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• Saúde publica é qualquer atenção ou atividade de saúde que seja voltada para um grupo, coletivo ou população. Na verdade, o termo ideal seria saúde coletiva. • A OMS em 1948 afirmou que: Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Ninguém “é” ou “não é” saudável, pois a saúde é dinâmica. Esse conceito é um conceito UTÓPICO, impossível de ser alcançado. (prova esse conceito é possível ou é utópico?). • Na Idade Média, a saúde deixa de ser direito de todos e passa a ser direito de quem podia pagar (rei, clero, nobreza). • A ONU então colocou que “a saúde é um direito fundamental”, é aquele que todo ser humano deve ter independente do lugar em que ele ocupa, sem distinção de raça, religião, crença e condição econômica. “qualquer sociedade que não assegure esses direitos fundamentais, não pode formar uma instituição”. • Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde a saúde é afirmada como direito fundamental e que sem saúde não dá para ter nenhum outro direito. (moradia, vestimenta, cuidados médicos, alimento e serviços sociais). • Em 1978 tivemos a Declaração de Alma-Ata, que diz que a equidade, os direitos humanos e a justiça social são fundamentais para garantir a saúde. Um país que não tem saúde na sua instituição nem pode ser considerado uma nação. • IDH (índice de desenvolvimento humano), que mede expectativa de vida; acesso ao conhecimento, qtas pessoas tem nível fundamental e médio; padrão de vida, distribuição de renda. • Brasil colônia - primeira medida de saúde: Não existia nenhum modelo de saúde humano e muito menos à saúde rural. Até que a família real veio fugida então começou-se a fazer uma junta sanitária, a primeira medida foi sanitizar os portos, não era interesse coletivo, era só por causa da família real. Não existiam médicos, só boticários então D. Pedro criou a primeira escola de medicina. • Brasil república (1930) – segunda medida de saúde. Oswaldo Cruz foi nomeado diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, atual Ministério da Saúde, com principal função na época de erradicar malária, peste bubônica e febre amarela. 1.500 guardas tinham que erradicar as doenças, custe o que custar. Eram chamados de polícia sanitária. Teve a vacinação obrigatória e a revolta da vacina, ninguém queria se vacinar. • Oswaldo Cruz fundou a Sessão Demográfica, atual IBGE; Em 1894 fundou o Laboratório Militar de Microscopia Clínica e Bacteriologia com Ismael da Rocha, hoje IBEx, que na época fazia os exames de diagnóstico e produzia o soro antiofídico; fundou o Serviço de Engenharia Sanitária e a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção, uma espécie de quarentena, ambos englobam o atual Ministério da Saúde, e o Instituto Soroterápico Federal, que hoje é o Instituto Vital Brasil; foram fundadas obras especializadas para tuberculose, hanseníase e doenças venéreas e tbm a Escola de Enfermagem Anna Nery. • 1923 – Lei Eloy Chaves: foi fundada a Caixa de Aposentadoria e Pensão, marco da Previdência Social. Esses funcionários faziam caixinhas e quando algum deles ficava doente, era retirado dinheiro dessa caixinha para pagar o socorro médico e os remédios. • CRISE DE 1929: foi eleito Getúlio Vargas, ele criou o Ministério do Trabalho, a Indústria do Comércio, da Educação e da Saúde e o dinheiro saía todo do mesmo bolo para redistribuição, criou também os Fundos de Aposentadoria e Pensão. Agora ao invés da empresa, o Estado passa a tomar conta da Saúde e da Aposentadoria. • 1967 – CRIADO O INPS: O direito a saúde e a aposentadoria era uma contribuição obrigatória que só tinha direito quem tinha carteira assinada ou quem contribuía como autônomo. Só quem pagava tinha direito. • Fim do regime militar, inicio do regime democrático – nova constituição de 1988 – Saúde para todos. Saúde como direito fundamental, tem que ser garantida pelo Estado e tem que ter um sistema