Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DISCIPLINA: Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social III Manhã PROFESSORA: Virgínia Assunção ALUNA: Maria Grinalria Santos Da Silva HORÁRIO: Segunda Feira ABCD PERÍODO: 2020.1 CARGA HORÁRIA: 102 h/a DOSSIÊ CRISE DA ÁGUA NO RIO DE JANEIRO 11 de Janeiro de 2020 Desde janeiro de 2020, moradores do Rio de Janeiro vem reclamando da qualidade da água que abastece parte de região metropolitana, eles dizem que a água tem chegado turva, com cheiro e sabor alterados. Quase nove milhões de moradores fluminenses têm suas casas abastecidas pelo o rio Guandu. De acordo com a (Cedae) Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, afirma que o problema foi detectado na primeira semana do mês de janeiro, e se deve a presença de uma substância orgânica, chamada de geosmina, confirmada em amostras coletadas. Essa substância é produzida por um tipo de alga, responsável na mudança das características do recurso. A companhia Cedae garante que é seguro o consumo da água, porém os moradores ainda têm grande receio, pois, a qualidade da água que chega as suas casas é bem duvidosa. Enquanto isso várias indagações gira em torno do assunto, no entanto sem respostas definitivas. A Cedae tenta explicar a extensão do problema e a origem da proliferação da geosmina. A companhia na tentativa de tirar as suas responsabilidades cria pretextos e culpabiliza ás pessoas, as chuvas e as altas temperaturas. Já os especialistas, garantem que faltam políticas efetivas de combate ao problema. No momento nem mesmo a companhia, sabe quando a água do rio Guandu chegará com condições ideais para o consumo. A população fluminense, por sua vez, perguntam se devem seguir consumindo a água ou não. Muitos desses moradores mesmo sem condições financeiras são obrigados á comprarem nos supermercados, água potável para o consumo de suas famílias. O ambientalista Mário Moscatelli ressalta que a origem do problema se dá pelo despejo de lixo nos rios que desembocam no rio Guandu e a falta de saneamento nas comunidades ribeirinhas. “Da maneira com que as autoridades falam, parece que o problema se resume em resolver a tal geosmina da água, que chega ao consumidor final. Essa é simplesmente a ’ponta do iceberg’. Nada se falou sobre a neutralização da fonte do problema que são os rios que despejam esgoto no ponto da captação da água da estação do rio Guandu” A opinião do ambientalista é endossada por cientistas da Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) especializados em ecologia aquática, recursos hídricos, saneamento e saúde pública. No ano de 2010 foi reconhecida pela assembléia geral da ONU que “O direito a água potável própria de qualidade e as instalações sanitárias é um direito do homem, indispensável para o pleno gozo do direito à vida”. Portanto, o direito humano determina que todos tenham o direito a água e ao esgotamento sanitário financeiramente acessível, de qualidade para todos, sem nenhuma forma de discriminação. E obrigatoriamente os Estados devem eliminar qualquer tipo de desigualdade de acesso tanto a água como também o esgoto. Segundo os dados do ministério das cidades no Brasil, indicam que mais de 35 milhões de brasileiros são desassistidos ao direito ao acesso a água potável e mais da metade da população ainda não tem acesso á coleta de esgoto, e infelizmente apenas 39% dos esgotos são tratados. Sem falar que 70% da população que compõe o déficit de acesso ao abastecimento de água, têm a renda mensal apenas de meio salário mínimo por pessoa, portanto, possuindo baixa capacidade de pagamento colocando em pauta o tema saneamento financeiramente acessível. Desde a criação do Ministério das Cidades no ano de 2007 foi identificado importantes avanços na busca de diminuir o déficit que se arrasta ao longo do tempo em saneamento, e hoje caminham alguns passos no sentido de garantir o acesso a esses serviços como o direito social. Podemos destacar dentro do Ministério, a criação da secretaria de saneamento; As conferências das cidades e o conselho nacional das cidades, que deram a política urbana uma base de participação e controle social. Também podemos citar a ampliação de recursos para esse setor até 2014 a partir do PAC1, PAC2; A instituição de um marco regulatório da (Lei 11.445/2007). E seu decreto de regulamentação. A lei articula ainda a necessidade e sustentabilidade econômica, vinculada com a instituição de tarifas. Com a perspectiva de saneamento como um direito, oferecendo acesso aos mais pobres a serviços e atendimento das funções essenciais relacionada à saúde pública. Apesar de um primeiro