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Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE FRUTAS EM DIETAS PARA PIAVA* 
 
Rafael LAZZARI1; Juliano UCZAY1; Rômulo Batista RODRIGUES1; Dirleise PIANESSO2; 
Taida Juliana ADORIAN2; Patricia Inês MOMBACH2 
 
RESUMO 
A piava (Leporinus obtusidens) é um peixe nativo das regiões sudeste e sul do Brasil, de hábito 
alimentar onívoro e com grande potencial para a piscicultura nacional. Neste estudo, foi avaliado o 
crescimento, atividade de enzimas digestivas e composição corporal de piavas alimentadas com 
dietas contendo resíduos de frutas: uva, laranja, goiaba e figo. Foram utilizados 180 peixes (peso 
médio inicial = 9,53 ± 1,82 g), alimentados durante 45 dias, duas vezes ao dia (5% PV). Não houve 
diferença no crescimento dos peixes em relação aos resíduos de frutas avaliados. A atividade da 
lipase foi significativamente maior (p = 0,0001) nos peixes alimentados com as dietas contendo 
resíduo de uva em 5,52%, 24,41% e 47,25% em relação aos alimentados com resíduos de figo, goiaba 
e laranja, respectivamente. A atividade de tripsina foi 28,88% significativamente menor (p = 0,02) 
nos peixes alimentados com a dieta contendo resíduo de laranja em relação aos alimentados com 
resíduo de uva. A quimotripsina e glicose plasmática não diferiram nos peixes alimentados com os 
resíduos nos diferentes tratamentos. Não foram observadas diferenças na gordura e na proteína 
bruta corporal dos peixes. Os resíduos de frutas avaliados podem ser ingredientes alternativos em 
potencial em dietas para juvenis de piava. 
Palavras chave: Leporinus obtusidens; subprodutos; fontes alternativas; atividade enzimática 
 
USE OF FRUITS WASTE IN DIETS FOR PIAVA 
 
ABSTRACT 
The piava (Leporinus obtusidens) is an omnivorous native fish of southeastern and southern Brazil 
and has great potential for national fish farming. In this study, were evaluated growth, digestive 
enzyme activity and body composition of piavas fed diets containing fruit waste: grape, orange, 
guava and fig. They were used 180 fish (initial weight = 9.53 ± 1.82 g), fed 45 days, twice a day (5% 
BW). There was not difference between fruit wastes evaluated in the diet on growth parameters. 
Lipase activity was higher (p = 0.0001) in fish fed diets containing grape in 5.52%, 24.41% e 47.25% 
then fish fed with fig, guava and orange, respectively. Trypsin activity was 28.88% lower (p = 0.02) 
in fish fed with diet containing orange waste then fed with grape waste. Chymotrypsin and plasma 
glucose did not differ between fish fed with diets containing different fruit wastes. No differences 
were observed in body fat and crude protein of fish fed the different diets. The fruit waste 
evaluated may be alternative ingredients in diets for piava juveniles 
Keywords: Leporinus obtusidens; food waste; alternative sources; enzymatic activity 
 
 
 
 
 
 
Artigo Científico: Recebido em 04/05/2014 – Aprovado em 18/03/2015 
1 Laboratório de Piscicultura, Departamento de Zootecnia e Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Maria 
(UFSM). Av. Independência, 3751 – CEP: 98.300-000 – Palmeira das Missões – RS – Brasil. e-mail: rlazzari@ufsm.br 
(autor correspondente) 
2 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Av. Roraima, 1000 – CEP: 
97.105-900 – Santa Maria – RS – Brasil 
* Apoio Financeiro: FAPERGS – RS (Processo 11/1626-6, Edital ARD 01/2011). 
228 LAZZARI et al. 
Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
 
INTRODUÇÃO 
A piscicultura constitui importante fonte de 
produção de proteína de origem animal com 
alto valor biológico. Pode ser uma ótima fonte de 
renda, desde que sejam adotadas metodologias 
racionais de criação, utilizando processos 
alternativos de alimentação (SANTOS et al., 2009). 
Segundo levantamento estatístico, a produção 
mundial de pescado tem crescido constantemente 
nas últimas cinco décadas, aumentando, em 
média, 3,2% ao ano (FAO, 2014). A otimização da 
nutrição dos peixes, buscando ingredientes 
alternativos para a produção de dietas, é um 
aspecto fundamental para melhorar a rentabilidade 
da atividade (SANTOS et al., 2009). 
A piava (Leporinus obtusidens) é uma espécie 
nativa da região sul e sudeste do Brasil. 
