersexualidade no rebanho. Predisposições raciais para defeitos específicos no nascimento e a repetição dessas anomalias nas gerações, geralmente estão ligadas à sua etiologia genética. (Ticianelli et all. 2011) 9 Figura 1: Anastomose entre circulação da fêmea e o macho ainda no útero Fonte: Carreira, 2012. 2.1.Quadro Clínico Para que ocorra o freemartismo em bovinos, são indispensáveis algumas condições. Primeiro que haja liberação de dois oócitos, sendo um deles fecundado por espermatozóide X e o outro fecundado pelo espermatozóide Y, gerando gêmeos dizigóticos; segundo a implantação de heterosexos (XX e XY) no útero; e por último que se produza fusão placentária durante a gestação precoce, levando a anastomose de vasos sanguíneos cório alantóide, entre os embriões culminando com a modificação na organogênese feminina (Grunert et al., 2005). Dentre as alterações nas características morfológicas do freemartin estão as gônadas parecidas com testículos, porém que possuem folículos em crescimento, folículos anovulatórios e medula bem desenvolvida. Possuem também uma estrutura parecida com túbulos seminíferos, presença de células de Sertoli, células aparentemente parecidas com as intersticiais de Leydig ou células luteínicas, que ao ser analisadas macroscopicamente se parecem com o corpo lúteo (Nascimento e Santos, 2011). Na fêmea, a deformação se caracteriza pela atrofia dos ovário intra-abdominais e raramente migra através do canal inguinal, desenvolvimento variável do tecido testicular, subdesenvolvimento do útero, da cérvix, da vagina e, frequentemente, hipertrofia das vesículas seminais e clitóris (Ticianelli et al., 2011). 10 Também apresentam pescoço curto e grosso, cabeça pesada e tórax mais desenvolvido (ANDREIV, 2013), bom estado de carne, com maior massa muscular e acúmulo de gordura (Almeida e Resende, 2012). Já nos machos, sua capacidade reprodutiva não é afetada (Ticianelli et al., 2011). O animal adulto também pode demonstrar alterações, ocorrendo falha reprodutiva e ausência de comportamento estral ou falha na concepção na presença do macho (Vieira et al., 2011). O macho gerado na gestação dupla heterozigota não apresentará alterações significativas durante seu desenvolvimento. No entanto, podem ter um retardamento no crescimento de seus testículos em seu primeiro ano de idade, e a tendência de degeneração testicular pode aumentar de acordo com a taxa de células com cariótipo XX presentes no organismo (Nascimento e Santos, 2011). 2.2. Diagnóstico É importante a detecção da fêmea freemartin para o manejo do rebanho já que se trata geralmente de animais de produção e a infertilidade pode acarretar problemas econômicos. O diagnóstico é importante economicamente e pode ser bem-sucedido ao ser feito no nascimento de bezerros gemelares heterossexuais para determinar o futuro reprodutivo da fêmea (VALDOVINOS; VILLAGOMÉZ; BENÍTEZ et al., 2000). O diagnóstico para infertilidade e freemartinismo é realizado primariamente através do histórico de parto gemelar contendo um feto do sexo masculino e outro feto do sexo feminino, seguido de exame clínico e físico do trato reprodutivo da fêmea, examinando as estruturas internas por meio de palpação retal e ultrassonografia e estruturas externas (vulva e clitóris) por meio visual (ENNIS et al., 1999). As gestações gemelares aumentam a probabilidade de perdas fetais, abortos, involução uterina prolongada e alta incidência de anomalias fetais, como o freemartinismo. Em função deste conhecimento alguns proprietários poderão optar por refugar as fêmeas que têm gestações gemelares (Esteves A. et al.,2019). De acordo com Grunert et al. (2005), o diagnóstico do freemartismo baseia-se na demonstração da ambivalência sexual e ocorrência do quimerismo XX/XY. É válido frisar que um quimera sanguíneo é totalmente diferente de um quimera celular, são independentes. Portanto, podem acontecer isoladamente ou não. O quimerismo 11 celular ocorre no início da divisão celular, durante a metáfase. Já o quimerismo sanguíneo ou freemartinismo, o de interesse nesta revisão, ocorre