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CADERNO LINDB (1)

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Larissa Lemes – todos os direitos reservados 
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
VACATIO LEGIS 
# Normas sobrenormas, que tratam sobre vacatio legis, regras de direito internacional, conflitos de lei que se aplicam a todo o ordenamento e não só em relação ao direito civil. 
O art. 1º estabelece a vacatio legis, que é o período de tempo que transcorre entre a publicação de lei e a sua produção de efeitos que, em caso de silêncio da lei, será de quarenta e cinco dias. É o tempo para que a lei chegue a conhecimento da população. Para lei entrar em vigor na data de sua publicação, essa previsão deve constar expressamente na lei. O prazo de vacatio legis é simultâneo ou sincrônico em todo o território nacional! O art. 8º da LC 95/88 assim dispõe:
art. 8º da Lei Complementar nº 95/1998: “A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão”.
§ 1º, do art. 8º da Lei Complementar nº 95/1998: “A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral”.
IMPORTANTE
· Normas de grande repercussão temos prazo de vacatio legis de 1 ano, tal como o CPC de 2015, que teve um hiato temporal superior porque houve grandes alterações.
· Nos estados estrangeiros: a vacatio legis será de 3 meses, quando admitida a produção de efeitos. Não é de 90 dias.
· Nova publicação corretiva (norma corretiva): novo prazo de vacatio legis. Reinicia a contagem do prazo, especialmente no que diz respeito à parte corrigida, caso seja parcial a correção (não é pacífico essa posição; alguns doutrinadores entendem que deve-se atentar para a abrangência ou relevância da correção em relação ao texto como um todo).  ATENÇÃO: quando trata-se de erro substancial, ou seja, erro que pode gerar divergência de aplicabilidade). 
§ 4º, do art. 1º, da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro, in verbis: “as correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova” e por isso reinicia a contagem. 
A vigência é a existência da lei e a sua produção de efeitos. Da vigência, decorrem dois princípios: princípio da obrigatoriedade e princípio da continuidade.
· Para que uma lei exista, há de se observar o processo legislativo previsto no art. 59 a 69 da CF: iniciativa de lei, deliberação parlamentar, deliberação executiva, veto ou sanção e, se sancionada, promulgação e publicação.
Promulgação significa declarar a existência de uma lei, inovando a ordem jurídica. Publicação é ato de divulgação da existência da lei em órgão oficial; a partir daí, presume-se (lembrar, entretanto, de que ninguém pode escusar-se do não cumprimento da lei alegando desconhecimento) o conhecimento de todos. Encerramento do processo legislativo e condição de eficácia e vigência da lei. 
ESCADA PONTEANA DA LEI
· Existência: promulgação, que é a declaração de existência de uma norma;
· Validade: observância do procedimento administrativo. qualidade da norma por terem sido obedecidas as condições formais e materiais de sua produção (devido processo legislativo) e consequente integração no sistema jurídico da sociedade. Há falar também em validade constitucional.
· Eficácia: vigência da norma. É a qualidade da norma no que diz respeito ao seu tempo de validade. A eficácia é a possibilidade de produção de efeitos concretos em razão do atendimento a dois grupos de condições: a) condições legais (eficácia jurídica ou técnica); b) condições fáticas (eficácia social ou efetividade). Trabalhado em Direito Constitucional. 
PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE SIMULTÂNEA, SINCRÔNICA, OU CRITÉRIO DO PRAZO ÚNICO OU ISÓCRONO
	A lei terá vigência num só momento em todo o território nacional. No DL anterior ao CC de 1916, os prazos de vacatio legis eram diferentes a depender do estado porque a informação era dificultada; os prazos de vacatio legis eram distintos. Porém, hoje aplica-se esse princípio da obrigatoriedade simultânea, não sendo, contudo, a regra, podendo-se aplicar ainda a vigência progressiva, mas não é a regra. 
ULTRATIVIDADE OU PÓS-ATIVIDADE DA NORMA
ATENÇÃO
Não confundir vigência com vigor. Vigência é o período em que perdura uma lei enquanto efeito temporal enquanto que vigor é a força vinculante de uma norma. Uma lei, então, pode ter perdido vigência, mas continuar em vigor (art. 2.035, CC). Trata-se do efeito ultrativo da lei, que será mais adiante estudado. 
· Enfiteuses são exemplos de institutos revogados pelo CC/02 mas que continuam a ser regulados pelo CC/1916, posto que perpétuas. Nesse sentido, o CC de 1916 não tem vigência mas determinados dispositivos continuam tendo obrigatoriedade jurídica, de modo que está em vigor em relação a esses dispositivos.
· Outro exemplo: aplica-se o CPC/73 em relação aos procedimentos sumaríssimos ainda não findos com a vigência do CPC/15.
CONTAGEM DE PRAZOS
	O art. 8º da LC 95/98: contagem de vacatio legis inclui a data de publicação da norma e inclui o último dia, começando a vigor no dia imediatamente após.
Art. 8º. A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as leis de pequena repercussão.
§ 1º. A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subseqüente à sua consumação integral.
§ 2º. As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de sua publicação oficial.
	Essa contagem de prazos não promoveu a revogação do art. 132 do CC, já que esse trata-se de norma especial, ao prever que computam-se os prazos, excluído o dia do começo e incluído o do vencimento.
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA LEI E ESPÉCIES DE REVOGAÇÃO
	O art. 2º estabelece a eficácia temporal da norma. Via de regra, a lei produzirá efeitos até que lei posterior a revogue, podendo essa revogação ser tácita, expressa, total ou parcial. Sucessão de lei no tempo. Quando a lei nova trata do mesmo assunto, há revogação da lei anterior ou, ainda quando a lei nova discipline expressamente determinado assunto. O art. 2º estabelece que a norma possui eficácia continua até que haja revogação por lei posterior. 
§ 2º, do art. 2º, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior”.
ATENÇÃO
O critério adotado pelo art. 2º é o critério cronológico, que não é o único critério a ser utilizado em conflitos de lei. Mas aqui adota-se o critério cronológico.
REVOGAÇÃO
	A revogação é o ato através do qual tem-se a supressão da força obrigatória da lei, retirando sua a eficácia. No Brasil, não se admite o desuetudo, que é o costume negativo revogando uma lei; somente lei revoga lei. No entanto, não se impede que o desuetudo seja utilizado como modo de aplicação da lei no caso concreto! 
Espécies de revogação
	Ab-rogação
	quando a revogação da norma antiga for total. Ex: CC de 2002 que revogou o CC de 1916.
	Derrogação
	quando a revogação da norma for parcial.
Modo de revogação
	Expressa
	conforme previsão do art. 9.º da Lei Complementar 95/1998, “a cláusula de revogação deverá enumerar expressamente a lei ou disposições revogadas”. É a regra geral.
	Tácita ou revogação por via oblíqua 
	a lei nova é incompatível com a lei anterior, não havendo previsão expressa no texto quanto à sua revogação.
ATENÇÃO – lei temporária
A vigência da lei está prevista tão somente para determinado espaço de tempo. Quando se tem o termo final, fala-se em caducidade da lei e não em revogação da lei. Ex: lei de guerra,lei de copa do mundo. CADUCIDADE DOS SEUS EFEITOS.
