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Módulo 1 Curso de Aperfeiçoamento em Bem-Estar no Contexto Escolar

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Módulo 1
BEM-ESTAR E COMUNIDADE ESCOLAR: ESTUDANTES, PROFESSORES, GESTORES E FAMÍLIAS
Apresentação
Ao pensar em escola pensamos, principalmente, nos professores e nos alunos. No entanto, a comunidade escolar vai um pouco mais além, englobando os gestores escolares e os familiares dos estudantes.
Neste módulo estudaremos como deve ocorrer uma melhora no bem-estar de cada um dos sujeitos que estão envolvidos na comunidade escolar.
Assim, as cinco unidades deste módulo abordarão a relação das pessoas com o bem-estar, envolvendo, na primeira parte, aspectos como qualidade de vida, desenvolvimento da infância e da adolescência na escola, o papel do professor na preparação do estudante para uma vida em sociedade, a educação para carreira, o bem-estar no ambiente de trabalho (considerando o contexto atual de pandemia de COVID-19) e a relação família e trabalho.
Já na segunda parte, veremos o papel do gestor escolar e o impacto do seu trabalho para a promoção de bem-estar na escola, as estratégias que podem contribuir para a melhoria da experiência de trabalho, a relação entre escola e família, os estilos parentais, os estilos de liderança dos professores e, por fim, os desafios da famílias com seus filhos adolescentes.
Para uma visão geral do material e assim iniciar o seu percurso de leitura, confira o sumário a seguir.
Sumário
· Apresentação01
· Unidade 1 - Bem-estar no contexto escolar02
· Unidade 2 - bem-estar e estudantes13
· Unidade 3 - bem-estar e professores(as)31
· Unidade 4 - bem-estar e gestores47
· Considerações finais73
Bons estudos!
UNIDADE 1 - BEM-ESTAR NO CONTEXTO ESCOLAR
1.1 Saúde e bem-estar
Nesta primeira parte, abordaremos os conceitos de qualidade de vida e de saúde e bem-estar em suas diferentes dimensões (física, mental e social), além de apresentar os dados provenientes de pesquisas científicas e o instrumento WHOQOL-bref, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Por fim, materiais com dicas para cuidar da saúde, bem-estar e qualidade de vida durante a pandemia do COVID-19 também serão compartilhados.
Antes de entrarmos na discussão sobre o assunto, façamos as seguintes questões:
· O que as pesquisas mostram sobre as condições de saúde e bem-estar dos indivíduos na atualidade?
· O que é qualidade de vida?
· O que pode ser feito para investir em saúde, bem-estar e qualidade de vida em tempos de pandemia?
Prossiga na leitura do material para responder a esses questionamentos!
Socialmente é comum pensar que uma pessoa possui uma boa saúde quando não apresenta sintomas ou doenças. Entretanto, para a Organização Mundial da Saúde (OMS) o conceito de saúde é abrangente e envolve mais do que somente a ausência de enfermidades. Para a OMS, saúde diz respeito a um estado completo de bem-estar físico, mental e social. Por mais que essa compreensão seja questionada, já que atingir um estado de completo bem-estar pode ser considerado utópico, essa definição de saúde permite olhar para os indivíduos de uma maneira mais complexa e sistêmica.
Bem-estar físico
O bem-estar físico abrange o bom funcionamento do corpo e podem ser considerados indícios desse bem-estar:
· não sentir dores,
· estar nutrido,
· ter uma boa qualidade de sono,
· conseguir se manter ativo,
· entre outros.
Uma das principais formas de cuidar do corpo é a prática de exercícios físicos. Praticar exercícios regularmente aumenta a sensação de bem-estar, garante maior energia e melhora o sono, resultando em benefícios para a saúde mental, entre outros ganhos.
Apesar da importância do cuidado com o corpo ser reconhecida socialmente, como aparece em sites, notícias e propagandas, os dados mostram outra realidade. Confira o estudo a seguir:
De acordo com um estudo realizado pela OMS, 47% das pessoas em idade adulta no Brasil não fazem atividades físicas suficientes, sendo que entre as mulheres esse número é ainda maior (53,3%). A ociosidade é um risco para a saúde e está relacionada com o desenvolvimento de doenças, como diabetes, obesidade e problemas cardíacos. Para mais detalhes sobre esse estudo, acesse o link:
https://www.thelancet.com/journals/langlo/article/PIIS2214-109X(18)30357-7/fulltext
Observação
A recomendação padrão da OMS é que seja praticado 150 minutos de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade elevada por semana para adultos.
Bem-estar mental
O bem-estar mental envolve saber manejar as diferentes situações estressoras da vida, lidar com as emoções, agir de modo consciente e reconhecer seus limites e potencialidades.
Ao contrário do bem-estar físico, os assuntos relacionados aos aspectos mentais são negligenciados socialmente.
Quanto menos se fala sobre saúde e bem-estar mental, mais pessoas sofrem sem nenhum apoio. Confira as informações a seguir:
Um estudo sobre a saúde mental divulgado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostrou que o Brasil apresenta as maiores taxas de incapacidade causada por depressão (9,3%) e ansiedade (7,5%) do continente americano. Ainda, a OPAS alerta que a depressão é um transtorno mental frequente e estima que mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo sofram com esse transtorno. Ressalta que as mulheres são mais afetadas que homens e que, nos casos mais graves, pode levar ao suicídio. Se quiser saber mais sobre os estudos da OPAS, acesse o link: https://www.paho.org/pt
SAIBA MAIS
Dicas para cuidar da saúde mental nas relações: Ao falar com amigos, familiares e colegas troque as frases “Você tem tudo, por que adoeceu?”, “Isso é só para chamar a atenção” ou “É coisa de gente fraca” por “Gostaria de conversar?”, “Estou aqui para ouvir e ajudar você” ou “O que ajudaria você nesse momento?”.
Bem-estar social
O bem-estar social compreende a capacidade de interagir com outras pessoas como familiares, amigos, colegas de trabalho e comunidade em geral. Além das relações, considera-se o modo como o contexto social e cultural no qual o indivíduo está inserido afeta sua saúde e bem-estar. Por exemplo, viver em um local com poucas possibilidades de trabalho e com baixo suporte social traz prejuízos para o bem-estar.
O ser humano é um ser social e é importante para o seu desenvolvimento contar com uma rede de apoio. Sobre a importância das relações sociais para a sobrevivência das pessoas, confira a pesquisa a seguir:
Um estudo alertou que a falta de relações sociais é um risco para o bem-estar e para a vida das pessoas. Os achados indicam que a influência das relações sociais no risco de morte de uma pessoa pode ser comparado com outros fatores de risco já conhecidos socialmente, como tabagismo, uso de álcool, falta de atividade física e obesidade. Ou seja, as relações sociais têm sido associadas não apenas à saúde mental, mas também à mortalidade.
Para saber mais sobre esse estudo, acesse o link:
https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1000316
SAIBA MAIS
Qualidade de vida
O conceito de qualidade de vida também está relacionado com a definição de saúde e bem-estar. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a qualidade de vida é entendida como a “percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores, nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Ou seja, diz respeito à percepção do próprio indivíduo sobre sua condição física, afetiva e cognitiva, sobre seus relacionamentos e sobre o ambiente e a sociedade onde vive.
A OMS desenvolveu um instrumento para avaliar a qualidade de vida das pessoas: o WHOQOL-bref.
Ele apresenta perguntas sobre os aspectos que podem afetar a qualidade de vida de uma pessoa, considerando quatro domínios específicos:
· Físico: diz respeito a presença de dor ou desconforto, baixa energia ou fadiga, qualidade do sono, mobilidade, capacidade para realizar atividades do cotidiano e de trabalho.
· Psicológico: envolve a percepção sobre a aparência física, capacidade de pensar, aprender, memorizar e de concentração, vivência da espiritualidade, religião e a presença de crenças pessoais. Ainda, considera aautoestima e a presença de sentimentos positivos e negativos.
· Relações sociais: abarca a percepção de suporte social e a vivência de diversos tipos de relações, como os relacionamentos íntimos e os familiares.
· Meio ambiente: diz respeito à segurança física, ambiente do lar, recursos financeiros, acesso à serviços de saúde e possibilidade de transporte e oportunidade de vivenciar momentos de lazer.
O que você pode fazer para ter uma melhor qualidade de vida?
Considerando as dimensões do conceito de qualidade de vida apresentadas anteriormente, vejam algumas dicas para investir e melhorar a sua:
· Domínio físico: busque reservar na sua agenda um tempo para o lazer e para o autocuidado. Considere esse momento um compromisso como qualquer outro e evite desmarcá-lo com facilidade. Inclua exercícios físicos, alimentação saudável e sono de qualidade na sua rotina.
· Domínio psicológico: busque investir no autoconhecimento. Conheça seu mundo interno, reconheça suas emoções, pensamentos e comportamento frente às mais diversas situações (O que sente? O que pensa? Como age?)
· Domínio das relações sociais: se estiver se sentindo sobrecarregado(a), busque o apoio de familiares, amigos e colegas. Invista na sua comunicação, e para que ela seja uma ferramenta eficaz, faça os passos seguintes:
· Observe a situação;
· Perceba seus sentimentos;
· Identifique suas necessidades;
· Faça o pedido de ajuda.
· Domínio do meio ambiente: se você trabalha ou estuda em casa, busque reservar um espaço onde você consiga organizar seus materiais. Ainda, explique aos seus familiares que nesses momentos você precisa se concentrar, combinando previamente em que circunstâncias eles podem te interromper.
Dicas para sua saúde, bem-estar e qualidade de vida na pandemia da COVID-19
As preocupações com a saúde, bem-estar e qualidade de vida aumentaram durante a pandemia da COVID 19.
O que pode ser feito para diminuir ou evitar os impactos negativos da pandemia nas nossas vidas?
