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DIREITO-CIVIL

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DIREITO CIVIL 
PARTE GERAL 
PESSOA 
 
Art. 1o, CC: Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
 
É todo aquele sujeito de direitos e deveres na ordem civil. 
Existe a pessoa natural ou física e a pessoa jurídica. 
Pessoa natural ou física: É o ser humano, dotado de corpo físico, alma e intelecto. 
Pessoa é todo aquele que poderá figurar numa relação jurídica, como sujeito de direitos e deveres. 
 
=> animais, seres inanimados (ex. Plantas) e as entidades místicas e metafisicas são OBJETOS DE DIREITO 
 
Art. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, 
os direitos do nascituro. 
 
A personalidade da pessoa natural inicia com o nascimento com vida, constatada pela presença de ar nos pulmões, 
mesmo que não tenha ocorrido o corte do cordão umbilical. 
A certidão de nascimento tem apenas cunho administrativo, ou seja, registrar que ocorreu o nascimento, mas a 
pessoa já adquiriu os direitos da personalidade. É, portanto, declaratória (e não constitutiva) 
 
NASCITURO 
 
Nascituro: aquele que foi concebido e que está no ventre da mãe e ainda não nasceu. 
Teorias: 
Natalista: o nascituro tem apenas expectativa de direito. Não tem direitos, uma vez que só pessoa é titular de 
direitos. 
Condicionalista: o nascituro já tem direitos da personalidade, estando os direitos patrimoniais condicionados ao 
eventual nascimento com vida, ou seja, à condição de nascer com vida. 
Concepcionista: o nascituro possui personalidade jurídica. 
 
Maria Helena Diniz classifica ”Personalidade jurídica formal” como aquela relacionada com os direitos da 
personalidade tais como nome, vida, imagem, filiação. O nascituro tem esses direitos; Já a “Personalidade 
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jurídica material”: se refere aos direitos patrimoniais, que o nascituro só adquire com o nascimento com vida. 
Ex. Art. 542 que dá eficácia à doação apenas após o nascimento com vida. 
 
Nascituro é sujeito de direitos. 
Exemplos do nascituro como sujeito de direito: 
- Art. 5, CF, caput: direito a vida 
- ECA, art. 7: direito à assistência pre-natal 
- Direito ao reconhecimento de sua filiação: perfilhação. STF reconheceu o direito do nascituro de ver realizado 
o exame de DNA apesar da oposição da genitora (Caso Gloria Trevis, extraditanda) 
 
OBS: A doutrina começou a defender que o nascituro também tem direitos patrimoniais, ou seja, mesmo antes 
do nascimento com vida, uma vez que os alimentos gravídicos, embora sejam solicitados pela mãe grávida, são 
destinados ao nascituro. 
 
Lei de Alimentos Gravídicos. Lei 11.804/08 
Art. 2o Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas 
adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes 
a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, 
medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de 
outras que o juiz considere pertinentes. 
Parágrafo único. Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada 
pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção 
dos recursos de ambos. 
Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão 
até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré. 
Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia 
em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão. 
 
Natimorto: tem direito a nome, imagem e sepultura, conforme Enunciado 1, das Jornadas de Direito Civil 
 
Lei de Registros Públicos N. 6.015/73 (LRP): Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido 
na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do 
óbito. 
§ 1º No caso de ter a criança nascido morta, será o registro feito no livro "C Auxiliar", com os elementos que 
couberem. 
§ 2º No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos os dois assentos, 
o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas. 
 
Embrião “in vitro”: posicionamento majoritário entende que não tem os direitos do nascituro. Não são aplicados 
os direitos da personalidade. 
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 STF, na Adi 3510/DF afirmou a constitucionalidade do art. 5 da Lei de Biossegurança Lei 11. 105/05 
no sentido de que, após 3 anos, os embriões congelados não utilizados sejam encaminhados para 
pesquisas com células-tronco. 
 
CAPACIDADE 
 
Aptidão para exercer direitos e assumir deveres na orbita civil. 
 
Capacidade de direito ou de gozo: é aquela comum a toda pessoa humana, inerente à personalidade, e que se 
perde com a morte. Capacidade de ser titular de direitos e de deveres. Mas exercerá esses direitos patrimoniais 
por meio de representante ou assistente. 
 
Capacidade de fato ou de exercício: é aquela relacionada com o exercício próprio dos atos da vida civil, 
podendo praticar atos com efeitos jurídicos, adquirindo, modificando ou extinguindo relações jurídicas. 
 
Capacidade de direito + capacidade de direito = plena capacidade civil 
 
EMANCIPAÇÃO 
 
ANTECIPAR A MAIORIDADE CIVIL ANTES DOS 18 ANOS. 
Menor emancipado não responderá por crimes porque não ocorreu a maioridade penal. Praticado um crime, 
responderá por ato infracional (ECA) e não pelo Código Penal. 
Enunciado 530 das Jornadas de Direito Civil: a emancipação, por si só, não elide a incidência do ECA. 
 
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos 
da vida civil. 
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente 
de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função 
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. 
 
Espécies de emancipação: voluntária, judicial e legal. 
 
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- Voluntária: 
Ambos os Pais: instrumento público 
Havendo conflito de interesses, o juiz decide. 
Não pode ocorrer a emancipação se os pais não quiserem, porque isso importaria destituir o poder familiar, por 
vias transversas. 
A emancipação não é direito subjetivo do menor. 
STJ: na emancipação voluntaria os pais continuam respondendo pelos danos causados pelo filho (art. 932, 
e 933, CC). 
A emancipação voluntária só produz efeito após o registro (art. 9, II, CC). 
 
- Judicial: Tutor: sentença judicial (art. 725, I, CPC) 
STJ: na emancipação judicial o tutor continua respondendo pelos danos causados pelo tutelado (art. 932, 
e 933, CC). 
 
A emancipação judicial só produz efeito após o registro (art. 9, II, CC). 
 
- Legal: fatos que emancipam: 
- Emprego Publico Efetivo 
- Economiaprópria, pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego 
- Casamento 
- Colação de grau em ensino superior 
EmanCipaÇÃO 
 
A emancipação legal produzirá seus efeitos a partir do ato ou fato que a provocou. 
 
 No caso de anulabilidade do casamento: não retorna a situação de incapaz 
 
 Nulidade do casamento: não há produção de efeitos, logo não emancipou. OBS: casamento putativo (art. 
1561, CC) nesse caso o juiz pode reconhecer efeitos ao casamento e consequentemente não voltará a ser 
considerado incapaz. 
 
Idade mínima para a emancipação civil: 
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Em regra 16 anos: voluntária, judicial e estabelecimento civil ou comercial e emprego com economia própria, 
casamento (obs: art. 1520, CC). 
 
Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o 
disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 13.811, de 2019) 
 
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou 
de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil. 
 
