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– ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Introdução: • Adesão é a força de atração entre dois corpos distintos. Ela existe quando há um íntimo contato entre os corpos. • Adesivo: penetra nas superfícies, cria o contato, enrigesse. • Na odontologia, esses adesivos são utilizados para grudar os materiais restauradores às superfícies dentárias (esmalte e dentina). • O adesivo é um líquido que sofre solidificação entre substratos e realiza transferência de carga. • A união adesiva é composta pelas interfaces: substrato + adesivo + substrato. • No processo de restauração de uma estrutura dental, o profissional prepara o substrato (esmalte e/ou dentina) e insere um material para substituir o que foi perdido. Forças interfaciais: A adesão se dá pelas seguintes forças interfaciais: • Covalentes; • Interpenetração mecânica; • Ambas. Para que haja relação íntima entre dois substratos é necessário criar interpenetração mecânica. Antes de utilizar um adesivo, deve-se colocar um ácido nos substratos. (ácido fosfórico 30%- 40%). Esse ácido irá desmineralizar o dente, criando microvilosidades (criptas) que facilitarão a ação do sistema adesivo. O adesivo penetra nessas microvilosidades e endurece, fica aprisionado, permitindo um contato maior entre os substratos. As forças covalentes puxam o adesivo para as criptas A camada de adesivo é visualizada na radiografia como uma porção radiolúcida. Isso pode confundir o profissional algumas vezes. Portanto, deve-se evitar o empossamento do adesivo no fundo da cavidade. Adesão aos tecidos dentários: – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Princípios da adesão: O adesivo é fluído como uma resina e precisa interagir o melhor possível com o substrato. Portanto, ele precisa se espalhar para que possa molhar mais. E para isso, é necessário um ângulo de contato pequeno, pois quanto menor for ângulo de contato, maior será o escorrimento e assim molhará mais. A tensão é uma força de atração entre as próprias moléculas do líquido. Uma energia extra superficial, com forças para o interior. Se essa tensão for muito forte, a gota não se espalha e assim não haverá o molhamento. Portanto, com uma tensão menor, a gota se espalha mais. É uma energia extra superficial relacionada ao sólidos. Essa energia está presente no dente, o substrato que vai receber o adesivo. Como é desejado que esse adesivo fixe ao máximo no dente, essa energia de superfície deve ser alta, para atrair o líquido (adesivo). Alguns exemplos que facilitam o entendimento da energia de superfície: • O polimento do carro: é realizado para impedir que sujeiras penetrem na superfície do carro. Nesse caso, a energia de superfície é baixa. • A frigideira antiaderente: ela impede que a comida grude em sua superfície. Portanto, a sua energia de superfície também é baixa. Características ideais: • Alta resistência de união ao substrato; • União imediata e durável; • Prevenir a infiltração de bactérias; • Fácil manipulação. ❖ Resina composta – Adesivo: forças covalentes. ❖ Adesivo – Esmalte e Dentina: interpenetração mecânica + forças covalentes. Substratos dentários: • Esmalte: mineralizado e hidrófobo, a adesão é melhor (atração). • Dentina: mais hidrofílica e a adesão é mais difícil (rejeição). 1. Criação de microporosidades – aplicação de um ácido que irá desmineralizar o dente; 2. Primer – agente hidrófilo, que irá interagir com a dentina; 3. Bond – agente anfifílico (hidrófilo e hidrófobo); 4. Resina composta (material restaurador) – mais hidrófoba. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Classificação dos sistemas adesivos: A classificação pode ser feita de várias formas: • Tipo de solvente; • Partículas de carga; • Tipo de ativação; • Gerações; • Estratégia de ação; • Número de passos de aplicação. As classificações preferencialmente utilizadas são: estratégia de ação e número de passos. Algumas gerações de sistema adesivo apresentam a aplicação do ácido (que serve para criar microporosidades no substrato dentário). No entanto, essa etapa pode acabar gerando algumas consequências desagradáveis (como a sensibilidade pós-operatória, por conta da presença do ácido nos tubos dentinários), além de elevar o tempo de preparo da cavidade. Portanto, surgiram os sistemas adesivos autocondicionantes, que dispensam a aplicação do ácido separadamente. A oitava geração são os adesivos universais (podem conter o condicionamento ácido ou não). Eles permitem aplicação segura e eficaz em múltiplos procedimentos adesivos não restritos a esmalte e dentina. Ácido fosfórico: É aplicado para criar microporosidades (reintrâncias) na superfície do substrato dentário, gerando uma desmineralização e aumentando a energia de superfície – para atrair melhor o sistema adesivo. Com isso, surgem os tags resinosos, que são as porosidades criadas depois da aplicação do ácido, onde o sistema adesivo vai entrar e endurecer, criando a interpenetração mecânica. Quando a cavidade não envolver a dentina, não é necessário utilizar o primer para adesão, pode iniciar o procedimento com o bond, já que o primer é hidrófilo (usado apenas para promover adesão na dentina). No caso da classificação por gerações, existem atualmente 8 gerações. E estão presentes no mercado as gerações de adesivos a partir da quarta geração. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Dentina: • Após o preparo da cavidade, permanece sobre a dentina uma lama dentinária (composta por uma massa de matéria orgânica e inorgânica que pode conter bactérias). Essa lama recebe o nome de Smear Layer. A lama contida dentro dos tubos é nomeada de Smear Plug. • O SL impede o adesivo de entrar em contato com o substrato dentinário. Para que esse contato aconteça, o ácido fosfórico também irá permitir a limpeza da dentina, realizando a enbocadura dos túbulos, para que o adesivo penetre nos túbulos dentinários - o que proporciona uma adesão adequada. ▪ Remove SL e SP; ▪ Abre a embocadura dos túbulos; ▪ Desmineraliza hidroxiapatita – expõe colágeno; ▪ Diminui a energia de superfície – PRIMER / BOND. • Quando o adesivo penetra os túbulos/ tags resinosos, forma-se a camada híbrida. Trata-se da interface que une o dente, o adesivo e o material restaurador. • Quanto maior for os tags resinosos, mais o adesivo penetra no dente, fornecendo uma maior adesão ao susbtrato dental. Catálogo FGM. • O sistema adesivo autocondicionante, apresenta uma diferença fundamental: a camada de lama dentinária não é removida, mas sim modificada e incorporada à camada híbrida. Exemplos de sistemas adesivo: • Convencional de 3 passos: ácido + primer (monômeros hidrófilos – HEMA) + bond (Monômeros hidrófilos e hidrófobos – TEGDMA, Bis-GMA); • Convencionais de 2 passos: primer + bond – monômeros hidrófilos e hidrófobos (ex: HEMA, TEGDMA, Bis-GMA); • Convencionais de 2 passos: – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto • Adesivos autocondicionantes – 2 passos: primer acídico (monômeros hidrófilos (HEMA) e desmineralizantes(10- MDP)+ bond (monômeros hidrófilos e hidrófobos – HEMA, 10-MDP, Bis-GMA. • Adesivos autocondicionantes de 1 passo: primer acídico + bond – monômeros hidrófilos (HEMA), hidrófobos e desmineralizantes (10-MDP, MAC-10). Independente da geração a ser utilizada, é importante sempre ler a bula do sistemaadesivo. A bula apresenta os resultados das pesquisas realizadas com o produto, antes de seu lançamento. Esses resultados podem apresentar dicas para se obter melhor adesão. Além disso, a bula também apresenta o passo a passo para a aplicação do produto. Aplicação do sistema adesivo: 1. Aplicação do ácido fosfórico – duração de 15 segundos em dentina e esmalte; 2. Lavagem – mesmo tempo de aplicação do ácido (evitar deixar restos de ácido em dentina); 3. Secagem (com papel absorvente): manter a dentina úmida; 4. 1ª camada de sistema adesivo + secagem por 10 segundos; 5. 