ATENÇÃO – normas complementares
A lei nova que estabelece disposições gerais ou especiais a par das já existentes não revoga a lei anterior (art. 2º, §2º). Ex: lei dos alimentos gravídicos (lei 11.804/2008) não revogou as regras previstas no CC sobre o tema, mas as complementou. 
REPRISTINAÇÃO 
	O efeito jurídico é simples. Repristinação é como se a norma revogada voltasse a produzir efeitos. Temos uma lei A que foi revogada pela lei B. Imagine que a lei B (norma revogadora) seja revogada pela lei C. A revogação da norma revogadora NÃO FAZ RETOMAR os efeitos da lei revogada. O nosso ordenamento não admite a repristinação automática (ar. 2º, parágrafo terceiro). 
	A repristinação se revela como fenômeno legislativo no qual uma lei, anteriormente revogada por outra lei, volta a viger, em razão da revogação da norma revogadora. 
	A revogação da norma revogadora não faz a lei revogada voltar a produzir efeitos de forma automática, devendo a repristinação estar prevista de forma expressa na lei C. 
JURISPRUDÊNCIA
Cuidado! Não confundir repristinação com efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade de norma. Quando há essa declaração, o que tem-se é que o Tribunal declara que determinada lei é incompatível com a CF. sendo essa lei nula, ela não é apta para gerar efeitos jurídicos. O efeito repristinatório da inconstitucionalidade implica que a inconstitucionalidade da lei B implica que a lei A, anteriormente revogada, voltará a fazer efeitos, porque inclusive o efeito de revogar a lei anterior não foi produzido pela lei B. Art 11 da Lei 9868/99. STJ, RESp 517.789/AL e STF, AFI 2.215/PE. 
É o que ocorre no controle de constitucionalidade da lei revogadora, ou seja, se a lei revogadora for declarada inconstitucional haverá o efeito repristinatório restaurando-se os efeitos da norma revogada, já que a norma revogadora será considerada nunca existente. É o que preleciona o arŸgo 27 da lei 9.868/99. Neste ponto poderá haver a chamada “modulação dos feitos” e o tribunal declarar que efeitos não retroativos da declaração de inconstitucionalidade.
EXCEÇÕES
Além do efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade, tem-se também a exceção quanto a concessão de suspensão cautelar da eficácia da norma impugnada, prevista no art. 11, §2º da Lei 9868/99. 
FONTES DO DIREITO
FONTES FORMAIS, DIRETAS OU IMEDIATAS 
Lei, analogia, costumes e princípios gerais do direito. São fontes independentes que derivam da própria norma. A lei constitui fonte formal, direta ou imediata primária, enquanto que a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito são fontes formais, diretas ou imediatas secundárias. Hoje não mais se fala em ordem hierárquica estanque entre analogia, costumes e princípios gerais do direito (art. 4º da LINDB) sobretudo em razão da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, por exemplo.
FONTES NÃO FORMAIS, INDIRETAS OU MEDIATAS
Doutrina e jurisprudência. Não estão expressamente previstos na LINDB. A doutrina classifica essas fontes dentro dos costumes, já que esses são constituídos por dois elementos, quais sejam o uso e a convicção jurídica daqueles que o praticam. Também enquadra-se como fonte não formal, indireta ou mediata do Direito a EQUIDADE (ex: cláusulas gerais do direito civil das quais decorre o princípio da operabilidade). Ver sobre a equidade mais adiante. 
A LEI
	A lei é a norma imposta pelo Estado, devendo ser obedecida, assumindo forma imperativa. A norma jurídica é um imperativo autorizante. Prevista a lei para um caso concreto, merece esta aplicação direta, conhecida como SUBSUNÇÃO, conceituada como a incidência imediata ou direta de uma norma jurídica. 
OBS: formas de integração são diferentes de subsunção!
	Quando omissa, aplica-se as formas de integração da norma jurídica, que são ferramentas para correção do sistema, já que há a vedação ao non liquet ou ao não julgamento, conforme art. 140 do CPC, o qual estabelece, ao lado das formas do art. 4 da LINDB, também a equidade como forma de integração. São características da lei:
a) Generalidade – a norma jurídica dirige-se a todos os cidadãos, sem qualquer distinção, tendo eficácia erga omnes.
b)Imperatividade– a norma jurídica é um imperativo, impondo deveres e condutas para os membros da coletividade.
c)Permanência– a lei perdura até que seja revogada por outra ou perca a eficácia.
d)Competência– a norma, para valer contra todos, deve emanar de autoridade competente, com o respeito ao processo de elaboração.
e)Autorizante– o conceito contemporâneo de norma jurídica traz a ideia de um autorizamento (a norma autoriza ou não autoriza determinada conduta), estando superada a tese de que não há norma sem sanção (Hans Kelsen)
	Ao lado das características das leis, temos que as lacunas por elas deixadas podem ser:
· Lacuna normativa: ausência de norma prevista para um determinado caso concreto.
· Lacuna ontológica: presença de norma para o caso concreto, mas que não tenha eficácia social.
· Lacuna axiológica: presença de norma para o caso concreto, mas cuja aplicação seja insatisfatória ou injusta.
· Lacuna de conflito ou antinomia: choque de duas ou mais normas válidas, pendente de solução no caso concreto. As antinomias serão estudadas oportunamente, em seção própria.
	
CLASSIFICAÇÕES DA LEI
1. QUANTO À IMPERATIVIDADE 
a) Normas cogentes ou de ordem pública = interessam à coletividade e não podem ser afastadas pela autonomia privada constante em contrato, pacto antenupcional, convenção de condomínio, testamento ou qualquer outro negócio jurídico. Ex: art. 11 a 21 do CC – direitos da personalidade.
b) Normas dispositivas ou de ordem privada = normas que dizem respeito ao interesse de particulares, podendo ser dispostas e tratadas em negócios jurídicos privados.
2. QUANTO À SUA NATUREZA:
a) normas substantivas ou materiais = normas relacionadas com o direito material
b) normas formais ou processuais = relacionadas às questões procedimentais. 
3. QUANTO AO CONTEÚDO DE AUTORIZAMENTO
a) normas mais que perfeitas = preveem a nulidade ou anulabilidade do ato ou negócio jurídico se praticados em dissonância com a norma, promovendo o restabelecimento da situação jurídica anterior, podendo haver ainda penalidade ao seu ofensor. Exemplos: art. 187 e a vedação ao abuso de direito. 
b) normas perfeitas = somente preveem a nulidade ou anubalidade do ato ou negócio jurídico, sem trazer previsões em relação à sanção ao ofensor. Ex: art. 167 do CC e a nulidade absoluta do negócio jurídico simulado.
c) normas menos que perfeitas = preveem sanção ao ofensor mas não dispõem sobre a anulabilidade ou nulidade do negócio ou ato jurídico praticado em dissonância com ela. Exemplo: norma que traz as condições suspensivas do casamento (art. 1523, CC).
d) normas imperfeitas = a violação a essa norma não acarreta qualquer sanção ou consequência jurídica. Exemplo: previsões que constam da CF/88 (art. 226, caput que dispõe que a família é a base da sociedade e tem especial proteção do Estado).
