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Giardíase: Ciclo de Vida e Resposta Imune

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GIARDIA 
Giardia lamblia causa giardíase: é um protozoário flagelado capaz de se aderir firmemente à parede 
intestinal humana através de um disco de sucção digerindo as células e os fluidos teciduais. 
O disco adesivo, estrutura presente apenas nos protozoários do gênero Giardia, é formado por 
microtúbulos e microfilamentos compostos por a e p-tubulinas e por proteínas (enzimas) 
denominadas giardina e tubulina, que permitem a adesão do parasito à mucosa intestinal. 
 
 
 
 
CICLO DE VIDA: 
O ciclo de vida consiste em dois estágios, o trofozoíto e o cisto. 
 
O trofozoíto é piriforme e apresenta dois núcleos, quatro pares de flagelos e um disco de sucção 
com o qual o organismo se adere à parede intestinal. 
O cisto oval exibe parede espessa, quatro núcleos e diversas fibras internas. Cada cisto origina dois 
trofozoítos durante a excitação no trato intestinal. 
 
 
 
Mecanismo de agressão: Na forma de trofozoíto, a face ventral do parasita possui um disco 
adesivo, que é formado por microtúbulos e microfilamentos compostos por tubulinas que são 
proteínas giardinas. Esse disco permite a adesão do parasita à mucosa intestinal. 
 
Após aderir, o parasita altera o epitélio intestinal sem causar invasão celular. A colonização do 
intestino por esse parasita pode causar alteração na arquitetura da mucosa intestinal, 
especialmente, em relação à organização das microvilosidades. Essa alteração nas microvilosidades 
são as lesões provocadas pela Giardia que levam às consequências como a má absorção de gordura, 
nutrientes, vitaminas lipossolúveis, vitamina B12, ferro, xilose (tipo de monossacarídeo) e lactose; 
pode levar a diarreia, como esteatorreia, perda de peso e dores abdominais. 
 
 
 
 
 
RESPOSTA INATA: 
Barreiras naturais: presentes no intestino delgado, a camada de muco que protege o epitélio 
contra a ação das enzimas digestivas dificulta a adesão dos trofozoítos a mucosa, e assim interfere 
no estabelecimento da infecção. 
A principal resposta da imunidade inata aos protozoários é a fagocitose, mas muitos desses parasitas 
são resistentes à fagocitose e podem se replicar mesmo dentro de macrófagos. Alguns protozoários 
expressam moléculas de superfície que são reconhecidas por TLRs e ativam os fagócitos. As espécies 
de Plasmodium (o protozoário responsável pela malária), o Toxoplasma gondii (o agente que causa a 
toxoplasmose), e espécies de Cryptosporidium (o principal parasita que causa a diarreia em 
pacientes infectados pelo HIV), todos expressam lipídios glicosil fosfatidilinositol que podem ativar 
TLR2 e TLR4. 
Alguns protozoários patogênicos evoluíram para sobreviver no interior das células hospedeiras, de 
modo que a imunidade protetora contra estes organismos é mediada por mecanismos semelhantes 
aos que eliminam as bactérias intracelulares e os vírus. 
Vale destacar que o desenvolvimento de resposta imune para o controle da infecção por Giardia 
pode estar associado ao reconhecimento de antígenos relevantes do parasito. Desta forma, muitos 
antígenos têm sido identificados e caracterizados, principalmente, entre as proteínas de superfície 
dos trofozoítos. O conhecimento desses antígenos tem revelado diferenças antigênicas entre cepas 
de Giardia, que podem estar relacionadas com a virulência e com a patogenicidade do parasito. 
Estudos recentes reúnem evidências de que a recorrência da giardíase e as infecções crônicas 
podem estar associadas à variação antigênica do parasito. Este fenômeno que se caracteriza pela 
eliminação e troca de antígenos de superfície (variant surface proteins - VSPs) consiste em um 
mecanismo de escape de Giardia da resposta imune. 
 