olhar não parecer uma questão social, ao analisar os fatos, ela está presente em diversos sentido no texto, pois destacamos a desigualdade social, a poluição, a miséria e de certa forma a omissão do direito ao recurso da água de qualidade por parte da companhia. É indiscutível que os Estados de todo o país precisam dar garantias e aumentar seus investimentos em saneamento mesmo em contexto de “pandemia e crise econômica”. Os governantes precisam ter uma visão ampla, não somente de gasto público, mas, também, no investimento da saúde da população e na qualidade ambiental. Essa é uma opção política que devemos cobrar dos nossos representantes tanto na esfera municipal bem como Estadual. Por que o Brasil é o sétimo país mais desigual do mundo 20 fevereiro de 2020 A baiana Erika Aline Oliveira, 20 anos, trabalha como diarista em Palmeiras, cidade com cerca de nove mil habitantes na região da chapada Diamantina (BA). A mãe da pequena Aylla, de três anos, ela recebe mensalmente o valor de R$ 180 reais por meio do programa Bolsa família. Para ela, o benefício é determinante para a renda mensal da casa. Seu companheiro, Tamilo Novais Silva, 27 anos, também trabalha como diarista. Ambos recebem R$ 70 por faxina realizada, “com o dinheiro que recebo á uns anos e oito meses do governo eu consigo cobrir os gastos com leite e merenda da minha filha”. Afirma. O programa de transferência de renda criado em 2003 se consolidou como uma importante ferramenta de combate a desigualdade no país. No entanto, nesta quinta-feira dia (20), dia da justiça social, Erika acordou em um cenário no qual os cortes cada vez mais comuns do programa Bolsa família, à população mais vulnerável impulsionaram O aumento da extrema pobreza no Brasil, segundo estudo divulgado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas). Entre 2014 e 2018, a renda de 5% mais pobres no Brasil caiu 59% nesse mesmo período, o país registrou um aumento de 67% na população que vive na extrema pobreza, segundo o levantamento. De acordo com José Antonio Moroni dirigente do Inesc (Instituto de Estudos Sócio econômicos) o programa Bolsa família dá um patamar mínimo para as famílias em vulnerabilidade social poderem acessar seus direitos como educação e saúde. Seu fim, portanto seria perigoso. “O ciclo de pobreza é uma coisa hereditária no Brasil. O avô foi extremamente pobre, a filha é e o neto vai ser. Sem programas como esse, jamais haverá o rompimento do ciclo”, explica. Desigualdade enraizada Histórias como essa nos torna o sétimo país mais desigual do mundo segundo dados do último relatório da PNUD (Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento). Todo esse levantamento tem como base o coeficiente Gini, que mede desigualdade e distribuição de renda. Segundo a diretora da Oxfam Brasil. A desigualdade se fundamenta em uma série de fatores como o racismo, a questão do gênero e tributação de impostos, estacionando o Brasil na negatividade pelos próximos anos. “O Brasil vem de uma construção escravocrata, onde algumas pessoas valiam mais que as outras. Isso reflete até hoje”.Ela se refere ao racismo que ocorre de maneira estrutural e institucionalizada. Também destacamos a questão de gênero, pois, Erika se enquadra por ser mulher negra e por isso está na base da pirâmide da desigualdade. No Brasil a taxa de desemprego entre mulheres negras somam 16,6%, o dobro se compararmos aos homens brancos que é de 8,3%, a taxa comparadas a mulheres brancas também é alta 11% e 12,1% dos homens negros. Segundo a divulgação do PNAD (Pesquisa Nacional Por Amostras de Domicílios contínua do instituto brasileiro de geografia e estatísticas) divulgada em outubro de 2019. Para, além disso, ressaltamos o índice de feminicídios desse grupo que cresceu de 29,9% no mesmo período de 2007 a 2017 se comparados com o das mulheres brancas que cresceu 4,5%. Os impostos também é um quesito importante, assim é onde cresce a desigualdade mais ainda, pois, o pobre paga a taxa igual ao rico, sendo que para o rico não faz tanta diferença, já para o pobre cada centavo significa muito. Podemos pegar como exemplo para explicar melhor, uma beneficiária do Programa Bolsa família que ganha R$ 100, ela paga R$ 45 só de impostos que volta para os cofres públicos após seu consumo, esta taxa é muito alta e desigual. Cadastro único O Cadúnico como é conhecido popularmente ele é responsável pela coleta de dados e informações com o objetivo de identificar todas as famílias de baixa renda por todo o Brasil. Ele é responsável pela inclusão das famílias por meio de programas de assistência sociais e redistribuição de renda. Esse programa