4. QUANTO À HIERARQUIA:
a) normas constitucionais = norma origem do ordenamento jurídico brasileiro. Tem tratamento equiparado às emendas à Constituição. 
b) normas complementares = regulam matérias de forma específica e complementar. Ex: art. 69 da CF/88
c) normas ordinárias = são as leis comuns, elaboradas pelo Poder Legislativo, de acordo com o art. 61 e seguintes da CF/1988, como o Código Civil brasileiro e o Código de Defesa do Consumidor.
d) normas delegadas = elaboradas pelo presidente mas que deverá solicitar delegação ao Congresso Nacional para sua aprovação (art. 68 da CF)
e) medidas provisórias = normas elaboradas pelo Presidente em caso de relevancia e urgencia, que devem ser submetidas ao CN para posterior conversão imediata – art. 62 da CF/88, devendo assim proceder no prazo de 60 dias contados da sua publicação e prorrogáveis uma vez por igual prazo. 
f) decretos legislativos = normas promulgadas pelo Poder Legislativo sobre assuntos de sua competência. Ex: art. 59, VIda CF/88.
g) resoluções = normas expedidas pelo Poder Legislativo que diz respeito a competencia administrativa ou política. Ex: art. 59, VII da CF – cassação de parlamentar.
h) normas internas = regimentos e estatutos aplicáveis a certo ramo do poder estatal ou com eficácia aos particulares. Ex: art. 27, §3º, CF. 
5. QUANTO À ESPECIALIDADE
a) normas gerais = preceitos que regulam de forma geral determinado assunto. A caracterização como norma geral depende de uma interpretação sistemática em relação às demais normas. 
b) normas especiais = são aplicáveis a um determinado instituto jurídico. 
VIGÊNCIA DAS NORMAS
	Aqui temos o princípio da obrigatoriedade da norma ou inescusabilidade da lei: esse principio diz que a lei gera efeitos em relação a todos os sujeitos em determinada sociedade. Imperatividade da lei que regula as relações e comportamentos. Art. 3º da LINDB: ninguém pode deixar de cumprir a lei alegando que não a conhece. 
	Teoria da necessidade social: as normas devem ser conhecidas para melhor serem observadas. Conhecimento é imprescindível à coexistência social e à segurança jurídica. Não é um principio absoluto, conforme art 139, III CC c/c art. 171 CC e art. 178 CC – anulabilidade do negócio por erro de direito (erro substancial – erro iuris) ou erro de proibição no direito penal e também o art. 8 da Lei de Contravenções Penais que já estabelecia o erro de direito como justificativa para o descumprimento da norma. 
	Tese da ficção legal: a obrigatoriedade seria um comando criado pela lei e dirigida a todos. Teoria da presunção absoluta (iure et ire) de que todos conhecem o teor da nroma, a partir da sua publicação. NÃO MERECEM PROSPERAR!
ATENÇÃO: art. 4 da LINDB. Nem sempre a edição de novas leis caminha lado a lado da evolução da sociedade. Pode ser que determinada forma social não possua regulação normativa, causando ausência de norma regulamentando situações específicas. A LINDB traz a solução para ausência de normas em casos em que essas situações jurídicas não estão regulamentadas. 
INTEGRAÇÃO DAS LEIS
	O vácuo legislativo faz surgir os critérios para integração da norma ou supressão de lacunas, que deve seguir a seguinte ordem:
Observação: De acordo com a doutrina mais moderna a ordem estabelecida no Art. 4º da Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro é a regra a ser seguida, mas comporta exceções, tendo em vista juízo de conveniência e oportunidade do julgador.
1. Analogia = aplicação de uma norma próxima pela ausência de outra. ADPF 132, STF – determinou-se a aplicação das regras da união estável para a união homoafetiva. 
a) Analogia legis: aplicação da norma mais próxima, de um assunto correlato. 
b) Analogia iuris: aplicação de um conjunto de normas próximas. 
2. Costumes = tratam-se de práticas de conteúdo reiterado, uniforme e geral baseada na percepção (falsa) de que são normativadas. 
Constume contra legem não tem o condão de revogar a norma. Em relação aos costumes, eles devem suprir a lacuna legal, devendo ser praeter legem, ou seja, de acordo com lei, sendo vedado o uso dos costumes contra legem.
3. Princípios gerais do direito = os princípios são elementos centrais ou estruturantes de determinado sistema jurídico. Ex: principio da vedação do enriquecimento ilícito. 
	O art. 4º fala nesses três critérios. Em relação à equidade (senso de justiça), ela não está contemplada como critério de solução de lacunas legislativas. Entretanto, não foi contemplada no decreto lei, mas o CPC, no art. 140 (vedação ao non liquet), autoriza que o juiz se utilize da equidade. Ainda, além da equidade, tem-se os princípios e a jurisprudência. 
De acordo com o Art. 953, parágrafo único, do Código Civil, se o ofendido não puder provar prejuízo material em caso de injúria, difamação ou calúnia, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. Por exemplo, se uma empresa é difamada e, com isso, perde clientela, não sendo possível fixar o valor exato do dano material dessa perda da clientela, poderá se valer da equidade
De acordo com o Art. 1.586 do Código Civil, havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais. A equidade consiste na adequação da norma ao caso concreto, pelo que se considera justo. Veja-se que o Art. 1.586 do Código Civil autoriza que o juiz afaste as disposições dos antecedentes ao Art. 1.586 do Código Civil, para, no caso concreto, conceder a guarda de forma diferente do que estabelece a lei de acordo com o melhor interesse do incapaz.
A equidade é forma de integração da norma expressamente prevista no Art. 7º do Código de Defesa do Consumidor e no Art. 140, parágrafo único, do Código de Processo Civil. A equidade é o uso do bom senso, a justiça do caso particular, mediante a adaptação razoável da lei ao caso concreto. No caso, mostra-se razoável a fixação de um valor médio, tendo como base os valores propostos pelas partes em sede de conciliação.
1ª Decisão com equidade: é toda decisão que pretende estar de acordo com o direito, direito enquanto ideal supremo de justiça;
2ª) Decisão por equidade: tem por base a consciência e percepção de justiça do julgador, que não precisa estar preso a regras de direito positivo e métodos preestabelecidos de interpretação;
3ª) Decisão utilizando a equidade como meio de integração e interpretação das normas: neste caso a decisão é proferida no sentido de encontrar o equilíbrio entre norma, fato e valor (aplicação do direito ao caso concreto), nas situações em que há contradição entre a norma legal e a realidade, gerando uma lacuna.
CONFLITO DE NORMAS
	Antinomia é a oposição que ocorre entre duas ou mais normas, que são contraditórias. São critérios para solução:
1. Critério hierárquico = lex superior derrogat lex inferior (norma superior revoga norma inferior), de forma a sempre a lei superior prevalecer no conflito.
2. Critério cronológico = art. 2º da LINDB, lex posterior derrogat lex priori (norma posterior revoga lei anterior).
3. Critério da especialidade = lex specialis derrogat legi generli (lei especial derroga lei geral).
	Antinomias podem ser reais ou insolúveis (ou antinomias de 2º grau) que não possuem regra pronta, havendo um choque de critérios. Ex: lei posterior geral conflitando com norma especial anterior (o critério hierárquico sempre prevalecerá, devemos deixar de lado). Como resolver?
a. Caso a caso = o juiz analisará caso a caso a antinomia de segundo grau
b. Prevalecerá o critério cronológico (art. 2º da LINDB) = a doutrina diz que o critério cronológico foi adotado pelo art. 2º e por isso deve prevalecer em antinomias de segundo grau (insolúveis ou reais). 