É importante que você acesse agora os artigos:
Aspectos físicos
Para dicas sobre como praticar atividades físicas em casa, consulte a cartilha pelo link:
https://www.pucrs.br/wp-content/uploads/2020/05/como_achatar_a_curva_em-casa_cartilha_sobre_pratica_de_atividade_fisica_durante_a_pandemia_COVID-19.pdf
Aspectos mentais
Para dicas sobre como lidar com o estresse, consulte a cartilha pelo link:
https://www.puc-campinas.edu.br/wp-content/uploads/2020/04/cartilha-enfrentamento-do-estresse.pdf.pdf
Aspectos sociais e contextuais
Para dicas sobre habilidades sociais e relações interpessoais, consulte a cartilha pelo link:
https://www.coronavirus.uerj.br/wp-content/uploads/2020/06/cartilha_habilidades_sociais_pandemia.pdf
Referências
· Fleck, M. P. A. (2000). O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Ciência & Saúde Coletiva, 5(1), 33-38. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232000000100004 .
· Guthold, R., Stevens, G. A., Riley, L. M., & Bull, F. C. (2018). Worldwide trends in insufficient physical activity from 2001 to 2016: a pooled analysis of 358 population-based surveys with 1·9 million participants. The Lancet Global Health, 6(10), e1077-e1086. http://dx.doi.org/10.1016/S2214-109X(18)30357-7 .
· Holt-Lunstad J, Smith T. B., Layton J. B. (2010). Social Relationships and Mortality Risk: A Meta-analytic Review. PLoS Medicine, 7(7): e1000316. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000316 .
· Pan American Health Organization. (2018). Health Indicators. Conceptual and operational considerations. Washington, D.C.: PAHO.
· The Whoqol Group (1995). The world health organization quality of life assessment: position paper from the world health organization. Soc Sci Med, 41(10):1403-1409.
· Weide, J. N., Vicentini, E. C. C., Araújo, M. F., Machado, W. L., & Enumo, S. R. F. (2020). Cartilha para enfrentamento do estresse em tempos de pandemia. Campinas: Puc-Campinas.
UNIDADE 1 - BEM-ESTAR NO CONTEXTO ESCOLAR
1.2 Bem-estar no ambiente escolar
Neste tópico estudaremos o bem-estar nas escolas e o porquê dele ser tão importante para os diferentes atores que estão presentes no ambiente escolar, além de demonstrarmos os principais desafios para alcançar o bem-estar nesse contexto.
Antes de iniciarmos a leitura do material, façamos os seguintes questionamentos:
· Por que o bem-estar na escola é importante?
· Quais são os desafios para alcançar o bem-estar nas escolas?
· O que as escolas podem fazer para promover bem-estar?
Prossiga na leitura para responder a essas questões!
Por que o bem-estar na escola é importante?
Durante a infância e a adolescência, o contexto escolar e o processo de escolarização têm grande influência no desenvolvimento. Isso porque as escolas não são apenas espaços para o desenvolvimento de habilidades intelectuais e acadêmicas, elas também contribuem para a formação de indivíduos mais resilientes diante da adversidade, mais conectados com as pessoas e comunidades em que se inserem e capazes de ter e buscar suas aspirações para o futuro. Ainda, o ambiente escolar tem uma função socializadora, pois conta com regras, normas e cultura próprias.
Essas características descritas irão influenciar as atitudes e os comportamentos dos alunos no decorrer de suas vidas, por isso, assegurar o bem-estar nas escolas é tão importante. Elas ainda têm o papel de apoiar os alunos para que façam escolhas de estilo de vida saudáveis e compreendam as consequências de tais escolhas para a saúde e o bem-estar.
As competências sociais e emocionais, bem como outros conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que os jovens aprendem em sala de aula, os ajudarão a desenvolver estratégias fundamentais para a gestão da saúde física e mental ao longo de suas vidas. Além disso, as escolas são ambientes capazes de fornecer aos alunos informações confiáveis e ajudá-los a desenvolver os recursos necessários para refletir criticamente sobre suas escolhas e sobre as influências que a sociedade exerce sobre cada um de nós, inclusive por meio da pressão de colegas, da publicidade, da mídia social e dos valores familiares e culturais.
Pesquisas demonstram que existe uma ligação direta entre o bem-estar e o desempenho acadêmico. Alunos com baixos níveis de bem-estar têm maior probabilidade de apresentar dificuldades escolares e de aprendizagem, e menores níveis de engajamento escolar. Isso pode levar a experiências escolares negativas e de insucesso, além de aumentar as chances de que desenvolvam depressão, de fazer uso abusivo de substâncias ou de cometer infrações.
Todavia, há evidências de que práticas escolares voltadas para a promoção do bem-estar cognitivo, social e emocional podem resultar em redução do estresse, melhora nos déficits de atenção e na capacidade de autorregulação entre adolescentes.
Outro exemplo de promoção do bem-estar nas escolas é o incentivo à prática de atividade física, que está associada à melhoria do aprendizado e à uma maior capacidade de concentração. Relacionamentos fortes e de apoio, por sua vez, fornecem os recursos emocionais para que os estudantes possam sair de sua "zona de conforto" intelectual e explorar novas ideias e formas de pensar, prática esta que é fundamental para o desempenho educacional e para o desenvolvimento de uma futura carreira profissional.
Além disso, as emoções positivas, que caracterizam uma situação de bem-estar, estão associadas ao desenvolvimento da flexibilidade e da adaptabilidade, à abertura para outras culturas e crenças e à autoeficácia e tolerância à ambiguidade - competências destacadas pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura e pela Base Nacional Comum Curricular por sua relevância para o desenvolvimento de cidadãos e futuros trabalhadores.
Observação
Há evidências, também, de que existe uma forte relação entre o bem-estar e o suporte social geral e o recebido no contexto escolar. O suporte social, por sua vez, é apontado como uma variável protetiva da saúde mental de jovens e adolescentes, além de estar associadoà predição do desempenho escolar.
De forma semelhante, a adaptabilidade comportamental e de carreira têm fortes correlações com o bem-estar escolar. A adaptabilidade comportamental diz respeito à capacidade do indivíduo para lidar com situações novas e está associada negativamente com comportamentos disfuncionais. Já a adaptabilidade de carreira, é entendida como a prontidão e os recursos que um indivíduo possui para lidar com tarefas atuais e iminentes de desenvolvimento de carreira, transições ocupacionais e traumas pessoais. Essa adaptabilidade tem associação com a formação de expectativas em relação ao futuro e com a inteligência emocional dos estudantes.
Esses resultados evidenciam a relevância do bem-estar para o enfrentamento de questões apontadas como problemáticas no período da infância e da adolescência, como a saúde mental, os comportamentos disfuncionais e a transição de carreira.
Assista o vídeo de uma entrevista com Jean Gordon, que tem uma vasta experiência em políticas e sistemas educacionais. Nesta entrevista, ele analisa o conceito de Bem-estar e o seu papel significativo nas escolas.
Link para acesso ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ITswBJdx0KU
Quais são os desafios para alcançar o bem-estar nas escolas?
Um dos desafios de tentar promover o bem-estar nas escolas é a natureza multifacetada do bem-estar, uma vez que existem vários tipos, e todos precisam ser promovidos até certo ponto para criar uma sensação geral de bem-estar em uma pessoa. Portanto, não é possível melhorar o bem-estar dos alunos na escola por meio de intervenções ou atividades únicas, é preciso criar uma "cultura" de bem-estar em toda a escola. Além disso, se torna fundamental o envolvimento ativo de todos os atores educacionais, o que pode ser tornar algo difícil de ser alcançado.
Observação
É importante notar que a promoção do bem-estar, às vezes, pode parecer entrar em conflito com outras prioridades da escola, como os resultados acadêmicos. As expectativas excessivamente altas sobre os alunos no rendimento escolar e nas avaliações constantes, por exemplo, podem prejudicar o bem-estar do aluno.
No entanto, sabemos que, em muitos casos, as escolas não têm liberdade para implementar mudanças na rotina escolar, embora elas possam trazer maiores níveis de bem-estar aos alunos. Algumas pequenas modificações que podem contribuir para uma melhora do bem-estar escolar são:
· ter controle sobre avaliações e testes formais,
· ter controle sobre o conteúdo dos currículos,
· ter o poder de modificar o calendário e as atividades escolares previstas para o ano/semestre/bimestre
· modificar o próprio ambiente físico da escola.
Além disso, as escolas não têm controle sobre diversos fatores que podem influenciar o bem-estar dos alunos fora dela. O que acontece em casa, na família, nas comunidades locais ou nas redes sociais, por exemplo, pode ter tanta, senão mais, influência no bem-estar do aluno do que qualquer evento que aconteça na escola.
Alguns estudos sugerem que, embora contribuam para a performance dos estudantes, as escolas têm pouco impacto sobre o bem-estar deles. Esse resultado poderia estar relacionado à baixa disponibilidade de ferramentas e políticas para a melhoria do bem-estar, ou ao tempo limitado dedicado a atividades relacionadas a aspectos não acadêmicos da aprendizagem, como é o caso do ensino de competências socioemocionais.
O desenvolvimento da percepção de bem-estar nos alunos torna-se ainda mais difícil quando os adultos que trabalham na escola não apresentam características de bem-estar.
Importante!
Destacamos que o bem-estar no trabalho está fortemente relacionado ao estresse, e este no trabalho está diretamente relacionado à sobrecarga, à qualidade das relações profissionais, ao nível de autonomia, de clareza sobre o papel, à disponibilidade de apoio e à (falta de) oportunidades de se envolver em mudanças que afetam a própria vida profissional. Altos níveis de estresse podem levar à desmotivação, à falta de satisfação no trabalho e à saúde física e mental precárias, o que tem um efeito indireto no bem estar dos alunos.