social é de suma importância para os mais pobres, pois, é por meio dele que muitas famílias tiram seu sustento, porém ele está na mira do atual governo e sua conjuntura, onde tentam esconder o desmonte do programa, prejudicando milhares de família por todo o país. No entanto esse desgoverno tenta ludibriar as pessoas mascarando a real intenção que nada mais é, a exclusão do benefício parcial ou total do benefício. O pior de tudo é que ele não se importa com esse contexto de crise econômica e sanitária, onde as pessoas de baixa renda estão muito vulneráveis mais ainda pelo o desemprego e/ou ganhando pouco. Com o corte dos beneficiários, a desigualdade aumenta rapidamente, deixando milhares de famílias no estágio de extrema pobreza. Lamentamos, pois, o presidente Jair Bolsonaro demonstra não se importar com o povo brasileiro. Desemprego vai explodir no Brasil com o Coronavírus. A dúvida é o tamanho da bomba. Entrevista: 27/03/2020 A covid-19 é um novo problema e, isso já sabemos. Mas a desigualdade social é bem antiga e conhecida pela população trabalhadora a qual sofre com todas essas demandas que vem surgindo junto com a pandemia. Uma dessas demandas é o desemprego que se evidencia nesse trimestre, e que também impacta negativamente no PIB (Produto Interno Bruto). Especialistas afirmam que o desemprego vem aumentando significantemente com o isolamento social, pois ás empresas não tem como pagar os salários tendo que demitir seus funcionários. Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras domicílios contínua), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) afirmam que a taxa de desemprego vinha caindo lentamente e nos últimos meses teve um aumento significativo de 11,2%. A expectativa dos economistas era alta, em ver a economia do Brasil, crescer em ritmo acelerado, até que surgiu o Coronavírus trazendo incertezas e virando de pernas pro ar o mercado de trabalho e a economia. Entre os mais afetados pelo desemprego estão os trabalhadores informais, os que representam 40,7% da força de trabalho em todo o país, pois somam quase metade de trabalhadores afetados pela pandemia. Incertos de quando voltarão a suas atividades para poderem levar o sustento de suas famílias, seguem na espera de dias melhores. Segundo Juan Jensen, sócio da 4E consultoria, diz que os meses de março, abril e maio vai ser impactado com o aumento do desemprego principalmente em maio e junho, pois, a taxa chegará a 14,5% Milhões de demitidos, e até dezembro a taxa diminua para 13,8 milhões de desempregados. “A interrupção da atividade econômica mais forte será nos próximos 75 dias. O desemprego vai aumentar nesse período e vai recuar em seguida, quando a economia começar a voltar á normalidade, mas se tivermos um período de restrição de circulação maior o desemprego se estenderá mais”. Portanto, a evolução econômica dependerá de política pública de confinamento. A expectativa é que as atividades venham retomar a partir de junho, porém com várias perdas e falências de empresas. Quais medidas podemos esperar do governo para tentar conter o desemprego? • Uma medida que gerou muita crítica foi a implementação da suspensão de contrato de trabalho e do salário durante quatro meses. • Possibilidade de teletrabalho • Antecipação de férias • Concessão de férias coletivas • Uso de bancos de horas Também foi concedido um auxílio de R$ 600 para trabalhadores informais e R$ 1.200 para chefes de família durante três meses na tentativa de amenizar o desemprego, porém faltam medidas importantes e bem amplas muito necessárias para ajudar essas pessoas a superar as dificuldades enfrentadas durante essa pandemia. O governo na tentativa de implementar a suspensão do contrato e do salário por quatro meses, com essa medida ele incentivaria os empresários a demitir e jogar todo custo para os trabalhadores causando ainda mais o aumento do desemprego. Em fim o que esperamos é um ponto de equilíbrio tanto dos patrões como para os trabalhadores, mas até chegar a esse ponto levará algum tempo, deixando um canteiro de desemprego e sucessivamente um cenário devastado pela desigualdade e pela miséria. As Desigualdades Sociais que a pandemia da Covid-19 nos mostra Entrevista: 04 de abril de 2020 O complexo da Maré localizado na zona Norte do Rio de Janeiro é uma das regiões mais vulneráveis a contaminação pela a covid-19. O pesquisador Huri Paz da Universidade Federal Fluminense (UFF) Rio de Janeiro afirma, que são mais de um milhão de pessoas contaminadas pelo o coronavírus em todo o mundo. Segundo os cálculos da Universidade de Johns Hopikim referência no mapeamento mundial da covid-19, afirma