RESPOSTA ADAPTATIVA: 
Embora a análise de estudos epidemiológicos, clínicos e experimentais evidencie o desenvolvimento 
de imunidade protetora na giardíase, ainda há muitos questionamentos sobre como o hospedeiro 
responde à infecção por Giardia e como o parasito sobrevive aos mecanismos de defesa do 
hospedeiro. 
Apesar de uma imunidade protetora ainda não ter sido demonstrada de forma conclusiva nas 
infecções humanas por Giardia, o desenvolvimento de resposta imune tem sido sugerido a partir de 
evidências, como: 
(1) a natureza autolimitante da infecção 
(2) a detecção de anticorpos específicos anti-Giardia nos soros de indivíduos infectados 
(3) a participação de monócitos citotóxicos na modulação da resposta imune 
(4) a maior suscetibilidade de indivíduos imunocomprometidos à infecção, especialmente aqueles 
que apresentam hipogamaglobulinemia 
(5) a menor suscetibilidade dos indivíduos de áreas endêmicas à infecção, quando comparados com 
os visitantes 
 (6) a ocorrência de infecção crônica em modelos animais atímicos ou tratados com drogas que 
deprimem a resposta humoral. 
 
O principal mecanismo de defesa contra os protozoários que sobrevivem dentro de macrófagos é a 
resposta imunológica mediada por células, em particular pela ativação de macrófagos por citocinas 
derivadas de células TH1. A infecção de camundongos com Leishmania major, um protozoário que 
sobrevive dentro dos endossomas de macrófagos, é o exemplo mais bem documentado de como a 
predominância das respostas TH1 ou TH2 determina a resistência ou a susceptibilidade à doença. 
 
 A resistência à infecção está associada à ativação de células T CD4+ TH1 específicas para 
Leishmania, que produzem IFN-γ e assim ativam os macrófagos para que destruam os parasitas 
intracelulares. Por outro lado, a ativação das células TH2 pelos protozoários resulta no aumento da 
sobrevivência do parasita e na exacerbação de lesões devido às ações supressoras de citocinas TH2 
de macrófagos. 
 
No que se refere à resposta imune específica, mecanismos humorais e celulares atuam diretamente 
no controle da infecção. Anticorpos IgG, IgM e IgA anti-Giardia têm sido detectados no soro de 
indivíduos com giardíase, no entanto, o papel destes anticorpos na imunidade protetora ainda não 
foi totalmente elucidado. 
A defesa contra muitas infecções por protozoários é mediada pela ativação das células TH2, o que 
resulta na produção de anticorpos. 
Os protozoários estimulam a diferenciação de células T CD4+ imaturas para o subconjunto de células 
efetoras TH2, que secretam IL-4 e IL-5. A IL-4 recruta mais linfócitos B, a IL-5 e IL-13 aumentam a 
motilidade/peristalse (diarreia) e estimula a produção de muco para eliminar o parasita. 
 
 A IL-4 estimula a produção de IgE, a qual se liga ao receptor Fc de eosinófilos e de mastócitos 
e a IL-5 estimula o desenvolvimento dos eosinófilos e ativa os eosinófilos. A IgE reveste os 
parasitas e os eosinófilos se ligam à IgE e são ativados para liberar seus conteúdos 
granulares, que destroem os helmintos (Cap. 20). As ações combinadas de mastócitos e 
eosinófilos também contribuem para a expulsão dos parasitas do intestino. A expulsão de 
alguns nematódeos intestinais pode ocorrer devido a mecanismos dependentes de IL-4 que 
não requerem IgE, como o aumento da peristalse. 
 
 
Além dos anticorpos circulantes, estudos têm demonstrado a participação de IgA secretora na 
resposta imune que é induzida na mucosa intestinal. A função exata de IgA na resposta imune local 
ainda não é bem conhecida, mas evidências sugerem que este anticorpo é capaz de reconhecer 
proteínas presentes no disco adesivo dos trofozoítos e assim, interferir na capacidade de adesão do 
parasito à superfície das células do epitélio intestinal. 
Na infecção humana, a deficiência de IgA secretora pode ser responsável pela cronicidade da 
infecção. 
 
Somente nos últimos anos, tem sido dada maior atenção à participação dos mecanismos imunes 
celulares na giardíase, contudo, a maioria das evidências tem sido reunida em estudos com animais 
de experimentação. Algumas observações experimentais sugerem a participação de mecanismos T-
dependentes: (1) estudos com camundongos atímicos, infectados com Giardia, demonstraram que 
apenasos animais capazes de desenvolver resposta linfoproliferativa, evoluíram para a cura e (2) a 
ocorrência de aumento na relação de linfócitos T auxiliares/supressores na lâmina própria do jejuno 
de camundongos durante a fase de cura. 
Com respeito aos linfócitos T (CD4 e CD8+), nas infecções humanas e murinas, somente a depleção 
das células CD4+ é capaz de promover a persistência da infecção e o aumento na excreção de cistos 
nas fezes. Além disso, alguns estudos têm demonstrado a participação de células como monócitos, 
macrófagos e granulócitos na destruição de trofozoítos, por meio de reações de citotoxicidade 
anticorpo-dependentes (ADCC). Há evidências de que os mastócitos também atuam no controle da 
infecção, influenciando o desenvolvimento, a intensidade e a duração da resposta imune específica. 
 