CRITÉRIOS PARA APLICAÇÃO DA LEI
Art. 5º da LINDB diz que o juiz deve se valer dos fins sociais e às exigências do bem comum (solidariedade social) 
INTERPRETAÇÃO DA LEI
Trata-se de buscar o real sentido da norma. Hermenêutica das normas. 
a) teoria subjetiva de interpretação = a meta da interpretação é estudar a vontade histórica do legislador;
b) teoria objetiva de interpretação = o intérprete deve se ater à real vontade da lei, a mens legis.
Classificação quanto à origem e aos métodos
1. Origem: autêntica (interpretação feita pela própria lei), doutrinária ou jurisprudencial. 
2. Métodos: 
a. Gramatical = verbos, sujeitos e etc. Utiliza-se as regras de linguistica do vernaculo nacional.
b. Lógica = tentativa de reconstruir o pensamento do legislador por meio de silogismos, deduções, presunções e relações entre textos legais
c. Histórica = contexto fático de elaboração da norma
d. Sistemática = a norma é interpretada dentro de um sistema, dentro de um todo. Ela não é analisada sozinha mas sim com base no todo
e. Teleológica ou social = a finalidade da norma de acordo com o contexto da sociedade e dos fatos sociais
f. Ontológica = busca da essencia da lei, a ratio legis 
Extensão da interpretação
a) Declarativa = nos exatos termos do que consta da leib) Extensiva = amplia o sentido do texto legal. normas que restringem a liberdade, caso da autonomia privada (liberdade contratual), e as normas de exceção, em regra, não admitem essa forma de interpretação.
c) Restritiva = diminui a extensão do texto legal.
JURISPRUDÊNCIA 
A finalidade social da norma foi reconhecida expressamente no RESp 1.367.923 em que dispôs que as normas ambientais “devem atender aos fins sociais a que se destinam (...)”.
VIGÊNCIA DAS LEIS NO ESPAÇO
	Princípio da territorialidade da lei: toda lei ou norma jurídica tem, em principio, o seu campo de aplicação limitado no espaço pelas fronteiras do Estado que a promulgou (território nacional = parte continental, o solo, o espaço aéreo e as águas, ilhas e faixa de mar territorial de 12 milhas).
	O Direito Internacional Púbico prevê possibilidade de aplicação de normas estrangeiras (tratados e convenções) em territórios nacionais, enquanto aplicação extraterritorial do direito, tanto no âmbito público quanto no privado. 
	 
Território
	Para o DIP, o território nacional são os limites em que o Estado exerce a sua soberania. Tem-se:
a) território real = solo, subsolo, espeço aéreo, aguas continentais interiores, baias, golfos, formações geográficas internas, ilhas nacionais e o mar territorial de 12 milhas (Convenção de Montego Bay).
b) território ficto = criado pela lei e formado pelas embaixadas, que representam a extensão do território nacional. ATENÇÃO: o consulado representa o povo e não é considerado território ficto. Assim, temos:
	Os navios, embarcações e aeronaves de guerra nacionais, onde quer que se encontrem, não importando o local.
	Os navios mercantes nacionais, quando estiverem navegando em águas territoriais brasileiras e em alto-mar, isto é, fora das águas territoriais de outro país.
	Os navios e as embarcações mercantes estrangeiros, quando estiverem navegando em águas brasileiras.
	As aeronaves nacionais, mesmo mercantes, quando sobrevoando em alto-mar a qualquer altura atmosférica.
ATENÇÃO: uma vez celebrado um contrato no território ficto, temos que aplicar-se-á a norma do direito brasileiro, tendo em vista o art. 9º da LINDB, segundo o qual rege-se a obrigação a norma incidente no local em que esta foi ASSUMIDA (locus regit actum).
TEORIA DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA OU MODERADA = sentenças ou leis estrangeiras podem ser aplicadas no Brasil, segundo as regras previstas na legislação. Ex: exequatur de sentença estrangeira a ser conferido pelo STJ para que mesma possa ser executada no Brasil, desde que: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (art. 105, I, i, CF/88). Importante destacar que o CPC fala não só de sentenças, mas da possibilidade de cumprimento de qualquer decisão estrangeira (art. 960, CPC). Ainda, o art. 963 estabelece os requisitos para tanto:
a) ser proferida por autoridade competente; b) ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia; c) ser eficaz no país em que foi proferida; d) não ofender a coisa julgadabrasileira; e) estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispenseprevista em tratado; f) não conter manifesta ofensa à ordem pública. 
O sistema da territorialidade moderada implica que em determinadas situações podem ser aplicadas as normas referentes ao estatuto pessoa do sujeito. A territorialidade não é absoluta, portanto, sendo moderada ou temperada, baseando-se a aplicação de normas de estatuto pessoal, baseado na lei da nacionalidade ou do domicílio. Ex: começo e fim da personalidade (art. 7º) e a lei do país em que domiciliado o proprietário quanto aos bens móveis que ele trouxer (bens móveis transportados). 
Atenção: o art. 15 da LINDB foi revogado pela Lei 12.036/2009. Esse artigo previa que não dependeria de homologação as sentenças estrangeiras meramente declaratórias de estado de pessoas. Apesar da EC 45 não foi revogado o art. 15 por completo, alterou-se essa disposição e também a questão referente à homologação pelo STJ.
Atenção: a LINDB fala em trânsito em julgado e o CPC fala em eficácia da decisão. Tartuce entende que há um diálogo de fontes, de modo que não houve revogação. De outro lado, existem juristas que entendem que houve revogação pelo CPC. O STJ concluiu:
“em ação relativa à homologação de sentença proferida pelo Poder Judiciário da Bulgária a respeito da guarda e visitação de menores: “com a entrada em vigor do CPC/15, os requisitos indispensáveis à homologação da sentença estrangeira passaram a contar com disciplina legal, de modo que o Regimento Interno desta Corte deverá ser aplicado em caráter supletivo e naquilo que for compatível com a disciplina contida na legislação federal. O art. 963, III, do CPC/15 não mais exige que a decisão judicial que se pretende homologar tenha transitado em julgado, mas, ao revés, que somente seja ela eficaz em seu país de origem, tendo sido tacitamente revogado o art. 216-D, III, do RISTJ. Aplica-se o CPC/15, especialmente no que tange aos requisitos materiais de homologação da sentença estrangeira, às ações ainda pendentes ao tempo de sua entrada em vigor, mesmo que tenham sido elas ajuizadas na vigência da legislação revogada” (STJ, SEC 14.812/EX, Corte Especial, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 16.05.2018, DJe 23.05.2018)”
	
COOPERAÇÃO INTERNACIONAL CPC
	O art. 26 do CPC prevê a cooperação jurídica internacional, que tem por objeto a citação, intimação, notificação judicial e extrajudicial, colheita de provas e informações, homologação e cumprimento de decisão, concessão de medida judicial de urgência, assistência jurídica internacional e qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida na lei brasileira (art. 27).
a) o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; b) a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados; c) a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente; d) a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação; e e) a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
	Somente terá vigência no território brasileira norma ou sentença estrangeira que não contrariar a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes (art. 17, LINDB). 