A emancipação é Irrevogável e irretratável (divorcio, falência, exoneração do cargo publico não fazem voltar 
ao status de incapaz) 
 
QUESTÕES: 
(OAB/FGV) Pedro, em dezembro de 2011, aos 16 anos, se formou no ensino médio. Em agosto de 2012, ainda 
com 16 anos, começou estágio voluntário em uma companhia local. Em janeiro de 2013, já com 17 anos, foi 
morar com sua namorada. Em julho de 2013, ainda com 17 anos, após ter sido aprovado e nomeado em um 
concurso público, Pedro entrou em exercício no respectivo emprego público. Tendo por base o disposto no 
Código Civil, assinale a opção que indica a data em que cessou a incapacidade de Pedro. 
a. Dezembro de 206 
b. Agosto de 2012. 
c. Janeiro de 2013. 
d. Julho de 2013. 
 
Comentários: 
A incapacidade cessa com a Maioridade ou com a Emancipação. A questão induz o candidato ao erro quando de 
início, Pedro se formou no ensino médio. A hipótese legal de emancipação é a formatura em ensino superior. 
Posteriormente, Pedro iniciou estágio voluntário, descarta-se a possibilidade de economia própria. Subentende-
se a formação de união estável em janeiro de 2013, mas a hipótese legal para emancipação é o casamento. Assim, 
a resposta correta é a letra d, conforme art. 5º Código Civil. 
 
(OAB/FGV) Os tutores de José consideram que o rapaz, aos 16 anos, tem maturidade e discernimento necessários 
para praticar os atos da vida civil. Por isso, decidem conferir ao rapaz a sua emancipação. Consultam, para tanto, 
um advogado, que lhes aconselha corretamente no seguinte sentido: 
a. José poderá ser emancipado em procedimento judicial, com a oitiva do tutor sobre as condições do tutelado. 
b. José poderá ser emancipado via instrumento público, sendo desnecessária a homologação judicial. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13811.htm#art1
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c. José poderá ser emancipado via instrumento público ou particular, sendo necessário procedimento judicial. 
d. José poderá ser emancipado por instrumento público, com averbação no registro de pessoas naturais. 
 
Comentário: 
A letra correta é “a”, com fundamento no inciso I do parágrafo único do art. 5º do CC. 
 
INCAPACIDADE 
 
Incapacidade: é o reconhecimento da inexistência, numa pessoa, daqueles requisitos que a lei acha 
indispensáveis para que ela exerça os seus direitos direta e pessoalmente. (Silvio Rodrigues). Diz respeito à falta 
de perfeita compreensão para a prática de atos jurídicos. 
ABSOLUTAMENTE INCAPAZES 
 
Art. 3o. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) 
anos. 
 
Art. 3, CC – NULIDADE ou invalidade absoluta (ART. 166, I, CC) 
ABSOLUTAMENTE INCAPAZ será REPRESENTADO 
A vontade do incapaz, sob o ponto de vista jurídico, é irrelevante. No aspecto existencial a vontade do incapaz é 
importante. Ex. ECA – opinião do adotando maior de 12 anos é relevante. 
Os atos praticados por absolutamente incapazes são NULOS (art. 166, I, CC) e não convalescem pelo decurso do 
tempo (art. 169, CC) 
 
Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério 
Público, quando lhe couber intervir. 
Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos 
seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. 
 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. 
 
RELATIVAMENTE INCAPAZES 
 
Art. 4o, CC São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. 
 
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Art. 4 CC – ANULÁVEIS ou invalidade relativa (ART. 171, I, CC) 
Art. 171, CC Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
 
Art. 178, CC. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
 
RELATIVAMENTE INCAPAZ será ASSISTIDO 
Os atos praticados pelo relativamente incapaz exigem não apenas a presença do assistente mas, por igual, a sua 
própria intervenção como condição de validade. 
Os atos praticados por relativamente incapazes são ANULÁVEIS (art. 171, I, CC), no prazo decadencial de 4 
anos, a contar de quando cessar a incapacidade (art. 178, III, CC) 
 
Hipóteses de incapacidade relativa: 
 Não é causa de incapacidade a enfermidade ou deficiência! 
 
– maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
 
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade 
se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
 
 
– pródigos. 
Pródigo é a pessoa que, desordenadamente, gasta os seus haveres, dilapidando o seu patrimônio, de modo a 
comprometer a sua subsistência. É fenômeno complexo que exige dialogo entre o direito, psiquiatria, psicanalise 
e economia. 
 
Art. 1.782, CC. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, 
hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. 
 
O PRÓDIGO NÃO PODERÁ PRATICAR ATOS DE DISPOSÇÃO PATRIMONIAL. 
O pródigo pode decidir sobre uma cirurgia ou tratamento médico, escolher a profissão ou atividade laborativa, 
ou seja, relações existências e patrimoniais, desde que não dispositivas do patrimônio. 
 
– ébrios habituais e os viciados em tóxicos; 
Não gozam de proteção aqueles que façam uso eventual, livre e espontaneamente de substancias alucinógenas. 
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Não se aplica para aqueles que numa festa ingerem muito alcool e/ou substancia entorpecente. Porque incide a 
teoria da actio libera in causa (ação livre na sua causa), motivando a possibilidade de punição da pessoa que 
provocou o seu próprio estado de inconsciência, vindo a causar um dano a outrem. Por meio dessa tese, o 
momento de aferiçãoda responsabilidade deve ser o da ingestão da substancia e não a pratica do ato. 
 
- aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
 
Enfermidade não é causa de incapacidade. 
Deficiência (física, mental, sensorial, intelectual) não é causa de incapacidade. 
Senectude (velhice) não é causa de incapacidade. 
 
Os Intervalos lúcidos não importam para o sistema jurídico civil. 
 
Ação de interdição ou ação de curatela: Art. 747 a art. 758, CPC e art. 1767 a 1783, CC 
A curatela se restringe aos atos de natureza negocial e patrimonial. Os aspectos existenciais continuam sendo do 
relativamente incapaz. 
 
ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA 
 
LEI 13.146/15 
 
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação 
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
 
Art. 6o A deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa, inclusive para: 
I - casar-se e constituir união estável; 
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos; 
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre 
reprodução e planejamento familiar; 
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória; 
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e 
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de 
oportunidades com as demais pessoas. 
 
A pessoa com deficiência poderá, excepcionalmente, estar sujeito à Interdição/Curatela, nos termos do Estatuto 
da Pessoa com deficiência. Lei 13.146/15: 
 
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Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de 
condições com as demais pessoas. 
§ 1o Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei. 
§ 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. 
§ 3o A definição de curatela de pessoa com deficiência constitui medida protetiva extraordinária, proporcional 
às necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará o menor tempo possível. 
§ 4o Os curadores são obrigados a prestar, anualmente, contas de sua administração ao juiz, apresentando o 
balanço do respectivo ano. 
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e negocial. 
§ 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, 
à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. 
§ 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença as razões e motivações de sua 
definição, preservados os interesses do curatelado. 
§ 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a 
pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado. 
Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situação de curatela da pessoa com deficiência. 
Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de proteger os interesses da pessoa com deficiência em 
situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério Público, de oficio ou a requerimento do interessado, 
nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará sujeito, no que couber, às disposições do Código de 
Processo Civil. 
 
TOMADA DE DECISÃO APOIADA (TDA) 
 
Estatuto da Pessoa com Deficiência – Lei 13.146/15 
 
Art. 84. § 2o É facultado à pessoa com deficiência a adoção de processo de tomada de decisão apoiada. 
 