TRANSMISSÃO: 
A transmissão ocorre pela ingestão de cistos em alimentos e água contaminados por fezes. A 
excistação (liberação de trofozoítos - cada cisto produz dois trofozoítos) ocorre no duodeno, onde o 
trofozoíto se adere à parede intestinal, mas não invade. 
O trofozoíto causa inflamação da mucosa duodenal, acarretando má absorção de proteínas e 
gorduras. 
 
O organismo é encontrado mundialmente; nos Estados Unidos, cerca de 5% dos espécimes fecais 
contêm cistos de Giardia. Aproximadamente metade dos indivíduos infectados são portadores 
assintomáticos, que excretam cistos durante anos. 
A deficiência de IgA predispõe à infecção sintomática. Além de endêmica, a giardíase ocorre em 
surtos relacionados a suprimentos de água contaminada. A cloração não mata os cistos, entretanto a 
filtração promove sua remoção. Pessoas que fazem trilha e ingerem água de riachos não tratada 
frequentemente são infectadas. Várias espécies de mamíferos, assim como os humanos, atuam 
como reservatórios; eles eliminam cistos nas fezes, os quais contaminam as fontes de água. A 
giardíase é comum em homossexuais masculinos, como resultado do contato oral-anal. 
Sua incidência é alta também em crianças de creches e entre pacientes de hospitais psiquiátricos. 
 
ACHADOS CLÍNICO: 
G. intestinalis é a causa da giardíase, uma doença diarreica prolongada. Algumas vezes persistindo 
por semanas, a giardíase é caracterizada por mal-estar, náuseas, flatulência (gases intestinais), 
fraqueza, perda de peso e cólicas abdominais. O odor distinto do sulfeto de hidrogênio 
frequentemente pode ser detectado no hálito ou nas fezes. O protozoário muitas vezes ocupa um 
espaço tão grande na parede intestinal que interfere na absorção dos alimentos. 
 
DIAGNÓSTICO: 
O diagnóstico é realizado pela observação de trofozoítos ou cistos, ou ambos, nas fezes diarreicas. 
Em fezes formadas, por exemplo, em portadores assintomáticos, apenas cistos são observados. 
Um teste de ELISA, que detecta antígenos da parede de cistos de Giardia nas fezes, também é 
bastante útil. Quando o exame microscópico das fezes é negativo, deve ser realizado o teste do 
cordão, que consiste na deglutição de um cordão com um peso até o cordão atingir o duodeno. Os 
trofozoítos aderem-se ao cordão e podem ser visualizados após a remoção deste. 
Não há testes sorológicos disponíveis. 
TRATAMENTO: 
O tratamento de escolha consiste em metronidazol (Flagyl) ou hidrocloreto de quinacrina. 
 
PREVENÇÃO: 
Envolve a ingestão de água fervida, filtrada ou iodinada, em regiões endêmicas ou durante a 
realização de trilhas. 
Não há fármacos profiláticos ou vacinas. 
 
TINIDAZOL: 
O tratamento com metronidazol ou tinidazol é eficaz para erradicação dos trofozoítos teciduais 
(forma adulta). 
Metronidazol é pró-fármaco, ativado intracelularmente após absorção pelo parasito. A forma ativa 
reduzida liga-se covalentemente ao ácido desoxirribonucleico (DNA), interferindo na estrutura 
helicoidal, inibindo sua síntese e, consequentemente, sua divisão celular. Também inibe função 
respiratória da forma adulta do parasito (trofozoíto). 
O tinidazol apresenta mesmo perfil farmacológico que o metronidazol, porém com menor risco de 
efeitos adversos. É administrado na dose única de 2 g e 1g para crianças, e apresenta meia-vida 
plasmática mais longa que o metronidazol (12 a 14 horas). Sua ligação à proteína plasmática é de 
menos de 12% e o pico de concentração plasmática é atingido em 1,6 hora se administrado em 
jejum. 
Este produto também é apresentado sob a forma de supositórios, com bons resultados; deve-se 
repetir a dose 1 semana depois;