TEORIA DO RETORNO E LEI ESTRANGEIRA 
Considere o seguinte texto de Amílcar de Castro: Denomina-se retorno certo modo de interpretar as normas de direito internacional privado que leva à consequência de substituir-se o sistema nacional por sistema estrangeiro.
Não se trata de questão de direito internacional privado, mas de hermenêutica jurídica, conjunto de regras de interpretação das leis (Direito Internacional Privado −1° volume − pag. 277 − Edição Revista Forense, 1956). Sobre esse tema, a lei brasileira proíbe o retorno.. BL: art. 16, LINDB. 
##Atenção: Como as normas de direito internacional vigentes nos diferentes Países não apresentam uma uniformidade surgem os conflitos, uma vez que as leis de um País podem ordenar a aplicação de determinado direito material a certa relação jurídica, ao passo que as de outro Estado podem dar outra solução para o mesmo fato. Para resolver esses conflitos, existem duas correntes doutrinárias: a) do reenvio, retorno ou devolução: vislumbra no reenvio uma vantagem para o País que o admite, uma vez que seus magistrados estatuem como teria feito a jurisdição nacional do estrangeiro; b)referência ao direito material estrangeiro: a norma de direito internacional remete o aplicador para reger dada relação jurídica ao direito estrangeiro.
##Atenção: O Brasil adotou a segunda teoria, conforme prescreveo art. 16, LINDB (“Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei”.). Assim, quando um juiz brasileiro tiver que apreciar a capacidade de um brasileiro domiciliado no estrangeiro (ex.: Portugal), deve aplicar a lei do domicílio desta pessoa (no caso Portugal, por força do art. 7°, LINDB), pouco importando se a lei de Portugal venha a se submeter (em retorno ou reenvio) à lei brasileira. Portanto, pela corrente adotada pelo Brasil, o juiz deverá atender exclusivamente à norma (de direito internacional privado) de seu País, sem se preocupar com a de outro Estado. Resumindo: a Teoria do Retorno (reenvio ou devolução) é uma forma de interpretação de normas do Direito Internacional Privado, em que há a substituição da lei nacional pela lei estrangeira. Despreza-se a ordenação nacional, dando preferência ao ordenamento jurídico estrangeiro. Nesse sentido, o art. 16, LINDB, proíbe o juiz nacional de aplicar o retorno, cabendo apenas a aplicação do Direito Internacional Privado brasileiro para determinar o direito material cabível.
FONTES DIRETAS SECUNDÁRIAS: ANALOGIA, COSTUMES E PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
	Desde já, aponta-se que a doutrina diverge no que diz respeito à obrigatoriedade ou não de se seguir a ordem do art. 4o da LINDB. Maria Helena Diniz, Clovis Bevilaqua dentre outros defendem que trata-se de ordem hierárquica. Já a doutrina mais recente defende que essa ordem comporta alterações, sobretudo ao pensarmos na eficácia horizontal dos direitos fundamentais, que implicaria na aplicação dos princípios gerais do direito de forma primeira em comparação com a analogia, por exemplo.
ANALOGIA 
Trata-se da aplicação de uma norma próxima ou de normas próximas em caso de omissão legislativa. Trata-se de hipótese em que a subsunção não é possível, portanto. Conforme dito, pode-se ter analogia legis ou analogia iuris. 
ATENÇÃO: não se confunde com interpretação extensiva! Na analogia há uma integração legislativa, rompendo com os limites da norma estabelecida. Já na interpretação extensiva, há tão somente a ampliação do sentido da norma, mas há subsunção. CEBRASPE entende assim.
COSTUMES
	Os costumes podem ser conceituados como as práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica. Para a visão civilistica clássica, “é necessário que o costume esteja arraigado na consciência popular após a sua prática durante um tempo considerável, e, além disso, goze da reputação de imprescindível norma costumeira” (LIMONGI FRANÇA, Rubens. Instituições..., 1996, p. 14). Bons costumes como cláusula geral do código civil. 
	Dentro do estudo dos costumes, devemos atentar para três classificações dos costumes em comparação com a lei. 
a) COSTUMES SEGUNDO A LEI (SECUNDUM LEGEM) = incidem quando há referência expressa no texto legal. Ex: art. 569, II do CC, art. 596 do CC. Aqui, na aplicação dos costumes secundum legem HÁ SUBSUNÇÃO e não integração, posto que a própria norma jurídica é que é aplicada, já que expressamente previsto no texto legal.
b) COSTUMES NA FALTA DA LEI (PRAETER LEGEM) = aplicados na omissão da lei. São chamados de costumes integrativos. Ex: reconhecimento da validade do cheque pós-datado ou pré-datado em contrapartida ao fato de ser o cheque ordem de pagamento a vista.
c) COSTUMES CONTRA A LEI (CONTRA LEGEM) = não se pode admitir na sistemática civilistica atual a aplicação desses principios, sobretudo em razão da proibição do abuso de direito prevista no art. 187 do CC. Em caso de desuso da lei, admite-se a aplicação do costume, mas não é uma posição pacífica. Não há que se falar em integração. se não tem lei, eu não posso usar um costume contrário à lei que já existe, como método de integração. Mas, como forma de interpretação e aplicação da norma, muitas vezes pode ser levado em consideração.
VIOLAÇÃO AOS COSTUMES: 
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
	
Para Francisco Amaral, “os princípios jurídicos são pensamentos diretores de uma regulamentação jurídica. São critérios para a ação e para a constituição de normas e modelos jurídicos. Como diretrizes gerais e básicas, fundamentam e dão unidade a um sistema ou a uma instituição. O direito, como sistema, seria assim um conjunto ordenado segundo princípios” (Direito civil..., 2004, p. 92).
Enquanto as normas são caracterizadas por um grau de concretude, os princípios são mais amplos e abstratos. Ex: o art. 5o da LINDB traz o principio da socialidade, segundo o qual deve o magistrado ser guiado pela função ou fim social e pelo objetivo de alcançar o bem comum (pacificação social). 
Ainda, as normas constituem um conceito universal de imperativo autorizante, que culmina em sanções em caso de descumprimento ou não observância. Entretanto, não se pode desassociar dos princípios o seu valor coercitivo!!!
Para Francisco Amaral existe uma classificação dos princípios:
a) princípios gerais do direito = os grandes princípios como justiça, liberdade, igualdade, dignidade da pessoa humana. 
b) princípios gerais do ordenamento jurídico = princípios jurídicos positivados na legislação vigente, na constituição ou em normas infraconstitucionais, como os principios do direito de família, autonomia da vontade e enriquecimento sem causa ou, ainda, a sociabilidade, eticidade e operabilidade.
 FONTES INDIRETAS, NÃO FORMAIS OU MEDIATAS
	Aqui, vamos atentar de forma específica para a equidade.
	Tartuce entende que a equidade deve ser considerada como fonte indireta do direito. A equidade pode ser considerada como o uso do bom senso, a justiça do caso particular, mediante adaptação razoável da lei ao caso concreto. “O julgamento por equidade (e não com equidade) é tido, em casos excepcionais, como fonte do direito, quando a própria lei atribui ao juiz a possibilidade de julgar conforme os seus ditames”.
	A equidade legal é a equidade cuja aplicação já está prevista de forma expressa no texto legal. Ex: art. 413 do CC, que estabelece a redução da multa ou cláusula penal como um dever do magistrado “A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio”.