de saúde que favoreça isso – SUS criado em 1988, mas só implantado dois anos depois na Lei 8.080. • Lei 8.080 – Lei Orgânica da Saúde – nos diz que a saúde tem como fator determinante entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte, lazer e acesso aos bens e serviços essenciais. • O SUS é baseado em dois tipos de princípios: Princípio Doutrinário – é a filosofia do SUS. Universalização: o acesso às ações e serviços de saúde deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais. Equidade: é o princípio de justiça social, tem como objetivo diminuir desigualdades, é tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. Integralidade: o estado tem que dar tudo. Este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades (físico, social, espiritual, ...). O Estado deve conduzir ações que promovam a saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação, além de uma articulação da saúde com outras políticas públicas. O SUS se dividiu em 3 níveis de atenção para garantir a integralidade: - Nível de atenção primária: tem como objetivo evitar que a pessoa fique doente, eliminar e controlar doenças, estimular hábitos saudáveis e fazer educação em saúde. São as vigilâncias sanitárias e epidemiológicas. É de dever do Município. - Nível de atenção secundária ou médio: é o nível de prevenção. Imunização, fazer saneamento básico. É evitar o risco de adoecer, São os ambulatórios, UPPAS, hospitais. É de dever do Estado. - Nível de atenção terciária: é o nível de proteção, a pessoa já está doente e você precisa recuperar essa pessoa com mecanismos mais complexos como ressonância magnética, cirurgias. São os hospitais de maiores complexidades, INCA, INTO (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia). É de dever do Governo Federal. Principio Organizativo – como tudo vai ser organizado. Regionalização e Hierarquização: os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser atendida. Descentralização e Comando Único: cada município gerencia sua saúde, e cria técnicas administrativas e financeiras para isso. Participação Popular: a sociedade (ONGs) deve participar do sistema. Princípio de Resolutividade – capacidade de resolver os problemas; Princípio da Intersetorialidade – todos os setores trabalham juntos; Princípio da Humanização – tratar o ser humano e não a doença. • A Lei 8.080, disse como o SUS ia funcionar, a Lei 8.142, disse que deveria haver participação popular no SUS. • CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE: Marco da criação do SUS, foi onde criou aquele conceito ampliado de saúde da OMS e o SUS foi idealizado. • CONSTITUIÇÃO DE 1988: capítulo sobre a “Seguridade Social”, que diz: Art. 194: “Devem existir ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de doença e de outros agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Art. 197: “Cabe ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado”. • O Governo Federal vai mandar os recursos, o Governo Estadual vai passar os recursos e o Município vai executar. Art. 200: “Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - Controlare fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; VI - Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”. • AS LEIS ORGÂNICAS DA SAÚDE LEI 8.080 – regulamenta o SUS, diz que o SUS são ações e serviços de instituição pública e a iniciativa privada tem caráter complementar. Isso quer dizer que plano de saúde e clínica privada é SUS? É, faz parte do sistema de saúde e está complementando o que o público não alcança. LEI 8.142 – irão haver conferências nacionais de saúde e conselhos de saúde para que a população possa participar do controle dos gastos. • DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMNISTRATIVA: O Município gerencia e executa, faz ações de vigilância sanitária, epidemiológica, alimentar, laboratórios de saúde e fornecimento de medicamentos básicos. O Estado fiscaliza o Município. O