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LASALLE CENTRO UNIVERSITÁRIO Reitor Ir. Nelso Antonio Bordignon, (se. Vice-Reitor Ir. Eugênio Alberto Fossá, (se. CONSELHO EDITORIAL DEDALUS - Acervo - IGC 1111111111111111111111111111111111111 ~IIIIIIIIIIIIIII~IIIIIIIII 30900011330 Cícero Galeno Urroz Lopes (Coord. de Publicações - Pres.) Gilberto Ferreira da Silva (Coord. de Pesquisa) Ir. Marcos Antonio Corbellini (Repr. da Provo Lass. de P. Alegre) Ir. Selestino José Bortoluzzi (Pró-Reitor Comunitário) Leunice Martins de Oliveira (Pró-Reitora Acadêmica) Marisa Fernandes Nunes (Coord. de Pós-Graduação) Renato Silva (Pró-Reitor Administrativo) Rosane Hammel (Bibliotecária) Rubens Simão Prá (Coord. de Extensão) Rudinei Müller (Repr. dos Coord. de Cursos) EQUIPE EDITORIAL DE LIVROS Cícero Galeno Urroz Lopes Eisa Gonçalves Avancini (Coordenadora) Gilberto Ferreira da Silva Luiz Carlos Schwindt Ir. Henrique Justo, fsc Marisa Fernandes Nunes Rubens Simão Prá o G rEC CENTRO UNIVERSITÁRIO LA SALLE - Rua Victor Barreto, 2288 - CEP 92010-000 - Canoas - RS - Fone: (51)476-8100 - Fax (51)472-3511 - e-mai/: lasalle@lasalle.tehe.br- Página na Web: http://www.lasalle.tche.br Distribuição: LIVRARIA PALMARINCA - Rua Jerônimo Coelho, 281 - CEP 90010-241 - Porto Alegre - RS- Fone: (51)225-2577 - Fax: (51)226-7744. CENTRO UNIVERSITÁRIO LA SALLE CANOAS 2000 Copyright © Paulo Roberto Fitz Capa: Paulo Roberto Fitz 2000 Impresso no Brasil Printed in Brazi/ FICHA CATALOGRÁFICA SUMÁRIO Apresentação 7 Introdução 9 Escalas 17 Cartas, mapas e plantas 25 F548f Fitz, Paulo Roberto Cartografia básica! Paulo Roberto Fitz. -- Canoas: La SaBe, 2000. 171p. 1. Cartografia 2. Sensoriamento remoto 3. Aerofotogrametria 4. Geoprocessamento I. Título CDU: 528 A representação cartográfica. 33 Cartografia temática 51 Sistemas de coordenadas 71 Fusos horários 89 Uso prático das cartas topográficas........ 97 Catalogação na Publicação Bibliotecária responsável: Adriana da Silva Wolf - CRB 10/1352 Todos os direitos reservados desta edição ao autor: e-mail: fitz@lasalle.tche.br Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem a prévia autorização por escrito do autor. - Cartografia assistida por computador (CAC) e a cartografia automática.. 115 Aerofotogrametria e sensoriamento remoto 125 Gráficos e diagramas 153 Bibliografia 169 APRESENTAÇÃO Os geógrafos dividiram o globo por meio de um círculo que o rodeia pela parte mais barriguda. Esse círculo, chamado Equador, tem todos os seus pontos a igual distância dos pólos. Quer dizer que o Equador divide o globo terrestre em duas metades iguaizinhas, ou dois hemisférios (Monteiro Lobato, Geografia de Dona Benta, 1949). Muita coisa mudou desde que o célebre Monteiro Lobato escreveu Geografia de Dona Benta. Algumas para melhor, outras, nem tanto. As descrições apresentadas pelo autor trazem à tona nossas preocupações quanto aos rumos da educação no país. Afinal de contas, em que livro infanto-juvenil se pode encontrar uma explanação tão detalhada da Terra que contenha, inclusive, uma alusão à Lei da Gravitação Universal de Newton? Infelizmente poucos de nós brasileiros tivemos acesso a esses clássicos e a um ensino de qualidade. Os parcos investimentos, tanto governamentais quanto da iniciativa privada, em determinadas áreas aparentemente não produtivas, tendem a aumentar a crise social que atualmente atravessamos. Uma das áreas estratégicas tão esquecidas é a Cartografia, e uma das grande dificuldades decorren e di o diz respei o à pobreza e termos de publicações. Desde as obras de Cêurio de Oliveira, editadas pelo IBGE, pouquíssimos trabalhos apareceram. 8 Este livro, desenvolvido a partir de nossa experiência docente no UNILASALLE, foi concebido para tentar suprir algumas das lacunas existentes em relação a novas fontes de consulta cartográfica, notadamente no que diz respeito às suas percepções iniciais. Foi de fundamental importância para a organização deste a publicação de um pequeno manual de orientação de uso de cartas topográficas, impulsionado a partir da realização de alguns treinamentos ministrados para técnicos da EMATER/RS, na qual atuamos na área de geoprocessamento. Tanto as normais dificuldades apresentadas pelos estudantes, quanto as do pessoal técnico daquela empresa, mais leigo no assunto, auxiliaram na confecção desta proposta. o livro procurou, assim, abordar de uma forma bastante ampla os conteúdos introdutórios da Cartografia, desde a sua estruturação tradicional até alguns conceitos modernos relacionados ao uso de novas tecnologias baseadas na informática. Esperamos que o leitor faça um bom uso de seu conteúdo. Paulo Roberto Fitz. Setembro de 2000. INTRODUÇÃO - As conquistas tecnológicas das últimas décadas vêm desvendando cada vez mais antigos enigmas que perduraram durante séculos. A corrida espacial disputada pelas duas super potências então existentes no decorrer da chamada Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética, trouxe à tona evidências de muitos dos mistérios que povoaram a mente dos homens no decorrer de milênios. Entretanto, por mais incrível que possa parecer, ainda hoje há quem acredite que o homem não tenha pisado na Lua. Possivelmente, na época de Cabral e de Colombo, muitos não acreditaram nas narrativas dos nave- gadores. Os avanços tecnológicos constituídos ao longo dos tempos acaba- ram por proporcionar a superação de quaisquer destas desconfianças e possivelmente o futuro nos reservará ainda mais surpresas. A forma do Planeta que habitamos, atualmente de compreensão um tanto óbvia, em função das imagens de satélites disponibilizadas em nosso dia-a-dia pelos meios de comunicação, foi motivo de violentas execuções num passado nem tão distante. Desde a época do apogeu da antiga Grécia, muitos pensadores já acreditavam que a Terra possuia uma superfície esférica e buscavam en- contrar formas de calcular sua circunferência. 10 No entanto, somente por volta do ano de 200 a.C., Eratóstenes, responsável pela famosa Biblioteca de Alexandria, conseguiu calculá-Ia com relativa precisão. O sábio grego percebeu que, no dia do solstício de verão para o Hemisfério Norte, ao meio dia, em Siena, cidade localizada nas pro- ximidades do Rio Nilo, os raios do Sol iluminavam todo o fundo de um poço vertical. Nesta mesma data, em Alexandria, cidade localizada mais ao nor- te, ele observou que os raios solares estavam inclinados em relação à verti- cal, visto que não incidiam diretamente no fundo de outro poço como ocorre- ra em Siena. Eratóstenes realizou, então, um experimento. Colocando uma esta- ca vertical ao terreno em Siena e outra em Alexandria, acabou por observar que, ao meio dia de 21 de junho, enquanto que a estaca colocada em Siena não apresentava sombra, a de Alexandria apresentava uma sombra no ter- reno. Verificou ainda, que, em Alexandria, esta sombra projetada apresen- tava os raios solares com uma inclinação, em relação à estaca vertical, de cerca de 1/50 de circunferência, ou seja, ]012'. Dando continuidade ao seu trabalho e não dispondo, na época, de instrumentalização adequada, estimou a distância entre as cidades, a partir de informes, em 5.000 estádios, o que equavale a, aproximadamente, 925.000 metros (1 estádio == 185 metros). A partir destes dados, torna-se relativamente simples a realização do cálculo da circunferência, pois: se a distância entre as duas cidades é de 5.000 estádios; se a inclinação dos raios solares é de ]012' então: - ]012' -7 5.000 estádios - 360 0 -7 x 11 e, finalmente, x = 250.000 estádios, ou seja, cerca de 46.250.000 metros (bastante próximo dos aproximados 41.700 km reais1). O pequeno erro cometido, de cerca de 10%, deveu-se, principal- mente a dois fatores: Siena não está localizada sobre o mesmo meridiano que Ale- xandria e, a distância real entre as duas cidades é de cerca de 4.500 está- dios (pouco mais de 830 km). A figura 1.1 apresenta um esquema do método utilizado por Era- tóstenesN EQUADOR ~.- ----- - _. - ..- s igura - squema do metodo uti izado por ratóstenes para o calculo da CIr- cunferência da Terra 1 Segundo o Elipsóide Internacional de Referência, medida de 41.761.478,94 metros (OLIVEI- RA,1993) 12 Mais tarde, já na Idade Média, a Cartografia experimentou, como de resto toda a ciência, um enorme retrocesso. Chegou-se a imaginar que a Terra teria a forma de um disco plano com abismos e monstros marinhos ao seu final, conforme apresentam diversos mapas e figuras da época. A partir de algumas observações feitas pelos antigos navegadores, as questões apresentadas pelos gregos foram novamente sendo retoma- das, e a esfericidade terrestre voltou a ocupar seu lugar nas discussões científicas. As percepções de que um navio parece perder suas partes ao afastar-se no horizonte, de que a Estrela Polar aparentemente move-se em relação ao observador conforme ele vai se deslocando no sentido norte-sul, ou ainda, a da projeção da sombra da Terra na Lua no decorrer dos eclip- ses, entre outras, trouxeram à tona estas velhas questões. Posteriormente, já no século XVII, em um experimento do astrôno- mo francês Jean Richer, foi verificado em Caiena, na Guiana Francesa, próximo ao Equador, que um relógio com um pêndulo de 1m, atrasava cerca de dois minutos e meio por dia em relação à mesma situação verificada na cidade de Paris. Utilizando o princípio da Gravitação Universal de Newton, o estudioso pôde estabelecer uma relação entre as diferentes gravidades experimentadas nas proximidades do Equador e em Paris. A situação ob- servada, do atraso no pêndulo, levou-o à conclusão de que, na zona equa- torial, a distância entre a superfície e o centro da Terra deveria ser maior do que esta distância quando mensurada na proximidade dos Pólos, ou seja, de que o Planeta não seria uma esfera perfeita e, sim, "achatada". Surgia, i ,a i éi a f a e m elipsóide2 para o Globo. 