que o número de mortes pelo o vírus já ultrapassa 51 mil pessoas vítimas fatais. A preocupação expressa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é com a rápida propagação do vírus nessas cidades, que são marcados pelos altos índices de desigualdade social e, a consequência seja pelo precário acesso ao saneamento básico local. Para o diretor geral da OMS Tedros Adhmom, os governantes desses países latino-americanos, terão de desenvolver medidas eficazes no combate ao vírus, para que a população mais pobre não sejam as principais vítimas por falta de acessos aos recursos públicos. No entanto para verificarmos os casos na América Latina não precisamos ir até lá, pois ao redor do mundo o vírus tem se alastrado de maneira ampla e fatal como em alguns países europeus e outros continentes. Podemos destacar os Estados Unidos como o país com maior número de casos precisamente na cidade de Nova Iorque que contabiliza 49.707 de infectados, 10.590 hospitalizados e mais de 1.562 mortos. Estes dados são oficiais e publicado no dia 02/04/2020. Ao analisar esses óbitos concluímos que os mais atingidos foram ás cidades com a maior concentração de negros como mostra o mapa abaixo. Isso: se comparamos ao distrito de Manhatan ao Bronx podemos verificar a tamanha disparidade não só nos números de mortos, mas, também nos diferentes moradores como negros, brancos, asiáticos, latinos e de origem indígena. Assim podemos observar o outro mapa da cidade do Rio de Janeiro nas zonas que não tem o acesso ao abastecimento de água, que tem como responsável a CEDAE.Inclusive já citei-la no começo do Dossiê. Neste gráfico o censo nos mostra as áreas mais vulneráveis de contaminação pela a covid-19 das zonas Oeste e Norte da cidade do Rio de Janeiro, afetadas pela a falta do abastecimento de água. A qual é um direito firmado em lei. O governo brasileiro teve como aprendizado ao que se revelava em torno da Itália e China como a organização de políticas transversais para o controle da pandemia no país, porém ele quis fazer do seu jeito para demonstrar sua autoridade, pondo milhões de brasileiros ao risco de perderem suas vidas, pelo simples fato de satisfazer seu ego e mostrar seu poder. A falta de amparo do Estado fez que muitos brasileiros tivessem suas vidas ceifadas enquanto ele assistia tudo de braços cruzados. Esse cenário vai contribuir com o aumento das desigualdades em todos os sentidos, racial, econômico em fim em toda a camada da sociedade como foi o caso da cidade de Nova Iorque nos Estados Unidos. “Vale ressaltar que os mapas acima só puderam ser desenvolvidos por conta de dados livres, disponibilizados por diferentes estâncias do Estado, tanto dos Estados Unidos, como do Brasil, entretanto, o atual Governo de Jair Bolsonaro tem demonstrado que prefere seguir o caminho contrário, como o estabelecimento da Medida Provisória 928/2020 que suspenderia o prazo de resposta sobre informações públicas durante a pandemia. Medida que logo depois foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Através de dados abertos e informações públicas, conseguiremos pressionar Estados e Governos e termos um termômetro da atual pandemia que assola a população brasileira.” Edição: Mauro Ramos. O agravamento de doenças mentais durante a pandemia Entrevista 12/05/2020 Pesquisa realizada em maio pela associação brasileira de psiquiatria (ABP) com cerca de 400 médicos de 23 estados e do Distrito Federal mostra que 89,2% dos especialistas entrevistados destacaram o agravamento de quadros em seus pacientes devido a pandemia da covid-19. “O isolamento social mexe muito com a cabeça das pessoas”, em entrevista à Agência Brasil comentou o presidente da ABP Antonio Geraldo da Silva. De acordo com o levantamento divulgado nessa segunda-feira 11/05/2020, o aumento de paciente com sintomas de doenças mentais expandiu-se em 25% a mais desde o início da pandemia, comparado ao mesmo período do ano de 2019. Segundo relatos dos médicos psiquiatras entrevistados. Eles falaram também que os atendimentos vêm caindo nesses meses por conta do medo por parte dos pacientes pelo alto contágio do vírus. Mais da metade dos médicos salientam que além da demanda de novos pacientes que nunca apresentaram sintomas de doenças mentais antes, atendem também os pacientes que já tiveram alta médica, mas, que tiveram novamente os mesmos sintomas. Antonio Geraldo da Silva presidente da ABP já tinha alertado ao governo através de seu artigo o qual foi escrito em torno de uns quarenta dias antes, sobre um possível surgimento de uma quarta onda que seria as doenças mentais. Levando em consideração tais fatores