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Revolução Inglesa do século XVII

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UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
CEDERJ – Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
MATERIAL DIDÁ TICO IMPRESSO 
 
 
CURSO: História DISCIPLINA: História Moderna II 
 
CONTEUDISTAS: Paulo Cavalcante e Victor Hugo Abril 
 
 
AULA 7 
 
TÍTULO: A Revolução Inglesa do século XVII 
 
 
META DA AULA 
Analisar a natureza e os resultados do processo revolucionário inglês no século XVII 
 
 
 
OBJETIVOS 
 
Esperamos que, ao final dessa aula, você seja capaz de: 
 
1. Reconhecer as principais correntes historiográficas sobre a Revolução 
Inglesa; 
 
2. identificar as principais fases e características do processo revolucionário. 
 
 
INTRODUÇÃ O 
Observe o mapa da Inglaterra abaixo. 
 
Figura 7.1: O Reino Unido da Grã-Bretanha. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:United_Kingdom_labelled_map7.png 
 
Qual é a nossa primeira impressão ao observar esse mapa? Notamos 
duas destacadas extensões de terra firme contornadas de água por todos os lados. 
Essa explicação lhe é familiar? “Claro! Que pergunta...” Pois bem, a Inglaterra é 
parte de uma ilha. Pequena, muito pequena. Este Estado insular conheceu no 
século XVII uma revolução sem precedentes tanto em relação à sua própria história 
como em relação à história da Europa. O mapa anterior nos apresenta o Reino 
Unido da Grã-Bretanha constituído por quatro países (reinos): Inglaterra, País de 
Gales, Irlanda do Norte e Escócia. Como entender o impacto histórico produzido por 
acontecimentos dados numa região tão pequena como a Inglaterra? Vamos colocar 
tudo em perspectiva. Observe o próximo mapa. 
2
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:United_Kingdom_labelled_map7.png
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Figura 7.2: O Reino Unido em relação à Europa e ao mundo (destaque). 
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:EU-United_Kingdom.svg 
3
http://en.wikipedia.org/wiki/File:EU-United_Kingdom.svg
Você olhou bem para a parte destacada do mapa (figura 7.2)? Mal dá pra 
perceber a Inglaterra, não é? Quando colocada no plano do mundo, isto é, no 
planisfério, ela é uma pequena e insignificante mancha verde escuro. Pois é, a idéia 
de grandeza que temos da Inglaterra não é proporcional à extensão do território do 
seu reino. Talvez a nossa pergunta inicial não tenha sido em vão. É preciso pôr em 
perspectiva as idéias preconcebidas que absorvemos acriticamente ao logo da vida 
para podermos produzir um estudo histórico suficientemente crítico e objetivo. 
O historiador inglês Lawrence Stone (1919-1999) – que juntamente com o 
historiador inglês e marxista Christopher Hill (1912-2003) são considerados os 
maiores conhecedores do tema – sustenta que antes de propormos uma explicação 
sobre um acontecimento histórico é necessário, em primeiro lugar, estabelecer a 
natureza deste acontecimento que precisa ser explicado. Portanto, é justo perguntar: 
“O que aconteceu na Inglaterra em meados do século XVII?” (STONE, 2000, p.99). 
Que pergunta difícil de responder! 
Boxe 
Se o seu inglês não está tão bom a ponto de ler textos longos, lembre-se de utilizar 
a ferramenta Google Tradutor. Ela ajuda muito. A propósito, a Wikipédia possui 
verbetes em inúmeros idiomas, no entanto, os verbetes em inglês costumam ser 
bem mais completos do que os em português e em espanhol. E, é claro, como o 
acontecimento se deu lá, é bom acompanhar o que dizem sobre a sua própria 
história. 
http://en.wikipedia.org/wiki/Lawrence_Stone 
http://en.wikipedia.org/wiki/Christopher_Hill_%28historian%29 
Fim do boxe 
 
Afinal, foi uma “Grande Rebelião” ou uma Revolução? Foi o conjunto de 
revoltas das classes mercantis, de camponeses e de membros dissidentes das 
classes fundiárias contra reis odiosos e/ou impopulares? Ou foi uma guerra interna 
causada por crises político-institucionais? Resultou da ampliação do conflito entre 
instituições e ideologias religiosas ou foi, em suma, a disputa pelo poder do Estado 
entre a classe decadente (a aristocracia) e a classe em progresso (a burguesia)? 
Questões, quantas questões... Ótimo, então estamos no caminho certo. 
4
http://en.wikipedia.org/wiki/Lawrence_Stone
http://en.wikipedia.org/wiki/Christopher_Hill_%28historian%29
 
Boxe Explicativo 
Para não nos perdermos nesta variedade de nomes para designar o mesmo ou 
diferentes processos conexos, vamos separar as coisas. Segundo o historiador 
brasileiro Modesto Florenzano, quando tocamos neste tema encontramos três 
expressões consagradas: A Grande Rebelião, A Revolução Puritana e A Guerra 
Civil. A Grande Rebelião (1640-1642) designa a revolta do Parlamento contra a 
Monarquia Absolutista, após uma prolongada disputa pela posse da soberania, isto 
é, da direção política do Estado. A Revolução Puritana designa tanto os conflitos 
religiosos entre a Igreja Anglicana e a ideologia puritano-calvinista – quanto uma dasbases intelectuais do processo revolucionário. A Guerra Civil (1642-1648) indica que 
o conflito entre o Parlamento e a Monarquia, exacerbado pelas divergências 
religiosas, terminou em enfrentamento armado.” É preciso, ainda, tratar de três 
outros termos. O nome A República de Cromwell (1649-1658) “aponta para o 
desdobramento lógico do processo, fruto da criação de um exército revolucionário 
(New Model Army) e do aparecimento da ideologia política radical dos niveladores 
(levellers, em inglês), que conduziu ao julgamento e execução do rei e à 
proclamação da República (Commonwealth – designação do governo sob Cromwell 
e o Parlamento entre 1649 e 1660). A Restauração (1660), por sua vez, aponta para 
o encerramento e os limites da revolução. Por fim, há o nome A Revolução Gloriosa 
(1688). Chamada de “gloriosa” (“glorious”) porque dada sem desordens e 
derramamento de sangue (Bloodless Revolution) – embora essa avaliação do 
evento não seja absolutamente precisa – quando da deposição do rei Jaime II pela 
associação entre membros do Parlamento e a força invasora “convidada” do 
holandês Guilherme III de Orange-Nassau que, em conseqüência, subiu ao trono 
como Guilherme III da Inglaterra (II da Escócia), deitando por terra a possibilidade de 
as reivindicações revolucionário-democráticas voltarem à cena principal. 
(FLORENZANO, 1985) 
Para informações complementares, veja os seguintes verbetes. 
http://en.wikipedia.org/wiki/English_Civil_War 
http://en.wikipedia.org/wiki/English_Revolution#cite_note-1 
http://en.wikipedia.org/wiki/Glorious_Revolution 
Fim do boxe 
5
http://en.wikipedia.org/wiki/English_Civil_War
http://en.wikipedia.org/wiki/English_Revolution#cite_note-1
http://en.wikipedia.org/wiki/Glorious_Revolution
 
 
INTERPRETAÇÕ ES SOBRE A REVOLUÇÃ O INGLESA 
“Disse alguém que lutei e me engajei para afastar maus 
conselheiros do rei; (...) outro disse que me engajei para 
estabelecer a pregação; (...) um terceiro disse ainda que lutei 
contra o rei, concebendo-o mais como agente ativo que como 
agente passivo subordinado a qualquer conselheiro; outro teria 
lutado contra a opressão em geral” George Downing, 1647-
1648 (Apud HILL, 1984, p. 9). 
Que tal pensarmos um pouco sobre este depoimento? Vamos tomá-lo 
como representativo da dificuldade de definir processos históricos. Aliás, como se 
observa, a dificuldade é do próprio ator social, George Downing, em seu próprio 
tempo e a respeito de suas próprias ações. Quais são as possibilidades em jogo? 
Ele teria combatido os conselheiros do rei. Ele teria combatido em prol de uma 
pregação religiosa. Ele teria responsabilizado a pessoa do rei, a despeito dos seus 
conselheiros, pelos atos do governo e o combatido. Ele teria lutado contra a 
opressão social e, talvez, até mesmo contra a injustiça. 
Muito bem, isso está no texto de época. E no presente, munidos de 
diferentes informações e conhecimentos amealhados ao longo de nossas vidas, 
como expressaríamos a mesma dificuldade para produzir definições? Podemos 
inferir que o poder do Estado que representava e protegia uma velha ordem 
essencialmente feudal foi derrubado, numa palavra, o rei e a própria monarquia. E o 
que mais? Associando aspectos econômicos, é possível dizer que a mudança no 
quadro político liberou forças sociais que contribuíram para que se tornasse possível 
o livre desenvolvimento de práticas capitalistas. Essa última é mais ousada, não é? 
No entanto, não nos é estranha. 
Pois então, o esforço para oferecer uma caracterização cabal, final ou 
definitiva sobre processos históricos é tarefa louvável, mas cuja realização é 
impossível. Os contextos históricos são repletos de nuances. Parte delas decorrem 
do efeito do tempo, um certo esfumaçar da lente que observa o passado desde o 
nosso presente; mas parte decorre da complexidade peculiar à própria interação 
6
 
