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Caderno de Direito Civil

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CADERNO DE DIREITO CIVIL 
Professor João Aguirre 
MÓDULO I 
AULA 1.1 
DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Os Direitos da personalidade são aqueles inerentes à pessoa humana e à sua dignidade. 
a) Direito Internacional: chamados de Direitos Humanos 
b) Direito Constitucional: chamados de Direitos Fundamentais 
c) Direito Civil: chamados de Direitos da Personalidade 
ASPECTOS GERAIS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
O reconhecimento e a proteção de alguns direitos em favor das pessoas humanas foi um movimento que surgiu ao 
longo da evolução da humanidade. Foi principalmente após a 2ª Grande Guerra Mundial que esse movimento de 
reconhecimento de uma categoria básica de direitos atribuíveis ao homem ganha força e expressão. Notória é a sua 
consagração constitucional e especificação de alguns desses direitos no Código Civil de 2002 (art. 11 a 21). Aliás, pode-
se dizer que a CF/88 teria instituído uma espécie cláusula geral de tutela da personalidade, segundo Gustavo Tepedino, 
ao elencar como fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da pessoa humana, ao lado dos objetivos 
de constituir uma sociedade livre, justa e solidária, de erradicar a pobreza e de redução das desigualdades sociais 
regionais. Também são desse mesmo autor as seguintes lições: 
Daí considerar-se que os direitos humanos são, em princípio os mesmos da personalidade; mas deve-
se entender que quando se fala dos direitos humanos, referimo-nos aos direitos essenciais do indivíduo 
em relação ao direito público, quando desejamos protegê-lo contra as arbitrariedades do Estado. 
Quando examinamos os direitos da personalidade, sem dúvida, nos encontramos diante dos mesmos 
direitos, porém sob o ângulo do direito privado, ou seja, relações entre particulares, devendo, pois, 
defendê-los frente aos atentados perpetrados por outras pessoas (TEPEDINO, 2001, p. 33). 
Importante diferençar os conceitos de personalidade dos direitos da personalidade. Verifica se no art. 2º do Código 
Civil que a personalidade é a aptidão genérica, reconhecida a todo ser humano para contrair direitos e deveres na vida 
civil, bem como podemos dizer que se trata de um conjunto de atributos naturais. 
A tutela desses atributos é o direito da personalidade, que se classifica em direito à integridade física, direito à 
integridade intelectual e os direitos à integridade moral. 
De acordo com a doutrina clássica, os direitos da personalidade são faculdades jurídicas cujo objeto são os diversos 
aspectos da própria pessoa do sujeito 
Pode-se afirmar que são direitos subjetivos absolutos os presentes nos art. 11 a 20 da legislação civilista que 
possibilitam a atuação legal, isto é, uma faculdade ou um conjunto de faculdades na defesa da própria pessoa, nos 
seus aspectos físicos e espirituais, dentro do autorizado pelas normas e nos limites do exercício fundado na boa-fé. 
O rol de direitos da personalidade é um rol exemplificativo, e não exaustivo. 
Enunciado nº 274 da IV Jornada de Direito Civil - Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são 
expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). 
Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
DICA: Lembrar da regra do art. 52 do Código Civil, que estende a tutela dos direitos da personalidade às pessoas 
jurídicas, no que couber: 
Art. 52, CC - Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos 
da personalidade. 
Exemplo: Súmula 227 do STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
DICA: Considerar o dano moral não como a dor, o sofrimento, a humilhação (reações emocionais da vítima), mas como 
a violação ao direito da personalidade. Por exemplo: Súmula 370, STJ. Dano moral in re ipsa (dano moral presumido) 
 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
 
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
São personalíssimos, absolutos (oponíveis erga omnes), inatos, imprescritíveis, intransmissíveis, extrapatrimoniais e 
vitalícios. 
a) Direitos inatos: são direitos adquiridos como o surgimento da personalidade. Os direitos inatos da personalidade, 
diversamente dos demais, não necessitam de uma manifestação de vontade para firmar sua titularidade. De acordo 
com a Teoria Natalista, a partir do nascimento, automaticamente já se detém o direito subjetivo da personalidade, ou 
seja, já se possui direito ao nome, à honra, ao recato etc. Por isso, se diz que eles são inatos, já que eles são inerentes 
ao próprio surgimento da personalidade, qualquer que seja o entendimento adotado (natalista ou concepcionista). 
b) Direitos vitalícios: os direitos da personalidade perduram durante todo o ciclo vital da pessoa, ou seja, iniciam- se 
com a vida e se findam com a morte, sendo que, alguns dos direitos da personalidade perduram após a morte, como 
o nome, a imagem. 
O parágrafo único do art. 12, do CC, reconhece direitos da personalidade ao morto, cabendo legitimidade para 
ingressar com a ação correspondente aos lesados indiretos: cônjuge, ascendentes, descendentes e colaterais até 
quarto grau. Em casos tais, tem-se o dano indireto ou dano em ricochete, uma vez que o dano atinge o morto e 
repercute em seus familiares. 
Enunciados 398 e 400 da V Jornada de Direito Civil 
398 - As medidas previstas no art. 12, parágrafo único, do Código Civil podem ser invocadas por qualquer uma das pessoas ali mencionadas de 
forma concorrente e autônoma 
400 – Parágrafos únicos dos arts. 12 e 20 asseguram legitimidade, por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou companheiro para a tutela contra 
a lesão perpetrada post mortem. 
c) Direitos absolutos - Os direitos absolutos são aqueles que se exercem erga omnes, enquanto os relativos possuem 
sujeitos passivos determinados ou determináveis. 
d) Direitos indisponíveis: os direitos da personalidade estão “fora do comércio”, mas há exceções. 
e) Direitos extrapatrimoniais: os direitos da personalidade não têm valor patrimonial. Não há como valorar a vida ou 
a honra de uma liberdade cerceada. 
f) Direitos intransmissíveis: Não há como se transmitir honra, recato, vida, já que os direitos da personalidade são 
ínsitos ao aspecto físico e espiritual do seu titular. O que não impede que os herdeiros demandem em caso de uma 
ofensa à pessoa falecida. 
Art. 11, CC - Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade 
são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação 
voluntária. 
REGRA: Os direitos da personalidade: 
a) São intransmissíveis 
b) São irrenunciáveis 
c) O seu exercício não pode sofrer limitação voluntária 
Casos exemplificativos 
Mas existem exceções: uma parte dos direitos da personalidade pode ser objeto de cessão – aquela que contiver 
conteúdo patrimonial. A parte existencial é indisponível e é a maior parte dos direitos da personalidade. 
1º Exemplo de exceção: Direito de Imagem 
Imagem Atributo Imagem Retrato 
Indisponível, porque tem conteúdo existencial. A 
imagem atributo é aquela relacionada a intimidade, a 
privacidade, a imagem que a pessoa tem perante a 
coletividade. 
Passível de disposição, porque tem 
conteúdo patrimonial. 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
 
Enunciado 279 da IV Jornada de Direito Civil A proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, 
especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a 
notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, 
informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações. 
 
2º Exemplo de exceção: Direito do Autor 
Direitos Morais do autor Direito Patrimoniais do autor 
Art. 27 da lei nº 9.610/98 Os direitos morais do autor são 
inalienáveis e irrenunciáveis. (Indisponíveis)Art. 36 da lei nº 9.610/98 O direito de utilização econômica 
dos escritos publicados pela imprensa, diária ou periódica, 
com exceção dos assinados ou que apresentem sinal de 
reserva, pertence ao editor, salvo convenção em contrário. 
(Disponíveis) 
CUIDADO: Existem enunciados das Jornadas de Direito Civil que tratam de hipóteses excepcionais de limitação 
voluntária dos direitos da personalidade: 
Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil - O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja 
permanente nem geral. 
Enunciado 139 da III Jornada de Direito Civil - Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente previstas 
em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes. 
PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E PRINCÍPIO REPARAÇÃO INTEGRAL DO DANO 
Art. 12, CC Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da 
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a 
medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em 
linha reta, ou colateral até o quarto grau. Direitos da personalidade do morto. 
Lembrar que cabe ao companheiro também. 
O caput do art. 12 CC pode ser dividido em dois princípios: 
1º) Princípio da Prevenção: visa a evitar que o dano venha a ocorrer – “Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, 
a direito da personalidade...”. Um instrumento importante para que a prevenção ocorra encontra-se no art. 497 do 
CPC de 2015: concessão da tutela específica, bem como em seu art. 500 – fixação de astreintes: 
Art. 497, CPC. Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, 
o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará 
providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático 
equivalente. 
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, 
a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a 
demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo. 
Art. 500, CPC. A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa 
fixada periodicamente para compelir o réu ao cumprimento específico da 
obrigação. Astreintes 
2º) Princípio da reparação integral do dano – “...e reclamar perdas e danos” - devem ser indenizados todos os 
prejuízos causados à vítima) 
Súmula 37 STJ São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. 
Súmula 387 STJ É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
Caso Manuel Wackenheim1 O Canibal de Rotemburg2 
ele mesmo entrou para que a prática continuasse renunciando ao 
seu direito a personalidade em relação a sua dignidade. 
colocou anúncio na internet para comer carne humana e encontrou 
um voluntário. Ao ser julgado, Rotemburg alegou que as partes 
assinaram um contrato e a vítima teria cedido sua vida. 
 