Pertencente à família Anastomidae é um peixe 
migrador (TAITSON et al., 2008). Apresenta 
hábito alimentar onívoro de amplo espectro, 
alimentando-se de insetos, restos de peixes e 
vegetais (RADÜNZ NETO et al., 2006; LAZZARI 
et al., 2007). É uma espécie com grande potencial 
para criação em cativeiro, pois apresenta bom 
desempenho e aceita dietas fabricadas. Além 
disso, desde a fase de pós-larvas, pode aproveitar 
ingredientes de origem vegetal, sem afetar seu 
desenvolvimento inicial (FILIPETTO et al., 2005). 
Para melhorar o desempenho e saúde dos 
peixes em criações comerciais, além de minimizar 
os impactos ambientais na piscicultura, é 
fundamental obter maiores informações sobre o 
valor nutritivo dos alimentos fornecidos. Isto é 
requisito indispensável para o preparo de dietas e 
melhora do manejo alimentar, principalmente 
para espécies nativas. 
Para que sistemas de piscicultura intensivos 
sejam sustentáveis e lucrativos, a adoção de 
estratégias de produção adequadas e projetos 
responsáveis de manejo na emissão de efluentes 
são importantes (CYRINO et al., 2010). 
A fruticultura é um dos segmentos da 
economia brasileira com maior destaque e em 
contínua evolução, movimentando um volume 
financeiro maior que 1 bilhão de dólares, 
incluindo exportações (878 milhões) e importações 
(856 milhões) (MARQUES, 2014). As frutas são 
fontes importantes de minerais, vitaminas e fibras 
(JAYARAMAN e DAS GUPTA, 1992), além de 
compostos bioativos habitualmente encontrados 
também em hortaliças, tais como substâncias 
fenólicas e carotenoides, as quais são conhecidas 
pelo poder antioxidante e por serem antagonistas 
naturais de patógenos (CHINNICI et al., 2004). 
A área destinada à fruticultura no Brasil é de 
aproximadamente 1,9 milhão de hectares. As 
frutas que mais contribuíram no volume total da 
produção brasileira foram a laranja, banana, 
abacaxi, melancia e mamão, que, juntas, somaram, 
entre 2010 e 2011, aproximadamente 30 milhões 
de toneladas (FACHINELLO et al., 2011). De 
janeiro a julho de 2013, foram exportados pelo 
Brasil 1,8 milhão de litros de suco de uva 
concentrado (IBRAVIN, 2014). Além disso, em 
regiões específicas, como a serra gaúcha e a região 
de Petrolina (PE), há significativa utilização de 
uva para produção de vinhos e espumantes. A 
produção brasileira estimada de laranjas, no ano 
de 2014, foi de 18 milhões de toneladas, sendo que 
deste quantitativo, 80% foi destinado à produção 
de suco (MAPA, on line). A produção de figos no 
Rio Grande do Sul, no ano de 2013, esteve na 
ordem de 10.000 toneladas, enquanto que a de 
goiabas foi de aproximadamente 6.000 toneladas 
(FEE, on line). 
Nesse contexto, são gerados grandes e 
variáveis volumes de subprodutos (bagaços e 
cascas) a partir da industrialização, principalmente 
para a produção de vinhos, geleias e descarte de 
frutas fora do padrão comercial. Isto, para várias 
indústrias, além de representar custo, são um 
passivo ambiental. Por isso, estes subprodutos 
podem ser utilizados como ingredientes para a 
confecção de dietas para peixes. 
A procura por alimentos alternativos para 
dietas na piscicultura tem encontrado nos 
coprodutos da agroindústria de frutas uma 
possibilidade para substituir cereais tradicionais, 
visando uma redução nos custos com a 
alimentação (SANTOS et al., 2009), reduzindo oimpacto ambiental causado pelo descarte 
inadequado desses resíduos a céu aberto (LEMOS 
et al., 2011). 
Resíduos oriundos da fruticultura podem ser 
alternativas interessantes em dietas para peixes. 
Para tilápia (Oreochromis niloticus), o farelo de coco 
(20,35% PB) como fonte proteica e o resíduo de 
 Utilização de resíduos de frutas em dietas... 229 
Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
goiaba (5.389 kcal kg-1 de EB) como fonte enérgica 
são alimentos potenciais, devido à composição 
química e boa digestibilidade apresentada 
(SANTOS et al., 2009). O farelo de coco também 
pode ser utilizado em até 25% na dieta de 
tambaqui, não causando prejuízos ao desempenho 
zootécnico do peixe, mostrando-se alternativa 
interessante para diminuição de custos da dieta 
(LEMOS et al., 2011). A inclusão de até 33% de 
farinha de manga como fonte energética pode ser 
utilizada em dietas para tilápia sem afetar o 
desempenho e a composição corporal (SOUZA 
et al., 2013). 