social dos homens. São múltiplos atores sociais, quase nunca facilmente 
identificáveis, diferentes princípios e valores em jogo. Enfim, em situação 
revolucionária, como é o nosso caso, toda estrutura econômica, social, política e 
cultural entra em transformação, ora acelerada ora mais lenta, mais intensa num 
ramo e menos em outro. 
Tanto isso é verdade, que para os próprios contemporâneos do século 
XVII, o seu posicionamento no campo de luta não deixa de expressar ambigüidades 
e contradições, como se constata no depoimento anterior. 
Tanto isso é verdade, que Lawrence Stone julgou poder “afirmar com 
segurança que nenhuma controvérsia histórica nos últimos cinqüenta anos 
[aproximadamente entre 1920 e 1970] atraiu tanta atenção. Por quê? Em primeiro 
lugar, o terreno do desacordo parecia ser o mais abrangente possível: desacordo 
sobre a definição dos termos usados para explicar os fenômenos em questão; 
desacordo sobre o que aconteceu; desacordo sobre o modo como aconteceu; 
desacordo sobre as conseqüências do que aconteceu. Uma tal ausência de terreno 
comum é verdadeiramente rara, e sua manifestação pareceu colocar em dúvida o 
direito do historiador ser visto como um pesquisador empírico que fundamenta sua 
investigação sobre a razão e a prova” (STONE, 2000. p. 78) 
Podemos, seguindo Christopher Hill (HILL, 1981, p. 13-22), dividir em três 
grandes campos as interpretações básicas da Revolução Inglesa que se originaram 
ao longo do próprio processo e se desenvolveram e se consolidaram após 1688. 
Quais são elas? 
1. A mais conhecida de todas foi formulada pelos próprios líderes do 
Parlamento em 1640 e apresentada em suas declarações e apelos ao 
povo. Adotada pelos historiadores liberais (whigs), afirma que o 
movimento revolucionário inglês decorre da luta dos exércitos 
parlamentares pela liberdade do indivíduo e de seus direitos 
consagrados na lei contra um governo tirânico, isto é, ilegítimo, 
injusto, opressivo e violento: uma monarquia que prendia sem 
processo jurídico, tributava sem o consentimento do Parlamento, 
7
 
saqueava os bens privados e procurava destruir as instituições 
parlamentares. 
2. Por sua vez, os historiadores conservadores (tories), em oposição aos 
liberais, sustentam que a política real não era tirânica. Segundo esta 
linha interpretativa, o rei Carlos I e os seus conselheiros procuravam 
proteger o povo da exploração econômica levada a cabo por uma 
reduzida classe de capitalistas em busca de êxito. Ademais, julgam 
que a oposição que o rei enfrentava vinha dos homens de negócio 
que, de forma organizada, identificavam seus interesses políticos com 
a Câmara dos Comuns e seus interesses religiosos com o puritanismo 
a fim de atenderem os seus próprios objetivos. 
3. A terceira interpretação chama para o centro da explicação o conflito 
religioso, isto é, qual dentre estas duas religiões deveria ser a 
dominante na Inglaterra: o puritanismo ou o anglicanismo? Essa 
vertente perpassa tanto a historiografia liberal como a conservadora. A 
bem da verdade, é importante ressaltar que a presença da religião na 
vida social daquele tempo ocupava um lugar bem mais central e vasto 
do que hoje em dia. No entanto, vale lembrar esta ressalva 
metodológica de Christopher Hill: “o fato de os homens falarem e 
escreverem utilizando uma linguagem religiosa não devia impedir-nos 
de compreender que existe um conteúdo social por detrás do que, 
aparentemente, são ideias puramente teológicas”. (HILL, 1981, p. 22) 
A partir dessas, por assim dizer, matrizes interpretativas, o processo 
interpretativo prosseguiu e não pára de avançar. Vamos citar dois desdobramentos. 
Uma das maneiras mais difundidas de se interpretar a Revolução Inglesa 
é compreendê-la como o conjunto de lutas entre classes sociais. Pelo seu 
vocabulário (luta de classe) você já nota a filiação teórico-metodológica desta 
corrente: o marxismo. Para os seus autores, em uma das faces da Revolução 
Inglesa, aparentemente, tudo se passava como se o seu caráter, isto é, a sua 
natureza, fossede uma guerra religiosa entre anglicanos e católicos de um lado e 
puritanos de outro. Na outra face, por sua vez, aflorava o aspecto político e 
8
 
institucional como se pode observar nas disputas e lutas entre o rei e o Parlamento. 
Portanto, para esta corrente interpretativa que estamos expondo, as diferentes 
naturezas – religiosa, política e institucional – , a despeito de manifestarem 
conteúdos reais, legítimos e importantes da vida social, não podem por si só definir o 
caráter da Revolução Inglesa. Na verdade, essas diferentes faces expressam 
profundas transformações econômicas e sociais de longo prazo que não são 
facilmente observáveis. 
Talvez o maior representante dessa corrente, Christopher Hill, afirma: “A 
Guerra Civil foi uma luta de classes em grau bem maior do que a teoria ortodoxa 
inglesa costuma aceitar. A divisão geográfica do norte e oeste versus o sul e o leste 
é também uma divisão econômica e social entre as áreas economicamente 
atrasadas, caracterizadas por uma economia relativamente auto-suficiente, e 
aqueles distritos influenciados pela demanda do mercado londrino, onde a 
agricultura e as relações de propriedade ou posse da terra estavam sendo 
comercializadas. Os adeptos do rei eram principalmente os senhores ‘feudais’ 
(‘feudal’ landowners) do norte e do oeste, e os membros mais altos da hierarquia 
eclesiástica, juntamente com seus camponeses obrigados (tenants) e seus 
dependentes. Por toda parte na Inglaterra, além do mais, havia aristocratas 
(gentlemen) perturbados pelos motins contra o cercamento de terras (enclosure), 
preocupados com a possibilidade frequentemente proclamada de uma revolução ao 
mesmo tempo social e política e com o ‘apelo ao povo’ contido na Solene 
Advertência (Grand Remonstrance). O Parlamento retirava sua força da City, dos 
portos marítimos, da gentry e dos yeomen ‘progressistas’ (‘progressive’) dos 
condados meridionais e orientais. Seu triunfo foi determinado, em última instância 
pelo apoio dos grandes comerciantes capitalistas de Londres, embora 
imediatamente pelas vitórias do Exército de Novo Tipo (New Model Army). As 
grandes linhas da legislação do Interregnum foram determinadas pela influência 
predominante do capital mercantil, embora a curto prazo os interesses particulares 
do Exército tivessem um peso considerável” (HILL, 1958. p. 153-154) 
Glossário 
Anglicanismo – Reforma religiosa operada na Inglaterra no século XVI em 
consequência da qual o protestantismo foi adotado como religião oficial do país. A 
9
 
