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Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados. Atualidades Revista de 1o semestre 2 Sumário Atualidades Mundo Fevereiro A geopolítica da vacina ............................................................................................................................................ 4 Itália ......................................................................................................................................................................... 15 A Alemanha de Angela Merkel ............................................................................................................................... 24 Março Golpe de estado em Mianmar (2021) ................................................................................................................... 32 A igreja católica e o papel geopolítico do papa no século XXI ............................................................................ 38 Panorama geral (15/03 a 19/03 de 2021) ............................................................................................................ 47 México ..................................................................................................................................................................... 57 Canal de Suez ......................................................................................................................................................... 63 Abril Stop asian hate ....................................................................................................................................................... 72 Panorama global (12/04 a 16/04) ......................................................................................................................... 79 Escravidão contemporânea ................................................................................................................................... 89 Maio Bioética e uso de animais em pesquisas .............................................................................................................. 94 Comunicação não violenta .................................................................................................................................. 109 Conflitos Israel x Palestina .................................................................................................................................. 114 Pena de morte ...................................................................................................................................................... 124 Junho Grandes eventos esportivos e seus cancelamentos ......................................................................................... 129 Panorama geral: América Latina ......................................................................................................................... 135 O futuro da Europa ............................................................................................................................................... 144 A nova corrida espacial ........................................................................................................................................ 152 Atualidades Brasil Fevereiro Vacinação no Brasil .............................................................................................................................................. 159 Desemprego no Brasil .......................................................................................................................................... 167 Petrobrás e o aumento do preço dos combustíveis .......................................................................................... 174 3 Março 1 ano de Covid no Brasil....................................................................................................................................... 180 Dia internacional da mulher ................................................................................................................................. 188 Direita e esquerda no Brasil ................................................................................................................................. 199 O que é o colapso na saúde? ............................................................................................................................... 211 Abril Reforma Ministerial .............................................................................................................................................. 217 Brasil no mapa da pobreza e da fome ................................................................................................................ 223 Censo brasileiro .................................................................................................................................................... 233 Livros, impostos e armas no Brasil ..................................................................................................................... 239 Brasil, meio ambiente e a Cúpula do Clima ........................................................................................................ 248 Maio CPI da Covid .......................................................................................................................................................... 256 Discussão sobre violência policial no Brasil ....................................................................................................... 262 Cortes e riscos para a educação brasileira ........................................................................................................ 268 Sistema eleitoral brasileiro e a polêmica do voto impresso .............................................................................. 277 Junho Brasil e o risco de uma crise energética ............................................................................................................. 281 Copa América: Brasil e futebol na atualidade..................................................................................................... 292 Lei de improbidade e consequências no Brasil .................................................................................................. 296 4 Atualidades Mundo A geopolítica da vacina A Sputnik V da Rússia e o conflito com a Ucrânia Em agosto de 2020, a pandemia provocada pelo novo Coronavírus já era uma realidade em todos os continentes do mundo, ceifando vidas e causando desesperadoras crises hospitalares e financeiras até para as grandes potências. Enquanto o vírus se espalhava com uma velocidade arrebatadora, diante do desespero e da ansiedade das pessoas, a descoberta de medicamentos eficientes ou de uma vacina parecia caminhar a passos miúdos. Milhares de pessoas morriam diariamente e as notícias sobre as pesquisas e testagens se tornavam uma luz distante ao fim do túnel. Entretanto, a sensação da demora, naturalmente, ampliou-se graças ao desespero generalizado da população e à ansiedade em poder voltar ao “normal” e logo reencontrar as pessoas queridas. O que acabamos deixando de perceber ofuscados pelo estresse foi que, de fato, o desenvolvimento científico, a realização de pesquisas e a produção de vacinas ocorreram, na verdade, com uma velocidade recorde. Para percebermos isso, basta lembrarmos que em agosto de 2020, apenas 8 meses após o aparecimento das primeiras mortes espalhadas pelo mundo, a emissora estatal russa anunciou ao mundo a produção de uma vacina do país que já estava em fase de testes e logo estaria pronta. O nome da vacina, nesse contexto, não poderia ser mais sugestivo. Batizada como Sputnik V, o imunizante se tornou uma referência direta ao período da corrida espacial, durante a Guerra Fria, que colocou União Soviéticae Estados Unidos em uma disputa radical pela construção de tecnologias espaciais. Visto isso, assim como o antigo Sputnik, a produção e a venda da vacina se tornaram uma arma no meio de uma corrida geopolítica. Inicialmente a vacina russa não apresentou provas de sua eficácia e por isso, e pela anormal velocidade de sua produção, muitos ficaram desconfiados. Essa falta de maiores relatórios sobre o insumo inicialmente prejudicou a comercialização do mesmo. No entanto, recentemente, a revista inglesa Lancet divulgou dados da terceira fase da vacina e a avaliou como segura e com mais de 91% de eficácia, resgatando assim a confiança no insumo. Assim, apesar de inicialmente haver uma grande suspeita, até mesmo entre os russos, que não aderiram em massa a vacinação, muitos países passaram a comprar a Sputnik. Atualmente, o insumo russo já foi aprovado em 15 países, sendo a maioria deles antigos parceiros russos e alguns outros como Argentina, Índia, Tunísia e Paquistão. Pelo menos outros 5 países aguardam a liberação da vacina em seus países e até mesmo a China e a Coreia do Sul demonstraram interesse na Sputnik V. 5 Portanto, percebemos que assim como a China e diferente de países como Estados Unidos e Canadá, a Rússia tem privilegiado a comercialização da vacina e usado esse novo poder para persuadir governos, garantir aproximações e realizar manobras diplomáticas. Não só a Rússia e a China, como outros países produtores e em situação avançada de vacinação estão aproveitando o momento. No caso russo, por exemplo, alguns dos primeiros compradores, como visto, foram antigos aliados. No entanto, desafetos como a Ucrânia e a União Europeia se recusaram a comprar a vacina. Na situação ucraniana, o país que considera Putin e os russos um agressor, sobretudo por conta da anexação russa da Crimeia em 2014. Por isso, recentemente Kiev aprovou em Congresso a proibição da Sputnik, mesmo sem ter ainda qualquer contrato. O governo ucraniano, portanto, espera conseguir os imunizantes da Pfizer e da alemã BioNTech através do esquema global Covax. Putin, por sua vez, afirmou que também não concederá a vacina para Kiev, mas, em contrapartida, vai exportar a Sputnik para os rebeldes ucranianos simpáticos à Rússia, visando justamente mobilizar a opinião pública no país. Matéria da Folha de São Paulo - 10/02/21 Caso semelhante ocorre em Israel. Apesar do país apresentar uma das maiores campanhas de vacinação do mundo, já tendo aplicado uma dose vacinas da Pfizer, da Moderna ou da AstraZeneca/Oxford em pelo menos 40% da população, o país demorou para ajudar os vizinhos palestinos. Palestinos da Cisjordânia e da faixa de gaza não estavam incluídos no plano de vacinação e, apenas em fevereiro que Israel enfim enviou doses para a Cisjordânia. 