AULA 1.2 
DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO 
Art. 13, CC Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente 
da integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. 
- A regra do art. 13 do Código Civil proíbe o ato de disposição do próprio corpo quando importar diminuição 
permanente da integridade física E contrariar os bons costumes, SALVO por exigência médica. 
a) Quando importar diminuição permanente da integridade física 
CUIDADO: existem situações em que não há exigência médica, mas a pessoa age de forma lícita a diminuir permanente 
a sua integridade física. 
Exemplo: cirurgia plástica estética (rinoplastia, lipoaspiração. 
DICA: Lembrar da decisão do STF na ADI 4275 – Os transgêneros poderão alterar o nome e o sexo no Registro Civil, 
sem a necessidade de prévia cirurgia de transgenização, com efeito vinculante e erga omnes. Além disso, o STF decidiu 
que não se deve falar em transexualismo, porque não se trata de patologia. O STF decidiu da seguinte forma: 
a) 11x0 – pela não exigência de cirurgia 
b) 9 x 1 – pela não exigência de laudos médicos 
c) 6x5 – para que o procedimento de alteração de nome e de sexo no registro civil seja extrajudicial 
d) 8x3 – para o uso do termo transgênero 
b) Quando contrariar os bons costumes 
Pergunta: quem decide o que são bons costumes? Conceito indeterminado que deve ser preenchido no caso concreto 
pelo julgador. 
Exemplo: Mulher Vampira. O STF já tem entendimento consolidado de que não se pode proibir o candidato de 
participar de concurso público, salvo nos casos específicos. 
AgRg no RMS 45.560/MS 
Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/04/2017, DJe 08/05/2017 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. 
CONCURSO PÚBLICO PARA POLICIAL MILITAR DO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL. CANDIDATO QUE SE INSURGE CONTRA A PREVISÃO 
EDITALÍCIA RELATIVA À TATUAGEM. O CANDIDATO AINDA NÃO REALIZOU A FASE DE EXAME CLÍNICO, NO QUAL SERÁ ANALISADA SE A 
 
1 Arremesso de anão é uma atração de bar na qual anões vestindo trajes protetores são arremessados em colchões (ou outras superfícies que 
lhe amparem a queda) por pessoas de estatura normal, que competem entre si para ver quem joga mais longe o portador de nanismo. O 
arremesso de anões foi proibido na pequena cidade francesa de Morsang-sur-Orge em 1992, e o caso passou pelas cortes administrativas de 
apelação por iniciativa do dublê Manuel Wackenheim – que ganhava a vida como arremessado – até chegar ao Conselho de Estado, que em 
1995 decidiu que uma autoridade municipal poderia proibir a prática sob a alegação de que ela não respeitava a dignidade humana, sendo 
portanto contrária à ordem pública; levando à sua proibição. Manuel Wackenheim levou o caso então à Comissão das Nações Unidas para os 
Direitos Humanos, que em 27 de setembro de 2002 julgou que a decisão não era discriminatória aos anões, estabelecendo que o banimento do 
arremesso não era abusivo, e sim necessário para manter a ordem pública, fazendo ainda considerações a respeito da dignidade humana. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arremesso_de_an%C3%A3o > acesso em 20/05/2020 às 13:35 
 
2 Alcançou notoriedade internacional por matar e comer um homem voluntário que ele havia encontrado através da Internet. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Armin_Meiwes > acesso em 20/05/2020 às 13:35 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bar_(estabelecimento)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nanismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Colch%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Morsang-sur-Orge
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Conselho_de_Estado_da_Fran%C3%A7a&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dignidade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comiss%C3%A3o_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_os_Direitos_Humanos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comiss%C3%A3o_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_os_Direitos_Humanos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arremesso_de_an%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Armin_Meiwes
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
TATUAGEM O TORNA INCAPACITADO PARA O SERVIÇO MILITAR. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO A SER CONSIDERADO. O MANDADO 
DE SEGURANÇA PREVENTIVO VISA PROTEGER DIREITO ATUAL, AMEAÇADO DE SER VIOLADO CONCRETAMENTE. AGRAVO REGIMENTAL A QUE 
SE NEGA PROVIMENTO. 
1. Cuida-se de Mandado de Segurança impetrado, na origem, por candidato a concurso público de Policial Militar que aguarda a realização do 
exame de aptidão física e vem se socorrer ao Judiciário quanto à previsão editalícia que veda a existência de tatuagem em candidatos. 
2. Da leitura dos citados dispositivos, constata-se que não é o simples fato de o candidato possuir tatuagem que constituiempecilho ao seu 
ingresso no cargo de Soldado PMMS, mas apenas quando a tatuagem o identificar como pertencente a uma facção criminosa ou atentar contra 
princípios éticos do estado democrático de direito. 
3. Ocorre que, conforme informado na inicial, o candidato ainda não realizou a fase de exame de saúde, antropométrico e clínico, na qual será 
analisada se a tatuagem o torna incapacitado para o serviço militar, motivo pelo qual não há que se falar em direito líquido e certo do impetrante 
de ser considerado aprovado na 3a. fase do exame seletivo para o provimento da função de Soldado da Polícia Militar do Estado do Mato Grosso 
do Sul. 
4. Desta feita, inexiste, in casu, direito líquido e certo a ser tutelado por meio de Mandado de Segurança. 
5. Agravo Regimental do particular a que se nega provimento 
AgRg no AREsp 619.661/SC 
Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 27/08/2015 
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA MILITAR. 
SEGURANÇA CONCEDIDA PARA ANULAR ELIMINAÇÃO DE CANDIDATO POR POSSUIR TATUAGEM. ALEGATIVA DE VIOLAÇÃO DO ART. 1º DA LEI 
N. 12.016/09. SÚMULA 7/STJ. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA E FUNDAMENTO SUFICIENTE PARA MANTER O ACÓRDÃO RECORRIDO. 
SÚMULA 283/STF. 
1. Rever as conclusões do Tribunal de origem, no tocante ao mal ferimento do art. 1º da Lei n. 12.016/09, não pode ser objeto de reexame na 
via eleita, sob pena de contrariedade ao disposto na Súmula 7/STJ. 
2. O acórdão encontra-se assentado nos seguintes fundamentos: a) à época da publicação do edital, não havia lei regulamentadora impondo a 
limitação no tocante a tatuagens; b) a tatuagem do candidato não apresenta ''motivos obscenos, ofensivos ou de morte, que possam ser 
consideradas como manifestações de desequilíbrios psíquicos de qualquer tipo, muito menos acarreta qualquer ofensa à função militar". 
3. No entanto, a insurgência limita-se a infirmar o entendimento de que a tatuagem em exame acarreta ofensa à função militar, deixando 
incólume a outra justificativa utilizada para a concessão da segurança. Incidência da Súmula 283/STF. 
4. Agravo regimental a que se nega provimento. 
O princípio do consenso afirmativo e doação de órgãos 
É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para 
depois da morte. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
A retirada post mortem dos órgãos deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica e depende de autorização 
de parente maior, da linha reta ou colateral até o 2.º grau, ou do cônjuge sobrevivente, mediante documento escrito 
perante duas testemunhas (art. 4.º da Lei 9.434/1997 e Lei 10.211/2001). 
Hoje vigora a doação consentida ou o princípio do consenso afirmativo, pois é necessária a autorização dos familiares 
do disponente. 
DIREITO AO ESQUECIMENTO 
O Direito ao esquecimento não significa, simplesmente, apagar as informações de uma pessoa, mas controlar o uso 
dessas informações. O STF decidiu tema de repercussão geral 786 que trata do direito ao esquecimento. O caso que 
repercutiu foi o da Fabíola manicure3. 
RE 1010606 
Relator: Min. Dias Toffoli 
REPERCUSSÃO GERAL Nº 786 - Aplicabilidade do direito ao esquecimento na esfera civil quando for invocado pela própria vítima ou pelos seus 
familiares. 
REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 833.248 RIO DE JANEIRO 
Recurso extraordinário em que se discute, à luz dos arts. 1º, III, 5º, caput, III e X, e 220, § 1º, da Constituição Federal, a possibilidade de a vítima 
ou seus familiares invocarem a aplicação do direito ao esquecimento na esfera civil, considerando a harmonização dos princípios constitucionais 
 