Igreja Anglicana constituiu-se em ruptura com o papado, porém, organizada de cima 
para baixo pelo rei Henrique VIII e sem praticamente alterar a liturgia ou a teologia 
papistas. Em 1534, foi promulgado o Ato de Supremacia reconhecendo o monarca 
como chefe supremo da Igreja inglesa. A Igreja Anglicana conservou a hierarquia da 
Igreja Romana e em especial a autoridade dos bispos, que passaram a obedecer 
mais diretamente ao rei. Sob o reinado de Elizabeth I, o Ato de Supremacia foi 
revogado e, em 1563, a Lei dos 39 Artigos tornou-se a verdadeira carta do 
anglicanismo. Na Escócia, porém, o poder dos reis conhecia sensível declínio 
quando se deu a Reforma. John Knox, o grande líder protestante escocês, hostilizou 
diretamente a rainha Maria Stuart, e a Reforma se fez contra o poder monárquico, 
abolindo, ao mesmo tempo, a própria instituição episcopal. A administração da Igreja 
na Escócia competia aos presbitérios, isto é, assembléias. A partir de 1603, com a 
união das duas coroas (inglesa e escocesa) numa só pessoa, a de Jaime (que já era 
rei da Escócia desde 1567 como Jaime VI e assume o trono inglês como Jaime I), 
produzia-se a redução da Escócia, reino mais pobre, a uma posição dependente 
face à Inglaterra. No plano religioso isso significou a tentativa de William Laud, bispo 
de Londres e depois arcebispo de Cantuária, no sentido de impor aos escoceses o 
modelo da Igreja Anglicana e em especial a administração por bispos. Deve-se 
registrar que o sistema episcopal sob a autoridade de Laud também produziu muito 
descontentamento na Inglaterra. Desse modo, se é justo imaginar, por um lado, que 
Jaime I tivesse simpatia pela posição antiepiscopal dos puritanos ingleses, por outro, 
também é possível supor que apreciasse a oportunidade de se livrar da tutela dos 
presbiterianos, que dirigiam a Igreja escocesa. O fato, porém, é que no começo de 
seu reinado reuniu os dirigentes dos grupos que havia na Igreja Anglicana para uma 
conferência no palácio de Hampton Court: uma tentativa de chegar a um 
denominador comum. A conclusão do rei após o encontro foi expressa de várias 
maneiras: “sem bispos, não haverá rei” ou “sem bispos, não haverá rei, não haverá 
nobreza” (“No bishops, no king, no nobility”). Os nobres e plebeus escoceses 
proclamaram então a “Liga e Pacto Solenes” (com Deus) e iniciaram, em 1638, uma 
guerra em defesa de sua Igreja. É essa guerra que detona o processo revolucionário 
inglês dos anos 40. 
Aristocracia – é a nobreza propriamente dita (nobilitas maior) composta pelo lordes, 
ou seja, pelos nobres titulados que são, segundo esta ordem hierárquica 
decrescente: duque, marquês, conde, visconde e barão. A aristocracia inglesa 
10
 
normalmente, até o século XVII, é mais rica e poderosa do que a mera gentry (mere 
gentry). 
Cavalier – cavaleiro; nome dado durante a guerra civil aos partidários do rei. Os 
defensores do Parlamento eram denominados, de forma pejorativa, Roundheads, 
cabeça redondas, porque costumavam usar cabelos curtos em contraste com os 
cortesãos. 
City (The) – designa a um só tempo a parte central da cidade de Londres e o centro 
financeiro e comercial, situados nos distritos mais antigos. É onde estão as duas 
Casas do Parlamento e a sede dos departamentos administrativos. 
Common Law – é o direito consuetudinário (ou costumeiro) vigente nos países 
anglo-saxões, com exceção da Escócia, e que se opõe ao direito romano, porque 
neste último prevalece o texto escrito da lei e tem menor importância a voz dos 
tribunais e da tradição. Na common law os tribunais enunciavam a tradição e os 
costumes e desta forma apareciam como defensores das liberdades antigas contra 
as pretensões despóticas dos reis, especialmente sob a dinastia Stuart. No sistema 
da commom law não existia ensino de direito nas Universidades ou em escolas 
especialmente destinadas para esse fim. Desde pelo menos o século XIV – época 
em que se consolida a commom law – , o direito aprende-se pela freqüentação dos 
tribunais. Os jovens fidalgos e nobres (que precisam conhecer “a lei da terra” porque 
ela não é só a lei vigente no país, é a lei que trata das questões de propriedade 
fundiária) vão a Londres, onde ficam morando em uma de quatro hospedarias, os 
Inns Court, destinadas a esses aprendizes de advogado. Lá eles dormem e tomam 
suas refeições, cada mesa sendo presidida por um advogado mais experiente que, 
portanto, dirige as discussões e conversas deles sobre os pontos que observaram 
assistindo aos julgamentos. Obviamente, também não existe exame ou diploma, da 
mesma forma que não há currículo ou sequer, antes de uma certa data, manual; o 
que eles têm é uma experiência que, finalmente, os capacitará a proceder em juízo. 
Note-se que esse sistema informal de aprendizado, em vez de democratizar o 
acesso ao saber, na verdade o torna difícil, porque restrito a quem tem posses; e os 
julgamentos são pronunciados em law French, uma corruptela do antigo franco-
normando, de modo que a maior parte do povo não tem como entendê-los. 
Commons – terras ou terrenos comunais, isto é, as terras que são propriedade 
coletiva de uma aldeia ou comunidade. 
11
 
Commonwealth – como observa Renato Janine Ribeiro em suas especializadas e 
esclarecedoras notas à tradução brasileira do livro The World Turned Upside Down 
(O Mundo de Ponta-Cabeça), de Christopher Hill, e das quaisnos servimos 
largamente neste Glossário, a despeito de muitos traduzirem o termo 
Commonwealth por “Estado”, na maior parte das vezes é preferível traduzi-lo por 
“república”. É preciso considerar que: 1) dos séculos XVI a XVIII o termo “república” 
(que é a tradução mais aproximada de Commonwealth, correspondente inglês do 
latim res publica) serve para designar tanto os Estados republicanos quanto os 
monárquicos; 2) O termo “Estado”, no singular, é menos utilizado (no plural serve 
para referir “os Estados” de um príncipe, de um rei, etc.); 3) na mesma época, 
porém, o termo “república” conota, se comparado com “reino”, uma preocupação 
maior com a coisa pública (res publica), com o bem comum, e é por isso que certos 
regimes nos quais os cargos são preenchidos por eleições, como o dos Países 
Baixos ou (de 1649 a 1660) o da Inglaterra, são designados Repúblicas ou, no caso 
inglês, Commonwealth. Enfim, há uma ambigüidade no termo “república” que 
merece ser preservada. 
Corporation Acts e Test Acts – conjunto de atos, os primeiros em 1661 e os 
segundos em 1673 e 1678, que visavam excluir dos cargos públicos as pessoas que 
não professassem a religião oficial. 
Diggers – escavadores, do verbo to dig, cavar, escavar, revolver. Grupo que se 
instalou em 1648 num terreno não aproveitado (terras comunais, commons) e se 
puseram a preparar a terra para a semeadura: uma espécie de reforma agrária feita 
espontaneamente e em direta oposição aos poderes da sociedade e do Estado. 
Chamavam-se a si próprios , também, de True Levellers (niveladores autênticos). 
Ver Levellers. 
Enclosure – cercamento de terras; procedimento adotado desde o século XV até o 
XVIII/XIX, tendo o seu auge nos séculos XVII e XVIII. Consistia na transformação 
(divisão e cercamento) em propriedades privadas de terras que eram anteriormente 
comunais (commons), isto é, de uso comum, às quais todos os habitantes de uma 
aldeia possuíam direitos comunais de acesso e uso. Ademais, esses direitos não 
eram excludentes (note que uma cerca reserva uma área para um proprietário) – por 
exemplo, podia-se usar essas terras comunais para pastagens e até de plantio. Na 
divisão e cercamento das terras seguia-se geralmente a proporção de terras que 
cada beneficiário já possuía como propriedade privada – de modo que os ricos 
12
 
ganhavam mais, e os mais pobres não só nada recebiam, como ainda perdiam todo 
e qualquer direito às terras anteriormente comunais. O cercamento foi denunciado 
por Thomas Morus, em famosa passagem de seu livro Utopia, na qual comenta que 
os carneiros, antes animais tão delicados e inofensivos, tornaram-se devoradores de 
homens; com efeito, a divisão das terras comunais deu-se muitas vezes em conjunto 
com a redução da agricultura dos pobres e a expansão dos rebanhos pertencentes 
aos mais ricos. 
Erastianismo – doutrina que pregava a dependência da Igreja em relação ao poder 
temporal. 
Gentry – o conjunto, ou o coletivo, dos gentlemen; o que define um gentleman é, 
nas palavras do historiador Peter Laslett, “nunca trabalhar com as mãos para 
satisfação de necessidades materiais, mas somente em atividades recreativas”, ou 
seja, essencialmente, a riqueza. Pois, na Inglaterra dos séculos XVII e XVIII, para 
alguém ser gentleman, basta ser rico e estar disposto a comprar uma propriedade 
rural (com um solar, ou mansão) e um brasão podendo ser comprados livremente no 
mercado. Daí porque não é apropriado considerar – e traduzir – como fazem muitos, 
a gentry como uma pequena e média nobreza (nobilitas minor), à maneira do 
continente europeu; daí também a razão de historiadores conservadores como 
Trevor-Roper, considerarem a gentry como uma pequena nobreza frustrada e 
decadente e de historiadores marxistas, ou de tendência marxista, de Engels a Hill, 
passando por Tawney e Thompson, considerarem-na, como, nem mais nem menos, 
uma burguesia rural e capitalista; daí a razão, finalmente, para o historiador 
norteamericano Hexter, ter definido com muita propriedade a polêmica sobre esta 
camada social, absolutamente estratégica, da moderna história social inglesa, de 
“tempestade sobre a gentry” (storm over the gentry). 
Gentlemen – John Selden, em Titles of Honour (1614), discorrendo sobre o nome 
“gentlemen”, fala da “nossa maneira inglesa de usá-lo” (“our English use of it”) como 
correspondente ao termo nobilis (uma palavra ambígua já que nobre pode designar 
tanto a posição elevada e titulada – portanto, restritíssima – de uma pessoa na 
hierarquia social como o conjunto de elevadas qualidades individuais de qualquer 
pessoa) e que designa, em conexão com este, as formas de enobrecimento em 
vários países europeus. Os gentlemen não possuíam títulos e não havia um 
ingresso regulamentado nessa pequena nobreza. Para ser gentleman (fidalgo, 
13
 