6 A geopolítica indiana e a distribuição de vacinas Outro exemplo de uso político da vacina também pode ser encontrado na Índia. O governo de Narendra Modi anunciou que antes de iniciar a venda e exportação de doses da Covaxin abasteceria seus estoques e o de países aliados e fronteiriços. Assim, 20 milhões de doses foram enviadas para Butão, Ilhas Maldivas, Bangladesh, Nepal, Mianmar e Seychelles foram os primeiros a receberem as doses indianas. A medida, naturalmente, não foi uma intenção de bondade, mas sim de interesse geopolítico. Primeiro porque vacinando a população ao redor da Índia o país consegue evitar a disseminação da doença pelas migrações locais e, segundo, porque o ato permite aumentar a diplomacia regional, reafirmando a Índia como uma potência local e se assegurando de possíveis investidas da China na península. Entretanto, apesar de também ser um país próximo e de fronteira, os indianos não enviaram as doses para o Paquistão. Segundo o governo de Modi, o Paquistão não teria feito o pedido de ajuda, entretanto, a velha tensão entre a Índia com o Paquistão e com a própria China também influenciou as dificuldades de diálogo. Vale destacar que a Índia é popularmente conhecida como a “farmácia do mundo”, por conta da sua força no campo da medicina e de produção de remédios. O indiano Serum Institute, por exemplo, é hoje o maior laboratório de produção de imunobiológicos do mundo e, apenas em fevereiro, cerca de 10 milhões de doses devem ser produzidas e exportadas. Isso permite que cerca de 60% da produção de vacinas do mundo esteja concentrada apenas na Índia e que a mesma seja a responsável pela exportação de 20% dos remédios genéricos no mundo. Assim, o governo indiano conseguiu também realizar diversas parcerias comerciais, como as feitas com o Brasil, Marrocos e África do Sul, vendendo as vacinas por preços abaixo dos vendidos. pelos laboratórios europeus. A diplomacia da vacina indiana, portanto, recoloca o país em uma ótima posição comercial internacionalmente e fortalece ainda mais a popularidade de Modi internamente. 7 A desigualdade social na vacinação Ainda que a Índia tenha distribuído vacinas para países pobres ao redor, a questão da vacinação em países subdesenvolvidos tem preocupado muito algumas organizações sociais e até mesmo instituições como a OMS. A continuidade do modelo atual de vacinação pode gerar, inclusive, uma espécie de eugenia, permitindo que as populações mais ricas sobrevivam e se desenvolvam enquanto as mais pobres continuam a morrer. Os dados atuais demonstram como essa desigualdade é alarmante, pois ao todo, 50 países ricos representam 70% dos vacinados, enquanto os 50 países mais pobres apenas 0,1% do total. Até mesmo os países em desenvolvimento, como Brasil, México e Argentina apresentam taxas de vacinação baixas se comparadas às grandes potências e, estima-se que essas taxas podem continuar se manterem os mesmos acordos de importação. Na imagem abaixo podemos perceber como a distribuição de vacinas se concentra nos países do hemisfério norte, enquanto os do sul apresentam baixíssimos dados ou nenhuma informação, como é o caso da África. Estados Unidos, Canadá, Israel e Inglaterra apresentam as maiores taxas de vacinação, maiores inclusive do que grandes centros produtores de vacinas e insumos como a China, Rússia e Índia. No caso da Índia e China, o fato de terem populações gigantescas, naturalmente contribui para essa dificuldade. 8 Contextualização Linguagens Cada vez mais, os vestibulares – principalmente o Enem – têm abordado assuntos relevantes na atualidade tanto nas questões como no tema da redação. Por isso, estar por dentro do que está acontecendo no mundo é extremamente importante para garantir um bom repertório e mandar bem na argumentação. Como sabemos, o mundo vivenciou, em 2020, o começo de uma pandemia que afetou, literalmente, o mundo todo. A pandemia do Covid-19 trouxe à tona diversas discussões relevantes e uma delas, sobre a qual falamos neste material, foi a importância da vacina. Agora, como poderíamos aplicar em uma redação os dados e fatos relacionados à vacinação? Na introdução Uma boa introdução é aquela que apresenta uma contextualização interessante, além da defesa da tese. Por isso, usar dados e informações sobre a atualidade são boas formas de contextualizar o tema e, consequentemente, gerar um encaminhamento para a apresentação do ponto de vista (tese). No desenvolvimento Para defender com propriedade um argumento, é necessário apresentar dados e fatos que sustentem/embasem aquilo que estamos defendendo. Dessa forma, utilizar as informações presentes nesse material, em um texto no qual isso é possível, mostra que você tem domínio sobre o assunto, está atualizado sobre o que está acontecendo, tem posicionamento crítico e consegue relacionar o seu conhecimento sociocultural ao tema que é proposto pela banca. Assim, você demonstra autoria no seu texto. ATENÇÃO!Caso você escolha apresentar dados estatísticos, não deixe de mencionar a fonte. Na conclusão Em primeiro lugar, é importante ressaltarmos que, na conclusão, não é legal introduzir ideias novas, porque ela deve recapitular o que foi dito e, no caso do Enem, propor intervenção para o que foi problematizado. No entanto, estar por dentro de como está acontecendo a vacinação no mundo, por exemplo, pode te inspirar a criar propostas de intervenção caso o tema fosse relacionado à vacinação no Brasil. 9 IMPORTANTE! O “pulo do gato” em relação ao repertório da redação é perceber que o texto não é engessado/enquadrado dentro de uma caixinha. O que queremos dizer com isso? Todas as informações vistas nesse material não precisam ser somente aplicadas em um tema sobre vacinação. Não entendeu? Vamos lá! Imaginem que o tema esteja relacionado ao desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil. É claro que poderíamos usar como exemplo a forma como a vacinação se desenrolou aqui e no mundo. Agora, imaginem que o tema esteja relacionado às consequências da desigualdade social, claro que poderíamos abordar a questão da vacinação como um ponto alarmante. Por isso, esteja sempre informado e tente pensar “fora da casinha” . Agora, vamos praticar um pouquinho? A partir das informações obtidas, sua tarefa será produzir um parágrafo argumentativo sobre o tema “Desafios para a vacinação do Brasil no século XXI”. Esse tema está disponível na nossa plataforma, portanto, aproveite a inspiração para escrever o texto e enviar para a correção. TEXTO I Surtos de sarampo fazem Brasil perder certificado de país livre do vírus País tinha conseguido reconhecimento da Organização Pan-Americana de Saúde em 2016, mas voltou a registrar casos desde fevereiro do ano passado; Ministério da Saúde culpa baixa vacinação Após registrar casos de sarampo desde 2018, o Brasil perdeu a certificação de país livre da doença, conferido pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS). O certificado havia sido obtido em 2016. Para perdê-lo, é preciso haver transmissão sustentada, ou seja, a ocorrência de um mesmo surto por mais de 12 meses. Foi o que aconteceu no país: em fevereiro do ano passado, registrou-se um surto do vírus, vindo da Venezuela. Ao longo de 2018, segundo os dados oficiais, foram confirmados 10.326 casos — houve surtos no Amazonas e em Roraima. Em 2019, até 19 de março, já são 48 casos no país. Um caso de sarampo endêmico ocorrido no Pará em 23 de fevereiro deste ano foi o marco que levou à perda do certificado da Opas. Disponível em: https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/surtos-de-sarampo-fazem-brasil-perder-certificado-de-pais-livre-do- virus-23534799 10 TEXTO II Disponível em: http://www.saude.gov.br/images/Vacina_fake_news_video.png Olá, não compartilhe esse vídeo! Ele tem diversas informações falsas! Esse vídeo divulga informações inverídicas a respeito da vacina. O ditado popular “melhor prevenir do que remediar” se aplica perfeitamente à vacinação. Muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação massiva da população. Poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche são só alguns exemplos de doenças comuns no passado e que as novas gerações só ouvem falar em histórias. Com respaldo técnico de equipes especializadas, o Ministério da Saúde garante que a vacinação é segura, sendo que seu resultado não se resume a evitar doenças.Vacinas salvam vidas. A recomendação é: não dê ouvidos às notícias falsas e vacine-se. Só entra no calendário nacional as vacinas com garantia de segurança e eficácia. Além do controle de segurança para o registro da vacina, amostras de lotes desses imunibiológicos passam por teste de qualidade no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). A rede de frio garante que as doses sejam armazenadas