2 Figura matemática cuja superfície_é gerada pela rotação de uma elipse em torno de um de seus eixos. 13 As diferenças entre as dimensões dos diâmetros equatorial e do eixo de rotação não são, porém, tão significativas, apresentando, aproxima- damente 12.756 km e 12.714 km, respectivamente. Esta disparidade de cerca de 42 km entre as medidas, representa um "achatamento" de perto de 1/300, mostrando que, vista do espaço, a Terra apresenta-se como uma esfera quase perfeita. Outro termo para a forma da Terra comumente utilizado nos meios acadêmicos é o do geóide, a figura que mais se aproxima da verdadeira forma terrestre. Pode-se definir, de forma bastante simplificada que o geói- de seria uma figura onde, em todos os pontos da superfície terrestre, a dire- ção da gravidade é exatamente perpendicular a uma superfície determinada pelo nível médio e inalterado dos mares. Em função das propriedades apresentadas, o elipsóide de revolu- ção, uma figura matemática que aproxima-se bastante da forma do geóide, é a superfície mais utilizada pela ciência geodésia para a realização de seus levantamentos. A figura 1.2, a seguir, apresenta uma comparação ilustrativa entre as diversas formas de representação do Planeta. Para que se possa estabelecer uma relação entre um ponto deter- minado do terreno e um elipsóide de referência, deve-se possuir um sistema específico que faça este relacionamento. Os sistemas geodésicos de refe- rencla realizam esta funçao 14 15 Orientação: 111 diâmetro equatorial o,.. Uo ~ e li> "C o ><... !!;; 12.756 km LEGENDA o esfera o elipsóide [ J geóide ~ forma "real" Geocêntrica: dada pelo eixo de rotação paralelo ao eixo de ro- tação da Terra e com o plano meridiano de origem paralelo ao plano do meridiano de Greenwich, conforme o Serviço Interna- cional da Hora (BIH - Bureau International de L'Heure). Topocêntrica: no vértice de Chuá, da cadeia de triangulação do paralelo 20° S, com as seguintes coordenadas: q> (latitude) =19°45'41,6527" S À (longitude) =48°06'04,0639" WGr e, N (altitude) =0,0 m Figura 1.2 - Formas de representação da Terra No Brasil, atualmente, é utilizado o Sistema Geodésico Brasileiro, que faz parte do Sistema Geodésico Sul Americano de 1969, conhecido como SAD-69. Este sistema apresenta dois parâmetros principais: a figura geométrica representativa da Terra (o elipsóide de referência) e sua orienta- ção (a localização espacial do ponto de origem - base - do sistema): Figura da Terra: Elipsóide Internacional de 1967, com: - a (semi-eixo maior) = 6.378.160,00 m - b (semi-eixo-menor) =6.356.774,72 m - a (achatamento = (a-b)/a) = 1/298,25 ESCALAS A cartografia, através dos tempos, foi experimentando diferentes utilizações em função de suas diversas aplicabilidades. Conforme o nível de exigência aumentava, cada vez mais necessi- tava-se de elementos que pudessem ser extraídos dos mapas com preci- sões adequadas aos interesses dos usuários. Assim, por exemplo. a preci- são e o detalhamento dos mapas que foram sendo aprimorados a partir do século XVII, serviram para aumentar o poder de domínio dos países coloni- zadores. Dentre os diversos componentes de um mapa, um dos elementos fundamentais, para o seu bom entendimento e uso eficaz, é a escala. Pode-se definir escala como sendo a relação ou proporção existente entre as distâncias lineares existentes em um mapa, e aquelas representa- das no terreno, ou seja, na superfície real, respectivamente. Em geral, as escalas são apresentadas em mapas nas formas nu- mérica, gráfica ou nominal. Escala numérica A Escala numérica é representada por uma fração onde o numera- dor é sempre a unidade, designando a distância medida no mapa, e o de- 18 nominador representa a distância correspondente no terreno. É a forma de representação comumente mais utilizada em mapas impressos. Exemplos: 19 Exemplo: i i i i i 11 i i i 1:50.000 1/50.000 1000m O 1000 2000 3000 4000m Em ambos os casos, a leitura é feita da seguinte forma: a escala é de um para cinqüenta mil; ou seja, cada unidade medida no mapa corres- ponde a cinqüenta mil unidades, na realidade. Assim, por exemplo, cada centímetro representado no mapa corresponderá, no terreno, a cinqüenta mil centímetros, ou seja, quinhentos metros. Escala Gráfica A Escala Gráfica é representada por uma linha ou barra (régua) graduada contendo subdivisões, denominadas talões. Cada talão apresenta a relação de seu comprimento com o valor correspondente no terreno, indi- cado sob forma numérica, na sua parte inferior. O talão, preferencialmente, deve ser expresso por um valor inteiro. Normalmente utilizada em mapas digitais, a escala gráfica, consta de duas porções: a principal, desenhada do zero para a direita e a fracioná- ria, do zero para a esquerda, que corresponde ao talão da fração principal subdividido em dez partes. A aplicação prática desta maneira de representação se dá de forma direta, bastando utilizá-Ia como uma régua comum. Para isto, basta copiá-Ia num pedaço de papel a fim de relacionar as distâncias existentes no mapa e na realidade. Escala Nominal A Escala Nominal ou equivalente é apresentada nominalmente, por extenso, por uma igualdade entre o valor representado no mapa e sua cor- respondência no terreno. Exemplos: 1 cm =10 km 1 cm =50 m Nestes casos, a leitura será: um centímetro corresponde a dez qui- lômetros e um centímetro corresponde a cinqüenta metros, respectivamen- te. Utilização Prática A utilização prática da escala contida em um mapa diz respeito às medições possíveis a serem realizadas no mesmo. Assim, as distâncias entre quaisquer localidades podem ser facil- mente calculadas através de uma simples regras de três, a qual pode ser montada como segue: 20 D = N x d , onde: D = distância real no terreno N = denominador da escala (Escala = 1/N) d = distância medida no mapa Exercícios Resolvidos 1. Medindo-se uma distância em uma carta achou-se 22 cm. Sendo a escala da carta 1:50.000, ou seja, cada centímetro, na carta, representan- do 50.000centímetros (ou 500 metros) na realidade, a distância no terreno será: D=Nxd D = 50.000 x 22 cm = 1.100.000 cm = 11 .000 m = 11 km 2. Ao encontrar-se um mapa geográfico antigo, cuja escala aparece pouco visível, mediu-se a distância entre duas cidades, tendo sido encon- trado o valor de 30 cm. Sabendo-se que a distância real entre ambas é de, aproximadamente, 270 km em linha reta, pergunta-se: qual era a verdadeira escala do mapa? D=Nxd -+ N=D+d N = 270 km: 30 cm; N = 27.000.000 cm + 30 cm = 900.000, ou seja, Escala = (1/N) = 1:900.000 21 3. Ao se demarcar uma reserva indígena no norte do país, de forma quadrada, com área de 15.625 km2, sobre um mapa na escala 1:1.250.000, busca-se saber: de quanto será cada lado do quadrado desenhado no mapa? Como trata-se de uma área quadrada, podemos tomar como base para o cálculo da escala um dos lados desta figura e, então: Área do quadrado = lado x lado -+ Cada lado =~ e, então, lado = ",,15.625 km 2 Ou seja, lado = 125 km = 12.500.000 cm Sabendo-se que a escala do mapa é de 1:1.250.000, temos que D = N x d -+ d = D + N -+ d = 12.500.000 cm + 1.250.000 Finalmente, d = 10 cm 4. Após a impressão de parte de uma carta topográfica qÍJe encon- trava-se em um arquivo digital, observou-se que houve uma ampliação da mesma. Um trecho de uma estrada que apresentava, na escala original de 1:25.000, 7 cm, ficou com 12,5 cm. Como será calculada a "nova" escala do mapa impresso? Cálculo da distância real: D = N x d D = 25.000 x 7 cm = 175.000 cm = 1.750 m Cálculo da nova escala: N = D + d -+ N = 175.000 cm : 12,5 cm = 14.000 Nova escala = 1:14.000 22 23 A figura 2.1 procura apresentar uma situação semelhante. Problemas como o apresentado no exemplo 4 podem ser sanados de forma razoavelmente simples caso seja utilizada uma escala gráfica ao invés de uma simples escala numérica ou nominal. No caso citado, como ocorreu uma ampliação do mapa original, e, como a escala gráfica acompanha essa distorção, ela automaticamente se moldaria ao novo mapa impresso. Salienta-se, entretanto, que esta situa- ção não é recomendável, pois um mapa sempre conservará suas bases mesmo quando da sua ampliação/redução. Assim a qualidade das informa- ções continuará vinculada àquela do mapa original. A questão dos erros em cartografia ao fim a que se destina o produto obtido, ou seja, à necessidade ou não de precisão e detalhamentos do trabalho efetuado e à disponibilidade de recursos para impressão. Um problema importante a ser considerado, quando da escolha da escala, diz respeito às possibilidades de existência de erros nos mapas comumente utilizados. No caso de mapas armazenados em arquivos digitais, esta situação tende a ser relegada a um segundo plano pois, em princípio, a escala pode ser facilmente transformada para quaisquer valores. Entretanto, isto pode vir a gerar uma série de problemas. Deve-se ter muito cuidado ao lidar com este tipo de estrutura pois o que realmente vale é a origem das infor- mações geradas. Assim, um mapa em meio digital originalmente concebido na escala 1:50.000 nunca terá uma precisão maior do que a permitida para esta escala. A escolha da escala mais adequada deve seguir dois preceitos bá- sicos que dizem respeito: Redução de 60%Redução de 80% Paulópols Escala original Figura 2.1 - Redução da escala original para 80% e 60%, respectivamente. Escolha da e cala Estes erros estão relacionadas às formas de confecção e à qualida- de do material impresso. Além da incerteza advinda da origem das informa- ções, da qualidade da mão-de-obra e dos equipamentos que geraram o produto final, tem-se a possibilidade de deformação da folha impressa. Para qualquer trabalho em que se for utilizar um mapa, a primeira preocupação deve se dar com relação à escala a ser adotada. Dentre as várias ocorrências possíveis, uma que deve ser respeita- da é o erro gráfico. Este tipo de erro, que pode ser definido como o apa- rente deslocamento existente entre a posição real