3 Fabíola teve ato extraconjugal com um amigo do marido que flagrou os dois saindo do motel. O marido filmou e a expos na 
internet. Após um tempo, Fabíola reato com o marido, mas ainda tem muitas buscas na internet que relembra a história vexatória. 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
da liberdade de expressão e do direito à informação com aqueles que protegem a dignidade da pessoa humana e a inviolabilidade da honra e 
da intimidade. 
DIREITO CONSTITUCIONAL. VEICULAÇÃO DE PROGRAMA TELEVISIVO QUE ABORDA CRIME OCORRIDO HÁ VÁRIAS DÉCADAS. AÇÃO 
INDENIZATÓRIA PROPOSTA POR FAMILIARES DA VÍTIMA. ALEGADOS DANOS MORAIS. DIREITO AO ESQUECIMENTO. DEBATE ACERCA DA 
HARMONIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DO DIREITO À INFORMAÇÃO COM AQUELES QUE 
PROTEGEM A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A INVIOLABILIDADE DA HONRA E DA INTIMIDADE. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL. 
COLISÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS 
Enunciado nº 274 da IV Jornada de Direito Civil - Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são 
expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). 
Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. 
Art. 489, § 2º, CPC - No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as 
razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. 
Técnica de Ponderação de Robert Alexy: 
P – Princípios em colisão 
T – Fatos 
C - Colisão 
Exemplo: decisão ocorrida em Resp. 1.195.995/SP – caso do paciente que entro no Hospital Albert Einstein, em São 
Paulo, para fazer um check-up e realizar, dentre outros o exame de HCV, para hepatite C. O hospital errou e acabou 
por realizar o exame de HIV, o qual deu positivo para AIDS. O paciente entrou com uma ação indenizatória contra o 
hospital afirmando que foi violado seu direito de não saber, integrante dos direitos da personalidade. 
INDENIZAÇÃO. DANOS MATERIAIS E MORAIS. EXAME INVOLUNTÁRIO. Trata-se, na origem, de ação de reparação por danos materiais e 
compensação por danos morais contra hospital no qual o autor, recorrente, alegou que preposto do recorrido, de forma negligente, realizou 
exame não solicitado, qual seja, anti-HIV, com resultado positivo, o que causou enorme dano, tanto material quanto moral, com manifesta 
violação da sua intimidade. A Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, entendeu que, sob o prisma individual, o direito de o indivíduo 
não saber que é portador de HIV (caso se entenda que este seja um direito seu, decorrente da sua intimidade) sucumbe, é suplantado por um 
direito maior, qual seja, o direito à vida longeva e saudável. Esse direito somente se revelou possível ao autor da ação com a informação, 
involuntária é verdade, sobre o seu real estado de saúde. Logo, mesmo que o indivíduo não queira ter conhecimento da enfermidade que o 
acomete, a informação correta e sigilosa sobre o seu estado de saúde dada pelo hospital ou laboratório, ainda que de forma involuntária, tal 
como no caso, não tem o condão de afrontar sua intimidade, na medida em que lhe proporciona a proteção de um direito maior. Assim, a Turma, 
por maioria, negou provimento ao recurso. REsp 1.195.995-SP, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Massami Uyeda, 
julgado em 22/3/2011. 
P1 X P2 + P3 – Tutela da Privacidade e do direito de não saber X Direito à vida e à integridade física + Interessa Público 
na não disseminação da doença 
T1 – Exame de HIV que foi feito por erro, sem pedido expresso do paciente. 
C - No caso em questão, o juízo de ponderação do STJ fez com que o direito à vida e a integridade física somados ao 
interesse público, se sobreponham ao direito de não saber do paciente. 
DICA: o professor Anderson Schreiber faz a distinção entre o direito à intimidade e o direito à privacidade da seguinte 
forma: a) intimidade: o que a pessoa faz em sua vida íntima; b) privacidade: controle de nossos próprios dados;4 
 
EUTANÁSIA, DISTANÁSIA E ORTOTANÁSIANesse caso é necessário fazer a distinção entre a Eutanásia, a Distanásia e a Ortotanásia. 
 
 
 
4 Sobre o assunto, ler mais no livro do professor Flávio Tartuce, Volume 1. 
 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
EUTANÁSIA DISTANÁSIA ORTOTANÁSIA 
É a facilitação da morte Prolongamento artificial da vida Não prolongamento artificial da vida 
crime Art. 15, CC. 
 
Art. 15, CC Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Trata-se da ortotanásia que é o 
direito de a pessoa escolher a não se submeter a um determinado tratamento. 
Lembrar das diretrizes antecipadas de vontade – testamento vital. Resolução nº 
1.995/2012 do CFM. 
a) Testamento vital: traz uma manifestação de vontade de não se submeter a determinados tratamentos (diretivas 
antecipadas de vontade); 
b) Mandato duradouro: outorgado em favor daquele que terá a função de zelar pelas diretivas antecipadas de 
vontade 
TRANSFUSÃO DE SANGUE 
Existem algumas religiões e crenças que não admitem a transfusão de sangue e devem ser respeitadas em razão do 
princípio da liberdade de crença. Esse é o entendimento consolidado do STJ. Contudo, a questão ganha outro contorno 
quando se trata de interesse de menores de 18 anos, em razão do princípio do superior interesse da criança e 
adolescente. 
HC 268.459/SP 
AULA 2.1 
BENS DE FAMÍLIA 
 
FUNDAMENTOS 
A) Doutrina Clássica – tutela do direito de propriedade 
- Washington de Barros 
 
B) Doutrina Contemporânea – Tutela da dignidade humana, garantia do mínimo existencial e proteção do direito 
social à moradia e função social da propriedade. 
- Gustavo Tepedino, Luiz Edson Fachin, Maria Celina Bodin de Moraes. 
CF/88 trouxe uma mudança de paradigma: o paradigma Patrimonialista paradigma Existencialista 
PARADGMA PATRIMONIALISTA 
C
F 
19
88
 
PARADIGMA EXISTENCIALISTA 
Proteção do patrimônio base do CC/1916 Tutela prioritária da pessoa humana e da sua dignidade 
Propriedade como direito absoluto Propriedade deve atender sua função social 
Contrato era uma regra absoluta (pacto sunt servanda5) Contrato deve atender a função social 
Família formada pelo casamento Reconhecimento da família plural Proteção do bem de família 
 
Súmula 364, STJ - O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e 
viúvas. Garantia do direito à Moradia e do Mínimo existencial. (inclusive divorciados ou pessoas que moram sozinhos no imóvel)6 
“Família Unipessoal” – com uma só pessoa, para fim da proteção do bem de família (Rodrigo da Cunha Pereira) 
 
 
5 é o Princípio da Força Obrigatória, segundo o qual o contrato obriga as partes nos limites da lei. É uma regra que versa sobre a 
vinculação das partes ao contrato, como se norma legal fosse tangenciando a imutabilidade. A expressão significa “os pactos 
devem ser cumpridos”. 
6 Obra “O Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo” do Min. Luiz Edson Fachin 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
STJ- AgRg no AREsp 432.489/MG: aferido o fato de que a família reside no imóvel sede da pequena empresa familiar, 
impõe-se a exegese humanizada, à luz do fundamento da República voltado à tutela da dignidade humana: 
impenhorabilidade do bem de família (no mesmo sentido REsp 621.339/RS) – garantia de direito à moradia e do 
mínimo existencial. 
CONCEITO 
É o imóvel utilizado como moradia da família ou mesmo de uma só pessoa e que possui a proteção decorrente da 
impenhorabilidade, salvo as exceções legais. 
ESPÉCIES 
As espécies de bem de família dividem-se em bem de família voluntário, previsto nos art. 1.711 a art. 1.722 do Código 
Civil, e bem de família legal, este último previsto na lei nº 8.009/90. 
 
∙ BEM DE FAMÍLIA VOLUNTÁRIO (Convencional): art. 1.711 a art. 1722 do Código Civil 
Forma de instituição: forma solene, através de escritura pública e testamento (art. 1.711 e ss.) 
Sujeitos que podem instituir o bem de família voluntário: cônjuge ou a entidade familiar (art. 1.711, caput, CC. 
Limite à instituição do bem de família voluntário: o valor do bem de família voluntário não pode ser superior a 1/3 
do patrimônio líquido existente ao tempo da sua instituição. Ou seja, se o instituidor tiver apenas um imóvel como 
patrimônio, o qual é a sua moradia, não poderá ser instituído como bem de família voluntário, porque corresponde a 
100% do patrimônio líquido do instituidor. 
Registro do bem de família voluntário: a escritura pública do bem de família voluntário 
deve ser registrada no cartório de registro de imóveis em que estiver situado. O mesmo 
se dá com o testamento, em que após a abertura da sucessão, o formal de partilha ou 
a acarta de adjudicação devem ser devidamente registrados no CRI. Ou seja, para que 
produza eficácia contra terceiros o bem de família voluntário deve ser registrado no 
Cartório de registro de Imóveis: 
Efeitos da instituição do bem de família voluntário 
a) Impenhorabilidade do bem de família voluntário: 
Regra: o bem de família voluntário fica isento de execução (impenhorável) por dívidas posteriores à sua instituição; 
Exceções: De acordo com a regra do art. 1.715 do Código Civil, a impenhorabilidade do bem de família voluntário 
não prevalece nos seguintes casos: 
I - Nas dívidas anteriores à sua instituição, qualquer que seja a sua natureza; 
II - Nas dívidas posteriores à sua instituição relacionadas à: obrigações propter rem 
a) Tributos relativos ao prédio (Ex. IPTU); 
b) Despesas de condomínio 
 
b) Inalienabilidade do bem de família voluntário: bem de família voluntário torna-se inalienável, o que só poderá 
ser afastado com autorização judicial (art. 1.717) 
 
Art. 1.717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, 
não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem 
o consentimento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o 
Ministério Público. 
DICA: Em regra o juiz autoriza a alienação do bem de família voluntário com a sub-rogação do vínculo, ou seja, a 
substituição por um outro bem imóvel que também ficará inalienável: 
Art. 1.719. Comprovada a impossibilidade da manutenção do bem de família nas 
condições em que foi instituído, poderá o juiz, a requerimento dos interessados, 
extingui-lo ou autorizar a sub-rogação dos bens que o constituem em outros, 
ouvidos o instituidor e o Ministério Público. 
 