O crescimento é um dos parâmetros mais 
utilizados para medir a resposta dos animais em 
relação à mudança de um ingrediente na dieta, 
entretanto, outras variáveis, como as atividades 
das enzimas digestivas, podem refletir a 
capacidade adaptativa de espécies de peixes 
frente à manipulação de componentes das dietas 
(ALMEIDA et al., 2006). Relacionar estas variáveis 
torna-se fundamental para compreender a 
capacidade digestiva e absortiva e seus reflexos 
sobre o desempenho dos animais. 
Para a avaliação de ingredientes alternativos é 
interessante verificar o perfil enzimático do peixe 
estudado, pois a partir destes dados, é possível 
visualizar a habilidade que a espécie tem em 
utilizar os nutrientes presentes nestas fontes 
(LUNDSTEDT et al., 2004). Porém, de acordo com 
os autores, há necessidade de relacionar estas 
respostas bioquímicas com o desempenho do 
animal, que é a proposta deste trabalho. 
Levando-se em consideração a busca de 
alternativas para fontes tradicionais utilizadas em 
rações, este trabalho foi realizado para avaliar a 
utilização de resíduos de frutas em dietas para 
juvenis de piava (L. obtusidens). 
MATERIAL E MÉTODOS 
O experimento foi conduzido no Laboratório 
de Piscicultura, do Departamento de Zootecnia e 
Ciências Biológicas, da Universidade Federal de 
Santa Maria, campus de Palmeira das Missões – RS 
(altitude de 639 m, longitude oeste 53°18'49'', 
latitude sul). O ensaio teve duração de 45 dias. 
Utilizou-se, para a criação dos peixes, um 
sistema de recirculação de água, composto por 12 
tanques de polipropileno (capacidade de 100 L), 
entrada e saída de água individual, integrados a 
um biofiltro (pedra britada) e providos de 
termostatos para controle de temperatura da 
água. A água de abastecimento foi proveniente de 
poço artesiano. Foram utilizados 180 juvenis de 
piava (peso inicial = 9,53 ± 1,82 g), totalizando 15 
peixes por tanque, com quatro tratamentos (dietas 
com diferentes fontes de resíduos de frutas) e três 
repetições. Todos os procedimentos experimentais 
foram autorizados pelo Comitê de ética no uso de 
animais (CEUA) da UFSM – RS (parecer 
024/2013). 
Avaliou-se a utilização de resíduos de uva, 
laranja, goiaba e figo (tratamentos). Todos os 
resíduos de frutas utilizados nas dietas foram 
obtidos no setor de fruticultura do Colégio 
Politécnico da Universidade Federal de Santa 
Maria – RS. Os resíduos de uva e laranja foram 
obtidos a partir do bagaço, após extração do suco. 
Foram utilizados goiabas e figos inteiros que não 
estavam em condições de serem comercializados 
ou processados. Os resíduos foram triturados em 
cortador elétrico (Metvisa, modelo CUT 2.5, 1.650 
rpm), com exceção do resíduo de uva, e secos em 
estufa a 50°C; posteriormente foram moídos em 
micro moinho (Marconi, modelo MA-630/1). 
A formulação das dietas experimentais foi 
composta somente por ingredientes vegetais 
(Tabela 1), adaptada de RADÜNZ NETO et al. 
(2006). Todos os ingredientes foram analisados no 
Laboratório de Bromatologia da UFSM/Campus 
Palmeira das Missões - RS. Os níveis de inclusão 
dos resíduos de frutas foram adicionados para 
reduzir o teor de milho das dietas, tentando 
manter um equilíbrio energético. Para a fabricação 
das dietas, os ingredientes de cada ração 
experimental foram pesados e posteriormente 
misturados, através de amassadeira, até completa 
homogeneização. Após, foi adicionada água na 
mistura e realizada a peletização, sendo depois 
levada para secagem em estufa de circulação de ar 
forçado por 48 h a uma temperatura de 55 ºC. 
Depois da secagem, as rações foram novamente 
moídas e, posteriormente, peneiradas para a 
obtenção de grânulos de acordo com o tamanho 
dos peixes. 
 
230 LAZZARI et al. 
Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
 
Tabela 1. Formulação e composição das dietas experimentais com diferentes fontes de resíduos de frutas 
para juvenis de piava, Leporinus obtusidens. 