dentro da temperatura determinada pelos laboratórios. Disponível em: http://www.saude.gov.br/fakenews/45153-vacina-faz-mal-fake-news 11 TEXTO III Disponível em: https://www.facebook.com/CHARGISTACAZO 12 Biológicas Uma pergunta que vemos (e fazemos) o tempo inteiro é: Mas a vacina é segura? Como funcionam as vacinas? Porque temos tantos tipos de vacina? Aqui vamos contextualizar com a biologia e entender um pouco sobre imunização: dizemos que estamos imunes contra determinada doença quando conseguimos produzir células de defesa (anticorpos) que agem especificamente contra o organismo estranho no corpo (antígeno) causador da doença. Esses anticorpos podem ser adquiridos de maneira ativa ou passiva, e a imunização pode ocorrer de maneira natural ou artificial. A vacinação é um método de imunização ativa e artificial: elas estimulam o corpo a produzir anticorpos, e possuem ação preventiva e devem ser tomadas antes de haver contato com a doença. Além disso, também gera memória imunológica, permitindo uma produção maior de anticorpos nos próximos contatos do indivíduo com o mesmo antígeno. É uma metodologia de imunização segura, eficiente e preventiva. É importante lembrar que nenhuma vacina produzida é capaz de causar outras doenças, alterar o seu DNA ou dar outras sequelas em relação a saúde. Quais são e como as vacinas contra o Covid-19 são produzidas? • Vacina de vírus inativado: São as mais comuns e antigas, onde praticamente todas as vacinas que já tomamos e são distribuídas hoje em dia foram produzidas assim. Nesta vacina, partes do vírus morto são colocadas diluídas em uma substância líquida (não prejudicial aos humanos) e esta mistura é injetada nos pacientes. O sistema imune reconhece estas partes virais mortas como corpos estranhos (antígenos) e produzem anticorpo, gerando memória imunológica. Um exemplo desta vacina é a Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan. • Vacina proteica sub-unitária: Proteínas virais de rápido reconhecimento (ou seja, que são identificadas como antígenos rapidamente) são sintetizadas em laboratório e injetadas diretamente no organismo do paciente. Diferente da vacina do vírus inativado, aqui apenas parte das proteínas virais são inseridas, e não todo vírus morto. Exemplo desta vacina é a Novavax, produzido por empresas Norte Americanas. • Vacina de RNA mensageiro: Esta usa uma tecnologia mais recente, onde fragmentos do código genético viral (no caso do Covid-19, material de RNA) são colocados nas células humanas e passam a produzir proteínas virais. Essas proteínas virais são reconhecidas como antígenos e estimulam nosso sistema imune, gerando memória imunológica. Como são moléculas de RNA, não há interferência no DNA ou metabolismo celular humano, e como são apenas fragmentos deste material genético, não há possibilidade de se formar um vírus ativo dentro do organismo da pessoa. Esta molécula também tem uma duração curta, e pouco tempo depois o RNA viral é destruído. Exemplos desta vacina de RNA são a Moderna e a Pfizer/BioNTech. https://vacinacovid.butantan.gov.br/ https://www.youtube.com/watch?v=rXzZCQnStpc&ab_channel=Ol%C3%A1%2CCi%C3%AAncia%21 https://www.youtube.com/watch?v=DHKl0IOWpgY&ab_channel=BandJornalismo 13 • Vacina de vetor viral: Aqui, a proteína do vírus causador da doença é inserida dentro de um outro vírus não-patogênico (que não causa doenças) chamados de vetores virais. Este vírus então modificado e não perigoso para nosso organismo é injetado e reconhecido como antígeno, estimulando nosso sistema imune, gerando memória imunológica. São exemplos desta vacina a AstraZeneca, da Universidade de Oxford, e produzida no Brasil em Parceria com a Fundação Oswaldo Cruz. E como esse assunto pode aparecer no Enem? Questões sobre vacina costumam estar relacionadas a sua capacidade de ação preventiva ede gerar memória imunológica, como em questões que já apareceram no Enem 2009, Enem 2011 e no Enem 2019, ou comparando a ação das vacinas em relação ao soro, como nas questões que vemos no Enem 2010 e no Enem 2014. Temos também uma questão que correlaciona as características virais à produção de vacinas, e você pode conferir a questão e o gabarito a seguir: (Enem 2015) Tanto a febre amarela quanto a dengue são doenças causadas por vírus do grupo dos arbovírus, pertencentes ao gênero Flavivirus, existindo quatro sorotipos para o vírus causador da dengue. A transmissão de ambas acontece por meio da picada de mosquitos, como o Aedes aegypti. Entretanto, embora compartilhem essas características, hoje somente existe vacina, no Brasil, para a febre amarela e nenhuma vacina efetiva para a dengue. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Fundação Nacional de Saúde. Dengue: Instruções para pessoal de combate ao vetor. Manual de Normas Técnicas. Disponível em: http://portal.saude.gov.br. Acesso em: 7 ago. 2012 (adaptado). Esse fato pode ser atribuído à a) maior taxa de mutação do vírus da febre amarela do que do vírus da dengue. b) alta variabilidade antigênica do vírus da dengue em relação ao vírus da febre amarela. c) menor adaptação do vírus da dengue à população humana do que do vírus da febre amarela. d) presença de dois tipos de ácidos nucleicos no vírus da dengue e somente um tipo no vírus da febre amarela. e) baixa capacidade de indução da resposta imunológica pelo vírus da dengue em relação ao da febre amarela. Gabarito: B. As diferentes linhagens do vírus da dengue, bem como sua variedade de antígenos, dificultam o desenvolvimento de vacinas com imunização de largo espectro. Afinal, até uma vacina ser produzida e distribuída, estes vírus podem modificar suas características genéticas e com isso a vacina não conseguiria agir contra estes organismos. https://portal.fiocruz.br/pergunta/como-e-feita-vacina-candidata-da-covid-19-da-universidade-de-oxford/astrazeneca https://descomplica.com.br/gabarito-enem/questoes/2009/primeiro-dia/estima-se-que-haja-atualmente-no-mundo-40-milhoes-de-pessoas-infectadas-pelo-hiv/ https://descomplica.com.br/gabarito-enem/questoes/2011/primeiro-dia/o-virus-do-papiloma-humano-hpv-na-sigla-em-ingles-causa-o-aparecimento-de-verrugas/ https://descomplica.com.br/gabarito-enem/questoes/2019/segundo-dia/uma-vantagem-da-vacina-em-relacao-ao-tratamento-tradicional-e-que-ela-podera/ https://descomplica.com.br/gabarito-enem/questoes/2010/primeiro-dia/vacina-o-soro-e-os-antibioticos-submetem-os-organismos-processos-biologicos-diferentes/ https://descomplica.com.br/gabarito-enem/questoes/2014/primeiro-dia/embora-sejam-produzidos-e-utilizados-em-situacoes-distintas-os-imunobiologicos-i-e-ii/ 14 A vacina contém antígenos que estimulam a produção de anticorpos pelo organismo. Fonte da imagem: BBC News. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-53867814 Para entender mais sobre esse assunto, leia este artigo da BBC Brasil: “Por que desenvolver uma vacina é tão complexo — e nem sempre factível” https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53745688 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53745688 https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53745688 15 Itália A Década de 1990 foi marcada pela ascensão de uma nova ordem na geopolítica mundial com a queda da URSS. Se até então a bipolaridade, com a disputa entre EUA x URSS, ditava o tom das relações políticas, econômicas, sociais e culturais, a partir da década de 1990 novos blocos econômicos começaram a se fortalecer e aparecer como importantes eixos políticos e econômicos no mundo, como a União Europeia. Legal, mas onde entra a Itália nisso? Assim com o mundo, a política italiana também passou por uma virada que se assemelha com a história recente da política brasileira com relação à corrupção. Qualquer semelhança não é mera coincidência! Além disso, a polarização em que se encontra o continente europeu também é um reflexo da configuração atual da política italiana. Contudo, diferente do Brasil, o país é uma república parlamentarista aonde o voto não é obrigatório e o presidente é chancelado pelo parlamento, o que diminui a chance de uma falta de governabilidade, como ocorreu no caso do governo da presidenta Dilma Rousseff, por exemplo. Aproveitando a deixa, reflitam ai: porque será que o voto no Brasil é obrigatório? Em um momento de aumento da polarização política, do acirramento da questão da imigração, das discussões sobre o meio ambiente, da manutenção da União Europeia e da pandemia do coronavírus é preciso dar um rolê na história recente da Itália para entender melhor essa treta. Segue o fio “Mani Pulite” (Operação Mãos Limpas) Após a Segunda Guerra Mundial, a Itália, que saiu absurdamente destruída do conflito, precisou se reorganizar politicamente após ser um dos centros do fascismo na Europa. Para tal reforma constitucional, foi feita uma pesquisa junto à população sobre a manutenção da monarquia ou da implantação de uma repúbica em 1946. Pega a visão: o referendo contou com a participação eleitoral das mulheres e pode parecer bobo porque isso hoje é algo consolidado, mas na Itália as mulheres só puderam votar a partir de 1946. E se liga, não foi nenhum presente não, as sufragistas italianas lutaram bastante para conquistar esse direito! Voltando, a população optou pelo sistema republicano e assim se formou a chamada Primeira Republica Italiana (1948 – 1994). Durante o período a política italiana foi dominada por um conjunto de partidos que comandaram o país até a década de 1990, sendo eles: a Democracia Cristã, o Partido Socialista, Partido Liberal Democrático e a Social Democracia. Esses partidos passaram o período se revezando no poder e envolvidos em escândalos de corrupção que marcavam a participação de empresários, juízes e governantes italianos dentro do esquema. Contudo, o sistema de corrupção se desmontou entre os anos de 1992 e 1994 devido a uma força tarefa que caçou esses corruptos dentro do país, a Mani Pulite. 