Art. 1.714. O bem de família, 
quer instituído pelos cônjuges ou 
por terceiro, constitui-se pelo 
registro de seu título no Registro 
de Imóveis. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art1712
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
DICA: Sub-rogação é sinônimo de substituição e pode ser real ou pessoal: 
a) Sub-rogação real: substituição de uma coisa por outra. 
Ex.: O juiz autoriza a venda do bem de família voluntário determinando que os valores recebidos com o produto dessa 
alienação sejam utilizados para a aquisição de outro imóvel que será o novo bem de família e, também, inalienável. 
b) Sub-rogação pessoal: substituição de uma pessoa por outra. 
Ex.: De acordo com o art. 11 da Lei do Inquilinato (Lei. 8245/91), no caso de falecimento do locatário, ficam sub-
rogados nos seus direitos, o Cônjuge, o companheiro, herdeiros e sucessores do falecido. 
 
AULA 2.2 
∙ BEM DE FAMÍLIA LEGAL – Lei nº 8.009/90 
Objeto: imóvel residencial próprio do casal ou da entidade familiar. Observa-se que há diversas formas de família 
reconhecidas pelo nosso ordenamento, tais como a família matrimonial (casamento heterossexual ou homossexual); 
a família informal (união estável homoafetiva ou heteroafetiva); a família monoparental (formanda por qualquer um 
dos pais e os seus descendentes); a família socioafetiva (decorrente da parentalidade socioafetiva) etc. 
Súmula 364 do STJ garante a proteção do bem de família, também, àquelas pessoas que vivam sozinhas no imóvel. 
LEMBRAR: Todos esses objetos advêm do Direito Social à Moradia previsto no art. 6º, caput, CF e a garantiado mínimo 
existencial. 
Art. 1º da lei nº 8.009/90 - O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade 
familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, 
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou 
pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas 
hipóteses previstas nesta lei. 
IMPORTANTE: Para a proteção do bem de família não é obrigatório que a família resida nesse imóvel, o que se infere 
da leitura dos termos da Súmula 486 do STJ: 
Súmula 486 do STJ É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação 
seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. 
Exemplo: Supõe-se que a família more em uma casa cujo aluguel é de R$ 1.000,00 e possui um imóvel próprio locado 
a terceiros por R$ 5.000,00 e que garante o pagamento do aluguel da casa bem como as despesas de subsistência da 
própria família. Este imóvel alugado, portanto, é considerado bem de família. Ou seja, a família não precisa estar 
morando no imóvel para ser considerado bem de família legal. 
Efeitos da instituição do bem de família legal: de acordo com o art. 1º da lei n 8.009/90, o imóvel residencial próprio 
do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, 
previdenciária ou de outra natureza (inclusive trabalhistas); as dívidas contraídas pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos 
que sejam seus proprietários e nele residam (súmula 486, STJ), salvo nas hipóteses previstas nesta lei. As exceções 
estão previstas no art. 3º da lei nº 8.009/90 
EXCEÇÕES A IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA LEGAL (ART. 3º DA LEI Nº 8.009/90) 
Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou 
de outra natureza, salvo se movido: 
I – revogado pela LC nº 150/2015 – antes havia previsão, mas com o advento da LC nº 150/2015 as dívidas trabalhistas 
não constituem exceção à impenhorabilidade do bem de família, ou seja, esse imóvel não pode ser penhorado em 
razão de dívidas decorrentes da relação de trabalho. 
Exceções ao bem de família, em que o imóvel pode ser objeto de penhora: 
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos 
créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; O imóvel que é a moradia do devedor foi 
adquirido ou construído através de financiamento cuja dívida não foi paga e é o objeto da execução. Não cabe, neste 
caso, a impenhorabilidade do bem de família, porque a dívida diz respeito à própria construção ou aquisição do bem. 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
CUIDADO: pelo entendimento do STJ a dívida que constitui exceção à impenhorabilidade do bem de família é aquela 
que foi contraída para financiar a aquisição ou a construção do bem. Dívidas para a realização de benfeitorias no 
imóvel não constituem exceção a essa impenhorabilidade (REsp 1.765.656/SP): 
 