Governo Federal regulamenta e fiscaliza o Estado, através da ANVISA e do Ministério da Saúde. • AS NORMAS OPERACIONAIS BÁSICAS (NOBs): Regulam essa transferência de recurso, o planejamento de ação de saúde e como vai ser o controle social. • NORMAS OPERACIONAIS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE (NOAs): Falam das estratégias de atenção a mulher (pré- natal, bolsa do bebê), a criança, vacinação, doenças. • PACTOS DO SUS: PACTO PELA VIDA: todo trabalho de coleta de dados gera indicadores que geram pactos pela vida, São eles: saúde do idoso, câncer de colo de útero, câncer de mama, mortalidade infantil, doenças emergentes (hanseníase, tuberculose, malária, influenza, ...) • PACTO EM DEFESA DO SUS: visa a mobilização social para implantar o SUS • PACTO PELA GESTÃO DO SUS: estabelece quem faz o que. • Regulação do SUS: o Estado regula o SUS para garantir que mesmo nas regiões mais pobres, onde as pessoas não possam pagar, tenha serviço de saúde. é o ato de elaborar as regras, de regulamentar, equilibrar a demanda do usuário com a necessidade do serviço. • Existem 3 tipos de regulamentação: a regulação dos sistemas de saúde (Federal), a regulação da atenção à saúde (estadual) e a regulação do acesso (município). A esfera Federal regula os sistemas de saúde, a esfera Estadual regula o Município e o Município regula todos os estabelecimentos que estão dentro dele. • Intrumentos reguladores: são instrumentos para regularizar o SUS. Os primeiros são os complexos reguladores que são estratégias de regulação de acesso como SISREG, Cadastro nacional de estabelecimentos de saúde (cnes), onde tem e o que cada hospital faz; cartão nacional de saúde. • O SUS é público e privado juntos para dar assistência à saúde, assistência completa e integral à saúde. Como o mercado privado não é capaz de promover equidade, o Estado entra tentando fazer justiça social, tentando que todos tenham acesso aos serviços de acordo com a demanda! Existe esses sistemas que geram a demanda, e a partir dessa demanda o Município gera a ação. • Se não existe demanda, não existe serviço. Ex: notificar casos de esporo para receber remédio; soro antiofídico e antiaracdonico onde tiver acidentes com peçonhentos... • Quais foram os avanços do SUS nesses últimos anos? Programa Mais Médicos: 14 mil médicos para quase 4 mil municípios; Campanhas de cunho preventivo: campanhas de HIV/AIDS, aumento do número de mamografias, vacinação; Descentralização da atenção primária: deu poder ao município para decidir onde colocar o dinheiro de acordo com a demanda. Regionalização e estratégias de saúde direcionadas às necessidades de cada comunidade. • DESAFIOS DO SUS: Diminuir as filas; Aumentar a qualidade do atendimento; Aumentar a eficiência e a fiscalização; Expandir os serviços de acordo com a necessidade da população. Integrar os serviços: atenção básica aos hospitais e à oferta de medicamentos; Modernizar os serviços. • HISTÓRIA DA VETERINÁRIA: Na pré-história tínhamos um comportamento nômade, Isso dificultava a transmissão de doença por estarmos sempre mudando de ambiente e de forma de vida. No período Neolítico começamos a ter um comportamento sedentário, Descobrimos ferramentas e fogo, começamos a cultivar e a criar animais. Teve a construção de uma medicina veterinária (escrita em rochas ensinamentos de como criar cavalos em cercas). • O registro mais antigo que se tem da Medicina Veterinária é o papiro de Kahoun, de 4.000 a.C. Ele descreve diagnóstico, prognóstico, sintomas e tratamento de doenças de espécies animais. O Código de Hamurábi, de 1.700 a.C., fala sobre o ofício de médico veterinário e todas as responsabilidades do médico de animais e as punições se o serviço não fosse feito adequadamente. O Kikkuli, de 1400 a.C., também e descrevia como fazia a criação e o condicionamento de cavalos. (hipiatras=médicos de cavalo) • Em 484 a.C. Heródoto escreveu como se fazia tratamento