cavalheiro, gentil-homem) era preciso uma vida gentil, isto é, isenta de trabalho 
manual e de suas penas: esta qualidade chama-se gentility. Ver gentry e squire. 
Grand Remonstrance – Solene Advertência; conjunto de reivindicações contra a 
Coroa votado e aprovado pelo Parlamento em novembro de 1641. Protesta, em 
especial, contra os males produzidos pelas políticas e monopólios régios e os 
conseqüentes danos infligidos ao comércio e à indústria pela arrecadação de 
impostos cuja legalidade era duvidosa. 
Interregnum – período que começa com a deposição e execução do rei Carlos I 
(1649) e termina com o retorno (Restauração) da monarquia mediante a coroação 
de Carlos II (1660). Durante esse período, domina a cena principal à frente da 
república proclamada (Commonwealth) a figura de Oliver Cromwell, que recusou 
ser coroado rei, mas aceitou o título de Lord Protector (título tradicional que tinham 
os regentes da coroa na Inglaterra durante a menoridade dos reis). O período do 
Interregnum costuma ser subdividido em: 1) Primeiro Período da Commomwealth da 
Inglaterra, de 1649 até 1653); 2) O Protetorado sob Oliver Cromwell, de 1653 até 
1658; 3) O Protetorado sob Richard Cromwell, entre 1658 e 1659; 4) O Segundo 
Período da Commonwealth da Inglaterra, entre 1659 e 1660. 
Jacobita – grupo partidário da dinastia dos Stuart (Jaime II, derrubado por 
Guilherme de Orange em 1688). 
Levellers – niveladores, do verbo to level, assim conhecidos por pretenderem 
nivelar as distintas condições sociais; movimento igualitário e radical hostil à 
monarquia e parcialmente oposto a Cromwel, defendiam a soberania do povo, a 
extensão do voto, a igualdade de todos perante a lei e a tolerância religiosa. Ver 
Diggers. 
Little Parliament ou Barbone’s Parliament – Em julho de 1653 Cromwell convocou 
uma assembléia, que deveria ser consultiva e cujos membros foram escolhidos 
pelos líderes do Exército com base em listas encaminhadas pelas congregações 
independentes – quer dizer, a meio caminho entre os presbterianos e os 
separatistas (ou sectários). Essa assembléia, porém logo assumiu o título de 
Parlamento e empreendeu uma série de reformas, ressaltando-se as que afetavam 
os interesses da profissão legal: a abolição do tribunal do Chanceler, o 
estabelecimento do matrimônio civil, a venda de terras de emigrados, a supressão 
ou redução dos dízimos, a simplificação da legislação contratual, a atenuação das 
penas (por exemplo: a mulher que matasse seu marido não mais seria queimada 
14
 
viva; o batedor de carteiras não seria enforcado caso fosse criminoso primário), etc. 
O caráter radical das medidas desse Parlamento valeu-lhe uma alcunha pejorativa – 
“Barbone’s Parliament”, ou Parlamento de Barbone, zombaria dirigida contra “Praise-
God” Barbon, um de seus membros, assim chamado porque não perdia a ocasião 
de dizer “Deus seja louvado”. E valeu-lhe, mais seriamente, a dissolução. 
Monk – George Monck ou Monk (1608-1670) começou a guerra civil servido ao rei, 
porém, aprisionado pelas forças do Parlamento, mudou de lado e tornou-se um dos 
generaisda República de Cromwell. À morte deste, em 1659, controlou a situação 
com o seu Exército e restaurou a realeza. Carlos II deu-lhe o título de duque de 
Albemarle. 
Puritanismo – nome dado aos integrantes do movimento de reforma religiosa que 
não obedeciam às normas do anglicanismo, reivindicando que a Igreja fosse 
purificada – o que originou o termo – de todos os ritos e cerimônias que lembrassem 
o papismo. Posteriormente, o termo foi aplicado a todos que praticavam, com rigor, o 
repouso dominical e rígidos hábitos de vida. Os puritanos, que defendiam as idéias 
clavinistas, formavam duas facções: a dos presbiterianos e a dos congregacionistas. 
Foi na gentry e nas classes mercantis urbanas que o puritanismo encontro maior 
receptividade e sua penetração nesses dois segmentos sociais revestiu-se de 
extraordinária importância, dado que esses grupos tinham sido os mais atingidos 
pelas grandes transformações da Inglaterra no século XVI. Os presbiterianos 
reivindicavam uma Igreja desligada do Estado, enquanto os congregacionistas, 
também chamados independentes, proclamavam a autonomia de cada adepto e 
sua liberdade para pregar a religião. O ardor e a convicção das idéias fizeram dos 
puritanos um dos grupos religiosos mais significativos da Inglaterra no século XVII. 
Quakers – tremedores, grupo religioso, os que tremem diante de Deus. Ver Seeker. 
Ranters – faladores ou divagadores, grupo religioso, os que usam a linguagem de 
forma bombástica e teatral e/ou que também discorrem à toa. Ver Seeker. 
Seekers – aqueles que buscam, do verbo to seek, procurar, buscar. Os Seekers, 
assim como os Ranters e os Diggers, são os nomes de diferentes grupos que 
formularam questões de teor cético acerca de todas as instituições e crenças de sua 
sociedade. Neste momento, é importante ressaltar que não é própria daquela época 
uma diferenciação clara entre a política e a religião, por exemplo. Portanto, o nome 
Revolução Puritana não se refere a uma revolução que é de fundo exclusivamente 
religioso. De fato, diz respeito a uma revolução cujo fundo é político, social, 
15
 
econômico, cultural e que se expressa religiosamente em função da 
indissociabilidade – específica daquela época – entre todos esses campos da 
manifestação humana. 
Squire ou esquire – escudeiro; gentil-homem ou fidalgo, à vezes a principal figura 
dominante da aldeia ou da circunscrição; os escudeiros, em seu conjunto, formavam 
a squirearchy, isto é, pertenciam à chamada nobreza menor (nobilitas minor) 
constituída, de cima para baixo, pelos knights (cavaleiros) e baronets (baronetes), 
squires e gentlemen. 
Tenant – rendeiro ou arrendatário, este pode ser um camponês, ou um conjunto de 
camponeses que paga ao proprietário da terra – que é um landlord, ou seja, um 
aristocrata – com parte do que produz e com ele mantém relações pessoais diretas 
e de dependência (neste caso temos a tenantry); pode ser também um 
empreendedor, um capitalista que simplesmente paga um aluguel, em dinheiro, pela 
terra e não mantém com o proprietário-aristocrata quaisquer vínculos pessoais ou 
extra-econômicos (neste caso temos um prosperous tenant farmer – literalmente, um 
“próspero fazendeiro arrendatário” – , desde que bem sucedido). 
Yeomen – é um pequeno proprietário rural que goza de direitos políticos, como o 
direito de voto e o de servir como jurado; membro da yeomanry, os alabardeiros 
(espécie de arqueiros) do rei, 
Fim do Glossário 
 