REsp 1.765.656/SP 
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 04/12/2018, DJe 07/12/2018 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. 1. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 
INEXISTÊNCIA. QUESTÕES DEVIDAMENTE ANALISADAS PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. 2. PRETENDIDA PENHORA SOBRE O IMÓVEL EM QUE FORAM 
REALIZADAS AS BENFEITORIAS PELO GENITOR DOS EXEQUENTES, AS QUAIS AS EXECUTADAS FORAM OBRIGADAS A INDENIZAR. 
IMPOSSIBILIDADE. BEM DE FAMÍLIA. HIPÓTESE QUE NÃO SE ENQUADRA NA EXCEÇÃO DO ART. 3º, INCISO II, DA LEI N. 8.009/1990. 3. 
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS ARESTOS CONFRONTADOS. 4. RECURSO 
ESPECIAL DESPROVIDO. 
1. Não há que se falar em negativa de prestação jurisdicional, porquanto o Tribunal de origem analisou todos os argumentos suficientes ao 
deslinde da controvérsia, estando toda a matéria devidamente prequestionada. 
2. Nos termos do que dispõe o art. 3º, inciso II, da Lei n.8.009/1990, a impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, 
fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à 
construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato. 
2.1. Na hipótese, ao contrário do que alegam os recorrentes, tanto o Juízo de primeiro grau como o Tribunal de Justiça entenderam, com base 
no que ficou expressamente consignado no título judicial transitado em julgado, que o crédito discutido no cumprimento de sentença era 
decorrente de benfeitorias realizadas no respectivo imóvel, não se referindo, portanto, à aquisição ou construção dele. 
2.2. Dessa forma, revela-se correto o entendimento das instâncias ordinárias que reconheceram a impenhorabilidade do imóvel em questão, 
por se tratar de bem de família. 
2.3. Não se pode olvidar, ainda, que as hipóteses de afastamento da proteção do bem de família, previstas nos incisos do art. 3º da Lei n. 
8.009/1990, dado o seu caráter excepcional, devem ser interpretadas de forma restritiva. Precedentes. 
3. A divergência jurisprudencial não foi devidamente comprovada, tendo em vista a manifesta ausência de similitude fática entre os acórdãos 
confrontados. 
4. Recurso especial desprovido. 
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o 
devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; 
Exemplo: devedor de alimentos que constitui nova união ou casamento e adquire imóvel residencial conjuntamente 
com o outro cônjuge/ companheiro. Neste caso, em que dividem a propriedade do bem de família, é possível penhorar 
o quinhão pertencente ao devedor, mas deve-se resguardar o quinhão de seu cônjuge ou companheiro. 
REsp 1.301.467/MS 
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 19/04/2016, DJe 27/05/2016 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC/1973. NÃO OCORRÊNCIA. EXECUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. 
PENHORA DOS BENS QUE GUARNECEM A RESIDÊNCIA. IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA. PONDERAÇÃO DOS BENS JURÍDICOS 
TUTELADOS. PREVALÊNCIA DO DIREITO DE ALIMENTAR-SE EM DETRIMENTO DA PROPRIEDADE. EMBARGOS RECEBIDOS COMO AGRAVO 
REGIMENTAL. POSSIBILIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 
1. Não há se falar em violação ao art. 535 do CPC, quando embora rejeitados os embargos de declaração, a matéria posta em exame foi 
devidamente enfrentada pelo Tribunal de origem, que emitiu pronunciamento de forma fundamentada, ainda que em sentido contrário à 
pretensão da recorrente. 
2. A Lei n. 8.009/1990 prevê que a impenhorabilidade do imóvel residencial próprio da entidade familiar compreende os móveis que guarnecem 
a casa, desde que quitados, não valendo, entretanto, a proteção, quando se referir à execução movida por credor de pensão alimentícia. 
3. O conflito entre o direito à propriedade de bens móveis que guarnecem determinada residência, protegido pelas normas gerais de execução 
do codex e o direito de alimentar-se do credor de pensão dessa natureza, resguardado pela Lei n. 8.009, deve ser solucionado com prevalência 
desse último, porquanto é a norma que melhor materializa as perspectivas do constituinte em seu desígnio de conferir condições mínimas de 
sobrevivência e promover a dignidade da pessoa humana. 
4. Quando em análise o direito de menor, a orientação deve ser pela busca da máxima efetividade aos direitos fundamentais da criança e do 
adolescente, especificamente criando condições que possibilitem, de maneira concreta, a obtenção dos alimentos para a sobrevivência. 
5. Em execução de alimentos não incide o princípio da menor onerosidade do devedor, que cede espaço à regra da máxima efetividade que deve 
tutelar o interesse do credor em situações como tais. 
6. Recurso especialprovido. (REsp 1.301.467/MS) 
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; as 
dívidas de condomínio e de IPTU constituem exceções à impenhorabilidade do bem de família. Pelo entendimento do 
STJ, aquelas dívidas que tem natureza de obrigação “propter rem”: 
Exemplo: IPTU (impostos), Taxas Condominiais (Taxas); 
REsp 1.473.484/RS 
Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 21/06/2018, DJe 23/08/2018 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO CONDOMÍNIO POR DANOS A TERCEIRO. OBRIGAÇÃO DO CONDÔMINO 
PELAS DESPESAS CONDOMINIAIS, NA MEDIDA DE SUA COTA-PARTE. FATO ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO DA PROPRIEDADE. DÍVIDA PROPTER REM. 
PENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA. POSSIBILIDADE. LEI N. 8.009/1990, ART. 3º, IV. 
1. Constitui obrigação de todo condômino concorrer para as despesas condominiais, na proporção de sua cota-parte, dada a natureza de 
comunidade singular do condomínio, centro de interesses comuns, que se sobrepõe ao interesse individual. 
2. As despesas condominiais, inclusive as decorrentes de decisões judiciais, são obrigações propter rem e, por isso, será responsável pelo seu 
pagamento, na proporção de sua fração ideal, aquele que detém a qualidade de proprietário da unidade imobiliária, ou seja, titular de um dos 
aspectos da propriedade (posse, gozo, fruição), desde que tenha estabelecido relação jurídica direta com o condomínio, ainda que a dívida seja 
anterior à aquisição do imóvel. 
3. Portanto, uma vez ajuizada a execução em face do condomínio, se inexistente patrimônio próprio para satisfação do crédito, podem os 
condôminos ser chamados a responder pela dívida, na proporção de sua fração ideal. 
4. O bem residencial da família é penhorável para atender às despesas comuns de condomínio, que gozam de prevalência sobre interesses 
individuais de um condômino, nos termos da ressalva inserta na Lei n. 8.009/1990 (art. 3º, IV). 
6. Recurso especial não provido. Impenhorabilidade do bem de família 
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; 
CUIDADO: pelo entendimento consolidado do STJ, a exceção à impenhorabilidade do bem de família, neste caso, só 
ocorre se a dívida garantida pela hipoteca foi assumida em proveito da família. Isso significa dizer que cabe ao credor 
fazer essa prova, ou seja, se ele não conseguir provar que os recursos que originaram a dívida reverteram em proveito 
da família, permanece a impenhorabilidade do bem de família. 
Ex.: Hipoteca firmada em favor de credor da pessoa jurídica da qual um dos membros da família é sócio. Bem de família 
permanece impenhorável: 
AgInt no REsp 1.315.906/SP 
Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/06/2019, DJe 26/06/2019 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO. PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE ATIVA, DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA 
DO PEDIDO E DE DECADÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA Nº 282/STF. PENHORA DE IMÓVEL. BEM DE FAMÍLIA. HIPOTECA. 
GARANTIA DE DÍVIDA DE PESSOA JURÍDICA. ENTIDADE FAMILIAR. PROVEITO. NÃO COMPROVAÇÃO. IMPENHORABILIDADE MANTIDA. 
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 
3/STJ). 
2. Ausente o prequestionamento, até mesmo de modo implícito, de dispositivo apontado como violado no recurso especial, incide o disposto 
na Súmula nº 282/STF. 
3. O bem de família é impenhorável quando dado em garantia real de dívida por um dos sócios da pessoa jurídica devedora, cabendo ao credor 
o ônus da prova de que o proveito se reverteu à entidade familiar. Precedentes. 
4. Hipótese em que as instâncias ordinárias deixaram expressamente consignado que a cédula de crédito bancário, garantida pela hipoteca do 
imóvel, foi emitida em favor da pessoa jurídica e que o proveito não se reverteu à entidade familiar, ficando afastada, assim, a possibilidade da 
penhora com fundamento na exceção prevista no art. 3º, V, da Lei nº 8.009/1990. 
5. Impossibilidade de reversão do julgado em virtude da inviabilidade do reexame de matéria fática na via recursal eleita, consoante o disposto 
na Súmula nº 7/STJ. 
6. Agravo interno não provido. 
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, 
indenização ou perdimento de bens. 
AgRg no AREsp 580.102/RS 
Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 24/04/2018, DJe 04/05/2018 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO 
AGRAVADA. ENUNCIADO N. 182 DA SÚMULA DO STJ. INSURGÊNCIA NÃO CONHECIDA. 
1. No caso dos autos, enquanto a decisão agravada assentou a incidência da Súmula n. 284/STF, ante a ausência de indicação do dispositivo 
violado da Lei n. 8.009/90, a inadequação das alegações de ofensa à norma constitucional em sede de recurso especial, a ausência de 
prequestionamento, a falta de impugnação de um dos fundamentos do acórdão regional, assim como a ausência de cotejo analítico quanto à 
alegada divergência jurisprudencial, no regimental a agravante apenas afirma a suposta inadequação da aplicação de enunciado sumular oriundo 
do STF e tece argumentos acerca dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 
2. Assim, deixando a parte agravante de impugnar especificamente os fundamentos da decisão agravada, atraiu a incidência do óbice contido 
na Súmula n. 182 desta Corte Superior de Justiça. 
TRÁFICO DE DROGAS. PERDIMENTO DE BENS. EFEITO AUTOMÁTICO DA CONDENAÇÃO. DESCONSTITUIÇÃO DA DECISÃO PROFERIDA PELO 
TRIBUNAL DE ORIGEM. NECESSIDADE DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a expropriação de bens em favor da União pela prática do crime de tráfico ilícito de 
entorpecentes tem previsão em foro constitucional, nos termos do art. 243, parágrafo único da Constituição Federal e decorre da sentença penal 
condenatória, conforme regulamentado, primeiramente e de forma geral, no art. 91, inciso II, do Código Penal, e ao depois, especificamente, no 
art. 63, da Lei 11.343/2006. 
2. Devidamente motivadas as conclusões das instâncias de origem acerca do perdimento, em favor da União, do imóvel sequestrado, eventual 
levantamento da constrição só se mostraria possível com a alteração das premissas fáticas estabelecidas, após reexame do conjunto probatório 
carreado aos autos, providência incabível em sede de Recurso Especial, a teor do enunciado n. 7 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
3. A impenhorabilidade do bem de família é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra 
natureza, salvo quando tiver sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, 
indenização ou perdimento de bens, nos termos do artigo 3º, inciso VI, da Lei n. 8.009/1990. 
4. Agravo regimental não conhecido. 
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
Flávio Tartuce, José Fernando Simão, Cristiano Chaves, Nelson Rosenvald são contrários à essa hipótese de penhora, 
por violar o direito à moradia do fiador e não garantir o seu mínimo existencial. Além disso, essa hipótese cria uma 
situação iníqua pois o fiador perde o seu bem de família para garantir a dívida com o locador, e, quando vai exercer o 
seu direito de regresso perante o locatário, este será protegido pela Lei 8.009/90 e o seu bem de família será 
preservado. 
No entanto, o STF já decidiu pela possibilidade penhora do bem de família do fiador quando a fiança foi concedida em 
contrato de locação e esta matéria já está sumulada pelo STJ: 
Súmula 549 STJ É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. 
 
AgInt no REsp 1.792.995/PR 
Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,julgado em 27/05/2019, DJe 31/05/2019 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. BEM DE FAMÍLIA. FIANÇA. PENHORABILIDADE. FRAÇÃO 
IDEAL. POSSIBILIDADE. PRECEDENTE ESPECÍFICO DA CORTE ESPECIAL. AGRAVO IMPROVIDO. 
1. Esta Corte firmou entendimento no sentido de que, "nas execuções de dívida oriunda de fiança locatícia, é possível a penhora de fração ideal 
de bem imóvel de propriedade do fiador. Nesse sentido, mutatis mutandis: REsp 1.196.284/RS, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, 
DJe 16/9/10; REsp 695240/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, Segunda Turma, DJe 21/5/08; REsp 1232074/RS, Rel. Min. MAURO CAMPBELL 
MARQUES, Segunda Turma, DJe 4/3/11; REsp 789.285/MG, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, Quinta Turma, DJe 14/12/09). (AgRg nos EREsp 
n. 911.321/RS, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, julgado em 5/12/2011, DJe 3/5/2012.)" 2. Agravo interno a que se nega 
provimento. 
 