Ingredientes (%) 
DIETAS* 
Uva Figo Laranja Goiaba 
Farelo de soja 38 38 38 38 
Uva 7 -- -- -- 
Figo -- 10 -- -- 
Laranja -- -- 8 -- 
Goiaba -- -- -- 7 
Glúten de trigo 15 15 15 15 
Milho 15 12 15 14 
Farelo de arroz 17 17 17 17 
Óleo de soja 3 3 3 3 
Vitaminas e minerais 3 3 3 3 
Fosfato 1 1 1 1 
Sal 1 1 1 1 
Composição (%)** 
Matéria Seca (MS) 94,16 93,16 93,53 93,87 
Proteína Bruta (PB) 31,80 30,16 31,35 31,09 
Matéria Mineral (MM) 9,65 9,82 9,69 9,86 
Lipídios (LIP) 8,41 8,81 7,53 7,63 
Fibra em detergente Neutro (FDN) 18,71 16,49 17,56 17,35 
Extrativo não nitrogenado (ENN)*** 31,43 34,72 33,87 34,07 
Energia bruta (EB; kcal kg-1)*** 3.857,945 3.937,82 3.854,58 3.857,19 
*Formulação adaptada de RADÜNZ NETO et al. (2006); **Valores analisados. ***Valores 
determinados por cálculo: ENN = 100 – (PB + MM + lip + FDN) e EB = (PB x 5,65) + (EE x 9,4) + 
(ENN x 4,15)] x 10. Composição analisada das fontes de resíduos: uva (6,98% PB, 6,7% lipídios); 
figo (4,86% PB, 1,72% lipídios); goiaba (7,0% PB, 5,3% lipídios); laranja (6,42%PB, 2,4% lipídios). 
Para manutenção da qualidade da água 
(Tabela 2), foram realizadas limpezas semanais 
dos encanamentos que compõe o sistema de 
criação, sifonagem diária dos resíduos dos 
tanques e do biofiltro. Diariamente foi mensurada 
a temperatura (ºC), pela manhã e tarde. A cada 
dois dias, foi mensurada amônia total (mg L-1), 
nitrito (mg L-1), oxigênio dissolvido (mg L-1) e pH. 
Semanalmente, foram avaliadas a alcalinidade 
(mg CaCO3 L-1) e dureza (mg CaCO3 L-1). Para a 
aferição da temperatura, foi utilizado termômetro 
com bulbo de mercúrio; para o oxigênio, oxímetro 
digital (Marca/modelo: YSI ProDO®); para o pH, 
foi usado um pHmetro digital (marca/modelo: 
YSI F1100®) e, para as demais análises, foi 
utilizado kit colorimétrico (marca: Alfa-
Tecnoquímica®). A água utilizada para a 
realização das análises foi sempre coletada na 
entrada do primeiro filtro biológico, antes da 
sifonagem diária. 
Tabela 2. Parâmetros físico-químicos da água (média ± desvio padrão) do sistema de criação de piava, 
Leporinus obtusidens. 
Parâmetro Média ± DP 
Temperatura manhã (ºC) 22,00 ± 4,20 
Temperatura tarde (ºC) 23,04 ± 4,06 
Oxigênio dissolvido (mg L-1) 7,00 ± 0,75 
Amônia total (mg L-1) 1,31 ± 0,87 
Nitrito (mg L-1) 0,065 ± 0,04 
Alcalinidade (mg CaCO3 L-1) 63,33 ± 14,06 
Dureza (mg CaCO3 L-1) 62,33 ± 4,80 
pH 7,34 ± 0,47 
 Utilização de resíduos de frutas em dietas... 231 
Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
 
Os peixes foram alimentados duas vezes por 
dia (9:00 h e 16:00 h), numa proporçãode 5% do 
peso vivo. Semanalmente, para o ajuste da 
quantidade de fornecimento da dieta, tomou-se a 
medida de biomassa de todos os peixes de cada 
unidade experimental. Para avaliação do 
crescimento dos peixes, foram realizadas duas 
biometrias, no início e ao final do experimento, 
onde se coletou medidas de todos os peixes. Os 
dados coletados foram: peso (P; g), comprimento 
total (CT; cm) e comprimento padrão (CP; cm), 
com o auxílio de ictiômetro graduado. Também 
foram avaliados os seguintes parâmetros: 
- sobrevivência (%); 
- taxa de crescimento específico (TCE; % dia-1): 
TCE = [ln (peso final) – ln (peso inicial)] /dias) x 
100; 
- ganho em peso relativo (GPR; %): GPR = ((peso 
final – peso inicial) /peso inicial) x 100; 
- fator de condição (FC): FC = [(Peso x 100) / 
(Comprimento total3)]. 
Em todos os procedimentos, os peixes foram 
previamente submetidos à sedação utilizando o 
anestésico benzocaína (35 mg L-1) diluído em 
água. Ao final do experimento, os peixes foram 
abatidos por secção medular, medidos e pesados, 
e foram realizadas coletas de 1 mL de sangue de 6 
peixes por tratamento, por punção na veia caudal, 
para determinação de glicose plasmática através 
de leitura com aparelho medidor portátil (Accu-
check Active®). 