2ª camada de sistema adesivo + secagem por 10 segundos; 6. Fotoativação – 10 segundos. • A adesão ocorre com as fibras colágenas úmidas. Se estas fibras ressecarem demais, elas irão colabar e o adesivo não vai penetrar (a restauração irá cair). • A secagem deve ser realizada após a lavagem para retirada do ácido. Deve ser feita com papel absorvente (filtro de café esterilizado) ou com o jato de ar (com uma distância de 1 palmo e durante 10 segundos). Também pode ser realizada com algodão, mas não é muito indicado, pois pode deixar fios na cavidade. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Moléculas fotoiniciadoras: As moléculas fotoiniciadoras, quando recebem a luz azul, ficam excitadas e iniciam a reação de polimerização. Quanto melhor a fotoativação, melhor será o desempenho do sistema adesivo. • Os adesivos autocondicionantes possuem monômeros ácidos funcionais, eles desmineralizam e penetram simultâneamente o substrato dental. O maior exemplo desse monômero é o 10-MDP (metacriloxidecil dihidrogênio fosfato). Esse é o diferencial dos adesivos autocondicionantes. • Por muito tempo, a principal molécula fotoiniciadora foi a canforoquinona (CQ). Atualmente, existem outras moléculas: BAPO (Óxido bis-alquil fosfírico), II Norrish e I Norrish. • A unidade fotoativadora é de grande importância, ela precisa conseguir estimular essas moléculas fotoiniciadoras. • O comprimento de onda para fotoativação da canforoquinona é 470/465 nm. No entanto, a canforoquinona apresenta uma coloração amarelada, o que não é o ideal para a estética da restauração. • Por esse motivo, surgiram outras moléculas adjacentes à canforoquinona, que foram feitas para não amarelar a restauração. O comprimento de onda para esses outros fotoiniciadores é de 400 a 450 nm. Nesse caso, a unidade fotoativadora terá que ser capaz de estimular essas moléculas (os fotoiniciadores mais antigos não conseguem). • Então, para utilizar material com essas moléculas fotoiniciadoras mais estéticas e com coloração branca, é ncessário possuir um fotoativador capaz de fotoiniciar essas moléculas mais modernas (exemplo: Valo). Interação com os substratos: • Os fabricantes afirmam que os adesivos autocondicionantes são eficazes sem o uso do ácido separadamente. • Porém, pesquisas mostram, com base na literatura, que o autocondicionaante é ótimo em dentina (o 10-MDP tem ação perfeita), mas em esmalte não tem a mesma eficácia. Condicionamento de um esmalte feito com adesivo autocondicionante. (Souza-junior et al., 2012). Condicionamento de um esmalte feito com ácido prévio (o condicionamento é bem maior). • Portanto, na clínica, se for utilizar um adesivo autocondicionante, é necessário fazer um condicionamento ácido seletivo do esmalte. • O ponto positivo é: o fato de não realizar um condicionamento ácido prévio em dentina e não gerar uma inflamação pulpar, evitando problemas no pós- operatório. Isso dá uma longevidade maior à restauração. – ODONTOLOGIA UNINASSAU RN - @respirando_odonto Qual o melhor adesivo? Com base em pesquisas: • 1º lugar – padrão ouro: convencionais de 3 passos (mas é muito caro e possui muitos passos para a aplicação, ficando muito susceptível a erros); Em primeiro lugar também está os autocondicionates de 2 passos. • 2º lugar: convencionais de 2 passos. • 3º lugar: autocondicionantes de 1 passo. Porém, atualmente, se for realizado um condicionamento seletivo em esmalte, esses autocondicionantes ficam em 1º lugar. O adesivo melhor indicado, para todas as situações, é o autocondicionante com o condicionamento ácido seletivo em esmalte. Considerações finais: O desenvolvimento contínuo de materiais e o apelo comercial por novidades, fazem com que sempre existam novos sistemas adesivos – alguns bons, outros não. Por essa razão, é necessário que a escolha dos materiais seja baseada em resultados de estudos sérios e independentes, e não simplesmente em uma promessa – geralmente por parte dos fabricantes – de resultados mais rápidos e simples. Referências: BARATIERI, Luiz Narciso et al. Odontologia Restauradora: fundamentos e técnicas. São Paulo: Livraria Santos Editora Ltda, 2010. Aula teórica de Dentística laboratorial. Faculdade Maurício de Nassau, Professor Rodolfo Xavier de Sousa Lima, Odontologia, 2021.
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