Módulo 1
BEM-ESTAR E COMUNIDADE ESCOLAR: ESTUDANTES, PROFESSORES, GESTORES E FAMÍLIAS
Curiosidade
A edição 2015 do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA) incorporou uma nova ferramenta que visa avaliar os aspectos relacionados ao bem-estar dos alunos, com base nas cinco dimensões propostas no referencial teórico do PISA: cognitiva, psicológica, social, física e material. Para isso, foram analisadas as respostas de 248.620 estudantes de 35 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aos questionários PISA 2015.
Neste estudo, o efeito da escola foi entendido como sua capacidade de aumentar os níveis de bem-estar percebidos pelos alunos, considerando as seguintes informações sobre a escola:
· Tipo de escola (pública ou privada),
· Proporção aluno-professor,
· Tamanho da escola (em número de alunos),
· Tamanho da turma (em número de alunos),
· O quanto as atividades de ensino de ciências eram dirigidas pelos professores (e não pelos alunos), - O quanto as atividades de ensino e aprendizagem de ciências eram baseadas em pesquisas e práticas (não em aulas transmissivas) e
· O quanto os alunos percebiam ter o apoio do professor nas suas escolhas nas aulas de ciências.
Leia a síntese dos principais resultados do estudo:
Os resultados indicaram que a dimensão de bem-estar cognitivo, composta por prazer em ciências, autoeficácia e motivação instrumental, bem como ansiedade de teste, todas tiveram uma relação consistente com o desempenho dos alunos em todos os países. Além disso, o efeito da escola, estimado por meio de um modelo linear hierárquico de dois níveis, em termos de bem-estar do aluno, foi sistematicamente baixo. Enquanto o efeito escola foi responsável por aproximadamente 25% da variância nos resultados para a dimensão cognitiva, e apenas 5–9% da variância nos indicadores de bem-estar foi atribuível a ele. Isso sugere que a influência da escola no bem-estar dos alunos é fraca e o efeito é semelhante entre os países. O presente estudo contribui para a discussão geral em curso sobre a definição de bem-estar e a relação entre bem-estar e realização. Os resultados destacaram duas preocupações complementares: há uma necessidade clara de promover a educação socioemocional nas escolas e é importante desenvolver um quadro rigoroso para a avaliação do bem-estar.
Se você tiver interesse em ler a publicação completa, pode acessá-la em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2020.00431/full#F1.
O que as escolas podem fazer para promover o bem-estar?
Abordar o bem-estar dos estudantes na escola começa por ajudá-los a se sentirem reconhecidos e valorizados como indivíduos distintos, e deixando claro que a vida escolar tem um significado e um propósito para cada um deles. Isso pode ser alcançado por diversas estratégias simples. O efeito cumulativo dessas estratégias pode ter uma influência muito poderosa na sensação de bem-estar dos alunos.
Veja algumas sugestões de estratégias listadas a seguir:
· Criar oportunidades para que todos os membros da comunidade escolar participem de tomadas de decisão significativas para a escola.
Isso pode ser assegurado, por exemplo, por meio de consultas, pesquisas de opinião, eleição de representantes de classe, feedback em sala de aula sobre atividades de aprendizagem, além de contemplar os interesses dos estudantes na definição dos conteúdos abordados e nos métodos utilizados em sala de aula;
· Desenvolver um ambiente acolhedor.
É importante assegurar que todos na escola possam se sentir apoiados e seguros, para que possam desenvolver atividades significativas como, por exemplo, clubes, grupos e associações que tratem de questões que preocupam os jovens, como a saúde e o auxílio a grupos mais vulneráveis.
· Tomar medidas para reduzir a ansiedade com relação às avaliações.
Isso pode ser facilitado por meio da introdução de formas de avaliação menos estressantes, como a avaliação formativa,a avaliação por pares e o envolvimento dos alunos na identificação das suas próprias necessidades de avaliação;
· Promoção de um clima positivo dentro da sala de aula.
Empregar métodos de ensino como a aprendizagem cooperativa, além de métodos centrados no aluno, no tempo auto-organizado, nas atividades ao ar livre, entre outros que contribuam para um clima positivo, incrementando os níveis de bem-estar;
· Dialogar sobre bem-estar.
Encontrar oportunidades no currículo para falar sobre questões de bem-estar com os alunos, por exemplo, alimentação saudável, saúde mental, exercícios, abuso de substâncias, relacionamentos positivos;
· Integrar a cidadania democrática e a educação.
Permitir ampliar a compreensão intercultural em diferentes disciplinas escolares e atividades extracurriculares como, por exemplo, abertura para outras culturas no Ensino Religioso, conhecimento e compreensão crítica dos direitos humanos nas Ciências Sociais, empatia na Literatura;
· Comunicação não-violenta e gestão de conflitos.
Introduzir ferramentas que auxiliem na gestão de conflitos lideradas pelos próprios estudantes, inclusive em situações como a intimidação, o bullying e o assédio, através da mediação de pares e da justiça restaurativa;
· Melhorar o ambiente físico da escola.
Tornar o ambiente escolar mais amigável ao aluno, por exemplo, utilizando móveis e acessórios novos, áreas acarpetadas, esquemas de cores apropriados, áreas de banheiro seguras e limpas, áreas de lazer e espaços de aprendizagem alternativos;
· Encorajar uma alimentação mais saudável e a prática de atividades físicas.
Oferecer opções saudáveis na cantina da escola como, por exemplo, evitando grandes quantidades de açúcar, gorduras saturadas e sal. Estimular a realização de atividades físicas, para além das aulas de educação física, estimulando caminhadas, e utilizando escadas ao invés de elevadores, quando possível.
· Trabalhar com os pais.
Eles são figuras fundamentais para o desempenho e o senso de propósito dos alunos na escola. Por isso é importante envolvê-los em conversas e ações relacionadas, por exemplo, à alimentação saudável, ao uso seguro da Internet e às comunicações entre casa e escola.
Iniciativas individuais como essas podem ser reunidas no nível de toda a escola por meio de um processo de desenvolvimento de políticas que façam do bem-estar uma questão acadêmica. Abordar o bem-estar dos alunos na escola sempre anda de mãos dadas com ações de proteção à saúde e ao bem-estar dos professores e atores educacionais.
Importante!
A importância do bem-estar dos professores
Tão importante quanto pensar em como a escola pode promover o bem-estar dos estudantes, é pensar em como pode promover o bem-estar de seus professores. Nesta palestra, a educadora Sydney Jensen faz um alerta: os professores, que absorvem o peso emocional das experiências de seus alunos, também precisam estar atentos à sua saúde mental e seu bem-estar. Ela também mostra como as escolas podem ser criativas no apoio à comunidade escolar e seus atores.
Link para o vídeo:
https://www.ted.com/talks/sydney_jensen_how_can_we_support_the_emotional_well_being _of_teachers.
Vamos à próxima unidade, estudar sobre como pode se dar a relação entre bem-estar e estudantes!
Referências
· Cowburn, A., & Blow, M. (2017). Wise up: Prioritising wellbeing in schools. Young Minds. https://youngminds.org.uk/media/1428/wise-up-prioritising-wellbeing-in-schools.pdf
· Govorova, E., Benítez, I., & Muñiz, J. (2020). How Schools Affect Student Well-Being: A Cross-Cultural Approach in 35 OECD Countries. Frontiers in Psychology, 11, 431–444. doi:10.3389/fpsyg.2020.00431
· Parreiral, S. (2014). Bem-estar escolar: Percepções sobre a participação e envolvimento institucional dos alunos/ Wellbeing at school: Students’ perceptions of institutional participation and envolvements, In Veiga, F. M.; Almeida, A.; Carvalho, C.; Galvão, D.; Goulão, F.; Marinha, F.; Festas, I.; Janeiro, I.; Nogueira, J.; Conboy, J.; Melo, M.; Taveiro, M. C.; Bahia, S.; Caldeira, S. & Pereira, T. Atas do I Congresso Internacional Envolvimento dos Alunos na Escola: Perspetivas da Psicologia e Educação, IE-UL, ISBN: 978-989-98314-7-6, pp. 1704-1718.
· Silva, J. L. D. (2019). Escala de bem-estar subjetivo escolar: elaboração de itens e estudos psicométricos. (Dissertação de Mestrado). https://www.usf.edu.br/galeria/getImage/385/3734863702879761.pdf
UNIDADE 2 - BEM-ESTAR E ESTUDANTES
2.1 Infância, bem-estar e escola
Nesta parte estudaremos as tarefas de desenvolvimento da infância e como a escola pode auxiliá-las, estimulando o autoconhecimento e a exploração do ambiente, além de conhecermos os elementos que compõem o bem-estar na infância, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Por fim, dicas de atividades que estimulam o bem-estar físico, mental e social dos alunos também serão apresentadas.
· O que é a infância?
· Qual o papel da escola no desenvolvimento das crianças?
· Quais os aspectos que interferem no bem-estar das crianças?
Prossiga na leitura do material para responder a essas questões!
Infância
Todas as pessoas criam representações sobre o que é a infância. Elas são construídas a partir das experiências de vida e pela forma como cada cultura caracteriza essa etapa do ciclo vital. A imagem que se constrói sobre a infância marca profundamente as relações com as crianças e suas famílias.
A infância pode ser entendida como uma etapa do desenvolvimento humano que ocorre nos primeiros anos de vida de um indivíduo e considera-se que ela possa ir até os 12 anos de idade. Apesar de estar marcada no tempo, cada criança vai vivenciar seu processo de crescimento de modo único, considerando os aspectos biológicos, familiares, sociais e culturais. Assim, pode ser diferente ser criança na cidade de São Paulo e no interior do estado do Rio Grande do Norte.
Apesar das singularidades, essa etapa é marcada por algumas tarefas de desenvolvimento que vão sendo alteradas e ficando mais complexas ao longo do tempo. Ao considerarmos as crianças que já frequentam a escola, podemos dizer que as principais demandas da infância são:
· Entrar em contato com pessoas que apresentam valores e comportamentos diferentes da sua família;
· Aprender a se relacionar e desenvolver habilidades sociais;
· Reconhecer e aceitar regras e limites;
· Reconhecer e aprender a lidar melhor com as emoções;
· Aprender sobre a importância do autocuidado, como alimentação, higiene e sono;
· Desenvolver habilidades básicas de autorregulação (ex.: gerenciamento de tempo).