entre a segunda e terceira semana de vida embrionária (Iannuzzi et al. 2005). Existem várias técnicas tradicionalmente empregadas para o diagnóstico de freemartismo, entre elas citam-se: Nos bovinos, o exame é realizado pelo método bidimensional de imagem ultrassonográfica em tempo real (ModoB), por via retal, utilizando sonda transdutora múltipla, emissora de sinais sonoros de alta frequência ou ultrassom, propagados pelos tecidos. Estes sinais refletem-se como ecos sendo captados pelo transdutor e convertidos em imagem em duas dimensões, exibidas no monitor. A intensidade de retorno produz vários graus de brilho e variamconforme a natureza da estrutura tissular gerando as imagens (Hansen e Delsaux, 1987). Segundo Beal et al. (1992), o sexo pode ser diagnosticado com acurácia aos 60 dias de prenhes. A evidenciação do macho é mais facilitada pela presença da bolsa testicular. As principais vantagens da técnica estão no fato de não ser invasiva, relativamente simples de ser efetuada, segura tanto para o animal como para o operador, pode ser realizada a campo e fornecer diagnósticos imediatos na maioria dos casos (Costa Filho, 2013). Pode-se ainda, realizar exames complementares como citogenética de linfócitos cultivados para identificar se houve a presença dos dois cromossomos sexuais, XX e XY. Este teste apresenta uma acurácia de 95% a 99% em 100 células mitóticas estudadas ( Dunn e Johnson,1981). No entanto, existem limitações para o teste citogenético. Por exemplo, as células masculinas podem ser poucas em número, exigindo avaliação de centenas de células para um diagnóstico definitivo. Além disso, o teste citogenético requer uma coleta e manuseio extremamente cuidadosa de amostras e mão de obra qualificada, não disponível na maioria dos centros de diagnóstico (MCNIEL et al., 2006). Uma alternativa ao teste citogenético é a realização de PCR, pois é a técnica rápida, precisa, relativamente simples e mais sensível para detectar se há quimerismo quando comparado a cariotipagem (PADULA, 2005), uma vez que é possível assim detectar a sequência de cromossomos Y de maneira mais rápida. Utiliza-se somente uma amostra de sangue do co-gêmeo feminino e permite a detecção precisa do freemartinismo a um nível de 0 a 0,5% das células quiméricas masculinas presentes. Existem também outras técnicas mais simplificadas que são possíveis de se realizar 12 a campo, como o tratamento com gonadotrofinas e demais hormônios visando uma alteração comportamental do animal (PADULA, 2005). É importante a realização do diagnóstico precoce, evitando assim perdas financeiras, uma vez que o criador tenha ciência da infertilidade do animal e assim não seja criado com o intuito de reprodução (Ticianelli et al., 2011). 2.3. Exame Clínico O Freemartinismo não pode ser prevenido, mas pode ser diagnosticado precocemente, através de um exame clínico na vagina, onde é possível perceber que o órgão possui apenas 3 ou 4 centímetros de profundidade, chamado de fundo cego, e não 10 a 15 centímetros, que seria o normal. A vulva não se desenvolve permanecendo pequena, em alguns casos com tufos de pelos. Os ovários não se desenvolvem, não tendo a manifestação do estro, prejudicando assim os índices de crescimento do rebanho, uma vez que causam a redução do número de novilhas disponíveis para reposição. (Pensani et al.,2009). A prova sorológica, é possível devido a anastomose vascular ocorrida entre gêmeos, havendo populações de dois tipos de células precursoras com diferentes antígenos de superfície, essa técnica funcionaria pois não há produção de anticorpos de superfície contra as células do irmão gêmeo, sendo assim seus antígenos podem ser detectados por provas hemolíticas, porém é pouco utilizada (Almeida e Resende, 2012). Outras técnicas utilizadas para diagnóstico análises citogenéticas, molecular e de FISH (fluorescent in situ hibridização) sendo importante a realização das mesmas pelo fato que só assim é possível fazer o diagnóstico diferencial para outras intersexualidades. O prognóstico em relação à vida do freemartin é considerado bom, já que há um desenvolvimento normal dos animais acometidos, e os mesmos podem ser utilizados para produção de carne de vitela ou submetidos aos sistemas de engorda. No entanto, para fins reprodutivos o prognóstico é negativo, já que tais fêmeas são estéreis (Almeida e Resende, 2009). 