A TDA é um mecanismo protecionista para pessoas plenamente capazes, mas numa situação de vulnerabilidade 
em razão da deficiência. 
Exemplos: tetraplégicos, cegos, surdos, sequelados de AVC 
 
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 
(duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio 
na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que 
possa exercer sua capacidade. 
§ 1o Para formular pedido de tomada de decisão apoiada, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem 
apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromissos dos apoiadores, 
inclusive o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesses da pessoa que devem 
apoiar. 
§ 2o O pedido de tomada de decisão apoiada será requerido pela pessoa a ser apoiada, com indicação expressa 
das pessoas aptas a prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. 
§ 3o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe 
multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe 
prestarão apoio. 
§ 4o A decisão tomada por pessoa apoiada terá validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições, desde que 
esteja inserida nos limites do apoio acordado. 
§ 5o Terceiro com quem a pessoa apoiada mantenha relação negocial pode solicitar que os apoiadores contra-
assinem o contrato ou acordo, especificando, por escrito, sua função em relação ao apoiado. 
§ 6o Em caso de negócio jurídico que possa trazer risco ou prejuízo relevante, havendo divergência de opiniões 
entre a pessoa apoiada e um dos apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério Público, decidir sobre a questão. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5869.htm
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§ 7o Se o apoiador agir com negligência, exercer pressão indevida ou não adimplir as obrigações assumidas, 
poderá a pessoa apoiada ou qualquer pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público ou ao juiz. 
§ 8o Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e se for de seu 
interesse, outra pessoa para prestação de apoio. 
§ 9o A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, solicitar o término de acordo firmado em processo de tomada de 
decisão apoiada. 
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão de sua participação do processo de tomada de decisão apoiada, 
sendo seu desligamento condicionado à manifestação do juiz sobre a matéria. 
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no que couber, as disposições referentes à prestação de contas na 
curatela. 
 
SITUAÇÃO JURÍDICA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: 
 
- Pessoas com deficiência => capazes 
- Pessoas com deficiência (física, mental, intelectual, sensorial) que podem exprimir sua vontade e se 
autodeterminar. Podem, eventualmente, utilizar a TDA (Tomada de Decisão Assistida). 
- Pessoas com deficiência (física, mental, intelectual, sensorial) que não podem exprimir sua vontade em razão 
da impossibilidade de autogoverno, sendo consideradas relativamente incapazes = Curatela = Ação de interdição 
 
QUESTÕES: 
(OAB/FGV) André possui um transtorno psiquiátrico grave, que demanda uso contínuo de medicamentos, graças 
aos quais ele leva vida normal. No entanto, em razão do consumo de remédios que se revelaram ineficazes, por 
causa de um defeito de fabricação naquele lote, André foi acometido de um surto que, ao privá-lo de 
discernimento, o levou a comprar diversos produtos caros de que não precisava. Para desfazer os efeitos desses 
negócios, André deve pleitear 
A) a nulidade dos negócios, por incapacidade absoluta decorrente de enfermidade ou deficiência mental. 
B) a nulidade dos negócios, por causa transitória impeditiva de expressão davontade. 
C) a anulação do negócio, por causa transitória impeditiva de expressão da vontade. 
D) a anulação do negócio, por incapacidade relativa decorrente de enfermidade ou deficiência mental. 
 
Comentários: 
Letra correta “c”, uma vez que se trata de relativamente incapaz. Art 178, CC 
 
COMORIÊNCIA 
 
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos 
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
 
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Presunção de simultaneidade de óbitos quando, morrendo 2 pessoas ou mais ao mesmo tempo (simultaneamente), 
não for possível indicar, com precisão, a premoriência. 
A comoriencia impede a transmissão de qualquer direito (seja seguro de vida, seja sucessório) entre as pessoas 
comorientes. 
A comoriencia exige circunstancia de tempo e não de lugar, motivo pelo qual não se exige que a morte se dê num 
mesmo local. Nada impede que a morte se dê por circunstâncias diferentes. 
Ex. Terremoto que atingiu varias localidades pode provar a morte ao mesmo tempo de pessoas sucessíveis entre 
si. Ex. pai e filho 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
Dignidade da pessoa humana: Direitos Fundamentais e direitos da personalidade 
Titularidade: Pessoas naturais (nacionais e estrangeiros). 
Para as pessoas jurídicas se estendem os direitos da personalidade, na medida de suas características, mas não 
são considerados titulares de direitos da personalidade (art. 52, CC). 
 
Art. 52, CC os direitos da personalidade se aplicam, no que couber, a pessoa jurídica. 
 
Enunciado 286, Jornadas de direito civil: Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à 
pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. 
 
Sum 227/STJ: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
Sum 365/STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular. 
 
 
No caso de morte: 
 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem 
prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o 
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
 
Art. 12, paragrafo único fala dos lesados indiretos: que defendem direito próprio (e não direito do falecido). 
Eles tem direito de ver protegida a personalidade de seus familiares já falecidos. Portanto tem legitimidade 
ordinária e não são substitutos processuais. É o dano reflexo, obliquo ou em ricochete. 
 
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Exemplos de direitos da personalidade: 
Art. 11 e ss. Caráter enunciativo e não exaustivo. Ex. honra e moradia, meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, velhice digna 
 
PROTEÇAO DA INTEGRIDADE FISICA: corpo vivo, morto, autonomia do paciente 
PROTEÇAO DA INTEGRIDADE PSIQUICA: imagem, nome, honra e imagem 
PROTEÇAO DA INTEGRIDADE INTELECTUAL: direitos autorais 
 
Outros exemplos de direitos da personalidade: 
 
ALTERAÇÃO DO NOME SOCIAL 
 
 STF 2018 ADI 4275/DF: a alteração de nome social e de gênero de pessoa transexual NÃO depende 
da realização prévia de cirurgia de transgenitalização, nem de tratamento hormonal ou laudo 
médico. 
 
Provimento 73 do CNJ, de 2018, permite a referida alteração junto ao Registro Civil de Pessoa Natural. 
 
 
UNIÃO HOMOAFETIVA 
STF RE – 477554 União Estável Homoafetiva - Legitimidade Constitucional - Afeto como Valor Jurídico - Direito 
à Busca da Felicidade - Função Contramajoritária do STF (Transcrições) ARTIGO 
União Estável Homoafetiva - Legitimidade Constitucional - Afeto como Valor Jurídico - Direito à Busca da 
Felicidade - Função Contramajoritária do STF (Transcrições) RE 477554/MG* RELATOR: Min. Celso de Mello 
EMENTA: UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO. ALTA RELEVÂNCIA SOCIAL E JURÍDICO-
CONSTITUCIONAL DA QUESTÃO PERTINENTE ÀS UNIÕES HOMOAFETIVAS. LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO 
RECONHECIMENTO E QUALIFICAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA COMO ENTIDADE FAMILIAR: POSIÇÃO 
CONSAGRADA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 132/RJ E ADI 4.277/DF). O AFETO 
COMO VALOR JURÍDICO IMPREGNADO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL: A VALORIZAÇÃO DESSE NOVO 
PARADIGMA COMO NÚCLEO CONFORMADOR DO CONCEITO DE FAMÍLIA. O DIREITO À BUSCA DA FELICIDADE, 
VERDADEIRO POSTULADO CONSTITUCIONAL IMPLÍCITO E EXPRESSÃO DE UMA IDÉIA-FORÇA QUE DERIVA DO 
PRINCÍPIO DA ESSENCIAL DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA (2006): DIREITO DE 
QUALQUER PESSOA DE CONSTITUIR FAMÍLIA, INDEPENDENTEMENTE DE SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL OU 
IDENTIDADE DE GÊNERO. DIREITO DO COMPANHEIRO, NA UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA, À PERCEPÇÃO DO 
BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE DE SEU PARCEIRO, DESDE QUE OBSERVADOS OS REQUISITOS DO ART. 1.723 
DO CÓDIGO CIVIL. O ART. 226, § 3º, DA LEI FUNDAMENTAL CONSTITUI TÍPICA NORMA DE INCLUSÃO. A FUNÇÃO 
CONTRAMAJORITÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. A PROTEÇÃO 
DAS MINORIAS ANALISADA NA PERSPECTIVA DE UMA CONCEPÇÃO MATERIAL DE DEMOCRACIA 
CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃO: 
 