16 Após a prisão de alguns espiões dissidentes da KGB – o serviço secreto russo – foi descoberto um esquema de corrupção que estava relacionado aos partidos italianos, de todas as orientações políticas, aos representantes das três instâncias, empresariado italiano e envolvia, até mesmo, a famosa máfia italiana. A investigação também ficou conhecida como caso Tangentopoli, palavra que significa “cidade do suborno/propina”, e teria sido o resultado de um processo iniciado ainda em 1982 com o escândalo Banco Ambrosiano junto com o Banco do Vaticano, onde os mesmos foram acusados de desviar recursos do governo italiano, de outros países e de organizações político-sociais. Disponível em: https://direitosp.fgv.br/noticia/palestra-professora-italiana-faz-radiografia-operacao-mani-pulite A questão é que a investigação se tornou amplamente midiática no processo com a divulgação de informações que supostamente eram sigilosas, levando a cada dia um novo episodio diferente da política italiana. Durante os dois anos de duração da operação “mãos limpas” mais 5 mil pessoas foram indiciadas e presas, mais de 1000 foram condenadas, cerca de 30 cometeram suicídio no processo e várias pessoas foram assassinadas. Mas o principal feito da ação foi à morte definitiva dos partidos que comandavam a cena política na Itália. 17 A “Mani Pulite” à brasileira Atualmente, muitos pesquisadores apontam para a semelhança entre a operação da Lava Jato deflagrada no Brasil em 2014 e a Mani Pulite que ocorreu na Itália na década de 1990. Para eles, a operação, que teve como principal líder o juiz Sérgio Moro, teria sido inspirada nos moldes do caso italiano. Sua semelhança não teria sido apenas nas circunstâncias de corrupção excessiva, mas no modus operandi que continha a divulgação de informações sigilosas como algo que se tornounormal, por exemplo. Pra muitos autores, o que a Mani Pulite fez foi criar mecanismos que permitiram que os políticos corruptos italianos se tornassem mais requintados e que, na realidade, a operação estava bem longe de acabar com a corrupção. Segundo o cientista social Alberto Vannucci, somente ações como essas não são suficientes para acabar com a corrupção em locais onde a situação é, como definido por ele nessa reportagem aqui, sistêmica. Ou seja, enquanto essa corrupção estiver arraigada dentro de uma sociedade, prender apenas os políticos corruptos não seria uma solução viável para pôr fim à corrupção, uma vez que ela não seria algo pontual, mas sim parte constituinte do sistema político. Outra questão para o autor, é que esse tipo de ação pode acaba criando personagens tidos como heroicos ao longo do processo e que isso pode prejudicar tanto na imparcialidade daquele que vai julgar o corrupto quanto na credibilidade do magistrado perante a população mediante a sua decisão. Portanto, segundo Vannuci, o combate à corrupção é algo bem mais complexo que uma cruzada contra políticos corruptos, ela perpassa por uma conscientização a nível nacional. Era Berlusconi A descrença que tomou a população criou um clima de insatisfação na sociedade com relação à figura dos políticos e da forma de se fazer política. O que fazer a partir desse momento que, basicamente, boa parte dos governantes estavam envolvidos em casos de corrupção? A saída que a sociedade encontrou foi investir em uma figura carismática que não estava essencialmente ligada a cena política e que se propunha a fazer uma renovação no processo político italiano. Silvio Berlusconi é um empresário italiano, um dos homens mais ricos da Itália, que a assumiu o cargo de Primeiro Ministro durante nove anos, nos períodos de • 1994 – 1995 • 2001 – 2005 • 2005 – 2006 • 2008 – 2011. Envolvido em uma série de escândalos de corrupção e de cunho sexual durante seus mandatos, e fora deles, tais eventos incluem um xingamento a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e a manutenção de relações sexuais com uma menor de idade. O mesmo se tornou o político que mais permaneceu no poder na história política recente do país, desde 1945. https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160316_lavajato_dois_anos_entrevista_lab 18 O político e empresário, que já havia sido condenado por suborno e doações ilegais ao Partido Socialista na década de 1990, foi novamente condenado em 2015 por corrupção no parlamento italiano quando constituía a oposição ao governo. Desde 2019, Berlusconi é deputado do Parlamento Europeu pelo partido de centro-direita Forza Itália. Os partidos italianos Depois da “Mani Pulite” e da descrença total com os partidos, de todas as orientações políticas, que comandavam o país, o início do século XXI é marcado pela ascensão de novos partidos políticos que projetam na Itália o momento de polarização política na qual o mundo, e principalmente a Europa, está inserido. Dentre os principais partidos estão: • Liga do Norte: possui cerca de 20% das cadeiras o parlamento, é o segundo maior partido do Congresso italiano, de extrema-direita, anti-imigração, propagação de preconceitos contra o Oriente Médio e contra mulçumanos. • Fratelli d’Italia: ocupa cerca de 5% das cadeiras do parlamento, são de direita, conservadores, nacionalistas e eurocéticos (são contra a União Europeia). • Partido Democrático: ocupa cerca de 15% das cadeiras do parlamento e são considerados de orientação centro-esquerda pela diversidade de correntes de pensamento que existem dentro do partido. • Movimento Cinco Estrelas: ocupa cerca de 25% das cadeiras do parlamento, se definem como um movimento contra a política ao defender a ideia de mandar pessoas comuns para o congresso, são contra a intervenção Italiana em outros países, defendem o meio ambiente, a desmilitarização, a criação de uma renda básica, a democracia direta e o direito a internet, além disso, são eurocéticos. • Forza Italia: ocupa cerca de 15% das cadeiras do parlamento, foi fundado por Silvio Berlusconi, é um partido de centro-direita. Vale ressaltar que essas particularidades nas divisões partidárias também podem ser explicadas pelas diferenças regionais entre o Norte e o Sul da Itália. Pra entender melhor o contexto é interessante voltar no processo de unificação italiana, busque na nossa biblioteca pela aula “A unificação Italiana”, para ficar por dentro do assunto. Mas, resumidamente, os partidos de direita que vêm defendendo o separatismo da região Norte com relação ao restante da Itália usam como discurso o fato de que a região, desde a unificação, Curiosidade pra os amantes de futebol: Berlusconi foi proprietário, por 31 anos, do clube de futebol AC Milan e o presidente do mesmo por dezesseis vezes. Em 2017 ele vendeu o clube para um grupo de chineses. 19 era mais industrializada e rica do que o Sul, que era mais agrário. Ou seja, os partidos com tendências fascistas e de extrema-direita defendem essa separação apoiados, principalmente, nas disparidades regionais. As disputas atuais Depois da saída de Berlusconi, os primeiros ministros não duraram muito tempo no poder e não tiveram uma atuação tão expressiva. O mais recente deles foi o Giuseppe Conte, que assumiu o cargo em 2018 com uma coligação marcada pela presença da direita com o Partido Liga do Norte, comandado por Matteo Salvini (segura que já falamos mais dele logo ali na frente!). Sem uma carreira política expressiva, Conte é formado em direito e assumiu o cargo de Chefe do Governo com a aliança entre a Liga do Norte, como falamos ali em cima, e com o grupo Movimento dos Cinco Estrelas. Já na especulação em torno do seu nome para assumir o cargo descobriram que o então indicado havia mentido em seu currículo ao firmar que havia feito cursos e dados aulas em diversas universidades ao redor do mundo, todavia não foi encontrado nenhum tipo de registro nas instituições descritas. Pensou que fake news era uma exclusividade do Brasil? Só que não! Reportagem que saiu no ano em Giuseppe foi indicado para o cargo de Primeiro Ministro da Itália. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2018/05/22/italia-indicado-para-primeiro-ministro-giuseppe-conte-e-acusado-de- mentir-em-curriculo.htm Iniciando seu governo com uma base notoriamente de direita, em 2019, Giuseppe Conte conseguiu um feito inédito e, minimamente, chocante ao trocar sua base política de apoio de forma absurdamente rápida, sem novas eleições e sem golpe, após perder o apoio do partido Liga do Norte. Como o Movimento Cinco Estrelas é composto tanto por políticos de esquerda quanto de 20 direita, a oposição a Salvini fomentou a união com o partido Democrático, ambos os partidos se tornaram a principal base de Conte no governo. Como falamos lá em cima, o fato de ser uma república parlamentarista facilita essas trocas de base de apoio, assim como facilita a troca do Primeiro Ministro. Especialistas apontam que a retirada de apoio de Salvini a Conte foi um golpe político para antecipar as eleições e se tornar, possivelmente, o primeiro ministro. Contudo, com a nova coalizão formada pelos principais opositores de Salvini, que tinham a intenção inclusive de retardar sua ascensão ao cargo, a possibilidade de novas eleições foi afastada. Com toda a situação de crise generalizada por conta do covid-19 aonde a Itália foi um dos países mais atingidos pela pandemia, além de ter feito um dos maiores lockdown da Europa, Conte ficou sem base de apoio no parlamento e no início de 2021 renunciou ao cargo de Primeiro Ministro da Itália. Um dos principais responsáveis pela saída de Giuseppe