· Criar hábitos positivos de estudo.
· Desenvolver conhecimentos acadêmicos específicos.
Esse conjunto de tarefas busca desenvolver a autoconfiança e a autonomia para enfrentar os desafios que surgem ainda na infância, mas também prepara a criança para o período da adolescência que virá a seguir. Durante esse processo, mais do que qualquer outro momento da vida, as crianças precisam ser acompanhadas pelos adultos à sua volta. Os primeiros adultos responsáveis por estimular o desenvolvimento das crianças são os familiares, seguidos pelos professores e pela escola como um todo.
Infância e o ambientes escolar
A escola por muito tempo foi considerada exclusivamente um espaço para aprender conteúdos específicos. No entanto, seu papel na formação dos indivíduos vai além do conhecimento adquirido durante as aulas de português, matemática ou ciências naturais, pois também é função da escola auxiliar a criança no seu desenvolvimento como pessoa. Assim, podemos destacar que é papel da escola estimular e desenvolver estes três grandes aspectos:
· Autoconhecimento: no ambiente escolar, a criança vai vivenciar situações que talvez não experiencie em casa, como não ter a atenção total do(a) professor(a), ter que esperar a sua vez de brincar, errar alguma resposta em uma avaliação e seguir normas. Esses momentos são ótimas oportunidades para ensinar a criança a reconhecer o que está sentindo, validar as emoções e orientar sobre modos positivos de reagir.
· Estimular a curiosidade por assuntos e conteúdos:o papel do(a) professor(a) é estimular a criança para que ela desenvolva sua curiosidade, buscando criar seu próprio caminho de conhecimento. Deve-se apresentar novos conteúdos para os alunos e incentivar que busquem mais informações sobre os temas, desenvolvendo também a criatividade e o pensamento crítico. É neste processo que a criança começa a identificar habilidades e interesses que irão influenciar suas tomadas de decisão ao longo da vida.
· Socialização: a escola é um ambiente coletivo em que o(a) professor(a) tem a função de mediar as relações, estimulando para que a criança desenvolva habilidades sociais, como a capacidade de trabalhar em grupo, a comunicação, a empatia e a assertividade. Ao conviver em um espaço com pessoas que possuem visões e valores diferentes, as crianças também têm a oportunidade de desenvolver a tolerância e o respeito ao próximo.
Bem-estar na infância
Ao incentivar que as crianças se conheçam e explorem o ambiente a sua volta, a escola trabalha para garantir o bem-estar dos alunos. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o bem-estar das crianças depende de aspectos individuais e da influência do ambiente, seja familiar, escolar e das relações com os pares. A proposta da UNICEF para entender o bem-estar em crianças envolve os seguintes domínios:
· Bem-estar material: diz respeito ao quanto a família consegue garantir itens educacionais para que a criança possa estudar.
· Bem-estar educacional: abarca gostar e se sentir bem no ambiente escolar e ter acesso a conteúdos e informações.
· Relacionamentos: envolve o apoio dos cuidadores/familiares.
· Saúde e segurança: aborda o cuidado com sobrepeso/obesidade e acesso à serviços de saúde.
· Comportamentos de risco: exposição muito grande à internet ou vivenciar situações de violência.
· Bem-estar subjetivo: entre outros, ressalta o nível de satisfação com a vida em geral.
Bem-estar e escola
Diante de tantos elementos que compõem o bem-estar das crianças, sejam eles físicos, mentais ou sociais, os(as) professores(as) devem estar atentos(as) para que as atividades propostas na escola invistam na saúde de seus alunos, abarcando, sempre que possível, algum desses pontos. Pequenas práticas e atividades podem ajudar nisso. A tabela abaixo apresenta alguns obstáculos que afetam o bem-estar e sugestões de atividades para estimular os(as) professores(as) em suas práticas:
	Bem-estar
	Sugestão de atividades
	Físico - Autocuidado e alimentação
Obstáculo: A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o número de crianças e adolescentes (de cinco a 19 anos) obesos em todo o mundo aumentou dez vezes nas últimas quatro décadas.
Leia mais sobre esse tema em:
https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5527:obesidade-entre-criancas-e-adolescentes-aumentou-dez-vezes-em-quatro-decadas-revela-novo-estudo-do-imperial-college-london-e-da-oms&Itemid=820.
	Elaborar uma linha do tempo da alimentação no Brasil: incentivar que os alunos pesquisem e conversem com seus familiares sobre os padrões alimentares e suas mudanças ao longo da história do país. Essa atividade permite identificar costumes que se mantêm ou que se perderam, práticas saudáveis ou não, interações entre culturas diferentes e, principalmente, o posicionamento crítico quanto às escolhas de alimentos.
	Mental - Reconhecer as emoções e cuidar da saúde mental
Obstáculo: Segundo a OMS, o índice de crianças entre 6 e 12 anos diagnosticadas com depressão saltou de 4,5% para 8% entre os anos de 2007 a 2017.
Leia mais sobre esse tema em:
https://www.paho.org/pt/topicos/depressao.
	Iniciar a atividade assistindo ao filme “Divertida Mente”. Depois, discutir as características de cada emoção e estimular que os alunos desenhem o nojo, a raiva, o medo, a tristeza e a alegria e escrevam em que situações eles percebem que elas estão mais presentes.
	Social - Investimentos nos relacionamentos
Obstáculo: Nas relações sociais, o bullying é um desafio ao bem-estar na escola desde a primeira infância. Esse tipo de agressão pode ter como consequência casos de depressão, ansiedade, baixa autoestima, entre outros prejuízos para o desenvolvimento infantil.
Leia mais sobre esse tema em: Zequinão, M. A., Medeiros, P., Pereira, B., & Cardoso. (2016). Bullying escolar: um fenômeno multifacetado. Educação e Pesquisa, 42(1), 181-198.
https://dx.doi.org/10.1590/S1517-9702201603138354.
	Proponha uma roda de conversa com os alunos. Entregue um rolo de barbante para um deles e esclareça que ele deverá fazer uma pergunta a um colega e lhe entregar o fio (após responder à pergunta, continua segurando o fio e escolhe outro colega, que ainda não participou, para fazer outra pergunta). As crianças que respondem à pergunta permanecem segurando o fio. Ao final, será formada uma teia e todos os alunos terão contado uma curiosidade aos colegas. A atividade é uma oportunidade para a turma se conhecer e criar um clima de proximidade.
Importante!
Cabe ressaltar que todo o trabalho realizado nas escolas a fim de promover o bem-estar das crianças só será efetivo se contarem com o apoio dos pais e de outros familiares. A relação entre escola e família e o papel dos familiares no desenvolvimento das crianças serão abordados nas unidades seguintes deste módulo.
Referências
· Brasil. Ministério da Saúde (2014). Guia de sugestões de atividades: semana saúde na escola. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica; Ministério da Educação. – Brasília: Ministério da Saúde.
· Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). 2007. Child poverty in perspective: An overview of child well-being in rich countries - Report Card nº 7. Florence: UNICEF Innocenti Research Centre. Disponível em: http://www.unicef-irc.org/publications/pdf/rc7_eng.pdf.
· Instituto Ayrton Senna. (2020). Ideias para o desenvolvimento de competências socioemocionais: Engajamento com o outro. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/IAS_Macro_Engajamento_2020.09.09.pdf?utm_source=site&utm_medium=hub-1009.
· Papália, D., Olds S., Feldman, R. (2006). Desenvolvimento humano. 8 ed. Porto Alegre: Artmed.
UNIDADE 2 - BEM-ESTAR E ESTUDANTES
2.2 Adolescência e bem-estar
Neste tópico faremos uma reflexão sobre a adolescência e suas tarefas de desenvolvimento, bem como o papel dos(as) professores(as) na preparação dos estudantes para a vida em sociedade. Além disso, apresentaremos as competências que podem contribuir para que a adolescência seja vivida de forma plena e segura, e, por fim, daremos sugestões de atividades para trabalhar a construção da identidade, da autonomia e da interação social dos adolescentes.
· Quais são as tarefas de desenvolvimento dos adolescentes?
· Qual o papel dos(as) professores(as) no desenvolvimentos dos alunos adolescentes?
· Quais elementos garantem que a adolescência seja vivida de forma plena e segura?
Prossiga na leitura do material para que você consiga responder a esses questionamentos!
Adolescência
A adolescência costuma ser entendida como uma etapa da vida que vai dos 12 aos 20 anos. Nesta etapa, o adolescente terá que lidar com diferentes transformações, seja no corpo ou na mente, que ocorrem de forma rápida e profunda. É neste momento, também, que os relacionamentos ganham maior destaque, principalmente as amizades e os relacionamentos amorosos.
Culturalmente, essa etapa do ciclo vital é interpretada como sendo uma “crise” ou como também é chamada, de forma preconceituosa, a fase da “aborrescência”.
Essas representações descrevem a adolescência como um momento de transição e de confusão, pois já não se é mais criança, mas também não se é adulto. Entretanto, a adolescência não é apenas uma ponte entre a infância e a adultez, pelo contrário, ela é um momento que apresenta tarefas e demandas próprias, que precisam ser valorizadas e reconhecidas.
Entre as principais tarefas da adolescência, destacam-se:
· Lidar com o crescimento e as mudanças físicas;
· Cada vez mais, desenvolver a capacidadede pensar em termos abstratos e utilizar o raciocínio científico;
· Desenvolver conhecimentos acadêmicos específicos e em conexão com o mercado de trabalho;
· Construir a sua identidade, o que envolve a identidade sexual;
· Questionar e repensar valores herdados da família de origem;
· Fazer e manter amizades e contar com elas para o desenvolvimento do seu autoconceito;
· Aproximar-se de novas temáticas, como trabalho, política, direitos sociais, planejamento financeiro, entre outros.