teórica de um objeto e 24 sua posição no mapa final, é potencialmente desenvolvido quando da con- fecção do desenho. O erro gráfico não deve ser inferior a 0,1 mm, indepen- dentemente do valor da escala. Entretanto, em certos casos, é aceitável um valor compreendido entre 0,1 mm e 0,3 mm. Este tipo de erro diminui de intensidade com o aumento da escala. Desta forma, quando se fizer uma linha de 0,5 mm (o diâmetro do grafite de uma lapiseira comum) em um mapa numa escala 1:50.000, onde um milí- metro corresponde a cinqüenta metros, um erro de 0,5 mm no mapa corres- ponderá a vinte e cinco metros, na realidade. Em uma escala de 1:100.000, para este mesmo traçado, o erro ficaria em cinqüenta metros. Para um traço de 0,25 mm, quando o olho humano quase já não consegue mais dis- tiguir diferentes feições, o erro cometido em uma escala de 1:50.000 seria de 12,5 metros e, em uma escala de 1:100.000, de 25 metros. CARTAS, MAPAS E PLANTAS De acordo com alguns pesquisadores, a provável origem da palavra mapa parece ser cartaginesa, com o significado de "toalha de mesa". Esta conotação teria derivado das conversas realizadas por comerciantes que, desenhando sobre as ditas toalhas, os mappas, identificavam rotas, cami- nhos, localidades e outros tantos informes gráficos auxiliares aos seus ne- gócios. Com o passar dos tempos, diversas terminologias foram sendo agregadas para definir tais representações, cada uma com a sua especifici- dade. Os termos cartas e plantas, além dos já citados mapas, são usados muitas vezes como sinônimos, o que deve ser encarado com certos cuida- dos. Em função de suas próprias características, a terminologia de mapa ou carta é utilizada diferentemente de acordo com o país e o idioma corres- pondente. No caso do Brasil, a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - confere as seguintes definições (OLIVEIRA, 1993): - MAPA: "representação gráfica, em geral uma superfície plana e ma eterminada escala, com a representação de aCidentes físicos e culturais da superfície da Terra, ou de um planeta ou satélite." - CARTA: "representação dos aspectos naturais e artificiais da Ter- ra, destinada a fins práticos da atividade humana, permitindo a avaliação precisa de distâncias, direções e a localização plana, geralmente em média 26 ou grande escala, de uma superfície da Terra, subdividida em folhas, de forma sistemática, obedecendo um plano nacional ou internacional." Os mapas e/ou cartas podem ser classificados de diversas manei- raso Classificação de acordo com os objetivos Em função dos objetivos a que se destinam, podem ser classifica- dos em: • mapas genéricos ou gerais, que não possuem uma finalidade específica, servindo basicamente para efeitos ilustrativos, nor- malmente desprovidos de grande precisão, apresentado alguns aspectos físicos e obras humanas, visando a um usuário leigo e comum. Exemplo: Mapa contendo a divisão política de um Estado ou País. • mapas especiais ou técnicos, que são elaborados para fins es- pecíficos, com uma precisão bastante variável, de acordo com a sua aplicabilidade. Ex.: mapas astronômico, meteorológico, turís- tico, zoogeográfico etc; • mapas temáticos, onde são representados determinados as- pectos, ou temas sobre outros mapas já existentes, os denomina- dos mapas-base. Utiliza-se de simbologias diversas para a repre- sentação dos fenômenos espacialmente distribuídos na superfície. Qualquer mapa que apresente informações diferentes da mera representação do terreno, pode ser classificado como temático. Ex.: mapa geomorfológico, geológico, de solos, etc. 27 • mapa ou carta imagem, onde uma imagem é apresentada sobre um mapa-base, podendo apresentar objetivos diversos. Utilizados para complementar as informações de uma maneira mais ilustrati- va a fim de facilitar o entendimento pelo usuário. Estas classificações devem ser consideradas meramente como in- dicações da aplicabilidade para cada solução apresentada. Há uma ten- dênciade superposição das características apresentadas. Classificação de acordo com a escala3 Uma outra maneira de classificação da representação cartográfica, esta de acordo com a escala, pode ser descrita da seguinte forma: • plantas, quando trabalha-se com escalas muito grandes, maio- res do que 1:1.000. As plantas são utilizadas quando há a exi- gência de um detalhamento bastante minucioso do terreno como, por exemplo, redes de água, esgoto etc; • carta cadastral, extremamente detalhada e precisa, com gran- des escalas, maiores do que 1:5.000, utilizadas, por exemplo, para cadastro municipal. Estas cartas são elaboradas a partir de levantamentos topográficos e/ou aerofotogramétricos; • carta topográfica, que compreende as escalas médias, situadas entre 1:25.000 e 1:250.000, contendo detalhes planimétricos e al- timétricos. As cartas topográficas normalmente são elaboradas a 3 Não há regras rígidas quanto à classificação da "grandeza" de uma escala. Assim, para um estudo de uma bacia hidrográfica com área de 500 km2, uma escala de 1:50.000 pode ser considerada "grande". 28 partir de levantamentos aerofotogramétricos com o apoio de ba- ses topográficas já existentes; 29 Para as regiões polares, é utilizada a Projeção Estereográfica Polar. A fi- gura 4 apresenta um esboço desta sistemática para o fuso 22. • carta geográfica: com escalas pequenas (menores do que 1:500.000), apresentando simbologia diferenciada para as repre- sentações planimétricas (exagerando os objetos) e altimétricas, através de curvas de nívef ou em cores hipsométricass. CIM - Carta Internacional do Mundo ou ao Milionésimo A necessidade de uniformizar a cartografia internacional, muitas ve- zes com vistas a fins militares, gerou a Garta Internacional do Mundo ao Milionésimo, ou GIM. 54° 0° 4° 51° 48° Esta carta, destinada a servir de base para outras dela derivadas, possuidora de um bom detalhamento topográfico, é originária da divisão do globo terrestre em sessenta partes iguais. Cada uma destas partes, deno- minada de fuso, possui seis graus de amplitude. Por outro lado, desde o equador terrestre, no sentido dos pólos, procedeu-se a uma divisão em zonas, espaçadas de quatro em quatro graus. A GIM, portanto, trata-se de uma carta na escala 1:1.000.000 distri- buída em folhas de mesmo formato, de 4° de latitude por 6° de longitude, com características topográficas, apesar de sua escala, que cobre toda a Terra. A GIM utiliza a Projeção de Lambert até as latitudes de 800 S e 84°N. Figura 3.1 - Esquema para o fuso 22 Os fusos da GIM são numerados de 1 a 60, a partir do antimeridiano de Greenwich e o valor da longitude do Meridiano Central de cada fuso é dado por: MC =6F -183° Onde: MC =Meridiano Central F = fuso considerado Exercício Resolvido Como sabe-se que MC =6F - 183°, 1. Calcular o valor do Meridiano Central para o fuso 22.4 CUNas de nível, isoipsas ou CUNas hipsométricas, definidas aqui como sendo as linhas apre-sentadas em uma carta ou mapa que ligam pontos com igual altitude no terreno com vistas à representação da altimetria da região mapeada. S Sistema de coloração seqüencial, de tons mais claros para escuros, utilizado em mapas para a representação do relevo de uma superfície, desde o nível do mar até as maiores altitudes. Normalmente utiliza-se tons azuis para as porções alagadas e variações entre o verde, para regiões mais baixas, até o marrom, passando por tons amarelados e avermelhados, para as porções mais elevadas. Muitas vezes utiliza-se tons de cinza claro para as linhas de neve. Tem-se que: MC =6.22 - 183 30 31 letra "H", a zona compreendidas entre as latitudes 28°S e 32°S e o valor "22", o fuso cujo Meridiano Central é 51 °W, conforme fora calculado. Desdobramento da CIM A GIM pode ser desdobrada em outras cartas com escalas maiores buscando-se manter a proporção do tamanho da folha impressa. Assim, por exemplo, uma folha na escala 1:1.000.000, com 6° de longitude por 4° "<'l de latitude, pode ser dividida em quatro partes de 3° de longitude po(4) de latitude. Da mesma maneira, pode-se ir desdobrando as cartas até a es- cala 1:25.000. _~ I 6- de longitude I __ I 6- de longitude 1 28 0 28 0 SH.22·V SH.22·X (escala 1:500.000) (escala 1:500.000). SH.22 .~ ~.ª , V X]i (escala 1:1.000.000) ]i 30 0. y Z ~ SH.22·Y SH.22·Z (escala 1:500.000) (escala 1:500.000) _L- .... .... 32 0 __ .... .....1 .... 32 0 54 0 48 0 54 0 51 0 48 0 o quadro 3.1 e as figuras 5A, 5B, 5C, 5D e 5E, a seguir, apresen- tam esse desdobramento, partindo, como exemplo, da folha SH-22. Figura 3.2-A - Folha SH.22 Figura 3.2-8 - Desdobramento da Folha SH.22 IMU:" 111111'" /""""""'1 I_'~L''''''I I"''''''.'''! IN_U~" Ul." 1-... '.' ...., (...... "' ....1 100 '·' ......1 SH.22·Z·B (escala 1:250.000) 3" de longitude -- ~I:-~r=:::::;=~r=====~"I 30 0 .. I SH.22-Z·A-I·4 (escala 1:50.000) SH.22·Z·A·I·2 (escala 1:50.000) 50 SE NO NE 30' de longitude 1 2 SH.22-Z·A·I·l (escala 1:50.0001 3 4 5H.UZAH-ND 5HU·Z·A·U·tlE (...... US.OCIOI (...... l.u.I)(lO) IH UI·A·H·SO iH 2HA·H-U (••••1I1.2StlOOI (...... 1.15.001)1 ....L..I.-_......._ ......... ..... 30 0 30' 50 0 30' SH.22·Z·D (escala 1:250.000) SH.22-Z-C (escala 1:250.000) A B t-........-...I--.;..r-----I 3P C D __ .... .....1 .... 