Conte, foi Matteo Salvini, conhecido como “Il Capitano” por seus seguidores. O político é uma figura bem controversa na cena italiana,fundador do partido Liga do Norte, como foi dito lá em cima, e defensor de um ideal separatista que caiu em desuso pelo mesmo recentemente. Para alguns autores ele pode ser considerado populista devido a sua posição política mudar constantemente de acordo com os interesses daquilo que esta em evidência no momento. Além disso, é considerado um negacionista por defender posições contrárias à eficácia da vacina contra a covid-19 e pela defesa da utilização da cloroquina como um tratamento, sendo que os estudos mais recentes apontam para sua ineficácia. Contudo, o seu partido se tornou o mais votado nas eleições italianas do ano de 2019, o que mostra o poder da Liga do Norte e da figura de Salvini. Especialistas apontam que sua popularidade se deve a sua posição eurocética e a sua política de imigração para o país. Imersos em uma crise sanitária e uma recessão econômica, a saída de Conte aprofundou a crise política no país. A solução foi à indicação de Mario Draghi, que é ex-presidente do Banco Central Europeu, para ocupar o cargo de Chefe do Governo italiano. Draghi conseguiu o feito de garantir o apoio de praticamente todos os grandes partidos políticos da Itália, da Liga do Norte até o Partido Democrático. Com um governo mais técnico e com peças fundamentais dos principais partidos italianos, o novo Primeiro Ministro da Itália tem um baita desafio pela frente. Em seu discurso de posse, no dia 17/02/2021, pediu unidade partidária para conseguir promover as reformas necessárias para tirar o país da recessão. Conclamando o “amor pela Itália”, o líder já deixou claro suas posições pró União Europeia e a favor das questões ambientais ao ressaltar que “Queremos deixar um bom planeta, não só uma boa moeda”. 21 Como contextualizar essas informações na redação As aulas de Atualidades são essenciais para adquirir repertório, não é mesmo? É melhor ainda quando conseguimos relacionar essas informações com algum tema de redação. Por mais que a aula seja sobre a Itália, já vimos anteriormente que o contexto político italiano tem muita relação com o contexto brasileiro. Então, no seu texto, você pode utilizar uma estratégia argumentativa denominada comparação e estabelecer as semelhanças entre esses dois países. Nessa estratégia, é importante utilizar conectivos com valor comparativo, entre eles: “como”, “quanto”, “do que”, “tal qual”). Além desses exemplos, pode ser substituído, às vezes, por expressões equivalentes, tais como os verbos “parecer”, “lembrar”, “assemelhar-se”. Observe os temas cobrados recentemente pela Acafe e pela Unesp: (Acafe 2017) TEXTO I “O avanço da Operação Lava Jato não será suficiente para transformar o Brasil. A opinião é do coordenador da força-tarefa da operação, o procurador da República Deltan Dallagnol.” Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/lavajato- nao-vai-mudar-o-brasil-sozinha-diz-procurador/>. Acesso em: 31-10-2- 16. Fragmento adaptado. TEXTO II "O que muda o País são instituições fortes. É preciso promover mudanças políticas, legislativas, culturais. A sociedade tem condições de pleitear isso, muito mais do que os agentes públicos”, disse o juiz Sérgio Moro, ressaltando a necessidade de muitas outras mudanças para que o Brasil elimine seus problemas com corrupção. “Se o caso da Lava Jato contribuir de algum modo para esse processo, ficarei feliz.” Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2015-08- 28/operacao-lava-jato-nao-vai-mudar-o-brasil-afirmajuiz- sergio- moro.html>. Acesso em: 31/10/2016. Fragmento adaptado. Considerando os textos 1 e 2, escreva uma redação que responda à pergunta: A Operação Lava Jato mudará o Brasil? 22 (Unesp 2014) TEXTO I Dos 594 deputados e senadores em exercício no Congresso Nacional, 190 (32%) já foram condenados na Justiça e/ou nos Tribunais de Contas. As ocorrências se encaixam em quatro grandes áreas: irregularidades em contas e processos administrativos no âmbito dos Tribunais de Contas (como fraudes em licitações); citações na Justiça Eleitoral (contas de campanha rejeitadas, compra de votos, por exemplo); condenações na Justiça referentes à lida com o bem público no exercício da função (enriquecimento ilícito, peculato etc.); e outros (homicídio culposo, trabalho degradante etc.). (Natália Paiva. www.transparencia.org.br. Adaptado.) TEXTO II Nossa tradição cultural, por diversas razões, criou um ideal de cidadania política sem vínculos com a efetiva vida social dos brasileiros. Na teoria, aprendemos que devemos ser cidadãos; na prática, que não é possível, nem desejável, comportarmo-nos como cidadãos. A face política do modelo de identidade nacional é permanentemente corroída pelo desrespeito aos nossos ideais de conduta. Idealmente, ser brasileiro significa herdar a tradição democrática na qual somos todos iguais perante a lei e onde o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade é uma propriedade inalienável de cada um de nós; na realidade, ser brasileiro significa viver em um sistema socioeconômico injusto, onde a lei só existe para os pobres e para os inimigos e onde os direitos individuais são monopólio dos poucos que têm muito. Preso nesse impasse, o brasileiro vem sendo coagido a reagir de duas maneiras. Na primeira, com apatia e desesperança. É o caso dos que continuam acreditando nos valores ideais da cultura e não querem converter-se ao cinismo das classes dominantes e de seus seguidores. Essas pessoas experimentam uma notável diminuição da autoestima na identidade de cidadão, pois não aceitam conviver com o baixo padrão de moralidade vigente, mas tampouco sabem como agir honradamente sem se tornarem vítimas de abusos e humilhações de toda ordem. Deixam-se assim contagiar pela inércia ou sonham em renunciar à identidade nacional, abandonando o país. Na segunda maneira, a mais nociva, o indivíduo adere à ética da sobrevivência ou à lei do vale-tudo: pensa escapar à delinquência, tornando-se delinquente. (Jurandir Freire Costa. http://super.abril.com.br. Adaptado.) TEXTO III Se o eleitorado tem bastante clareza quanto à falta de honestidade dos políticos brasileiros, não se pode dizer o mesmo em relação à sua própria imagem como “povo brasileiro”. Isto pode ser um reflexo do aclamado “jeitinho brasileiro”, ora motivo de orgulho, ora de vergonha. De qualquer forma, fica claro que há problemas tanto quando se fala de honestidade de uma forma genérica, como quando há abordagem específica de comportamentos antiéticos, alguns ilegais: a “caixinha” para o guarda não multar, a sonegação de impostos, a compra de produtos piratas, as fraudes no seguro, entre outros. A questão que está posta aqui é que a população parece não relacionar seus “pequenos desvios” com o comportamento desonesto atribuído aos políticos. (Silvia Cervellini. www.ibope.com.br. Adaptado.) 23 Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Corrupção no Congresso Nacional: reflexo da sociedade brasileira? As duas propostas temáticas abordam questões contemporâneas à corrupção no nosso país. Não seria interessante relacionar a Operação Lava Jato com o “Mani Pulite”, pois assim como no Brasil, a Itália vivenciava um momento histórico de descrença na política por conta da corrupção e, como consequência, formava-se uma polaridade entre os partidos italianos. 24 A Alemanha de Angela Merkel Angela Dorothea Merkel é uma política alemã que nasceu em 1954, na cidade Hamburgo, então cidade localizada na Alemanha ocidental. Apesar do nascimento na República Federal da Alemanha, ainda na infância se mudou para o lado oriental acompanhando o pai, um pastor luterano. Apesar de sua formação científica, do doutoradoem física quântica e da dedicação às pesquisas na década de 1980, a maior parte da vida de Angela Merkel foi fundamentalmente dedicada à política, sobretudo aliada ao União Democrata Cristã (UDC). Portanto, a partir da reunificação alemã, com a queda do muro de Berlim, Merkel passou a ocupar cargos políticos, sendo eleita para o parlamento alemão e, em 1994, chegou a ocupar o cargo de Ministra do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha. Em 2000, após derrota nas eleições nas eleições federais de 1998, Merkel foi escolhida como Secretária Geral da UDC, demonstrando seu crescimento político ao longo da década de 1990. O novo posicionamento, a projeção nacional de suas ideias, o crescimento do UDC e a coalizão com outros partidos garantiram à Merkel a eleição ao cargo de chanceler da Alemanha em 2005. Desta forma, ao longo dos últimos 16 anos, a cientista de Hamburgo foi a chefe do governo alemão com um dos maiores índices de aprovação da história e com reeleições que a garantiram uma era no governo do país. Entretanto, em 2021, o governo da chamada “mamãezinha” se encontra em seus últimos dias, o que gera uma onda de preocupações não só na Alemanha, como na Europa e em todo o mundo quanto ao futuro chanceler do país. Isso ocorre, pois, como visto, a aprovação de Merkel continua alta e, até mesmo internacionalmente Merkel é reconhecida como uma liderança fundamental. Seus posicionamentos diante de crises como a econômica de 2008, a instabilidade da União Europeia, as questões migratórias e a própria pandemia de 2020 demonstram não só atitudes muitas vezes apoiadas internacionalmente como dados de popularidade a favor de Merkel. Porcentagem de Americanos que confiam em Angela Merkel. Gráfico disponível em: https://www.dw.com/en/americans-like-angela- merkel-while-germans-loathe-donald-trump/a-42769570 https://www.dw.com/en/americans-like-angela-merkel-while-germans-loathe-donald-trump/a-42769570 