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Habilidades Clínicas P3 ➢ Anamnese Pediátrica - Identificação: ● Nome completo - Data de nascimento - Idade atual; ● Sexo; ● Origem ética - Naturalidade - Procedência; ● Nome do informante + relação de parentesco com a criança; ● Data de consulta; - QPD: ● Registrar a(s) queixa(s) usando as palavras do informante; ● Enumerar as queixas respeitando uma prioridade; ● Identificar com a expressão “sic” o uso de diagnósticos ou afirmativas que não tenham sido comprovadas objetivamente; - HDA: ● Início: época de aparecimento “ como começou?” ● Características: localização; intensidade (0-10); frequência; tipo: irradia, pontada, fisgada, aperto ● Fatores de melhora (atenuantes)/piora(agravantes) ● Sintomas associados ● Evolução: “essa dor se modificou nesses três dias?” ● Situação atual: registrar como o sintoma está no momento da anamnese ● Se possível e se tiver relação com a doença atual, deve registrar consultas médicas anteriores, diagnóstico(s) dado(s), exames realizados e medicação usada. *Utilizar terminologia médica. - IS: ● Antecedentes pessoais fisiológicos e patológicos ● Histórico familiar ● Hábitos de vida ● Condições socioeconômicas e culturais - Supervisão de Saúde: ● Recebe acompanhamento médico regular? ● Testes de triagem: visão, audição, do pezinho, orelhinha, etc; ● Exames laboratoriais realizados recentes; ● Prática de exercício físico; frequência; tipo de exercício; ● Dieta do dia anterior (ou último dia em que estava com saúde); ● Hábitos de segurança; ● Cuidados dentários; ● Se adolescente: recebeu orientação sobre prevenção de doenças sexualmente ● transmissíveis, contracepção, drogadição; ● Imunizações; - Crescimento: ● Uso de curvas padronizadas para monitorização do crescimento; ● Velocidade do crescimento; ● Tendência à obesidade ou emagrecimento; ● Caracteres sexuais secundários - Desenvolvimento: ● Idade de aquisição dos marcos mais importantes do desenvolvimento; ● Rendimento escolar. - Antecedentes: ● Perinatais: gestação; parto; dados antropométricos ao nascer; período neonatal imediato. ● Mórbidos (doença na infância; alguma cirurgia) ● Alimentares; ● Familiares(alguma doença hereditária); - Condições socioambientais: ● Tipo e condições da habitação; ● Número de pessoas no domicílio; ● Estado de saúde dos ocupantes; ● Local onde dorme o paciente; ● Quem toma conta da criança e onde? ● Pais e irmãos (grau de instrução, tipo de emprego, ● rendimento familiar médio, uso de drogas); ● Adoção na família; ● Situação conjugal dos pais; ● Tipo de relacionamento com os pais, irmãos, empregados; colegas e professores; ● Escola (pública ou privada, tamanho, distância, transporte); ● Atividades para-escolares (esporte, música, artes); ● Quantas horas diárias assiste TV?; ● Acesso a praças e piscina; ● Contato com animais; ● Contato com substâncias tóxicas; ● Contato com delinqüentes; ● Atividade sexual. ➢ Exame Clínico Pediátrico Geral ● Abordagem ❖ LACTENTE (0 - 02a) - Ambiente com temperatura agradável; - Criança completamente despida → remove-se as roupas gradativamente; - Iniciado com a criança no colo da mãe, vestida e dormindo; - Procedimentos desagradáveis ou os mais temidos são deixados para o final; - Recomendável que as fraldas somente sejam retiradas no momento em que for examinada a região correspondente; ❖ PRÉ-ESCOLAR (02a - 04a): - Maior resistência à execução do exame; - Desafio para o médico → completar o exame evitando o choro, luta física ou pais perturbados; - Saber como "quebrar o gelo" através de uma conversa amigável, uma brincadeira, com o uso de brinquedos ou os próprios objetos de exame; - Avisar sobre todos os procedimentos → se possível, demonstrando em si mesmo ou em algum boneco; - Conversar durante o exame, evitando períodos prolongados de silêncio; - A ordem do exame é variável, adaptando-se à situação. - Decúbito apenas para os procedimentos necessários; - Contenção → só em extrema necessidade e explicar aos pais a técnica mais adequada de contenção e assegurar-lhes que a reação da