Coletaram-se amostras de intestino de outros 
seis peixes por tratamento para análises 
enzimáticas, os quais foram posteriormente 
homogeneizados com solução tampão pH 7,0 e 
centrifugados (1.000 g, 10 min). O sobrenadante 
foi armazenado (-18 ºC) para a realização dos 
ensaios enzimáticos. As atividades de tripsina e 
quimotripsina foram determinadas segundo o 
método descrito por HUMMEL (1959). Foram 
usados N-p-Tosyl-L-arginine methyl ester 
hydrochloride (TAME) e N-Benzoyl-L-tyrosine 
ethyl ester (BTEE) como substratos para 
determinar tripsina e quimotripsina, 
respectivamente. Uma unidade de ambas as 
enzimas foi definida como a quantidade de 
enzima necessária para hidrolisar 1 g de substrato 
(TAME ou BTEE) por min mg-1 proteína. A 
atividade da lipase foi mensurada utilizando-se o 
substrato p-fenil meristato, de acordo com 
GAWLICKA et al. (2000). Uma unidade desta 
enzima foi definida como 1 µg de substrato min-1, 
sendo a atividade da enzima expressa em min mg-1 
de proteína. 
Foram realizadas análises de composição 
química corporal de nove peixes por tratamento, 
para determinar a quantidade de cinzas, matéria 
seca, lipídios e proteína bruta. A umidade foi 
determinada pela perda de peso após 4 h a 60 ºC 
em estufa com circulação forçada de ar, seguida 
de 8 h a 105 ºC. Por diferença, determinou-se a 
matéria seca. O conteúdo de cinzas foi 
determinado a 550 ºC (método 923.03) de acordo 
com AOAC (1995). A proteína bruta (N x 6,25) foi 
determinada pelo método de micro Kjeldahl 
(método 960.52) (AOAC, 1995). Os lipídios foram 
quantificados seguindo o método de BLIGH e 
DYER (1959). Todas as análises foram realizadas 
em duplicata. 
O delineamento experimental foi inteiramente 
casualizado, com quatro tratamentos (laranja, uva, 
figo e goiaba) e três repetições. Os dados obtidos 
foram submetidos a teste de normalidade 
(Shapiro-Wilk) e, posteriormente, à Análise de 
Variância. Quando as médias apresentaram 
diferença significativa (p<0,05), foram comparadas 
pelo teste de Duncan. Para todos os procedimentos 
estatísticos, foi utilizado o software “Statistical 
Analysis System” (SAS®, 2011). 
RESULTADOS 
As dietas contendo os resíduos de frutas 
avaliados (laranja, uva, goiaba e figo), não 
influenciaram (p>0,05) o desempenho dos peixes 
(Tabela 3). 
Foram observadas diferenças (p<0,05) nas 
atividades de lipase e tripsina entre os 
tratamentos avaliados. A atividade da lipase foi 
maior nos peixes submetidos a dietas contendo 
resíduo de uva e figo. A atividade de tripsina foi 
menor nos peixes alimentados com resíduo de 
laranja. Não foram verificadas diferenças (p>0,05) 
na atividade de quimotripsina e glicose 
plasmática dos peixes que receberam as diferentes 
dietas (Tabela 4). 
232 LAZZARI et al. 
Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
 
Tabela 3. Parâmetros de crescimento de piavas, Leporinus obtusidens, alimentadas com rações contendo 
diferentes fontes de resíduos de frutas (média ± desvio padrão). 
Parâmetros 
Dietas 
Figo Laranja Goiaba Uva p 
PI (g) 9,93 ± 0,30 8,65 ± 1,15 9,56 ± 0,12 9,42 ± 0,49 0,42 
PM (g) 14,23 ± 1,23 11,88 ± 1,59 13,33 ± 0,24 13,74 ± 0,81 0,17 
CTM (cm) 10,80 ± 0,79 9,88 ± 0,38 10,29 ± 0,05 10,40 ± 0,22 0,53 
COM (cm) 8,74 ± 0,44 8,11 ± 0,33 10,51 ± 1,97 8,50 ± 0,22 0,57 
FC 1,15 ± 0,08 1,21 ± 0,03 1,22 ± 0,04 1,22 ± 0,01 0,45 
TCE (% dia-1) 0,78 ± 0,12 0,70 ± 0,01 0,73 ± 0,03 0,83 ± 0,03 0,47 
GPR (%) 42,76 ± 8,02 37,35 ± 0,83 39,37 ± 1,68 45,85 ± 1,89 0,47 
PI = Peso médio inicial; PM = Peso médio final; CTM = Comprimento total médio; COM = 
Comprimento padrão médio; FC = Fator de condição; TCE = Taxa de crescimento específico; 
GPR = Ganho em peso relativo; p = significância. As medidas de desempenho foram tomadas 
de todos os indivíduos ao final do ensaio (n = 45). 