De modo geral, a adolescência se apresenta como um momento de maior autoconhecimento e exploração do mundo ao seu redor. Esse processo costuma ser influenciado pelos grupos de amigos, pelas experiências além da escola e da família e pelo acesso a novas informações e conteúdos.
Adolescência e o Ambiente Escolar
Um grande erro ao se pensar sobre a adolescência é entendê-la apenas como um momento em que o indivíduo precisa e deseja estar sozinho. Nesta fase da vida é importante que a autonomia seja estimulada e a privacidade respeitada, mas a presença e o apoio da família e da escola são fundamentais para a saúde e o bem-estar dos adolescentes.
Pais, tios, avós e professores servem como pontos de referência, os quais o adolescente irá usar para guiar a sua trajetória.
Dessa forma, qual é o papel dos(as) professores(as) no desenvolvimento de seus alunos adolescentes?
· Dar o exemplo mantendo uma atitude positiva e respeitosa;
· Estimular a cooperação entre os alunos;
· Auxiliar na criação do senso de responsabilidade, por exemplo, ao estipular prazos para a entrega de atividade;
· Equilibrar a participação entre meninas e meninos, incentivando que elas participem cada vez mais, já que as normas culturais desencorajam a participação de mulheres em espaços públicos;
· Ser claro(a) ao impor limites na relação. Apesar da proximidade, ser professor(a) é diferente de ser amigo(a). A docência requer afeto e responsabilidade;
· Aproveitar as aulas e as atividades para inserir temas que acolham suas angústias, por exemplo, o final do ensino médio e a entrada no mercado de trabalho;
· Criar espaços para que temas sobre bem-estar (físico, mental e social) sejam reconhecidos e debatidos;
· Olhar para o adolescente para além do papel de estudante, compreendendo que eles assumem outros papéis, como filho(a), amigo(a) e, principalmente, cidadão e cidadã.
SAIBA MAIS
Ao compreender a escola como um ambiente que prepara para a vida em sociedade, recomenda-se a leitura do guia a seguir, com reflexões sobre como envolver adolescentes nas decisões da escola e promover uma cultura de participação:
Guia Participação de estudantes na escola: https://bit.ly/2wBYm0F
Bem-estar na Adolescência
Diversos aspectos, sejam individuais ou sociais, incluindo a exposição à pobreza e à situações de violência, podem afetar o bem-estar dos adolescentes. Meninos e meninas têm o direito de viverem essa etapa de forma saudável física, intelectual, emocional e socialmente.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), garantir esse direito é um desafio de todos (família, escola, comunidade e dos próprios adolescentes). Com base nisso, a UNICEF reuniu 20 competências que podem contribuir para que a adolescência seja vivida de forma plena e segura, garantindo o bem-estar.
Observação
Vale lembrar que competência diz respeito à capacidade de fazer uso de conhecimentos, habilidades e atitudes para lidar com situações cotidianas adequadamente.
Quais são essas competências?
· Aprender e expressar seus conhecimentos acadêmicos;
· Desenvolver o pensamento analítico;
· Desenvolver o autoconhecimento, a autoestima, o autocontrole e a autoconfiança;
· Buscar proteção e superar dificuldades;
· Gerenciar conflitos de forma saudável e positiva;
· Desenvolver a comunicação interpessoal;
· Estabelecer relações afetivas e sustentáveis no âmbito da família e da comunidade;
· Adotar atitude de respeito e valorização das diferenças;
· Desenvolver preferências estéticas e sensibilidade cultural e artística;
· Utilizar as novas tecnologias da informação e comunicação, inclusive as mídias sociais, com senso crítico;
· Identificar quando as pessoas precisam de ajuda e adotar atitude de solidariedade;
· Adotar atitude financeira responsável;
· Desenvolver talentos e adquirir aptidões profissionais;
· Adotar atitude ambiental responsável;
· Conhecer e reivindicar seus direitos e assumir suas responsabilidades;
· Participar de processos decisórios na esfera pública;
· Defender a ética, o respeito às coisas públicas e os mecanismos de controle social;
· Proteger a si e as pessoas com quem se relaciona das IST e do HIV/Aids;
· Tomar decisões sobre sua saúde sexual e sua saúde reprodutiva com autonomia, informação, apoio e cuidado;
· Ter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas.
Bem-estar e escola
Nesta etapa da vida, por apresentarem maior autonomia em suas rotinas, muitas famílias podem assumir uma postura de descaso frente ao bem-estar de seus filhos e a mesma situação também pode ocorrer nas escolas. No entanto, a adolescência é repleta de desafios e os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam os adultos/responsáveis sobre a necessidade de cuidar dos adolescentes. Entre os dados, destacam-se:
· O suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.
· As condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos.
· Muitos fumantes adultos fumam o primeiro cigarro antes dos 18 anos de idade.
· A violência interpessoal foi classificada como a segunda principal causa de morte entre adolescentes do sexo masculino em 2016.
SAIBA MAIS
Para mais informações, acesse o link:
https://www.paho.org/pt/topicos/saude-mental-dos-adolescentes .
Diante do que foi exposto, é importante ressaltar que os adolescentes precisam ser protegidos e orientados, com respeito e acolhimento, no ambiente escolar. Podemos considerar que os principais pontos de desenvolvimento que irão impactar no bem-estar dos adolescentes são:
· formação da identidade,
· capacidade de interação e
· construção da autonomia.
A seguir, serão apresentadas sugestões de atividades para serem trabalhadas no contexto escolar e estimular o desenvolvimento desses aspectos nos adolescentes.
	
	 
O que é bem-estar para você?
Por fim, sugere-se que as escolas promovam um espaço de escuta e acolhimento aos alunos. Antes de criar projetos sobre como investir em um ambiente que promova bem-estar, físico, mental e social, pergunte aos próprios alunos o que é bem-estar para eles, como buscam cuidar de si e quais temas eles percebem que precisam conhecer mais.
Referências
· Fundo das Nações Unidas para a Infância. (2018). Competências para a vida: trilhando caminhos de cidadania. Brasília-DF.
· Luz, R. T., Coelho E. A. C., Teixeira M. A., Barros, A. R., Carvalho, M. F. A. A., & Almeida, M. S. (2018). Estilo de vida e a interface com demandas de saúde de adolescentes. REME – Rev Min Enferm, 22: e-1097.
· Moreira, R. M., Boery, E. N., Oliveira, D. C., Sales, Z. N., Boery, R. N. S. O., Teixeira, J.R. B., Ribeiro, Í. J.S., & Mussi, F. C. (2015). Representações Sociais de adolescentes sobre qualidade de vida: um estudo de base estrutural. Ciência & Saúde Coletiva, 20(1), 49-56. https://doi.org/10.1590/1413-81232014201.20342013 .
· Papália, D., Olds S., Feldman, R. (2006). Desenvolvimento humano. 8 ed. Porto Alegre: Artmed.
· Senna, S. R. C. M., & Dessen, M. A. (2015). Reflexões sobre a saúde do adolescente brasileiro. Psicologia, Saúde & Doenças, 16(2), 217-229. https://dx.doi.org/10.15309/15psd160208 .
UNIDADE 2 - BEM-ESTAR E ESTUDANTES
2.3 Educação para a carreira
Neste tópico, estudaremos o que é a Educação para carreira e como trabalhá-la na escola, além de apresentar os principais conceitos de carreira e as principais estratégias pedagógicas para abordá-la na escola. Discutiremos o papel do professor neste processo e serão analisados os resultados de uma intervenção em educação para carreira.
· O que é a Educaçãopara a Carreira?
· Como a educação para a carreira se relaciona com a formação integral do estudante?
· Quais os desafios em se pensar educação para a carreira no Brasil?
Prossiga na leitura do material para o esclarecimento dessas questões!
Educação para a carreira
O termo Educação para a Carreira é utilizado para descrever atividades sistemáticas que promovem o desenvolvimento de competências-chave para a carreira no contexto educacional. Mais que competências diretas utilizadas no dia a dia do trabalho, trata-se de um modo de atuar no mundo que permite saber tomar decisões, traçar planos e conquistar seu desenvolvimento de forma crítica e responsável.
Tal temática torna-se relevante em um mundo no qual os desafios enfrentados pelas pessoas são cada vez mais complexos e mudam com uma velocidade cada vez maior. É dito que vivemos tempos líquidos, justamente porque a realidade (cheia de normas, regras, expectativas, preferências e gostos) não permanece da mesma forma por muito tempo.
Essa dinamicidade, atrelada ao bombardeio massivo de informações disponíveis a qualquer momento - muitas vezes sem confiabilidade sobre o seu conteúdo -, pode representar uma ameaça e gerar ansiedade ao estudante e futuro cidadão. As mudanças frequentes criam a necessidade de os jovens estarem estimulados por experiências diferentes a todo o momento, e essa realidade merece uma atenção especial.
Aprender a tomar consciência de si e do mundo, e também como decidir e agir com intencionalidade passa a ser essencial para existir em sociedade. E nesse intuito, o convite aqui é para que tomemos consciência sobre como apoiar os alunos a construírem seus projetos de carreira e de vida, incluindo o desenvolvimento de habilidades de construção que os acompanharão ao longo de toda a trajetória profissional.
Um programa de Educação para a carreira estruturado ajuda o jovem estudante a se conhecer melhor, a saber buscar informações sobre o mercado de trabalho e a tomar decisões que o preparem para atuar profissionalmente, em equilíbrio com os demais papéis de vida.
Observação
Sendo assim, a sistematização das atividades em cima de conceitos, tarefas e estratégias envolvendo o tema carreira apoiarão o jovem a aprender como construir um projeto de carreira e de vida. Também será possibilitada a aprendizagem de competências chave que uma vez cristalizadas, servirão, no futuro, para aumentar as chances de êxito na entrada e na permanência no mercado de trabalho e satisfação geral da pessoa.