AULA 3.1 
TEORIA GERAL DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
ASPECTOS CONCEITUAIS 
Negócio Jurídico: segundo o doutrinador professor, Flávio Tartuce, é um fato jurídico com elemento volitivo e 
conteúdo misto em que ocorre uma composição de interesses com uma finalidade específica. Outro conceito que 
podemos apontar é o do professor Antônio Junqueira de Azevedo que preleciona que negócio jurídico “é todo fato 
jurídico consistente em declaração de vontade a que o ordenamento jurídico atribui efeitos designados como 
queridos, respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele 
incide.” 
DICA: Lembrar da diferença entre o negócio jurídico e o ato jurídico stricto sensu: 
a) No negócio jurídico, aquele que manifesta a sua vontade consegue definir quais os efeitos jurídicos decorrentes 
dessa manifestação, compondo os seus interesses. 
Ex.: Contrato 
b) No ato jurídico stricto sensu, aquele que manifesta a sua vontade não consegue definir os efeitos decorrentes dessa 
manifestação, porque esses efeitos estão previamente determinados pelo legislador. 
Ex.: Reconhecimento de paternidade 
CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO QUANTO ÀS PARTES ENVOLVIDAS 
Classificação quanto à vontade 
a) Unilateral: um só vontade (uma parte) 
b) Bilateral: duas vontades (duas partes) 
c) Plurilateral: mais de duas vontades (mais de duas partes) 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
Exemplo de negócios bilaterais ou plurilaterais: o contrato, porque ele exige, no mínimo, a composição de duas 
vontades. 
Exemplo de negócio jurídico unilateral: testamento; 
ATENÇÃO: A doação é um contrato, porque exige a composição de, no mínimo, duas vontades. Logo, trata-se de um 
negócio jurídico bilateral. O contrato é um negócio bilateral ou plurilateral porque precisa de um acordo de vontades. 
Prestar atenção no concurso, se eles estiverem pensando na classificação do negócio jurídico, eles vão perguntar 
quantas vontades existes, se eles estiverem falando do contrato vão perguntar quantas obrigações existem. 
CUIDADO: não confundir a classificação do negócio jurídico, com a classificação do contrato: 
NEGÓCIO JURÍDICO CONTRATO 
Quantas vontades existem nesse negócio? 
a) Uma = unilateral 
Exemplo: testamento 
b) Duas = bilateral 
Exemplo: contrato 
c) Mais de duas = plurilateral 
Exemplo: contrato 
Quantas obrigações existem neste negócio bilateral ou 
plurilateral? 
a) Obrigação para apenas uma das partes = contrato 
unilateral 
Exemplo: Doação 
b) Obrigação para ambas as partes = contrato bilateral 
Exemplo: compra e venda 
• O contrato é um negócio bilateral ou plurilateral 
porque precisa de um acorde de vontades. 
Exemplos que ilustram a diferença da classificação de negócio jurídico e contrato 
Exemplo 1 – Compra e venda: 
a) Negócio jurídico bilateral, porque tem duas vontades (duas partes): comprador e vendedor 
b) Contrato bilateral, porque estabelece obrigações para ambas as partes: o comprador tem que pagar o preço e o 
vendedor tem que entregar a coisa 
Exemplo 2 – Doação: 
c) Negócio jurídico bilateral, porque tem duas vontades (duas partes): doador e donatário 
d) Contrato unilateral, porque estabelece obrigações para uma das partes: o doador tem que entregar a coisa 
E o testamento? O testamento não é contrato, porque o art. 426 do Código Civil proíbe o contrato que tenha por 
objeto a herança de pessoa viva (pacta corvina ou pacto sucessório). Logo o testamento tem que ser um negócio 
jurídico unilateral, porque não pode decorrer de um acordo de vontades. É nulo o pacto sucessório, ou seja, o negócio 
jurídico bilateral ou plurilateral que tenha por objeto a herança de uma pessoa que está viva. 
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
A ESCALA PONTEANA – Pontes Miranda 
A) Plano da existência 
B) Plano da validade 
C) Plano da eficácia 
 
A) Plano da existência 
Pontes de Miranda diz que “antes de se verificar se um negócio jurídico é válido ou eficaz, é necessário verificar se ele 
é um negócio jurídico”. 
 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
EXISTÊNCIA (substantivo) VALIDADE (adjetivo) – art. 104, CC 
Sujeito Capacidade do sujeito 
Objeto Objeto lícito, possível e determinado ou determinável 
Manifestação de vontade Manifestação da vontade livre e espontânea 
Forma prescrita e não defesa em lei 
A relevância do plano da existência pode ser ressalvada com a mudança radical na teoria das incapacidades promovida 
pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência (lei 13.136/15). Em relação a manifestação de vontade a pessoa com 
deficiência deixou de ser considerada incapaz, os atos praticados por ela, em tese, serão válidos, ou seja, podem 
livremente manifestar sua vontade. Para melhor entendimento de como funcionava antes do Estatuto da pessoa com 
deficiência veja a tabela abaixo. 
ANTES DO EPD PÓS EPD 
Art. 3º, II, CC: a pessoa que por deficiência mental não tivesse discernimento para a prática dos atos da vida civil 
eram consideradas ABSOLUTAMENTE INCAPAZES. 
SÃO PESSOAS CAPAZES Art. 4º, II, CC: a pessoa que tivesse o discernimento reduzido era considera RELATIVAMENTE INCAPAZ 
Art. 4º, III, CC: o excepcional sem o desenvolvimento mental completo era considerado RELATIVAMENTE 
INCAPAZ 
 
AULA 3.2 
B) Plano da Validade 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
DICA: 
a) Há doutrinadores que entendem que a teoria da existência não é adotada em nosso ordenamento: 
- Flávio Tartuce e Silvio Rodrigues 
b) Outros doutrinadores entendem que ela é perfeitamente aplicável no Brasil: 
- Pontes de Miranda, Mario Bernardes de Melo, Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona, Cristiano Chaves e Nelson 
Rosenvald 
 
C) Plano da Eficácia 
Neste plano encontram-se as consequências do negócio jurídico relacionadas à modificação ou a extinção de direitos. 
O professor Flávio Tartuce ressalva que no plano da eficácia encontram-se: 
- Regime de bens no casamento 
- Resolução dos contratos – inadimplemento 
- Juros, multa e perdas e danos 
- Registro Imobiliário 
- Elementos acidentais do negócio jurídico: o Termo, a Condição e o Encargo; 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
Exemplo: a questão relacionada ao pacto antenupcial e à regra do art. 1.653 do Código Civil: 
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. 
1º) Validade: o pacto antenupcial é um contrato solene, porque tem forma prescrita em lei (requisito de validade): 
escritura pública de pacto antenupcial. Caso não seja lavrado por escritura pública, será nulo. 
2º) Sendo lavrado por escritura pública o pacto não produzirá efeitos imediatos, porque a sua eficácia está 
condicionada à realização do casamento (condição suspensiva). 
* Já caiu: José e Maria lavraram pacto antenupcial, por escritura pública lavrada no competente Cartório de Notas, 
em que escolheram o regime de separação de total. Contudo, acabaram por não se casar,em razão da morte do pai 
de José, dias antes da cerimônia matrimonial. Porém, continuaram o seu relacionamento e passaram a viver juntos 
com o objetivo de constituir família, formando uma união estável que perdurou por dez anos. Agora, brigaram e 
pretendem extinguir essa entidade familiar, ocasião em que José quer fazer valer o regime escolhido no pacto 
antenupcial. A resposta para esse caso consiste no fato de que o pacto é válido, porque teve a forma prescrita em lei, 
mas ineficaz, porque não ocorreu o casamento. Assim, o regime de bens do casal será o regime legal: comunhão 
parcial. 
 
DA VALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO E DOS SEUS DEFEITOS 
 
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
1º) Vícios da vontade (vícios do consentimento): ocorre uma dissociação entre a vontade declarada e a vontade real. 
Lembrar que consentimento significa manifestação afirmativa da vontade: sim, aceitação, concordância. O vício no 
consentimento, então, será o vício na aceitação / concordância. Ou seja, concordou, mas nunca teria concorda não 
fosse o vício. 
VÍCIO DE VONTADE VÍCIO SOCIAL 
a) ERRO 
b) DOLO 
c) COAÇÃO 
d) ESTADO DE PERIGO 
e) LESÃO 
O negócio é anulável no 
prazo decadencial de 4 
anos contados da data 
da sua realização ou do 
momento em que cessar 
a coação. 
a) FRAUDE CONTRA CREDORES 
Negócio jurídico é anulável 
no prazo decadencial de 4 
anos contados da sua 
realização 
b) SIMULAÇÃO lembrar que é o único vício de 
consentimento em que o negócio é nulo! 
O negócio é nulo – não 
decai, nem prescreve. 
 
• ERRO OU IGNORÂNCIA (ARTS. 138 A 144) 
O erro é a falsa noção da realidade, atuação equivocada. E a Ignorância é desconhecimento da realidade. Assim, o 
negócio jurídico pode ser anulado por falso conhecimento (erro) ou por desconhecimento (ignorância). 
DICA: 
a) Erro: falso conhecimento – “Me enganei” 
b) Dolo: malícia – “Fui enganado” 
c) Coação: violência moral – “Fui forçado” 
CUIDADO! se alguém foi levado a erro por outra pessoa, significa que foi enganado e está caracterizado o dolo. No 
erro a pessoa “erra sozinha”. 
PABLO STOZE: Cognoscibilidade do erro pelo outro contratante: conhecimento ou presunção de conhecimento do 
erro pela outra parte. Para que o negócio jurídico seja anulado por erro é necessário provar que a outra parte que 
celebrou o negócio (aquela que será beneficiada com o erro) sabia da sua existência? 
Resposta: No erro não é necessária a cognoscibilidade da outra parte. Se a outra parte sabia do erro, configura-se o 
dolo. 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
 
DIFERENÇA ENTRE ERRO ACIDENTAL E ERRO SUBSTANCIAL: 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade 
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência 
normal, em face das circunstâncias do negócio. 
DICA: o erro que anula o negócio jurídico é chamado de substancial (essencial). O chamado erro acidental não anula 
o negócio jurídico. 
ERRO ACIDENTAL ERRO SUBSTANCIAL 
- Anula o negócio. 
- Aquele que errou (a parte prejudicada) não teria feito 
o negócio se soubesse da realidade. 
- Não anula o negócio. 
- Aquele que errou (a parte prejudicada) teria feito o 
negócio, mesmo sabendo da realidade, mas o faria em 
outras condições. 
Pergunta: Além de ser substancial, é necessário que o erro seja, também, escusável? Erro escusável= erro 
“desculpável”, ou seja, o erro que poderia ser cometido por qualquer pessoa da população. 
Resposta: neste caso, a doutrina e jurisprudência divergem. 
REsp 1.492.611/MG: não é necessária a prova da escusabilidade do erro – boa-fé objetiva 
REsp 1.163.118/RS: O erro deve ser escusável 
 
ERRO SUBSTANCIAL – ART. 139, CC. 
O art. 139 do Código Civil dispõe sobre o erro substancial: 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - Interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
Erro sobre o negócio: pode recair sobre a natureza do negócio (Ex.: assina um contrato achando que é comodato, mas 
é uma locação) ou sobre o seu objeto e suas qualidades (Ex.: compra uma joia banhada em ouro, achando que é ouro 
maciço). 
II - Concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo 
relevante; 
Erro sobre a pessoa: recai sobre a identidade ou qualidade da pessoa, mas só será passível de anulação se tiver 
influenciado de modo relevante a manifestação da vontade. Ex.: Jogador boliviano, da seleção sub.20 da Bolívia que 
foi contratado pelo Corinthians de Presidente Prudente achando que era o Corinthians de São Paulo. 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. 
Erro de direito: não pode implicar em recusa à aplicação da lei, em razão do princípio da obrigatoriedade da norma 
expresso pelo art. 3º da LINDB: 
Art. 3º da LINDB Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
Assim sendo, o erro de direito não pode ser alegado como uma desculpa ao descumprimento da lei, no sentido de que 
“não sabia que a lei existia, por isso pratiquei tal ato” – o princípio da obrigatoriedade da norma, que tem seu 
fundamento na segurança jurídica, determina que todos devem cumprir a lei e não podem dela se escusar sob a 
alegação de desconhecimento / ignorância. 
 