32 0 51 0 49 0 30' 48 0 ESCALA ARCO ABRANGIDO EXEMPLO DE NOMENCLATURA 1:1.000.000 6° À x 4° <p SH.22 1:500.000 3° À x 2° <p SH.22-Z 1:250.000 1°30' À x 1° <p SH.22-Z-A 1:100.000 30' À x 30'<p SH.22-Z-A-1 1:50.000 15' À x 15'<p SH.22-Z-A-I-3 1:25.000 7'30" À x 7'30" <p SH.22-Z-A-I-3-NO Quadro 3.1 - Desdobramento da GIM Figura 3.2-C - Desdobramento da Folha SH.22-Z Figura 3.2-0 - Desdobramento da Folha SH.22-Z-A-1 A nomenclatura das folhas da CIM obedece a uma codificação bási- ca na qual a primeira letra representa o hemisfério (N para Norte e S para Sul), a segunda, a zona considerada e a terceira, o fuso considerado. No exemplo anterior, da carta SH.22, a letra "5" representa o Hemisfério Sul, a , 32 A REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA A representação cartográfica vem evoluindo, há milhares de anos, até apresentar-se da forma como a conhecemos nos dias de hoje. Como seu produto mais significativo temos os tão conhecidos mapas. I 30°15' 30°30' 50°45' 15' de longitude 51° • • SH.22·Z·A·I·3·NO SH.22·Z·A·I·3·NE (escala 1:25.000) (escala 1:25.000) NO NE SO SE SH.22·Z·A·I·3·S0 SH.22·Z·A·I·3·SE (escala 1:25.000) (escala 1:25.000) -'- Figura 3.2-E - Desdobramento da Folha SH.22-Z-A-I-3 Pode-se definir representação cartográfica como sendo a repre- sentação gráfica da superfície da Terra, ou de um outro planeta, satélite, ou mesmo da abóboda celeste, de forma simplificada, de maneira que se pos- sam distinguir os fenômenos nela existentes e seus elementos constituintes. Croquis Muitas vezes utiliza-se o termo croqui para uma representação su- perficial do terreno, ou seja, um desenho apresentando um esboço da to- pografia de uma determinada região. Esta forma de representação deve ser encarada e enquadrada como um levantamento expedito, com pouca precisão. Chama-se a atenção, entretanto, para que não se confunda alguns destes levantamentos expeditos com os realizados com o uso de recepto- res GPS. Os dados obtidos com esta tecnologia podem possuir grande precisão e seus resul ados podem ser ransferidos e retrabalhados em um computador gerando mapas precisos, de extrema utilidade, sempre com- patíveis com a qualidade dos aparelhos e o treino do operador. Para não fugir aos propósitos deste livro, quaisquer referências de- dicadas à esta representação vincular-se-ão tão somente à superfície ter- restre. Orientação Um dos aspectos mais importantes para uma utilização eficaz e sa- tisfatória de um mapa diz respeito ao sistema de orientação empregado pelo mesmo. O verbo orientar está relacionado com a busca do oriente, palavra de origem latina que significa nascente. Assim, Sol, e a posição, relaciona-se à direçã06 leste, ou seja, ao oriente. 6 Nestelivro, os termos direção e sentido foram utilizados como sinônimos, com a mesma conotação. 34 35 _~E 5 N w~- Figura 4.2 - Rosa dos Ventos Tomando por base as direções Norte e Sul como principais, pode-se construir a chamada "Rosa dos Ventos" (fig. 4.2), a qual contém direções intermediárias estabelecidas com o intuito de auxiliar a orientação do usuá- rio. E N s wt----------"~----___f Z~NITE Possivelmente o emprego desta convenção esteja ligado a um dos mais antigos métodos de orientação conhecidos. Este método baseia-se em estendermos nossa mão direita na direção do nascer do Sol, apontando, assim, para a direção Leste7 ou oriental; o braço esquerdo esticado, conse- qüentemente, prolongar-se-á na direção oposta. Oeste ou ocidental e a nossa fronte estará voltada para o Norte, na direção setentrional ou boreal. Finalmente, as costas indicarão a direção do Sul, ou meridional ou, ainda, austral. A figura 4.1 apresenta esta forma de orientação. Figura 4.1 - Forma de orientação A fim de se ter uma adequada orientação do espaço nele represen- tado. um mapa deve conter, no mínimo. a indicação Norte. Normalmente, por convenção, esta orientação se dá com o orte indicando o sentido su- perior do mapa e o Sul, o inferior. Estas indicações podem, no entanto ser alteradas desde que expli- citadas ao usuário. A figura 4.3, a seguir, apresenta um mapa contendo a divisão regional do Brasil, invertido em relação à orientação tradicional, com a indicação da direção Norte "para baixo" da folha. 7 A representação dos pontos cardeais se faz por Leste (E • East • ou L); Oeste CN •West • ou O) Norte (N • North) e Sul (South). 36 BRASIL· DIVISÃO REGIONAL 30'S 20'S 10'S 10'S 37 Direção Norte e ângulos notórios Uma observação a ser feita, diz respeito às possíveis indicações de norte existentes em um mapa ou carta, a saber: Norte Geográfico ou Verda- deiro, Norte Magnético e Norte de Quadrícula. A figura 4.4 apresenta um esquema contendo esta representação dos nortes. DECLINAÇÃO MAGNETICA em 1989 E CONVERGÊNCIA MERIDIANA DO CENTRO DA FOLHA A DECLINAÇÃO MAGNETICA CRESCE 7,7' ANUALMENTE Figura 4.4 - Esquema de representação dos Nortes Geográfico, magnético e de Quadrícula Figura 4.3 - Mapa da Divisão Regional do Brasil "invertido" em relação ao posicionamento tradicional o Norte Geográfico (NG), ou Norte Verdadeiro (NV), é aquele indi- cado por qualquer meridiano geográfico, ou seja, na direção do eixo de ro- tação do Planeta. o Norte Magnético (NM), apresenta a direção do pólo norte magné- tico, aquela indicada pela agulha imantada de uma bússola. 38 39 o Norte de Quadrícula (NQ) é aquele representado nas cartas topo- gráficas seguindo-se, no sentido sul-norte, a direção das quadrículas apre- sentadas pelas mesmas. o ângulo formado pelos Nortes Geográfico e Magnético, expresso em graus, denomina-se de declinação magnética (8). A declinação magné- tica possui grandes variações em diferentes partes do globo terretre, em função, entre outros fenômenos, da posição relativa entre os pólos geográfi- co e magnético. As cartas topográficas devem apresentar a variação anual deste ângulo em suas margens a fim de que se possa saber, no caso de uso de uma bússola, a real direção a ser seguida. A figura 4.4, apresenta declinação magnética o=13°11'. Conforme consta na carta, a declinação magnética em 1989, cresce 7,7' ao ano. Para o ano de 2000, teríamos uma variação de 7,7' x 11 anos, ou seja, 84,7', ou ainda, 1°24,7'; para o ano de 2001, 7,7' x 12 anos = 92,4', ou, 1°32,4' e assim por diante. Desta maneira, dever-se-á corrigir os ângulos para 14°35,7' (14°35'42") para o ano de 2000 e de 14°43,4' (14°43'24") para o ano de 2001, respectivamente, de acordo com o apontado pela bússola. Rumos e Azimutes Uma forma de orientação bastante usual em cartografia se dá atra- vés do uso de rumos e azimutes de um alinhamento. o Azimute de um alinhamento pode ser definido como sendo o ân- gulo medido no sentido horário, entre a linha Norte-Sul e um alinhamento qualquer, com variação entre 0° e 360°. Já, o Rumo de um alinhamento é conhecido como o menor ângulo formado entre a linha Norte-Sul e um alinhamento qualquer. Sua variação se dá entre 0° e 90° devendo ser indicado o quadrante correspondente: NE, SE, SW ou NW, isto é, primeiro, segundo, terceiro ou quarto quadrante, respectivamente. As figuras 4.5-a, 4.5-b, 4.5-c e 4.5-c, a seguir, apresentam exemplos contemplando as relações existentes entre rumos e azimutes de acordo com o quadrante representado. N s RUMO =AZIMUTE W +-------=-O-+---------+-E Az•.=25° R.. =25°NE Cabe salientar, no entanto, que, como o sistema de quadrículas apresentado nas cartas topográficas é uma representação planimétrica com cada quadrícula apresentando medidas iguais, somente no Meridiano Cen- trai de cada fuso haverá coincidência entre o NG e o NQ. Outro elemento importante contido nas cartas topográficas é conhe- cido como a convergência meridiana (y), formada pela diferença angular entre o Norte Geográfico e o Norte de Quadrícula. Figura 4.5-a - Rumos e Azimutes no primeiro quadrante (NE) 40 41 N N RUMO = 180'· AZIMUTE Az.. = 300' R.. = 60'NW RUMO = 360'· AZIMUTE +-----t----=-"'I----t---t-Ew +-----oo::-k------t--+Ew Azo .= 120' R.,= (180'-120')=60'SE s s Figura 4.5-d - Rumos e Azimutes no quarto quadrante (NW) Figura 4.5-b - Rumos e Azimutes no segundo quadrante (SE) A Representação Cartográfica e a forma d,! Terra w N RUMO = AZIMUTE· 180' -t-------,r::'---t---+E Az =215' RO'= 35'SW Um dos grandes problemas enfrentados para uma boa representa- ção cartográfica diz respeito à forma da Terra. Por possuir uma superfície específica, esférica, imperfeita e, sendo um mapa uma representação plana, não se tem condições físicas de se transformar as características superfici- ais do planeta num plano sem incorrer em grandes problemas de represen- tação. A melhor maneira de se representar a Terra ou de outros planetas é feita através de globos. s Figura 4.5-c - Rumos e Azimutes no terceiro quadrante (SW) Um globo é uma representação cartográfica que utiliza como figura matemática uma esfera onde os principais aspectos da superfície a ser re- presentada são mostrados através de uma simbologia adequada à sua es- cala. Sua apresentação, entretanto, incorre em alguns problemas exata- 42 mente em função de sua esfericidade, o que acarreta em certas dificuldades quanto ao seu manuseio e à realização de medições. Também, a necessi- dade de se trabalhar em uma escala muito reduzida é outro fator que difi- culta a sua utilização. CONSTRUÇÃO DE UM GLOBO A figura 4.6 apresenta o desdobramento aproximado da projeção da Terra sobre uma superfície esférica para a confecção de um globo. O valor da circunferência desta esfera é idêntico ao valor do comprimento do Equa- dor representado. Para a confecção de um globo com fins ilustrativos, pode-se partir do modelo apresentado na figura 4.6, recortando-se as porções delimitadas pelos meridianos apresentados. A escala do mesmo deverá ser calculada em função do tamanho da esfera disponível para a colagem, devendo-se medir o comprimento da mesma. Este comprimento deverá ser exatamente igual ao comprimento total da linha do equador desenhada. As calotas po- lares deverão ser anexadas posteriormente ao restante do recorte apre- sentado. PROJEÇÕESCARTOGRÃRCAS A fim de solucionar as questões relacionadas com a forma do Pla- neta, foram feitas algumas adaptações, buscando se aproximar a realidade da superfície terrestre para uma forma passível de ser geometricamente transformada em uma superfície plana e facilmente manuseada: um mapa. ---+-+--1-+---+---+---+--+-+--+-+--+--+---.1 Figura 4.6 - Desdobramento do Globo Terrestre 43 44 Em função destas dificuldades de representação, escolheu-se uma figura o mais próximo possível da própria superfície terrestre e que pudesse ser matematicamente trabalhada. Esta superfície é conhecida como elip-sóide de revolução, conforme já fora visto. A fim de se transportar os pontos constantes no elipsóide para um plano, foi criado um sistema denominado de "Projeções Cartográficas", o qual, através de alguns ajustes, transporta, do modo mais fiel possível, os pontos notáveis da superfície da Terra para os mapas. As projeções cartográficas, apoiadas em funções matemáticas defi- nidas, realizam este transporte de pontos utilizando diferentes figuras geo- métricas como superfícies de projeção. Matematicamente, pode-se estabelecer um sistema de funções contínuas f, g, h e i que buscam relacionar as variáveis x e y, as coordena- das da superfície plana, com a latitude cp e a longitude À, as coordenadas do elipsóide. Resumindo, têm-se: x = f (cp,À) Y=9 (cp,À) cp =h (x,y) À =i (x,y) Estas funções levam a infinitas soluções sobre as quais um sistema de quadrículas busca localizar todos os pontos a serem representados. O caso é que o transporte de pontos da realidade para este mapa plano acaba por transferir uma série de incorreções gerando deformações que podem ser mais ou menos controladas. 