criança é normal para a idade. ❖ ESCOLAR (05a - 10a) - A resistência ao exame será mínima; - Conversa amigável com a criança sobre assuntos variados, tais como escola ou amigos; - Explicações sobre os procedimentos do exame físico; - Atentar para o pudor da criança; - As crianças preferem os irmãos e/ou o progenitor do sexo oposto fora da sala; - A ordem do exame pode ser a mesma usada em adultos; ❖ ADOLESCENTE (11a - 19a) - Preferem que o exame seja feito na ausência dos pais; - Apreciam ser tratados como adultos e esperam isso do médico; - Orientar sobre mudanças corporais típicas da adolescência; - Pudor do paciente no tocante ao exame dos genitais, sempre pesando o benefício e o desconforto ou constrangimento causados. ● Avaliação Inicial - A primeira avaliação, rápida e objetiva, cuja finalidade é a detecção rápida de situações de emergência; - A avaliação inicial pode ser resumida nas letras ABC, conforme se segue: A. Aparência; B. Breathing ou Respiração; C. Circulação ➔ Aparência → avaliar estado geral, nível de consciência, presença de dor, desconforto respiratório, sinais de desidratação, sinais indicativos de trauma, entre outros; ➔ Respiração → identificar alterações na frequência respiratória e sinais indicativos de desconforto respiratório ou falência respiratória iminente; ➔ Circulação → identificar alterações na perfusão tecidual, com a presença de cianose, palidez, pele rendilhada ou marmórea, sangramentos etc. - Inspeção Geral: - Avaliação da atividade, intensidade e características do choro, responsividade, postura, movimentação espontânea, e da fácies; - Impressão geral → Avaliação geral do grau de doença ou de bem-estar da criança ➢ ATITUDE; ➢ FÁCIES; ➢ ESTADO NUTRITIVO. ➢ Sinais Vitais - Temperatura; - Frequência de pulso: (a) Palpação dos pulsos periféricos (femoral, radial e carotídeo); (b) Ausculta cardíaca direta; (c) Observação da pulsação das fontanelas. - Frequência respiratória: Observar também a amplitude e a facilidade ou dificuldade dos movimentos respiratórios: (a) Observação das incursões abdominais; (b) Ausculta do tórax; (c) Colocação do estetoscópio diante da boca e das narinas; (d) Observação direta ou palpação do movimento torácico. - Pressão arterial ➢ Manguito apropriado para cada criança é essencial na mensuração adequada da pressão arterial; ➢ Preparação adequada: a criança precisa ser avisada do procedimento e estar tranquila. OBS: Ao registrar o exame físico, descrever o manguito utilizado e a posição em que foi mensurada a pressão arterial; Registrar os percentis correspondentes aos níveis tensionais sistólico e diastólico, consultando as tabelas de níveis normais de pressão arterial para idade e altura. ➢ Antropometria CRESCIMENTO: aumento físico; aumento da massa corporal; macroscopicamente → hiperplasia e hipertrofia celulares; quantitativo → avaliação de peso e altura da criança ao longo do tempo → considerado um dos indicadores de saúde mais importantes da criança; DESENVOLVIMENTO: ganho de funções; habilidades neuropsicomotoras adquiridas nos primeiros anos de vida + funções reprodutivas adquiridas durante a puberdade; um parâmetro avaliado qualitativamente. - Realização de medidas de peso, estatura ou comprimento e do perímetro craniano; - Calcular o índice de massa corporal (IMC); - Utilizar as curvas de crescimento. Atualmente, são recomendadas as curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS); - Avaliar o crescimento e o estado nutricional do paciente. ● Peso - Uso de balança infantil, despidos; - A pesagem deve ser ser feita com o mínimo possível de roupa. - A criança dobra o peso de nascimento aos 4-5 meses, triplica aos 12 meses e quadruplica com 2-2 anos e seis meses; - De dois até oito anos, cada criançaganha em média 2 kg/ano; - Fórmula para cálculo aproximado do peso (crianças de três até onze anos): Peso (kg) = Idade (anos) x 2 + 9 ● Comprimento/Altura Comprimento → usado para determinar o crescimento linear em crianças até dois anos; - Até os dois anos o comprimento deverá ser medido com a criança na posição