AULA 4.1 
DICA: O erro de direito não significa que alguém pode descumprir a lei sob o argumento de que não sabia que ela 
existia; mas pode significar que alguém praticou um ato jurídico imaginando a produção de um determinado efeito, 
quando na verdade ele produz outro. 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
Ex.: José morre e deixa sua esposa, Maria, e dois filhos: Pedro e Ana. Pedro renuncia à sua herança, imaginando que 
o seu quinhão caberá à Maria, sua mãe e viúva do falecido. Porém, pela regra do art. 1.810 do Código Civil, com a 
renúncia de Pedro o seu quinhão irá para a outra descendente do falecido, Ana: 
Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros 
herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da 
subsequente. 
Assim, como Pedro é descendente do falecido, o seu quinhão caberá à Ana, herdeira da mesma classe (descendentes) 
e não à Maria, cônjuge do falecido. 
Repare que Pedro, ao renunciar à herança de seu pai, não está se escusando de cumprir a lei, ou seja, não cabe aqui a 
regra do art. 3º da LINDB. Na verdade, Pedro praticou um ato solene (a renúncia se dá por escritura pública ou por 
termo nos autos – art. 1806 CC), imaginando um determinado efeito jurídico (que o seu quinhão coubesse à Maria), 
quando, na verdade, é produzido outro efeito (o quinhão caberá ao outro herdeiro da mesma classe do renunciante – 
Ana) 
Neste caso, para que negócio seja anulado é necessário provar que o erro incidiu sobre o motivo único ou principal do 
negócio jurídico. No exemplo dado, Pedro só renunciou à herança porque achava que se quinhão caberia à mãe. Se 
soubesse que a sua parte iria para a irmã, não teria renunciado. 
 
• DOLO (art. 145 A 150, CC) 
O dolo consiste no artifício malicioso empregado por alguém para enganar uma das partes do negócio jurídico. 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. 
DOLO SUBSTANCIAL 
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental 
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. DOLO 
ACIDENTAL 
DIFERENÇA ENTRE DOLO SUBSTANCIAL E DOLO ACIDENTAL 
DOLO SUBSTANCIAL (ESSENCIAL) DOLO ACIDENTAL 
- Anula o negócio. 
- Aquele que foi enganado não teria feito o negócio se 
soubesse da realidade 
 
- Não anula o negócio. 
- Mas obriga à satisfação das perdas e danos (No erro 
não tem satisfação por perdas e dano porque a pessoa 
errou sozinha) 
- Aquele que foi enganado teria feito o negócio, mesmo 
sabendo da realidade, mas o faria em outras condições. 
Outras formas de classificar o dolo: 
a)Dolo positivo: decorre de uma ação. 
Ex.: falsificação de um documento. 
b) Dolo negativo: decorre de uma omissão. 
Ex. :o segurado que omite uma doença pré-existente quando da contratação do seguro saúde. 
c) O dolo de terceiro: 
- O negócio é anulável: quando a parte que se beneficia do dolo do terceiro sabia ou teria como saber da sua 
existência; 
- O negócio não deve ser anulado: quando a parte que se beneficia do dolo de terceiro não sabia da sua existência e 
nem teria como saber. Nestes casos, preserva-se o negócio jurídico, mas o terceiro que agiu dolosamente terá que 
indenizar a parte prejudicada. 
 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
• COAÇÃO (ART. 151 A 155, CC) 
A coação está caracterizada pela violência. 
CUIDADO: a doutrina faz a distinção entre a violência física e a violência moral: 
Violência física: não anula o negócio, porque não há vício do consentimento. 
Existe uma divergência na doutrina acerca dos seus efeitos: 
Pablo Stolze: entende que o negócio é inexistente, por ausência da manifestação da vontade; 
Tartuce: entende que o nosso ordenamento jurídico não adota o plano da existência, razão pela qual o negócio é nulo. 
DICA: na violência física, que é chamada também de vis absoluta, não há vício do consentimento porque inexiste 
consentimento. 
Violência moral: anula o negócio jurídico por se tratar de vício da vontade. 
CUIDADO: para que o negócio seja anulável é necessário que a violência moral seja irresistível, posto que o art.151 do 
Código Civil exige a prova do fundado temor de dano iminente e considerável: 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta 
ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua 
família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do 
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
O “fundado temor de dano iminente” significa que para que o negócio jurídico seja anulável é necessário que o temor 
tenha fundamento. O chamado temor infundado não anula o negócio. 
DICA: Pela regra do art. 153 do Código Civil, também não anulam o negócio: 
a) A ameaça do exercício normal de um direito. 
Ex.: Notificação extrajudicial “...sob pena de serem tomadas as medidas judiciais cabíveis”. 
b) O temor reverencial: é o respeito excessivo que as pessoas nutrem pelos pais, chefes, mestres etc. 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, 
nem o simples temor reverencial. 
CUIDADO: assim como ocorre com o dolo, o Código Civil trata da coação exercida por terceiro: 
a) Anula o negócio: quando a parte beneficiada pela coação dela tivesse ou devesse ter conhecimento. Nestes casos, 
a parte beneficiada responderá solidariamente com o terceiro coator pelos prejuízos causados ao coacto 
(coagido), além do negócio ser anulado. 
b) Não anula o negócio: quando a parte beneficiada dela não tivesse conhecimento. Nestes casos, o terceiro coator 
terá que indenizar o paciente (coagido) por todas as perdas e danos que houver dado causa. Mas o negócio 
subsiste. 
AULA 4.2 
• ESTADO DE PERIGO (ART. 156) 
 
• LESÃO (ART. 157) 
ESTADO DE PERIGO (ART. 156) LESÃO (ART. 157) 
- Salvar 
- De grave dano conhecido pela outra parte 
 
Dolo de Aproveitamento: neste caso, a pessoa está se aproveitando 
da situação para se beneficiar no negócio jurídico. 
 
- Aquele que manifesta a vontade assume uma prestação 
excessivamente onerosa 
 
Inexperiência ou Premente Necessidade 
 
- A parte lesada assume prestação manifestamente desproporcional 
à prestação oposta. 
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente 
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação 
manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. 
 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido 
da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave 
dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente 
onerosa. 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do 
declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores 
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. 
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido 
suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a 
redução do proveito. Princípio da preservação do negócio jurídico 
Exemplos de lesão e princípio da preservação do negócio jurídico 
1º) alguém vende um bem por valor muito inferior ao de mercado: o negócio jurídico não deve ser anulado se aquele 
que pagou muito menos pelo bem “oferecer suficiente suplemento” (complementar o preço) 
2º) alguém compra um bem por valor muito superior ao de mercado: o negócio jurídico não deve ser anulado se a 
parte favorecida “concordar com a redução do proveito”. (concordar em reduzir o seu valor) 
PABLO STOLZE: ressalva que no estado de perigo o defeito é mais específico do que ocorre na lesão, em razão de seu 
caráter emergencial – no estado de perigo visa-se a salvaguardar direito existencial (vida, saúde, integridade física 
etc.) 
Lembrar que no estado de perigo é necessária, também, a prova da excessiva onerosidade da prestação (REsp 
1.680.448/MG), além da prova do dolo de aproveitamento (REsp 918.392/RN). 
Para o professor, PABLO STOLZE, a lesão possui dois elementos essenciais para a sua caraterização: 
a) Elemento objetivo: desproporção entre as prestações; 
b) Elemento subjetivo: premente necessidade ou inexperiência 
Lembrar que não é necessária a prova do dolo de aproveitamento para se caracterizar a lesão 
 
2º Vícios Sociais 
• SIMULAÇÃO (ART. 167) 
Conceito: a simulação consiste no desacordo voluntário entre a vontade declarada e a vontade interna. Nos defeitos 
no NJ o desacordo é involuntário. 
DICA: lembrar que a origem da simulação está, obviamente, no verbo SIMULAR – fingir, fazer uma coisa se passar por 
outra. Na simulação existe um negócio aparente que não corresponde à realidade. 
Ex.: Divórcio simulado – José, casado com Maria, é sócio majoritário de uma pessoa jurídica que está com várias dívidas 
de natureza trabalhista, fiscal, previdenciária e civil. Pretendendo proteger seu patrimônio pessoal de uma provável 
desconsideração da personalidade jurídica da empresa em questão, José e Maria se divorciam, apenas para fazer uma 
partilha em que todos os bens do casal de valor considerável ficam em nome da mulher, ao passo que o marido, sócio 
da empresa, fica apenas com as suas quotas e nenhum outro patrimônio para garantir o adimplemento das dívidas. 
“No papel” o casal está divorciado, mas “na prática” continuam vivendo como casados. 
 