https://www.dw.com/en/americans-like-angela-merkel-while-germans-loathe-donald-trump/a-42769570 25 Para muitos, o afastamento de radicalismos e a postura mais passiva e racional passou a ser muito bem visto politicamente, o que a colocou distante de figuras mais radicais e polêmicas como Donald Trump. Essa postura inclusive rendeu o verbo “merkelizar” e o termo “merkiavelismo”. E graças a “merkelização” que a líder conseguiu realizar importantes alianças políticas e manobras mesmo sem ter a maioria de seu partido no parlamento durante três mandatos. Essa passividade e sua falta de carisma, no entanto, segundo alguns cientistas políticos, têm gerado um maior desinteresse da população alemã pela política, aumentando os números de abstenções nas eleições. Outro fenômeno que tem ocorrido na Alemanha, em decorrência também de suas decisões políticas é o crescimento de grupos ultraconservadores e de extrema-direita no país, sobretudo após a questão migratória. Assim, apesar de sua passividade e de uma política considerada “previsível, vale destacar que em 2015, diante da grave crise migratória, com centenas de famílias entrando na Europa, foi justamente Merkel quem enfrentou os posicionamentos mais conservadores e quem melhor abraçou os fluxos migratórios. Sua postura e a frase “nós conseguimos” geraram críticas internas e externas e até membros de seu partido seguiram uma linha oposta à de Merkel. O projeto da líder foi tão importante que a Alemanha, de fato, tornou-se o principal destino de muitos fluxos migratórios a partir de 2015 e, ainda assim, tal crescimento não afetou a economia do país, como alguns economistas mais conservadores previam. Gráfico disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/refugiados-na-europa-crise-em-mapas-e-graficos.html 26 Durante a crise de 2008, ainda no primeiro mandato de Merkel, foi a Alemanha que garantiu ajuda financeira para países em crise, como Portugal, Espanha, Grécia e Itália, com a contrapartida de que esses países adotassem medidas de austeridade. Já em 2017, último ano de seu terceiro mandato, a Alemanha ainda assistia os países vizinhos amargurarem crises e altos índices de desemprego e pobreza. O país de Merkel, no entanto, continuava crescendo e demonstrava uma taxa de desemprego de apenas 3,7%, mesmo recebendo mais imigrantes do que países como a Grécia e Itália. Visto isso, o crescimento econômico, a estabilidade política e a postura de Merkel neste contexto a levaram à reeleição e a uma grande aprovação interna. Confiança generalizada em Merkel apesar das diferenças demográficas. Disponível em: https://www.pewresearch.org/fact- tank/2017/09/19/going-into-election-germans-are-happy-with-their-economy-and-political-establishment/ Além da crise migratória, em outro momento as posturas de Merkel geraram algumas críticas, no entanto, diferente do caso anterior, sua oposição à legalização do casamento homoafetivo correspondeu ao seu conservadorismo. Ainda em 2017, a pauta foi colocada em votação no parlamento, mas recebeu a oposição da chanceler, que votou contra. O direito ao casamento homoafetivo, no entanto, foi aprovado por 393 votos a 226. https://www.pewresearch.org/fact-tank/2017/09/19/going-into-election-germans-are-happy-with-their-economy-and-political-establishment/ https://www.pewresearch.org/fact-tank/2017/09/19/going-into-election-germans-are-happy-with-their-economy-and-political-establishment/ 27 Apesar dessa situação, a aprovação de Merkel, no entanto, não teve uma queda drástica na Alemanha. Em 2020, sobretudo pela forma como gerenciou a crise do coronavírus no país, a chanceler contou com grande apoio da população nas medidas de austeridade e na limitação das liberdades. Apesar de lojas e estabelecimentos fechados, privações e endividamento do governo, para a população alemã, a chanceler tem realizado uma ótima condução de tudo o que tem ocorrido. Gráfico disponível em: https://www.dw.com/pt-br/coronav%C3%ADrus-faz-disparar-aprova%C3%A7%C3%A3o-ao-governo-merkel/a- 53007168 Diante deste cenário de alta aprovação, popularidade e prestígio na União Europeia, o fim de seu mandato e a decisão de não se reeleger tem levado muitos europeus a se preocuparem. As hesitações de Merkel e suas habilidades políticas e diplomáticas foram fundamentais para alemães e europeus resolverem as muitas crises nos últimos, mas agora, a “merkelização” não será mais possível. O CDU já escolheu o também conservador Armin Laschet para ser o substituto ideal de Merkel e, no dia 26 de setembro concorrerá a cadeira maior do parlamento. Lascht é visto por cientistas políticos como uma figura mais flexível que Merkel, mas que mantém muitas características semelhantes à antiga chanceler e, por isso, contaria com a simpatia dela e de muitos apoiadores internacionais. https://www.dw.com/pt-br/coronav%C3%ADrus-faz-disparar-aprova%C3%A7%C3%A3o-ao-governo-merkel/a-53007168 https://www.dw.com/pt-br/coronav%C3%ADrus-faz-disparar-aprova%C3%A7%C3%A3o-ao-governo-merkel/a-53007168 28 Como contextualizar essas informações na redação Agora, vamos pensar como poderíamos aplicar algumas informações que vimos sobre a Merkel em uma redação? Em primeiro lugar, não podemos deixar de lado o fato de que, em um mundo onde o machismo ainda está bastante presente, Angela Merkel é líder de uma das maiores potências mundiais e muito reconhecida por isso. Assim, se o tema fosse algo relacionado a “mulheres no poder”, “desigualdade de gênero” ou “mudanças no papel social feminino”, ela, claramente, poderia ser utilizada como referência. Inclusive, sua gestão ganhou ainda mais visibilidade durante a pandemia da Covid-19, por conta dos seus discursos e das medidas que adotou para conter a disseminação do vírus. Daremos a um assunto extremamente relevante na atualidade no qual a imagem da primeira- ministrada Alemanha tem um papel fundamental: a questão migratória. Sabemos que o número de refugiados em todo o mundo é algo alarmante. Alguns países da Europa, por questões históricas, geográficas e econômicas acabam sendo um dos principais destinos para aquelas pessoas que precisam deixar suas terras por conta de guerras, governos ditatoriais, miséria, entre outros fatores. No entanto, muitos desses países apresentam uma rígida política de migração, além de se mostrarem ambientes hostis com atitudes preconceituosas por parte da população que fazem com que a tentativa de se reestabelecer dos imigrantes seja dificultada. Veja um trecho da reportagem a seguir, veiculada no G1 em 15/09/2015: O jornal satírico francês Charlie Hebdo flertou com a polêmica mais uma vez ao publicar charges que criticam a reação dos países europeus predominantemente cristãos à onda de imigrantes de 29 zonas de guerra sobretudo muçulmanas, como Síria e Iraque (Foto: Reprodução/ Twitter/JyotsnaPandey29) Um dos desenhos é a representação da foto chocante de Aylan Kurdi, o menino sírio encontrado morto em uma praia da Turquia depois de uma tentativa fracassada de cruzar o Mar Mediterrâneo com a família para a Grécia. A foto despertou o mundo para a crise migratória. A charge do Charlie Hebdo mostra uma criança de bermuda e camiseta, com o rosto afundado na areia, ao lado de um cartaz de propaganda divulgando promoção de duas refeições infantis pelo preço de uma. “Cheguei tão perto...”, diz o texto. Outra charge, também de autoria de um dos desenhistas que sobreviveram ao atentado à redação da revista em Paris, traz a legenda: “Uma prova de que a Europa é cristã”. Ela acompanha a imagem de uma figura semelhante a Jesus caminhando sobre a água enquanto uma figura menor de bermuda mergulha de cabeça. O primeiro diz: “Os cristãos caminham sobre a água”, e o segundo diz: “As crianças muçulmanas se afogam”. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/09/charlie-hebdo-gera-nova-polemica-com-charges-sobre- imigrantes.html Essa reportagem faz referência a uma foto que chocou muitas pessoas: a imagem de um menino sírio refugiado morto nas areias de uma praia na Turquia. Nesse contexto, podemos ver que o posicionamento de Merkel, em relação à crise migratória, contra a postura dos mais conservadores deve ser enfatizado e, com certeza, seria um ótimo repertório para esse tema. A partir dessas informações, escreva um parágrafo argumentativo sobre o tema a seguir: Tema: A questão dos refugiados no mundo contemporâneo TEXTO I O número de pessoas forçadas a deixar suas casas devido a guerras ou perseguição superou a marca de 50 milhões em 2013 pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, informou a agência de refugiados da ONU. O número, de 51,2 milhões, é seis vezes maior que o registrado no ano anterior, e foi inflado pelos conflitos na Síria, no Sudão do Sul e na República Centro-Africana, segundo o relatório da UNHCR. O alto-comissário da ONU para refugiados, António Guterres, disse à BBC que o aumento é um “desafio dramático” para organizações que prestam ajuda humanitária. “Os conflitos estão se multiplicando, mais e mais”, disse Guterres. “E, ao mesmo tempo, conflitos antigos parecem nunca terminar”. 