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VEDAÇÃO AO “DISCURSO DO ÓDIO” (HATE SPEECH): manifestações de pensamento contendo 
declarações de ódio, desprezo atreladas a religião, raça, orientação sexual e etc. são vedadas no ordenamento 
jurídico. 
 
Características: 
 
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e 
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. 
 
Absolutos (erga omnes) 
Indisponíveis 
Intransmissíveis 
Imprescritiveis 
Impenhoráveis 
Extrapatrimoniais 
 
Absolutos: oponíveis erga omnes. Eficácia vertical e horizontal dos direitos da personalidade. 
Indisponíveis: intransmissíveis e irrenunciáveis. 
 
Limitação voluntária pode = não seja permanente + não seja geral 
Ex. Cessão patrimonial de direitos autorais; cessão gratuita de partes do corpo 
En. 4 CJF: limitação temporária e especifica é possível (caráter relativo). 
 
Impenhoráveis: bem de família. 
Sum 364/STJ: pessoas solteiras 
 
Vitaliciedade: morto; respeito à honra, memória, direito autoral de autor (art. 12, p único). 
 
Imprescritíveis: não se extinguem pelo uso e pelo decurso de tempo, salvo o caráter patrimonial. Ex. reparação 
de dano moral prescreve em 3 anos. 
 
TÉCNICA DE PONDERAÇÃO DOS INTERESSES: ART 489, § 2o CPC. No caso de colisão entre normas, 
o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a 
interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. 
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Art. 16, CC. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. 
Art. 17, CC. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a 
exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
Art. 18, CC. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
Art. 19, CC. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. 
 
Sum 403/STJ: “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de 
pessoa com fins econômicos ou comerciais”. 
Sumula 221/STJ: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela 
imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação. 
 
Art. 13.Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição 
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei 
especial. 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em 
parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção 
cirúrgica. 
 
PILAR DA INTEGRIDADE FISICA 
Atos de disposição do próprio corpo: 
- Corpo vivo 
- corpo morto 
- consentimento informado 
 
CORPO VIVO: art. 13 (diminuição permanente e bons costumes) 
Exceção: urgência e transplante: gratuito, órgão dúplice e beneficiário pode ser escolhido, desde que se trate 
de parente. 
 
CORPO MORTO: art.14 (fins científicos e altruísticos). Ex transplante 
A doação de órgãos para após a morte é ato personalíssimo e a vontade expressa do doador em vida prevalece 
sobre a vontade dos familiares. 
 
Enunciado 402, Jornada de Direito Civil: O art. 14, parágrafo único, do Código Civil, fundado no 
consentimento informado, não dispensa o consentimento dos adolescentes para a doação de medula óssea prevista 
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no art. 9º, § 6º, da Lei n. 9.434/1997 por aplicação analógica dos arts. 28, § 2º (alterado pela Lei n. 12.010/2009), 
e 45, § 2º, do ECA. 
 
Direito a não submissão de tratamento médico de risco – art. 15 
 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a 
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma 
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a 
honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o 
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as 
providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. 
 
Proteção à palavra e à imagem – art. 20 
Proteção à vida privada – art. 21 
ART 5, IX, CF – LIBERDADE DE IMPRENSA, SEM CENSURA 
ART 5, IV, CF – LIBERDADE DE PENSAMENTO E DE EXPRESSÃO 
 
PUBLICAÇÃO DE BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS 
 
 ADIN 4815/DF: interpretação conforme a constituição, sem redução de texto, do art. 20 e 21, CC para 
permitir a publicação de biografias não autorizadas, uma vez que “a censura particular seria a forma de 
se impor o silencio à historia da comunidade e, em algumas ocasiões, a história dos fatos ultrapassam 
fronteiras e gerações...” (STF, Ac Unanime, Pleno, Adin 4815/DF, Min Carmem Lucia, j. 10.6.15) 
 
QUESTÕES 
(OAB/FGV) A proteção da pessoa é uma tendência marcante do atual direito privado, o que leva alguns autores 
a conceberem a existência de uma verdadeira cláusula geral de tutela da personalidade. Nesse sentido, uma das 
mudanças mais celebradas do novo Código Civil foi a introdução de um capítulo próprio sobre os chamados 
direitos da personalidade. Em relação à disciplina legal dos direitos da personalidade no Código Civil, é correto 
afirmar que: 
A) havendo lesão a direito da personalidade, em se tratando de morto, não é mais possível que se reclamem perdas 
e danos, visto que a morte põe fim à existência da pessoa natural, e os direitos personalíssimos são 
intransmissíveis. 
B) como regra geral, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, mas o seu exercício 
poderá sofrer irrestrita limitação voluntária. 
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C) é permitida a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, com objetivo altruístico ou científico, 
para depois da morte, sendo que tal ato de disposição poderá ser revogado a qualquer tempo. 
D) em razão de sua maior visibilidade social, a proteção dos direitos da personalidade das celebridades e das 
chamadas pessoas públicas é mais flexível, sendo permitido utilizar o seu nome para finalidade comercial, ainda 
que sem prévia autorização. 
 
Comentários: 
Letra A é Falsa, Art. 12 do CC. 
Letra B falsa, Art. 11 do CC. 
Letra C é correta Art. 14, parágrafo único do CC. 
Letra D é falsa. Não se admite o uso do nome de qualquer pessoa, seja ela notória ou não, para fins comerciais, a 
não ser que o próprio titular o autorize. É o que decorre dos termos do art. 18 do CC. 
 
MORTE PRESUMIDA 
 
Marca o fim da personalidade. 
 
DESAPARECIMENTO COM PERIGO DE VIDA 
 
Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: 
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; 
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término 
da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de 
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. 
 
- prova de que a pessoa estava no local onde ocorreu a catástrofe e que posteriormente não ha mais noticias dela 
- art. 88, LRP – Lei de Registros Públicos (lei 6015/73): 
 
Art. 88. Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em 
naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença 
no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame. 
Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a 
impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência do 
óbito. 
 
 
 
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DESAPARECIMENTO SEM PERIGO DE VIDA 
 
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em 
que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. 
 