Irão ajudar, por fim, a desenvolver uma atitude favorável ao desenvolvimento saudável, adquirindo valores congruentes com uma sociedade em que o trabalho existe e tem um papel fundamental no ajuste da pessoa ao meio.
Ouça o episódio do GEDCast Descobrindo Carreiras, para saber mais sobre Educação para a Carreira
(https://anchor.fm/gedcast/episodes/5---GEDCast Educao-para-carreira-ehgkom).
O que é Educação para carreira?
O conceito original de Educação para a carreira, que é da década de 1970, a define como o esforço total da educação e da comunidade, de forma mais ampla, aplicado para ajudar as pessoas a se familiarizarem com os valores de uma sociedade orientada para o trabalho. Ajuda, portanto, a integrar tais valores aos sistemas de valores pessoais e a implementá-los à vida.
Ao tornar para si esses valores, as pessoas poderão ser participativas, em condições favoráveis, de forma crítica e responsável, na sociedade, e poderão desfrutar de uma vida significativa, digna e satisfatória.
Mas para além de compreender o papel da escola e dos demais atores envolvidos nesse desafio, é preciso antes compreender o que é Carreira.
Definiremos aqui carreira como algo que é construído ao longo da vida e que envolve diferentes papéis, incluindo o de trabalho, e é inserida em um mundo imprevisível. Para ampliar a compreensão dessa definição, apresentaremos cada um dos elementos que compõem a afirmativa acima separadamente, com uma breve justificativa:
A carreira é construída ao longo da vida
Por muito tempo, principalmente na sociedade industrial, pensar em carreira estava associado à escolha de uma profissão e as pessoas tendiam a entrar num emprego e progredir, de forma linear, nesse local por muito tempo.
A imprevisibilidade que passou a marcar o mercado de trabalho a partir da década de 90, influenciada pela globalização e pelas transformações tecnológicas. Antes, aquele ciclo de escolher uma profissão/emprego, desenvolver-se, evoluir e então aposentar-se (desligar-se) durava uma vida. Hoje essa mesma sequência pode acontecer em períodos de tempo mais curtos, podendo se repetir dezenas de vezes ao longo da vida.
As pessoas estão podendo escolher a todo momento: mudar de emprego, mudar de carreira, voltar a estudar depois de uma trajetória profissional consolidada, etc. Por isso, para auxiliar na construção de um projeto de vida, não mais apenas de carreira, é preciso atentar para o desenvolvimento das competências de adaptação, de tomada de decisão, e de planejamento e avaliação das experiências, que serão cada vez mais exigidas, bem como no desenvolvimento de uma atitude favorável ao aprendizado constante.
Para além do conhecimento específico, apoiar na compreensão de como se dá o aprendizado, ajudando a pessoa a aprender e a escolher o que aprender, responde melhor aos desafios de desenvolvimento da carreira no século XXI.
A carreira envolve diferentes papéis
Muitas vezes quando pensamos em carreira, pensamos no papel profissional e de estudante que a pessoa desenvolve. Porém, um dos principais teóricos de orientação profissional (Donald Super), na década de 80, questionou essa crença e referenciou uma frase com muito sentido na forma de compreender a carreira atualmente, que diz: “enquanto um indivíduo trabalha, ele vive a sua vida”. Temos com isso uma forma de encarar a construção de carreira integrada aos demais papéis de vida. Assim, ao refletir sobre carreira é preciso também pensar no papel familiar, de cidadão, de lazer, de amizade, etc.
Mas afinal, o que são papéis de vida? Quando paramos para pensar no estilo de vida que uma pessoa tem, podemos defini-lo a partir dos papéis e posições que essa pessoa ocupa. Os papéis ajudam a estruturar a vida de alguém, e dão sentido para a trajetória de cada um. Assim, uma pessoa que tem um papel familiar muito central, provavelmente dedicará mais tempo e esforço para manter as coisas bem no ambiente familiar, assim como ela sentirá mais senso de significado e propósito enquanto estiver realizando essas atividades.
Justamente pela centralidade que um papel irá ocupar na vida de uma pessoa (e pelas consequências que o tempo dedicado a ele irão influenciar em quanto de energia se coloca em outros papéis) que ao se abordar o tema carreira, é preciso apresentar essa perspectiva integrada da vida. Forçadamente as escolhas de como atuar em cada papel irão implicar nos demais papéis, por isso a importância de adotar uma perspectiva mais holística da vida ao se tratar da discussão da construção de carreira.
A carreira em um mundo imprevisível
Quando pensamos em carreira, muitas vezes a primeira imagem que nos vem à cabeça está bastante associada ao crescimento dentro de uma organização, de forma estável, alcançando aqueles padrões conhecidos de sucesso: cargos e salários bons.
Na verdade, hoje em dia as trajetórias de carreira tendem a ser bem mais tortuosas que essa. Seja por um movimento iniciado pelas pessoas, buscando atividades em que possam se sentir realizadas e que atendam a critérios de sucesso subjetivos (‘propósito’, ‘realização’ e ‘sentido’ são palavras comumente utilizadas para referenciar esse conceito de “sucesso subjetivo”); ou seja por uma iniciativa da organização ou do mercado, uma vez que ao repensar suas estruturas, constantemente, as chances de controlar todos os movimentos de carreira estão ficando cada vez menores.
Tal fato reflete em movimentos como:
· empreender em iniciativas pessoais por necessidade ou transformando um hobby ou uma paixão em fonte de renda;
· parar de trabalhar paravoltar a estudar e mudar de carreira;
· inserir-se no mercado de trabalho por uma escolha forçada de necessidade de sobrevivência, sem refletir sobre uma ocupação coerente com os próprios interesses;
· prestar serviços por meio de aplicativos e tantas outras formas de gerar renda a partir de um trabalho - sem necessariamente ser empregado.
Toda essa configuração tem marcado o desenvolvimento de carreira com outras características.
Por fim, vale ainda destacar que a Educação para a carreira não é um conjunto novo de conhecimentos, como uma nova disciplina. É, sim, uma nova visão sobre como ensinar, aproveitando as oportunidades existentes e complementando com outras para fins de esclarecer como as pessoas operam no mundo do trabalho. Ajuda, deste modo, o aluno a construir de forma consciente e intencional o seu papel e posição no mundo, bem como uma atitude frente a vida.
DICA
Faça uma reflexão sobre o quanto as pessoas que estão próximas a você exercem influência sobre suas escolhas.
Para isso, você pode fazer um genograma profissional, que se trata de um mapa que usa símbolos para descrever a dinâmica de uma família ao longo de várias gerações. O Genograma Profissional revela essa dinâmica familiar com base em profissões.
Para saber como montar um genograma profissional, você pode acessar esse material:
https://edisciplinas.usp.br/mod/folder/view.php?id=264742#:~:text=Como%20fazer%20um%20Genograma%3F,um%20dos%20membros%20da%20fam%C3%ADlia
Após elaborar seu genograma profissional, responda as questões abaixo:
· Existem valores e caminhos que a família tende a escolher?
· Há padrões?
· Alguém fugiu desse padrão?
· Quais expectativas são geradas das gerações anteriores para as posteriores?
· Quais os tipos de curso as pessoas que me influenciaram seguiram?
· Todos fazem/fizeram curso superior?
· Quais são os cursos mais valorizados?
· Para as pessoas mapeadas, como eu imaginava que eles me veriam se eu escolhesse a profissão de professor?
· Como eles lidam com seus trabalhos e com suas escolhas?
Quais as estratégias para implementar a Educação para a carreira nas escolas?
· Estratégias aditivas: acréscimos feitos ao currículo e que são caracterizadas por envolverem atividades e objetivos diversos, tais como autoconhecimento, informação profissional e escolha de cursos e carreira.
· Estratégias infusivas: integradas ao currículo, tornando o trabalho e a carreira transversais e abordando temas como valores, conhecimentos e atitudes relevantes ao desenvolvimento vocacional e da carreira.
· Estratégias mistas: uma disciplina incluída na grade curricular ou como parte do conteúdo de uma disciplina.
Quem é responsável por educar para a carreira?
Esta não é uma resposta simples, pois a educação para a carreira exige um esforço articulado entre os diferentes atores que interagem com uma criança e com um adolescente, que são: pais, professores, pares e a comunidade como um todo.
Inserir a temática da educação para a carreira no processo de ensino aprendizagem traz ganhos, pois ajuda a preparar os jovens para a vida profissional. Além disso, promove o desenvolvimento de valores adaptativos para a existência em uma sociedade em que o papel do trabalho, dentre outros papéis, é bastante central.
A escola tem parte da responsabilidade de abordar os temas de carreira e formação profissional com os alunos, mas para alcançar os melhores resultados para o desenvolvimento dos jovens, é preciso pensar em esforços integrados de todos os atores do contexto relacional dos estudantes. A influência que as figuras significativas que convivem com uma criança ou com um adolescente exercem na constituição da sua identidade é grande. Desse modo, na fase escolar, o autoconceito de carreira está sendo construído e os pais, colegas, professores e comunidade, como um todo, terão relação com a construção de um projeto vocacional consistente.
O papel dos professores é o de especialista no processo de ensino-aprendizagem. O orientador profissional é o especialista no desenvolvimento de competências de adaptação e consolidação da identidade profissional inserida num projeto de vida mais amplo.
Os pais exercem influência como figuras de referência e comparação, bem como de validação da decisão e influenciadores na forma como o próprio aluno se vê.
E a comunidade mais ampla é uma base de espelhamento na qual a construção do sentido que se dará aos papéis sociais, bem como as orientações das posições que podem ser ocupadas serão determinados. Vale aqui destacar a importância desses exemplos sociais, na construção de uma “permissão”, para desenvolver um certo plano de carreira. As referências e as inspirações muitas vezes são dadas nesse processo de identificação com outros significativos.