13 Em relação ao tratamento, não há a possibilidade do mesmo ser curativo, o indicado é que o animal seja descartado. (Basrur e Basrur,2004); GRUNERT et al., 2005). No agronegócio, é de vital importância identificar essa síndrome reprodutiva, que pode aumentar as perdas econômicas no rebanho, com o descarte de animais, perdendo genética valiosa para a substituição de animais. Para o pecuarista, ter uma boa equipe qualificada na avaliação de vacas com essa síndrome é ter em seu favor pontos para aumentar sua qualidade genética. Vale ressaltar que essa síndrome é multifatorial e nem sempre é possível eliminar o rebanho por completo, é apenas um aumento na taxa de descarte precoce e uma diminuição nos custos de engordar animais estéreis. (Bolaños et al.,2019). Figura 2: Vulva de uma fêmea freemartin com clitóris hipertrofiado Fonte: Jesus, 2019 2.4. Relato de produtor No dia 09 de junho de 2021, na propriedade São José, no município de Campo Alegre, Santa Catarina, pertencente ao produtor Deuclécio de Souza Freitas, houve um nascimento de gêmeos bovinos, sendo de sexos diferentes. Deuclécio é produtor desde 1970, onde até o presente dia, não tinha conhecimento sobre a ocorrência da síndrome do freemartinismo. O produtor relata que pretendia recriar a bezerra para deixar como matriz em seu plantel. 14 O Médico Veterinário Marcos Maciel Maba, técnico de campo do programa ATeG/ Senar, orientou o produtor a realizar o descarte no momento da desmama, uma vez que Deuclécio não realiza a engorda de animais. 2.5. Orientações aos produtores É necessário que os produtores saibam identificar esta anomalia para evitar perdas econômicas em seus rebanhos, assim como, ter orientações de um médico veterinário de acordo com os objetivos finais de cada produção. Como por exemplo, na produção de leite e cria e recria de corte, não há aproveitamento para a fêmea freemartin, o que nestes casos, o correto a se fazer é o descarte do animal, assim como da mãe, já que existe uma probabilidade de ocorrer uma nova gestação gemelar. Porém, para a engorda poderá se obter vantagem, dado que a fêmea obterá rentabilidade de carcaça maior. 15 3. CONCLUSÃO A carência de conhecimento, junto com a falta de informações divulgadas sobre o assunto faz com que muitos pecuaristas criem normalmente as fêmeas nascidas da gestação de gêmeos de sexos diferentes, justamente por não saberem que as fêmeas nascidas nestes casos são estéreis. Alguns pecuaristas criam as novilhas freemartin devido algumas características, como o aspecto masculinizado, a sua carcaça mais pesada e a musculatura mais desenvolvida e também em razão do comportamento masculino que ela pode apresentar, possibilitando o seu uso como animal rufião, para auxílio na detecção do estro das matrizes. O diagnóstico precoce da síndrome de freemartin se torna importante para que se realize o correto descarte de animais, evitando futuros gastos com alimentação e mão de obra. 16 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALMEIDA, J; RESENDE, A.O. Revista portuguesa de medicina veterinária. Freemartinismo em bovinos: revisão de literatura. Barra Mansa, RJ, Brasil, 10-25, 2009. ALMEIDA, J. de; RESENDE, O. A. Freemartismo em bovinos: revisão de literatura. Centro universitário de Barra Mansa (UBM); Revista portuguesa de ciências veterinárias, 2012. ANDREIV E. R. Área: Reprodução, Clínica Médica e Cirúrgica de Bovinos. Trabalho de conclusão de curso atividades do estágio supervisionado obrigatório. Universidade federal do Paraná, Palotina, 2013. AYALA-V. M. A.; VILLAGÓMEZ D. A. F.; SCHWELMINSKI S. Estudio citogenético y anatomopatológico del síndrome freemartin en bovinos (Bos taurus). Veterinária México, 31, 315-322, México, 2000. BASRUR; P.K; BASRUR V.R. 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