 Grande este Glossário, não é mesmo? Pois é, ele não se destina somente a 
esclarecer os termos específicos da história de um país. Ele abre novas 
perspectivas de estudo e revela toda a complexidade da Revolução Inglesa. É 
também dessa complexidade que emergem diferentes correntes historiográficas e 
não somente, como se poderia imaginar, das injunções o tempo presente e das 
concepções e adesões teórico-metodológicas e políticas dos próprios historiadores, 
por exemplo, historiadores conservadores, liberais ou de esquerda (socialistas, 
social-democratas, marxistas, comunistas, etc.). 
 Por intermédio da citação de Hill você pode notar não apenas o tema da luta 
de classes, mas também o caráter pronunciadamente burguês que ele atribui à 
Revolução. E isto não significa que a Revolução foi feita ou conscientemente 
16
 
desejada pela burguesia. Para Hill: “A Revolução Inglesa, como todas as revoluções, 
foi causada pela ruptura da velha sociedade e não pelos desejos da burguesia ou 
pelos líderes do Longo Parlamento. Seu resultado, no entanto, foi o 
estabelecimento de condições muito mais favoráveis ao desenvolvimento do 
capitalismo do que aquelas que prevaleceram até 1640.” (HILL, 1984. p. 8-9) 
 É-nos impossível desenvolver adequadamente os argumentos – mesmo os 
principais – da polêmica historiográfica em torno da Revolução Inglesa. Não temos 
espaço para isso. No entanto, vamos consignar um outro modo de ver esse 
processo histórico, bastante crítico da abordagem dos autores marxistas, mas 
também, em certa medida, complementar. 
 O já citado historiador Lawrence Stone, ao passar em revista às criticas que 
muitos historiadores fizeram do modo como ele interpretava a Revolução Inglesa e, 
notem bem, neste caso a crítica vinha de historiadores conservadores, notadamente 
Trevor-Roper e G. R. Elton, afirma: “Se é verdade que a minha interpretação, era, 
em certo sentido, razoavelmente conservadora, abriu, contudo, de maneira variada, 
novas áreas. Era nova a ênfase nos defeitos estruturais da política Tudor que 
remontavam à Reforma; e nas forças de mudança social, econômica e cultural a 
longo prazo operando sob a superfície dos acontecimentos particulares. Era nova 
também a ênfase na multiplicidade de fatores, sociais, econômicos, políticos, 
religiosos, militares, ideológicos e pessoais, operados para dar conta do problema. 
Era nova a combinação dos novos achados da história social, utilizados de uma 
forma decididamente não marxista e não determinista, com a mais tradicional 
ênfase, à maneira whig, no conflito político e religioso. Era nova, finalmente, a 
divisão das causas da Revolução em longo prazo, curto prazo e disparadores 
[estopins] que tornou este amálgama conceitualmente operativo.” (STONE, 2000. p. 
282) 
 
Atividade 1 – atende ao objetivo 1 
1) Quais são as características principais da interpretação de Christopher Hill? 
(6 linhas) 
2) Qual é a crítica que Lawrence Stone faz à interpretação marxista? 
17
 
(3 linhas) 
3) Que inovações Stone julga haver proporcionado à interpretação da Revolução 
Inglesa? 
( 3 linhas) 
4) Qual é o ponto de contato entre Stone e os historiadores liberais (whig)? 
(2 linhas) 
5) Cite pontos de contato entre Hill e Stone. 
(3 linhas) 
 
Respostas comentadas 
1) É uma interpretação baseada a um só tempo tanto na história social como no 
marxismo. Por isso os aspectos econômicos e sociais de longo prazo ganham relevo 
na explicação em detrimento dos aspectos políticos de curto prazo. Há também a 
tendência para ver a superação definitiva do feudalismo e a ascensão decidida do 
capitalismo. 
2) Stone a considera mais determinista do que dialética, isto é, nela os aspectos 
econômicos e sociais da realidade estudada determinam o comportamento dos 
demais aspectos, por exemplo, os políticos e culturais. 
3) Mostrou a importância dos aspectos estruturais de longo prazo, tanto os políticos 
quanto os econômicos, sociais e culturais. 
4) A ênfase no conflito religioso e político para explicar a revolução. 
5) A filiação à história social. A ênfase nas causas de longo prazo, em especial as de 
origem econômica e social. 
 
Fim da atividade 
 Se é possível verificar claramente as críticas feitas à historiografia de 
orientação marxista pelo revisionismo historiográfico de qualidade, aqui 
representado pelo notável historiador Lawrence Stone, também é possível constatar 
inúmeros pontos de contato, de identidade.E a maior concordância entre Hill e 
Stone é sobre o caráter revolucionário da Revolução Inglesa. Para aqueles que 
imaginam que revolução é assunto exclusivo de historiador de esquerda e/ou 
marxista, vale a pena acompanhar mais esta citação de Stone, tanto a título de 
conclusão como, principalmente, a título de provocação ao arraigado 
18
 
conservadorismo social que está impregnado em todos – ou quase todos – nós 
brasileiros. 
“A natureza revolucionária da Revolução Inglesa pode ser demonstrada tanto 
por suas ações quanto por suas palavras. Suas realizações incluem não apenas a 
execução de um rei (os ingleses tinham uma longa tradição de assassinatos de reis 
odiados, de William Rufus a Eduardo II, a Ricardo lI), mas o seu julgamento em 
nome do "povo da Inglaterra", acusado de alta traição por ter violado "a constituição 
fundamental deste reino". Isto era algo que nunca fora feito antes. A Revolução 
implicou não apenas na substituição de um rei por outro, mas na abolição da 
instituição monárquica; não apenas na execução de pessoas e no confisco da 
propriedade de uns poucos nobres, mas na abolição da Câmara dos Lordes; não 
apenas num protesto contra os "curas desagradáveis" de Hobbes, o clero e os 
bispos, mas na eliminação da Igreja estabelecida e no confisco das propriedades 
episcopais; não apenas num ataque aos funcionários impopulares, mas na abolição 
de toda uma série de instituições administrativas e legais de crucial importância para 
o governo. Mais do que por seus atos, a natureza revolucionária da Revolução 
Inglesa fica demonstrada, de maneira talvez ainda mais convincente, por suas 
palavras. O simples fato de que foi uma revolução tão extraordinariamente fecunda 
em palavras - entre 1640 e 1661, publicaram-se mais de 22.000 sermões, discursos, 
panfletos e jornais"- bastaria para sugerir fortemente que se tratou de algo muito 
diferente do habitual protesto contra um governo impopular. Esta torrente de 
palavras impressas evidencia um choque de idéias e de ideologias, e a emergência 
de concepções radicais afetando todos os aspectos do comportamento humano e 
todas as instituições da sociedade, da família à Igreja e ao Estado.” (STONE, 2000. 
p.102-103) 
 
QUADRO GERAL DO PROCESSO REVOLUCIONÁ RIO 
Em 1603 o rei da Escócia, James Stuart, assumiu o trono inglês em 
substituição a rainha Elizabeth I, última soberana da dinastia Tudor. Conforme a 
organização institucional da Coroa inglesa, o rei era assessorado pelo Conselho 
Privado, composto por nobres da sua confiança. As questões judiciárias laicas eram 
19
 
julgadas pela Câmara Estrelada. No que concernia à política religiosa, esta era 
conduzida pessoalmente pelo arcebispo Laud e pelos tribunais eclesiásticos que 
cuidavam das questões ligadas à religião, à disciplina social e à subversão, temas 
estes frequentemente enquadrados através da repressão religiosa. Estes 
representavam os tribunais da Corte de Alta Comissão. Além disso, tínhamos o 
Parlamento e seu sistema bicameral, composto pela Câmara dos Lordes, integrada 
pela aristocracia, e a Câmara dos Comuns, integrada por proprietários rurais, 
mesmo que de origem burguesa, eleitos nos vários condados ingleses. (ARRUDA, 
2006, p.66-7) 
Entretanto, o governo de Jaime Stuart diferia do de seus antecessores, 
principalmente, no emaranhamento da questão das relações exteriores com os 
problemas religiosos. A monarquia sob os Tudor consolidou o protestantismo, na 
sua forma anglicana, e definiu-se por oposição ao papa de Roma e especialmente à 
Espanha, monarquia católica. O mal-estar em relação ao governo de Jaime I se 
dava por sua mãe, a rainha Maria da Escócia, ter sido a candidata papal ao trono 
inglês, mesmo sendo Jaime I um protestante convicto. 
A pedra de toque das desconfianças dos ingleses começou quando Jaime I 
aproximou-se dos espanhóis, ou seja, aproximou-se da monarquia católica e do 
antigo inimigo inglês. A aproximação era para estabelecer um acordo de paz entre 
Inglaterra e Espanha (Conferência de Somerset House). Quando eclodiu a Guerra 
dos Trinta Anos, em 1618, ao invés de Jaime I ajudar seu cunhado protestante 
afastado do trono do Palatinado, na Alemanha, o rei inglês enviou seu filho Carlos 
para pedir a mão da infanta espanhola. À frente das negociações do casamento 
estava o articulador da diplomacia inglesa, duque de Buckingham. Tal atitude 
causou furor no Parlamento e a oposição tornou-se tão forte que chegaram a 
solicitar a cabeça de Buckingham. Apenso a isso, o rei fazia várias alterações na 
política financeira do reino, como o aumento das taxas alfandegárias, 
estabelecimento de monopólios sobre produtos estratégicos, aumento de impostos, 
etc. Convém lembrar que a sustentação financeira do Estado era o ponto vital do 
relacionamento entre o rei e o Parlamento. 
O teatro de tensões e conflitos estava montado. Os descontentamentos com 
os rumos da política externa, da política religiosa e da política financeira davam lugar 
20
 