Observação
Vale reforçar que os feedbacks que a criança ou adolescente recebe do professor são muito importantes para definição do seu autoconceito. Quando um professor elogia um aluno em uma determinada disciplina, ele vai entendendo que é bom naquilo e pode desenvolver uma preferência por aquela disciplina. Da mesma forma, quando um professor julga a competência do aluno num conjunto de conhecimento, isso é assimilado por ele de alguma forma. Por isso a importância de o professor tentar buscar uma atitude mais neutra e de incentivo, para que o estudante tente se experimentar, desenvolvendo mais proficiência em determinado assunto.
Quais os resultados esperados de uma intervenção em Educação para a carreira?
Um programa de Educação para carreira bem implementado na escola, conforme mencionado anteriormente, ajuda a preparar os jovens para a vida profissional, incluindo habilidades do papel de trabalhador, da escolha da profissão e da inserção no mundo do trabalho. Ajuda, portanto, a formar alunos capazes de tornarem-se competentes nas mais diversas áreas que possam ser objeto de sua escolha de atuação e que saibam desenvolver essa competência dentro do contexto social dos quais são provenientes.
Observação
Assim, o resultado esperado é um aluno que conclua o ensino com condições mínimas para: interpretar informações do mundo do trabalho, conhecer a si mesmo, atribuir sentido às experiências vivenciadas na escola para que possa identificar áreas de interesse, e obter um conjunto de capacidades decisórias.
Veja a tabela abaixo em que estão apresentados os estímulos feitos aos estudantes e os possíveis resultados:
	
Exemplos de atividades que podem ser utilizadas com crianças e adolescentes em sala de aula:
· Autoconceito e Identidade
Nesta atividade, peça aos alunos que apresentem seus interesses pessoais, habilidades, valores, etc. através de uma colagem.
· Convide os alunos a compartilhar com a turma alguns de seus hobbies, matérias escolares favoritas, interesses, clubes aos quais pertencem, etc.).
· Com auxílio de revistas, jornais, cola e tesoura, cada aluno criará uma colagem que melhor ilustre seus interesses pessoais.
· Após, convide-os a listar seus cinco principais gostos e desgostos.
· Quando as colagens estiverem prontas, faça um mural com todas elas, sem identificá-las. Peça aos alunos que tentem adivinhar qual colagem pertence a cada colega.
· Reflexão sobre papéis sociais e cidadania
Neste exercício, comece pedindo que os alunos identifiquem os elementos que fazem parte de uma sociedade.
· Estimule que os alunos pensem nas instituições, relações, hierarquias, atores, dinâmicas, papéis, etc. que compõem uma sociedade.
· Vá anotando tudo em um quadro visível para os alunos.
· Depois peça que eles identifiquem quais desses elementos existem dentro da escola.
· Depois desse aquecimento, peça que eles tentem imaginar a sala de aula como uma sociedade e peça que reflitam sobre as questões abaixo:
· Que papel eu ocupo nessa sociedade?
· Eu sou um bom trabalhador nesta sociedade? Por quê?
· Eu sou um bom cidadão nesta sociedade?
· Qual legado eu vou deixar para essa sociedade?
· Como essa sociedade influencia a me tornar quem eu sou / quero ser?
· Onde eu mais me comprometo e onde eu não me comprometo com essa sociedade?
· Como eu imagino queas atitudes e comportamentos que eu desenvolvo hoje me ajudarão me tornar o adulto que eu desejo no futuro?
· Promoção de Atitudes positivas
Nesta atividade, ajude seus alunos a identificarem as ações positivas que eles realizam ou que poderiam realizar para contribuir com as pessoas com quem interagem e com os ambientes em que estão inseridos.
· Escreva no quadro: “Em casa ...”, “Na escola ...” e “Na comunidade ...”
· Peça aos alunos que copiem essas frases em seus cadernos.
Em seguida, peça-lhes que listem maneiras de ajudar outras pessoas em cada categoria (por exemplo: “Em casa eu... faço minhas tarefas; alimento minha irmãzinha; recebo mensagens telefônicas claras”. “Na escola eu ... presto atenção na aula, na maioria das vezes; ajudo a manter a sala de aula organizada; leio com meu amigo da 1ª série; faço trabalho voluntário uma vez por semana”. “Na comunidade… eu ajudo a vizinha a carregar suas compras; eu coleciono dinheiro para a Unicef no Halloween; meu clube ajuda a reciclar produtos”.).
· Dê um tempo para que os alunos escrevam suas atividades.
· Ao final, faça uma breve discussão sobre como os alunos se sentem quando contribuem nesses ambientes.
· Reflexão sobre o que é o Sucesso
Nesta atividade os alunos irão explorar o sucesso e entender como ele é alcançado.
· Inicialmente peça aos alunos que descrevam pelo menos três histórias de sucesso que tiveram. Em seguida, peça-lhes que reflitam sobre o que tiveram que fazer para alcançar esses sucessos (por exemplo: estudar, praticar piano, praticar futebol).
· Após, solicite que escolham uma das suas histórias de sucesso para justificar o porquê do sucesso ter sido especialmente importante.
· Quando tiverem acabado, divida a turma em grupos para o compartilhamento das experiências (dos que se sentirem à vontade para partilhar).
Estimule que busquem semelhanças e diferenças encontradas nas ações para a conquista do sucesso e dos motivos pelo que o sucesso alcançado foi importante. Quando estiverem discutindo, passe nos grupos para troca de ideias e monitoramento da atividade.
· Ao final, abra um grande grupo para discussão e fechamento da atividade.
· Nesta parte apresentamos a Educação para a Carreira, discutimos os diferentes atores envolvidos na construção de carreira dos estudantes e apresentamos algumas atividades que podem ser utilizadas em sala de aula, com seus estudantes. Agora gostaríamos de convidar você a assistir o relato de uma experiência em Educação para a Carreira desenvolvida com crianças e apresentada no Seminário de Orientação Profissional em Escolas: Perspectivas em Educação para a Carreira, realizado em 26 de outubro de 2012.
· Na mesa "Orientação Profissional nas Escolas: Reflexões e Experiências", a segunda palestrante, Alyane Audibert Silveira, apresenta o trabalho "Orientação Profissional na Educação Infantil: Relato de uma experiência”.
· Para assistir, acesse o link:
· https://www.youtube.com/watch?v=ZbpXBDqwydw&feature=youtu.be
· Vamos agora para a próxima Unidade estudar um pouco mais sobre o bem-estar entre os professores e professoras!
· Slide 29
· Progresso do Módulo
Referências
· Faleiros, N. D. P., & Lehman, Y. P. (2016). Desafios na implantação da educação para a carreira no contexto escolar brasileiro. Revista Brasileira de Orientação Profissional, 17(2), 233-243.
· Munhoz, I. M. S., & Melo-Silva, L. L. (2011). Educação para a Carreira: concepções, desenvolvimento e possibilidades no contexto brasileiro. Revista brasileira de orientação profissional, 12(1), 37-48.
· Rodrígues-Moreno, M. L. (2008). A educação para a carreira: Aplicação à infância e à adolescência. In M. C. Taveira & J. T. Silva, Psicologia vocacional: Perspectivas para a intervenção (pp. 29-58). Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra;
UNIDADE 3 - BEM-ESTAR E PROFESSORES(AS)
3.1 Bem-estar e trabalho
Aqui será apresentado o conceito de bem-estar no trabalho e seus componentes, além de propor a reflexão acerca do bem-estar no trabalho no contexto laboral atual e, especificamente, neste cenário de pandemia de COVID-19.
· O que é bem-estar para você?
· Que relações existem entre bem-estar e trabalho?
Neste exercício, comece pedindo que os alunos identifiquem os elementos que fazem parte de uma sociedade.
O trabalho vem sofrendo alterações no decorrer do tempo e são notáveis as mudanças organizacionais e da natureza do trabalho, no final do século XX. Essas transformações ocorreram especialmente em resposta à globalização e ao avanço tecnológico, os quais são necessários para a competição e a sobrevivência no mercado de trabalho.
A partir da evolução do mercado de trabalho, a qualidade de vida e o bem-estar dos trabalhadores de algumas empresas têm sido alvo de melhorias. A fim de suprir condições prejudiciais à saúde no trabalho, aprimorar aspectos competitivos e cumprir legislações vigentes, o olhar sobre o bem-estar laboral tem sido priorizado.
O discurso sobre a qualidade de vida no trabalho é embasado na percepção individual das pessoas. Dessa forma, aspectos subjetivos são enfatizados como, por exemplo, a satisfação com o trabalho. Por outro lado, as características físicas do ambiente laboral também são entendidas como fatores que propiciam a qualidade de vida no trabalho.
O bem-estar no trabalho diz respeito à atribuição de características subjetivas sobre a qualidade de vida nesse ambiente. Tanto o bem-estar, quanto a qualidade de vida no trabalho são definições diferentes acerca de um mesmo fenômeno que tem por essência as percepções subjetivas relativas ao contexto laboral.
Quando falamos sobre bem-estar subjetivo, estamos nos referindo à percepção da avaliação que as pessoas fazem de sua própria vida. Essa assimilação acontece de forma cognitiva e em relação às satisfações das diversas áreas da vida, de modo geral, e com segmentos específicos como, por exemplo, relacionamentos e trabalho.
Observação
Esse movimento se dá a partir de uma análise pessoal em que se perceba a frequência na qual são experimentadas emoções positivas e negativas. O bem-estar subjetivo diz respeito a se perceber envolvido com mais afetos positivos do que negativos, o que gera um balanço de felicidade. Entretanto, um outro conceito é bastante utilizado e pode ajudar a compreender melhor do que estamos falando: o Bem-estar Psicológico (BEP).