AUSENTE NÃO É INCAPAZ 
Ausência: Necessita de declaração judicial, além dos pressupostos fáticos (não bastando o simples 
desaparecimento de uma pessoa para a sua configuração) 
 
CURADORIA DOS BENS DO AUSENTE 
 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado 
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer 
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
 
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não 
queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. 
 
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, 
observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores. 
 
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos 
antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador. 
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, 
não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos. 
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador. 
 
 
ART. 744 E 745,CPC 
- declara a ausência 
- arrecadação de bens 
- nomeação de curador (curados dos bens e não do ausente) 
- não há prazo mínimo de desaparecimento para mover a ação 
 
Art. 25, CC : C-A-D-Ê ? 
A ordem de nomeação de curador não se confunde com a ordem de vocação hereditária. Ex. Os ascendentes 
precedem os descendentes. 
A regra do art. 25 se estende ao companheiro. 
Enunciado 97 das Jornadas de direito civil: Art. 25: no que tange à tutela especial da família, as regras do 
Código Civil que se referem apenas ao cônjuge devem ser estendidas à situação jurídica que envolve o 
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companheiro, como, por exemplo, na hipótese de nomeação de curador dos bens do ausente (art. 25 do Código 
Civil). 
 
SUCESSÃO PROVISÓRIA 
 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, 
em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente 
a sucessão. 
 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados: 
I - o cônjuge não separado judicialmente; 
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte; 
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
 
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias 
depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se 
houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. 
§ 1o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao 
Ministério Público requerê-la ao juízo competente. 
§ 2o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em 
julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente 
pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823. 
 
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a 
deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. 
 
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, 
mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos. 
§ 1o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será 
excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro 
designado pelo juiz, e que preste essa garantia. 
§ 2o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, 
independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. 
 
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o 
ordene o juiz, para lhes evitar a ruína. 
 
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, 
de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas. 
 
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos 
e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses 
frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e 
prestar anualmente contas ao juiz competente. 
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, 
em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. 
 
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja 
entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria. 
 
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa 
data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo. 
 
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Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão 
para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas 
assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono. 
 
 
- Art. 26, CC 
- Sentença produz efeitos 180 dias depois de publicada; 
- Após o transito em julgado promove-se ao inventario e abertura do testamento, se houver. 
- Transmissão precária de bens 
- Caução pelos herdeiros não necessários e guarda de 50% dos frutos e rendimentos 
- Se o desaparecido voltar e voluntária e injustificada a ausência, perderá os rendimentos a favor dos sucessores. 
- Credores do ausente receberão seus valores e não irão devolver ao desaparecido. 
 
SUCESSÃO DEFINITIVA 
 
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, 
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. 
 
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, 
e que de cinco datam as últimas notícias dele. 
 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus 
descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os 
sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens 
alienados depois daquele tempo. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado 
promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, 
se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em 
território federal. 
 
- 10 anos após o transito em julgado da sucessão provisória 
- levantamento das cauções prestadas 
- os potenciais herdeiros terão a propriedade resolúvel ART. 1359, CC (condição resolutiva) 
 
Art. 1.359, CC. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se 
também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a 
resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. 
 
- presunção de morte com o transito em julgado da sentença de abertura da sucessão definitiva. 
- art. 1571, paragrafo 1, CC: dissolução do casamento 
- art. 38, CC: 80 anos e pelo menos 5 anos sem noticias dele. 
 
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QUESTÕES: 
(OAB/FGV) Cristiano, piloto comercial, está casado com Rebeca. Em um dia de forte neblina, ele não consegue 
controlar o avião que pilotava e a aeronave, com 200 pessoas a bordo, desaparece dos radares da torre de controle 
pouco antes do tempo previsto para a sua aterrissagem. Depois de vários dias de busca, apenas 10 passageiros 
foram resgatados, todos em estado crítico. Findas as buscas, como Cristiano não estava no rol de sobreviventes 
e seu corpo não fora encontrado, Rebeca decide procurar um advogado para saber como deverá proceder a partir 
de agora. Com base no relato apresentado, assinale a afirmativa correta. 
A) A esposa deverá ingressar com uma demanda judicial pedindo a decretação de ausência de Cristiano, a fim de 
que o juiz, em um momento posterior do processo, possa declarar a sua morte presumida. 
B) A esposa não poderá requerer a declaração de morte presumida de Cristiano,uma vez que apenas o Ministério 
Público detém legitimidade para tal pedido. 
C) A declaração da morte presumida de Cristiano poderá ser requerida independentemente de prévia decretação 
de ausência, uma vez que esgotadas as buscas e averiguações por parte das autoridades competentes. 
D) A sentença que declarar a morte presumida de Cristiano não deverá fixar a data provável de seu falecimento, 
contando-se, como data da morte, a data da publicação da sentença no meio oficial. 
 
Comentários: 
Letra correta “C”, com base no art 7, CC. 
 
(OAB/FGV) Gumercindo, 77 anos de idade, vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não 
atingissem sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma distração de seu enfermeiro, conseguiu 
evadir-se da casa 
em que residia. A despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi encontrado, e já se passaram nove anos 
do seu desaparecimento. Agora, seus parentes lidam com as dificuldades relativas à administração e disposição 
do seu 
patrimônio. Assinale a opção que indica o que os parentes devem fazer para receberem a propriedade dos bens 
de Gumercindo. 
A) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível a decretação de sua morte e a transferência 
da propriedade dos bens para os herdeiros. 
B) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de curador dos bens, e, após um ano, a sucessão 
provisória; a sucessão definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só poderá ocorrer depois de dez 
anos de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão Provisória. 
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C) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já teria mais de oitenta anos de idade, e as 
últimas notícias dele datam de mais de cinco anos. 
D) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, por ele se encontrar 
desaparecido há mais de dois anos, abrindo-se, assim, a sucessão. 
 
Comentários: 
Letra correta “C”, com base no art 38, CC. 
 
PESSOA JURÍDICA 
 
Inicio: registro de suas atividades no registro competente 
Sociedade irregular: é aquela que se encontra em fase de regularização, tendo ato constitutivo ainda não 
registrado. 
Sociedade de fato: não possui sequer atos constitutivos. 
 
Art. 45, CC. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo 
no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, 
por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
Art. 45 CC – independência da pessoa jurídica 
Autonomia da pessoa jurídica quanto aos seus membros. Em regra, os componentes da pessoa jurídica só 
responderão por débitos dentro dos limites do capital social, ficando a salvo o patrimônio individual, dependendo 
do tipo societário adotado. 
A autonomia não pode servir para atos abusivos dos sócios. Por isso foi criada a desconsideração. 
FUNDAMENTO: é na função social da propriedade. Há um “poder-dever do titular do controle de dirigir a 
empresa para a realização dos interesses coletivos”. (Comparato) 
A pessoa jurídica é um instrumento técnico-juridico desenvolvido para facilitar a organização da atividade 
econômica. O caráter de instrumentalidade implica o condicionamento do instituto ao pressuposto do atingimento 
do fim jurídico a que se destina. 
Objetivo: atingir a pessoa física – patrimônio – dos sócios 
É especifica e temporária 
Não importa em extinção da PJ, ou seja, não é despersonificar (art. 51, CC). 
Para que ocorra deve-se demonstrar os requisitos: 
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- Art. 50, CC – (teoria maior) Teoria maior: adotada pelo CC. 
2 requisitos: abuso da personalidade jurídica e o prejuízo ao credor 
- CDC, art. 28 (teoria menor) 
Requisitos: 
Teoria menor ou objetiva: adotada pela Lei ambiental (art. 4 da Lei 9605/98) e pelo CDC 
1 requisito: prejuízo ao credor 
Basta haver a insolvência da pessoa jurídica. 
 