30 […] A ONU está preocupada que a tarefa de assistir refugiados esteja, cada vez mais, sob responsabilidade de países com poucos recursos. Países em desenvolvimento abrigam 86% dos refugiados em todo o mundo, com países ricos atendendo apenas 14%. E, apesar de temores na Europa sobre o crescente número de pedidos de asilo e imigração, esta diferença está crescendo. Há 10 anos, países ricos recebiam 30% dos refugiados e países em desenvolvimento abrigavam 70% deles. Para Guterres, a Europa pode e deve fazer mais. “Eu acho que é muito importante que a Europa assuma suas responsabilidades”, disse. “Eu também acho que está claro que temos bons exemplos na Europa, como a Suécia e a Alemanha, que têm tomado medidas generosas… mas precisamos de uma expressão conjunta da solidariedade europeia”. Disponível em: https://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/_2014/06/140619_refugiados_entrevista_hb_ TEXTO II De acordo com a ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas), refugiados, geralmente, se deslocam a centros urbanos e encontram moradia em vizinhanças pobres e lotadas, onde o governo já luta por fornecer serviços básicos. Nesses casos, o acesso à moradia adequada permanece um desafio devido aos elevados aluguéis e requisitos de documentação. Muitos obtêm emprego na economia informal, competindo com pessoas locais por trabalhos perigosos e mal pagos. Outros ainda permanecem na ilegalidade e procuram a invisibilidade com medo de arresto, detenção ou de ser deportados, ficando expostos ao assédio, exploração e tráfico humano de pessoas. Os impactos mais significativos da presença de pessoas refugiadas são geralmente sentidos a nível local, no acolhimento pelas próprias comunidades. Refugiados podem enfrentar discriminação e marginalização pela população local. A falta de informação e desconhecimento do tema pela sociedade tende a resultar na má interpretação do significado da palavra refugiado, que aparece em sua identificação oficial, e muitas vezes são confundidos com foragidos ou fugitivos da justiça, dificultando ainda mais a sua integração social e laboral. Disponível em: http://www.ipea.gov.br/portal_/index.php?option=com_content&view=article&id=18539_ TEXTO III 31 TEXTO IV O presidente Donald Trump decretou nesta sexta-feira o fechamento temporário das fronteiras dos Estados Unidos aos imigrantes de sete países de maioria muçulmana e a refugiados de todo o mundo. A decisão, anunciada no Pentágono, ocorre dois dias depois de o novo presidente ordenar a construção de um muro na fronteira com o México para frear a entrada de imigrantes latino-americanos indocumentados. Ambas as medidas cumprem promessas eleitorais de Trump. O decreto estabelece uma proibição por tempo indeterminado da entrada de refugiados vindos da Síria. A guerra civil nesse país já deixou quase cinco milhões de refugiados, dos quais os EUA acolheram apenas 12.000, segundo os últimos dados disponíveis. O decreto também proíbe, durante 90 dias, a entrada de cidadãos de diversos países. O texto não os especifica, mas se remete a outra medida aplicável a indivíduos da Síria, Irã, Sudão, Líbia, Somália, Iêmen e Iraque. O veto poderia ser por tempo indeterminado para países que não entregarem informações migratórias solicitadas pelos EUA, o que pode afetar especialmente o Irã, dada a ausência de relações diplomáticas com Washington. (...) Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/01/27_/internacional/1485551816_434347.html_ Depois de produzir o seu próprio argumento, dê uma olhada no modelo de redação que temos no nosso blog sobre esse tema, clique aqui. https://descomplica.com.br/artigo/modelo-de-redacao-a-questao-dos-refugiados-no-mundo-contemporaneo/47y/ 32 Golpe de estado em Mianmar (2021) Marcado por uma diversidade cultural e étnica, Mianmar vem sofrendo uma série de golpes militares desde a sua formação em 1948, após a independência do Império Britânico. O país, que também se chamava Birmânia até a queda do Muro de Berlim (1989), era uma colônia inglesa que até alguns anos antes da sua independência fazia parte da Índia. Confuso? Um pouco né, mas relaxa que a gente vai desenrolar juntos ;) Mas como é sempre bom ter uma visualização sobre aquilo que estamos falando, segue um mapa da região em que Mianmar se encontra para ajudar a entender o contexto complexo em que o país está inserido. Disponível em: https://pt.maps-yangon.com/mianmar-capital-mapa. Acessado em 03/03/2021 A história de Mianmar, ou Myanmar,está intimamente ligada à Índia até o ano de 1937, uma vez que a Inglaterra adicionou o território a sua colônia indiana como uma província, em 1824. A dominação inglesa sobre o local durou cerca de um pouco mais de 100 anos, quando de fato o país conseguiu se tornar independente. Apesar de ter se separado da Índia em 1937, o país só conquistou sua independência um ano depois da mesma com o fim da Segunda Guerra Mundial e a expansão do processo de independência dos continentes africanos e asiáticos. Vale ressaltar que dentro do processo de colonização diversas etnias foram forçadas a dividirem o mesmo espaço, o que obviamente gerou conflitos durante o período colonial e, atualmente, tem gerado questões bem complexas, como a imigração massiva de alguns grupos. Mianmar chegou a ser recentemente denunciado pela ONU com uma acusação de limpeza étnica e uma diáspora https://pt.maps-yangon.com/mianmar-capital-mapa 33 forçada da minoria muçulmana rohingya. Se quiser entender um pouco mais desse assunto, clica nesse link aqui de uma reportagem recente do Médicos Sem Fronteiras sobre a questão. Lembra que falamos lá em cima que o país mudou de nome em 1989? Isso está diretamente ligado à reviravolta política que o país sofreu, em 1962, quando foi realizado um golpe de Estado em Mianmar e houve a criação de um governo socialista e militar. Não se esqueça que após a Segunda Guerra o que se tem é um panorama mundial marcado pela bipolaridade ideológica e pela disputa entre EUA e URSS. A mudança de nome ainda hoje não é bem aceita por toda a população, especialmente entre aqueles que defendem a democracia. O país, que até esse momento se chamava Birmânia, iniciou um processo de redemocratização após o fim da União Soviética, que passou a ser liderado por Aung San Suu Kyi no momento do seu regresso ao país. A ativista política é filha de um dos líderes da independência da Birmânia, chamado Bogyoke Aung San, que foi assassinado antes da conclusão da libertação em 1947. Aung San Suu Kyi, que havia saído do país após a morte de seu pai, retomou no ano de 1988 no meio da movimentação da luta pela redemocratização. No mesmo ano, é fundado o partido Liga Nacional pela Democracia, no qual ela se torna secretária-geral. Com a sua ação política em prol de um governo democrático, acaba ficando em prisão domiciliar por 15 anos e se torna uma figura extremamente popular na luta contra o regime. A manutenção do seu encarceramento após a morte do marido, em 1999, que foi impedido de vê- la, fez com que importantes figuras internacionais tentassem intervir a seu favor. Graças ao seu trabalho em prol dos direitos humanos e da luta pela democracia de forma não violenta, Suu Kyi ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1991, logo após ter sido presa. Curiosidade: sua popularidade foi tão grande que a banda irlandesa U2 chegou a lançar uma música em sua homenagem em 2009 e você pode conferir a música aqui. Aung San Suu Kyi. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:AUNG_SAN_SUU_KYI_P6060070_03.jpg. Acessado em: 03/03/2021 https://www.msf.org.br/noticias/pesquisas-de-msf-estimam-que-pelo-menos-6700-rohingya-foram-mortos-em-um-mes-em-mianmar https://www.youtube.com/watch?v=gwKEdFoUB0o https://www.youtube.com/watch?v=gwKEdFoUB0o https://commons.wikimedia.org/wiki/File:AUNG_SAN_SUU_KYI_P6060070_03.jpg 34 Em 2008, teve início um novo movimento de redemocratização em Mianmar e no ano seguinte houve a elaboração de uma nova constituição que criou mecanismos para coibir a ascensão de Aung San Suu Kyi à presidência do país. Em 2010 ocorreu uma nova eleição presidencial, concretizando o processo de abertura política, e no mesmo ano a ativista e outros presos políticos foram libertados. Como era proibida de assumir a presidência do país devido às restrições impostas na Constituição de 2009, como o fato de ser casada com um estrangeiro e de possuir filhos estrangeiros, foi criado o cargo de Conselheira de Estado em 2016 para que ela pudesse estar à frente do país. Apesar de não ser a chefe máxima do país, quem de fato comandava e possuía poder em Mianmar era a Aung San Suu Kyi. E aí começa o caô, porque, até então, ela era vista como uma referência na luta pelos direitos humanos, defensora da democracia e a favor da não violência (ela ganhou um prêmio Nobel da Paz, gente, complicado!!!!!), mas foi durante o seu governo que a perseguição à minoria muçulmana rohingya se intensificou. O grupo étnico tem a sua cidadania negada, assim como uma série de direitos fundamentais e são considerados sem Estado pelo país que é formado por maioria budista. Grupos de seguidores do budismo promoveram uma série de perseguições religiosas contra os rohingya sem nenhuma intervenção por parte do governo de Suu Kyi. Pega a visão: a situação ficou tão complicada para o lado de Aung San Suu Kyi, que diversos países e instituições se voltaram contra ela e cobraram um posicionamento com relação às atrocidades cometidas contra a minoria étnica. Devido ao contexto, a banda U2 (sim, aquela mesmo que havia feito uma música para ela alguns anos antes) soltou uma nota contra a mesma em 2017. Além disso, personalidades internacionais e organizações pressionaram para que ela renunciasse ao prêmio Nobel da Paz. Refugiados rohingya cruzam a fronteira de Mianmar rumo a Blangladesh, em meados de 2017. Foto: TOMAS MUNITA / Agência O Globo. Disponível em: https://oglobo.globo.com/mundo/entenda-perseguicao-aos-rohingya-em-mianmar-23016225. Acessado em: 03/03/2021 Mesmo com todo o clima de críticas a sua figura e da pandemia do coronavírus, o seu partido, Liga Nacional pela Democracia, conseguiu vencer as eleições de 2020 com uma vantagem enorme em cima do partido dos militares. Contudo, no dia 1 de fevereiro de 2021, os militares alegaram que as http://u2wolves.com.br/2017/11/u2-contra-aung-san-suu-kyi/ https://oglobo.globo.com/mundo/entenda-perseguicao-aos-rohingya-em-mianmar-23016225 35 eleições foram fraudadas e deram um golpe de Estado, tomando o poder em Mianmar. Tanto o presidente quanto a conselheira foram detidos e estão sendo processados pelo governo por supostamente desobedecer às restrições com relação à pandemia. No caso de Aung San Suu Kyi, ficou ainda mais complexa a situação porque ela ainda está sendo acusada de manter, ilegalmente, dentro da sua residência um dispositivo de comunicação chamado walkie-talkie de uma marca estrangeira, o que é proibido pela constituição do país. Além deles, alguns integrantes do Parlamento que pertencem ao partido LND também foram presos acusados de fraudar as eleições de 2020. Desde o início do golpe, têm ocorrido uma série de manifestações de cunho pacifista na região e uma greve geral também se iniciou como forma da população se posicionar contra a derrubada do governo democrático. Os militares estão reprimindo violentamente as manifestações e a ONU estima que cerca de 54 pessoas já morreram e mais de 1.700 foram presas desde o golpe no país. Curiosidade: uma professora de ginástica estava filmando sua coreografia quando, sem querer, filmou os militares se direcionando ao Parlamento para efetivar o golpe militar. Clica nessa reportagem aqui para entender um pouco mais dessa situação, minimamente, inusitada! Como contextualizar essas informações na redação? Como já sabemos, mostrar conhecimento em assuntos importantes na atualidade assim como demonstrar estar por dentro de questões geopolíticas é essencial para mandar bem na redação e garantir pontos em autoria. Neste momento, você deve estar pensando: “mas o tema não costuma ser algo voltado para o Brasil?”. A resposta é: Sim! De fato, costuma. No entanto, você pode usar dados e fatos fora do contexto brasileiro como base de comparação. Em que temas, então, poderíamos falar sobre o “Golpe de Estado em Mianmar”? Se falamosem um golpe de Estado – uma ditadura, é claro que podemos associar o tema ao conceito de democracia e aos Direitos Humanos. Uma das melhores formas de não repetirmos formas de governo que violem os Direitos Humanos é a preservação da memória desses momentos, principalmente a partir da educação. O passado nazista alemão, por exemplo, é algo de que os alemães, atualmente, se envergonham bastante: não há como negar as atrocidades cometidas por Hitler e seus aliados. https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55921470 36 Tradução: “O grande irmão está te observando” Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Big_Brother_(Nineteen_Eighty-Four) A Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), cobrará, para a prova de redação do vestibular de 2021, a leitura do clássico de George Orwell “1984”: um romance que retrata a distopia de um governo totalitarista e as ferramentas utilizadas pelo “Grande Irmão” para controlar a sociedade. Esse livro, além de ser uma obra-prima, é muito importante para refletirmos sobre temas como: • Vivemos, atualmente, uma nova versão do totalitarismo ou esse regime nunca foi alterado? • O direito à privacidade é uma realidade no contexto atual? • O medo é um fator de controle social? Tradução: Você pode confiar no Estado (governo). Disponível em: https://9gag.com/gag/aD0AnEx Já em 2016, a Uerj cobrou um tema bastante interessante que também pode estar relacionado a governos ditatoriais: A partir da leitura do conjunto dos textos desta prova e de suas próprias reflexões, redija um texto argumentativo-dissertativo, em prosa, com 20 a 30 linhas, em que 37 apresente seu posicionamento acerca da necessidade de conhecer experiências históricas de violência e opressão, para a construção de uma sociedade mais democrática. No final da guerra, observou-se que os combatentes voltavam mudos do campo de batalha, não mais rico, e sim mais pobres em experiência comunicável. E o que se difundiu dez anos depois, na enxurrada de livros sobre a guerra, nada tinha em comum com uma experiência transmitida de boca em boca. Walter Benjamin. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. No trecho acima, o escritor Walter Benjamin aborda a dificuldade de expressar experiências desumanizadoras, como as vividas em uma guerra. Em diversos países, ações de resgate da memória de vítimas de guerras, ditaduras e processos de dominação, indicam uma percepção da importância de transmitir essas experiências à sociedade. No Brasil, o lema divulgado no Dia Internacional do Direito à Verdade também sugere uma forma de lidar com o passado, em direção ao futuro. Aproveite as ideias de tema para produzir um texto bem legal! 38 A igreja católica e o papel geopolítico do papa no século XXI A Igreja Medieval Considerada há séculos como uma das maiores instituições do mundo e, ainda hoje, contando com o maior número de fiéis do planeta, a Igreja Católica Romana detém um grande poder não só espiritual, mas também de decisões e interferências políticas. Seja através da influência sobre os imperadores romanos, pelo crescimento entre os reinos germânicos, pelos conflitos com o protestantismo na Idade Moderna ou através das transformações contemporâneas em contexto de Guerra Fria, a Igreja há séculos se posiciona como uma importante peça geopolítica. Durante a Idade Média, a Igreja Católica manifestou o auge de seu poder, ampliando consideravelmente suas terras e riquezas, sendo responsável, inclusive, pelas importantes decisões da elite local. Durante as cruzadas, que se iniciaram após o Concílio de Clemont em 1095, nobres católicos de toda a Europa atenderam aos pedidos papais e partiram para Jerusalém em diversas expedições militares que tiveram grande impacto na organização política da época. A Igreja Moderna Já no século XV, com as transformações provocadas pela chegada dos europeus na América, o Papa Alexandre VI teve uma atuação fundamental para arbitrar os conflitos entre espanhóis e portugueses pela posse de terras no oceano Atlântico. Assim, a assinatura da Bula Inter Coetera, em 1492, foi mediada pelo próprio Papa, assim como, no ano seguinte, os limites e acordos do Tratado de Tordesilhas também foram intercedidos pelo líder religioso. Papa Alexandre VI Já no século seguinte, a Igreja Católica passou a sofrer com as maiores críticas e rupturas vistas até então. Apesar de desde a Alta Idade Média movimentos sectaristas e o Grande Cisma já terem minado seu poder em certas regiões, apenas com a reforma protestante e com o eco das teses de Lutero que o poder da Igreja Católica na Europa recebeu seu maior impacto. Tal situação ampliou 39 consideravelmente os conflitos religiosos por todo o mundo, chegando a desencadear combates como a Guerra dos Trinta Anos (1618-1638). Além disso, a resposta da Igreja Católica com suas reformas internas levou a uma reformulação da Igreja frente ao novo contexto global, criando, inclusive, a Companhia de Jesus, que possibilitou uma maior difusão do catolicismo para todas as regiões do mundo. A Igreja Contemporânea Visto isso, podemos perceber que historicamente a atuação política da Igreja Católica durante séculos se mostrou forte e importante em diversas negociações. Desta forma, durante os séculos XIX, XX e XXI, tal postura não foi diferente. No século das Revoluções Liberais e do crescimento das teorias socialistas e anarquistas entre os trabalhadores, o Papa Leão XIII protagonizou as principais discussões sobre as condições dos operários. Assim, a encíclica Rerum Novarum (1891), demonstrou o posicionamento da Igreja sobre tais questões, apoiando direitos dos trabalhadores, como de formar sindicatos, uma maior distribuição das riquezas e a possibilidade de intervenções dos Estados na economia para ajudar os mais pobres. No entanto, a encíclica condenou doutrinas radicais e consideradas ateias como o socialismo e o anarquismo. • Papa Pio XI Já ao longo do século XX, com a Revolução Russa e a Guerra Fria, o posicionamento da Igreja Católica contra o socialismo se manteve. Entre 1922 e 1939, o Papa Pio XI manteve tal postura e afirmou, na encíclica Divini Redemptoris: Procurai, Veneráveis Irmãos, que os fiéis não se deixem enganar! O comunismo é intrinsecamente perverso e não se pode admitir em campo nenhum a colaboração com ele, da parte de quem quer que deseje salvar a civilização cristã. E, se alguns, induzidos em erro, cooperassem para a vitória do comunismo no seu país, seriam os primeiros a cair como vítimas do seu erro; e quanto mais se distinguem pela antiguidade e grandeza da sua civilização cristã as regiões aonde o comunismo consegue penetrar, tanto mais devastador lá se manifesta o ódio dos "sem-Deus". — Papa Pio XI, 19 de março de 1937, Carta Encíclica Divini Redemptoris – #58. Papa Pio XII 40 • Papa Pio XII Já em contexto de Guerra Fria, o sucessor, Pio XII, também voltou a reforçar os males do comunismo e tratou de denunciar a violência stalinista contra os eslavos, além de, posteriormente, declarar em discursos os malefícios da Guerra Fria. Ainda sobre esse contexto, podemos observar um grande crescimento das atuações papais nas questões e conflitos internacionais. • Papa João XXIII O Papa João XXIII, por exemplo, em um momento delicado pós Segunda Guerra Mundial, manteve a condenação ao comunismo, mas tratou de reformar a Igreja. João XXIII foi responsável por aproximar a Igreja de outros grupos religiosos, sobretudo aos judeus, tão impactados pela recente shoá, assim como, foi também fundamental para a modernização do catolicismo através do Concílio Vaticano II. Ainda neste contexto, João XXIII se tornou um grande protagonista na luta pela
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