de animais e Hipócrates descreveu a doença que envolvia carneiros e cabras. Em 430 a.C. Xenofonte, descreveu as moléstias que acometiam animais de criação e Aristóteles descreveu a história dos animais em um tratado. Apsirtos é conhecido como o pai da medicina veterinária, ele viveu 300 a.C. e escreveu 121 dos 420 capítulos de um tratado enciclopédia sobre doenças e criação de animais chamado Hippiatrika. • Em 1771: primeira escola de Medicina Veterinária na França. Em 1776 em Paris; em 1880 nos EUA; no Brasil em 1910 criada pelo exército, em 1912 em Pernambuco e em 1913, no Rio de Janeiro. Em 1932 fomos reconhecidos como profissionais de saúde pública. Em 1933 veio o decreto de exercício da profissão e em 1945 as zoonoses da 1ª Guerra Mundial. Em 1968 ganhamos nossas competências privativas e em 1998 fomos reconhecidos por meio de uma Portaria como profissionais de saúde. • Atuações como veterinários dentro da Saúde Pública: Em 1972 a Organização Panamericana de Saúde colocou que o bem-estar humano é o objetivo final da Medicina Veterinária, produzir a saúde do animal é produzir a saúde humana, mesmo que em âmbito emocional. • Quais são as nossas competências? – segundo a Organização Panamericana de Saúde: Higiene de Alimentos – inspeção e controle de alimentos de origem animal; Saneamento Ambiental – descarte de resíduos, indústrias pecuárias, indústrias de processamento, de rejeitos; Promoção da saúde animal; Controle de zoonoses; Pesquisa aplicada à saúde. • Em 2002, a OMS decretou que o médico veterinário desempenha a responsabilidade na saúde, bem-estar e qualidade de vida humana: - Vigilância epidemiológica e sanitária; - Trabalhar nos laboratórios de saúde pública; - Produzir e controlar produtos biológicos como vacinas e soro; - Proteger os alimentos; - Avaliar e controlar os medicamentos. • Segundo o autor Pfuetzenreiter (2004), é de responsabilidade do veterinário em saúde pública: - Diagnóstico, controle e vigilância de zoonoses - Epidemiologia - Intercâmbio entre pesquisa médica e veterinária (para poder atender à necessidade humana) - Estudo sobre substâncias tóxicas e venenos - Inspeção de alimentos e vigilância sanitária - Problemas de saúde relacionados a indústria animal e indústria de resíduos - Supervisão de criação de animais (de criaçãoe de experimentação) - Interligação entre saúde pública e veterinária - Consulta técnica em assuntos de saúde humana relativos aos animais. • O que é saúde pública então? “É a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a saúde por meio de medidas de alcance coletivo e dar motivação à população”. • Em 1946 a OMS falou em saúde pública veterinária como um ramo da saúde pública – “são todos os esforços da arte e ciência médica veterinária para prevenção da doença, proteção da vida, promoção do bem-estar e eficiência do ser humano”. Nossa principal atividade na saúde pública é o controle de zoonoses, porque essas zoonoses representam 80% das doenças transmissíveis humanas; 75% das doenças emergentes e reemergentes são de origem animal; perdas econômicas no setor da agricultura; animais sinantrópicos convivendo com humanos; mudanças demográficas; a urbanização das indústrias de alimentos; a mobilidade da população; a facilidade de transmissão das zoonoses (vetores). Isso tudo favorece a transmissão de zoonoses e nos coloca como importantes agentes de saúde pública. • Saúde única é fruto da inter-relação no cotidiano entre ambiente, homens e a animais favorecendo ou protegendo contra a ocorrência de doenças. Aí a OMS coloca que o médico veterinário é o profissional mais capacitado para atender essa ligação entre saúde ambiental, humana e animal. Sendo assim, entramos no Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF) com a função de vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental. Incluíram o veterinário no NASF porque 40% das doenças notificadas no Brasil são zoonoses. • Atuação