45 Classificação das projeções As projeções cartográficas podem ser classificadas de acordo com diferentes metodologias que buscam sempre um melhor ajuste da superfície a ser representada. De uma forma bastante simplificada, pode-se classificar as proje- ções cartográficas, seguindo a proposta de OLIVEIRA (1993), como sendo conformes, equivalentes, eqüidistantes, azimutais ou zenitais e afiláticas ou arbitrárias. As projeções conformes ou semelhantes mantêm a verdadeira for- ma das áreas a serem representadas, não deformando os ângulos existen- tes no mapa. Já, as projeções eqüidistantes apresentam constância entre as dis- tâncias representadas, ou seja, não possuem deformações lineares. As projeções equivalentes, por sua vez, possuem a propriedade de manter constante as dimensões relativas das áreas representadas, isto é, não as deformam. Estas projeções, entretanto, não constituem-se como projeções conformes. As projeções azimutais ou zenitais são destinadas a finalidades bem específicas, quando nem as projeções conformes ou equivalentes satisfa- zem. Estas projeções preocupam-se apenas com que os azimutes ou as direções de todas as linhas vindas do ponto central da projeção sejam iguais aos das linhas correspondentes na esfera terrestre. Finalmente, tem-se as projeções afiláticas ou arbitrárias, as quais não possuem nenhuma das propriedades das anteriores, isto é, não con- servam áreas, ângulos, distâncias nem os azimutes. 46 As projeções cartográficas podem ser classificadas, ainda, em fun- ção: • da localização do ponto de vista (figura 4.7): 47 poliédrica. quando utiliza-se vários planos de projeção que, reunidos, formam um poliedro. gnômica, quando o ponto de vista está situado no centro do elipsóide; estereográfica, quando o ponto de vista localiza-se na ex- tremidade diametralmente oposta à superfície de projeção; ortográfica, quando o ponto de vista situa-se no infinito. PLANA CÔNICA CiLíNDRICA Figura 4.8 - Classificação das projeções de acordo com o tipo de superfície de projeção GNÔMICA ESTEREOGRÁFICA ORTOGRÁFICA • da posição da superfície de projeção (figura 4.9): Figura 4.7 - Classificação das Projeções segundo a localização do ponto de vista • do tipo de superfície de projeção (figura 4.8): planas, quando a superfície de projeção é um plano; cônicas, quando a superfície de projeção é um cone; cilíndrica, quando a superfície de projeção é um cilindro; equatorial, quando o centro da superfície de projeção situa- se no equador terrestre; polar, quando o centro do plano de projeção é um polo; transversa, quando o eixo da superfície de projeção (um ci- lindro ou um cone) encontra se perpendicular em relação ao eixo de rotação da Terra; oblíqua, quando está em qualquer outra posição; tangente, quando a superfície de projeção tangencia o elip- sóide em um ponto (planas) ou em uma linha (cilíndricas ou cônicas);-- ~... - .. 48 49 • da situação da superfície de projeção (figura 4.9): PROJEÇÃO CILlNDRICA PROJEÇÃO CILINDRICA DIREtA TANGENTE DIRETA SEÇANTE secante, quando a superfície de projeção corta o elipsóide em dois pontos (planas) ou em duas linhas (cilíndricas ou cônicas) de secância. PROJEÇÃO CONICA NORMAL SECANTE PROJEÇÃO CONICA TRANSVERSA SECANTE PROJEÇÃO CONICA NORMAL TANGENTE PROJEÇÃO CONICA TRANSVE~SA TANGENTE PROJEÇÃO CILINDRICA TRANSVERSA TANGENTE OOJ PROJEÇÃO CILlNDRICA TRANSVERSA SECANTE PROJ~CÃO CILlNDRICA OBUOUA SECANTE PROJEÇÃO CILlNDRICA OBLloUA TANGENTE PROJEÇÃO CONICA OBLloUA TANGENTE PROJECÃO CONICA OBUOÚA SECANTE u PROJEÇÃO PLANA POLAR PROJEÇÃO PLANA EOUATORIAL PROJEÇÃO PLANA OBLloUA Figura 4.9 - Classificação das projeções quanto à posição e à situação da superfície de projeção CARTOGRAFIA TEMÁTICA Enquanto que a cartografia topográfica tradicional trata de um pro- duto cartográfico de forma geométrica e descritiva, a cartografia temática apresenta uma solução analítica ou explicativa. De uma maneira geral, diz-se que a cartografia temática preocupa- se com o planejamento, execução e impressão final, ou plotagem de mapas temáticos. Para se obter um bom resultado em um mapa temático, alguns preceitos devem ser respeitados e, como estes mapas baseiam-se em ma- pas pré-existentes, deve-se ter um conhecimento preciso das características da base de origem. Os mapas temáticos originados, geralmente utilizam outros mapas como base, tendo por objetivo básico fornecer uma representação dos fe- nômenos existentes sobre a superfície terrestre fazendo uso de uma sim- bologia específica. Como já fora colocado no capítulo 3, é possível afirmar-se que qualquer mapa que apresente outra informação distinta da mera represen- tação da porção analisada, pode ser enquadrado como sendo temático, ou c;8Ja, possuidor de um tema específico. Um mapa temático, assim como qualquer outro tipo de mapa, deve POssuir alguns elementos de fundamental importância para o fácil entendi- mento do usuário em geral. 52 Mapas temáticos: elementos constituintes Dentre os variados elementos passíveis de estarem presentes em um mapa temático, merecem destaque: 1. O título do mapa: realçado, preciso e conciso; 2. As convenções utilizadas; 3. A base de origem (mapa-base, dados etc.); 4. As referências (autoria, data de confecção, fontes etc.); 5.. Indicação da direção Norte; 6. A escala; 7. O sistema de projeção utilizado; 8. O(s) sistema(s) de coordenadas utilizado(s) (gratículas e/ou quadrículas8). A confecção ou construção de um mapa qualquer deve levar em consideração, necessariamente, as características listadas de 1 a 6 sob pena de perda na qualidade do trabalho. Os sistemas de projeção e de coordenadas devem constar sempre que possível a fim de validar cientifi- camente as informações contidas no mapa. Em se tratando de mapas digi- tais, todas as informações listadas tornam-se indispensáveis já que sua omissão impedirá trabalhos com a utilização das técnicas do geoprocessa- ment09• Uso de legendas e convenções 8 Gratículas, entendidas aqui como conjuntos de linhas que se cruzam perpendicularmente, em ângulos quaisquer, formando trapézios esféricos, enquanto que quadrículas apresentam-se como designações dadas a pares de linhas paralelas que se cruzam perpendicularmente, estabelecendo necessariamente ângulos retos, para formarem quadrados ou retângulos. 9 As técnicas de geoprocessamento buscam realizar, de uma forma geral, o armazenamento, o processamento e a análise de dados georreferenciados, ou seja, de informações espacial- mente localizadas. Para isto ser possível, necessita-se dispor de mapas altamente qualifica- dos. 53 Os mapas temáticos devem apresentar determinadas característi- cas básicas para que possam ser facilmente entendidos por qualquer usuá- rio. Em um primeiro momento, para que se possa fazer uma leitura cor- reta de determinados detalhes, a fim de vinculá-losà realidade vivenciada, necessita-se utilizar de alguma imaginação, pois deve-se lembrar que as cartas são representações do terreno elaboradas com a finalidade de apre- sentar as características do mesmo o mais fiel possível. A qualidade das informações Os dados ou informações a serem representados apresentam ca- racterísticas específicas que devem ser trabalhadas com bastante cuidado. Para que um mapa possa traduzir exatamente o que se deseja, é imprescindível o uso preciso de determinadas variáveis visuais. A primeira delas relaciona-se ao tamanho do elemento a ser repre- sentado. Neste sentido, é fundamental sempre manter-se uma proporção adequada à escala do mapa e ao tamanho final do produto impresso. Outra característica diz respeito às tonalidades, hachuras10, ou aos coloridos utilizados que, para uma boa representação, devem ser de fácil e imediata compressão. A exe u ão e um mapa om informações quantitativa deve pos- suir tons diferenciados, do mais claro, ou hachuras mais espassadas, para valores menores, até tons mais escuros, ou hachuramento mais denso, para 10 M'etodos de representação que utilizam traços paralelos de igual espaçamento para dar idéia de densidade ou para a representação da estrutura de um relevo. 