Tabela 4. Atividade de enzimas digestivas e glicose de juvenis de piavas, Leporinus obtusidens, alimentados 
com rações com diferentes fontes de resíduos de frutas (média ± desvio padrão) (n = 6). 
Variáveis1 
Dietas 
Figo Goiaba Laranja Uva p 
Lipase 4,80 ± 0,35ª 3,84 ± 0,30b 2,68 ± 0,17c 5,08 ± 0,27a 0,0001 
Quimotripsina 2.708,69 ± 212,42 2.908,96 ± 183,83 2.553,58 ± 101,4 3062 ± 267,04 0,32 
Tripsina 4,05 ± 0,25ª 3,56 ± 0,14ab 3,03 ± 0,15b 4,26 ± 0,44a 0,02 
Glicose plasmática 69,16 ± 5,78 71,75 ± 4,31 77,00 ± 4,91 65,80 ± 4,97 0,54 
1Lipase = µg substrato hidrolisado por minuto/mg proteína; Quimotripsina = µmol BTEE hidrolisado por minuto/mg 
proteína. Tripsina = µmol TAME hidrolisado por minuto/mg proteína; Glicose plasmática = (g dL-1). p = 
significância. Médias com letras subscritas diferentes, na linha, apresentam diferença significativa pelo teste de 
Duncan. 
Não foram observadas diferenças 
significativas (p>0,05) na matéria seca, gordura 
corporal, proteína bruta e matéria mineral dos 
peixes (Tabela 5). 
Tabela 5. Parâmetros de composição corporal (%) de piavas, Leporinus obtusidens, alimentadas com rações 
com diferentes fontes de resíduos de frutas (média ± desvio padrão) (n = 9). 
 Dietas 
Figo Goiaba Laranja Uva P 
Matéria Seca (%) 29,12 ± 0,07 29,93 ± 0,03 29,49 ± 0,24 29,61 ± 0,23 0,06 
Cinzas (%) 3,62 ± 0,05 3,66 ± 0,10 4,18 ± 0,19 3,68 ± 0,16 0,06 
Proteína Bruta (%) 16,63 ± 0,44 16,60 ± 0,40 16,57 ± 0,07 16,45 ± 0,27 0,98 
Lipídios (%) 10,69 ± 0,50 11,17 ± 0,22 10,20 ± 1,53 10,44 ± 1,04 0,88 
p = significância (Teste de Duncan). 
DISCUSSÃO 
Com os dados obtidos neste estudo, 
observou-se uma boa perspectiva de inclusão dos 
resíduos de frutas avaliados em dietas para 
juvenis de piava, sendo importante salientar que 
são as primeiras informações neste tema com a 
espécie. 
O crescimento das piavas obtidos no presente 
estudo corroborou resultados obtidos em outros 
trabalhos com esta espécie (RADÜNZ-NETO et al., 
 Utilização de resíduos de frutas em dietas... 233 
Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
2006). Ensaios experimentais demonstram que a 
inclusão de ingredientes como farinha de carne e 
ossos ou farelo de soja pode ser utilizada na 
formulação de dietas para piava sem 
comprometer o crescimento (FILIPETTO et al., 
2005; RADÜNZ-NETO et al., 2006). A utilização de 
25% e 50% de inclusão de glúten de trigo em 
substituição ao fígado bovino aumentou a taxa de 
crescimento específico de piavas (FILIPETTOet al., 
2005), indicando que o uso de ingredientes 
vegetais proporciona bons resultados no 
desempenho da espécie. Piavas alimentadas com 
dietas contendo farelo de linhaça em substituição 
ao farelo de soja, com composição das dietas 
similares às utilizadas no presente estudo, 
apresentaram fator de condição entre 1,14 a 1,17 
(PIANESSO et al., 2013; RADÜNZ NETO et al., 
2006; FILIPETTO et al., 2005). 
A utilização dos resíduos de frutas não 
alterou o desempenho zootécnico dos peixes. Isto 
pode estar relacionado ao hábito alimentar 
onívoro da espécie (RADÜNZ NETO et al., 2006). 
Peixes do gênero Leporinus, como o piavuçú, 
apresentam boa digestibilidade dos ingredientes 
de origem vegetal (GONÇALVES e FURUYA, 
2004). O bom crescimento obtido nos peixes, em 
todos os tratamentos, pode estar associado com as 
estruturas especializadas encontradas no intestino 
anterior da piava, os cecos pilóricos, que possuem 
características histológicas e histoquímicas 
semelhantes às do intestino adjacente (ROTTA, 
2003). Estas estruturas servem para aumentar a 
superfície de contato com o alimento, resultando 
em maior aproveitamento. Estas características da 
espécie podem explicar o bom aproveitamento 
das dietas experimentais. 