do veterinário dentro do NASF: entra na casa das pessoas e vê tudo que possa oferecer risco de transmissão de zoonoses, o que favorece ratos e baratas, faz todo esse trabalho de saneamento ambiental. Fazemos prevenção, controle e diagnóstico de risco, inclusive controle de invertebrados que possam transmitir doenças. Ensinar sobre lixo, resíduos sólidos, pesquisa, prevenção de doenças transmitidas por alimentos, emergências em saúde pública quando envolve risco sanitário, substâncias tóxicas, discutir casos específicos com a equipe da saúde da família sobre zoonoses, intoxicações, lixo, até desastres naturais. Orientação, educação e saúde para zoonose e animais peçonhentos, identificar todas as emergências epidemiológicas com potencial zoonótico e atuar em conjunto com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) para fazer castração, dentre outros. • EPIDEMIOLOGIA: É a ciência que vai estudar o processo saúde-doença. É todo o dia-a-dia que leva uma pessoa a ficar doente ou não. Sempre pensando em coletividade, afinal saúde pública é sempre de uma população. Estudamos a doença na população para poder identificar formas de prevenir, controlar e de avaliar se as políticas implantadas estão tendo efetividade. A epidemiologia não é só de doenças infecciosas, ela aborda todo tipo de evento de saúde: intoxicações, acidentes ofídicos, acidentes escorpiônicos, doenças crônicas (câncer, diabetes, ...). Tudo que agrave a saúde da população é epidemiologia. • Transição epidemiológica: é a inversão entre as doenças crônicas e as transmissíveis. Antigamente na Idade Média, as pessoas morriam por doenças transmissíveis e infecciosas, já na década de 90, as pessoas passaram a morrer menos de doenças transmissíveis e mais de doenças crônicas, porque a expectativa de vida aumentou e nosso estilo de vida também mudou. No Brasil, observamos em um todo essa transição, mas se formos parar para analisar cada região, vamos notar que isso depende do nível de renda delas, por exemplo: “quem tiver uma clínica em Laranjeiras, vai atender muito mais caso de câncer, diabetes, problemas de pele do que de cinomose e parvovirose. Quem tiver uma clínica veterinária na Pavuna, em Anchieta, vai atender muito mais casos de parvovirose, cinomose, erliquiose do que de doença crônica”. É uma inversão epidemiológica. Como no Brasil a nossa distribuição de renda é totalmente desigual, essa inversão epidemiológica também é totalmente desigual. • Em 1854, John Snow foi considerado o pai da epidemiologia por ter sido o primeiro a analisar a ocorrência de uma doença na população, a pontuar, entender o que estava acontecendo ali e controlar. A epidemiologia é a ciência básica da saúde pública, porque sem ela não existe informação para a ação. • Objetivos da epidemiologia: - Observar e descrever a distribuição da ocorrência dos eventos em saúde nas populações; - Fornecer dados para planejar, executar e avaliar ações de intervenção; - Identificar fatores associados à ocorrência dos eventos em saúde. O raciocínio epidemiológico é basicamente: QUEM? QUANDO? ONDE? POR QUÊ? Ou seja, qual indivíduo ou população ficou doente? Em qual espaço? Em qual tempo? Quais fatores estão determinando isso? Quais os fatores associados? • A epidemiologia vai estudar todos os determinantes do processo da saúde-doença, as condições de ocorrência, os fatores determinantes e associando visando as medidas de controle. • Doença transmissível – é causada por um agente específico que provavelmente passa para uma pessoa ou animal de um indivíduo para outro. E esse agente é vivo: bacteria, fungo. Causa infecção ou infestação. Podem ser agudas (febre amarela, gripe) ou crônicas (Doença de Chagas). infecção: um microrganismo penetra no corpo e se multiplica podendo ou não causar doença; a infestação: ocorrer fora do corpo e é geralmente causada por artrópodes, ex: piolho, carrapato, sarna. • Doença não-transmissível - Está relacionada com a fisiologia alterada do corpo. Elas podem ser agudas, que evoluem rapidamente para o adoecimento ou para morte – ex: câncer de osso; ou crônica, que evolui lentamente para o adoecimento ou para morte – ex: diabetes, hipertensão arterial, obesidade. • Evolução das doenças: - Clínica aguda fatal - ebola - Clínica aguda evidente e possível recuperação - gripe - Subclínica – maior risco, pois aumentam a capacidade de dispersão da doença. - Clínica crônica fatal – Doença de Chagas - Clínica crônica com períodos assintomáticos e sintomáticos – insuficiência renal. • Modelo esquemático de Leavell e Clark para explicar como uma doença vai caminhar naturalmente em uma população: No período pré-patogênico, existe uma relação entre o ambiente, o homem e o agente (tríade epidemiológica). Essa interação vai fazer com que você entre em contato com o agente etiológico podendo ou não desenvolver a doença. Antes de adoecer, está havendo a interação meio ambiente-homem-agente, logo, tenho o nível de prevenção primário que busca fazer a promoção da saúde, ou seja, ensinar as pessoas quais medidas elas devem tomar para se cuidar e não ficar doente, ex: vacinação. • O período patogênico tem uma fase clínica, onde a pessoa começa a desenvolver os primeiros sintomas da doença e a doença em si. Quando temos os primeiros sinais da doença entramos no nível secundário de prevenção – diagnóstico e tratamento. Quanto mais rápido o diagnóstico e o tratamento, menor a chance de progredir para a fase da doença. Se já está doente, você tenta limitar o dano. Se ficou doente, você limitou o dano, mas a pessoa entra na fase das consequências, quais são as possíveis consequências de uma doença? Morte, invalidez ou recuperação. O período das consequências não pode ser mexido, mas podemos fazer o quinto nível do nível terciário de prevenção – que é a reabilitação. Evitar que a pessoa que já ficou doente, tenha uma sequela. • A cadeia epidemiológica é composta por: fonte de infecção, via de eliminação, meio de transmissão, porta de entrada e um novo hospedeiro. • Fonte de infecção: É o local, SEMPRE um organismo vertebrado onde o agente vai invadir, se multiplicar e ser eliminado para infectar outros. Existem 3 tipos de fonte de infecção: Doente: que é o mais comum,ele elimina o agente patológico o tempo inteiro. Ele apresenta sinais e sintomas. O doente pode ser: Doente típico – tem sinais e sintomas característicos da doença, é de fácil diagnóstico; Doente atípico – tem sinais diversos, que se confundem com de outras doenças sendo de difícil tratamento; Doente em fase prodrômica – não tem sintoma específico nenhum, muito difícil de identificar. Portador: é um dos mais críticos porque ele não apresenta sinais e sintomas, mas ele libera o agente. Existem 3 tipos de portadores: Portador são – não apresenta sinais e sintomas em nenhum momento, mas elimina o agente. Ex: cães com leishmaniose visceral. Portador em incubação – não apresenta sintomas nesse período, porém elimina o agente e só vai apresentar sintomas depois. Ex: a AIDS. Portador convalescente – ele já ficou doente, já se recuperou, não apresenta mais os sintomas, porém ainda elimina o agente. Ex: leishmaniose visceral. Reservatório: é um hospedeiro vertebrado diferente da espécie considerada no ciclo da doença. Ele elimina o agente. - Vias de eliminação: secreções oronasais, excreções, leite, sangue, placenta, semem. - Vias de transmissão: Contato direto: necessário ter contato físico – cópula, mordedura, lambedura, arranhadura, contato com mucosas ou pele, etc. Contato indireto: ocorre através de um veículo – ar (aerossóis, poeira), alimentos, água, solo, hospedeiro intermediário, vetor mecânico ou biológico, fômites, soros e vacinas, agulha, seringa, produto de origem animal, etc. - Porta de entrada: mucosas (trato respiratório, digestório, geniturinário, conjuntiva, etc) e a pele. - Suscetibilidade – é a fragilidade que o hospedeiro tem para se defender daquele agente, é a falta de defesa; - Resistência – são os mecanismos de defesa que o hospedeiro tem para se defender do agente. - Resistencia Inespecífica (natural) – o indivíduo já nasce com ela. - Suscetibilidade – é a fragilidade que o hospedeiro tem para se defender daquele agente, é a falta de defesa; - Resistência – são os mecanismos de defesa que o hospedeiro tem para se defender do agente. - Resistência Inespecífica (natural) – o indivíduo já nasce com ela. Ex: Pele – espessura da pele; Mucosas conjuntiva ocular (filme lacrimal que está sempre lubrificando e “lavando” a conjuntiva; mucosa respiratória (pelos nasais, tonsilas, células mucociliadas, glândulas, macrófagos alveolares; Mecanismo preventivo: abano de cauda e orelhas; Mecanismos defensivos: linfa (leva todo o liquido intercelular para os linfonodos); temperatura corporal (aumenta a temperatura na tentativa criar um meio inóspito para o agente)... - Resistência Específica (imunidade) – mediada por anticorpos. Ela pode ser: Passiva naturalmente adquirida: o indivíduo recebe os anticorpos prontos. Ex: placenta e colostro. Passiva artificialmente transferida: indivíduo recebe anticorpos prontos através de soros, produzidos muitas vezes em outra espécie. Ex: soro antiofídico. Ativa naturalmente adquirida: o indivíduo contraiu a doença e desenvolveu imunidade. Ex: catapora. Ativa artificialmente induzida: é resultado da administração de vacinas. Simula a doença para produzir anticorpos. - Refratariedade: É a condição extrema de resistência natural – ex: gato é totalmente refratário à leptospirose, ele tem uma imunidade específica natural extrema. - Endemia: é quando conheço os indicadores e eu já sei que em determinada época do ano vai ter a manifestação da doença, é uma ocorrência previsível. Ex: Dengue, gripe. A endemia ocorre quando temos os fatores determinantes como: Presença de hospedeiros susceptíveis; Condições ambientais favoráveis; Meios de transmissão do agente etiológico; Manutenção do patógeno circulante. - Enzootia: endemia entre doenças de animais. Ex: anemia infecciosa equina no pantanal é uma enzootia. Já são esperados casos ali. - Faixa Endêmica: doença endêmica que ocorre em várias regiões continuas. Ex: faixa endêmica da febre amarela é no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. - Hiperendemia: endemia com altas taxas de prevalência, se ultrapassar o limite máximo esperado é uma hiperendemia. - Epidemia: quando ocorrem casos não esperados da doença, infeciosa ou não. Não tem nada haver com o número de casos, por ex: não é esperado ter ebola no Rio de Janeiro, se tiver um só caso, é epidemia. - Epizootia: epidemia com doenças de animais. - Surto: é quando ocorre a doença em uma área restrita. Ex: todos em uma escola estão com piolho, mas se eles saírem dessa área restrita, ocorre a epidemia. - Foco: um episódio da doença em uma população. Ex: conjuntivite, eu sou um foco para todos que estão na sala de aula. Foco primário: é primeiro caso da doença, a primeira pessoa que pegou conjuntivite. Foco índice: primeiro caso registrado. Não quer dizer que foi o primeiro a ter a doença, mas o primeiro a ser notificado. - Pandemia: é uma epidemia de grandes proporções, quando alcança uma extensão territorial muito grande. Normalmente quando ela ocorre em várias regiões. Ex: AIDS, o H1N1, gripe espanhola. - Panzootia: pandemia que ocorre em populações de animais. - Esporadica: doença que ocorre de maneira irregular e casual, são pequenos surtos localizados de uma doença. - Curva endêmica: estudamos o número de casos ao longo dos anos e com isso podemos perceber a fase de progressão da doença, a fase de regressão e conseguimos estabelecer a faixa de casos esperados. Se passar da faixa de casos esperados, deixa de ser uma endemia e passa a ser uma epidemia.
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