	Já a equidade judicial se faz presente quando a lei determina que o magistrado deve decidir por equidade o caso concreto. Aqui a ordem é expressa, enquanto que é implícita na equidade legal.
	
ANTINOMIAS 
	A antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto.
	Existem os metacritérios e também a teoria do diálogo das fontes. O que se propõe é um estudo sistematizado de ambas as teorias para compatibilização com o direito civil contemporâneo e constitucionalizado.
1. Critério cronológico = norma posterior prevalece sobre norma anterior (art. 2º LINDB), é o mais fraco. 
2. Critério da especialidade = norma especial prevalece sobre norma geral. Esse critério tem relação com o princípio suum cuique tribuere, baseado na interpretação de que “o que é igual deve ser tratado como igual e o que é diferente, de maneira diferente”. Expresso também no art. 5o da CF, o qual dispõe que a lei deve tratar de maneira igual os iguais e de maneira desigual os desiguais. 
3. Critério hierárquico = norma superior prevalece sobre norma inferior
	Importante destacar que existe a antinomia de primeiro grau, que ocorre quando há conflito de normas que envolve apenas um dos critérios acima e, ainda, a antinomia de segundo grau, que se dá mediante o choque de normas que envolve dois dos critérios acima expostos.
	Ainda, em relação à possibilidade ou não de solução, tem-se a classificação em antinomia aparente (situação que pode ser resolvida de acordo com os metacritérios) e antinomia real (situação em que não se pode resolver de acordo com os metacritérios). 
	Nesse sentido, podemos pensarnos casos de antinomias de primeiro grau, todos de antinomia aparente: 
	
No caso de conflito entre norma posterior e norma anterior, valerá a primeira, pelo critério cronológico, caso de antinomia de primeiro grau aparente.
Norma especial deverá prevalecer sobre norma geral, emergencial que é o critério da especialidade, outra situação de antinomia de primeiro grau aparente.
Havendo conflito entre norma superior e norma inferior, prevalecerá a primeira, pelo critério hierárquico, também situação de antinomia de primeiro grau aparente.
	
Já em relação às antinomias de segundo grau (em que há o choque de normas que envolvem dois dos metacritérios), podemos pensar nas seguintes situações: 
Em um primeiro caso de antinomia de segundo grau aparente, quando se tem um conflito de uma norma especial anterior e outra geral posterior, prevalecerá o critério da especialidade, predominando a primeira norma. 
Havendo conflito entre norma superior anterior e outra inferior posterior,prevalece também a primeira (critério hierárquico), outro caso de antinomia de segundo grau aparente.
	Entretanto, ao pensarmos no caso de existir um conflito entre uma norma geral superior e outra norma, especial e inferior, estaremos diante do que Maria Helena Diniz denomina de antinomia real. Há o conflito entre o critério hierárquico e o critério de especialidade, em que não é possível estabelecer uma materregra geral. Havendo antinomia real, há duas frentes, uma pelo poder legislativo, com a edição de uma terceira norma e outra pelo poder judiciário, por meio da adoção do princípio da máxima justiça (art. 4º e 5º da LINDB – analogia, costumes, principios gerais do direito, buscando a função social e as exigencias do bem comum – e art. 8º do CPC – principios fundamentais que protegem a pessoa humana). 
	
DA PROTEÇÃO DO ATO JURÍDICO PERFEITO, DA COISA JULGADA E DO DIREITO ADQUIRIDO (ARTS. 6.º DA LEI DE INTRODUÇÃO E 5.º, XXXVI, DA CF/1988). RELATIVIZAÇÃO DA PROTEÇÃO
	Tem-se o panorama geral de que no direito brasileiro tem-se a irretroatividade da lei como regra e a retroatividade como exceção. 	Com vistas a protege a certeza e a segurança jurídica, o art. 5º da CF, inciso XXXVI dispõe que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada e, ainda, o art, 6o da LIND dispõe que a lei nova terá efeito imediato e geral respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Não estamos diante de proteção absoluta, sobretudo em razão da ponderação de princípios e valores de Alexy (prevista expressamente no nosso CPC, no art. 489, §2º – mas aqui no CPC tem-se uma ampliação, prevendo a ponderação não só de direitos fundamentais como em Alexy, mas ponderação de todas as normas).
1. DIREITO ADQUIRIDO
	Art. 6o, §2º “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha tempo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem”.
	Direito adquirido é o direito material ou imaterial já incorporado ao patrimonio de uma pessoa natural, jurídica ou ente despersonalizado – GABBA. 
2. ATO JURÍDICO PERFEITO
	É a manifestação de vontade lícita, já emanada por quem esteja em livre disposição e aperfeiçoada. É aquele ato jurídico já consumado de acordo com a lei vigente ao tempo em que se efetuou (art. 6o, §1º, LINDB).
3. COISA JULGADA
	Decisão judicial da qual não mais caiba recurso (art. 6º, §3º, LINDB).
	Exemplo da relativização da proteção do art. 6o da LINDB, podemos citar desde já a relativização da coisa julgada nos casos envolvendo investigação de paternidade julgadas improcedentes por ausencia de provas em momento que não existia o exame de DNA. Enunciado 109 CJF/STJ: “a restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade genética pelo investigando”. Ver também STJ, REsp 226436/ PR.
	Em casos tais, estamos diante do conflito entre a proteção à coisa julgada (art. 5o da CF) e a dignidade do suposto filho (art. 1o, III, CF/88). Em tal conflito, utilizando-se a técnica de ponderação de Alexy, o STJ posicionou-se favoravelmente ao segundo. Essa posição também foi adotada pelo STF em 2011 (STF, RE 363.889/DF).
	Já em relação à relativização do direito adquirido e do ato jurídico perfeito, tem-se outras discussões. O art. 2035 do CC/2002 trouxe um dispositivo de direito intertemporal dispondo que nenhuma convenção prevalecerá se contrariar os preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código, para assegurar a função social da propriedade e dos contratos, de modo que esses principios podem ser aplicados às convenções e negócios celebrados na vigência do Código anterior. 
	Trata-se de princípio da retroatividade motivada ou justificada, pelo qual as normas de ordem pública relativas à função social da propriedade e dos contratos podem retroagir.
	O art. 2.035 do CC adotou a teoria de Pontes de Miranda quanto aos planos de existência, validade e eficácia do negócio jurídico (escada ponteana) ao dispor que em relação aos elementos de existência e validade do negócio jurídico devem ser aplicadas as normas do momento de sua celebração, enquanto que em relação aos elementos do plano da eficácia devem ser aplicados as normas do momento da realização dos seus efeitos. 
	Nesse sentido, a retroatividade da lei pode relativizar a proteção ao ato jurídico perfeito e ao direito adquirido. 
	AS NORMAS ESPECÍFICAS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO CONSTANTES NA LEI DE INTRODUÇÃO. BREVES COMENTÁRIOS
	As previsões referentes ao direito internacional estão nos art. 7 ao 19 da LINDB. Também o CPC traz regras no que diz respeito à cooperação internacional e a jurisdição nacional, conforme já foi estudado. Vamos ao estudo desses dispositivos.
	O art. 7o da LINDB traz a norma de lex domicilli, segundo o qual aplicam-se no que concerne ao começo e fim da personalidade, as normas do país em que for domiciliada a pessoa, inclusive quanto ao nome, à capacidade e aos direitos de família. Ainda como expressão da lex domicilli, temos o art. 21, I do CPC, o qual dispõe que compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que o réu, qualquer que seja sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil. 