epidemiológicos supracitados e coagidos pela imprensa gerada pelas notícias em torno da crise causada pela covid-19, tem havido uma diligência aprimorada, uma pesquisa minuciosa para a redução da transmissão homem a homem, priorizando populações de risco, gerando anseios e impactos em contextos de saúde da população, principalmente na saúde mental. Nesse sentido para além das patologias específicas causada pela covid-19 é importante considerar as condições de saúde mental da população diante das multiplicidades indireta que essa pandemia tem causado, uma vez que estudos recentes apontaram mudanças significativas no quadro de saúde mental da população em todo o mundo. Assim é preciso uma atenção especial as demandas psicológicas que pode se manifestar em decorrência do momento atual que o mundo enfrenta, salientando a necessidade de um olhar em especial, no sentido de preservar ao máximo possível a saúde psíquica. Estudo cita bairros de Fortaleza e diz que a pandemia tem “face mais cruel” em periferias. Entrevista publicada em 04 junho de 2020 Análise publicada em forma de ensaio científico nos Cadernos de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fio Cruz) e assinado por pesquisadoras de unidades da fundação e do Núcleo de Pesquisas Urbanas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) dizem que a desigualdade no acesso a direitos básicos como saúde, saneamento e trabalho tornou a população negra e periférica mais vulnerável à pandemia de Covid-19, desmentindo ideia inicial de que as consequências da doença seriam igualmente sentidas na sociedade. O texto acrescenta que "a pandemia apresenta sua face mais cruel" nas periferias e favelas, e cita como um dos exemplos o bairro de Brasilândia, em São Paulo, onde taxas de contaminação e óbitos superaram as regiões centrais da cidade no fim de maio. Já em Fortaleza, no Ceará, a dinâmica de contágio se intensificou em bairros pobres como, Grande Pirambu e Barra do Ceará, depois da disseminação em bairros ricos turísticos. Destacamos a principal autora do ensaio pesquisadora Roberta Gondim, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da autarquia Fio Cruz, e suas parceiras às pesquisadoras Ana Paula da Cunha, Ana Giselle dos Santos Gadelha, Christiane Goulart Carpio, Rachel Barros de Oliveira e Roseane Maria Corrêa. Com a análise de dados de abril e maio, o texto cita o mito da democracia racial para comparar que uma ideia semelhante circulou quando foi repetido nos primeiros meses que a pandemia seria "democrática", dizendo que o vírus não escolhe entre ricos e pobres, os que não fizessem parte dos grupos em que a doença tem mais chances de apresentar suas formas mais graves, como idosos e doentes crônicos. "Ocorre que a realidade da classe trabalhadora de baixa renda, majoritariamente negra e moradora de territórios vulnerabilizados, é outra. São predominantemente trabalhadores precarizados, que não têm o privilégio de ficar em casa, em regime de trabalho remoto; que utilizam os transportes públicos superlotados; têm acesso precário ao saneamento básico; e estão na linha de frente do atendimento ao público no setor de serviços, incluindo os de saúde", descreve o ensaio. O resultado dessa análise exibe que, depois do vírus chegar ao Brasil por meio dos indivíduos de classe média e alta, ele se alastrou atingindo principalmente a população negra. Na Semana Epidemiológica 15 no período de 4 a 10 de abril, a população branca representava 73% das internações e 62,9% dos óbitos. Cerca de 45 dias depois, na Semana Epidemiológica 21, os dados mostram que brancos e negros a porcentagem era semelhantes em relação às hospitalizações. Já nos óbitos, a população negra passa a representar 57%, enquanto a branca representa 41%. O ensaio alerta que o fato de a proporção de negros ser mais significativa entre os óbitos que entre as hospitalizações "reforça a análise sobre a dificuldade de acesso dessa população aos serviços de saúde, principalmente os de maior complexidade, como os leitos de cuidados intensivos". Além disso, a pesquisa também mostra que há um alto índice de falta de registro racial e cor nos casos confirmados e óbitos por covid-19, embora de ser estabelecida a Portaria de n° 344 de 2017 do Ministério da Saúde, determina que essas informações devem ser preenchidas obrigatoriamente, nos atendimentos em serviços de saúde. "A ausência do registro dessa variável também revela o racismo, nos moldes institucionais, pois impede que vejamos a verdadeira magnitude da exclusão da população negra". Cenário Esse cenário as pesquisadoras relacionam com o enfrentado pela população negra nos