54 valores maiores. Assim, em um mapa hipsométrico11 , utiliza-se duas ou três cores básicas e variações tonais intermediárias entre as mesmas (degradê) a fim de representar melhor as diferenças de altitudes. Já, em mapas políti- cos, por exemplo, as divisões administrativas deverão apresentar cores bem distintas uma das outras a fim de facilitar a localização das fronteiras; A forma do símbolo utilizado é outra característica fundamental para uma informação precisa e objetiva. As informações existentes na realidade da superfície devem ser, como já foi dito, de fácil compreensão. A utilização de diferentes formas de representação em um mapa, passíveis de um reco- nhecimento imediato pelo usuário, é essencial para a satisfação deste re- quisito básico: 55 Esta representação é feita com a utilização de polígonos. Exem- plos: vegetação, solos, clima, geologia etc. A representação temática: o uso de convenções A fim de que se possa apresentar cartograficamente os temas de um mapa de formas clara, objetiva e precisa. alguns princípios devem ser seguidos: 1. Cada fenômeno deve ser representado por apenas uma simbo- logia específica; assim, para informações qualitativas, há uma mudança na forma dos símbolos utilizados. A figura 5.1 apre- senta um exemplo desta situação. • A forma linear é utilizada para informações que, ao serem trans- portadas para um mapa, requerem um traçado característico, sob a forma de linha contínua ou não. Na maioria das vezes, a largura da linha desenhada não corresponde à largura real do tema. Para melhorar a compreensão dos elementos representados, o traceja- do pode apresentar cores diversas ou ser descontínuo. Exem- plos: estradas, rios etc; Petróleo o Diamante • A forma pontual é utilizada para as informações cuja representa- ção pode ser traduzida por pontos ou figuras geométricas. Exem- plos: cidades, casas, indústrias etc; • A forma zonal e usada para representar as Informaçoes que ocu- pam uma determinada extensão sobre a área a ser trabalhada. 11 mapa que representa o relevo através da utilização de cores para as diferentes altitudes; em geral, as áreas baixas são representadas por tons de verde passando para amarelo, as médias altitudes, por tons amarelados até avermelhados e, as maiores altitudes por tons de vermelho até marrom. Muitas vezes, acrescenta-se, em tons de cinza claro, uma área correspondente à linha de neve presente em grandes altitudes. Figura 5.1 - Informações qualitativas 2. Para variações de informações quantitativas, a tonalidade da o tilizada ou o tamanho da simbologia traduz as diferencia ções representadas. A figura aponta dois exemplos que de- monstram esta questão. 56 BRASIL -1991 EXPECTATIVA DE VIDA AO NASCER • mais de 70 anos 1t!~~1 de 65 a 70 anos D de 60 a 65 anos D menos de 60 anos PRODUÇÃO DE PETRÓLEO DO PAís X EM 2000 =10.000 barris/dia I = 5.000 barris/dia • =1.000 barris/dia Figura 5.2 - Informações quantitativas Os sinais convencionais são apresentados de variadas formas em mapas temáticos. 57 Em geral, as estradas principais são representadas por duas linhas paralelas preenchidas com cor vermelha; as secundárias, sem preenchi- mento, e os caminhos por uma linha pontilhada na cor preta. Já, as ferrovi- as são apresentadas na forma de uma linha preta com pequenos traços perpendiculares a esta principal Os cursos d'água possuem representação na cor azul, com sua nomenclatura mais usual. Os rios, de maior porte, possuem largura compa- tível ao mesmo. As nascentes são representadas por linhas tracejadas. A cobertura vegetal e plantações apresentam-se normalmente com colorações esverdeadas, existindo uma diferenciação de tonalidades entre os diversos tipos de vegetação e uso da terra. É importante observar-se que esta cobertura poderá apresentar-se bastante modificada em função das transformações experimentadas pela área desde a elaboração do mapa. As cidades e vilas, com área urbana significativa, dependendo da escala do mapa, podem ser representadas através de um arruamento bas- tante simplificado, com coloração rósea. Conforme a escala do mapa vai aumentando, o detalhamento (ruas, avenidas, quarteirões etc.) vai sendo cada vez mais aprimorado. Pequenos quadrados pretos podem representar quaisquer constru- ções existentes. Igrejas e escolas geralmente apresentam ícones específi- cos e outras construções como, por exemplo, USinas, cemltenos, fabncas e outras podem receber uma identificação específica ao lado visando uma localização mais facilitada. 58 Nos mapas, também são colocados alguns topônimos de lugares de conhecimento da população residente nos arredores da região. Ex.: nomes de morros, vilas etc. Alguns mapas temáticos podem apresentar um detalhamento maior patrocinado pela sua base. Assim, por exemplo, tem-se as curvas de nível que podem ser apresentadas como linhas na cor sépia (marrom claro), com numeração aparente, normalmente, de 100 em 100 metros. Igualmente, os pontos cotados também podem constar com o seu valor e um "X" ao lado, na cor preta, indicando a sua exata localização. Quando o "X" estiver na cor sépia, o mesmo deverá ser interpretado como um ponto cotado obtido por interpolação. Um triângulo contendo um ponto em seu centro mostra a lo- calização de um marco geodésico ou topográfico existente no terreno. Linhas tracejadas, contendo um ponto entre os traços, representam linhas de transmissão de energia (alta/baixa tensão); linhas tracejadas con- tendo um "x" entre os traços representam cercas. Qualquer mapa confiável deve apresentar as convenções utilizadas pelo mesmo e suas devidas explicações. Normalmente, a legenda é locali- zada em um canto do mapa, enquadrada em uma moldura e contendo o título "legenda" ou "convenções". Fonte da informação e referências d e e ifi ada 'z respeito à fonte das informa- ções e suas referências. A qualidade das informações constantes no mapa temático final está diretamente relacionada com o mapa base utilizado. 59 A autoria, a data de confecção, a origem da base de dados bem como todas as demais informações que possam contribuir para elucidar qualquer dúvida do usuário devem constar no rodapé do mapa produzido. Sistema de projeção e escala Para que se possa realizar um bom trabalho, deve-se ter cuidado com a questão da qualidade do produto gerado. Quando se deseja um nível maior de precisão nos mapas realizados, deverão constar, além dos itens já citados, outros dois dados imprescindíveis, importados do mapa base: a escala e o sistema de projeção. Qualquer produto apresentado sem estas caracterizações deve ne- cessariamente incluir dizeres como: "mapa meramente ilustrativo, sem rigor geométrico". A geração de mapas emmeio digital é, atualmente, a forma mais comum de confecção dos mesmos. As facilidades da informática trazem à tona, entretanto, variados problemas que podem ser agravados quando a manipulação das informações é executada sem o devido cuidado ou por profissionais não qualificados. Os "ajustes" realizados em um mapa para que ele consiga ser en- quadrado em determinado trabalho podem ocasionar danos irreparáveis ao material produzido. O "esticamento" de um mapa, por exemplo, pode alte- rar, além do sistema de projeção utilizado, a escala apresentada. Em determinados casos, porém, poder-se-á reduzir a escala em re- lação ao mapa original. Entretanto, ela jamais deverá ser aumentada, sob pena de perder-se a confiabilidade do trabalho desenvolvido. 60 Estrutura dimensional A representação de dados cartográficos é tipificada pela sua distri- buição espacial. A estrutura destas informações pode vincular diferentes dimensões, podendo caracterizar-se como sendo: • a-dimensionais (O-O), quando os dados não possuem uma es- trutura definida, como, por exemplo, um dado meteorológico qual- quer situado em um ponto conhecido; • unidimensionais (1-0), quando os dados possuem apenas uma dimensão definida, como, por exemplo, uma rodovia; • bidimensionais (2-D), quando os dados possuem duas dimen- sões definidas (x,y), como, por exemplo, a área de uma bacia his- drográfica; • tridimensionais (3-D), quando contemplar três dimensões, como por exemplo, a representação altimétrica de uma área. ALTIMETRIA Uma consideração fundamental diz respeito à altimetria a ser repre- sentada em um mapa. O uso de curvas de nível ou de cores hipsométricas para representar altitudes é o mais aconselhável. As curvas de nível ou isoipsas podem ser conceituadas como sendo linhas imaginárias de uma área determinada, as quais unem pontos de mesma altitude, destinadas a retratar, no mapa, de formas gráfica e mate- mática, o comportamento do terreno. 61 Simplificadamente, pode-se imaginar o traçado das curvas de nível como sendo as secções (fatias) retiradas de um relevo mantendo-se um espaçamento constante entre as mesmas. As figuras 5.3-a e 5.3-b apresentam, respectivamente, uma forma genérica de concepção da passagem de uma representação tridimensional, contendo um seccionamento constante do terreno, para uma representação bidimensional através do desenho das respectivas curvas de nível. Figura 5.3·a - Representação tridimensional do terreno Figura 5.3-b - Representação em curvas de nível Figura 5.3 - Representação da Altimetria 62 63 CONSTRUÇÃO DE MAPAS TEMÁTICOS 33'S 32"S 3O"S 7Jl'S *........ "- FONte. C9tSO llGE UIi1 ~ONVE.NÇOES- ! densIdMI. popu/1JCJoMl (haMm'j O 0-1 25 O 25-150 50-1 '00 "-'00-l5ÓÓ; ..... .'500-1 '000 ! • tten. o. 1000 55'W RIO GRANDE DO SUL DENSIDADE POPULACIONAL 32" Mapas de caracterização de temas específicos A figura 5.4 apresenta um mapa contendo a densidade demográfica no Estado do Rio Grande do Sul, construído a partir dos dados do censo de 1991 divulgados pelo IBGE. A confecção de mapas mais técnicos depende dos dados de ori- gem. Assim, a qualidade de um mapa de solos, geológico, ou geomorfoló- gico, estará diretamente vinculada aos trabalhos realizados desde os primei- ros levantamentos destinados à sua elaboração. Estes mapas são construídos a partir de mapas pré-existentes que contenham, por exemplo, a divisão política de um estado, quando são pro- duzidos mapas de regionalização, de concentração populacional, de nível sócio-econômico e tantos outros. Desta forma, apresentar-se-ão, a seguir, alguns exemplos de mapas temáticos e suas técnicas de execução. Como já fora colocado, os mapas temáticos necessitam do uso de outros mapas que servem de base para a sua confecção e que, qualquer mapa que apresente outra informação distinta da mera representação da porção analisada, pode ser enquadrado como sendo temático. Salienta se, mais uma ez, que um melhor ou pior produto final nada mais é do que o reflexo dos trabalhos realizados no decorrer de sua construção. Figura 5.4 - Densidade Populacional do Estado do Rio Grande do Sul 64 Outras formas de representação podem, no entanto, serem agrega- das a mapas já existentes com o intuito de qualificar as informações dispo- nibilizadas. Mapas de pontos 65 DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DA VILA ESTRADA VELHA· 2000 Os mapas de pontos são utilizados quando se necessita apresentar, de forma visualmente mais agradável, quantidades de determinados ele- mentos. Em função de suas características, estes mapas demonstram deta- lhes de localização muito mais claros e, às vezes, precisos do que quais- quer outros, possibilitando, ainda, uma visão geral de concentração ou de densidade relativa dos dados em função dos pontos representados. Técnica de execução: atribuir um valor para cada ponto a ser representado. Por exemplo, 1 ponto =100 habitantes; • • • • 1 ponto = 100 habitantes Figura 5.5 - Mapa de Pontos a N escala 1:1.000 determinar o número de pontos a serem desenhados dado pela divisão do valor do total da área pelo valor atribuído a cada ponto; inserir os pontos nos locais determinados. A figu a 5.5 a egui o ra um mapa de ponto da lo alidade fi í- cia de Vila Estrada Velha que aponta uma concentração de população ao longo da Estrada Velha Mapas de círculos Os mapas de círculos são utilizados quando a representação esta- tística é de maior interesse do que uma representação espacial mais preci- sa, como no caso dos mapas de pontos. Técnica de execução: definir os valores a serem representados a fim de que se possa ter uma fácil interpretação destas quantidades; Procedimento: 45,9 6,77 80,6 8,98 22,8 4,77 ·1 . 19,6 4,43 - - ~,-j.- . .~ ~ ..1 25,6 5,06 66 calcular o raio (ou diâmetro) do círculo a partir dos valores já definidos, utilizando uma proporção entre as raizes quadradas dos valores a serem representados e do menor destes valo- res12•, definir a unidade do raio (ou diâmetro) do círculo, de acordo com a escala do mapa ou do próprio dado a ser representado. Utilizar-se-á, como exemplo, os dados da tabela 5.1, a seguir. Tabela 5.1 - BRASIL: -Taxa de Mortalidade Infantil por região (1990) REGIAO I TAXADE MORTALIDADE INFANTIL (°/00) I ~" ~OM"~NS lR:.iz quadrada! MULHERES Raiz quadrada Norte : 60,3 7,76 Nordeste 95,6 9,78 ~ .,~.,,~~~~, . Sudeste 37,0 6,08 Sul 33,6 5,80 , - ~ +- .- - - . + Centro-Oeste' 40,0 6,32 L. .1 Fonte: adaptado de Anuário Estatístico do Brasil, 1996; In: SENE &MOREIRA, 1998. 1º Utilizando a tabela 5.1, que apresenta a "Taxa de Mortalidade por região, no Brasil, caracteriza-se o menor valor como sen- do o de base, ou seja, 19,6; 2º Extrai-se a raiz quadrada de todos os alores envolvidos (os valores já foram indicados na própria tabela); 12 Utiliza-se a raiz quadrada do valor dado em função da área de uma circunferência ser dada por A =nR2 67 3º É estabelecida a relação entre as raizes quadradas dos maio- res valores da tabela e da raiz quadrada do menor: 9,78/4,43 =2,21 8,98/4,43 = 2,03 7,76/4,43 =1,75 6,77/4,43 =1,53 6,32/4,43 =1,43 6,08/4,43 =1,37 5,80/4,43 =1,31 5,06/4,43 =1,14 4,77/4,43 = 1,08 4º Com os valores definidos, calcula-se o diâmetro (ou raio) do círculo de acordo com a escala do mapa: 19,6 -+ 1,96 cm (ou múltiplos deste valor) 22,8 -+ 1,96 x 1,08 =2,12 25,6 -+ 1,96 x 1,14 = 2,23 33,6 -+ 1,96 x 1,31 = 2,57 37,0 -+ 1,96 x 1,37 =2,68 40,0 -+ 1,96 x 1,43 =2,80 45,9 -+ 1,96 x 1,53 =3,00 60,3 -+ 1,96 x 1,75 =3,43 80,6 -+ 1,96 x 2,03 =3,98 95,6 -+ 1,96 x 2,21 =4,33 O mapa resultante desta composição pode ser observado na figura 5.6, a seguir. 68 69 MORTALIDADE INFANTIL NO BRASIL, POR REGIÃO Técnica de construção: fazer um levantamento de dados pontuais com coordenadas conhecidas (figura 5.7); Existem, no entanto, outras formas de representação de mapas de isolinhas, como as isotermas, representando linhas com mesmas tempera- turas, isóbaras, linhas com mesmas pressões, isoietas,linhas com mesmas precipitações pluviais, isópagas, linhas com iguais índices de geadas e as- sim por diante. As curvas mestras, normalmente mais precisas, obtidas através da interpolação de pontos cotados, possuem numeração aparente de 100 em 100m. A eqüidistância entre as curvas intermediárias, em geral obtidas pela interpolação das curvas mestras, varia de acordo com a escala do mapa utilizado: para uma escala de 1:50.000, a eqüidistância é de 20m; para uma escala de 1:100.000, é de 40m e assim por diante. Para melhorar a visuali- zação, quando do uso de grandes escalas, são utilizadas curvas auxiliares, com tracejado descontínuo e eqüidistância de 50m. 20'S EOUAOOR '0 WsO W 60'70' 70 W EOUAOOR 10'S ?Q.:§..---+-----IH:---=-A~ 30'S estabelecer a amplitude máxima entre os valores dos dados; Figura 5.6 - Mapa de Círculos contendo o índice de Mortalidade Infantil no Brasil, por regiões. determinar as classes a serem representadas; Mapas de isolinha traçar, por algum método de interpolação, a isolinha estabeleci- da pela classe calculada (figura 5.8). Os mapas de isolinhas são fundamentais para a construção de mo- delos numéricos que normalmente são associados a terrenos, como no caso das isoipsas ou curvas de nível. Este método de construção, mostrado aqui de forma bastante sim- plificada, também é utilizado por alguns programas que trabalham com computação gráfica e geoprocessamento. 70 301 o 293 o 202 203 0o 222 o 264 o 417 289 o • o 204 o232 190 ~01 o 307 0 o 210 o 102 105 o SISTEMAS DE COORDENADAS Meridianos e Paralelos Com o intuito de se determinar a localização precisa de pontos na sua superfície, pode-se dividir a Terra em partes iguais denominadas de hemisférios, conforme observa-se na figura 6.1. Figura 5.7 - Pontos distribuídos em uma área determinada Figura 5.8 - Mapa de isolinhas construído a partir da interpolação dos pontos apresentados na figura 5.7. PÓLO NORTE HEMISFÉRIO NORTE t HEMISFÉRIO SUL PÓLO SUL Figura 6.1 - Hemisférios da Terra De acordo com o sistema de convenções adotado, o Hemisfério Norte localiza-se ao norte da linha do Equador; o Hemisfério Sul, ao sul desta mesma linha; o Hemisfério Ocidental a leste do Meridiano considera- 72 do como padrão, Greenwich12; e, finalmente, o Hemisfério Oriental, a oeste deste mesmo meridiano. Estas considerações introduzem, intrinsecamente, dois novos con- ceitos: o de Meridiano, ou seja, cada um dos círculos máximos que-cortam a Terra em duas partes iguais, que pas,sam pelos pólos Norte e Sul e cruzam-se entre si, nestes pontos, semelhante- mente aos gomos de uma laranja; e o de Paralelo, que representaria cada um dos cortes horizontais feitos nesta "laranja", ou seja, cada círculo que corta a Terra, perpendicularmente em relação aos meridianos. Pode-se con- cluir, então, que o Equador é o único paralelo tido como círculo máximo. Latitude e Longitude A partir do apresentado, outros dois importantes conceitos merecem ser agregados. São eles: o de Latitude de um ponto, ou seja, a distância angular entre o plano do Equador e um ponto na superfície da Terra unido per- pendicularmente ao centro do Planeta, representado pela letra grega fi (cp); e 12 o Meridiano de Greenwich, que passa sobre a cidade de Londres, na Inglaterra, foi escolhido como Meridiano Internacional de Referência em 1962, durante a Conferência da Carta Interna- cional do Mundo ao Milionésimo, em Bonn, na Alemanha. 73 o de Longitude, o ângulo formado entre o ponto considerado e o meridiano de oriaem (normalmente Greenwich =0°), represen- tado pela letra grega lambda (À). A figura 6.2 mostra uma representação dos conceitos acima. Pólo Norte Pólo Sul Figura 6.2 - Latitude e Longitude SISTEMAS DE COORDENADAS A sistemática de divisão do Planeta apresentada anteriormente é utilizada, na prática, para a localização precisa de pontos sobre a superfície da erra. Sua efetivação se dá através do uso de um sistema de coordenadas que possibilita, através de valores angulares (coordenadas esféricas) ou 478 74 lineares (coordenadas planas) o.posicionamento de um ponto em um siste- ma de referência. Sistema de Coordenadas Geográficas A forma mais usual para a representação de coordenadas em um mapa se dá através da aplicação de um sistema sexagesimal denominado de Sistema de Coordenadas Geográficas. Os valores dos pontos localiza- dos na superfície terrestre são expressos através de suas coordenadas geográficas, latitude e longitude, contendo unidades de medida angular, ou seja, graus (0), minutos (') e segundos (li). As Coordenadas Geográficas localizam, de forma direta, qualquer ponto sobre a superfície terrestre não havendo necessidade de quafgier 2l!tra indicacão complementar como no caso das CoordenadasYI.M. Para isto, basta ser colocado, junto ao valor de cada coordenada, o hemisfério.... ~rre§gQQdente: N ou S para a coordenada norte ou sul e E ou W para a coordepada leste ou oeste, respectivamente13. Pode-se utilizar, igualmen~, os sinais + ou - para a indicação das coordenadas N e E (sinal positivo) e S e W (sinal negativo). Resumindo, quando o ponto estiver localizado ao sul do Equador a leitura da latitude será negativa e, ao norte, positiva. Por exemplo, de acordo com o IBGE, para efeitos de localização, o município de Arroio do Meio, no Estado do Rio Grande do Sul, situa-se nas coordenadas À =51 °56'24" WGr (lê-se: cinqüenta e um graus, cinqüenta e ei minuto e vinte e quatro segu do de longitude oeste, ou, a oes e de Greenwinch), ou ainda, À =- 51°56'24" e qJ =29°24' S (lê-se: vinte e nove 13 "E" de East (leste) e 'W" de west (oeste). Utiliza-se, também, "L" para Leste e "O" para Oeste. 