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Arquitetura e urbanismo no período compreendido entre a antiguidade e o século 18 e a contemporaneidade: traçando paralelos

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FAU-UAM
THAU-ANTIGUIDADE
24/03/2021
ARQUITETURA E O URBANISMO NO PERIODO COMPREENDIDO ENTRE A ANTIGUIDADE E O SECULO 18 E NA CONTEMPORANEIDADE: TRAÇANDO PARALELOS
1. Introdução 
 A arquitetura e o urbanismo são aspectos que tem o poder de se adaptar e serem adaptados levando em consideração as necessidades da sociedade a que são pertencentes. Cada construção e obra, cada organização urbanística ou “não organização” da cidade tem consigo uma história, um porquê agregado. Ser capaz de fazer um bom projeto urbanístico e/ou um bom projeto arquitetônico é uma questão de repertório: quanto mais se souber sobre esses “porquês”, causas e o que levaram as construções e a formação daquela cidade serem de tais formas, maior será a propriedade sobre como fazer e o que falar sobre projetos futuros, como melhor se encaixarão no espaço e o que será necessário para que sejam atendidas as necessidades dos cidadãos ali existentes. 
“Na atualidade, mais do que em toda história da humanidade, o urbano e o processo que o gera, a urbanização, se impregna de movimento, mudanças e transformações que a Sociedade mesma lhe impõe. Tempo e espaço se amalgamam, acelerados por forças acumuladas n urbanização pretérita, sendo vetores que demarcam as tendências, desejos e pressões em diferentes contextos e formações socioespaciais.” (PAVIANI, Aldo. Mudança ou transformação na cidade: uma abordagem preliminar. 1994, p.27). 
 Giulio Carlo Argan, no livro “Clássico Anticlássico: O Renascimento de Brunelleschi e Bruegel” aborda os fatores urbanísticos que definiram o surgimento das cidades medievais europeias e que corroboraram para determinar uma nova estrutura urbana nos períodos dos séculos XV e XVI, com enfoque no mito da cidade ideal além de uma compreensão dos valores políticos e históricos da cidade. Leonardo Benévolo em seu livro “história da cidade” também analisa as transformações urbanas e políticas que geraram a transformação de cidades, porém com foco maior na América após a chegada dos colonizadores europeus no século XV seguindo ao longo das décadas até o século XVIII. 
2. O processo de transformação da cidade
 A população que habitava as cidades medievais foi influenciada por longos períodos de guerras e massacres, isso por conta da disputa de territórios. O reflexo desse contexto na arquitetura desse período é evidente principalmente a partir do momento da existência de muralhas ao redor das cidades, como forma de proteção dessas possíveis invasões. Urbanisticamente falando, as consequências são vistas nas ruas estreitas, não planejadas e casas amontoadas, esse aspecto “apertado” deu-se por conta da necessidade de construir muito para pouco espaço. 
 Outros principais atuantes para o desenvolvimento das cidades medievais foram a burguesia e o comércio, que teve uma alavancagem nos programas de colonização e, como consequência, urbanização, já que as necessidades das benfeitorias territoriais começaram a mudar, as qualidades e quantidades dos modelos culturais já não se encaixavam; assim, o objetivo de administração municipal já não era mais o único, dentro de todo o contexto. 
 Os tratados de arquitetura dos séculos XV e XVI estão compostos por diversas cidades ideais; ou seja, cidades projetadas segundo critérios estritamente racionais e geométricos.
 Vale ressaltar que a fundação de novas cidades não é um acontecimento comum, na qual, na maioria dos casos é devido razoes militares ou políticas especificas. Logo, para Argan, a cidade ideal era uma invenção artística e política ao mesmo tempo, porque se afunda na suposição de que a perfeição da forma urbanística e arquitetônica da cidade está ligado a perfeição de sua organização política e social, vinda do príncipe, e sua geometria do traçado e a beleza dos edifícios vindos do arquiteto.