EstadosUnidos, que também teve uma história marcada pela escravização de povos africanos. O estudo menciona a cidade de Chicago, onde 29% eram representados por povos negros e o percentual das mortes por covid- 19 eram bastante elevadas chegando a 70% até a primeira semana de abril. "A população negra norte-americana, em comparação à branca, tem os piores indicadores de saúde: menor expectativa de vida ao nascer, maior proporção de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, maiores taxas de mortalidade infantil, maior taxa de mortalidade relacionada à diabetes, dentre outros", cita o ensaio, que aponta uma diferença: "O Brasil conta com um sistema universal de saúde, com o pressuposto de cobrir as necessidades de saúde de toda a população. Entretanto, também apresenta grandes disparidades nos indicadores sociais, em face das desigualdades sociorraciais". O ensaio também traz dados coletados pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostram a crescente desigualdade social e econômica entre negros e brancos no Brasil, como o acesso ao saneamento básico, com o percentual de 12,5% dos negros e 6% dos brancos que vivem em locais sem coleta de lixo no país; 17,9% dos negros e, 11,5% dos brancos não que têm abastecimento de água por rede geral; e 42,8% dos negros e 26,5% dos brancos que não possuem esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial em casa. Esses dados chegam ser vergonhosos, fica evidente o preconceito, o racismo e a desigualdade sofrida pela população negra no nosso país e no mundo. O aprofundamento das desigualdades sociais e, a má redistribuição de renda tem contribuído muito para a dimensão da miséria, impossibilitando a população o acesso aos serviços essenciais para a manutenção á vida. A pobreza, a desigualdade, o preconceito entre outras questões sociais, são assuntos amplamente discutidos nos âmbitos acadêmicos, instituições, órgãos entre outras diversas áreas na busca de entendimentos, resoluções e soluções para essas demandas da questão social. Desigualdade social cai no Brasil, mas continua vergonhosa Entrevista 07/07/2020 A PNAD Contínua constata que índice de GINI teve discreta melhoria, de 2018 para 2019, mas outros dados sobre a população ainda mostram uma mesma distância entre ricos e pobres, que vão pagar a pesada conta a ser trazida pela pandemia. Apesar dessa notícia anunciar uma leve queda na desigualdade social, o Brasil precisa melhorar e muito na esfera econômica, pois a desigualdade financeira é a que mais afeta a camada da sociedade mais pobre do Brasil. A recuperação da economia em termos de renda, vem perdendo a força com o surgimento da pandemia. Segundo as pesquisas da PNAD a desigualdade vinha caindo aproximadamente um terço em 2019 se comparado ao ano de 2018. O diretor da FGV social, Marcelo Neri afirma que apesar do declínio da desigualdade social, ela ainda é muito grande seu efeito pesa na saúde e na educação. “Temos uma série de custos sociais causados por ela.” Uma boa ilustração disso tudo é a pandemia do coronavírus que veio com força total afetando principalmente os grupos sociais mais pobres, deixando-os cada vez mais vulneráveis, dentro deste contexto sócio-econômico que o país esta passando. A analista do IBGE Alessandra Brito também da sua colaboração na entrevista, onde explica que o Brasil é um dos países com o índice de GINI mais alto do mundo segundo as pesquisas. Ela ainda complementa que apesar dessa simples melhora na desigualdade, o índice do país sempre foi muito alto, diz também que esse “cenário é resultado de um país historicamente desigual.” Essa desigualdade entre as camadas sociais podem ser percebida na má distribuição de renda, enquanto metade da população recebe R$ 820,00 mensalmente para suprir suas necessidades, apenas 1% têm o rendimento médio de quase R$ 30.000 reais mensais, deixando nítida a má distribuição de renda e a falta de infra-estrutura, o preconceito racial, de gênero entre outros que agrava ainda mais essa situação. Em números alarmantes estão inseridos neste contexto os poucos instruídos e analfabetos. Apesar de acharem que a educação não influencia na vida das pessoas, as pesquisas estão aí para mostrar que esse pensamento não é legítimo, pois os índices comprovam que indivíduos com pouca ou sem nenhuma instrução, recebe cerca de R$ 980,00 mensalmente que é equivalente a um salário mínimo, enquanto indivíduos que possuem ensino superior recebem cerca de R$ 5.108 mensais. Deixando claro que a educação faz uma enorme diferença, possibilitando o acesso as pessoas a terem uma vida financeira tranqüila. Gratidão por tudo!
Compartilhar