deitada, colocando-se a régua antropométrica em contato com o vértice da cabeça e sobre a sola dos pés posicionados a um ângulo de 90º; - Após os dois anos, a estatura é medida com a criança na posição de pé, apoiando-se a região occipital e os calcanhares sobre a régua vertical (estadiômetro). - A partir dos dois anos, usamos o termo altura; - O comprimento médio das crianças ao nascimento é de 50 cm; - 1º semestre de vida cresce 15 cm e no segundo semestre 10 cm; ao final do primeiro ano a criança cresce 25 cm, ou seja, cerca de 50% do seu comprimento ao nascimento; - Com quatro anos a criança mede em torno de 1 metro; - Fórmula da altura de acordo com a idade de três aos 11 anos: Altura (cm) = (Idade – 3) x 6 + 95 ● Perímetro Cefálico - Representa o crescimento do cérebro, Nos primeiros meses de vida é muito útil para identificação de desvios do desenvolvimento neurológico; - Deve ser medido regularmente durante os dois primeiros anos; - Usar fita métrica de boa qualidade, não distensível, passando-a sobre a glabela e a protuberância occipital. ● Auxogramas - São os GRÁFICOS de crescimento pondero estatural padronizados que nos fornecem uma definição estatística da normalidade, comparando crianças do mesmo sexo e idade. - O crescimento infantil é um excelente parâmetro para se avaliar o desenvolvimento socioeconômico de uma região, pois a infância é um período de singular susceptibilidade às variações ambientais da sociedade. ➢ Pele e Mucosas - Alterações na coloração e textura da pele; - Descrever as lesões identificadas, bem como sua localização; - A pele do recém-nascido possui muitas características especiais → textura macia e lisa + coloração rosa-pálido; OBS: Outra peculiaridade é a presença de áreas azul-escuro mal definidas, localizadas sobre as nádegas e a região lombo-sacra, denominadas manchas mongólicas. São mais comuns em bebês negros e orientais e desaparecem entre um e cinco anos. Três condições dermatológicas são observadas em recém-nascidos com alguma frequência e merecem descrição: (a) milium; (b) miliária rubra (“brotoeja”); (c) eritema tóxico. - Observar as mucosas conjuntival e oral, registrando qualquer alteração de coloração (icterícia, cianose, palidez) e umidade, bem como presença de ulcerações, fissuras e outras lesões; OBS: Levar em consideração que o choro e infecções respiratórias causam hiperemia adicional da mucosa conjuntival; - Fâneros: Observar quantidade, distribuição, características e alterações dos pelos, considerando os padrões normais para cada idade. Verificar alterações nas unhas. ➢ Tecido Subcutâneo - Avaliado através do pinçamento de uma prega abdominal ou da coxa, devendo-se observar o volume e o turgor (resistência firme e elástica à compressão); - Pesquisar presença e localização de edemas (Sinal de Cacifio ou Sinal de Godet), classificando sua intensidade. Exame Físico Específico Pediátrico ➢ PELE E MUCOSAS ● Alterações na: coloração; textura da pele. - A luz do dia ou a luz amarela são preferíveis; - Descrever as lesões e sua localização. - Lesões permanentes → medi-las nos seus dois maiores eixos (acompanhamento). OBS: Grande parte dos recém-nascidos desenvolve icterícia no segundo ou terceiro dia de vida,que persiste por cerca de uma semana (icterícia fisiológica). ● Mucosas conjuntival e oral → registrar alteração de coloração e umidade, presença de ulcerações, fissuras e outras lesões; ● Fâneros → quantidade, distribuição, características e alterações dos pêlos e unhas, considerando os padrões normais para cada idade. ➢ TECIDO SUBCUTÂNEO - Pinçamento de uma prega abdominal ou da coxa → observar o volume e o turgor (resistência firme e elástica à compressão); - Pesquisar presença e localização de edemas, classificando sua intensidade (Sinal de Cacifo/ Godet → +1 (2mm); +2(4mm); +3(6mm); +4(8mm)) ➢ CABEÇA - Registrar formato e simetria do crânio e da face; - Alterações do tamanho da cabeça são evidenciadas pela medida do perímetro cefálico; ● Fontanela - Anterior (bregma) → 4 a 6 cm no diâmetro fronto-parietal, e fecha entre 4 e 26 