à luta política entre o Parlamento e a monarquia Stuart. Esses antagonismos 
afloraram a partir de 1610, começando, em seguida, as negociações. Na tentativa de 
ampliar e consolidar as suas rendas, a Coroa ofereceu ao Parlamento o Grande 
Contrato, pelo qual renunciava a seus direitos feudais sobre as propriedades em 
troca de uma verba anual. Esta verba gerava discordâncias no Parlamento quanto 
ao valor a ser creditado ao rei. 
Logo se configurou nova tensão concernente ao Projeto Cockayne, ainda sob 
Jaime I, no qual as manufaturas de tecidos ficariam sob controle real, transformando 
esse monopólio numa importantíssima fonte de renda para o Estado. A reação da 
burguesia foi imediata, recusando tal projeto. 
Com a morte de Jaime I, o seu filho assume o trono inglês, Carlos I, em 1625. 
Três anos depois entrava em guerra contra a França. É nesse período que emerge 
como voz destacada no Parlamento Oliver Cromwell, indo contra a empreitada do rei 
na França. Mas a resposta do rei foi a dissolução do Parlamento em 1630 e a 
definição de seu governo pessoal ancorado na Câmara Estrelada, no Conselho do 
Norte e de Gales, bem como em dois competentes assessores: o arcebispo Laud 
(para a política religiosa) e o conde de Strafford (para a repressão política). Carlos I 
governou “sozinho” de 1630 até 1640, período chamado Tirania. 
A paz nas relações exteriores possibilitou maior desenvoltura na ação régia 
combinado com o maior enrijecimento da política interna e a ação dos tribunais 
especiais. Tanto foi assim que, no plano financeiro, aproveitou a intensificação de 
ataques piratas às costas inglesas para cobrar o ship money. Esse imposto recaía 
para a população em geral, leigos ou clérigos. Deveriam pagá-lo fornecendo ao 
Estado um navio ou seu equivalente em dinheiro. Não era nada novo, pois tal 
imposto já tinha sido adotado nos reinados de Elizabeth I e Jaime I. Entretanto, a 
conjuntura era outra. Um próspero e influente cidadão inglês, John Hampden, primo 
de Oliver Cromwell, recusou-se a pagar o imposto, apenas uma libra, depois de feito 
o rateio entre a totalidade dos contribuintes. Porém o fato de ele não pagar não tem 
significado econômico, mas sim uma questão de princípio, pois o Ship Money não 
havia sido autorizado pelo Parlamento. Hampden foi preso pela Coroa, mas solto 
pela pressão popular. Pressão que convergiu para, a partir de 1640, haver uma 
recusa geral de se pagar os impostos outorgados pela Coroa. 
21
 
Outra postura controversa de Carlos I foi a tentativa de impor o ritual 
anglicano à calvinista Escócia, terra de seus ancestrais. Em 1637, a Escócia se 
rebelou contra as tentativas absolutistas do rei e da Igreja Anglicana (a Escócia era 
presbiteriana) e ocupou militarmente o norte da Inglaterra. O rei teve que convocar o 
Parlamento (13 de abril de1639) para obter recursos, mas diante das exigências dos 
parlamentares, decidiu dissolver o Parlamento (4de maio de 1640), período 
conhecido como Parlamento Curto (Short Parliament). O rei convocou novas 
eleições e instalou outro Parlamento (Long Parliament, isto é, Parlamento Longo) 
que durou até 1653. 
Sabedor de que o rei dependia dos recursos votados por ele, o Parlamento 
praticamente tomou o governo em suas mãos: aboliu as contribuições navais e os 
tribunais especiais, denunciou e aprisionou o arcebispo Laud e o conde Strafford e 
aprovou uma lei proibindo a própria dissolução pelo rei. 
Carlos I respondeu a estes atos invadindo a Câmara dos Comuns para 
prender os líderes que lhe faziam oposição, mas estes foram avisados com 
antecedência, fugiram e se refugiaram na City. Pouco tempo depois, a cidade de 
Londres ficou em pé de guerra. O rei se retirou para Oxford e declarou guerra ao 
Parlamento em agosto de 1642. Começa a Revolução. 
Vamos dispor os processos conforme a divisão adotada por Arruda (2006), 
extraindo trechos da sua exposição. Veja bem, nesta divisão, vamos retomar a 
sucessão de acontecimentos de um ponto anterior com o objetivo de refinar um 
pouco os desdobramentos do processo e explicitar algumas contradições, por 
exemplo, o Parlamento. Ele não era inteiramente contrário ao rei. 
O Movimento Revolucionário de 1640 
Primeira Fase (1640-1642) 
O Parlamento expressava, essencialmente, o universo político dos pequenos 
e médios negociantes, somado ao dos comerciantes ricos. Em reuniões sucessivas, 
as várias decisões do Parlamento punham por terra o Antigo Regime. Iniciou-se pela 
destruição da máquina burocrática do Estado, abolindo a Câmara Estrelada e a 
Corte de Alta Comissão; os assessores mais importantes do rei foram perseguidos, 
22
 
Laud foi aprisionado e o duque de Strafford foi condenado à morte. O rei foi proibido 
de manter um exército permanente; a política tributária passava para o controle do 
Parlamento; a política religiosa seria conduzida pelo Parlamento; pelo Ato Trienal, o 
Parlamento teria de ser convocado regularmente, ao menos de três em três anos, 
sem o que poderia haver uma autoconvocação. 
Apelando para a massa, constituída por artífices e aprendizes, muito mais do 
que criados, mendigos ou marginais, denominados pelos contemporâneos de rude 
rabble, os principais líderes da Câmara dos Comuns, John Pym e John Hampden, 
redigiram uma dura acusação contra o governo de Carlos I, numa reunião de 
parlamentares opositores, que culminou na elaboração da Solene Advertência 
(Grand Remonstrance) e sua consequente aprovação pelo Parlamento, em 
novembro de 1641, numa votação na qual a diferença foi de apenas 11 votos (159 a 
148). Este resultado acirrou a divisão no Parlamento. O grupo mais conservador 
defendia a preservação da hierarquia eclesiástica e considerava que a fragmentação 
do poder real, além deste ponto, poderia ser excessivamente perigosa. A alta 
burguesia, que pretendia uma monarquia reformada de acordo com seus interesses, 
passava a temer a impetuosidade das massas. Aproveitando-se desta cisão, pois de 
fato entre os Lordes e os anglicanos já se articulava um partido favorável ao rei, a 3 
de janeiro de 1642, Carlos I, em pessoa, entrou na Câmara dos Comuns e exigiu a 
prisão de cinco deputados (e um lorde), entre os quais Pym e Hampden, acusando-
os de traição. O ato não só era irregular – o rei queria submetê-los a processo de 
impeachment, que não cabia contra parlamentares – como nada feliz politicamente. 
Carlos fracassa e logo depois deixa Londres e hasteia em Oxford o seu estandarte 
de guerra. Este foi o motivo imediato para a eclosão da guerra civil. 
Ilustração 
23
 
 
Figura 7.3: John Pym (1584-1643). Foi o grande líder do Parlamento nos primeiros estágios da luta 
contra o rei, até a sua morte. 
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/John_Pym 
Fim da iustração 
Segunda Fase (1642-1649) 
Esta é a fase da Guerra Civil na qual se defrontaram os partidários do rei 
também chamados cavaleiros (Cavaliers), contra os partidários do Parlamento, 
também designados cabeças redondas (Roundheads), por causa do cabelo cortado 
rente. Os cabeças redondas, em termos gerais, eram puritanos ou presbiterianos, 
embora muitos outros subgrupos também os integrassem. Imediatamente, em vários 
condados, eclodiram rebeliões populares, invocando o nome do Parlamento contra 
os “papistas”. 
Ilustração 
24
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Pym
 
 
Figura 7.4: Representação de um cabeça redonda, por John Pettie. Note a bíblia em sua mão. 
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Roundhead 
 
25
http://en.wikipedia.org/wiki/Roundhead
O início da guerra foi desastroso para as milícias arregimentadas pelo 
Parlamento, pois não eram tropas profissionais e, portanto, pouco adestradas no uso 
das armas. Por outro lado, os cavaleiros eram guerreiros profissionais. Coube a 
Oliver Cromwell criar o Exército de Novo Tipo (New Model Army), constituído de 
forma revolucionária, pois a ascensão não se fazia por nascimento e sim por 
competência e merecimento, estimulando entre os próprios homens a livre 
discussão, o que, flagrantemente, contrariava as elites do exército revolucionário. 
Fim da ilustração 
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Cavalier 
Figura 7.5: Príncipe Rupert, um cavaleiro típico. 
 