 Já sobre a fonte primaria dos tratados, continua sendo o de Vitrúvio, pois era conhecido desde a idade média, e que tornou - se o texto base para os tratadistas de arquitetura através da obra monumental de Leon Battista Alberti.
 Como percebido por Argan, os tratados do renascimento distinguem duas categorias: a arquitetura militar e a civil, onde a primeira inclui a fortificação e em geral todas as infraestruturas bélicas e a segunda inclui a religiosidade. Assim, como forma simbólica, as igrejas representam o sentido do divino qual se baseia a comunidade, e as fortificações, a segurança e força. Como diz Argan “A fortificação medieval era essencialmente defensiva: a fortificação renascentista é ao mesmo tempo defensiva e agressiva”
 O desenvolvimento bélico rápido ao longo dos séculos XV e XVI, interfere profundamente na forma das edificações já que as batalhas não ocorrem mais dentro dos muros, lutas vão além das muralhas, a distância. Logo descobre-se que a força destrutiva dos projéteis dependia do ângulo que eram lançados, por isso os círculos das fortificações deviam ser planos inclinados ao inimigo tanto na altura quanto na largura. O autor ainda caracteriza:
“A predominância de perímetros poligonais ou estelares nas cidades ideais é determinada justamente pela oportunidade de criar saliências e entradas, que permitam manter sob fogo próximo as tropas que consigam acercar-se dos muros para forçar as portas da cidade[...]. Os muros são mais baixos para facilitar o transporte de armas de fogo pesada; as fortificações adquirem profundidade e massa relevantes, composto por vários anéis de muros, bastiões, fossos e terraplenos”. (ARGAN, Giulio Carlo. Clássico anticlássico O renascimento de Brunelleschi a Bruegel. 2011, p. 61)
 Fortificam-se, ao longo do território, simples vilarejos situados em posições estratégicas importantes, e por isso acabam adquirindo características de cidades. Sendo assim, no fim do século XV, novas cidades são fundadas próximas de fronteiras sob ameaças para abrigar guarnições militares.
 Dois pontos importantes devem ser destacados quando falamos da teoria clássica de Vitrúvio: simetria e a proporção, abordados em seus tratados, já citado acima. Embora em sua origem se refere a composição arquitetônica do edifício isolado, é interpretado pelos renascentistas como a inter-relação entre os diferentes edifícios em um único contexto e espaço, na qual, em sua estrutura geométrica, todos os valores são proporcionais entre si, expondo a necessidade de uma relação proporcional, e perspectiva, entre os edifícios situados no espaço. O fato é que a perspectiva no renascimento é a lei construtiva do próprio espaço e não uma sensação óptica, sendo o princípio da distribuição dos edifícios no espaço urbano.
 Graças a esse princípio, a perspectiva acaba influenciando a determinação e retificação dos traçados das ruas e praças (estabelecendo a exigência de visuais urbanos).
 Indo para Benévolo, a construção das cidades americanas sofre também grandes influências dos tratados de Vitrúvio e da sensação de regularidade geométrica, que vira um hábito comum e exigência primaria na técnica construtiva, combinados a algumas características originais. As novas cidades américa espanholas seguem um modelo uniforme: um tabuleiro de ruas retilíneas que definem uma serie de quarteirões iguais, quase sempre quadrados, no centro, retirando alguns quarteirões, faz-se uma praça, sobre a qual se instalam os edifícios mais importantes como a igreja, o paço municipal e a casa dos colonos ricos.
 “O desenho da cidade em formato tabuleiro possibilitava o crescimento da cidade em todos os sentidos. Os limites esternos da cidade é sempre provisório mesmo poque não são necessários muros e fossos (somente no sec. XVII fortificam as cidades próximas das costas para defendê-las de piratas)” BENEVOLO, Leonardo. A história da cidade, 1993, p. 488)
 Diferente das cidades fortificadas da Itália, a nova cidade americana não necessitava de muralhas pois não corriam risco de invasões (apenas as cidades costeiras recebem muralhas para proteção de piratas, assim como dito acima por Benévolo).