meses; - Posterior (lambda) mede 1 a 2 cm, e costuma fechar por volta dos 2 meses de idade; OBS: A pressão intracraniana se reflete no grau de tensão e plenitude da fontanela anterior. ● Olhos - Avaliar presença e aspecto de secreção, lacrimejamento, fotofobia, nistagmo, anisocoria, exoftalmia ou enoftalmia, microftalmia, hipertelorismo, cor da esclerótica, estrabismo ou outras alterações; - Avaliação da visão: ● RECÉM-NASCIDO: Avaliar aspecto e simetria dos olhos; Estrabismo ou opacidade do olho. Avaliar presença de visão através da observação de reflexos visuais: constricção visual direta e consensual à luz; pestanejamento em resposta à luz brilhante; ● PRÉ-ESCOLAR: Avaliar estrabismo; Avaliar a acuidade visual utilizando o teste do “E” ou cartaz com figuras; ● ESCOLAR E ADOLESCENTE: Realizar teste de acuidade visual utilizando quadros apropriados para a idade (letras ou figuras). ● Ouvidos - Forma, alterações e implantação das orelha; OBS: A porção superior do pavilhão auditivo se implanta ao nível ou acima de uma linha que cruza os cantos interno e externo dos olhos. - Avaliação da acuidade auditiva: Lactente → pestanejamento dos olhos, susto ou direcionamento da cabeça em resposta a um estímulo sonoro; Crianças maiores → sussurrar ordens a uma distância aproximada de 240 cm. OBS: A avaliação da acuidade auditiva pode ser feita pelo próprio pediatra se este dispuser de aparelhagem adequada, mas terá sempre caráter de triagem; ● Lactentes contenção adequada (delicada e firme) → examinados deitados; ● Crianças maiores → contidas no colo; - Na criança até um ano, o lobo da orelha deve ser tracionado para baixo; - Entre um e cinco anos, tracionar o canal para cima e para trás. - Avaliar o aspecto do conduto auditivo externo quanto à presença de hiperemia, descamação, lesões, corpo estranho, etc; - Quanto à membrana timpânica, observar perda de transparência, hiperemia, abaulamento ou retração, bolhas, presença de secreção, ruptura, etc. ● Nariz - Presença e aspecto de secreção (hialina, sero-mucosa, purulenta, sanguinolenta); - Inspeção e palpação → desvio de septo nasal ou outras deformidades; - Para olhar profundamente → espéculo com orifício calibroso preso ao otoscóiipio → coloração da mucosa, condições dos cornetos, calibre da via aérea, secreção. ● OBS: A porção interna anterior do nariz pode ser visualizada facilmente com iluminação, empurrando sua ponta para cima. ● Boca e Faringe - Inspeção dos dentes, gengiva, face interna das bochechas, língua e abóbada palatina; - Dentes → avaliar oclusão dentária, defeitos de alinhamento, presença de cáries, tártaro e placa bacteriana; - Aspecto da língua → alterações fisiológicas (língua geográfica) ou que sugiram patologias (língua em morango da escarlatina) → Observar inserção do freio da língua: não haverá dificuldade na amamentação ou fala se a língua puder ser projetada até a crista alveolar; - Lactentes → faringe é visualizada facilmente durante o choro; - Acima de um ano → exame com dificuldade → contenção → abaixador de língua deve ser segurado como uma caneta, próximo à ponta que vai ser introduzida, e o dedo mínimo do examinador deve estar em firme contato com a face da criança de modo a neutralizar os movimentos da cabeça; - Observar tamanho e aspecto das amígdalas, hiperemia, petéquias e gota pós-nasal. ➢ PESCOÇO - Avaliar se há cistos, fístulas, torcicolo congênito ou anormalidades da tireóide→ palpação da glândula de modo sistemático a partir da idade escolar; - LINFONODOS: Inspeção e palpação de gânglios cervicais, submandibulares e retroauriculares → tamanho, consistência, dor, mobilidade, aderência; OBS: RIGIDEZ DE NUCA: Flexionar a cabeça da criança ou pedir que ela encoste o queixo ao peito. ➢ TÓRAX - GERAL: Observar forma, simetria, sinais de raquitismo; Observar as mamas e realizar exame das mamas nas adolescentes (priorizando o pudor). ● Pulmão ● INSPEÇÃO: Observar presença de tiragem, tipo respiratório, ritmo, expansibilidade torácica e uso de músculos acessórios; ● PALPAÇÃO: pesquisa de frêmito tóraco-vocal (pedir para