 
 
26
http://en.wikipedia.org/wiki/Cavalier
http://en.wikipedia.org/wiki/Cavalier
http://en.wikipedia.org/wiki/Cavalier
http://en.wikipedia.org/wiki/Cavalier
http://en.wikipedia.org/wiki/Cavalier
 
Figura 7.6: Mapa das Revoluções Inglesas. 
Fonte: Atlas da História do Mundo, p. 180. 
27
 
No ano de 1646, o comandante Lorde Fairfax, em nome do Parlamento, toma 
a cidade de Oxford, obrigando o rei a fugir para a Escócia. Os escoceses 
aproveitaram a oportunidade para receber a indenização, que há muito exigiam, pela 
mobilização das tropas que invadiram a Inglaterra em 1639, cedendo em troca o rei 
ao Parlamento. Os setores mais conservadores do Parlamento, os presbiterianos, 
passam a tramar junto ao rei. Com o intuito de se livrarem do próprio Exército, estes 
setores tentaram enviar as tropas para conquistar a Irlanda sem o pagamento de 
seus soldos. Antecipando-se à trama sórdida que então se urdia, os baixos escalões 
do Exército conduzidos pelos niveladores (Levellers) – agrupamento político surgido 
em Londres, representante dos ideais dos pequenos produtores, e assim 
denominados porque alguns de seus líderes defendiam a igualdade da propriedade 
– deram início à agitação, recusando-se à desmobilização do Exército até que 
fossem atendidas as suas reivindicações. 
O Exército passa a ser então um poder rival do Parlamento, criando-se um 
tripé: Parlamento, Exército e rei. Em 1647, o Exército aprisiona o rei com a finalidade 
de impedir um acordo com o setor presbiteriano do Parlamento. Organizam-se os 
comitês no Exército que determinaram a criação do Conselho do Exército, um 
conselho político, no qual sentavam-se em condições de igualdade oficiais e 
soldados eleitos. Com a prisão do rei, um outro grupo, os independentes, liderados 
por Cromwell, tinham o controle da situação, mas não conseguiram impedir a onda 
democratizante propagada pelos niveladores e que varria o Exército. 
Em novembro de 1647, os niveladores tentaram assumir o controle do 
Exército. O golpe foi frustrado e o Conselho do Exército extinto, liquidando as 
aspirações democratizantes na estrutura militar. Neste exato momento o rei, 
aproveitando-se da oportunidade decorrente das fissuras no Exército, fugiu da 
prisão, reorganizando a contra-revolução. Foi o quanto bastou para que o Exército 
voltasse a se unificar sob a liderança de Cromwell, vencendo esta segunda e rápida 
guerra civil. 
 
28
 
 
Figura 7.7: Oliver Cromwell, c. 1649, por Robert Walker 
http://en.wikipedia.org/wiki/Oliver_Cromwell 
Boxe 
Cromwell, antigo aliado dos niveladores (Levellers), mas depois seu adversário, 
teria afirmados sobre eles: “... você não tem outro jeito para lidarcom estes homens 
29
http://en.wikipedia.org/wiki/Oliver_Cromwell
 
a não ser quebrá-los, ou eles acabarão contigo.” (Dictionary of English and 
European History, 1485-1789. Apud. THOMPSON, 2001. p. 88) 
Fim do boxe 
Consciente do perigo representado pela figura do rei, isto é, pela constante 
ameaça de restauração, o Exército força o julgamento e a condenação de Carlos I 
pelo Parlamento depurado. No dia 30 de janeiro de 1649, Carlos I foi decapitado. A 6 
de fevereiro a Câmara dos Lordes foi abolida. No dia seguinte a Câmara dos 
Comuns emitiu este comunicado: “Ficou provado pela experiência que a função do 
rei neste país é inútil, onerosa e um perigo para a liberdade, a segurança e o bem-
estar do povo; por isso, de hoje em diante, tal função fica abolida”. Em 19 de maio 
ano a República foi proclamada, iniciando-se a fase da Commonwealth. 
Terceira Fase (1649-1653) 
A jovem República está ameaçada por todos os lados. Não pode convocar 
eleições, pois os realistas, presbiterianos e anglicanos, certamente, venceriam. Na 
Irlanda, aproveitando-se do caos reinante, começa a rebelião contra os ingleses. Os 
realistas emigrados conspiram na Escócia e Holanda. O desalento e a insatisfação, 
que caracterizaram os setores inferiores da pequena burguesia, deram origem ao 
movimento dos escavadores, também chamados de niveladores autênticos (Diggers 
e True Levellers). Este movimento era constituído, principalmente, pelos 
trabalhadores rurais expropriados. Seu ideal era uma utopia baseada no comunismo 
agrário. Baseavam-se no pressuposto de que as terras comunais e as outrora 
pertencentes ao Estado, ao clero e à aristocracia, agora sem donos, lhes 
pertenciam por direito. 
Se o movimento mais democrático surgido no processo revolucionário, os 
niveladores, não tinha a intenção de “virar o mundo de cabeça para baixo”, para usar 
a expressão de Hill, coube aos deserdados da fortuna, criados, mendigos, 
proletários, niveladores e escavadores frustrados, integrados nas seitas radicais, 
realizarem esta tentativa, muito especialmente os Ranters, os Seekers e os 
Quakers, que florescem nos anos 1650, após o silenciamento dos niveladores. 
Tão logo o movimento dos niveladores fora debelado em 1649, Cromwell 
partiu para a Irlanda a fim de dominar a insurreição, deixando o governo nas mãos 
30
 
de um Conselho de Estado provisório. Em 1650, o filho de Carlos I desembarcou na 
Inglaterra à frente de um exército escocês: foi vencido por Cromwell no ano 
seguinte. 
Em 1651, Cromwell adota uma medida econômica de impacto: o Ato de 
Navegação. Este estabelecia que as mercadorias importadas só poderiam entrar na 
Inglaterra em navios ingleses ou do próprio país produtor: um verdadeiro golpe no 
comércio de intermediários dos holandeses e que resultou na guerra entre Inglaterra 
e Holanda, de 1652 a 1654. A vitória inglesa demarca o ponto de declínio do poderio 
holandês no plano internacional e o início da ascensão internacional inglesa. 
A 20 de abril de 1653 é dissolvido o Longo Parlamento, constituindo-se a 
seguir uma Assembléia composta pelos partidários de Cromwell, incumbida de 
preparar uma nova Constituição, e que dá a Cromwell o título de Lord Protector. Em 
1657, novo Parlamento foi convocado e uma Constituição determinava a 
substituição do Conselho do Exército por um conselho constituído por membros do 
Parlamento, que passava também a controlar as finanças do Exército, submetendo o 
próprio Lord Protector, a quem foi oferecido tornar-se rei: oferta por ele recusada. 
Cromwell morreu de “febre” a 3 de setembro de 1658 após haver vivamente 
encarnado o ideal dos pequenos proprietários rurais. Quando de sua morte, o seu 
filho Richard Cromwell não estava à altura dos desafios da época. O contexto 
também era outro. As dissensões internas provocaram lutas até que um dos 
generais de Cromwell chamado Monk preparou a restauração dos Stuart. Dezoito 
meses depois de assumir o governo no lugar do pai, uma revolta palaciana, liderada 
pelos principais chefes militares de comum acordo com o Parlamento, depôs 
Richard Cromwell. 
O Parlamento proclamou Carlos II (1660-1685) rei da Inglaterra. O monarca 
restaurado acatou toda a legislação limitativa do poder absoluto dos reis, prometeu 
anistia aos participantes da guerra civil e reconheceu os novos donos das terras 
confiscadas. É nessa época que surgem dois partidos políticos: os tories, partidários 
de um poder real forte, e os whigs, favoráveis a uma monarquia controlada pelo 
Parlamento. De todo modo, a restauração da monarquia exigia a destruição da 
31
 