Tratamento da simulação como vício social 
- No CC 1916 a simulação tornava o negócio anulável e era um vício social. 
- No CC 2002 a simulação torna o negócio nulo (art. 167) 
- Com essa mudança no tratamento legal surgiu a pergunta: 
A simulação continua a ser um vício social ou não? Divergência doutrinária 
a) Flavio Tartuce, Silvio Venosa, Pablo Stolze, Rodolfo Pamplona – a simulação é um vício social também no CC2002; 
b) Francisco Amaral e Inácio de Carvalho Neto: por ser causa de nulidade, a simulação deixa de ser um vício social. 
 
 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
Classificação da simulação 
a) Simulação Absoluta: existe um negócio aparente, mas, na realidade não há negócio algum. Não há alteração na 
situação anterior. 
Exemplo: divórcio simulado 
b) Simulação Relativa: existe um negócio aparente, mas, na realidade, foi celebrado um outro negócio. Há alteração 
na situação anterior, mas não da forma que está aparente. 
DICA: Na simulação relativa existem dois negócios: 
a) Negócio Aparente: SIMULADO – é nulo 
b) Negócio Oculto: DISSIMULADO – pode subsistir (pode, eventualmente, produzir efeitos) 
Exemplo de simulação relativa: Doação simulada por uma comprae venda – José e casado com Maria e tem uma 
relação paralela com Sandra (concubinato – Art. 1727 CC). Com o objetivo de transferir um imóvel que pertence ao 
casal para Sandra, José engana Maria dizendo que irá vendê-lo a uma potencial compradora “que acabara de 
conhecer”. Na verdade, ele leva a esposa para lavrar uma escritura pública de compra e venda, sendo que Sandra nada 
está pagando pelo imóvel. 
- Negócio Aparente: compra e venda – nula, porque simulada 
- Negócio Oculto: doação – anulável, porque não consta a outorga uxória de Maria. 
Enunciado 153 das Jornadas de Direito Civil - Na simulação relativa, o negócio simulado (aparente) é nulo, mas o dissimulado será válido se não 
ofender a lei nem causar prejuízos a terceiros. 
IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 293 - Na simulação relativa, o aproveitamento do negócio jurídico dissimulado não decorre tão-somente 
do afastamento do negócio jurídico simulado, mas do necessário preenchimento de todos os requisitos substanciais e formais de validade 
daquele. 
Exemplo de Simulação Relativa: Cessão gratuita de cotas simulada por cessão onerosa feita por ascendente à 
descendente – REsp 1.519.524/RS 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, 
se válido for na substância e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais 
realmente se conferem, ou transmitem; Ex.: “Laranja”, “testa de ferro” 
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; Ex.: 
Divórcio Simulado 
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. 
AULA 5.1 
 
NULIDADE E ANULABILIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
Conceito: segundo leciona o professor, Flavio Tartuce, sanção imposta pela lei que determina a privação de efeitos 
jurídicos do ato negocial praticado em desobediência ao que a norma jurídica prescreve. 
 
• HIPÓTESES DE NULIDADE (ART. 166) 
 
a) Negócio celebrado pelo absolutamente incapaz (art. 166, I) 
 
Lembrar que o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/15) alterou radicalmente a teoria das incapacidades do 
Código Civil: 
 
Conceito de pessoa com deficiência (art. 2º do EPD): pessoa com deficiência é aquela que tem impedimento de longo 
prazo de natureza física, mental, intelectual e sensorial. Esse impedimento, em interação com uma ou mais barreiras, 
pode obstruir a participação da pessoa com deficiência na sociedade, de forma plena e efetiva e em igualdade de 
condições com as demais pessoas. Os arts. 6º e 84 do Estatuto da Pessoa com Deficiência afirmam a sua capacidade 
plena – a partir do advento do EPD a pessoa com deficiência é plenamente capaz. A curatela da pessoa com deficiência, 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
por essa razão, é medida excepcional e “deve durar o menor tempo possível” (art. 84, §3º). A curatela abrange apenas 
os atos relacionados aos direitos de natureza negocial e patrimonial (art. 85). Ou seja, não atinge os atos existenciais, 
tais como o casamento, a união estável, a sexualidade, os direitos reprodutivos etc. 
Art. 85 do EPD A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos 
de natureza patrimonial e negocial. 
§ 1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, 
ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto. 
Antes EPD Pós EPD 
Art. 3º, II, CC: a pessoa que por doença mental ou enfermidade não tiver discernimento para a 
prática dos atos da vida civil: 
– Absolutamente incapaz 
SÃO PESSOAS CAPAZES 
Art. 4º, III, CC: Aquele que, mesmo, 
transitória ou permanentemente, não 
puder exprimir a sua vontade; 
- Relativamente incapaz 
- Os atos por ele praticados sem estar 
assistido são ANULÁVEIS 
Art. 4º, II, CC: a pessoa que tiver o discernimento reduzido: 
– Relativamente incapaz 
Art. 4º, III, CC: o excepcional sem o desenvolvimento mental completo: 
- Relativamente incapaz 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil 
os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146/15) 
I - Revogado (Redação dada pela Lei nº 13.146/15) 
II - Revogado (Redação dada pela Lei nº 13.146/15) 
III - Revogado (Redação dada pela Lei nº 13.146/15) 
A incapacidade absoluta no Brasil, hoje, decorre apenas da idade – Só os menores 
de 16 anos são absolutamente incapazes 
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
(Redação dada pela Lei nº 13.146/15) 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, 
tenham o discernimento reduzido; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 
13.146/15) 
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua 
vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) 
IV - os pródigos. 
O negócio celebrado pelo menor de 16 anos, sem estar representado, é nulo. 
b) Negócio com objeto ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável (art. 166, II) 
Três tipos de Ilícito – Pontes de Miranda: 
a) Ilícito Nulificante: invalida o negócio jurídico; 
b) Ilícito Indenizante: fundamento da responsabilidade civil extracontratual; 
c) Ilícito Caducificante: perda de direitos. Ex.: perda do poder familiar –art. 1.638 CC 
 
c) Quando o motivo determinante do negócio, comum a ambas as partes, for ilícito – MOTIVO ILÍCITO (art. 166, 
III) 
Pergunta: Qual a diferença entre o motivo ilícito (art. 166, III) e o objeto ilícito (art. 166, II)? 
 
CADERNO DE DIREITO CIVIL 
OBJETO ILÍCITO MOTIVO ILÍCITO 
Plano objetivo do negócio 
 
- Diz respeito ao próprio objeto do negócio 
Plano subjetivo do negócio 
 
- Diz respeito a intenção das partes. 
O objeto é lícito, mas o motivo é ilícito 
Exemplos: 
a) José contrata Antônio para distribuir drogas em 
determinada região; 
b) Mario contrata Sebastião para matar a sua esposa 
Exemplos: 
a) José compra um carro de Antônio (objeto lícito), para 
distribuir drogas (motivo ilícito); vai aparecer no papel a 
compra e venda, mas não se sabe por quê. 
b) Mario aluga um imóvel de Sebastião (objeto lícito), 
para explorar a prostituição (motivo ilícito) 
 
d) Quando o negócio não revestir a forma prescrita em lei (art. 166, IV, CC) ou quando for preterida alguma 
solenidade que a lei considera essencial para a sua validade (art. 166, V, CC) 
A forma é gênero e a solenidade é espécie. Assim, a forma pode ser solene e não solene. 
Forma solene: exige a forma pública 
Exemplos 
- Art. 108: exige a escritura pública de compra e venda para negócios que tenham por objeto imóveis de valor superior 
a 30SM; 
- Art. 1.653: exige a escritura pública para o pacto antenupcial 
Não solene: não exige a forma pública 
Exemplo: Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito. Exige a forma escrita, (sob pena de nulidade), mas não a forma pública 
(solene) 
AULA 5.2 
 
e) Quando o negócio tiver por objeto fraudar a lei imperativa (art. 166, VI) 
Zeno Veloso: esta hipótese não se confunde com a da ilicitude do objeto (art. 163, II), porque, no caso do inciso VI do 
art. 166, a fraude à lei consiste em “uma infringência oblíqua e indireta à lei proibitiva”: 
OBJETO ILÍCITO FRAUDE À LEI IMPERATIVA 
Infringência direta à lei proibitiva 
 
Exemplo: Testamento em que a testemunha é também 
nomeada herdeira testamentária – afronta direta à 
norma do art. 1.801: 
 
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
(...) 
II - as testemunhas do testamento; 
Infringência indireta à lei proibitiva 
 
Ex.: testamento em que o melhor amigo da testemunha 
é nomeado herdeiro testamentário – afronta indireta à 
norma do art. 1801, caracterizada pelo uso de 
“interposta pessoa”, nos termos do art. 1.802: 
 
Art. 1.802. São nulas

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