a criança contar “1,2,3”, “33” ou “44”, ou durante o choro); - Frequência respiratória em crianças e adolescentes, de acordo com a idade: 0–28 dias/30–60; 6 meses/25–40; 1–3 anos/20–30; 6 anos/18–25; 10 anos/15–20. ● PERCUSSÃO: Percutir face anterior, lateral e posterior do tórax; ● AUSCULTA: Se a criança chora moderadamente, pode auxiliar na ausculta, pois o choro equivale à voz, e a inspiração profunda auxilia a ausculta do murmúrio vesicular. Procurar alterações dos sons respiratórios e sua localização; - Sinais de desconforto respiratório: tiragem (intercostal, supraesternal, subesternal, supraclavicular) + uso de musculatura acessória + batimentos da asa do nariz. - O sistema respiratório da criança apresenta particularidades que a tornam especialmente suscetível ao desenvolvimento de problemas respiratórios: - língua maior; - mandíbula menor; - respiração nasal; - formato da laringe ("funil"); - musculatura menos desenvolvida; - diafragma horizontal; - maior frequência respiratória; - maior suscetibilidade à fadiga. * Peculiaridades → percussão hiperressonante, ausculta com sons mais altos e rudes; rara supressão completa do murmúrio vesicular, e elevada frequência de sibilos e roncos. ● Coração ● INSPEÇÃO: Ver impulso apical (ao nível do quarto espaço intercostal até os sete anos); ● PALPAÇÃO: Palpar ictus; presença de frêmitos; ● AUSCULTA: As bulhas são mais facilmente audíveis do que em adultos (parede é mais fina); B1 é mais forte que B2 no ápice. Mais do que 70% das crianças normais pode apresentar sopros sistólicos inocentes, sem evidências de cardiopatias. ➢ ABDÔMEN ● INSPEÇÃO: Observar alterações globais de forma e volume e abaulamentos localizados; Durante o choro, pode-se também perceber se há hérnias umbilicais, ventrais, ou diástases dos retos. ● PALPAÇÃO: geral, superficial e profunda, do fígado e baço. Lactente, geralmente, é possível palpar o fígado, a ponta do baço e, às vezes, os rins e globo vesical quando distendido. Sempre registrar a extensão total do fígado utilizando palpação e percussão. Dor abdominal e sua localização, defesa ou rigidez da parede. Avaliar visceromegalias ou massas. ● PERCUSSÃO: Através da percussão pode-se delimitar o tamanho do fígado, confirmar presença de ascite (macicez móvel) ou hipertimpanismo (como nas distensões de alças). ● AUSCULTA: Os ruídos hidroaéreos estão aumentados nas gastroenterites ou na obstrução mecânica do delgado e diminuídos no íleo paralítico. Sopros abdominais também podem ser detectados. ➢ GENITÁLIA E RETO ● MENINOS: observar presença de fimose e testículos na bolsa escrotal. - Reflexos cremastéricos hiperativos podem dar origem a uma criptorquidia aparente. - Observar também hidrocele (é a presença de líquido dentro do escroto), hipospádia (abertura da uretra em localização anormal) ou hipogonadismo (as gônadas não produzem quantidades adequadas de hormônios sexuais). ● MENINAS: ver orifício himenal, presença de secreção vaginal e sinéquia de pequenos lábios. - Enquadrar a criança em um dos cinco estágios de desenvolvimento sexual segundo os critérios de Tanner. OBS: RN pode haver secreção mucóide ou às vezes sanguinolenta nos primeiros dias de vida, devido a uma influência estrogênica materna. ➢ EXTREMIDADES ● GERAL: Observar deformidades, hemiatrofia, valgismo/varismo, paralisias, edema, alterações da temperatura, postura, assimetria, alterações da marcha. ● PULSOS: Palpar pulsos radiais, femorais e pediosos. OBS: ARTICULAÇÕES: Observar sinais inflamatórios (edema, calor, rubor e dor), alterações da mobilidade (limitação ou hipermobilidade), nódulos. ● ARTICULAÇÃO DO QUADRIL: RN → realizar a manobra de Ortolani: posicionar a criança com as coxas flexionadas em ângulo reto e realizar manobras de abdução. Suspeita-se de luxação quando há limitação da abdução, assimetria ou percepção tátil da fuga da cabeça do fêmur do acetábulo. Nos lactentes comparar a simetria da abdução, das pregas glúteas e da fossas poplíteas. ● MÃOS E PÉS: dedos extra-numerários, baqueteamento digital, linha simiesca, clinodactilia, sindactilia. Examinar