A manipulação de fontes proteicas das dietas 
pode influenciar no crescimento e na composição 
corporal (PIANESSO et al., 2013). Juvenis de piava 
alimentados com dieta contendo farelo de soja 
apresentaram maior peso aos 60 dias, quando 
comparado aos peixes que receberam dietas 
contendo levedura de cana e farinha de carne e 
ossos, evidenciando a capacidade desta espécie 
em aproveitar alimentos de origem vegetal 
(RADÜNZ NETO et al., 2006). Nas dietas 
utilizadas no trabalho supracitado, a fonte 
energética utilizada foi o milho, ingrediente com 
custo muito variável, vinculado ao mercado 
internacional. A possibilidade de incluir resíduos 
de frutas em dietas para a piava pode auxiliar na 
redução de custo da dieta, substituindo 
parcialmente o milho, bem como também 
minimizar os passivos ambientais nas 
agroindústrias. Estes subprodutos, na maioria das 
vezes, não são aproveitados na cadeia da 
fruticultura, pois não apresentam valor comercial 
e são potenciais contaminantes do ambiente, pelo 
acúmulo de grandes quantidades, como 
observado na indústria vitivinícola. 
Para outras espécies de peixe, a inclusão de 
resíduos de frutas na dieta também não 
influenciou no ganho em peso. A utilização de 
farelo de resíduo de manga para tilápia-do-nilo 
(Oreochromis niloticus) (LIMA et al., 2011), e a 
inclusão de farelo de coco em dietas para 
tambaqui (Colossoma macropomum) (LEMOS et al., 
2011) não afetaram os parâmetros de crescimento. 
Para o tambaqui, a inclusão de 50 % farinha de 
manga e 23% de proteína, tendo como fonte 
principal o farelo de soja na dieta, promove um 
maior desempenho (BEZERRA, et al., 2014). Estes 
resultados reforçam a possibilidade do uso de 
resíduos oriundos da fruticultura como 
alternativa na formulação de dietas para piavas. 
Entretanto, estudos precisam ser conduzidos para 
determinar o melhor nível de inclusão de cada 
fonte de resíduo para cada espécie de peixe. A 
inclusão em um nível excedente pode causar 
prejuízos ao desempenho. 
Para a tilápia, o uso de farinha de manga 
como fonte de carboidrato nas dietas afetou 
negativamente o peso final dos peixes, quando a 
substituição foi superior a 33% do milho (SOUZA 
et al., 2013). A quantidade de fibras de uma fruta, 
ou até mesmo algum fator antinutricional, podem 
ser responsáveis por esse efeito negativo no 
desempenho. No presente trabalho, os teores de 
fibra em detergente neutro (FDN) das dietas 
foram muito similares, o que provavelmente não 
influenciou na velocidade de passagem e, por 
consequência, não alterou o aproveitamento das 
rações. 
A substituição do farelo de soja pelo farelo de 
linhaça para piava (PIANESSO et al., 2013) e o 
cozimento de dietas contendo farinha de trigo e 
de milho em dietas para a mesma espécie 
(LAZZARI et al., 2007) não causaram efeito sobre 
o comprimento total e padrão dos peixes. Os 
autores constataram que um melhor desempenho 
234 LAZZARI et al. 
Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
dos peixes dos tratamentos onde se utilizou o 
cozimento dos ingredientes era esperado, pela 
maior digestibilidade de carboidratos, 
melhorando, inclusive, o aproveitamento da 
proteína. Porém os resíduos de frutas utilizados 
no presente trabalho não foram submetidos a 
nenhum processo envolvendo calor. 
A atividade da tripsina dos peixes foi maior 
quando se utilizou resíduos de figo e uva nas 
dietas, comparada aqueles submetidos a dietas 
que continham resíduo de laranja. Esta 
observação pode ser explicada pelo fato da 
variação na atividade enzimática desta protease 
alcalina estar associada à adaptação bioquímica às 
dietas e não ao desempenho (BEZERRA et al., 
2014). De modo geral, estas alterações da 
atividade enzimática são decorrentes dos 
nutrientes, além dos hábitos alimentares das 
espécies (MELO et al., 2006). 