Enunciado 281 Jornadas de Direito Civil: A aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do 
Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica. 
Enunciado 282, Jornadas de Direito Civil: o encerramento irregular das atividades por si só não basta para 
caracterizar abuso da personalidade jurídica. 
Enunciado 284, Jornadas de Direito Civil: As pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de 
fins não-econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica. 
Enunciado 285, Jornadas de Direito Civil: a desconsideração pode ser invocada a seu favor 
Enunciado 7, Jornadas de Direito Civil: Só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica quando 
houver a prática de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido. 
 
Desconsideração inversa: 
A jurisprudência do STJ construiu a Teoria da Desconsideração Inversa da Pessoa jurídica. De acordo com esta 
Teoria, os bens da pessoa jurídica seriam afetados por obrigações dos sócios que integram a mesma. 
Consiste em imputar à pessoa jurídica a responsabilidade por obrigações de seus sócios. Ex. No direito de família 
(cônjuges e pai que esconde patrimônio para não pagar os alimentos) 
 
 O novo CPC prevê expressamente o instituto da desconsideração inversa no art. 133, § 2o. 
 
Art. 133. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do 
Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 
§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. 
§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. 
 
Enunciado 283 CJF: É cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada "inversa" para alcançar 
bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros. 
 
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NEGÓCIO JURÍDICO 
 
INTERPRETAÇÃO 
Interpretar é precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração de vontade. 
 
RESERVA MENTAL: 
 
Art. 110, CC. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer 
o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. 
 
 
QUESTÃO 
(OAB/FGV) Mauro, entristecido com a fuga das cadelinhas Lila e Gopi de sua residência, às quais dedicava 
grande carinho e afeição, promete uma vultosa recompensa para quem eventualmente viesse a encontrá‐las. 
Ocorre que, no mesmo dia em que coloca os avisos públicos da recompensa, ao conversar privadamente com seu 
vizinho João, afirma que não irá, na realidade, dar a recompensa anunciada, embora assim o tenha prometido. 
Por coincidência, no dia seguinte, João encontra as cadelinhas passeando tranquilamente em seu quintal e as 
devolve imediatamente a Mauro. Neste caso, é correto afirmar que 
A) a manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste em relação a João ainda que Mauro tenha feito 
a reserva mental de não querer o que manifestou originariamente. 
B) a manifestação de vontade no sentido da recompensa não subsiste em relação a João, pois este tomou 
conhecimento da alteração da vontade original de Mauro. 
C) a manifestação de vontade no sentido da recompensa não mais terá validade em relação a qualquer pessoa, 
pois ela foi alterada a partir do momento emque foi feita a reserva mental por parte de Mauro. 
D) a manifestação de vontade no sentido da recompensa subsiste em relação a toda e qualquer pessoa, pois a 
reserva mental não tendo o condão de modificar a vontade originalmente tornada pública. 
 
Comentário: 
Letra B é correta com base no art. 110, CC. 
 
SILÊNCIO 
 
Art. 111, CC. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária 
a declaração de vontade expressa 
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DECLARAÇÃO DE VONTADE 
 
Art. 112 CC. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido 
literal da linguagem. 
 
Equilíbrio entre a declaração e a vontade. 
 
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE ANULAÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE ÁREA. PRETENSA ANULAÇÃO DE TÍTULO 
AQUISITIVO DE PROPRIEDADE. DOAÇÃO FEITA A SÃO SEBASTIÃO. PRESUNÇÃO DE DOAÇÃO FEITA À IGREJA. 
LEGITIMIDADE DE PARTE. MITRA DIOCESANA COMO REPRESENTANTE DA DIOCESE. SENTENÇA PROFERIDA EM 
PROCEDIMENTO DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA. COISA JULGADA FORMAL. DESCABIMENTO DE AÇÃO RESCISÓRIA. 
1. A doação a santo presume-se feita à igreja uma vez que, nas declarações de vontade, atender-se-á mais à 
intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem (inteligência do art. 112 do Código Civil 
de 2002). 2. "A Mitra Diocesana é, em face do Direito Canônico, a representante legal de todas as igrejas católicas 
da respectiva diocese" (RE n. 21.802/ES), e o bispo diocesano, o representante da diocese para os negócios 
jurídicos em que se envolva (art. 393 do Código Canônico). 3. A sentença prolatada em procedimento de 
jurisdição voluntária produz coisa julgada meramente formal, tornando descabida a ação rescisória (art. 485 do 
CPC) para alterá-la. 4. Recurso especial desprovido. 
 
 
Art. 113, CC. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua 
celebração. 
 
Art. 114 CC. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. 
 
O art. 114, CC aplica ao aval, fiança e negócios sancionatórios. 
 
Sumula 214/STJ: O fiador na locação não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
 
 
 
 
*Há divergência na doutrina quanto à considerar a simulação como um vício social, sendo enquadrada apenas 
como uma invalidação do Negócio Jurídico. Assim, na prova da OAB/FGV o enunciado poderá questionar “qual 
defeito do negócio jurídico” ou “qual invalidade do negócio” ocorre no caso prático hipotético. 
 
ERRO OU IGNORÂNCIA 
 
Art. 138, CC. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro 
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 
 
“Trata-se de manifestação de vontade em desacordo com a realidade, quer porque o declarante a desconhece 
(ignorância), quer porque tem representação errônea dessa realidade (erro). (Venosa) 
 
Declarante tem representação errônea dessa realidade (erro). 
Declarante a desconhece (ignorância) 
 
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Art. 138 – Princípio da Cognoscibilidade/ Princípio da confiança 
O CC/02 abandonou a necessidade de que o erro deve ser desculpável, adotando o principio da cognoscibilidade/ 
principio da confiança ao defender que o declaratório poderia ter visto o erro, mas preferiu silenciar. 
 
Art. 139, CC. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde 
que tenha influído nesta de modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio 
jurídico. 
 
Erro substancial: razão determinante do Negócio Jurídico. 
 
Modalidades de erro: 
Ex. 1: erro in negotio: declarante acredita que celebrou comodato quando na verdade foi locação; 
Ex. 2: erro in corpore: declarante acredita que comprou imóvel X quando comprou imóvel Y. O erro pode se 
referir a quantidade, como no caso de uma compra de biblioteca; o erro pode ser quanto à qualidade também: 
acha que é um quadro de um pintor famoso quando não é. 
Ex. 3: erro in persona: incide sobre o sujeito. Ex. art. 1557 
 
Art. 1.557, CC. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: 
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior 
torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; 
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de 
moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou 
de sua descendência. 
 