memória dos regicidas. O corpo de Oliver Cromwell foi desenterrado de seu túmulo, 
julgado e decapitado. 
Em 1685, após a morte de seu irmão Carlos, subiu ao trono Jaime II. Este, 
entretanto, quis reascender o comportamento absolutista de seus antepassados, 
favorecendo os católicos e apoiando a reconstituição dos bens da aristocracia. 
Com efeito, o que precipitou os acontecimentos foi o nascimento do seu primeiro 
filho homem. Quando assumiu o trono, Jaime tinha duas filhas, ambas protestantes. 
Quando o seu filho nasceu, em 1688, decidiu batizá-lo na religião católica. 
Os líderes da oposição ao rei contataram Maria Stuart, filha mais velha de 
Jaime II, e seu marido Guilherme de Orange-Nassau, estatúder (stadtholder) das 
Províncias Unidas. Não houve luta nessa revolução. Guilherme desembarcou na 
Inglaterra e Jaime fugiu para a França. O Parlamento declarou vago o trono, 
proclamando Guilherme e Maria reis da Inglaterra. 
Guilherme III e Maria II prestaram juramento perante os parlamentares de 
acatarem, eles próprios e seus sucessores, os princípios contidos na Declaração de 
Direitos. Esta enumerava todas as práticas ilegais dos reis anteriores. Desse modo, 
reconhecia-se que era ilegal o rei suspender leis, cobrar impostos sem o 
consentimento do Parlamento, recrutar tropas sem autorização, prender cidadãos 
sem culpa formada, interferir no funcionamento da justiça, etc. 
Segundo o balanço de E. P. Thompson: “A Revolução de 1688 permitiu não 
um compromisso entre o “feudalismo” e o “capitalismo”, mas um arranjo exatamente 
apropriado ao equilíbrio de forças sociais do momento e, ao mesmo tempo, 
suficientemente flexível para durar. Os beneficiários do entendimento foram 
precisamente aqueles que estavam representados no Parlamento, isto é, as 
pessoas que gozavam de uma propriedade substancial e, especialmente, de uma 
propriedade fundiária. Ao mesmo tempo, uma imunidade limitada e manipulada, 
além das medidas restritivas como as Corporation Acts e as Test Acts, colocou 
fora do jogo as pequenas manufaturas, artesãos etc. A parte de carisma que a 
Coroa e a alta aristocracia souberam preservar permitiu manter a ordem social, ao 
mesmo tempo em que se proibia (e isso graças à dissidência jacobita) o 
restabelecimento da antiga autoridade. A Igreja, obedecendo a um erastianismo 
32
 
sem grandeza, sob o controle local da gentry e exercendo uma influência pouco 
profunda, de tipo mágico, reforçava a autoridade dos proprietários sobre o povo.” 
(THOMPSON, 2001. p, 216) 
 Ao lançar um olhar no conjunto das lutas do século XVII que caracterizam a 
Revolução Inglesa, é possível concluir que as transformações gerais pelas quais o 
país passou imprimiram um ritmo mais rápido ao avanço das práticas capitalistas no 
campo e na cidade, assim como abriu caminho definitivo para a hegemonia 
comercial inglesa no plano internacional. 
 
Figura 7.8: Rei Guilherme, terceiro da Inglaterra e Irlanda e segundo da Escócia, por Godfrey Kneller 
http://en.wikipedia.org/wiki/William_III_of_England 
 
33
http://en.wikipedia.org/wiki/William_III_of_England
 
 
Figura 7.9: Rainha Maria II da Inglaterra, Escócia e Irlanda 
http://en.wikipedia.org/wiki/Mary_II_of_England 
Atividade 2 – atende o objetivo 2 
A República (Commonwealth) foi uma época de grandes dificuldades: guerras, 
preços altos,fome, epidemias, enfim, para enfrentá-la o poder acabou centralizado 
nas mãos de Oliver Cromwell. A 4 de julho de 1653, ele pronunciou este discurso de 
abertura do chamado Pequeno Parlamento (Little Parliament ou Barbone’s 
Parliament). Por favor, leia primeiro, no Glossário, o verbete Little Parliament e, 
depois, este trecho do discurso de Cromwell. A seguir, responda as perguntas 
propostas. 
 
“Certamente, nesta Revolução, houve, como desdobramento dos sucessos que 
aprouve a Deus conceder ao Exército e à autoridade então estabelecidas, grandes 
coisas realizadas; além dos grandes golpes que foram vibrados nas nações e nos 
34
http://en.wikipedia.org/wiki/Mary_II_of_England
 
próprios lugares em que a guerra se travou, coisas grandiosas foram realizadas nos 
assuntos civis também. Antes de tudo, aos criminosos foi levada a justiça – e ao 
maior dentre todos. O nome – pelo menos o nome – de Commonwealth [República] 
foi dado ao governo deste Estado. Medidas de controle e de depuração foram 
tomadas a respeito de todas as pessoas e posições. O rei foi deposto e levado às 
barras da justiça, e, com ele, muitas personalidades importantes. Eliminou-se a 
Câmara dos Lordes. A Câmara dos Comuns ela mesma, a representação do povo 
inglês, passada no crivo, depurada e reduzida a um punhado de membros como vós 
bem vos recordais. 
E realmente Deus não quis limitar-se a isso, pois, diga-se de passagem, se convém 
atribuir a nós mesmos nossas faltas e nossos fracassos, a glória da obra, em troca, 
pode muito bem ser atribuída ao próprio Deus e pode ser considerada Sua obra 
maravilhosa.” (The Letters and Speeches of Oliver Cromwell, 1904. p. 274-275. 
http://ia600408.us.archive.org/6/items/cromwell02cromuoft/cromwell02cromuoft.pdf ) 
 
1) Quem é o maior criminoso de todos? Por que? 
(1 linha) 
2) Qual é o significado social da eliminação da Câmara dos Lordes? 
(3 linhas) 
3) Na qualidade de historiador, diga: qual foi o papel de Deus na Revolução? 
(3 linhas) 
4) Relacione: revolução, República e justiça. 
(5 linhas) 
Repostas comentadas 
1) O rei. Porque ele, segundo aqueles que o julgaram, cometeu ato de alta traição 
por ter violado a constituição fundamental do reino. 
2) A eliminação da parte do Parlamento reservada à aristocracia (os lordes, 
nobreza maior), antiga, rica, titulada e conservadora. 
3) Nenhum. Cromwell faz uso retórico da figura do deus cristão porque, ao fim e ao 
cabo, tudo circulou e se chocou entre puritanos, anglicanos, católicos etc. 
4) Uma das respostas possíveis: A proclamação da República, isto é, a instauração 
de um sistema de governo que verdadeiramente cuidasse do bem de todos (bem 
35
http://ia600408.us.archive.org/6/items/cromwell02cromuoft/cromwell02cromuoft.pdf
 
comum, Commonwealth, coisa pública, enfim, res publica) foi um desdobramento 
do processo revolucionário que se iniciou em 1640, insurgindo-se contra os 
desmandos ou injustiças da monarquia sob os Stuart e buscando, portanto, o 
estabelecimento da justiça. 
Fim da atividade 
 
 Depois de haver percorrido todas estas páginas, você se lembra de como 
iniciamos a aula? Pois é, falávamos da pequenez geográfica da Inglaterra que o 
planisfério estampa. Ao mesmo tempo e ainda mais ao final desta aula, temos a 
impressão de que a Inglaterra é maior, mais presente e mais importante. Volte lá ao 
início da aula e olhe uma vez mais para o planisfério, isto é, para a parte em 
destaque. Vemos com nitidez a América do Sul e o contorno do litoral do Brasil, não 
é? Então, é deste lugar, bem maior, bem mais presente em nossas vidas, mas, 
talvez, ainda não tão importante para o mundo dos negócios, dos capitais e dos 
conflitos internacionais, repetimos, é deste lugar que você, historiador brasileiro, 
pensa e reconstrói a nossa própria história. Todo historiador produz conhecimento 
histórico a partir de um determinado lugar social de produção. Portanto, precisamos 
ter consciência do nosso. 
 
RESUMO 
Por Revolução Inglesa compreendemos o conjunto de profundas alterações sociais, 
econômicas, políticas e culturais transcorridas entre 1640 e 1688. Ao longo dessas 
décadas houve guerra civil, a república foi proclamada, a monarquia foi restaurada, 
a tolerância religiosa assumiu um lugar relevante, o comércio, a agricultura, a 
manufatura e o próprio conceito de propriedade avançaram, todos – embora 
obedecendo a diferentes ritmos e conhecendo resistências e retrocessos – na 
direção do fortalecimento e da consolidação das práticas capitalistas. 
 
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	UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
	CEDERJ – Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
	AULA 7
	TÍTULO: A Revolução Inglesa do século XVII

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