os pés sob o ponto de vista estático e dinâmico (observação da marcha). Fazer manipulação passiva para avaliar a flexibilidade dos pés. ➢ COLUNA VERTEBRAL - Examinar → rigidez, postura, mobilidade, curvaturas, etc; - Registrar presença de espinha bífida, fosseta ou cisto pilonidal, tufos de pelos, hipersensibilidade; - Se há escoliose, pode-se achar deformidade costal e proeminência da musculatura lombar em um dos lados, que se acentua com a inclinação do corpo para frente. Lembrar que a escoliose pode ser causada por uma desigualdade do comprimento das pernas. ➢ AVALIAÇÃO PSIQUIÁTRICA BÁSICA ● Deve ser sempre feita durante o exame físico, assim como durante a anamnese. A avaliação dos seguintes ítens poderá dar um perfil psiquiátrico da criança, acrescido da história relatada pelo responsável: - (a) atitude frente ao ambiente e ao examinador; - (b) temperamento; - (c) desenvolvimento perceptivo; - (d) nível intelectual; - (e) comportamento emocional; - (f) expressão verbal. ➢ Desenvolvimento Neurológico 3ª semana → aparecimento da placa neural → um espessamento do ectoderma que progressivamente → tubo neural. -Tubo neural → SNC -Crista neural → SNP * Ao final da 5ª semana a divisão básica do SNC está completa: -Prosencéfalo: originará o telencéfalo(cerebro) e o diencéfalo(tálamo e hipotálamo) -Mesencéfalo: não originará nada -Rombencéfalo:originará o metencéfalo(cerebelo e ponte) e o mielencéfalo(bulbo) *A mielinização começa no meio da gestação e se completa ao final do 2º ano de vida; *Existem dois picos de DNA, pré e pós-natal: -O primeiro em torno da 20ª semana corresponde à proliferação de neurônios; -O segundo em torno do terceiro mês de vida extrauterina corresponde à proliferação da glia. ● Plasticidade Neural: capacidade de modulação das sinapses de acordo com o estímulo externo. A experiência externa (ambiente) é capaz de influenciar as propriedades físicas do cérebro (genética). *Aos 03 anos de idade → 100 bilhões de neurônios e cada um → 15.000 sinapses → permanece mais ou menos constante até os 10 anos → processo de reorganização e remodelamento dos circuitos sinápticos → reforço das redes mais utilizadas + enfraquecimento e “poda” das sinapses menos utilizadas. ● Desenvolvimento Neuropsicomotor: Conjunto de todas as reações da criança → comportamento → funções e habilidades cada vez mais específicas → reações reflexas e estereotipadas → vão se tornando voluntárias e aprendidas. *Bases fisiológicas → evolução neuropsicomotora: mielinização, formação e remodelamento sinápticos → vias motoras, sensitivas, sensoriais, de linguagem, raciocínio e memória dos sistemas nervoso central e periférico → crescimento somático e desenvolvimento. ➔ Reflexos Primitivos: são chamadas “primitivos” porque não são voluntários ou aprendidas, e estão sob controle de centros subcorticais, tronco encefálico e medula; São respostas motoras estereotipadas deflagradas por estímulo externo do examinador, e representam as primeiras reações do neonato ao meio; Caráter transitório; O desaparecimento do reflexoprimitivo permite o surgimento de uma conduta motora voluntária, aprendida e sob controle cortical. Reflexo de Moro (Reflexo do “Abraço”) -Posição supina eleva-se o bebê pelo tronco acima do plano da mesa e repentinamente o solta, apoiando-o em seguida para que não caia → abdução seguida da adução e flexão das extremidades superiores, flexão do pescoço e choro; -Aos 03 meses ele desaparece em sua forma “típica” ou completa; -Aos seis meses desaparece definitivamente; Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (Magnus de Kleijn) -O bebê na posição supina sofre uma rotação da cabeça para um lado por 15 segundos → resposta esperada é a extensão das extremidades do lado do queixo e flexão das extremidades do lado occipital; -Aos 03-04 meses desaparece Reflexo de Preensão Palmar -Na posição supina, o examinador coloca o dedo na face palmar do bebê → flexão dos dedos e fechamento da mão; -Surge com 27 semanas de idade gestacional; -Aos 04 meses desaparece. Reflexo de Preensão