O conceito de BEP consiste em funcionar de acordo com seu potencial. Para isso, a partir da convergência de diversas áreas do conhecimento e visando uma avaliação integral do potencial humano, tem-se que os seguintes componentes fazem parte do BEP:
· Autoaceitação: ter uma atitude positiva sobre si e aceitar as diversas características da própria personalidade;
· Relações positivas com os outros: possuir relacionamentos em que existam qualidades como acolhimento, segurança, intimidade e satisfação;
· Autonomia: ter a capacidade de fazer escolhas, ser independente e conseguir realizar uma autoavaliação com critérios próprios;
· Domínio sobre o ambiente: ter a capacidade de lidar com o contexto, a fim de satisfazer as necessidades pessoais;
· Propósito de vida: possuir objetivos de vida e direcionamento;
· Crescimento pessoal: estar disponível para novas experiências e percepção de crescimento pessoal contínuo;
É possível perceber que, dependendo do contexto de trabalho, fatores como autonomia, inovação, desempenho e reconhecimento aumentam o sentimento de bem-estar no trabalho.
Existem ainda três conceitos primordiais para a compreensão de bem-estar no trabalho: a satisfação no trabalho, o envolvimento com o trabalho e o comprometimento organizacional afetivo. Os dois primeiros significam vínculos positivos com o trabalho e o último se refere à organização:
· Satisfação no trabalho: caracterizada como o vínculo afetivo positivo com o trabalho, os quais podem ser: os bons relacionamentos com chefias e colegas de trabalho, as realizações consequentes da remuneração paga pela empresa, as possibilidades de promoções e as políticas de gestão.
· Envolvimento com o trabalho: percepção de produção de fluxo nas atividadesde trabalho, o que gera maior envolvimento e uma experiência positiva.
· Comprometimento organizacional afetivo: diz respeito às experiências positivas que o indivíduo estabelece com a empresa pela qual trabalha.
· A arte de ensinar e a pandemia covid-19: a visão dos professores. Disponível em:
http://www.faculdadeanicuns.edu.br/ojs/index.php/revistadialogosemeducacao/article/view/3 9
· Escute o episódio do GEDCast (o podcast do Grupo de Estudos Sobre o Desenvolvimento de Carreira) sobre o “bem-estar no trabalho e a importância da saúde mental”:
https://open.spotify.com/episode/538ICLbct10a4vLIbT2cxZ
Bem-estar no trabalho e o COVID-19
A partir desses entendimentos, fica evidente o impacto da pandemia da COVID-19 nas relações de trabalho e nas estruturas das organizações. Dadas as circunstâncias, as empresas precisaram reestruturar as equipes, organizar os regimes de trabalho e repensar a direção de seus negócios.
O próprio avanço tecnológico tem tido um papel essencial, tornando mais crítico os obstáculos a serem enfrentados, ao passo que essa evolução mobilizou diversos setores da sociedade, levando uma parcela a precarização do trabalho.
A arte de ensinar engloba diversos fatores, dentre eles a proximidade do professor com o aluno, a sensibilidade gerada pela presença física, o contato “olho no olho” e as trocas de experiências que acontecem na rotina escolar.
Dado o contexto de pandemia, a interação entre os estudantes e professores foi impactada de forma abrupta e, com isso, também o processo de aprendizagem. A interação presencial foi substituída pela interação no ambiente virtual e este processo foi sendo realizado ao custo de bastante insegurança e necessidade de adaptação de toda a comunidade escolar.
Portanto, o processo de aprendizagem e sua execução depende da figura dos educadores. Suas relações de trabalho, por vezes, já apresentavam desafios em contexto de normalidade e, agora, com o impacto da pandemia, a gravidade dos obstáculos pode ter sido intensificada.
Faça a leitura da cartilha “Bem-estar no trabalho em tempos de pandemia: um guia para profissionais em Home Office”. Acesse o material pelo link: https://www.pucrs.br/coronavirus/wp-content/uploads/sites/270/2020/06/2020_06_02- coronavirus-cartilhas-psicovida-bem-estar_no_trabalho_em_tempos_de_pandemia.pdf
Assista ao TED de Dan Ariely sobre o significado do trabalho. Nele, o economista comportamental apresenta duas experiências esclarecedoras que revelam atitudes inesperadas e cheias de nuances dos trabalhadores em relação ao significado de seu trabalho. Para assistir, acesse o link:
https://www.ted.com/talks/dan_ariely_what_makes_us_feel_good_about_our_work?language =pt-br
Referências
· Diener, E., Suh, E. & Oishi, S. (1997). Recent findings on subjective well being. Indian Journal of Clinical Psychology, 24(1), 25-41.
· Honorato, H. G., & Marcelino, A. C. K. B. (2020). A arte de ensinar e a pandemia covid-19: a visão dos professores. REDE-Revista Diálogos em Educação ISSN 2675-5742, 1(1), 208-220. https://doi.org/10.29327/218479.1.1-17 .
· Machado, Wagner de Lara, & Bandeira, Denise Ruschel. (2012). Bem-estar psicológico: definição, avaliação e principais correlatos. Estudos de Psicologia(Campinas), 29(4), 587- 595. https://doi.org/10.1590/S0103-166X2012000400013 .
· Moraes, R. B. de S. (2020). Precarização, Uberização do Trabalho e Proteção Social em Tempos de Pandemia. NAU Social, 11(21), 377-394.
· Rocha Sobrinho, F., & Porto, J. B. (2012). Bem-estar no trabalho: um estudo sobre suas relações com clima social, coping e variáveis demográficas. Revista de Administração Contemporânea, 16(2), 253-270. https://doi.org/10.1590/S1415-65552012000200006 .
· Ryff, C. D. (1989). Happiness is everything, or is it? Explorations on the meaning of psychological well-being. Journal of Personality and Social Psychology, 57(6),1069-1081.
· Ryff, C. D., & Keyes, C. L. M. (1995). The structure of psychological well-being revisited. Journal of Personality and Social Psychology, 69(4),719- 727. https://doi.org/10.1037/0022-3514.69.4.719 .
· Ryff, C. D., & Singer B. H. (1998). The contours of positive human health. Psychological Inquiry, 9(1),1-28. https://doi.org/10.1207/s15327965pli0901_1 .
· Silva, C. A. da, & Ferreira, M. C. (2013). Dimensões e Indicadores da Qualidade de Vida e do Bem-Estar no Trabalho. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 29(3), 331-339.
· Siqueira, M. M. M. & Gomide Jr., S. (2004). Vínculos do indivíduo com o trabalho e com a organização. Em J. C. Zanelli, J. E. Borges-Andrade & A. V. B. Bastos (Orgs), Psicologia, organizações e trabalho no Brasil (pp. 300-328). Porto Alegre: Artmed.
· Siqueira, Mirlene Maria Matias, & Padovam, Valquiria Aparecida Rossi. (2008). Bases teóricas de bem-estar subjetivo, bem-estar psicológico e bem-estar no trabalho. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(2), 201-209. <="" a="" style="box-sizing: border-box; color: rgb(231, 187, 11); text-decoration: none; background-color: transparent; overflow-wrap: break-word; cursor: pointer; word-break: break-all; transition-duration: 0.2s; font-weight: 400;">.
UNIDADE 3 - BEM-ESTAR E PROFESSORES(AS)
3.2 Construção de carreira
Neste tópico abordaremos a definição de carreira na atualidade, ressaltando o papel do indivíduo e do contexto na construção dela. Apresentaremos, também, o conceito de adaptabilidade de carreira e suas dimensões, além dos passos para o planejamento dessa.
· Por que é importante pensar sobre carreira?
· O que é adaptabilidade de carreira?
· Quais são os passos para planejar a carreira?
Prossiga na leitura do material para responder a esses questionamentos!
A importância de refletir sobre carreira
Qual imagem passa pela sua cabeça quando você pensa na palavra carreira? Geralmente, as pessoas descrevem uma escada ou uma montanha, em que o objetivo é o profissional chegar ao topo, ou seja, conseguir um bom cargo e um atrativo salário. Há também quem descreve um profissional trabalhando ou a imagem de um currículo, que contém todas as experiências acadêmicas e profissionais de uma pessoa.
Entretanto, essas imagens não dão conta da complexidade da palavra carreira na atualidade, pois focam somente no indivíduo ocupando o papel de trabalhador, cuja trajetória profissional é linear. Os indivíduos precisam estar cientes de que os aspectos de sua vida profissional são apenas parte de um grupo de demandas e preocupações que afetam as pessoas atualmente.
Dessa forma, falar sobre carreira é considerar o indivíduo imerso em suas relações sociais, ocupando diferentes papéis (como o papel de cônjuge, pai e mãe) e conciliando diversas tarefas ao longo do dia. Ou seja, falar de carreira é falar sobre um projeto de vida, em que se busca olhar para o papel de trabalhador em interação com os outros aspectos da história dos indivíduos.
Além disso, esse projeto de vida se dá em um contexto marcado por questões históricas, econômicas e sociais. O contexto atual é caracterizado por mudanças em uma velocidade acelerada, o que gera instabilidade e incertezas. Isso é consequência, em grande parte, de um mundo muito mais tecnológico e conectado, que exige um alto grau de adaptação.
Todos os dias os indivíduos devem se adaptar a algo novo, como fazer compras de supermercado por aplicativos, ter acesso a todas as informações por meio de um aparelho celular, ver e conversar com pessoas que estão a quilômetros de distância, e, também, a trabalhar com conteúdos novos e em formatos diferentes.
Curiosidade
Você sabe o que é o mundo VUCA? Leia sobre, acessando o link: https://exame.com/blog/sidnei-oliveira/o-mundo-vuca-da-geracao-millennials/
Adaptabilidade de carreira
Pode-se pensar sobre carreira usando a metáfora de uma estrada: a carreira de uma pessoa não é um caminho reto, mas uma estrada com diversos trajetos, com subidas e descidas, momentos de parada e de percursos em alta velocidade, de encontros e desencontros com diferentes pessoas. Nessa estrada, os indivíduos terão que aprender a usar seus recursos como: tomar uma decisão sobre qual caminho faz mais sentido

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