A lipase é mais influenciada pela temperatura 
da água, porém, também pode aumentar quando 
há maior consumo de ração, uma vez que a 
maior concentração de substrato pode estimular 
o pâncreas a produzir maiores quantidades 
desta enzima, aumentando a eficiência de 
aproveitamento dos lipídeos (MOURA et al., 
2012). No presente estudo, a maior atividade de 
lipase foi observada nas piavas alimentadas com 
as dietas contendo resíduos de uva e figo, 
coincidindo com a maior quantidade de lipídios 
das rações formuladas com esses resíduos. 
Alguns alimentos, como a soja, possuem 
fatores antinutricionais que são inibidores de 
tripsina, que impedem a completa utilização de 
suas proteínas pelo organismo, paralisando a ação 
desta enzima. A composição da dieta e o hábito 
alimentar de cada espécie pode influenciar a 
atividade enzimática dos peixes (RAY, 1988). A 
inclusão de farelo de soja como fonte proteica em 
dietas para o jundiá reduziu a atividade da 
quimotripsina e tripsina (LAZZARI et al., 2010). A 
inclusão de farelo de algodão em dietas para 
piavuçu (Leporinus macrocephalus) acarretou em 
diminuição da deposição de proteína na carcaça, 
pois a presença do gossipol no farelo de algodão 
faz com que ocorra menor aproveitamento dos 
aminoácidos pelo peixe (SOUZA et al., 2004). A 
substituição de farelo de soja pelo farelo de 
gergelim em tilápias também ocasionou uma 
baixa digestibilidade dos nutrientes, devido ao 
ácido fítico presente na fonte alternativa testada 
(GUO et al., 2011). Estes fatores podem também 
explicar a diminuição da atividade enzimática da 
tripsina quando adicionado resíduo de laranja na 
dieta e a diminuição da lipase nas dietas contendo 
resíduo de goiaba e laranja. 
A determinação da glicose plasmática é 
importante para avaliar como as alterações nas 
dietas podem alterar o metabolismo dos peixes, 
além de servir como indicativo de saúde (KUMAR 
et al., 2010). Da mesma forma que neste presente 
trabalho, a substituição do farelo de soja por farelo 
de linhaça (um ingrediente alternativo) para 
piavas não modificou os níveis da glicose 
plasmática (PIANESSO et al., 2013). 
A composição corporal das piavas não foi 
afetada por nenhuma das fontes de resíduos de 
frutas incorporadas nas rações. Os resíduos de 
algumas frutas podem trazer melhoras nos 
parâmetros de composição corporal como a 
substituição de 66% do milho da dieta por farinha 
de manga para tilápia, que acarretou em aumento 
na proteínabruta retida na carcaça (SOUZA et al., 
2013). O farelo de coco pode ser utilizado em até 
30% de substituição ao farelo de soja nas dietas de 
tilápias, não modificando a composição 
centesimal do filé, mantendo o valor nutricional 
e a qualidade para o consumo humano (OMENA 
et al., 2010). Sendo assim, a inclusão de resíduos 
de frutas pode melhorar ou prejudicar os 
parâmetros de composição corporal de peixes 
cultivados, dependendo do nível de resíduo 
presente na dieta, do hábito alimentar e da 
capacidade de adaptação fisiológica da espécie. 
De maneira geral, as dietas para as espécies 
do gênero Leporinus e demais espécies nativas não 
atendem as exigências nutricionais, o que afeta 
diretamente a velocidade de crescimento, 
conversão alimentar, custo de produção, 
qualidade da carne e, ainda, predisposição a 
doenças (REYNALTE-TATAJE e ZANIBONI-
FILHO, 2010). Para tanto, torna-se necessário mais 
pesquisas envolvendo a temática nutrição para 
essas espécies, em especial a piava, de forma que 
esta possa ser cultivada e comercializada, 
contribuindo, assim, para a piscicultura nacional. 
Da mesma forma, a determinação mais apurada 
de exigências nutricionais, limites de utilização de 
 Utilização de resíduos de frutas em dietas... 235 
Bol. Inst. Pesca, São Paulo, 41(2): 227 – 237, 2015 
fontes na formulação, ensaios de digestibilidade, 
disponibilidade e custo são importantes para 
otimizar o manejo alimentar e a fabricação de 
rações completas para a espécie. A utilização de 
diferentes fontes de resíduos de frutas para piava 
não ocasionou diferenças nos parâmetros de 
crescimento e de composição corporal. Os 
resíduos de figo, uva e goiaba aumentaram a 
atividade de algumas enzimas ligadas ao 
metabolismo proteico e lipídico, o que pode 
proporcionar melhor eficiência alimentar a longo 
prazo. Para elucidar estas dúvidas, mais estudos 
deverão ser conduzidos. 
CONCLUSÕES 
É possível a utilização dos resíduos de uva, 
figo, laranja e goiaba em 7, 10, 8 e 7% de inclusão, 
respectivamente, em dieta de juvenis de piava. 
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