OBS: Na hipótese especifica de erro essencial quanto à pessoa do outro cônjuge o prazo para anular o 
casamento, a contar da data de celebração, é de 3 anos, conforme artigo 1.560, III, CC 
 
Ex. 4: erro de direito: Art. 3º LINDB diz que a alegação de ignorância da lei não é admitida para seu 
descumprimento. 
Por isso o erro de direito não implica negativa de aplicação à lei, mas sim verdadeiro equivoco sobre o alcance 
da lei. 
 
Art. 144, CC. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de 
vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. 
 
Não se anulará o Negócio Jurídico. Aplicação do Principio da Conservação dos negócios jurídicos. 
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DOLO 
 
Art. 145, CC. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. 
 
Art. 147, CC. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou 
qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se 
teria celebrado. 
 
Consiste na conduta positiva ou omissiva de alguém que, maliciosamente, induz outrem a praticar negócio 
jurídico que lhe é prejudicial e que certamente não seria praticado acaso o dolo inexistisse. (FIGUEIREDO) 
Diferença do erro: no dolo o engano foi provocado pelo agente. 
Dolo essencial, substancial, a causa do NJ: art. 145. Deve-se perguntar se não tivesse havido o dolo o negócio 
seria celebrado? 
Dolo positivo ou comissivo: ação humana real 
Dolo negativo ou omissivo: omissão intencional, contrária a boa-fé objetiva e ao dever de informação. Art. 147. 
Ex. omissão da doença preexistente no contrato de plano de saúde. Ex. art. 766 – seguro de vida o segurado omite 
ser portador de doença grave. 
 
Art. 146, CC. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o 
negócio seria realizado, embora por outro modo. 
 
Dolo acidental, secundário, incidental: art. 146. Gera o dever de pagar perdas e danos. Ex. venda de maquinário 
cujo ano de fabricação não correspondia à data informada pelo revendedor. 
 
Art. 150, CC. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou 
reclamar indenização. 
 
Dolo bilateral. Dolo de ambas as partes 
 
COAÇÃO 
 
Art. 151, CC. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor 
de dano iminente e considerávelà sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas 
circunstâncias, decidirá se houve coação. 
 
A coação pode ser: 
 
Absoluta ou física, vis absoluta: não há vontade, logo o NJ não existe. 
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Relativa ou moral, vis compulsiva: há vontade viciada, logo o NJ é anulável. 
Conceito: A coação é toda ameaça ou pressão exercida sobre um individuo para forçá-lo, contra a sua vontade, 
a praticar um ato ou realizar um negócio. 
Essencial: Deve-se perguntar se não tivesse havido a coação o negócio seria celebrado? 
 
Art. 152, CC. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do 
paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. 
 
Art. 152 = Para se verificar se houve a coação é preciso verificar as características da pessoa supostamente 
coagida 
 
Art. 153, CC. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor 
reverencial. 
 
Art. 153 = temor reverencial: entende-se o receio de desgostar o pai ou a mãe ou outras pessoas a quem se deve 
obediência e respeito (Bevilaqua). É o temor de ocasionar desprazer a pessoas ligadas por vinculo afetivo ou por 
relação de hierarquia. Ex. filho em relação ao pai, o militar, funcionário publico e empregado em relação ao seu 
superior hierárquico. 
 
Prazo decadencial para anular o negócio: 4 anos, contado do dia em que cessar a coação (art. 178, I, CC) 
 
ESTADO DE PERIGO 
 
Art. 156, CC. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa 
de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as 
circunstâncias. 
 
Requisitos: 
Pessoa assume uma obrigação excessivamente onerosa 
Necessidade de salvar-se, a pessoa da família ou terceiro e 
A situação de perigo é conhecida pela outra parte 
No estado de perigo há um risco/perigo; a outra parte se aproveita da situação de perigo. Difere-se da coação 
porque o perigo não foi causado pelo beneficiário, embora tenha conhecimento do perigo. 
 
Exemplos: cheque caução no hospital, honorários médicos excessivos. naufrágio, inundação, incêndio, operação 
cirúrgica 
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LESÃO 
Valor desproporcional/lucro exagerado 
 
Art. 157, CC. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a 
prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o 
negócio jurídico. 
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida 
concordar com a redução do proveito. 
 
Requisitos: 
Desproporção considerável entre a prestação e a contraprestação (do ponto de vista econômico), no momento da 
celebração do negócio; 
Inexperiência ou premente necessidade; 
 
Exemplos: vender um produto por um valor bem maior do que realmente custa. 
 
VICIOS SOCIAIS 
 
Vícios sociais: Nos vícios sociais há o intuito de ludibriar terceiros. A vontade do declarante é real e verdadeira, 
mas dirigida para prejuízo de outrem. 
 
Fraude contra credores 
Simulação* 
*Parte da doutrina defende que a simulação deixou de ser defeito do negócio Jurídico, sendo enquadrada apenas 
como uma invalidação do Negócio Jurídico. 
 
DA FRAUDE CONTRA CREDORES 
 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já 
insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores 
quirografários, como lesivos dos seus direitos. 
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. 
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles. 
 
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for 
notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. 
 
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, 
ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que 
recebeu. 
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Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor 
insolvente tiver dado a algum credor. 
 
Fraude: todo artifício malicioso que uma pessoa emprega com intenção de transgredir Direito ou prejudicar 
interesses de terceiros. (Venosa) 
No direito civil há responsabilidade patrimonial do devedor - art. 391 CC. Assim, a tentativa do devedor se 
desfazer de seu patrimônio significa a tentativa de não pagar suas dívidas. 
 
Hipóteses: 
 
Transmissão gratuita de bens (art. 158, CC) Devedor insolvente A lei presume a má-fé 
Remissão de dívida (art. 158, CC) Devedor insolvente A lei presume a má-fé 
pagamento da dívida ainda não vencida (art. 162, CC) Devedor insolvente A lei presume a má-fé 
garantias de dívidas dadas a algum credor (art. 163, CC) Devedor insolvente A lei presume a má-fé 
Contrato oneroso (art. 159, CC) 
Exemplo: compra e venda 
Devedor insolvente Má-fé (consilium fraudis) 
Notória (todos sabem) ou há motivo para 
saber (ex. o devedor é marido; é sócio e etc.) 
 
Art. 159 – Transmissão onerosa. Exige o consilium fraudis. Exemplo de insolvência notória ou que devia ser 
conhecida pelo outro contratante: amizade intima, parentesco próximo, existência de diversos restritivos em nome 
do devedor, elevado numero de ações de cobrança e etc. 
 
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que 
com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-
fé. 
 
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que 
se tenha de efetuar o concurso de credores. 
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, 
penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada. 
 
Ação anulatória PAULIANA OU REVOCATÓRIA, no prazo decadencial de 4 anos (art. 178, II, CC) 
 
Legitimidade ativa (art. 158, CC): 
credor quirografário 
credores cuja garantia se tornar insuficiente 
OBS: Portanto, não tem legitimidade ativa o credor com garantia real cuja garantia seja suficiente para pagar a 
dívida. 
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Legitimidade passiva (art. 161, CC): 
 
- devedor insolvente 
- a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta 
- terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé 
OBS: Portanto, todos os envolvidos no negócio fraudulento. 
Hipótese de litisconsórcio passivo necessário – art. 114, CPC 
 
Pedido de procedência (art. 165, CC): 
Anulação do negócio jurídico fraudulento e 
Reverter em proveito do acervo no concurso de credores 
 
Sum 195/STJ. Em embargos de terceiro não se anula o ato jurídico por fraude contra credores. 
 