75 graus e vinte e quatro minutos de latitude sul, ou, ao sul do Equador), ou, de• outra forma, qJ = - 29°24 '. Na figura 6.3, uma reprodução de uma porção da Carta SH.22-V-D- VI·4, no canto inferior esquerdo, identifica-se as Coordenadas Geográficas - 30° 00' e -51°15'. Estes valores indicam, respectivamente, trinta graus de latitude sul e cinqüenta e um graus e quinze minutos de longitude oeste. Em geral, em uma escala de 1:50.000, enquanto as coordenadas planas são expostas em quadrículas com intervalo de 2000 m, as coordenadas geográficas são apresentadas no intervalo de 5' em 5'. -30'00' .... Õiiiii.........l""-l._... -51'15' 476000mE Figura 6.3 - Reprodução do canto inferior esquerdo da Carta SH.22-V-D-VI-4 76 Sistema Universal Transversal de Mercator • UTM A Projeção do belga Gerhard Kremer, conhecido como Mercator, publicada em 1569, além de possibilitar um enorme avanço na cartografia de sua época, em função de sua construção, que conseguiu trabalhar com meridianos retos e equidistantes, bem como com paralelos retos, acabou por ser utilizada até hoje. Esta projeção originou um sistema largamente utilizado em trabalhos cartográficos, sistema este, conhecido como Sistema UTM (Sistema Universal Transversal de Mercator). o Sistema UTM adota uma projecão do tipo cilíndrica, transversal e secante ao globo terrestre. Ele possui sessenta fusos14, com seis graus de ~.elitude, cada contados a partir do anti-meridiano de Greenwich, no senti- do oeste-leste, em coincidência com os f , até a volta completa no mesmo ponto de origem. Os limites de mapeamento são os paralelos 800 S e 84°N, a partir dos quais utiliza-se uma projeção estereo-aráfica polar. Este sistema adota coordenadas métricas planas ou plano- retangulares, com características específicas que aparecem nas margens das cartas acompanhando uma rede de quadrículas planas. O cruzamento do equador com um meridiano padrão específico, denominado de Meridiano Central (MC), é a origem deste sistema de coor- denadas. Os valores das coordenadas obedecem a uma sistemática de numera ão a qual estabelece um valor de 10.000.000 m (dez milhões de metros) sobre o e uador e de 500.000 m mil metros sobre o Me. As coordenadas lidas a partir do eixo N (norte-sul) de referência, loca--lizadosobre o equador terrestre, vão se reduzindo no sentido Sul do mes- mo. As coordenadas do eixo E (leste-oeste), contadas a partir do MC de 14 Fuso, concebido aqui como uma zona delimitada por dois meridianos consecutivos. 77 referência, possuem valores crescentes no sentido leste e decrescentes no sentido oeste. Em função de ser constituído por uma projeção secante, no Meridi- ano Central tem-se um fator de deformação de escala k = 0,9996 em rela- ção às linhas de secância, onde k = 1, que indicam os únicos pontos sem deformação linear. Como há um crescimento progressivo após a passagem pelas linhas de secância, grandes problemas de ajustes podem vir a ocorrer em trabalhos que utilizem cartas adjacentes ou fronteiriças, ou seja, cartas consecutivas com MC diferentes. Assim, uma estrada situada em um de- terminado local numa carta, pode aparecer bastante deslocada na folha adjacente. Para uma descrição eficaz a respeito da localização de pontos so- bre a superfície terrestre, deve-se acrescentar ou o fuso ao qual se está referindo, ou o valor de seu Meridiano Central. A figura 6.3, anteriormente mencionada, mostra uma reprodução do canto inferior esquerdo da carta SH.22-V-D-VI-4, na escala 1:50.000, apre- sentando as Coordenadas Planas (Sistema UTM) 6.682.000mN, na linha horizontal e 476.000mE, na linha vertical. Nesta figura, a coordenada 6.682.000mN indica que este ponto está a 10.000.000m - 6.682.000m = 3.318.000m do Equador e a coordenada 476.000mE estabelece um ponto distante 500.000m - 476.000m =24.000m do MC. As coordenadas 6.684 e 478 localizadas, respectivamente acima e à direita destes pontos, repre- sentam, abreviadamente, as respectivas coordenadas 6.684.000mN e 478.000mE. Estas observações permitem verificar que as coordenadas crescem no sentido sul-none edecrescem no sentido leste-oeste. Consta- ta-se, Igualmen ,que ca a quadrícula desta carta, possui 2.000m de lado, 78 ou seja, uma área de 2.000m x 2.000m =4.000.000m2, isto é, 2km x 2km = 4km2. Localização de Pontos A determinação das coordenadas de um ponto qualquer em um mapa pode ser obtida de forma razoavelmente simplificada a partir da reali- zação de uma regra de três simples, com o uso de régua comum. A figura 6.4, a seguir, apresenta a forma de uso de uma régua em uma carta topográfica. Cálculo das Coordenadas Geográficas 30'S SO'W 40'W 79 Para o cálculo das Coordenadas Geográficas do ponto "X" da figura 6.4, deve-se proceder da seguinte forma (desconsiderando as possíveis distorções provocadas na régua em função da impressão no papel): • observa-se a distância angular entre as gratículas15 (10°, no exemplo apresentado, em ambos os sentidos norte-sul e leste- oeste); • coloca-se a régua, fazendo-se coincidir o zero com um meridia- no de referência e mede-se a distância, em milímetros16, entre dois meridianos, consecutivos de uma gratícula que contemple o ponto que se deseja obter as coordenadas. o caso apre- sentado, a distância medida foi de SOmm; 15 Grade de linhas que se cruzam perpendicularmente formando trapézios visando a localiza- r6ão de pontos na supe~ície do elips~ide. . Ou em uma outra unidade de medida conveniente. No caso da figura 6.4, pode ter havido alguma alteração para a sua composição na página impressa. 40'S-j-----------'-----'---'---------fL----'------.J Figura 6.4 - Determinação das Coordenadas Geográficas do Ponto X • da mesma forma, mede-se a distância entre o ponto "X" consi- derado e o meridiano de referência. No exemplo, a medida rea· lizada, na direção horizontal, apresentou 21 mm desde o meridi- ano de SOOW até o ponto 'X". Como temos, entre os meridianos representados pelos valores 400 W e SooW, 10° de amplitude, u, SOm , eremo ,a a i e uma e a e ê imple, u total de 4,2° de amplitude entre o ponto 'X" e o meridiano de referência, de SooW (21 mm x 10° : SOmm = 4,2°). Então, esta coordenada "X" (em relação ao "eixo horizontal" representado, um paralelo) terá o valor da coordenada apresentada por aquela 80 que representa o meridiano imediatamente anterior ao ponto, descontando-se a distância calculada, em graus. O resultado, finalmente, será de 45,8°W (50° - 4,2° =45,8°). A fim de facili- tar a compreensão, a representação de uma coordenada deve ser preferencialmente fornecida no sistema sexagesimal. Para tal, deve-se transformar este valor, novamente a partir de regras de três simples da seguinte forma: a porção inteira permanece como está, ou seja, 45°; a porção decimal (0,8°) deve ser convertida para minutos e segundos. Assim, como 1° corresponde a 60', os 0,8° res- tantes, corresponderão a 48', isto é, 0,8° x 60' : 1° = 48'. Como o valor encontrado não possui casas decimais, o cál- culo termina por aqui; a coordenada de longitude do ponto ")(", será, então, dada pela agregação das partes convertidas, ou seja, 45°48' W. • Procedimento semelhante deve ser realizado em relação aos paralelos, distanciados igualmente, no exemplo, de 10° um do outro. Para o cálculo da coordenada situada no ponto ")(" mede-se a distância entre ele e o paralelo imediatamente inferi- or a este ponto, de 40°5. Encontrou-se exatamente 25mm. A distância entre os paralelos 30°5 e 40°5 (amplitude de 10°) no exemplo, é de 47mm Fazendo-se a regra de três, teremos' 25mm x 10° : 47mm =5,319148936°. Procedendo desta manei- ra, obter-se-á a coordenada do ponto, que é calculada subtrain- do-se os 40°5 dos 5,319148936° calculados, ou seja, 34,680851064°5. Como já fora colocado, a representação de uma coordenada deve ser preferencialmente fornecida no sis- 81 tema sexagesimal. Para tal, deve-se transformar este valor, no- vamente a partir de regras de três simples da seguinte forma: a porção inteira permanece como está, ou seja, 34°; a porção decimal (0,680851064°) deve ser convertida para minutos e segundos. Assim, como 1° corresponde a 60', os 0,680851064° restantes, corresponderão a 40,85106384' (0,680851064° x 60' : 1° =40,85106384'). Novamente, se- para-se a porção inteira encontrada (40') da decimal (0,85106384') e transforma-se esta última em segundos (1' = 60"): 0,85106384' x 60" : l' = 51,0638304"; a coordenada de latitude do ponto ")(", será dada, então, pela agregação das partes convertidas, portanto, 34°40'51,0638304"5. • Finalmente, as coordenadas serão dadas por: • longitude: 45°48'W; • latitude: 34°40'51,06"5. Cálculo das Coordenadas UTM Utilizando o mesmo princípio apresentado para o cálculo das Coor- denadas Geográficas, pode-se calcular as Coordenadas UTM de um ponto qualquer de um mapa. Como exemplo, calcular-se-á as coordenadas do ponto A apresen- tado na figura 6.5 a seguir. 478 82 ·30'00' ...........__.....__Oiiií......................_ ... ·51 '15' 476000mE Figura 6.5 - Determinação das coordenadas UTM Para a realização do cálculo, procede-se da forma seguinte: • Coincide-se o zero da régua com a linha da quadrícula, exata- mente anterior ao ponto "A" e mede-se a distância até o mesmo. No exemplo, a medida realizada apresentou 18mm desde a linha correspondente a 476.000m até o ponto t~". Sabendo-se que a carta apresentada está na escala 1:50.000, o que faz com que cada cada milímetro medido no mapa corresponda a 50 metros na realidade, teremos um total de 900m (18mm x Om =900m) desde esta linha até o ponto "A" considerado. Desta forma, esta coordenada "E" (eixo horizontal) apresentará o valor da coorde- nada apresentada pela quadrícula imediatamente anterior ao 83 ponto, acrescida da distância medida, apresentando um total de 476..900m (476.000m + 900m =476.900m). • Procedimento semelhante deve ser realizado para a coordenada "N" (eixo vertical). Assim, para a distância entre a linha imedia- tamente inferior ao ponto "A" (6.682.000m) encontrou-se exata- mente 11 mm, ou seja, considerando-se a escala de 1:50.000, um total de 550m, na realidade (11 mm x 50m). Acrescendo-se este valor ao da coordenada da linha (quadrícula) anterior consi- derada, teremos 6.682.500m (6.682.000m
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