	Quanto ao casamento, temos que:
a) se celebrado no Brasil = aplicam-se as regras quanto a impedimentos matrimoniais que constam no art. 1.521, CC – art. 7o, §1º da LINDB. Lex domicilli celebrationis. Mesmo que os nubentes sejam de outra nacionalidade. A idade núbil brasileira é 16 anos; se os noivos venham da Asia que a idade núbil é de 12 anos, eles não poderão aqui se casar posto que encontrarão óbice na regra do impedimento. 
b) casamento de estrangeiros = poderá ser celebrado no Brasil, perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes (art. 7], §2º, LINDB).
c) nubentes com domicílio diverso = aplica-se quanto à validade do casamento a lei do primeiro domicílio conjugal (lex domicilli) – art. 7º, §3º da LINDB
d) regime de bens = aplica-se a regra do local em que os conjuges tenham domicílio e, havendo divergência, o primeiro domicílio conjugal (art. 7º, §4º, LINDB).
e) estrangeiro naturalizado brasileiro = pode, quando da naturalização e mediante autorização do conjuge, requerer a adoção do regime legal ou supletório – comunhão parcial de bens – desde que respeitados os direitos de terceiros e mediante registro próprio no cartório de pessoas naturais (art. 7º, §5º). 
f) divórcio no estrangeiro com um dos cônjuges brasileiros = passa a ter efeitos no Brasil depois de um ano da data da sentença ou se houver separação judicial por igual período. Carecerá de homologação do STJ, que poderá ser imediata na segunda hipótese. (art. 7.º, § 6.º, da Lei de Introdução). Destaca-se que o art. 961, § 5.º, do CPC/2015 passou a prever que a sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos no Brasil, independentemente de homologação pelo SuperiorTribunal de Justiça, devendo haver somente a averbação no cartório. Não precisa de homologação, portanto, do divórcio CONSENSUAL. 
g) o domicílio da pessoa natural que não tiver residência fixa será o local em que a mesma for encontrada (art. 7º c/c art. 73, CC). Trata-se do adômide, aquele que não tem domicílio. 
Bens
	Em relação aos bens, a LINDB dispõe a regra lex rei sitiae, em seu art. 8º, segundo a qual deve ser aplicada a norma do local em que os bens se situam e em se tratando de bens móveis transportados, aplica-se a norma do domicílio do proprietário (§1º). Quanto ao penhor, direito real de garantia que recai sobre bens móveis, por regra, deve ser aplicada a norma do domicílio que tiver a pessoa em cuja posse se encontre a coisa empenhada, outra aplicação do princípio lex domicilii (§ 2.º)
O item II está errado, pois, de acordo com o Art. 8º, LINDB, para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se a lei do país em que estiverem situados.
Obrigações
	Consagra-se a regra locus regit actum, ou seja, aplica-se as normas do local em que as obrigações foram constituídas. Essa regra traz duas exceções:
a) caso em que a obrigação, embora constituída no exterior, deverá produzir efeitos no Brasil e, segundo nosso ordenamento, o negócio carece de forma essencial para produzir efeitos. Por exemplo, compra e venda de imóvel de conjuge casado sob o regime de comunhão universal de bens, em que exige-se, segundo a norma brasileira, a outorga uxória (essa é a forma essencial) ou, ainda, compra e venda de imóveis acima de 30 salários mínimos, em que a forma essencial é a realização por meio de escritura pública.
b) o §2º dispõe que a obrigação reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. Essa regra está em antinomia com o art. 435 do CC, que dispõe que o contrato reputa-se celebrado no lugar em que foi proposto, que não necessariamente é o domicílio do proponente. Aplica-se aqui o critério da especialidade, de modo que o art. 435 aplica-se aos contratos nacionais e a LINDB para contratos internacionais.
	Direito sucessório
	O art. 10 da LINDB dispõe que a sucessão por morte ou por ausência regula-se de acordo com a norma do último domicilio do de cujus (lex domicilli), em consonância com o art. 1.735 do CC. Já as regras para suceder – capacidade para suceder – situados no Brasil será a norma brasileira, desde que a norma do último domicílio não seja mais favorável aos cônjuge filhos. Favorecimento do filho ou conjuge brasileiro. Se a lei alienígena for mais benéfica, afasta-se a aplicação da lei brasileira e aplica-se a lei estrangeira. A lei do domicílio do herdeiro ou do legatário segue a legislação do país em que domiciliarem. (CESPE, 2017). 
	Informativo 563 do STJ:
Ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira da situação da coisa – e não a lei brasileira – na sucessão de bem imóvel situado no exterior. A LINDB, inegavelmente, elegeu o domicílio como relevante regra de conexão para solver conflitos decorrentes de situações jurídicas relacionadas a mais de um sistema legal (conflitos de leis interespaciais), porquanto consistente na própria sede jurídica do indivíduo. Assim, a lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o direito ao nome, a capacidade jurídica e dos direitos de família (art. 7.º). Por sua vez, a lei do domicílio do autor da herança regulará a correlata sucessão, nos termos do art. 10 da lei sob comento. Em que pese a prevalência da lei do domicílio do indivíduo para regular as suas relações jurídicas pessoais, conforme preceitua a LINDB, esta regra de conexão não é absoluta. Como bem pondera a doutrina, outros elementos de conectividade podem, a depender da situação sob análise, revelar-se preponderantes e, por conseguinte, excepcionar a aludida regra, tais como a situação da coisa, a faculdade concedida à vontade individual na escolha da lei aplicável, quando isto for possível, ou por imposições de ordem pública” (STJ, REsp 1.362.400/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 28.04.2015, DJe 05.06.2015).
Sociedades e Fundações
	Aplica-se as normas do local de sua constituição (art. 11). Para que possam atuar no Brasil, elas necessitam de autorização pelo governo federal e se sujeitam às leis brasileiras (§1º c/c art. 1134, CC. Ainda, governos e entidades estrangeiras não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação (art. 11, §2º, LIDNB). Por fim, os governos estrangeiros podem adquirir prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos e agentes consulares.
Com relação à competência da autoridade judiciária brasileira, estabelece art. 12 da Lei de Introdução que há necessidade de atuação quando o réu for domiciliado em nosso país ou aqui tiver que ser cumprida a obrigação, como no caso de um contrato. Quanto aos imóveis situados no País, haverá competência exclusiva da autoridade nacional (art. 12, § 1.º), bem quanto ao exequatur, o “cumpra-se” relacionado com uma sentença estrangeira homologada perante o Superior Tribunal de Justiça, conforme redação dada ao art. 105 da CF/1988, pela Reforma do Judiciário (EC 45/2004).
Quanto ao ônus probatório, não são admitidas no Brasil provas que a lei nacional não conheça. Lembrar do art. 212 do CC, que estabelece as provas admitidas quais sejam confissões, documentos, testemunhas, presunções e perícias, bem como outras provas possíveis e lícitas, uma vez que esse rol é exemplificativo (numerus apertus). Por fim, o art. 14 estabelece que não conhecendo o juiz nacional a lei estrangeira, poderá exigir de quem a invoca a prova do texto e da sua vigência.