 Com relação à elegância dos monumentos em uma cidade, a urbanística e transformaçõesurbanas do Renascimento tem-se uma grande importância para os monumentos, esses são vistos como geradores urbanísticos. A ideia humanística para os monumentos é que o edifício pode adquirir um valor símbolo. 
“Monumento é o edifício expressivo e representativo de valores históricos e ideológicos de alto valor moral para a comunidade” (ARGAN, Giulio Carlo. Clássico anticlássico O renascimento de Brunelleschi a Bruegel. 2011, p.64)
 Os monumentos era parte do processo cultural dos cidadãos, sendo importantes para um processo de socialização e/ou representação de algo. Um monumento era construído de forma com que ficasse em uma vista, de certo modo, privilegiada da cidade ou no “centro”, onde todas as ruas levavam a ele. Segundo Argan, os valores históricos – ideológicos do monumento são os mesmos os quais se baseia a função histórico-social da cidade. Uma cidade se torna “histórica” a partir do momento em que tem um acúmulo extraordinário de patrimônios culturais. São por esses motivos, além de aplicar valores ideais na qualidade da forma arquitetônica, que os edifícios possuem essas melhores condições de visibilidade, tanto de longe quanto de perto. Por consequência disso, a perspectiva se torna um princípio regulador da rede urbana do Renascimento italiano. 
Roma, então, durante o século XVII se tornara uma figura imponente através do plano de reforma urbanística (um tanto radical) iniciado por Sisto IV e continuado por Sisto V Domenico Fontana. 
“O princípio do seu traçado é a facilidade de comunicação: ruas longas, largas, e retilíneas[...], praças largas para distribuir o tráfego. Os edifícios, agora, são apenas as paredes das ruas: fachadas intermináveis com longas series de janelas todas iguais, quase sem ornamento, e desprovida de elementos salientes” (ARGAN, Giulio Carlo. Clássico anticlássico O renascimento de Brunelleschi a Bruegel. 2011, p.75)
O autor ainda complementa dizendo que Fontana, a urbanística já teria encontrado um instrumento moderno usado por nós atualmente: o “plano de diretrizes urbanas”
 Dentre todo o contexto de cidade ideal, o maior exemplo que se encaixa neste seria a Roma Antiga. A cidade conta com grande repertório de monumentos, que adquiriram valor de símbolo na sua história, o maior exemplo dado seria o Coliseu, o marcante anfiteatro. Após passar por uma reforma urbanística, Roma tornou-se influência para construções de grandes capitais europeias, mesmo não sendo uma. A cidade foi, de certa forma, um pilar, representando o equilíbrio na Europa. 
 Pode-se dizer, baseando-se no texto de Argan, que Roma é a cidade histórica por excelência, assim como a cidade cristã por excelência, ambas as fases têm continuidade histórica pelo fato de a igreja ter surgido no Império Romano, assim como suas leis também serem criadas a partir da interpretação das leis romanas. 
3. Conclusão 
Em tese, a transformação da cidade ao longo dos séculos em toda Europa e América tiveram um marco inicial, onde hoje são umas das cidades mais importantes do mundo e que ainda influenciam em diversos âmbitos o mundo inteiro. Essas influências também são vistas em muitos estados brasileiros, sobretudo em São Paulo, embora para muitos é considerada uma cidade desordenada urbanisticamente, ela teve suas regiões (ou algumas) ainda planejadas ou inspiradas nos tratados arquitetônicos do renascimento. Podemos citar o bairro Moema, onde as ruas são espaçosas, e os edifícios são organizados em quadrantes, lembrando dos tratados de malha, mas com suas particularidades.
Muito o que hoje sabemos sobre urbanização, simetria, proporções, perspectivas dos edifícios entre outros se deu diretamente dos acontecimentos e marcos ao longo da história, reforçando assim, a suma importância do estudo desta matéria.
4. Bibliografia 
PAVIANI, Aldo. Mudança ou Transformação na cidade: Uma abordagem preliminar, 1994

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