Plantar -Na posição supina, o examinador comprime o seu polegar sobre a face plantar, abaixo dos dedos → flexão dos dedos do pé; - Aos 15 meses desaparece. Reflexo de Galant -Coloca-se o bebê em prona, com o tronco apoiado sobre o braço do examinador. Com o dedo da mão contralateral estimula-se a pele do dorso, fazendo um movimento linear vertical que parte do ombro até as nádegas a cerca de 2 cm da coluna → flexão do tronco, com a concavidade virada para o lado estimulado.7 -Aos 04 meses desaparece; Reflexo de Marcha -Se segura o recém-nascido de pé pelas axilas e ao colocar seus pés apoiados sobre uma superfície, imediatamente ele retificará o corpo e iniciará a marcha reflexa; -Aos 02 meses desaparece; Reflexo de Landau -Com uma das mãos suspendemos o lactente pela superfície ventral. Com a outra mão flexionamos a cabeça rapidamente e todo o corpo entra em flexão; -Surge aos 03 meses e desaparece ao final do 2º ano; Reflexo de Babkin (Reflexo mão-boca) -Pressionamos a mão do lactente e o que verificamos a abertura da boca; -Desaparece do 3º ao 4º mês. Reflexo de Busca e Sucção -Ao tocar os lábios de um lactente com o cotonete, verificamos movimentos de sucção ou ao tocar a sua bochecha ele irá em busca do toque; -Entre o 4º e 6º mês desaparece. Reflexo cutaneoplantar -É obtido ao se estimular a sola do pé com um objeto de ponta romba, fazendo-se um risco do calcanhar à base do quinto dedo; -Até o quarto mês de vida, 100% dos lactentes têm uma resposta de extensão do hálux com ou sem abertura em leque dos dedos, e isto não deve ser interpretado como um achado anormal; -No 12º mês, a resposta passa a ser a flexão dos dedos, e assim permanece por toda a vida Reflexo do Paraquedista -Se segura o lactente pela região ventral e o aproxima da mesa de exame bruscamente, para dar-lhe a impressão de que está caindo → extensão dos braços e abre as mãos na tentativa de proteger-se. -Surge aos 8-9 meses e permanece por toda a vida. Avaliar o ganho de funções e habilidades nas cinco grandes áreas ou condutas: 1. Conduta adaptativa: -Reações frente aos estímulos apresentados → dependem da interação da capacidade motora,sensorial, de coordenação e cognitiva → adequada exploração e aprendizagem; -Precursora da inteligência → capacidade da criança em “resolver” problemas e aprender a partir de novas experiências. 2. Conduta motora fina: -Habilidades cada vez mais precisas e específicas → uso da mão e dedos → exploração cada vez mais delicada do objeto; -Observada juntamente com a conduta adaptativa. 3. Conduta motora grosseira: -Habilidades motoras gerais → sustentar cabeça, tronco, sentar-se, rolar, m mmmm.m ono,, andar, pular,... -Dependente da interação das vias motoras centrais e periféricas. 4. Conduta de linguagem: -Capacidade de compreender e exprimir sensações e pensamentos; -Incluem as reações de comunicação não verbal (sorriso, riso alto, choro, apontar, expressões faciais) e verbal (sons guturais, balbulcio, lalação, primeiras palavras, frases, histórias). 5. Conduta pessoal-social: -Reações da criança frente às outras pessoas (mãe, pai, examinador, brincadeiras com outras crianças) e frente às situações de vida diária (alimentação, sono, higiene, vestimenta, controle esfincteriano). O lactente adquire primeiro o controle de cabeça → depois o controle de tronco → sentar → engatinhar → andar ● Marcos do Desenvolvimento: De acordo com as recomendações do Ministério da Saúde, as consultas pediátricas deverão ocorrer com a seguinte periodicidade: 1º semana de vida → 1 mês → 2 meses → 4 meses → 6 meses → 9 meses → 15 meses → 18 meses → 24 meses → anualmente É importante que em todas as consultas o clínico/pediatra observe: -Crescimento: peso, altura e perímetro cefálico (este até dois anos); -Desenvolvimento neuropsicomotor: conduta motora grosseira, conduta motora fina, conduta adaptativa, conduta de linguagem e conduta pessoal-social; -Alimentação da criança; -Vacinas; -Prevenção de acidentes; -Identificação de problemas e riscos para a saúde.
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