Assunto: COMPARTILHAMENTO DE DADOS BANCÁRIOS POR ÓRGÃO DE INVESTIGAÇÃO DO PAÍS ESTRANGEIRO PARA A POLÍCIA BRASILEIRA É LÍCITA, MESMO QUE OBTIDAS SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL PORQUE NÃO EXIGIDA NO PAÍS ALIENÍGENA; LINDB 
Respeitadas as garantias processuais do investigado, não há prejuízo na cooperação direta entre as agências investigativas, sem a participação das autoridades centrais. A ilicitude da prova ou do meio de sua obtenção somente poderia ser pronunciada se o réu demonstrasse alguma violação de suas garantias ou das específicas regras de produção probatória. STJ. 5ª Turma. AREsp 701.833/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
MLAT: acordo bilateral por meio do qual os EUA e o Brasil se comprometem a prestar auxílio jurídico direto em matéria processual. Instrumento de Auxílio Direito que substitui a carta rogatória. 
Não viola a ordem pública brasileira o compartilhamento direto de dados bancários pelos órgãos investigativos mesmo que, no Estado (país) de origem, essas informações tenham sido obtidas sem prévia autorização judicial, se a reserva de jurisdição não é exigida pela legislação local. STJ. 5ª Turma. AREsp 701.833/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
Outros precedentes correlatos: As provas obtidas por meio de cooperação internacional em matéria penal devem ter como parâmetro de validade a lei do Estado no qual foram produzidas, conforme a previsão do art. 13 da LINDB. STJ. Corte Especial. APn 856/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/10/2017. 
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Discussão a respeito do art. 17
O art. 17 da LINDB estabelece que “As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes”. 
O nosso CDC estabelece o princípio da reparação integral dos danos, enquanto a Convenção de Varsóvia e a Convenção de Montreal estabelecelimitações de indenização em caso de atrasos ou perda de voos e extravio de bagagem em viagens internacionais. Há um conflito entre as normas, de modo em que deve-se aplicar o CDC. 
A jurisprudência diverge, posto que em 2017 o STF optou pela prevalência das convenções em detrimento do CDC, argumentando que não há diferença hierárquica entre o CDC e as convenções, de modo que o conflito envolve metacritérios da especialidade e cronologia. O STJ já decidiu utilizando-se desse entendimento, conforme Resp 673.048/RS. Importante destacar que a decisão do STF diz respeito tão somente aos danos materiais, não abrangendo os danos morais e outros danos extrapatrimoniais. 
JURISPRUDÊNCIA 
Homologação de decisão estrangeira (título judicial que fixou alimentos). 
Casamento de brasileiros e autoridades consulares 
O art. 18 prevê que as autoridades consulares são competentes para celebrar casamento e os demais atos de registro civil na sede do Consulado. Ainda, prevê que tais autoridades podem celebrar a separação e o divórcio consensual de brasileiros, desde que não haja filhos menores ou incapazes e observados os requisitos legais quanto aos prazos, sendo indispensável a assistencia de advogado. 
BREVE ANÁLISE DAS INCLUSÕES FEITAS NA LEI DE INTRODUÇÃO PELA LEI 13.655/2018. REPERCUSSÕES PARA O DIREITO PÚBLICO 
Os artigos 20 a 30 da LINDB foram incluídos pela Lei 13.655/18 e diz respeito a implicações no direito público, podendo ser denominada de Lei da Segurança Hermenêutica na Administração Pública, sobretudo no que diz respeito aos órgãos de controle. Três grandes temas foram abordados: a) clareza normativa (art. 29 e 30), responsabilização do agente por interpretação hermenêutica (art. 22 e 28) e invalidade do ato administrativo, por meio do princípio da motivação concreta, regime de transição, princípio da menor onerosidade da regularização, irregularidade sem pronúncia de nulidade, convalidação por compromisso com ou sem compensações e invalidade referencial. 
Principais conceitos: segurança jurídica e aplicação de sanções a agentes políticos, atuação de órgãos controladores e interpretação de normas de direito público.
O art. 20 estabelece o dever de motivação concreta e a responsabilidade decisória dos gestores, afirmando que nas esferas administrativa, judicial e controladora não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. Não pode a decisão se basear em conceitos legais abstratos e em cláusulas gerais. Ainda, o parágrafo único estabelece que a decisão demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidade do ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa. O dever de fundamentação já estava previsto no art. 93 IX da CF e também decorre da teoria da procedimentalização dos atos administrativos. Além da fundamentação, emerge-se a análise do consequencialismo da decisão administrativa.
Ainda em sede do consequencialismo, tem-se o art. 21 que estabelece que as decisões que decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deve indicar de modo expresso as consequencias jurídicas e administrativas e deverá indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equanime e sem prejuízo aos interesses gerais. Além do consequencialismo, esse artigo traz o princípio da menor onerosidade da regularização ao dispor que a decisão não poderá impor aos sujeitos por ela atingidos ônus ou perdas que sejam anormais ou excessivos. 
ATENÇÃO: o consequencialismo pode levar a um utilitarismo decisório, levando a um sacrifício dos direitos fundamentais e da personalidade, bem como da dignidade da pessoa humana. 
O art. 22 traz a primazia da realidade ao dispor acerca da regra de hermeneutica relativa às normas sobre gestão pública, devendo considerar os obstáculos e dificuldades reais do gestor, sem prejuízo do direito dos administrados, de modo que na decisão sobre invalidade deve-se levar em consideração as circunstancias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente público. Abre-se a possibilidade de reconhecimento de irregularidade do ato administrativo sem a decretação de nulidade (art. 21, §u, LINDB). 
Ainda, o art. 22, §2º estabelece que quando da aplicação das sanções deve-se levar em consideração a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração, as circunstancias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do agente. 
Regime de transição = o art. 23 estabelece que a decisão administrativa, judicial ou controladora que estabelecer interpretação ou orientação nova, impondo novo dever ou condicionamento de direito, deverá prever regime de transição de modo a ser o novo dever ou condicionamento cumprido de modo proporcinal, equanime e eficiente. 	Influência do art. 927, §3º do CPC. 
Invalidade referencial = prevista no art. 24 da LINDB. Estabelece que a revisão quanto a validade do ato, contrato, processo, ajuste ou norma administrativa que já houver completado sua produção levará em conta as orientações da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. A expressão referencial diz respeito portanto às orientações vigentes à época de produção do ato.
Convalidação do ato administrativo por compromisso sem compensações = para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação oficial”. 
Convalidação do ato administrativo por compromisso com compensações = a decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos” (art. 27 da LINDB). Instituto da compensação previsto no art. 368 a 380 do CC, como forma de extinção das obrigações. 
Infração hermenêutica = estabelece o art. 28 da LINDB que o agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro, devendo este ser entendido como culpa grave.
Clareza normativa = o art. 29 da LINDB estabelece que qualquer órgão ou poder poderá proceder com prévia consulta pública para manifestação dos interessados no que diz respeito a edição de atos normativos por autoridades administrativas, caso em que tal consulta pública deverá ser considerada na decisão. Também está prevista no art. 30, que dispõe que as autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normais por meio de regulamentos, sumulas administrativas e respostas a consultas. 
Observações: ler sobre teoria do retorno 
EXISTÊNCIA 	
VALIDADE
EFICÁCIA
PROCESSO LEGISATIVO
VIGÊNCIA
REVOGAÇÃO

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