SIMULAÇÃO 
 
(simula a verdade, mas não é) 
 
Art. 167, CC. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância 
e na forma. 
§ 1o Haverá simulação nos negóciosjurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou 
transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. 
 
OBS: A Fraude contra Credores é instituto parecido com a Simulação, mas com ela não se confunde porque na 
fraude “o negócio jurídico é real, verdadeiro, mas feito com o intuito de prejudicar terceiros ou burlar a lei” 
(Venosa) ao passo que na simulação o negócio não é real. 
 
Requisitos: 
Divergência proposital entre a manifestação de vontade exteriorizada pela parte e a sua verdadeira vontade 
Acordo – bilateral – entre as partes 
Prejudicar terceiros 
 
 
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Espécies: 
 
Absoluta: ocorre quando as partes, de fato, não desejam produzir qualquer tipo de efeito no NJ. Único objetivo 
será o de prejudicar terceiros. Ex. marido, prestes a se divorciar, faz uma confissão de divida ao amigo para tirar 
um bem da futura partilha. O NJ será totalmente invalido. Ex. fingir a venda de um imóvel para facilitar o despejo 
do locatário. 
Relativa (ou dissimulação): as partes celebram determinado NJ (simulado), o qual serve para esconder outro 
(dissimulado). NJ dissimulado subsistirá se não for ilícito. 
 
Exemplos: Negócios em que constam “laranjas; Confissão de dívida fictícia; alterar data de documento para 
promover a ação de cobrança dentro do prazo prescricional de 5 anos. 
 
Hipóteses previstas na lei: 
 
Aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou 
transmitem; Ex. laranjas 
Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; 
Os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
 
Nulidade, sem prazo para ajuizamento (art. 167 CC; art. 168 CC, art. 169 CC ). 
 
 Embora o art. 168, CC permita o reconhecimento da nulidade de ofício, pelo juiz, o CPC dispõe que o 
juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não 
se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual 
deva decidir de ofício, conforme art. 10, CPC. 
 
QUESTÕES 
(OAB/FGV) João, credor quirografário de Marcos em R$ 150.000,00, ingressou com Ação Pauliana, com a 
finalidade de anular ato praticado por Marcos, que o reduziu à insolvência. João alega que Marcos transmitiu 
gratuitamente para seu filho, por contrato de doação, propriedade rural avaliada em R$ 200.000,00. Considerando 
a hipótese acima, assinale a afirmativa correta. 
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A) Caso o pedido da Ação Pauliana seja julgado procedente e seja anulado o contrato de doação, o benefício da 
anulação aproveitará somente a João, cabendo aos demais credores, caso existam, ingressarem com ação 
individual própria. 
B) O caso narrado traz hipótese de fraude de execução, que constitui defeito no negócio jurídico por vício de 
consentimento. 
C) Na hipótese de João receber de Marcos, já insolvente, o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará João 
obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. 
D) João tem o prazo prescricional de dois anos para pleitear a anulação do negócio jurídico fraudulento, contado 
do dia em que tomar conhecimento da doação feita por Marcos. 
 
Comentários: 
Letra correta “C” com base no art. 162, CC. 
 
(OAB/FGV) Arnaldo foi procurado por sua irmã Zulmira, que lhe ofereceu R$ 1 milhão para adquirir o 
apartamento que ele possui na orla da praia. Receoso, no entanto, que João, o locatário que atualmente ocupa o 
imóvel e por quem Arnaldo nutre profunda antipatia, viesse a cobrir a oferta, exercendo seu direito de preferência, 
propôs a Zulmira que constasse da escritura o valor de R$ 2 milhões, ainda que a totalidade do preço não fosse 
totalmente paga. Realizado nesses termos, o negócio: 
A) pode ser anulado no prazo decadencial de dois anos, em virtude de dolo. 
B) é viciado por erro, que somente pode ser alegado por João. 
C) é nulo em virtude de simulação, o que pode ser suscitado por qualquer interessado. 
D) é ineficaz, em razão de fraude contra credores, inoponíveis seus efeitos perante João. 
 
Comentários: 
Letra C é correta. Se trata de Simulação. Art. 167, p. 1, II e art. 168, CC 
 
 (OAB/FGV) Bernardo, nascido e criado no interior da Bahia, decide mudar-se para o Rio de Janeiro. Ao chegar 
ao Rio, procurou um local para morar. José, percebendo o desconhecimento de Bernardo sobre o valor dos 
aluguéis no Rio de Janeiro, lhe oferece um quarto por R$ 500,00 (quinhentos reais). Pagando com dificuldade o 
aluguel do quarto, ao conversar com vizinhos, Bernardo descobre que ninguém paga mais do que R$ 200,00 
(duzentos reais) por um quarto naquela região. Sentindo-se injustiçado, procura um advogado. Sobre o caso 
narrado, com base no Código Civil, assinale a afirmativa correta. 
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A) O negócio jurídico poderá ser anulado por lesão, se José não concordar com a redução do proveito ou 
com a oferta de suplemento suficiente. 
B) O negócio jurídico será nulo em virtude da ilicitude do objeto. 
C) O negócio jurídico poderá ser anulado por coação em razão da indução de Bernardo a erro. 
D) O negócio jurídico poderá ser anulado por erro, eis que este foi causa determinante do negócio. 
 
Comentários: 
Letra A é correta com base no art. 157, p. 2, CC 
Letra B é falsa com base no art. 178, CC 
Letra C é falsa com base no art. 157, CC 
Letra D é falsa com base no art. 157, CC 
 
(OAB/FGV) Juliana foi avisada que seu filho Marcos sofreu um terrível acidente de carro em uma cidade com 
poucos recursos no interior do Ceará e que ele está correndo risco de morte devido a um grave traumatismo 
craniano. Diante dessa notícia, Juliana celebra um contrato de prestação de serviços médicos em valores 
exorbitantes, muito superiores aos praticados habitualmente, para que a única equipe de médicos especializados 
da cidade assuma o tratamento de seu filho. Tendo em vista a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta. 
A) O negócio jurídico pode ser anulado por vício de consentimento denominado estado de perigo, no prazo 
prescricional de quatro anos, a contar da data da celebração do contrato. 
B) O negócio jurídico celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de dolo, tendo em vista o fato de que a 
equipe médica tinha ciência da situação de Marcos e se valeu de tal condição para fixar honorários em valores 
excessivos. 
C) O contrato de prestação de serviços médicos é anulável por vício resultante de estado de perigo, no prazo 
decadencial de quatro anos, contados da data da celebração do contrato. 
D) O contrato celebrado por Juliana é nulo, por vício resultante de lesão, e por tal razão não será suscetível de 
confirmação e nem convalescerá pelo decurso do tempo. 
 
Comentários: 
Letra C é verdadeira com base no art. 156 e art. 178, CC 
 
 
 
 
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PRESCRIÇÃO 
 
Art. 189, CC. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a 
que aludem os arts. 205 e 206. 
Art. 190, CC. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão. 
Art. 191, CC. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de 
terceiro,

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